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Direitos Reais - Resumo Posse

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[Direitos reais]
Considerações gerais
1. Direito Civil
É, em essência, um direito patrimonial. Patrimônio é o complexo de bens – corpóreos e incorpóreos – e direitos (latu sensu – em sentido amplo: inclui deveres) economicamente apreciável.
Portanto, o direito civil tem um viés patrimonialista.
2. Direito Constitucional, Civil e Civil-Constitucional
Com o neoconstitucionalista altera-se o sistema jurídico, a Constituição ganha força normativa e passou a limitar à esfera privada – retirou-se a ideia de que no direito civil é possível realizar tudo que não é vedado por lei, observando atos abusivos.
O direito civil foi funcionalizado, a Constituição é um filtro para analisa-lo. O ordenamento é interpretado conforme a CF.
Corrente privatista: combate a ideia de direito civil-constitucional, por isso alguns pensadores do direito empresarial querem a volta do termo direito comercial, para dar mais liberdade ao empresário e retirá-lo desse escopo civil-constitucional – reprivatização do direito.
O problema da visão estritamente patrimonialista é que não é compatível com a Constituição que declaradamente adota um Estado Social. Cabe relembrar que a visão civil-constitucional equilibra o social e o patrimonial e não o excluí.
Em uma visão meramente civilista o sujeito é secundário, a circulação de patrimônio é o primordial
3. Direito Registral (Imobiliário)
O direito notarial e registral tem fins diferentes, embora os dois estejam ligados à atividade de cartório. 
Enquanto o direito notarial instrumentaliza o direito (como se fosse o direito processual), cria instrumentos para a concretização do direito. Aqui se cria um instrumento.
O notário tem a função de produzir o título. O cartório não atua de ofício, deve ser provocado.
O direito registral é um direito imediato, onde exerço o direito o direito em si – memória, documentação, grande arquivo. Ramo do direito dotado de regras próprias, que cria, modifica, extingue direitos
No registro o ato é arquivado em serventia própria
Exemplo: o contrato de compra e venda é feito por meio do direito notarial, após é levado ao cartório de registros (onde o direito material se concretiza)
Não existe “registro geral”, há divisão por circunscrição (como competência), cada cartório tem um registro próprio.
O registrador da publicidade ao direito real, na prática comumente o registrador é também notário.
Direito das coisas
1. Coisas e Bens
Coisa é o gênero, bem é mais espécie. Bens são as coisas com valor econômico que são suscetíveis de apropriação exclusiva pelo homem. Coisas é o termo amplo que designa os bens, objetos de estudo dos direitos reais. A diferença é a possibilidade de apropriação exclusiva pelo homem, o que exclui, por exemplo, o ar.
O oposto do direito das coisas é o direito obrigacional (relações intersubjetivas, entre as pessoas).
2. Evolução Histórica
i. Aspectos Gerais:
Trata-se da variação do conceito de propriedade ao longo da história, eis que a propriedade tem conotações diferentes, a depender da ideologia política adotada.
ii. Direito Romano
A ideia de propriedade foi estruturada pelo direito romano, que tinha caráter individualista, formal e solene. O direito de propriedade é cheio de solenidade por conta de sua origem romana – característica principal: individualismo.
iii. Idade Média (sistema feudal)
Invasões barbaras e medo de ser atacado gerou um enclausuramento nos feudos, a propriedade perde sua importância ante a necessidade de se proteger. 
O grande marco da Idade Média é o desdobramento do titular da terra (Rei – senhor dos senhores feudais – concedia terras em troca de proteção e lealdade) e aquele que exerce o domínio útil da terra. O senhor feudal tinha o título da posse, mas não o direito de dispor sobre o bem.
O sistema feudal criou um deslocamento do direito de propriedade, que passou a ser atributo que pode ser negociado. 
Além disso, foi estabelecido como forma de aquisição de propriedade a heditariedade. Não há possibilidade de adquirir propriedade. 
iv. Revolução Francesa
Segundo Focaut, não foi uma revolução humanitária, mas para controle social (todo mundo toma conta de todo mundo). Instalou-se um controle difuso da sociedade, troca da classe dominante (família real), para burguesia. 
A propriedade passou a ser vista como condão de autonomia absoluta, tinha feição individualista – cada um poderia fruir, usar como bem entender – absolutismo do direito de propriedade.
Há possibilidade de adquirir bens e propriedade.
v. Enciclica do Quadragésimo Ano (Pio)
Com o abuso do direito de propriedade, passou-se a buscar limites à esse exercício. Aqui, busca-se a prevalência do direito público sobre o privado.
vi. Contemporânea
Parte da premissa do reconhecimento do direito de propriedade como individual, embora exista propriedade coletiva.
Reconhece limitações ao direito de propriedade e o abuso de direito de propriedade (art. 1.228, §1º e §2º, CC), não existe direito real absoluto, há a figura da função social da propriedade.
Os fins econômicos, políticos e ambientais devem estar alinhados ao art. 1.228.
O ato abusivo é equiparado ao ato ilícito (art. 187, CC).
Há função social da posse, que vai além da função da propriedade.
vii. Brasil
Marcos:
- Código de Minas (Decreto 24642/34): limitação do território (em termos de extensão) – minérios de subsolo pertenceriam a União.
- Código de Aguas
- Constituição de 1988 que prevê expressamente a função social da propriedade – direito relativo.
- Código Florestal.
3. Estrutura normativa
O direito das coisas está situado no Livro III do CC, e apresenta a seguinte estrutura:
1) Posse
2) Direitos Reais
3) Propriedade e seus desdobramentos
- Há também normas esparsas, como a lei de locação e lei do inquilinato.
A posse é o contato imediato com a coisa, e é pressuposto da propriedade.
4. Classificação dos Direitos Reais
Os direitos reais podem ser: 
1) sobre a própria coisa
2) sobre coisa alheia
a) Gozo / fruição: ex.: usufruto
b) Aquisição – ex.: direito de sequela
c) Garantia – ex.: penhora
5. Direitos reais e Direito das Coisas
I. Conceito de direitos reais: conjunto de regras e princípios que estuda e regulamenta as relações jurídicas concernentes aos bens corpóreos economicamente apreciáveis e suscetíveis de apropriação exclusiva pelo homem.
a) Direitos reais em sentido estrito: é o poder jurídico direto e imediato de seu titular sobre determinada coisa e que é exercida com exclusividade e contra todos. É um poder imediato sobre a coisa, em oposição ao direito obrigacional.
b) Direitos reais em sentido amplo: direito das coisas como sinônimo de direitos reais.
	Os direitos reais não têm sujeito prévio determinado (erga omnes).
	- Legitimidade passiva coletiva: problemática de representação – a lei pode estabelecer a quem cabe a representação coletiva passiva. 	Se toda coletividade é sujeito passivo, há um dever de abstenção geral (obrigação de não fazer)
6. Elementos da Relação do Direito Real
A relação de direito real é entre o detentor (sujeito ativo) e a coisa.
I. Relação obrigacional: entre credor e devedor, no qual o credor pode exigir do devedor uma prestação economicamente apreciável em virtude do vínculo que os liga.
II. Elementos: sujeito passivo, ativo e a prestação econômica.
No direito obrigacional a garantia é todo o patrimônio do devedor, no direito real a é a coisa específica.
7. Princípios
1) Aderência / Especialização / Inerência
Os direitos reais são aderidos à própria coisa, ou seja, tem uma relação imediata com a coisa. Ex.: art. 1.228, CC que fala do direito que o proprietário possui de reaver a coisa.
