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1 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Crimes Contra a Pessoa – Homicídio DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL A N O TA ÇÕ ES CRIMES CONTRA A PESSOA – HOMICÍDIO CAPÍTULO I CRIMES CONTRA A VIDA Art. 121. Matar alguém: Pena – reclusão, de seis a vinte anos. O Código Penal divide-se em duas partes: • Parte Geral (Art. 1º ao 120. Disposições gerais que se aplicam a todos os crimes estu- dados no Direito Penal); • Parte Especial (Art. 121 ao 359. O Legislador tratará das previsões de crimes e das suas condutas). O art. 121 tratará, em um formato simples e direto, a descrição do crime de homicídio. Os tipos penais da Parte Especial serão formados pelo verbo núcleo do tipo penal e pelas elementares. Observando o art.121, caput, identifica-se que “matar” será o verbo núcleo e o “alguém” será a elementar. Por ser um crime de elevado potencial ofensivo, a pena para os crimes de homicídio será a reclusão de seis a vinte anos. Todos os tipos penais serão formados por duas partes: preceito primário (descrição da con- duta, ou seja, matar alguém) e preceito secundário (sanção penal, sendo a pena de reclusão). Uma vez entendido que o conceito de matar é tirar a vida e que o alguém se trata de uma pessoa, é importante fazer considerações sobre como será caracterizada a pessoa. Exemplo: a partir de qual momento o feto ou nascente é considerado uma pessoa? Uma pessoa será assim considerada a partir do momento que houver vida extrauterina. Caso ocorra do feto, ainda no útero da mãe, ser morto por ela ou que alguém o mate, não será considerado homicídio, mas crime de aborto (arts. 124 a 126, do Código Penal). Outro exemplo: caso a mãe mate o seu filho durante ou logo após o parto, estando ela sob efeito do estado puerperal, configurará que ela matou alguém. Contudo, responderá pelo delito de infanticídio (art. 123, do Código Penal). Para haver crime de homicídio é necessária que a vida seja extrauterina e que não se encontre nas hipóteses do infanticídio. 5m 2 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Crimes Contra a Pessoa – Homicídio DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL A N O TA ÇÕ ES Em outras hipóteses específicas, considere uma pessoa sem viabilidade de vida, como por exemplo um senhor de 89 anos, com câncer e que se encontra no hospital. O médico informa que em três minutos esse senhor irá morrer. Antes, porém, uma terceira pessoa de fora disfere uma facada faltando apenas um minuto para o senhor falecer, vindo a matá-lo. Esse terceiro responderá pelo crime de homicídio, levando em consideração que o idoso é uma pessoa sem viabilidade de vida e que morreria no minuto seguinte? A resposta é sim, mesmo que a pessoa não tenha a viabilidade duradoura de vida, ainda é um sujeito passivo, de crime de homicídio. Pessoas que poderão ser consideradas sem viabilidade de vida: paciente idoso, paciente terminal, bebê anencéfalo. No que diz respeito ao bebê anencéfalo, o STF se posicionou afirmando que o feto pode sofrer aborto e que a mãe não responderá pelo crime de aborto, contudo uma vez que se deu o nascimento, ainda que não tenha viabilidade de vida duradoura, se alguém tirar a vida dolo- samente desse bebê, a criança será vítima de homicídio e aquele que a matou responderá pelo crime de homicídio. Pontos específicos sobre o crime de homicídio • Sujeito Ativo • Sujeito Passivo • Elemento Subjetivo • Consumação • Competência • Tentativa: – Branca ou Incruenta; – Vermelha ou Cruenta. O Sujeito Ativo é o autor do crime e, no crime de homicídio, pode ser cometido por qual- quer pessoa. Sendo cometido por qualquer pessoa, será configurado como Crime Comum. 10m 3 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Crimes Contra a Pessoa – Homicídio DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL A N O TA ÇÕ ES ATENÇÃO Ao afirmar que o crime, quando cometido por qualquer pessoa, é configurado como Crime Comum, implica-se dizer que há crimes que não poderão ser praticados por qualquer pessoa. Esses crimes são chamados de Próprio ou de Mão Própria. Por exemplo: o crime de aborto praticado pela gestante somente pode ser praticado pela gestante. O Sujeito Passivo é a vítima e poderá ser qualquer pessoa. No que tange aos Elementos Subjetivos, significa que são as intenções do agente. Poderá ser por dolo direto, dolo eventual ou mediante culpa. O crime de homicídio comporta todos esses elementos. O crime de dolo será direto quando houver a intenção de matar, também chamado de animus necandi. Será dolo eventual quando o agente assumir o risco de produzir o resultado, ou seja, mesmo que não possua intenção de matar, o agente pratica uma conduta em que não se importa com a possibilidade de matar uma pessoa. Por exemplo: o agente pega a arma de fogo e efetua disparos em uma via pública e, mesmo que acerte uma pessoa, não se importará com isso. O dolo, sendo eventual, é punido da mesma forma que o dolo direto. Em que pese ser um elemento subjetivo distinto (intenções diferentes), o agente responderá pela mesma pena de seis