Buscar

Análise do filme Parasita a luz do direito Brasileiro

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIFG 
DIREITO 
 
 
 
EVERALDO VINICIUS AGUIAR MORAIS 
RENATA LAIANNY GOMES DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE JURÍDICA DO FILME “PARASITA” A LUZ DO DIREITO BRASILEIRO 
NA PERSPECTIVA DO DIREITO DE POSSE E PROPRIEDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JABOATÃO DOS GUARARAPES/PE 
2020 
 
 
1. CONCEITO DE POSSE, PROPRIEDADE E DETENÇÃO 
 
Primordialmente é necessário conceituar posse, propriedade e detenção previamente à análise 
jurídica para esclarecer o poder que cada personagem exerce sobre o imóvel determinado. 
Segundo a teoria objetiva de Ihering adotada no ordenamento jurídico brasileiro atual, posse é o 
corpus, sendo assim não faz-se necessário o ​animus ​sobre a coisa, apenas o fato de se comportar 
como dono do bem e está dispondo dele, positivado no Código Civil Brasileiro no artigo Art. 
1.196 “ Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum 
dos poderes inerentes à propriedade.” 
Ademais no Código Civil Brasileiro no artigo 1.228, discorre que “O proprietário tem a faculdade 
de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a 
possua ou detenha.” Dessa forma, o proprietário é aquele que exerce plena ou limitado poder 
sobre a propriedade com as faculdades elencadas no artigo. Portanto, todo proprietário é 
possuidor da coisa porém nem todo possuidor é proprietário. 
Acerca do conceito de detenção, o Código Civil Brasileiro em seu artigo 1.198 dispõe “ 
Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, 
conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas”, sendo assim, 
caseiros, governantas ou terceiro que tenha recebido e acatado ordem do proprietário passam a ter 
esse poder sobre a coisa, poder este limitado e válido por um certo período de tempo. 
 
2. DO EXERCÍCIO DE POSSE, PROPRIEDADE OU DETENÇÃO NO FILME 
 
O filme ‘PARASITA” é ambientado em uma cidade capitalista, com alta taxa de desigualdade 
social. Enquanto uma parcela da população dispõe de um enorme poder aquisitivo, sendo bem 
vista pela sociedade, retendo, assim, um admirável grau de influência. Outra parcela não tem 
condições financeiras nem ao menos para obter o básico e viver de forma digna, além de não ter 
acesso a oportunidade de ascender sócio e economicamente. Consequentemente, esse sistema 
estimula todos aqueles que encontram-se mais frágeis nessa pirâmide social a querem ascender a 
qualquer modo. Observa-se que no filme duas famílias são a representação do sistema 
supracitado: os Park, uma família burguesa que ostenta diversos privilégios residindo numa 
luxuosa mansão modernista no centro e os Kim, uma família a margem da sociedade vivendo no 
porão de um bairro marginalizado. 
Diante do exposto, a respeito do poder exercido sobre o bem em questão pela família Park; 
composta pelo Pai, Mãe, Filho, Filha e da 1º Governanta; e residentes do imóvel: O casal (Pai e 
Mãe) caso possuam comunhão total de divisão de bens obtêm poder de propriedade sobre a casa 
e seus descendentes (Filho e Filha) também, apenas a funcionária doméstica (1º governanta) 
 