2) Absolutismo 
Os direitos reais são erga omnes, ou seja, são oponíveis contra todos. É absoluto pois todos têm o dever de se abster de molestar a propriedade alheia.
Não é absoluto no sentido constitucional, eis que não é direito absoluto, sem limites.
3) Publicidade ou visibilidade 
É necessário que a coletividade tenha conhecimento de quem é o titular da coisa, por isso é necessário a publicidade. Ela se manifesta com o registro de imóveis nos bens imóveis e coma tradição nos bens móveis.
Publicidade é pressuposto para eficácia erga omnes dos direitos reais, tem o fim de tutelar o titular do direito real, evitando que ele seja molestado. É diferente de direito pessoal, que se aperfeiçoa com a declaração de vontade.
O contrato pessoal é negócio jurídico que se aperfeiçoa com o consentimento (lembrar que a tradição é exaurimento do contrato). Já o contrato real se aperfeiçoa com a tradição, ex.: art. 627 e 579 do CC
4) Tipicidade
Está ligado à existência do direito real, só existem aqueles previstos em lei, ou seja, a lei define e determina o alcance do direito.
É mais uma diferença do contrato pessoal, pois este é regido pela autonomia das partes.
5) Taxatividade 
Diz respeito ao conteúdo do direito real, a norma deve ser clara e exaustiva, traçando todos os contornos necessários ao direito.
Não cabe interpretação extensiva no direito real, há um rol taxativo. Ex.: retrovenda, direito de retenção, contrato de alienação fiduciária.
Diferente do contrato pessoal que é regido pelo inominalismo.
6) Perpetuidade 
A não utilização da coisa não implica em perda do direito, há a transmissão para herdeiros.
Diferente do direito pessoal que é transitório e se não exercido implicará em prescrição ou decadência.
7) Exclusividade
Possui duas perspectivas:
a) Objetiva: diz respeito à coisa, só pode haver direito real sobre a coisa. Ex. não pode um imóvel ser hipotecado e ter usufruto. Na prática, ocorre de uma mesma coisa ter mais de um direito real (de mesma espécie) – ex.: um bem com mais de uma hipoteca.
b) Subjetiva (Caio Mário): apenas um sujeito pode titularizar o direito real, não existe dupla titularidade no direito real. Exceção: condomínio.
- Exclusividade dupla (objetiva + subjetiva) significa que ao exercer o direito real, o proprietário pode exigir de todos (erga omnes)
8) Desmembramento 
Permite que o direito real seja estendido. Pode-se reunir todos os atributos ou ceder um ou mais de um deles.
Atributo do direito de propriedade: usar, gozar, fruir, dispor e reaver.
9) Consolidação
Função de todos os atributos.
8. Características
1) Exclusividade
Oponível erga omnes
2) Determinabilidade
A coisa é específica, determinada. Diferente do negócio jurídico que pode ser determinável.
3) Atualidade 
A coisa deve existir e ser atual. O direito de propriedade só pode versar sobre o caso que ainda vai ser produzido.
4) Taxatividade
Não se pode inventar direitos reais.
5) Complexo
Reúne diversos atributos, são vários poderes reunidos em um único direito.
6) Absoluta
Exercido contra todos.
7) Ambulatividade 
Onde a coisa estiver, há direito real. O direito real pode ser exercido em qualquer lugar, e de quem quer que esteja com a coisa. O direito de sequela é o direito de reivindicar a coisa contra quem quer que injustamente a detenha
8) Perpetuidade
O direito real continua por gerações
9) Elasticidade
Remete ao princípio de desdobramento.
10) Preferência
Se relaciona com a responsabilidade.
No direito pessoal, o patrimônio responde pela responsabilidade do sujeito, já no direito real a responsabilidade é pelo patrimônio da coisa – existe o regime de preferência, isto é, havendo garantia, há preferência e a cobrança recairá sobre o bem específico.
11) Renunciável
O direito real é perpétuo, mas se não se consegue arcar com os custos da coisa pode-se abandoná-la.
12) Usucapível
Caio Mario: os direitos reais são passíveis de prescrição aquisitiva (forma de aquisição de um direito).
No direito obrigacional – prescrição extintiva: perda de um direito pelo não exercício.
Prescrição extintiva: direito pessoal
Prescrição aquisitiva: direito real
A respeito da distinção acima: não é mais aceita.
9. Direitos reais x pessoais
- Formalidade: exigência de instrumento: meio pelo qual se documenta.
- Solenidade: especificação da forma.
1) Estrutura da relação jurídica
- Direitos reais: pessoa e coisa – direito sobre a coisa – “jus in re”.
- Direito pessoal: pessoas determinadas ou determináveis – direito contra a pessoa – “jus ad rem”.
2) Inerência ou aderência
Direito pessoal: inerência – o objeto é a prestação.
Direito real: aderência – acompanham a coisa, inclusive com as suas modificações. 
3) Direitos subjetivos
Direito real: complexos, contém uma série de direitos (atributos e faculdades) subjetivos – usar, gozar, usufruir, dispor.
Direito pessoal: direitos de crédito latu sensu, direito de exigir uma prestação.
4) Direito de sequela (ambulatoriedade)
Direito real: direito de reivindicar a coisa aonde quer que esteja.
Direito pessoal: não há sequela – executa-se o contrato com aplicação de suas penalidades, havendo responsabilidade patrimonial.
5) Caráter
Direitos real: permanentes
Direito pessoal: transitórios
6) Responsabilidade
Direito real: recai sobre a coisa individualizada.
Direito pessoal: recai sobre o patrimônio (princípio da responsabilidade patrimonial)
10. Figuras afins
1) Obrigação “propter rem”
A condição de titular da coisa traz determinada obrigação, seja quem for o titular. A obrigação inverte a condição de titular, seu caráter ambulatorial se transmite ao titular.
2) Ônus reais
Gravame: garantia que restringe determinada coisa.
A certidão de ônus reais apresenta todos os gravames reais que passam sobre a coisa. Todas as restrições de determinada coisa, oponível a todos.
É a limitação, a fruição, o uso e o gozo da coisa com oponibilidade erga omnes. Sendo independente quem quer seja seu titular.
3) Obrigação com eficácia real – art. 80 da Lei 8245/91 e art. 576 do CC.
Sua relação obrigacional com eficácia de direito real, e por isso oponível erga omnes que adquira determinado bem. 
Relações pessoais contratuais que podem ser registradas em cartório imobiliário ganhando eficácia real. 
Locação pode ser oposto ao adquirente da coisa locada (art. 576, CC).
É um direito obrigacional que ganha oponibilidade erga omnes através do registo imobiliário (dá eficácia real do contrato)
É a possibilidade de atribuir oponibilidade erga omnes a uma obrigação, sendo, inclusive, oponível ao terceiro que eventualmente venha a adquirir direito sobre a coisa.
11. Distinção entre ônus real e propter rem
1) Responsabilidade
a) Ônus real: recai sobre o bem gravado
b) Propter rem: recai sobre o patrimônio
2) Perecimento do objeto
a) Ônus real: extingue o gravame se o bem deixa de existir.
b) Propter rem: permanece a responsabilidade
3) Prestação
a) Ônus real: envolve uma prestação positiva, obrigação de fazer. 
b) Propter rem: pode ser uma obrigação positiva ou negativa.
