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PENAL 01 - AULA

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Olá estudante, vamos ler um resumo de nossa disciplina? Verifique os artigos abaixo. 
 
TEORIA GERAL DA PROVA 
Fonte: https://carolinesales.jusbrasil.com.br/artigos/337514638/teoria-geral-da-prova-no-direito-processual-
penal-brasileiro 
Publicado por Caroline Ap. Sales Barbosa 
O presente artigo trata da teoria geral das provas no processo penal, tema este previsto nos 
artigos 155 a 157 do CPP. 
1. CONCEITO DE PROVA 
Prova pode ser compreendida como tudo aquilo que contribui para a formação do convencimento do juiz, ou 
seja, é tudo aquilo que levamos ao conhecimento do magistrado na expectativa de convencê-lo da realidade dos 
fatos ou de um ato do processo. Ela é inerente ao desempenho do direito de defesa e de ação. 
"O termo prova origina-se do latim – probatio –, que significa ensaio, verificação, inspeção, exame, argumento, 
razão, aprovação ou confirmação. Dele deriva o verbo provar – probare –, significando ensaiar, verificar, 
examinar, reconhecer por experiência, aprovar, estar satisfeito com algo, persuadir alguém a alguma coisa ou 
demonstrar"(NUCCI; Guilherme de Souza, 2014, p.338) 
Segundo o professor Guilherme de Souza Nucci (2014), há três sentidos para o termo prova, quais sejam: o ato 
de provar, que é o processo em que se verifica a verdade do fato alegado, como exemplo, temos a instrução 
probatória onde as partes utilizam os elementos disponíveis para descortinar a "verdade" do que se alega; o meio 
para provar, que é o instrumento pelo qual se demonstra a verdade de algo, um exemplo disso é a prova 
testemunhal; o resultado da ação de provar, que trata do produto extraído da análise dos instrumentos de prova 
oferecidos. 
2. OBJETIVO E NATUREZA JURÍDICA 
As provas possuem como objetivo obter o convencimento do julgador, que decide de acordo com o livre 
convencimento motivado ao apreciá-las, segundo o sistema adotado pelo ordenamento jurídico brasileiro. 
Além disso, têm a natureza jurídica de direito subjetivo. 
As normas referentes às provas são normas processuais, ou seja, de aplicação imediata, no qual os crimes 
ocorridos antes da vigência de uma nova lei poderão ser demonstrados pelos novos meios de prova. 
3. DESTINATÁRIOS 
Há dois tipos de destinatários das provas, sendo eles o destinatário direito e indireto. 
O destinatário direito, também conhecido como destinatário imediato, trata-se da autoridade judiciária. 
Já os destinatários indiretos ou mediatos são as partes, no qual quanto maior for o conteúdo probatório, maior 
será a probabilidade delas se convencerem e, se elas se convencem, consequentemente aceitarão com mais 
tranquilidade a decisão, minimizando assim o risco da vingança privada. 
4. OBJETO 
Conforme estabelece Nestor Távora (2013), objeto é o que de fundamental deve estar conhecido e demonstrado 
para viabilizar o julgamento. 
Há dois tipos de objeto, a seguir explicitados: o objeto da prova, que se refere aos acontecimentos relevantes ao 
desvendamendo da causa e; o objeto de prova, que está relacionado ao que é pertinente provar, ou seja, aos 
elementos que a lei não desobriga de provar. 
Com base no exposto acima, podemos analisar que não é objeto de prova, ou seja, não depende de prova, 
segundo Nestor Távora (2013): 
a) o direito federal, tendo em vista que o juiz o conhece a sua existência e vigência, mas de forma excepcional 
poderá ser exigida a demonstração probatória quanto a vigência e também quanto a existência do direito 
estadual, municipal, consuetudinário (costumes) e estrangeiro; 
b) os Fatos Notórios, também conhecidos como "Verdade Sabida", pois são de domínio de grande parte da 
população medianamente informada. Um exemplo de fato notório são os feriados nacionais, onde podemos 
observar que parcela significativa da população tem a informação de que o dia 25 de dezembro é Natal. 
c) Fatos Axiomáticos ou Intuitivos, que se auto demonstram pela sua obviedade. Têm força probatória própria (a 
prova está no próprio fato). Como exemplo temos o artigo 162 do CPP, que em seu parágrafo único dispensa o 
exame interno cadavérico quando as lesões externas presentes no cadáver permitirem precisar a causa da morte, 
como ocorre no caso da decapitação. 
d) Fatos Inúteis, que são fatos irrelevantes para a demonstração da verdade. Exemplo: é desnecessário, em certos 
casos, provar a cor do chão do local onde ocorreu determinado homicídio. 
e) Presunções legais, que são conclusões extraídas da própria lei. As presunções legais podem ser: presunções 
absolutas (juris et de jure), nas quais dispensam a produção de prova e não admitem prova em sentido contrário 
ou; presunções relativas (juris tantum), sendo que estas invertem o ônus da prova, ou seja, admitem prova em 
sentido contrário 
Por fim, vale observar que fatos incontroversos, que são aqueles fatos alegados por uma parte e reconhecidos 
pela outra parte, dependem de prova, onde é preciso obedecer ao princípio da investigação oficial e da verdade 
material. 