a vinte anos. O crime de homicídio poderá também ser praticado mediante culpa. Se assim for caracte- rizado, o agente responderá no formato do art. 121, § 3º, do Código Penal. Essa culpa se dará por negligência, imperícia ou imprudência. A Consumação do Crime se refere ao crime material, aquele que produz um resultado naturalístico e que causa mudança no mundo. Por exemplo: quando alguém mata uma pessoa, ela cai e morre. O fato de a pessoa morrer é o resultado de um fato naturalístico e, causando essa morte, é configurado como homicídio doloso consumado. Esse crime também comporta a tentativa, ou seja, o sujeito quer matar uma pessoa, mas não obtém êxito por razões alheias a sua vontade. Nessa situação há a hipótese de homicídio praticado pela modalidade Tentado. 15m 4 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Crimes Contra a Pessoa – Homicídio DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL A N O TA ÇÕ ES A consumação poderá ser um crime instantâneo, ou seja, será consumada no exato momento em que a pessoa morrer. Em relação à Competência, caso haja homicídio doloso e todos os crimes contra a vida dolosos, a competência de julgamento será do Tribunal do Júri (sete pessoas escolhidas dentre o povo e que julgarão se a pessoa é ou não culpada por determinado delito); no homi- cídio culposo, o julgamento será pelo Juízo Comum (Juiz), sem a participação do Júri. A Tentativa poderá ser Branca ou Incruenta. Por exemplo: o agente pega uma arma com a intenção de matar uma pessoa, mas erra todos os disparos. Apesar de não ter causado a lesão, teve a intenção de matar, ou seja, praticou atos executórios para matar a vítima, mas não gerou qualquer lesão nela. Na Tentativa Vermelha ou Cruenta, o agente pega uma arma, por exemplo, e acerta um tiro no braço da vítima. A intenção do agente nesse caso era de matar a vítima, e não apenas de gerar a lesão corporal. Homicídio Simples pode ser considerado Crime Hediondo? Lei n. 8.072/1990: Art. 1º São considerados hediondos (...) I – Homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII). O crime hediondo se trata do crime horrendo, repugnante, que causa horror à socie- dade. Para ser considerado crime hediondo é necessário que o delito esteja previsto na Lei n. 8.072/1990. No Brasil adota-se o Sistema Legal, em que somente será hediondo o crime que estiver previsto nesta Lei como tal. No homicídio qualificado, todas as suas modalidades enquadram-se nos crimes hediondos. O homicídio simples em regra não será hediondo, existindo apenas uma hipótese em que será tratado como hediondo: quandopraticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente. 20m 5 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Crimes Contra a Pessoa – Homicídio DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL A N O TA ÇÕ ES Homicídio Privilegiado Art. 121. (...) Caso de diminuição de pena § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Quando configurado como privilegiado, traz um benefício para aquele que pratica o homicídio. ATENÇÃO Decorar a quantidade de aumento ou diminuição de pena não é necessário, exceto em crimes relevantes, caso dos crimes de homicídio. Nesse tipo de crime, muito cobrado em concursos, é proveitoso saber as penas aplicadas ao homicídio simples e ao qualificado, e as causas da diminuição de pena. O examinador procura confundir o concurseiro no aspecto da diminuição da pena. A lei estabelece que o juiz pode reduzir a pena. O uso da flexão verbal “pode” é indevido; visto que, havendo o reconhecimento de uma das hipóteses de homicídio privilegiado, o juiz “deve” reduzir a pena. Não há discricionariedade para o juiz, quando diante de um homicídio doloso. Como visto anteriormente, a competência de julgamento desse homicídio será do Tribunal do Júri e quem reconhecerá se houve ou não uma das Hipóteses de Privilégio será esse Tribunal. Caso o Tribunal entenda que se trata de uma hipótese de homicídio privilegiado, o juiz deverá aplicar a diminuição de pena. A discricionariedade de pena do juiz se refere à quantidade da diminuição de pena, decidindo se aplicará a diminuição de um sexto ou um terço da pena (ou qualquer valor dentro desse intervalo). • Elementos que, isoladamente, ensejam a diminuição da pena: 1) Relevante valor social; 2) Relevante valor moral; 3) Sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima. 25m 6 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Crimes Contra a Pessoa – Homicídio DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL A N O TA ÇÕ ES Obs.: muitos se confundem no entendimento de que o homicídio ao ser praticado logo em seguida pela injusta provocação da vítima também se aplicaria ao relevante valor so- cial e moral. Aplicar-se-á somente a essa terceira hipótese. No elemento que é de relevante valor social, acontecerá quando o agente praticar um homicídio em razão de uma situação que afeta toda a sociedade. Por exemplo: na cidade em que um determinado cidadão vive, há uma pessoa que estupra moças todos os dias. Ao descobrir a identidade desse estuprador, o cidadão decide matá-lo, usando uma faca. Ao