4) Forma
a) Ônus real: registrabilidade e publicidade – através da verificação no registro imobiliário é possível conhecer a existência do ônus real. Conhece-se quem é o titular da situação de vantagem e desvantagem e qual bem está submetido a essa situação.
b) Propter rem: forma livre em regra (art. 107, CC)
5) Natureza da ação cabível
a) Ônus real: ação real
b) Propter rem: ação pessoal
posse 
A posse é vista como pressuposto do direito real por excelência (propriedade).
1. Terminologia “Jus Possessionis” x “Jus Possidendi”: 
· Jus Possidendi tem relação ao direito de posse, direito de possuir – ou seja, a posse é consequência do direito de possuir. Em regra, o direito está atrelado a seu exercício, se há direito de propriedade, há direito de propriedade. É relacionado ao direito de propriedade. É uma posse titulada, que tem uma causa. 
· Sistema de proteção: direito de reivindicação, o que está atrelado ao direito de sequela, envolvendo a ambulatoriedade do direito real. É uma ação em que irei discutir o direito de propriedade, é uma ação petitória, reivindicatória.
· Jus Possessionis é o exercício da posse, relacionada a um poder de fato sobre a coisa. É uma posse intitulada (sem título), não tem uma causa antecedente. Não tenho o direito de propriedade, tenho a posse de fato.
· Sistema de proteção: ação possessórias com os interditos proibitórios. Ex.: Ação de reintegração de posse. Aqui não se discute direito de propriedade, porque o objeto é diverso.
No USUCAPIÃO transforma-se jus possessionisem jus possidendi – com a posse de fato e o tempo, vira direito de posse.
2. Natureza Jurídica
Caio Mario afirma que é uma questão controvertida desde o Direito Romano. No Direito Romano havia uma discussão se era uma questão de fato ou de direito. Atualmente, há três correntes: 1) estado de fato (Wind Shaeid) – defende que posse é uma questão fática, a posse é o exercício de um poder imediato sobre a coisa, ainda que gere consequências jurídicas; 2) posse é direito (Jhering) – a razão disso é que para haver consequências jurídicas deve haver direito; 3) Posse como fato e direito (Savigny) – ele entende que o fato de ser um estado de fato (em si mesmo) não impede ser um estado de direito (devido à atribuição de consequências jurídicas) – ou seja, a posse é uma situação fática exteriorizada pelo exercício das faculdades inerentes ao domínio.
3. Elementos de Posse
Há dois elementos:
· Objetivo – corpus (o corpo da coisa – coisa em si): poder físico sobre a coisa.
· Subjetivo – animus (vontade) – para avaliar o sentido dessa vontade, deve-se analisar as seguintes teorias:
a. Teorias
i. Clássicas:
1) Subjetiva - Savigny: o elemento subjetivo é a junção entre o animus e corpus, é o animus é o possidendi (animus domini -vontade de exercer como se fosse proprietário da coisa). Para a caracterização da posse, o animus é entendido como animus domini, que é o exercício, em nome próprio, dos atributos do direito de propriedade.
· Critica: Jhering afirma que há situações no direito em que o sujeito não tem animus domini, mas tem a posse, pois a norma diz que o legítimo possuidor. Ex.: no penhor (direito real de garantia), o credor recebe a coisa como garantia da obrigação, ao recebe-la é o legítimo possuidor, mas não possui intenção de exercer tal posse como se dono fosse. Ou seja, Jhering aponta a insuficiência teórica do que foi desenvolvido por Savigny. 
2) Objetiva - Jhering: preocupa-se em entender o animus apenas na vontade de ter a coisa para si (affectio tenendi), é o ordenamento jurídico que irá dizer se é ou não posse. Ex.: credor ignoratício (do penhor). Sua teoria é objetiva porque sua análise “subjetiva” é deslocada ao ordenamento, não faz juízo valorativo.
A relevância entre a diferença dessas teorias é fazer a distinção entre “posse” e “detenção”
ii. Teoria adotada no Direito Brasileiro: segundo a doutrina majoritária a doutrina adotada foi a objetiva de Jhering, no entanto, no usucapião utiliza-se a teoria subjetiva. Há parcela minoritária afirma que adotamos a subjetiva mitigada.
iii. Contemporânea: são, basicamente, as teorias sociológicas da posse.
1) Sociológicas
a. Silvio Perozzi italiano (fator social): posse como fator social, eis que para ter posse deve-se ter uma situação fática socialmente reconhecida. A posse é um fato social caracterizado pelo comportamento passivo da coletividade, em outras palavras, é a abstenção, o “não molestar”. Para ele a distinção entre posse e detenção não envolve os elementos da posse, é a observação social que definirá se há ou não posse.
b. Raymond Saleilles francês (apropriação econômica): pensa o direito como categorias econômicas, e a posse seria mais uma delas. Haveria uma independência do direito e da posse, por serem categorias econômicas, desse modo, pode-se concluir que posse seria verificada se houver uma situação economicamente independente – posse como manifestação econômica. 
c. Antônio Hernandez Gil espanhol (função social): posse nada mais é que uma função social, parte da premissa de que função social é pressuposto e fim do direito. Função social tem o sentido de papel desempenhado na sociedade. Se posse é um acontecimento do plano fático, sua razão de ser está associada à convivência social. Então, o papel desempenhado pela posse é o de proporcionar igualdade, ou seja, a posse nada mais é do que uma distribuição de recursos pela coletividade.
4. Função social da posse
Não é tratada por todos os autores, é muito ligado à Publicização do direito. Premissa de direito civil-constitucional. A função social envolve a proteção possessória.
Classicamente, tinha-se a ideia de que a proteção possessória se justifica para evitar a violência e a assegurar a paz social (SAVIGNY), o que se conclui é que a proteção possessória é a proteção do possuidor, ao reprimir a violência contra ele. Já Jhering criticava essa posição, afirmando que se assim fosse, não teria porque excluir a proteção do detentor. Desse modo, esses autores partiam do pressuposto que a proteção a posse estava associada ao direito e à titularidade de seu exercício.
Atualmente, entende-se a posse tem proteção por si só. A principal noção adotada no Brasil é de que a tutela possessória é independente da tutela da propriedade, logo, essa visão clássica é insuficiente ao direito. Nesse ponto, a funcionalização da propriedade e da posse se assemelham no objetivo de promover valores sociais constitucionalmente tutelados.
A função social, então, tem dois objetivos (Pietro Perlingieri): 1) limitar o exercício de direitos – é chamado de abuso do direito ultrapassar os limites de seu exercício; 2) garantir a promoção dos valores jurídicos sobre os quais o ordenamento jurídico se funda. Segundo Gustavo Tepedino, a legitimidade de um direito é verificada no seu exercício concreto, tal exercício deverá ultrapassar interesses meramente particulares, ou seja, deve alcançar interesses extra proprietários. 
Desse modo, pode-se concluir que a função social possui dois aspectos (Carlos Edson): 1) elemento estrutural – por meio dele verifica-se a estrutura do direito, ou seja, as faculdades inerentes ao domínio e exercício delas ou de uma delas, configura a posse, ou seja, há uma tutela possessória estática. Também pode-se afirmar que a posse somente será merecedora de tutela se for exercida em consonância aos valores constitucionais. Observa-se o que diz o ordenamento. 2) elemento funcional – o que se analisa é a dimensão dos interesses envolvidos, busca-se a justificativa para a tutela possessória no exercício voltado para interesses extra proprietários, além da esfera meramente particular. Aspecto dinâmico, verifica o exercício em concreto.
