Buscar

Cesar Augusto Urnau

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

0 
 
UNIJUI - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO 
GRANDE DO SUL 
DCJS - DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
CESAR AUGUSTO URNAU 
 
 
 
ACIDENTE DE PERCURSO x ACIDENTE DE TRABALHO E A 
RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR: 
UMA VISÃO PREVIDENCIÁRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Três Passos (RS) 
2017 
 
1 
 
CESAR AUGUSTO URNAU 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ACIDENTE DE PERCURSO x ACIDENTE DE TRABALHO E A 
RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR: 
UMA VISÃO PREVIDENCIÁRIA 
 
 
 
 
Monografia final do Curso de Graduação em 
Direito objetivando a aprovação no componente 
curricular Trabalho de Conclusão de Curso - TCC 
UNIJUI – Universidade Regional do Noroeste do 
Estado do Rio Grande do Sul. 
DCJS - Departamento de Ciências Jurídicas e 
Sociais. 
 
 
 
 
Orientadora: MSc. Maristela Gheller Heidemann 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Três Passos (RS) 
2017 
2 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico esta monografia a minha família, que jamais 
deixou de me apoiar em toda a minha trajetória 
acadêmica, mesmo nos momentos mais difíceis. 
 
3 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradeço em primeiro lugar a Deus por 
me conceder força para lutar até o final desta 
jornada acadêmica, superando os limites que 
me foram impostos. 
 
Agradeço a minha família, meu irmão 
Daniel, meu pai Talor e em especial a minha 
mãe Delci, que sempre esteve ao meu lado me 
motivando a buscar meus sonhos. 
 
A minha orientadora, professora 
Maristela Gheller Heidemann pela sua 
dedicação e experiência proporcionada neste 
trabalho. 
 
Aos colegas e professores da UNIJUÌ - 
Universidade Regional do Noroeste do Rio 
Grande do Sul, que foram fundamentais 
nesta caminhada. 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O que prevemos raramente ocorre; o que 
menos esperamos geralmente acontece”. 
 
(Benjamin Disraeli) 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O trabalho monográfico analisa a lei previdenciária no que tange aos benefícios acidentários 
sobre os acidentes de trabalho, em específico aos acidentes de trajeto e as responsabilidades 
do empregador, bem como as suas obrigações legais e os direitos do empregado quando da 
ocorrência destes tipos de acidentes. A pesquisa também analisa os aspectos relevantes que a 
nova legislação trabalhista trará a respeito do tema, bem como, se as mudanças poderão trazer 
benefícios ou prejuízos aos trabalhadores. 
 
Palavras-chave: Acidente do Trabalho. Acidente do Trabalho de Trajeto. Responsabilidade 
Civil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The monographic work analyzes the social security law with regard to the accidental benefits 
of work accidents, specifically to road accidents and the responsibilities of the employer, as 
well as their legal obligations and the rights of the employee when these types of accidents 
occur. The research also analyzes the relevant aspects that the new labor legislation will bring 
about the subject, as well as if the changes can bring benefits or damages to the workers. 
 
Keywords: Accident at Work. Road Work Accident. Civil responsibility. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 8 
1 ASPECTOS LEGAIS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E DA LEI Nº 
8.213/91 ................................................................................................................................................. 9 
1.1 Surgimento do INSS e os direitos regulados........................................................................10 
1.1.1 Aspectos relevantes da Lei nº 8.213/91. .......................................................................... 12 
1.1.2 Princípios da Seguridade Social ..................................................................................... 13 
1.2 Aspectos históricos do direito do trabalho............................................................................17 
1.3 Conceito de acidente de trabalho............................................................................................19 
1.3.1 A origem dos acidentes de trabalho ................................................................................ 21 
1.3.2 A evolução histórica dos acidentes de trabalho no Brasil .............................................. 21 
2 ACIDENTES DE TRABALHO ................................................................................................. 24 
2.1 Acidentes de trabalho in itinere: uma visão previdenciária..............................................25 
2.2 A responsabilidade civil do empregador...............................................................................26 
2.2.1 Do direito à indenização civil ......................................................................................... 27 
2.2.1.1 Do acidente de trajeto quando fornecido pelo empregador.........................................29 
2.2.2 Da responsabilidade pela não emissão do CAT – Comunicação de Acidente de 
Trabalho ................................................................................................................................... 30 
2.2.2.1 Dos motivos que levam a não emissão da CAT............................................................31 
2.2.2.2 Do dano moral pela não emissão da CAT....................................................................32 
2.3 O não reconhecimento pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) do infortúnio 
como acidente ou doença do trabalho..........................................................................................33 
2.3.1 Da estabilidade acidentária ............................................................................................ 33 
2.3.1.1 Da estabilidade acidentária durante o aviso prévio.......................................................34 
2.4 Aspectos relevantes da nova legislação trabalhista – CLT...............................................34 
CONCLUSÃO ................................................................................................................................... 36 
REFERÊNCIAS................................................................................................................................ 37 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A presente monografia tem como objetivo estudar a responsabilidade civil do 
empregador nos acidentes de trajeto, analisando quais os momentos em que pode o 
empregador ser responsabilizado. 
A pesquisa foi elaborada em dois capítulos, sendo que no primeiro estudam o 
surgimento do INSS, alguns de seus princípios e o caminho que a previdência percorre até o 
surgimento dos benefícios previdenciários que abrangem as classes trabalhadoras. Busca 
demonstrar a importância que a Previdência Social possui e também as relações do direito 
previdenciário em relação aos direitos trabalhistas relacionados aos acidentes de trajeto. 
No segundo capítulo descreve-se o conceito do acidente de trabalho, bem como os 
caminhos que os trabalhadores devem percorrer até garantir os direitos acidentários atuais. 
Busca-se demonstrar por que os acidentes de trajeto são equiparados aos acidentes de 
trabalho, fazendo uma análise dos aspectos necessários para que seja reconhecido o acidente 
de percurso, bem como a caracterização, ou não, da responsabilidade civil dos empregadores. 
Por fim, aborda alguns aspectosrelevantes relacionados à nova Consolidação das Leis 
do Trabalho e às mudanças na legislação trabalhista e previdenciária. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
1 ASPECTOS LEGAIS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E DA LEI Nº 
8.213/91 
 