"Consideram-se incontroversos os fatos incontestes, ou seja, que não foram refutados ou impugnados pelas 
partes. Estes, ao contrário do que ocorre no processo civil (art. 334, III, do CPC), não dispensam a prova, podendo 
o juiz, inclusive, a teor do art. 156, II, do CPP, determinar, no curso da instrução ou antes de proferir sentença, a 
realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. E não poderia ser diferente. Afinal, se a própria 
confissão do crime pelo acusado não é suficiente, por si, para um juízo condenatório, exigindo sempre confronto 
com os demais elementos de prova angariados ao processo (art. 197 do CPP), é evidente que a simples ausência 
de contestação quanto a atos, fatos e circunstâncias não tem força suficiente para elidir a produção probatória." 
(AVENA; Norberto, 2014, p.490) 
5. CLASSIFICAÇÃO DA PROVA 
As provas podem ser classificadas de acordo com os seguintes critérios. 
(i) Quanto ao objeto (relação da prova com o fato a ser provado): a prova direta refere-se diretamente ao fato 
por si o demonstrando, como por exemplo, a testemunha visual. Já a prova indireta refere-se a um outro 
acontecimento que leva ao fato, como por exemplo, o álibi, que de acordo com Guilherme de Souza Nucci (2014) 
é a alegação feita pelo acusado, como meio de provar a sua inocência, de que estava em local diverso de onde 
ocorreu o crime, razão pela qual não poderia tê-lo cometido. 
(ii) Quanto ao efeito ou valor (grau de certeza gerado pela apreciação da prova): a prova plena é aquela necessária 
para condenação e que imprime no julgador certeza quanto ao fato. Já a prova não plena ou indiciária é a limitada 
quanto à profundidade, permitindo, por exemplo, a decretação de medidas cautelares. 
(iii) Quanto ao sujeito ou causa: a prova real é aquela que resulta do fato, como por exemplo, as fotografias e 
pegadas do local do crime. Já a prova pessoal decorre do conhecimento de alguém, como por exemplo, a confissão 
e testemunha. 
(iv) Quanto a forma ou aparência: a prova testemunhal está relacionada à afirmação de uma pessoa, 
independentemente dessa pessoa ser testemunha, com por exemplo, o interrogatório do réu. Já a prova material 
se trata de qualquer elemento que corporifica a demonstração do fato, com por exemplo, o exame de corpo de 
delito e os instrumentos do crime. Também há a prova documental. 
Guilherme de Souza Nucci (2015) aduz que as provas plenas consistem nas provas que possuem valor probatório 
suficiente para fundamentar por si só a decisão judicial sobre o fato que se pretende provar. Já as provas não 
plenas são as aquelas não são idôneas nem suficientes para fundamentar por si só a decisão judicial sobre os fatos 
que se pretende provar, senão que funcionam conjuntamente com outros mananciais probatórios, como um 
elemento a mais a permitir ao juiz inferir uma hipótese sobre esses fatos mediante um procedimento de prova 
indireta ou indutiva. Em razão do exposto, as provas não plenas somente podem coadjuvar a decisão em 
qualidade de indícios. 
6. MEIOS DE PROVA 
Os meios de prova sãoinstrumentos utilizados para produzir a prova e levá-la ao conhecimento do magistrado. 
Ou seja, é tudo aquilo que pode ser usado, direta ou indiretamente, para demonstrar o que se alega no processo. 
Quanto aos meios, as provas podem ser nominadas ou inominadas. As provas nominadas se referem aos meios 
de produção previstos em lei, mais especificamente, nos artigos 158 a 250 do CPP. Já as provas inominadas tratam 
dos meios de produção não disciplinados em lei, como por exemplo, o clichê fônico (identificação da voz). 
Ambas as espécies de provas supracitadas são aceitas e podem ser usadas, pois o princípio da verdade real 
permite o uso de meios probatórios atípicos, desde que moralmente legítimos e legais (não afrontadores do 
próprio ordenamento). 
Portanto, há um embasamento principiológico para a ampla utilização da prova e os princípios que autorizam 
essa ampla utilização da prova são: o principio da verdade real (ou material), que estabelece que o processo penal 
almeja reconstruir aquilo que realmente ocorreu quando o crime foi praticado, sendo que o juiz criminal não irá 
se conformar com meras ficções de verdade e, por isso, é possível utilizar vasto material probatório para 
demonstrar o que realmente aconteceu quando o crime foi praticado. A verdade real é importante porque no 
direito processual penal a sanção para o ilícito praticado é privação da liberdade do indivíduo; o principio da 
liberdade na produção da prova, no qual aduz que admitido às partes produzir provas nominadas e também 
provas inominadas, já que se está em busca da verdade real. 
A liberdade probatória é regra no processo penal, porém ela não é absoluta, encontrando limites na 
demonstração do estado civil das pessoas, onde o artigo 155 do CPP, em seu parágrafo único, preleciona 
que: Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. 
Portanto, conclui-se que devemos seguir as limitações do Código Civil, de forma que a demonstração do estado 
civil será feita por certidão, como por exemplo, no casamento será feita por certidão de casamento. 
A respeito da menoridade do réu, o Enunciado 74 do STJ determina que ela deve ser provada por documento 
hábil. 
A segunda exceção à liberdade na produção da prova é a vedação das provas ilícitas (artigos 5, LVI, 
da CF e 157 do CPP), que será tratada a seguir. 
7. PROVAS ILÍCITAS 
A doutrina diferencia os termos provas proibidas, provas ilícitas e provas ilegítimas. 
As provas proibidas (ou vedadas ou inadmissíveis) são gênero e têm como espécies as provas ilícitas e ilegítimas. 