Em conclusão, a função social da posse desloca o fundamento da posse. Foi-se do direito de propriedade para a concretização dos direitos fundamentais. Ou seja, função social da posse é a concretização de direitos fundamentais por meio da posse.
Dizer que o direito está funcionalizado é dizer que o direito busca a concretização dos direitos fundamentais.
5. Conceito:
Caio Mário: “Posse é a situação de fato em que uma pessoa, independentemente de ser ou não proprietária, exerce sobre uma cousa poderes ostensivos (poderes consequentes do exercício de um direito – poder de comercialização, de dispor da coisa), consertando-a e defendendo-a.”
Carlos Roberto: “Para Jhering, cuja teoria o nosso direito pátrio acolheu, posse é a conduta de dano. Sempre que haja exercício de poderes de fato inerente à propriedade, existe a posse, a não ser que alguma norma diga que esse exercício configura detenção e não posse”.
Felipe (prof.): exercício de fato de um dos poderes inerentes ao direito de propriedade – esse é um conceito extraído da lei, não há conceito legal de posse, mas de possuidor.
a. Possuidor – art. 1.196, CC.
Se adota a Teoria objetiva do Jhering em relação aos elementos da posse (não em relação a natureza jurídica de posse). Ou seja, basta o exercício dos atributos do domínio, não precisa do animus domini (Savigny).
· Quem pode ser possuidor (exercer a posse):
i. Pessoa física e jurídica – com personalidadade.
ii. Entes despersonalizados (por ficção jurídica) – Enunciado 236, CJF – como o espólio (pode defender sua posse – ex.: o proprietário morreu e o espólio foi construído e alguém o invadiu, assim o espólio pode ajuizar ação), massa falida, condomínio e etc.
Enunciado 236, CJF: “Considera-se possuidor, para todos os efeitos legais, também a coletividade desprovida de personalidade jurídica”. Isso, no direito processual, é personalidade judiciária.
6. Detenção
Évista por duas perspectivas: a) clássica – se refere ao servidor da posse; b) contemporânea – vai além dos servidores da posse.
Lembrar da Teoria Objetiva de Jhering sobre os elementos da posse: para Jhering a detenção é nada mais que uma escolha do ordenamento, é a relação material com a coisa em que o ordenamento não qualifica como posse.
a. Servidores da posse
Detenção é o exercício da posse em nome alheio, alguém exercendo a posse por outro. O servidor da posse é um longa manus do possuidor. Ex.: caseiro.
Essa explicação, no entanto, é incapaz de explicar todas as questões relativas a detenção. Desse modo existem duas perspectivas, a clássica (de servidores da posse) e a contemporânea que será vista a seguir.
Detenção é a relação material com a coisa juridicamente desqualificada. Ordenamento jurídica exclui a detenção de posse. A expressão “posse degrada” é sinônimo de detenção.
· Distinção entre posse e detenção
A detenção é uma situação material de expressão típica da coisa sem qualquer proteção jurídica. Consequência: detentor não pode manejar ação possessória.
A doutrina informa as seguintes situações de detenção: a) servidores da posse (única reconhecida pela doutrina clássica); b) atos de permissão e tolerância; c) atos de evidência e ou clandestina; d) bens públicos afetados
O art. 1.198 do CC tem como característica uma situação de dependência.
Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário.
 O detentor não pode ajuizar ações possessórias, mas pode realizar atos de defesa da posse em nome de alheio, ex.: legítima defesa da posse. 
Enunciado 493, CJF: “O detentor (art. 1.198 do Código Civil) pode, no interesse do possuidor, exercer a autodefesa do bem sob seu poder”.
b. Atos de permissão e tolerância
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância [...].
Permissão é um ato de autorização expressa do possuidor para que terceiros utilizem a coisa. Por consequência, é uma conduta anterior (autorizo e a pessoa usa a coisa), é também uma conduta positiva (comissiva).
Tolerância é o oposto, é um consentimento tácito. É conduta posterior, primeiro uso e depois não me insurjo contra a ela, é também uma conduta negativa (omissiva).
Ambos são consentimentos e pressupõem uma transitoriedade, portanto, são atos precários (que pode cessar a qualquer momento o consentimento). Além disso, o titular da posse tem uma relação verticalizada com o terceiro que utiliza a coisa (que tem o dever de obedecer de obedecer ao titular – direito potestativo). Partindo da premissa de que há uma relação verticalizada e a presença de direito potestativo, o terceiro não possui autonomia, por isso ele é mero detentor. Ex.: hospede.
c. Atos de violência ou clandestinos
Art. 1.208. Não induzem posse os atos [...] violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
Diante de uma situação de violência ou clandestinidade há uma situação de detenção, até que se cesse a situação. Ultrapassado o período de um ano, entende-se que cessou a situação.
Violência: violência ou grave ameaça. Ex.: esbulho
Clandestinidade: não há violência. Ex.: grilagem 
d. Bens públicos (uso comum de uso especial)
Bens de titularidade do Estado, que são classificados como (art. 99, CC): a) uso comum – de uso coletivo que detém uma destinação específica, mais voltado ao lazer e não para a prestação de serviços; b) uso especial – bem com destinação específica afetado à uma prestação de serviço e c) dominicais – bens desafetados, sem destinação específica (abandonados pelo Poder Público).
Os bens de uso comum e de uso especial não podem induzir posse, então a relação dos usuários será de detenção; (+ art. 183, §3º e 191, parágrafo único)
Sobre bens dominicais: o entendimento do STJ foi no sentido de que “o particular, perante o Poder Público, exerce mera detenção e, por consectário lógico, não haveria falar em proteção possessória. Já no que toca às contendas entre particulares, a depender do caso concreto, é possível o manejo de interditos possessórios”. Os bens dominicais podem ser alienados pelo Poder Público. Resp 900159 (mera ocupação desautorizada, sem proteção ao particular); Ag. Rg. Resp 1200736; Resp 1484304, informativo 579 (proteção possessória); Resp 1.296.964, informativo 594 (proteção possessória)
7. Objeto
Para Judith Costa: Coisas incorpóreas podem estar sujeitas a posse.
Sumula 193, STJ: “O direito de uso de linha telefônica pode ser adquirido por usucapião. ”
Sumula 228, STJ: “É inadmissível o interdito proibitório para a proteção do direito autoral. ”
Interdito proibitório: gênero no qual se insere a ação possessória, não há atos de defesa da posse de objetos incorpóreos.
Para o prof. só bens corpóreos podem ser objeto, mas o STJ tem sumula nos dois sentidos.
8. Classificação
a. Quanto à relação pessoa-coisa ou ao desdobramento:
Não há privilégio do possuidor direto sobre o indireto, deve-se avaliar, no caso concreto, quem tem a melhor posse.
i. Direta ou imediata
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.
Exerce posse direta aquele que tem relação direta com a coisa, remete-se àquele que tem a coisa materialmente.
Na locação há desmembramento e o locatário tem posse direta e o locador posse indireta.
 Enunciado 76, CJF. O possuidor direto tem direito de defender a sua posse contra o indireto, e este, contra aquele (art. 1.197, in fine, do novo Código Civil).
ii. Indireta ou mediata
Exerce posse indireta aquele que não detém a coisa em seu poder imediatamente, mas permite que terceiros a utilizem por título próprio. Transfere poderes, atributos inerentes ao direito de propriedade para essa pessoa. Uma posse é exercida por meio de outra pessoa, que, por sua vez, a exerce diretamente. Ex.: locação e sublocação.
b. Quanto aos vícios objetivos:
i. Justa
É a posse sem violência, clandestinidade e precariedade, sem vícios objetivos.
