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paciente; ratificar a organização dos prontuá- rios dos pacientes; exigir o registro em prontuário das intervenções médicas e evoluções realizadas por médicos plantonistas hospitalares, quando chamados a atender pacientes na instituição; disponibilizar meios de registro de ocorrên- cias para os médicos plantonistas; e determinar que médicos plantonistas de UTI ou de serviços de urgência e emergência não sejam deslocados para aten- dimento fora de seus setores, exceto em situações de risco de morte. Ética em Ginecologia e Obstetrícia 51 O Diretor Clínico tem atribuições diversificadas que demandam grande responsabilidade. Destacam-se as iniciativas de reger e coordenar as ativida- des médicas locais, em colaboração com a Comissão de Ética Médica e com o Diretor Técnico. O cargo é privativo de médicos, em conformidade com a Lei Federal nº 3.999/61,5 que em seu artigo 15 prevê: “os cargos ou funções de chefias de serviços médicos somente poderão ser exercidos por médicos, devidamente habilitados na forma da lei”. Não se deve confundir a ocupação com chefias administrativas, que podem ser assumidas por profissionais de outras áreas. Toda queixa, dúvida, reclamação ou denúncia sobre o atendimento mé- dico prestado na instituição, de paciente ou familiar, deve ser prontamente averiguada e esclarecida. Cabe ao Diretor Clínico providenciar uma apura- ção preliminar. As queixas devem ser postas a termo, oferecendo oportu- nidades para o reclamante, o reclamado e as testemunhas se manifestarem. Além disso, as circunstâncias do fato deverão ser avaliadas, sendo concluídas pela procedência ou não da reclamação. Nas situações em que houver dúvi- das de procedência da queixa, cabe ao Diretor Clínico o ato formal de ins- taurar sindicância, que será realizada pela Comissão de Ética da instituição. É essencial que qualquer denúncia ou reclamação seja analisada com profun- didade, ouvindo-se também as partes contrárias. A família do reclamante deve ser atendida sempre que solicitar, mas os resultados não podem ser re- velados antes da averiguação estar concluída. É recomendável que a imprensa seja recebida em sala específica ou na sala da diretoria. Imagens dentro da instituição de saúde não devem ser per- mitidas, pois podem expor desnecessariamente pacientes e profissionais.6 Outras resoluções sinalizam atribuições adicionais ao Diretor Clínico, co- mo: tomar providências cabíveis para que todo paciente hospitalizado tenha um médico assistente responsável, desde a internação até a alta (Art. 1º Reso- lução CFM nº 1.493/98);7 determinar que, nas cirurgias eletivas, o médico se assegure previamente das condições indispensáveis à execução do ato – em re- lação, inclusive, à necessidade de ter outro médico como seu auxiliar, substi- tuindo-o em seu impedimento (Art. 2º da Resolução CFM nº 1.493/98).7 Cabe ao Diretor Clínico, ainda, dirigir as assembleias do corpo clíni- co, e encaminhar ao Diretor Técnico todas as decisões, a fim de que as de- vidas providências sejam tomadas. Quando houver necessidade de suspen- são integral ou parcial das atividades médico-assistenciais, pela ausência de condições funcionais previstas na Resolução CFM nº 2.056/2013,8 o Diretor Clínico tem o direito de comunicar ao Conselho Regional de Medicina. Se necessário, pode informar também outros órgãos competentes.2 Ética em Ginecologia e Obstetrícia52 diretor Técnico Como já dito, o Diretor Técnico é o responsável perante os Conselhos Regionais de Medicina, as autoridades sanitárias, o Ministério Público, o Judiciário e demais competências, em razão dos aspectos formais de fun- cionamento da instituição a que presta a assistência. Os seus deveres es- tão estabelecidos na Resolução CFM nº 2.147/2016,2 que incluem: zelar pelo cumprimento das disposições legais e regulamentares em vigor; assegurar condições dignas de trabalho e os meios indispensáveis à prática médica; garantir o funcionamento autônomo das Comissões de Ética