As provas ilícitas violam princípios constitucionais penais ou normas de direito material, como o Código Penal e a 
Legislação Penal Especial. Um exemplo é a confissão obtida mediante tortura (Lei 9.455/1997) 
As provas ilegítimas violam princípios constitucionais processuais ou normas de direito processual, como o Código 
de Processo Penal, a Legislação Processual Especial. Um exemplo é a realização do exame de corpo de delito, na 
falta de perito oficial, por somente uma pessoa não portadora de diploma de curso superior preferencialmente 
na área específica, infringindo assim o artigo159, § 1 do CPP. 
O artigo 157, "caput", do CPP indica que: São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas 
ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. Esse dispositivo não distingue 
provas ilícitas de provas ilegítimas, mas tão somente considera como ilícita a prova que viola a norma 
constitucional ou infraconstitucional, pouco importando tratar-se de norma de direito material ou processual, 
englobando-se os princípios. 
A respeito do tema, menciona a Magna Carta que: São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios 
ilícitos (art. 5.º, LVI, CF). 
Sobre a utilização das provas ilícitas temos as seguintes teorias: 
a) Teoria da proporciornalidade ou razoabilidade ou do sacrifício 
Conforme aduz essa teoria, na ponderação de bens jurídicos, o magistrado deve dar prevalência ao bem jurídico 
de maior importância. Logo, entre a formalidade na produção da prova e o "status libertatis do réu", este último 
deve prevalecer, sendo a prova ilícita utilizada para inocentá-lo. 
Acerca da possibilidade de utilização da prova ilícita no processo penal, alguns doutrinadores admitem o uso da 
prova ilícita em favor do acusado, para demonstrar a sua inocência. Afirmam que entre o "jus puniendi estatal" e 
a legalidade na produção probatória, em conflito com o "status libertatis do réu", deve-se prevalecer o bem de 
maior importância, que é o "status libertatis" do acusado, sendo a prova, mesmo que ilícita, utilizada em seu 
benefício e para obtenção da sua inocência. 
Nesse sentido, vale observar que a prova ilícita não pode ser utilizada para demonstrar a culpa de outrem, pois 
seus efeitos são limitados à obtenção da inocência do réu. 
Para Nestor Távora (2013) a teoria da proporcionalidade deve ser invocada para preservar os interesses do 
acusado, em favor da absolvição (concepção da prova ilícita utilizada "pro reo"). 
De outra banda, há doutrinadores que admitem uso da prova ilícita para condenar o acusado. 
A respeito do princípio da proporcionalidade "pro societate": 
"(...) consiste na admissibilidade das provas ilícitas, quando demonstrada a prevalência do interesse público na 
persecucáo penal, a tendência atual da jurisprudência dos Tribunais Superiores é a da sua não adoção. De acordo 
com esse entendimento, a não admissão de mecanismos de flexibilização das garantias constitucionais tem o 
objetivo de preservar o núcleo irredutível de direitos individuais inerentes ao devido processo legal, mantendo a 
atuação do Poder Público dentro dos limites legais. As medidas excepcionais de constrição de direitos não podem, 
assim, ser transformadas em práticas comuns de investigação." (CAPEZ, Fernando; COLNAGO, Rodrigo, 2015, 
p.185) 
No caso de crime praticado por organizações criminosas adverte que "(...) desde que haja prévia, fundamentada 
e detalhada ordem escrita da autoridade judicial competente, sendo admitida corno meio de obtenção de prova, 
cuja previsáo encontra-se no inciso V, art. 3º, da Lei n. 12.850/2013. Não havendo autorização, a prova semente 
será admitida em hipóteses excepcionais, por adoção ao princípio da proporcionalidade pro societate." (CAPEZ, 
Fernando; COLNAGO, Rodrigo, 2015, p. 188) 
b) Teoria dos frutos árvore envenenada ou "fruits of the poisonous tree" ou teoria da prova ilícita por derivação 
A teoria dos frutos árvore envenenada se originou no Brasil através da jurisprudência do STF e encontra previsão 
no artigo 157 do CPP 
Essa teoria sugere que todas as provas que decorrem de uma prova ilícitatambém estarão contaminadas, já que 
a sua origem é ruim. 
A prova ilícita criada é reproduzida na figura de uma árvore, sendo a fonte que tem o condão de contaminar todas 
as provas dela decorrentes, que seriam os frutos. Logo, a ilicitude da obtenção da prova ilícita transmite-se às 
provas dela derivada. 
Segundo dispõe o artigo 157, § 3 do CPP, as provas ilícitas devem ser desentranhadas dos autos do processo e 
preclusa a decisão de desentranhamento, haverá a destruição da prova na presença facultativa das partes. Nestor 
Távora (2013, p. 396) diz que "se a contaminação probatória for ampla, faltará verdadeira justa causa para a 
deflagração da ação penal, de sorte que a inicial acusatória deve ser rejeitada caso os elementos informadores 
sejam contaminados pela extensão da prova ilícita, com arrimo no art. 395 em nova redação dada pela Lei 
nº 11.719/08." 