Art. 1200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária. + art. 1.208 e Enunciado 303 das Jornadas do Direito Civil.
ii. Injusta
Contaminada pela violência, clandestinidade e precariedade. Os vícios não são cumulativos, basta um deles para contaminar a posse.
Na detenção não seria técnico chamar de posse violenta, clandestina e precária, porque não há posse (Cristiano Chaves e Nelson Roselvald). Já Flavio Tartuce afirma que não seria incorreta, pois a detenção está no âmbito da posse (em sentido amplo).
A violência e a clandestinidade podem ser convalidadas, a precariedade não.
Frutos e benfeitoras não incide aqui porque aqui o aspecto é objetivo (o fato de ser posse violenta, clandestina e precária não influencia em nada), e quem tem direito é o possuidor de boa-fé (critério objetivo)
1) Violenta: é a agressão física ou psicológica/moral para a aquisição da posse, é o emprego da força. É denominada de “esbulho” – exemplo no direito penal: roubo (violência ou grave ameaça)
2) Clandestina: é aquela adquirida por meio de um ato sorrateiro, se dá de forma oculta. – exemplo no direito penal: furto.
3) Precária: é a posse adquirida por meio de abuso de confiança ou de direito. Provavelmente ocorre na situação onde o acesso a coisa foi autorizado, mas o usuário passou a se comportar como dono. Ex.: detenção. – exemplo no direito penal: estelionato (enganar para obter vantagem patrimonial) e apropriação indébito. 
c. Quantos aos vícios subjetivos:
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário,ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.
Afeta a benfeitorias e frutos, porque é um critério subjetivo.
Ex.: posse injusta de boa-fé – compra de bem roubado, sem a pessoa saber. Posse justa de má-fé: comodatário (que recebeu bem emprestado gratuitamente) que ajuíza ação de usucapião (+ art. 581).
Enunciado 302, CJF: “Pode ser considerado justo título para a posse de boa-fé o ato jurídico capaz de transmitir a posse ad usucapionem, observado o disposto no art. 113 do Código Civil.”
Enunciado 303, CJF: “Considera-se justo título, para a presunção relativa da boa-fé do possuidor, o justo motivo que lhe autoriza a aquisição derivada da posse, esteja ou não materializado em instrumento público ou particular. Compreensão na perspectiva da função social da posse.”
i. Boa-fé: é a ausência de conhecimento de vícios
1) Real: convicção do possuidor
2) Presumida: justo título, é um documento que te transmite a posse – ex.: compromisso de compra e venda. 
ii. Má-fé: nunca terá título. A posse de má-fé, por si só, não impede o exercício da tutela possessória.
d. Quanto à presença de título:
Título é a causa de transmissão da posse
i. Com título – posse civil, posse jurídica: há presunção de boa-fé.
ii. Sem título – posse natural
e. Quanto ao tempo:
i. Nova ou força nova: procedimento especial. Aqui a proteção possessória ocorre o quanto antes: no despacho inicial o rito não é “cite-se” (procedimento comum), mas a verificação de que há elementos suficientes para dar a liminar, tendo é concedida a liminar, não tendo determina-se a citação para haver a audiência de verificação (ainda é cognição sumário), se se convencer defere a liminar e requer a contestação..
ii. Velha ou força velha: procedimento comum – Petição inicial > despacho inicial > audiência de conciliação > contestação.
f. Quanto aos efeitos:
i. “Ad interdicta”: não há animus domini, não possibilita o usucapião (regra geral), possibilita o manejo das tutelas possessórias, é a posse juridicamente protegida
ii. “Ad usucapiam”: possibilita o usucapião, tem animus domini (intenção de dono), possibilita a aquisição originária da propriedade (usucapião)
g. Quanto ao conteúdo / reunião dos atributos inerentes ao direito de propriedade.
i. Plena: é aquela reúne todos os atributos inerentes ao direito de propriedade (previstos no art. 1228, CC/02 – usar, gozar, dispor e reaver).
OBS.: no caso de bens móveis, o “dispor” confunde-se com a tradição, que transmite a propriedade.
ii. Não plena: posse que não reúne todos os atributos.
h. Quanto ao número de sujeitos
i. Exclusiva
Quando o único sujeito exerce o poder imediato sobre a coisa.
ii. Composse
Quando há mais de um sujeito exercendo o poder sobre a coisa, podendo ser pessoa física ou jurídica. Cabe destacar se os entes formais podem exercer a posse, podem também exercer composse, mas isso só ocorre no âmbito teológico porque na prática é impossível.
Composse: é a posse em conjunto - ficção jurídica, eis que cada parte exerceria parcelas abstratas sobre a coisa. A consequência disso é que duas ou mais pessoas possuírem uma coisa (e o manejo das ações possessórias), podendo tal coisa ser divisa em indivisa
Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.
1) Simples x em mão comum:
Posse simples: é aquela em que cada um dos compossuidores pode exercer o seu poder de fato sobre a coisa. Não exclui as demais compossuidores, cada compossuidor pode atuar sozinho.
Posse em mão comum: é aquela inerente à posse em que a atuação dos compossuidores seja em conjunto. O exercício dos poderes inerentes ao direito de propriedade, bem como o manejo das tutelas possessórias, somente poderá se dar em conjunto - essa teoria não é adotada no direito pátrio
2) Interdito possessório de compossuidores
Um possuidor pode utilizar a proteção possessória contra o outro.
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
Ex.: desdobramento da Posse
3) “Pro diviso” x “Pro indiviso”
Pro diviso: pode ser fracionado e pode cessar com a co-propriedade. Há uma divisão fática da coisa
· Relação interna entre os compossuidores: cada um pode defender a coisa a que lhe cabe a divisão fática,
· Relação externa perante terceiros: é como se não houvesse divisão fática – todos podem proteger o todo, por analogia a inteligência do art. 1314 do CC.
Pro indiviso: não pode ser fracionado. Todos exercem ao mesmo tempo todos os atributos do direito de propriedade.
4) Companheiros
União estável – instituto voltado à proteção dos sujeitos que constituem família. Se verifica diante de uma relação contínua que a sociedade identifica os sujeitos como se casados fossem.
Por ser acontecimento fático geralmente não está documentado – se o bem for adquirido no nome de um dos companheiros, presume-se que é dos dois. Os dois são possuidores, não há que se falar em esbulho (se um companheiro sai do imóvel e o outro continua, o que saiu não pode reivindicar alegando esbulho), reconhece-se a composse.
5) Paralelas ou múltiplas
É o desdobramento da posse – concorrência ou sobreposição da posse.
i. Quanto a divisibilidade
i. Pro diviso: quando é possível dividir a posse.
ii. Pro indiviso: quando não há possibilidade de divisibilidade
j. Quanto ao modo de aquisição
i. Posse natural: se apodera diretamente da coisa, adquire-se a posse por causa natural. Ex.: usucapião.
ii. Posse jurídica / civil: há uma causa jurídica para aquisição da posse, ou seja, foi feita através de um negócio jurídico. Não é necessário que o titular haja em busca da posse, não precisa de atos físicos – ex.: entrega de chaves na locação (ao receber as chaves se adquire a posse, a causa de aquisição foi um NJ, mas não houve contato físico com a coisa).