A partir da Constituição Federal de 1988, a seguridade social passou a ter uma maior 
intervenção do Estado, com o intuito de traçar linhas objetivas, em busca do bem-estar social. 
Essa Constituição, promulgada em 5 de outubro de 1988, trouxe o capítulo nominado 
“A Ordem Social”, específico para tratar da seguridade social, precisamente nos artigos 194 a 
204, destinando estes a tratar este gênero do qual são espécies a previdência, a assistência 
social e a saúde, conforme cita o artigo 194 da CF/88: 
 
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de 
iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos 
relativos à saúde, à previdência e à assistência social. (BRASIL, 1988). 
 
 Com este artigo, a Constituição Federal passou a separar o Direito da Seguridade 
Social do Direito do Trabalho, o que, na Lei Maior anterior, estavam previstos como dois 
temas no título “Ordem Econômica”, em um único artigo que tratava dos direitos 
previdenciários e trabalhistas. 
 Para o doutrinador Frederico Amado (2016, p. 21): 
 
[...] a seguridade social é um sistema instituído pela Constituição Federal de 1988 
para a proteção do povo brasileiro (e estrangeiros em determinadas hipóteses) contra 
riscos sociais que podem gerar a miséria e a intranquilidade social, sendo uma 
conquista do Estado Social de Direito, que deverá intervir para realizar direitos 
fundamentais de 2ª dimensão. 
 
 
 Ou seja, a seguridade social tem como objetivo intervir, quando necessário, buscando 
amparo do Estado com o intuito de proporcionar equilíbrio e bem-estar na sociedade nos 
momentos em que haja incapacidade do indivíduo em atender suas necessidades. 
O mesmo autor leciona que: 
 
Eventos como o desemprego, a prisão, a velhice, a infância, a doença, a 
maternidade, a invalidez ou mesmo a morte poderão impedir temporária ou 
definitivamente que as pessoas laborem para angariar recursos financeiros visando a 
atender às suas necessidades básicas e de seus dependentes, sendo dever do Estado 
Social de Direito intervir quando se fizer necessário na garantia de direitos sociais 
(AMADO, 2016, p. 23). 
10 
 
 
A Lei nº 8.213, na data 24 de julho de 1991, cria os planos de benefícios da previdência social 
citando-os em seu artigo 18, as prestações abrangidas pelo Regime Geral da Previdência 
Social. 
 
 
1.1 Surgimento do INSS e os direitos regulados 
 
O seguro social no Brasil iniciou-se a partir de empresas privadas que sentiram a 
necessidade de criar uma espécie de “seguro”, para casos de imprevistos em relação aos seus 
quadros de funcionários. 
 
Nesse surgimento do seguro social as primeiras entidades a atuarem na seguridade 
social foram as santas casas da misericórdia, como a de Santos, que, em 1543, 
prestava serviços no ramo da assistência social. A Constituição de 1824 tratou, em 
seu artigo 179, inciso XXXI, dos socorros públicos, sendo este o primeiro ato 
securitário com previsão constitucional (KERTZMAN, 2015, p. 44). 
 
Ainda que houvesse previsão constitucional acerca da seguridade social, foi somente a 
Constituição de 1891 que passou a conter a expressão “aposentadoria”, que versava em seu 
Artigo 75, benefício dado apenas a funcionários públicos em casos de invalidade a serviço da 
nação. 
Este benefício era concedido pelo estado sem a necessidade de contrapartida pelo 
beneficiário, o que mudou com a chegada da Constituição Federal de 1934, conforme cita 
Ivan Kertzman (2015, p. 46): 
 
A Constituição Federal de 1934 foi a primeira a estabelecer a tríplice forma de 
custeio, com contribuição do Governo, dos empregadores e dos trabalhadores. A 
Carta de 1937 utilizou, pela primeira vez, o termo "seguro social" sem, no entanto, 
trazer grandes evoluções securitárias. 
 