No artigo 157 do CPP, pode-se extrair outras quatro teorias, que são decorrentes da teoria da prova ilícita por 
derivação e constituem exceções à mesma. São elas: a teoria da prova absolutamente independente ou limitação 
da fonte independente (artigo 157, § 1, 1ª parte do CPP, que estabelece que: "São também inadmissíveis as provas 
derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entreumas e outras (...)". Com isso, 
não havendo nexo de causalidade (relação de dependência) entre a prova ilícita e as demais provas que 
decorreram da ilícita, não haverá contaminação. O processo será aproveitado se houver outras provas válidas 
absolutamente independentes da prova ilícita, cabendo ao juiz deferir os limites de interdependência da prova; 
a teoria da descoberta inevitável ou do curso hipotético de investigação ou "inevitable discovery"(art. 157, § 1, 
parte final e § 2, § 3 do CPP), que aduz que as provas que decorrem de uma prova ilícita não necessariamente 
estarão contaminadas e serão aproveitadas se ficar demonstrado que elas inevitavelmente seriam descobertas 
de outra maneira, por uma outra fonte autônoma e por meio válido. Por exemplo, não se deve reconhecer como 
ilícita as declarações de testemunha que foi descoberta mediante interceptação telefônica sem autorização 
judicial, se esta pessoa foi indicada por várias outras como testemunha do fato, também, não deve ser declarada 
a ilicitude de confissão obtida mediante tortura, quando inevitavelmente se chegaria ao autor do homicídio em 
razão de impressões digitais do mesmo no local do crime. 
Nesse caso existe liame entre a prova ilícita e as demais, mas ele não é decisivo e cabe ao juiz definir se existia a 
inevitabilidade da descoberta, ou seja, se a prova derivada poderia ser descoberta de uma outra forma. 
Além das teorias já mencionadas, há outras duas teorias: a teoria da contaminação expurgada ou da conexão 
atenuada, que indica que quando o vínculo entre a prova ilícita e a derivada for irrelevante ou tênue, não haverá 
contaminação; a teoria da boa-fé, onde busca-se evitar o reconhecimento da ilicitude da prova quando os agentes 
de polícia ou da persecução penal tiverem atuado destituídos do dolo de infringir a lei, pautados em situação de 
erro. 
c) Teoria da exclusão da ilicitude da prova 
A prova, aparentemente ilícita, deve ser reputada como lícita quando a conduta do agente na sua captação está 
amparada pelo direito (excludentes de ilicitude). 
Por exemplo, caso o réu tenha que violar o domicílio de outrem, sendo tal conduta tipificada como crime nos 
termos do artigo 150 do CP, para produzir prova fundamental em favor de sua inocência, esta prova será tida 
como válida, pois o mesmo agiu em estado de necessidade (artigo 24, CP) ao suprimir bem jurídico alheio (tutela 
domiciliar) para salvaguardar outro bem jurídico (liberdade), em face de um perigo atual (existência de 
persecução penal), ao qual não deu causa, e cujo sacrifício não era razoável exigir. 
8. ÔNUS DA PROVA 
O ônus da prova se refere ao encargo atribuído as partes de demonstrar aquilo que alegou. Conforme preleciona 
o artigo 156, 1ª parte, CPP, aquele que alega é quem faz a prova da alegação. 
Trata-se de uma faculdade, no qual a parte omissa assume as consequências de sua inatividade (aquele que não 
foi exitoso em provar, possivelmente não terá reconhecido o direito pretendido). 
Segundo Renato Brasileiro de Lima (2015, p.595), há duas correntes acerca da distribuição do ônus da prova: a 
corrente minoritária aponta que, no processo penal, o ônus da prova é exclusivo da acusação; a corrente 
majoritária distribui o ônus da prova entre a acusação e a defesa no processo penal. 
A respeito da primeira corrente, tem-se que o artigo 386, II, V e VII, do CPP aduz que a debilidade probatória da 
acusação em demonstrar os elementos que caracterizam o crime implica na absolvição do réu. 
De acordo com Nestor Távora (2014), em que pese a distribuição do ônus de provar estar reconhecida legalmente, 
a defesa não tem ônus probatório algum. Afinal, se a defesa for absolutamente inerte em provar e a acusação 
não for integralmente exitosa, no final do processo, havendo dúvida, está militará em favor do réu e o juiz deverá 
absolvê-lo, em obediência ao princípio da presunção da inocência. Pois o ônus da prova deve ser analisado à luz 
do princípio da presunção de inocência e do favor réu, sendo que se a defesa ficar inerte durante todo o processo, 
o juiz, na dúvida, deverá absolver o acusado. 
De acordo a última corrente, cabe a acusação demonstrar a autoria ou participação, materialidade (existência da 
infração), elemento subjetivo do agente (dolo ou culpa), causas de exasperação de pena e cabe à defesa provar 
as causas excludentes de ilicitude, causas excludentes de culpabilidade, causas de extinção da punibilidade e 
Elementos de mitigação da pena. 
O ônus da prova possui dois aspectos, quais sejam o objetivo e o subjetivo. 
"No aspecto objetivo, o ônus da prova funciona como uma regra de julgamento a ser aplicada pelo juiz quando 
permanecer em dúvida no momento do julgamento" (LIMA; Renato Brasileiro de, 2015, p.593) 
Além disso, menciona podemos observar que: 
"Em seu aspecto subjetivo, o ônus da prova deve ser compreendido como o encargo que recai sobre as partes de 
buscar as fontes de prova capazes de comprovar as afirmações por elas feitas ao longo do processo, introduzindo-
as no processo através dos meios de prova legalmente admissíveis. Ao contrário do ônus da prova objetivo, cujo 
destinatário é o juiz, o ônus subjetivo é voltado para as partes, a fim de que se saiba qual delas deve suportar o 
risco da prova frustrada. Sob esse aspecto subjetivo, as disposições sobre o ônus da prova funcionam, portanto, 
como regras de conduta das partes" (...) "No âmbito processual penal, o ônus da prova subjetivo é atenuado por 
força da regra da comunhão da prova e dos poderes instrutórios do juiz". (LIMA; Renato Brasileiro de, 2015, p.594) 
9. PAPEL DO MAGISTRADO 
O juiz, no processo penal, não possui ônus probatório, pois é inerente às partes a atribuição de provar. 