OBS.: Cláusula Constituti (constituto possessório): normalmente incide em contratos com o objetivo de fazer a tradição ficta da coisa. Ex.: Caio vende casa para Mevio, mas continua no imóvel como inquilino – Mevio é o nome proprietário e possuidor indireto, mesmo sem jamais ter ocupado fisicamente a coisa.
9. Intervenção da posse (convalescimento)
Tepedino: é a alteração da posse e somente ocorre por situações externas e objetivas.
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida.
Há presunção de manutenção do caráter da posse. Presume-se que a posse vai preservar as mesmas características. Caso tenha se adquirido uma posse por um vício, esse vício persistirá. Pode-se adquirir a propriedade com vício – princípio da continuidade do caráter da posse.
Enunciado 237, CJF. É cabível a modificação do título da posse - interversio possessionis - na hipótese em que o até então possuidor direto demonstrar ato exterior e inequívoco de oposição ao antigo possuidor indireto, tendo por efeito a caracterização do animus domini.
Ninguém pode alterar o estado da posse por sua própria e exclusiva vontade (nemo potest possessionis mutare) – não pode o possuidor, sozinho e de modo unilateral, mudar o caráter da coisa. Ex.: se me apodero de terreno com violência, essa violência permanece e não pode ser alterada por mim.
Para Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald a intervenção da posse pode se dar por duas maneiras:
1) causas jurídicas que alteram o caráter da posse: é aquela que ocorre em virtude de uma relação jurídica que altera o caráter da posse. Ex.: esbulhador que adquire a propriedade da posse – pessoa de má-fé ocupa o móvel e depois compra a propriedade a partir da informação da ocupação, cessa a violência, mas não a má-fé.
2) causas naturais/ fenômenos naturais que alteram o caráter da posse: é a manifestação de atos exteriores que é prolongado pelo possuidor com a intenção de privar o proprietário do poder de disposição sobre a coisa. Isso não é permitido pela doutrina tradicional, que não entende isso como intervenção da posse pois o ato unilateral não altera o caráter da posse. No entanto,utilizam o tempo como elemento que altera o caráter da posse (corrente minoritária).
A preocupação desses doutrinadores são os vícios objetivos da posse, principalmente a precariedade que é a única que não pode ser convalidada. 
Os doutrinadores acham que o fato da precariedade não poder ser convalidada, trata-se de discriminação inconstitucional. A Constituição traz a função social da posse, se o precarista dar essa função à posse, estará exercendo-a segundo os ditames do ordenamento jurídico e, portanto, deveria ser protegido também. Trata-se de discriminação arbitrária do legislador, que não é compatível com o direito civil constitucional. O legislador não pode arbitrar como bem entender, deve seguir os ditames constitucionais, portanto, o precarista deve ter sua posse convalidada, sendo esta uma interpretação conforme a Constituição.
É possível que o pecuarista possa usucapir. 
O que é altera o caráter da posse não o fato de ser justa ou injusta, mas o animus domini. A posse continuará injusta, mas o animus domini da posse será alterado.
Posse ad interdicta: não é apta à usucapião.
Posse ad usucapione: é apta à usucapião.
· Alteração do caráter da posse – art. 1.202 c/c 1.203
Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente.
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida.
A posse de boa-fé passará a ser de má-fé a partir do momento que se possa presumir que o possuidor não ignora mais o vício.
A jurisprudência entende que esse momento é para o réu no momento da citação quando tem ciência da ação.
Mora:
- Inadimplemento relativo
- Inadimplemento absoluto – não tem interesse na realização da prestação. Pode ser: a) mora ex re: decorre da própria coisa; b) mora ex persona.
- Mora da citação: extracontratual.
- Mora do tempo de feito: contratual.
10. Aquisição da posse
É normalmente associada a perda da posse. Se alguém adquiriu outra pessoa a perdeu.
A. Aspectos gerais
Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
A partir do momento que se exerce os atributos da posse, tem-se a aquisição da mesma. Não existe uma forma específica de aquisição, por qualquer modo é possível adquirir a posse.
Essa é uma projeção da Teoria Objetiva de Jhering, por meio da qual a posse é adquirida independentemente de qualquer requisito de validade do negócio jurídico, portanto o incapaz pode ser possuidor e, havendo representante, presume-se que a vontade do representado é a mesma da do representante
B. Modos de aquisição
Pode ser: 1) objetiva: a) originária ou b) derivada; ou 2) subjetiva.
1) Objetiva
I. Originária: é aquisição original direta, onde o possuidor se apoderou da coisa sem causa jurídica, sem coparticipação de qualquer outro sujeito, sem ato jurídico translativo.
a) Apreensão da coisa: 
Savigny: apreensão da coisa é todo feito gerador da possibilidade de dispor da coisa e dela excluir a ação de terceiros. 
Jhering: Seria todo e qualquer situação material que exteriorize uma situação de domínio (corpus), com afectio denendi (animus).
Apreensão: corpus + animus - é o poder imediato sobre a coisa, terá coisa diretamente consigo. É o modelo adotado pela legislação.
b) Exercício de direito
Caio Mário: exteriorização dos atributos do direito de propriedade ou dos poderes inerentes à ele. A sociedade, como um todo, terá o exercício o exercício da posse.
Posse indireta: pode-se exercer o direito de propriedade independentemente de estar com a coisa em seu poder faticamente. 
Na aquisição de posse é indispensável ao exercício dos atributos inerentes ao direito de propriedade.
c) Disposição do direito
Aquele que pode dispor da coisa tem posse, e se a posse é porque houve uma aquisição originária, porque em momento anterior houve a posse originária.
Críticas a essa teoria: uma posse pode não ter sido originária, mas derivada, e posteriormente ter havido disposição. A única forma de aquisição originária é apreensão da coisa.
II. Derivada / bilateral: decorre de algo que possui causa primária. Que tem o justo título que a embasa, há participação de sujeitos e envolve atos de vontade. Diz respeito à transmissão ou transferência da Posse
a) Tradição
Tradição é a entrega material da coisa, é ato material de transferência ponto final e a apresenta as seguintes modalidades:
i. Real: entrega efetiva da coisa de mão a mão.
ii. Simbólica: entrega da coisa pela prática de um ato representativo de transferência da coisa.
iii. Ficta: é a tradição que se presume, entrega da coisa presumida.
Traditio longa manu: ninguém tem a coisa em si, nem um possuidor, nenhuma diferente. Ex.: safra futura
Traditio breve manu: o antigo possuidor tem contato com a coisa. Ex.: constituo possessório - passou a possuir em nome alheio.
b) Constituto possessório – parágrafo único do art. 1.267.
Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição.
Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o transmitente continua a possuir pelo constituto possessório; quando cede ao adquirente o direito à restituição da coisa, que se encontra em poder de terceiro; ou quando o adquirente já está na posse da coisa, por ocasião do negócio jurídico.
É o modo aquisitivo derivado da posse, sem pretensão material da coisa, em que permanece a coisa em poder do antigo possuidor que, por sua vez, torna-se detentor.
Caio Mário: A cláusula constituti é um modo de aquisição por convenção, é aquisição convencional, requisito de validade da declaração de vontade. Sem ela a convenção é nula e não transmite posse.
Serva Lopes: Constituto possessório é alteração da condição de possuidor para detentor.