 
possui poder de detenção quando lhe é atribuído, visto que possui vínculo empregatício e não de 
posse ou propriedade. 
Já a família Kim; composta por Mãe, Pai, Filho e Filha; conseguem se infiltrar na pomposa 
mansão da família Park, empregando-se um a um em funções domésticas distintas. Após o Filho, 
por intermédio de um amigo abastado, ser contratado pelos Park para dar aulas de inglês para a 
filha mais velha, ele vislumbra a chance da sua família ascender economicamente através dos 
burgueses residentes na mansão. Sendo assim, a filha falsifica um diploma e consegue ser 
contratada para dar aulas de arte para o filho mais novo do casal Park, seu pai é contratado para 
ser o motorista da família e após a demissão da 1° Governanta, a mãe consegue também ser 
contratada e fica com o cargo. Desse modo, figurado no direito brasileiro nenhum dos integrantes 
da família Kim possuem poder real sobre a coisa (mansão), visto que eles prestam serviços nela 
mas não detém nenhum poder sobre ela até então. 
No entanto, num certo momento da narrativa, a família Park, detentora de privilégios, decide 
fazer uma viagem de curto prazo e deixa a casa sob responsabilidade da 2° Governanta (Mãe na 
Família Kim). Sendo assim, neste novo contexto, a propriedade passa a estar sobre detenção da 
2° Governanta visto que lhe foi assegurado o poder de dispor do imóvel pelo proprietário. 
Com efeito, o clímax da obra "Parasita" vencedora do Oscar de melhor filme, ocorre quando a 
Família Kim descobre que a 1° Governanta esconde o marido num anexo subterrâneo localizado 
no porão da mansão da família Park, que desconhece a existência do cômodo. No filme, a 
ex-governanta alega que o homem está lá há mais de 4 anos, sem os residentes da mansão ter 
ciência. 
Então, diante da complexidade da questão cabe analisar de forma minuciosa com amparo no 
Código Penal e Código Civil Brasileiro, o papéis exercidos pelo Marido e a ex-Governanta com 
relação à posse, propriedade e detenção do imóvel em questão. 
De acordo com o Código Penal, o artigo 150 prevê que é crime de invasão de domicílio a ação de 
“entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de 
quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências". Considerando que mesmo o anexo 
sendo desconhecido para a família Park, a entrada do cômodo fica dentro do domicílio, ou seja a 
entrada, saída e permanência no anexo depende diretamente da mansão, devendo assim, o anexo 
ser classificado como dependência da casa; além de que o personagem invadia a cozinha da 
residência constantemente para se alimentar. Nesse caso, o Marido da ex-Governanta é visto 
como criminoso perante o sistema penal brasileiro. 
Conforme o Artigo 1.208. do Código Civil declara que atos clandestinos não induzem posse. 
Assim, o Marido e a Ex-governanta obtêm a posse injusta do anexo, podendo ser classificada 
também como posse clandestina (aquela adquirida na obscuridade, à revelia do proprietário) e 
posse precária (aquela adquirida com abuso de confiança). Dito isso, apesar da família Park 
desconhecer a existência do cômodo e, provavelmente, o anexo em questão não está disposto no 
contrato de compra e venda, o anexo é localizado em sua propriedade e não cumpre os requisitos 
 
 
dispostos no CC para haver desapropriação ou requisição do imóvel. Portanto, por exercer poder 
sobre a coisa, a família Park pode ingressar com uma ação de manutenção de posse contra o 
marido e a ex-governanta. 
3- EFEITOS JURÍDICOS DECORRENTES DA POSSE E PROPRIEDADE 
Observada a relação de detenção, posse e propriedade de cada personagem sob o imóvel, faz-se 
necessário a análise jurídica prática do assunto. Começando com a posse que no Código de 
Processo Civil brasileiro em seus artigos 926 a 933 elenca as possibilidades de reivindicação por 
meio processual da coisa, sendo esses meios “reintegração de posse, a manutenção de posse e o 
interditoproibitório”. Daremos destaque a ação de manutenção de posse , expressa o artigo 560 
do CPC “O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado em 
caso de esbulho”, no sentido jurídico turbação é o abuso ou ato que infrinja direitos alheio sobre 
o possuidor da posse, situação a qual a família Park sofre em detrimento da família Kim. 
Já em relação a ferramenta jurídica processual para proteção da propriedade, no artigo 1.228 do 
Código Civil Brasileiro caput e demais parágrafos positiva a ação reivindicatória, “o proprietário 
tem a faculdade de gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que 
injustamente a possua ou detenha.” Sendo assim legítimos de pedir no caso narrado o proprietário 
sucessores e cessionário de direitos hereditários, sendo o objeto da ação o bem corpóreo ( 
Mansão). Atuando estes no polo ativo da ação, já no polo passivo, o possuidor sem título, 
detentor, pessoa que deixou de possuir a coisa por dolo (possuidor ficto tinha a posse e deixou de 
ter). 
 
4. REFERÊNCIAS 
GONÇALVES, Carlos R. Direito Civil Esquematizado 2: Contratos em espécie : Direito das 
coisas. São Paulo, 20 de agosto de 2018. 
PEREIRA DIAS, Ivana K. Proteção processual da posse: análise institucional. Conteúdo 
Jurídico,2020. Disponível em: 
http://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/20211/protecao-processual-da-posse-analis
e-institucional. Acesso em : 11 de abril de 2020. 
BRASIL. Lei nº 2.848, de 7 de DEZEMBRO de 1940 . Código Penal Brasileiro . Diário Oficial 
da União, Brasília, DF, dia 31 de dezembro de 1940. 
BRASIL. Lei nº 3.689, de 3 de OUTUBRO de 1941 . Código de Processo Civil . Diário Oficial 
da União, Brasília, DF, 13 de outubro de 1941. 
BRASIL. Lei nº 10.406, 10 de JANEIRO de 2002 . Código Civil Brasileiro . Diário Oficial da 
União, Brasília, DF, dia 11 de janeiro de 2002.

Outros materiais