Quanto à iniciativa probatória, o magistrado pode determinar de ofício a produção de prova nas hipóteses do 
art. 156 do CPP, quais sejam: pode determinar a produção antecipada de prova, mesmo durante a fase preliminar 
investigativa, desde que seja necessário, adequado e proporcional e haja urgência e relevância; pode determinar 
a a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante, no curso do processo. 
Vale observar que a atividade do magistrado na determinação da prova é complementar, não podendo o mesmo 
construir todas as provas que são levadas aos autos, sob pena de incorrer em impedimento (art. 254, CPP) ou 
suspeição (art. 252, CPP). 
A determinação de prova "ex officio pelo juiz" é permitida pelo princípio da busca da verdade real, que busca 
revelar o que realmente aconteceu quando da ocorrência do delito. Mas a constitucionalidade do 
artigo 156 do Código de Processo Penal é, segundo Nestor Távora (2014), questionada por parcela da doutrina, 
que afirma que o mesmo infringe o sistema acusatório adotado no ordenamento jurídico brasileiro e é 
incompativel com o princípio da imparcialidade. 
10. SISTEMAS DE VALORAÇÃO DA PROVA 
Podemos observar os seguintes sistemas probatórios de valoração: 
a) Sistema da íntima convicção ou certeza moral do juiz 
De acordo com o sistema da certeza judicial o juiz é absolutamente livre para decidir, podendo inclusive se basear 
em elementos que não estão nos autos e julgar com base em seus pré-conceitos e crenças pessoais. 
O juiz não precisa motivar a sua decisão e a lei não atribui valor às provas. 
Em regra é afastado no direito processual brasileiro, porém como resquício desse sistema temos que no Tribunal 
do Júri os jurados julgam de acordo com a sua íntima convicção e votam os quesitos sem fundamentar, conforme 
o art. 5, XXXVIII, CF. Assim, afirma Fernando Capez (2015, p.180): "Esse sistema vigora entre nós, como exceção, 
nas decisões proferidas pelo júri popular, nas quais o jurado profere seu voto, sem necessidade de 
fundamentação." 
b) Sistema da certeza legislativa ou da prova tarifada ou da certeza moral do legislador 
Segundo o sistema das regras legais, a lei estipula previamente o valor e a aplicação de cada prova e o magistrado, 
como se fosse um matemático, aplica as regras, estando destituídode senso crítico. 
Conforme estabelece Fernando Capez (2015, p.180), a lei impõe ao julgador o rigoroso acatamento a regras 
preestabelecidas e não deixa para o mesmo qualquer margem de discricionariedade. Não há convicção pessoal 
do magistrado na valoração do contexto probatório, mas obediência estrita ao sistema de pesos e valores imposto 
pela lei. Desse sistema se origina o absurdo brocardo testis unus, testis nullus, pelo qual o depoimento de uma só 
testemunha, por mais detalhado e verossímil que seja, não tem qualquer valor. 
No Brasil vigora como exceção, em casos como o do artigo 158, CPP, onde os crimes que deixarem vestígios 
necessitam de realização de exame de corpo de delito para demonstrar a materialidade da infração, sendo que 
nem a confissão do réu supre a falta do exame de corpo de delito, estando o juiz limitado à prova pericial e do 
artigo 155, parágrafo único do CPP (o estado de pessoas somente é provado mediante certidão, não se admitindo 
a prova testemunhal). 
c) Sistema do livre convencimento motivado ou da persuasão racional 
De acordo com o sistema da verdade real, o juiz tem a liberdade para decidir mas precisa motivar a sua decisão. 
Não há hierarquia entre as provas, cabendo ao magistrado imprimir na decisão o grau de importância das provas 
que lhe são apresentadas. Explicita Fernando Capez (2015, p.181) que esse sistema atende as exigências da busca 
da verdade real, rejeitando o formalismo exacerbado, e impede o absolutismo pleno do julgador, gerador do 
arbítrio, na medida em que exige fundamentação da decisão. 
É o sistema adotado pelo Brasil, nos termos do artigo 93, IX, CF c/c art. 155, CPP. 
Conforme estabelece o artigo 155 do CPP, o juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida 
em contraditório judicial, não podendo buscar como fundamento elementos estranhos aos autos ("o que não está 
nos autos não está no mundo"). 
Igualmente, não pode o julgador fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos 
na fase do inquérito, tendo em vista que esses elementos não foram passíveis de contraditório nem ampla defesa. 
Porém há duas exceções à imprestabilidade dos elementos colhidos na fase preliminar na prolação da sentença, 
sendo elas: as provas cautelares (realizadas em razão da necessidade e urgência, para que os elementos não 
venham a se esvair, como por exemplo, a busca e apreensão); as provas não repetíveis (são de fácil perecimento 
e não podem ser refeitas na fase processual, como por exemplo, a perícia em infrações que deixam vestígios); as 
provas antecipadas (visam evitar o perecimento probatório e tramitam perante o magistrado, com colaboração 
das futuras partes, resguardando-se contraditório e a ampla defesa, eliminado com isso qualquer obstáculo para 
utilização dos frutos do incidente na fase processual). 