Clássicos - Enquanto o Constituto possessório é alteração de possuidor para detentor, a cláusula constituti permite o desdobramento de posse por convenção das partes
Autores modernos como Cristiano Chaves: Constituto possessório gera desdobramento da posse, não é mera alteração de relação de condição de possuidor para detentor.
c) Ope Legis: decorre da lei, é situação na qual a lei vai gerar a transmissão de posse.
Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.
Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres.
				- Acessão da posse – união da posse
Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.
Há dois regimes:
a) título singular: Sucessor singular recebe uma coisa determinada - art. 1.845
b) título universal: Sucessor recebe o complexo de bens, o patrimônio, a universalidade de bens 	deixados. Universalidade de direito - o sucessor universal tem aptidão para herdar a união de 	bens - art. 1.857.
Segunda parte do art. 1.217 - sucessão à título singular: inicia-se uma nova posse, não é uma continuidade da posse. Cabe ao sucessor do título singular, deliberar conforme sua conveniência, se quer unir a posse ou não.
Enunciado 494, CJF: A faculdade conferida ao sucessor singular de somar ou não o tempo da posse de seu antecessor não significa que, ao optar por nova contagem, estará livre do vício objetivo que maculava a posse anterior.
				Os vícios objetivos se perpetuam, contaminam a posse e mantêm os vícios subjetivos, mas não 				passam para o sucessor.
2) Subjetiva
Art. 1.205. A posse pode ser adquirida:
I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;
II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.
I. Por si mesmo
II. Por representante ou procurador:
O terceiro precisa de mandato, caso não tenha, deverá haver ratificação.
Quando ao representante: presume-se que a vontade do representante é a do representado.
11. Perda
a. Abandono: renúncia à posse da coisa. O sujeito detentor da coisa não tem maisa vontade de ter a coisa. O abandono só se efetiva quando outrem se apodera da res através da apreensão.
b. Tradição: trata-se da entrega da coisa. Quando esta é entregue, há um ato translativo. Há espécies de tradição como a real, a ficta, breve manus, longa manus, etc.
c. Posse de outrem: aqui não é consensual. Seria uma tradição não voluntária, contra a vontade do primitivo possuidor. Seria uma posse clandestina, quando alguém se apossa da coisa de forma forçosa. Trata-se de uma posse injusta.
d. Perda da própria coisa: há uma impossibilidade material da posse se exercida sobre o objeto, pois não há a coisa em si, ela desapareceu. Ex.: pássaro foge da gaiola.
e. Destruição: a coisa deixa de existir, em função de seu perecimento.
i) Jurídica: bem perde suas qualidades, torna-se imprestável para utilização ou é esvaziado o valor econômico.
f. Coisa fora do comércio: estando fora de comércio, não repercute na esfera jurídica e deixa de ser considerada posse – perda da coisa. Pode ser colocada fora do comércio por força de lei, ou por ato volitivo (ex.: cláusula de inalienabilidade – doação e sucessão).
É aquela coisa que se torna inaproveitável ou inalienável por razões de ordem pública, moralidade, higiene, segurança e etc. Há uma impossibilidade, então, de o possuidor exercer o poder físico sobre a coisa.
A inalienabilidade, por si só, está associada à cessão de uso, posse e transmissão da coisa à outrem.
e. Constituto possessório (Caio Mário) – art. 1267, p. único: (aula passada) é uma forma de alterar a relação da coisa, é, por exemplo, uma forma de transformar o possuidor em detentor. Ex.: sou proprietário de bem e desejo vender à alguém, vendo barato para continuar no lugar. A clausula constitute, a rigor, permite o desdobramento da posse (numa clausula de compra e venda, altero minha condição de possuidor direto e indireto).
12. Efeitos
a. Aspectos Gerais: 
Não há limitação legal de efeitos – não adotamos uma visão exaustiva dos efeitos.
b. Proteção Possessória
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
§ 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.
Espécies de proteção da posse: 1) mantido na posse; 2) ser restituído da posse; c) ser segurado de violência.
- Ameaça: há uma iminência de haver perturbação ou esbulho, há uma iminência de ser molestado na posse – diante disso, há o interdito proibitório. 
- Agressão: esbulho e turbação – diante disso há a ação de manutenção de posse (repressiva à agressão, não é mera ameaça).
i) Turbar: limitar, embaraçar, constranger a posse alheia. Desse modo, turbar é o ato que impede o livre exercício da posse pelo legítimo possuidor.
1) Turbação de fato: onde há uma agressão real/material da coisa.
2) Turbação de direito (jurídica): onde se utiliza mecanismos jurídicos para impedir o livre exercício da posse – ex.: ação para molestar a posse de alguém.
3) Turbação direta: ocorre com imediaticidade em relação a coisa, não há obstáculo. Ex.: passar por dentro de uma fazenda alheia.
4) Turbação indireta: não há acesso direto na coisa, mas acesso indireto – realizo uma conduta que vai repercutir na posse alheia, impedindo seu exercício. Ex.: construo uma parede que impede a ventilação da casa do vizinho.
5) Turbação positiva: ocorre quando efetivamente se realiza atos que impede o exercício da posse
6) Turbação negativa: cria-se obstáculos para impedir o uso da coisa.
ii) Esbulho: apossamento da coisa de forma violenta, clandestina, precária. Retirada não consensual da coisa do seu legítimo possuidor.
i. Quando ocorre de forma precária: esbulho pacífico – ação de reintegração de posse (repressiva).
· Interdito possessório:
ii. Interdito proibitório - ameaça
iii. Manutenção de posse - agressão
iv. Reintegração de posse – esbulho
b. 1 – Legitima Defesa e Desforço Possessório (autotutela):
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
· Legitima defesa da posse: é preciso uma agressão injusta à posse, a possibilidade de repelir por meios moderados e uma imediaticidade (a partir do conhecimento).
- Somente para TURBAÇÃO – constrangimento da posse alheia, impedimento ao livre exercício.
· Desforço possessório: é preciso uma agressão injusta à posse, a possibilidade de repelir por meios moderados e uma imediaticidade (a partir do conhecimento).
- Somente para ESBULHO
- Enunciado 495, CJF - No desforço possessório, a expressão "contanto que o faça logo" deve ser entendida restritivamente, apenas como a reação imediata ao fato do esbulho ou da turbação, cabendo ao possuidor recorrer à via jurisdicional nas demais hipóteses.
2. Ações possessórias (interdito possessório)
I. Aspectos processuais gerais
Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á provisoriamente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das outras por modo vicioso.
Em termos de tutela de urgência, mantém-se a posse que não estiver manifestando o vício. Caso ambas não tenham vício, mantém-se a que estiver a mais tempo com a coisa.
 A regra geral é que, havendo dúvida, não se modifica a situação concreta, mantém o status quo.
As tutelas processuais podem ser: a) provisórias: quando correspondem as liminares, são decisões interlocutórias, proferidas com base na cognição sumária, baseadas em juízo de verossimilhança (fumus boni iuris); b) definitivas: são as sentenças que são baseadas em cognição exauriente, é feito o juízo mais profundo, um juízo de certeza.
Enunciado 239, CJF: Na falta de demonstração inequívoca de posse que atenda à função social, deve-se utilizar a noção de "melhor posse", com base nos critérios previstos no parágrafo único do art. 507 do Código Civil /1916.
Ou seja, primeiro deve ser demonstrado que a posse atenda a função social, não havendo, o critério é a melhor posse.
· Melhor posse: 1) boa-fé (justo título); 2) mais antigo; 3) na falta de justo título, usa-se a posse atual.