Médica; certi- ficar-se da regular habilitação dos médicos e especialistas perante os Con- selhos de Medicina, bem como a inscrição de pessoas jurídicas que atuam na instituição; organizar escalas de plantonistas e solucionar problemas en- volvendo faltas; assegurar a correção do repasse de honorários e pagamento de salários; propiciar as condições de trabalho dos médicos; ratificar o abas- tecimento de produtos e insumos; garantir o funcionamento de comissões oficiais; proporcionar a eticidade das propagandas institucionais; atestar o cumprimento do Regimento Interno da instituição; confirmar que os convê- nios de ensino atendam às normas vigentes. Os Diretores Técnicos de planos de saúde, seguros saúde, cooperativas médicas e prestadoras de serviço em autogestão têm o dever de tutelar pelo cumprimento do que estiver pactuado nos contratos dos prestadores de ser- viço – por eles contratados ou credenciados. Isso deve ser feito através de su- pervisão em auditorias, preservando a qualidade dos serviços prestados ao mesmo tempo que assegura que as auditorias de procedimentos médicos se- jam realizadas exclusivamente por auditores médicos.2 Fica garantido ao Diretor Técnico o direito de suspensão integral ou parcial das atividades do estabelecimento assistencial médico sob sua direção quando faltarem as condições funcionais previstas, atendendo às normativas vigentes.2 Corpo clínico O corpo clínico da instituição é composto por todos os médicos que uti- lizam as instalações, dependências ou serviços do local, desde que se encon- tre em pleno direito de exercer a profissão. Portanto, é o conjunto de mé- dicos de uma instituição que gozam de autonomia profissional, técnica, científica, política e cultural, cuja atribuição principal é prestar assistência aos pacientes que os procuram. Ética em Ginecologia e Obstetrícia 53 A Resolução CFM nº 1.124/839 estrutura o corpo clínico dos estabeleci- mentos de saúde, disciplinando a admissão e exclusão de seus membros em registro do regimento interno. Em seu Art. 1º estabelece que: “o Regimen- to Interno dos Estabelecimentos de Saúde deverá estruturar o Corpo Clíni- co, especificando as atribuições do Diretor Clínico, dos Chefes de Clínicas e da Comissão de Ética, bem como a forma de admissão e de exclusão de seus membros”. Logo, depreende-se que o regimento interno das instituições também constitui fonte de atribuições para o Diretor Clínico e para o corpo clínico, devendo ser seguido pelos profissionais que atuam nesses locais. Em relação às normas de comportamento a serem adotadas pelas ins- tituições de assistência médica no que se refere a estudantes de Medici- na oriundos de universidades estrangeiras, os Diretores Clínico e Técnico são responsáveis, solidariamente, pela observância da Resolução CFM nº 1.650/2002.10 Segundo o artigo 1º dessa resolução, é vedado aos membros dos corpos clínicos participar da execução, direta ou indireta, de convênios (ou quaisquer outros termos obrigacionais) para a realização de estágios ou in- ternatos destinados a alunos oriundos de faculdades ou cursos de Medicina de outros países, junto a instituições de saúde privadas, filantrópicas ou pú- blicas. O parágrafo único do artigo 1º dessa resolução exclui do mandamen- to disposto na norma os membros dos corpos clínicos de hospitais universi- tários, quando for celebrado acordo oficial entre as universidades. Regimento interno O regimento interno do corpo clínico tem como objetivo regulamentar a atuação dos médicos dentro das instituições prestadoras de assistência mé- dica. Ele é definido pela Resolução Cremesp nº 185/2008,11 que atua como instrumento jurídico regulamentador da relação entre médicos do corpo clí- nico, e também entre o corpo clínico e as entidades. Sua elaboração e apro- vação é de responsabilidade do próprio corpo clínico, reunido em assembleia especialmente convocada para esse fim. O documento estrutura o corpo clínico: especifica a composição e organização dos médicos e discrimina as competências