11. PROVA EMPRESTADA 
Prova emprestada é "aquela que, produzida originariamente em um determinado processo, vem a ser 
apresentada, documentalmente, em outro. Para que seja admissível, é preciso que ambos os feitos envolvam as 
mesmas partes e que, na respectiva produção, tenha sido observado o contraditório. Satisfeitas estas duas 
condições, terá a prova emprestada o mesmo valor das demais provas realizadas dentro do processo. Ausentes, 
contudo, perderá muito de seu valor probatório, devendo ser considerada como simples indício" (AVENA; 
Norberto, 2014, p.509) 
Conforme o conceito estabelecido acima, podemos compreender que os requisitos para a admissibilidade da 
prova emprestada no processo penal são: a existência das mesmas partes em ambos os processos, o mesmo fato 
provando, o respeito a disciplina normativa que rege a produção probatória e o respeito ao contraditório no 
processo emprestante. 
Com base no último requisito pode-se concluir que não há empréstimo de prova de um inquérito a um processo, 
em razão do procedimento investigativo preliminar ser regido pela inquisitoriedade. 
12. PROCEDIMENTO PROBATÓRIO 
O procedimento probatório compreende as seguintes etapas: 
(i) Proposição da prova 
A proposição se refere ao requerimento das provas a serem produzidas na instrução processual ou ao lançamento 
aos autos das provas pré-constituídas. 
Normalmente a acusação (Ministério Público ou querelante) propõe a prova na inicial acusatória 
(artigo 41 do CPP) e a defesa faz a propositura na resposta escrita à acusação (artigo 396 e 396-A do CPP). 
Mas no curso do processo as partes podem requerer a produção de provas ou o juiz determinar a sua realização 
de ofício, com exceção da prova testemunhal, que deve ser indicada na inicial ou na defesa preliminar, sob pena 
de preclusão. 
(ii) Admissibilidade da Prova 
Trata-se de ato processual do juiz, que, ao examinar as provas propostas pelas partes e seu objeto, defere ou não 
a sua produção. O magistrado decidirá se autoriza ou não a realização das provas requeridas pelas partes e 
também se admite ou não a introdução aos autos das provas pré-constituídas. 
(iii) Produção da prova e submissão ao contraditório 
"É o conjunto de atos processuais que devem trazer a juízo os diferentes elementos de convicção oferecidos pelas 
partes." (CAPEZ, Fernando; COLNAGO, Rodrigo, 2015, p.180) 
(iv) Valoração 
A prova produzida será valorada na respectiva decisão judicial. 
Assim, o magistrado deve nesse momento afastar as provas ilícitas ou ilegítimas, determinado o 
desentranhamento das mesmas (artigo 157, § 3, CPP) e caso venha a amparar a sua decisão em prova que 
contraria a lei, poderá haver nulidade, em razão de evidente error in procedendo. 
Se o julgador valorar mal a sua decisão, ela poderá ser reformada em fase recursal, em razão de error in judicando. 
13. PRINCÍPIOS RELATIVOS À PROVA PENAL 
São princípios que regem a produção probatória: 
13.1. Princípio da autoresponsabilidade das partes 
As partes assumem as consequências de sua inércia, erro ou negligência relativamente à prova de suas alegações. 
Logo, a frustração ou o êxito no processo estão ligados à conduta probatória do interessado. 
13.2. Princípio da audiência contraditória 
Toda prova produzida por uma das partes admite a produção de uma contraprova pela parte contrária. 
Todo o manancial probatório produzido deve ser submetido ao crivo do contraditório e este princípio está 
relacionado com a expressão "audiatur et altera parte" (ouça-se também a parte contrária), o que importa em 
conferir ao processo uma estrutura dialética. 
13.3. Princípio da aquisição ou comunhão 
A prova pertence ao processo e não à parte que a produziu, logo ela pode ser utilizada por qualquer das partes. 
Segundo Renato Brasileiro de Lima (2015, p.632 e 633), a aquisição da prova somente existe após a sua realização. 
Em outras palavras, enquanto a prova não foi produzida, a parte pode desistir de sua produção. Sendo assim, 
durante o curso de uma audiência, caso a parte não tenha interesse em ouvir testemunha por ela arrolada, que 
ainda não foi ouvida, ela poderá desistir de sua oitiva, independentemente da anuência da parte contrária. Nesse 
sentido, o artigo 401, § 2 do CPP, autoriza que a parte desista da inquirição de qualquer das testemunhas 
arroladas, mas há possibilidade do juiz determinar a oitiva de ofício, ouvindo o indivíduo como testemunha do 
juízo. 
13.4. Princípio da oralidade 
O princípio da oralidade encontra guarida no artigo 62 da Lei 9.099/1995 (Lei Juizados Especiais) e por ele 
compreende-se que deve haver a predominância da palavra falada sobre a escrita, sem que esta seja excluída. 
Da adoção desse princípio decorrem os seguintes subprincípios: princípio da concentração, no qual busca-se 
centralizar a produção probatória em audiência única ou no menor número delas (art. 400, § 1, CPP); princípio do 
imediatismo, no qual o magistrado deve proceder diretamente à colheita de todas as provas, em contato imediato 
com as partes. Todavia, isso não impede a produção de provas por videoconferência; o princípio da identidade 
física do julgador, no qual o juiz que preside a instruçãoé necessariamente aquele que irá julgar o processo, salvo 
exceções previstas em lei, como a promoção ou aposentadoria (art. 399, § 2, CPP); princípio da irrecorribilidade 
das decisões interlocutórias. 