Enunciado 78, CJF: Tendo em vista a não-recepção pelo novo Código Civil da exceptio proprietatis (art. 1.210, § 2º) em caso de ausência de prova suficiente para embasar decisão liminar ou sentença final ancorada exclusivamente no ius possessionis, deverá o pedido ser indeferido e julgado improcedente, não obstante eventual alegação e demonstração de direito real sobre o bem litigioso. ESSE ENUNCIADO FAZ REFERÊNCIA À TUTELAS LIMINARES E DEFINITIVAS!
Não se admite a exceção de domínio. Em caso de elementos insuficientes, o pedido deve ser indeferido.
 Não se modifica a situação possessória se não há elementos suficientes, eis que a ação possessória pode estar sendo utilizada para molestar a posse alheia.
Em resumo:
Na tutela provisória a decisão liminar ou interlocutória, é feito o juízo de cognição sumária com base na probabilidade de direito.
 Na tutela definitiva a decisão é uma sentença, proferida sobre o critério de quem tem a posse atualmente ou quem a tenha mais tempo - critérios: justo título, posse mais antiga, ou posse mais atual.
 No âmbito das tutelas possessórias, o artigo 1211 assegura a possibilidade de se manter na posse quem não apresentar vício de forma clara quando houver mais de uma pessoa se dizendo possuidora. Caso ambas não tenham um vício usa-se o critério de quem estiver com a coisa, ou critério de melhor posse.
II. Ação de imissão de posse
É relacionada com a propriedade e não com a posse. Fundada no Ius Possidendi (direito de propriedade). O proprietário que deseja ter a posse, reivindicando-a, tem direito de sequela, queé o direito de perseguir a coisa onde ela estiver e com quem quer que esteja. É preciso diferenciar a ação de imissão de posse com ação reivindicatória, embora a nomeação não traga nenhum prejuízo, porque ambas seguem o mesmo rito.
Na ação de imissão de posse o proprietário que era a posse de coisa que nunca teve. O sujeito passivo é o alienante, que vendeu o bem sem a posse, ou seja, transmitiu a propriedade sem a posse.
 Por meio dela não se discute a propriedade, tomando-a como certa - a consequência disso é que a cognição será limitada.
- Venda a non domino: é a venda sem domínio da coisa, será nula a transmissão, porque quem transmitiu não era o proprietário (non domino) - nulidade na aquisição.
III. Ação reivindicatória
Na ação reivindicatória o proprietário quer reaver a coisa, porque a perdeu injustamente, ou seja, já teve posse. O polo passivo é composto por quem estiver com a coisa.
 Nessa ação o autor pede o domínio e suas consequências. O réu pode apresentar exceção de usucapião e há amplitude total da matéria defensiva
IV. Percepção dos frutos – fruto é considerado acessório.
· Classificação dos frutos
1) Quanto à origem
i. Naturais: São aqueles gerados sem a necessidade de intervenção humana
ii. Industriais: Decorrem da atuação humana em uma atividade industrial
iii. Civis: Decorrem de uma situação jurídica ou econômica
2) Quanto ao Estado dos frutos
i. Pendentes: Aqueles que se encontram ligados a coisa principal, e não foram colhidos.
ii. Percebidos: Aqueles que foram colhidos, e foram separados da coisa principal.
iii. Estantes: Aqueles que foram colhidos e estão armazenados.
iv. Percipiendos: Aqueles que deveriam ter sido colhidos, mas não foram.
v. Consumidos: Aqueles que foram colhidos e não mais existem.
· Diferença de fruto para produto:
Diz respeito a existência da coisa consumida. O produto, uma vez retirado da coisa, há de afetar a existência dessa. Os frutos são renováveis a utilização ou consumo de suas utilidades não deteriora ou afeta ou a substância da coisa.
Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia.
O artigo 1215 apresenta um marco temporal para percepção dos frutos e demonstra duplo regime: a) o momento para percepção dos frutos naturais e industriais é o da separação da coisa principal; b) os frutos civis reputam-se percebidos dia a dia
· Possuidor de boa-fé
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação.
Os frutos percebidos, que foram colhidos no momento adequado, são do possuidor de boa-fé. Caso tenham sido colhidos antecipadamente deverão ser devolvidos.
 Os frutos pendentes devem ser restituídos depois de devolvidas as despesas de produção e custeio.
· Possuidor de má-fé
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.
O possuidor de má-fé responde pelos frutos colhidos e percebidos (mesmo já consumido), bem como pelos que deixou de perceber por culpa. Tem direito apenas às despesas para produção e custeio, tendo em vista a repudia do ordenamento jurídico ao enriquecimento sem causa.
V. Responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa
· Possuidor de boa-fé
Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa.
O possuidor de boa-fé só responde pelo que der causa, a responsabilidade subjetiva para deterioração ou perda da coisa.
· Possuidor de má-fé
Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.
O possuidor de má-fé tem presunção relativa de culpa, ou seja, presume-se a culpa e ele tem o ônus anos de provar que não tem.
 Ele responderá pelas perdas e de deterioração, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado a perda ou deterioração, se a coisa estivesse sem poder de seu titular.
VI. Indenização por benfeitorias e direito de retenção
É analisada por três aspectos:
1) Estado da coisa: a) se se encontra no estado original; b) se se encontra danificada ou deteriorada; c) se foi melhorada (benfeitorias necessárias, uteis ou voluptuárias).
2) Benfeitorias: são os bens acessórios introduzidos na coisa com o objetivo de: 1) conservar; 2) melhorar sua utilidade; 3) proporcionar maior prazer ao se utilizar – em síntese, são as melhorias feitas na coisa.
Benfeitoria não constitui nova coisa, diferentemente das aceções industriais que constituem nova coisa.
3) Retenção: faculdade de conservar a coisa em seu poder, ou de recusar a restituir enquanto não satisfeita a obrigação do titular da coisa.
- Regime de retenção.
· Possuidor de boa-fé
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.
Trata-se das benfeitorias necessárias e úteis, onde o possuidor tem o direito de levantar as voluptuárias não se não forem pagas e se não prejudicar a coisa.
· Possuidor de má-fé
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.
O possuidor de má-fé só tem direito a ser ressarcido das benfeitorias necessárias. Não tem direito a indenização nem levantamento das benfeitorias voluptuárias.
Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem. (Vide Decreto-lei nº 4.037, de 1942.)+ remissão ao art. 447.
Se houver evicção somente haverá ressarcimento se a coisa ainda existir.
Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual.
Reivindicante é aquele que se diz titular da coisa, se tiver que restitui as benfeitorias necessárias, o possuidor de má-fé terá o direito de optar pelo valor atual ou nominal da coisa.
 Quando for indenizar o possuidor de boa-fé o proprietário deverá indenizar pelo valor atual - vide enunciado 81, CJF.
Enunciado 81, CJF: O direito de retenção previsto no art. 1.219 do Código Civil, decorrente da realização de benfeitorias necessárias e úteis, também se aplica às acessões (construções e plantações) nas mesmas circunstâncias. 
SÚMULA 335 – STJ: Nos contratos de locação, é válida a cláusula de renúncia à indenização das benfeitorias e ao direito de retenção.
Enunciado 433, CJF: A cláusula de renúncia antecipada ao direito de indenização e retenção por benfeitorias necessárias é nula em contrato de locação de imóvel urbano feito nos moldes do contrato de adesão.

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