praticar tal ato, o cidadão responderá por homicídio. Esse homicídio será considerado como privilegiado, pois o cidadão agiu e praticou o crime diante de um relevante valor social (importante ressaltar que cada caso será analisado pelo Tribunal do Júri). No elemento que é de relevante valor moral, considere, por exemplo, que o cidadão possui uma minha filha e ela um namorado. Em um determinado momento, o namorado dese- jou manter relações sexuais com a filha, mas, ao recusar, ele a estuprou. O cidadão, ao notar que a sua filha adquiriu problemas psicológicos, em virtude do estupro, matou o namo- rado. É importante atentar-se ao fato de que o cidadão matou o namorado da filha em razão de um relevante valor moral, e não pelo fato de o namorado estar atingindo a sociedade como um todo. O valor social refere-se à proteção ou ao interesse da coletividade; no valor moral, defende- -se um interesse particular. No terceiro elemento, tem-se que, sob domínio de violenta emoção, a pessoa deve estar em surto, perdendo o sentido de justiça, de normalidade, estando fora de si, chegando a pra- ticar atos que jamais praticaria em situações normais de sua vida. Na prática, o “logo em seguida” será algo momentaneamente posterior à injusta provocação. A injusta provocação da vítima poderá ou não configurar como um crime. Por exemplo: uma pessoa não gosta de cachorros e o cachorro de um determinado cida- dão urina na porta da casa dessa pessoa. Ao matar esse cachorro, houve a injusta provoca- ção da vítima. Nesse momento, o dono do cachorro acerta com uma barra de ferro a cabeça da outra pessoa, matando-a. O dono do cachorro agiu sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação (por matar o seu cachorro). 30m 35m 7 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Crimes Contra a Pessoa – Homicídio DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL A N O TA ÇÕ ES Esses elementos não são cumulativos, ou seja, é necessário ter apenas um elemento para se configurar como homicídio privilegiado. O homicídio privilegiado possui caráter subjetivo, a incomunicabilidade no concurso de pessoas. Exemplo: o pai quer matar o estuprador de sua filha (o pai está acobertado sob o rele- vante valor moral). Ele procura um assassino de aluguel e o contrata para matar o estuprador. Observa-se, nessa situação, que não foi o pai quem matou o estuprador, mas sim o assas- sino de aluguel. O mandante (pai) permanece acobertado pelo privilégio, mas o mesmo não acontecerá com o executor (assassino), que se enquadrará no homicídio qualificado mediante pago ou promessa de recompensa. A Premeditação do Crime Afasta o Homicídio Privilegiado? A premeditação não afasta o homicídio privilegiado. Recorda-se as formas de homicídio privilegiado: relevante valor social, relevante valor moral esob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima. Mas se observa que na última hipótese a premeditação afastaria esse privilégio. Não é possível afirmar que o agente agiu sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, sendo que ele havia premeditado o crime. A premeditação é incompatível com essa forma de homicídio privilegiado, entretanto nada impede que aconteça a premeditação no relevante valor social ou moral, não afastando, nessas outras duas situa- ções, o privilégio. Se a ação é praticada sob violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, mas o autor erra a execução, vindo a atingir e matar terceira pessoa, responde pelo homicídio privilegiado, simples ou qualificado? Por exemplo: um cadeirante está no semáforo pedindo esmola e repentinamente uma pessoa começa a praticar injúrias contra ele. O cadeirante está com uma faca e revoltado com os xingamentos, com a injusta provocação que é feita, arremessa o objeto contra essa pessoa que lhe profere injúrias, mas acerta uma terceira pessoa e a mata. 40m 8 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Crimes Contra a Pessoa – Homicídio DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL A N O TA ÇÕ ES Houve o dolo. Caso o cadeirante acertasse a pessoa que lhe proferia injúrias, estaria acobertado pelos privilégios, contudo ao acertar outra pessoa que não tinha nada a ver com a situação, esse cadeirante também responderá pelo homicídio privilegiado, apesar de ter matado um inocente (art. 73, do Código Penal): Erro na execução (aberratio ictus) Art. 73. – Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela (...) Nessa situação, quando o agente erra, ele responde como se tivesse matado a pessoa contra quem ele queria praticar o crime. Existe a vítima virtual e a real (aquela que efetiva- mente morreu). O agente responde como se tivesse matado a vítima virtual em que pese ter matado a vítima real. 45m ���������������������������������������������������������������������������������Este material foi elaborado pelaequipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula preparada e ministrada pelo professor Erico de Barros Palazzo. A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu- siva deste material.
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