13.5. Princípio da publicidade 
A regra no processo penal é a publicidade dos atos, em razão da importância das questões atinentes a esse 
processo. Os atos que compõem o procedimento, inclusive a realização de provas, não devem ser praticados de 
forma secreta. 
Um exemplo da aplicação do princípio da publicidade é a Súmula vinculante nº 14 STF: É direito do defensor, no 
interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento 
investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito 
de defesa. 
Porém o princípio em tela encontra exceções, nas quais a CF e a legislação infraconstitucional asseguram o 
segredo de justiça, como é o caso do art. 1º da Lei 9.296/1996 (interceptação telefônica), art. 234-B do CP ("Os 
processos em que se apuram crimes definidos neste Título - crimes contra a dignidade sexual- correrão em 
segredo de justiça"), art. 93, IX, da CF ("todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e 
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, 
às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à 
intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação"), art. 792, § 1.º, do CPP: 
("Se da publicidade da audiência, da sessão ou do ato processual, puder resultar escândalo, inconveniente grave 
ou perigo de perturbação da ordem, o juiz, ou o tribunal, câmara, ou turma, poderá, de ofício ou a requerimento 
da parte ou do Ministério Público, determinar que o ato seja realizado a portas fechadas, limitando o número de 
pessoas que possam estar presentes"), art. 201, § 6.º, do CPP: ("O juiz tomará as providências necessárias à 
preservação da intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido, podendo, inclusive, determinar o segredo 
de justiça em relação aos dados, depoimentos e outras informações constantes dos autos a seu respeito para 
evitar sua exposição aos meios de comunicação"). 
13.6. Princípio do livre convencimento motivado 
O princípio do livre convencimento motivado é reconhecido no item VII da Exposição de Motivos do CPP. 
Estabelece que o magistrado tem a liberdade para decidir o caso, desde que o faça de forma motivada. 
13.7. Princípio da não autoincriminação ("nemo tenetur se detegere") 
Em face desse princípio o indivíduo acusado de alguma infração não pode ser obrigado a produzir provas contra 
si. 
 
DECISÕES JUDICIAIS 
Fonte: https://ebradi.jusbrasil.com.br/artigos/527110448/conheca-as-especies-de-decisao-no-processo-penal 
Publicado por Escola Brasileira de Direito 
A função estatal de prestar tutela jurisdicional permite ao Estado promover, após a provocação da parte 
interessada, um processo judicial cujo principal ato seria prolatar uma sentença ou acórdão. Todavia, existem 
outras espécies de decisão, conforme descreveremos abaixo. 
1. Decisões interlocutórias 
São aquelas tomadas no curso do processo, de modo que se discute uma questão incidental que não toca o mérito 
da ação. As decisões interlocutórias podem ser dadas desde a notitia criminis até o trânsito em julgado. 
Classificação das decisões interlocutórias: 
a) Decisão interlocutória simples: é aquela que soluciona incidentes processuais, sem encerrar qualquer fase 
processual, como a decisão de concessão da liberdade provisória, que decreta a prisão preventiva ou arbitra a 
fiança. 
b) Decisão interlocutória mista terminativa: encerra o processo sem julgamento do mérito, como a decisão que 
rejeita a denúncia, de impronúncia ou que reconhece a menoridade do réu. 
c) Decisão interlocutória mista não terminativa: resolve uma questão processual, sem encerrar qualquer fase do 
processo e sem julgar o mérito, como a decisão de pronúncia. 
2. Decisões definitivas 
São aquelas que põe fim ao processo com julgamento do mérito. Analisa-se o cerne da questão, visando apurar 
se o fato típico ocorreu ou não e se o acusado é autor. 
Nesse sentido decisão pode ser: 
a) Decisão condenatória: a acusação encontra respaldo na prova e, portanto, o juiz, impõe a condenação, nos 
termos do artigo 387 do Código de Processo Penal. 
b) Decisão absolutória: aquela que corresponde a improcedência da ação penal, com fundamento em um dos 
incisos do artigo 386 do Código de Processo Penal. 
A decisão absolutória pode ser: 
i. Própria: absolve sem nada impor ao réu, em decorrência da ausência de prova da materialidade ou da autoria 
delitiva, bem como de reconhecimento de excludente da ilicitude, tipicidade ou culpabilidade. 
ii. Imprópria: absolve, impondo ao réu medida de segurança, pois tudo levaria à condenação do agente, mas não 
há possibilidade desta diante da inimputabilidade deste (art. 26 do Código Penal). 
c) Decisão declaratória: são as sentenças proferidas sem julgamento do mérito, prestam-se a declarar a extinção 
da punibilidade por uma das hipóteses do artigo 107 do Código Penal. 
 
COISA JULGADA E PRAZOS 
Fonte: https://arturbraian.jusbrasil.com.br/artigos/202931853/do-instituto-da-coisa-julgada-no-processo-penal 
Publicado por Artur Braian 
Considerações iniciais 
O instituto da coisa julgada é concebido como a imutabilidade da decisão judicial transitada em julgado, e visa 
evitar que uma mesma ação seja instaurada diversas vezes. O que o legislador pretendeu foi dar ao provimento 
jurisdicional uma condição de estabilidade, definitividade. Caso contrário, um litígio nunca chegaria ao fim, as 
partes recorreriam eternamente à Justiça, a paz social ficaria seriamente comprometida pelo risco de não 
prevalecerem a regras estatuídas pela ordem jurídica. Quando um conflito é levado ao Judiciário, fala-se que a 
coisa litigiosa está apresentada e que a lide ou o litígio espera por um julgamento. 
Contudo, há um momento em que esse conflito deve ser solucionado de forma definitiva, não havendo a 
possibilidade jurídica de ser novamente proposta à consideração de qualquer juiz. Nesse instante, a decisão não 
deverá ser mudada. Então, passa-se a dizer que a coisa, ou melhor, a causa está julgada. Forma-se, assim, a res 
iudicata est, ou seja, a coisa julgada. 
Histórico 
A coisa julgada tinha, para os romanos, uma finalidade eminentemente prática. Visava proporcionar segurança 
às decisões tomadas, solucionando definitivamente o conflito de interesses e evitando sua perpetuação. Apesar 
de tratar-se de uma exigência básica da vida urbana, nem todas as decisões tinham esta característica de 
imutabilidade. As resoluções interlocutórias, por exemplo, não produziam o efeito da coisa julgada. 
A ideia de coisa julgada romana foi se perdendo com o correr do tempo, convertendo-se na Idade Média em uma 
presunção de verdade jure et de jure, sob a influência do processo germânico antigo, que surge como meio de 
pacificação social, e no qual a sentença não exprimia a livre convicção do juiz, mas sim o resultado de experiências 
solenes, nas quais o povo vê a intervenção de entidades superiores e imparciais. Graças a tais influências, a coisa 
julgada, que no conceito romano tinha por fim exclusivamente garantir a segurança e o exercício dos direitos e o 
gozo dos bens, se transformou em uma aparência de verdade para todos os pronunciamentos do juiz, 
determinando a confusão entre coisa julgada e preclusão. 
Distinção entre coisa julgada formal e coisa julgada material 
A coisa julgada formal reflete a imutabilidade da sentença no processo onde foi proferida; tem efeito preclusivo, 
impedindo nova discussão sobre o fato no mesmo processo; na coisa julgada material existe a imutabilidade da 
sentença que se projeta fora do processo, obrigando o juiz de outro processo a acatar tal decisão, ou seja, veda-
se a discussão dentro e fora do processo em que foiproferida a decisão. 
Mutabilidade 
A imutabilidade da sentença condenatória no nosso ordenamento jurídico não se torna absoluta, pois se admite 
em várias hipóteses a revisão criminal de acordo com o art. 621, do Código de Processo Penal, e o habeas corpus 
quando, sem valorização da prova, verificar-se constrangimento ilegal, por ilegalidade ou abuso de poder (art. 
647 e ss.). 
Há também mutabilidade a coisa julgada nos casos de anistia, indulto, unificação de penas, etc. 
Na esfera criminal, a sentença condenatória após trânsito em julgado pode ser revista, se se descobrirem provas 
novas da inocência do condenado ou de circunstâncias que determine ou autorize a diminuição da pena, 
conforme o art. 621, III do Código de Processo Penal. 
Coisa julgada X Preclusão 
Não deve haver confusão entre coisa julgada e preclusão. A preclusão é fato processual extinto de caráter 
secundário, que tem o fim de obter que se impeça o prosseguimento do processo com possibilidade de discutir 
novamente uma mesma questão. 
Natureza Jurídica 
A coisa julgada não é efeito da decisão, mas qualidade atribuída a esse efeitos capaz de lhes conferir 
imutabilidade. 
Exceção de coisa julgada 
Deve ser proposta quando verificar-se a identidade de demanda entre a ação proposta e outra já decidida por 
sentença transitada em julgado. Para que se acolha a exceção de coisa julgada, é necessário que a mesma coisa 
seja novamente pedida pelo mesmo autor contra o mesmo réu e sob o mesmo fundamento jurídico do fato. 
Se for proposta uma segunda ação, esta não poderá ter seguimento, e, assim, abre-se a possibilidade para várias 
soluções: 
 O juiz pode rejeitar a denúncia, caso reconheça a existência da coisa julgada. Desta decisão cabe recurso 
em sentido estrito. 
 Por outro lado, se o juiz percebe a existência de coisa julgada após o 
recebimento da denúncia, e em qualquer fase do processo, ele pode declará-la de ofício e extinguir o 
processo sem julgamento do mérito. 
 Se o juiz não declara de ofício a exceção de coisa julgada, o réu ou o 
Ministério Público poderão argui-la. 
Rito 
De acordo com o art. 110 do Código de Processo Penal, o rito é o mesmo da exceção de incompetência. 
Fases 
 Pode ser arguida verbalmente ou por escrito, em qualquer fase do processo e em qualquer instância. 
 O juiz deve ouvir a outra parte e o Ministério Público, caso este não tenha sido o autor da alegação. 
 A exceção deve ser autuada em separado. 
 Julgamento: se o juiz julga procedente, a ação principal será extinta, e desta decisão cabe recurso em 
sentido estrito. Se o juiz julga improcedente, a ação principal continua, e desta decisão não cabe nenhum 
recurso específico, mas o interessado poderá impetrar habeas corpus. O trânsito em julgado da segunda 
sentença pode ser quebrado via habeas corpus ou revisão criminal. 
A coisa julgada no crime continuado e no concurso de agentes 
No crime continuado os primeiros delitos já foram julgados. Nesse caso, processa-se normalmente o último crime 
e, após o trânsito em julgado, pode-se promover a unificação das penas. 
No caso de concurso de agentes o STF decidiu que, absolvido o réu da acusação de autor de homicídio, nada 
impede que seja processado como partícipe do mesmo fato, inexistindo o impedimento da coisa julgada. 
Por Artur Braian.

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