A atual previdência social foi instituída no ano de 1923, conforme se pode verificar: 
 
O século XIX também foi marcado pelo surgimento da "previdência privada" 
brasileira, pode-se dizer que inaugurada em 10 de janeiro de 1835, com a criação do 
MONGERAL - Montepio Geral de Economia dos Servidores do Estado - proposto 
pelo então Ministro da Justiça, Barão de Sepetiba, que, pela primeira vez, oferecia 
11 
 
planos com características de facultatividade e mutualismo. A Previdência Social só 
viria a ser instituída através da Lei n° 4.682 (Lei Elói Chaves), de 24/01/1923. 
(SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS, 2016). 
 
Com a criação da Lei Eloy Chaves, que determinou a criação das caixas de 
aposentadorias e pensões para os ferroviários, a data de 24 de janeiro passa a ser vista como 
um marco para a previdência social brasileira, por ser a primeira Lei a instituir no Brasil a 
previdência social, ainda que esta Lei regulasse empresas privadas e não entes públicos. 
Esta Lei previa benefícios por invalidez, pensão por morte, assistência médica e 
invalidez ordinária (equivalente hoje à pensão por tempo de serviço). 
O objetivo desta Lei não era de conceder aposentadoria, mas de estabelecer uma caixa 
de aposentadoria e pensão para os empregados e diaristas das ferroviárias do país. 
Após a primeira lei prevendo normas para a previdência social, surge no ano de 1960 a 
segunda norma previdenciária de grande relevância. Para Sérgio Pinto Martins (2005, p. 275), 
“a segunda norma de relevo foi a Lei nº 3.807/60, que estabeleceu a organização da 
previdência social, instituindo benefícios, tanto que foi denominada como Lei Orgânica da 
Previdência Social”. 
A denominação “previdência social” passa a ser vista a partir da Carta Magna de 1946, 
como cita Sergio Martins (2005, p. 275): 
 
Emprega a Carta Magna de 1937 a expressão “seguro social”, que era a 
denominação empregada na época. Não era utilizada a expressão “previdência 
social”. É com a constituição de 1946 que surge pela primeira vez a expressão 
“previdência social”. Na constituição de 1967, a expressão usada era “previdência 
social” (Art. 158, XVI). 
 
Finalmente, no ano de 1990, há a criação do Instituto Nacional do Seguro Social – 
INSS, autarquia federal que veio a substituir o Instituto Nacional de Previdência Social, 
englobando as funções de arrecadação, fiscalização, aplicação de penalidades, cobrança e 
regulação da concessão de serviços e benefícios aos seus segurados. 
Uma das principais leis relativas à previdência social foi a criação da Lei nº 8.213 no 
ano de 1991, que veio para tratar dos benefícios da previdência social. 
 
 
12 
 
1.1.1 Aspectos relevantes da Lei nº 8.213/91 
 
 A Lei nº 8.213/91 veio para dar objetividade aos benefícios prestados pela previdência 
social aos seus beneficiários, especificamente do Regime Geral da Previdência Social – 
RGPS. Esta Lei, ainda em vigor no país, foi regulamentada pelo Decreto nº 357/91, sendo ela 
uma das leis básicas da seguridade social. 
 Conforme leciona Sérgio Pinto Martins (2006, p. 276): 
 
Estabelece o Art. 1º da Lei nº 8.213 que a Previdência Social, mediante 
contribuição, tem por fim assegurar a seus beneficiários meios indispensáveis de 
manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, 
tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou morte daqueles de quem 
dependiam economicamente. A definição de Previdência Social do Art. 1º da Lei nº 
8.213 toma por base a finalidade da previdência social quanto às contingências a 
serem cobertas. 
 
Como observado acima, a contribuição é obrigatória por parte do beneficiário. Este 
requisito, assim como o da filiação obrigatória, está previsto no art. 201 da Constituição 
Federal (BRASIL, 1988), o qual consta que “A previdência social será organizada sob a 
forma de regime geral, de caráter contributivoe de filiação obrigatória, observados critérios 
que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial”. 
Este caráter contributivo e de filiação obrigatória são dois princípios básicos que 
regem a organização da previdência social: Compulsoriedade e contributividade. 
Neste sentido, importante transcrever os ensinamentos de Ivan Kertzman (2015, p. 
33): 
O princípio da compulsoriedade é o que obriga a filiação à regime de previdência 
social aos trabalhadores que trabalhem. Se os segurados pudessem optar entre verter 
parte de sua remuneração para o sistema de previdência social ou utilizar todos os 
ganhos para pagamento das despesas domésticas, certamente a maioria escolheria a 
segunda alternativa. Diversos trabalhadores ficariam, portanto, excluídos do sistema 
protetivo, gerando um completo caos social, pois, quando ficassem impossibilitados 
de exercer suas atividades, não teriam como prover o seu sustento (KERTZMAN, 
2015, p. 33). 
 
Quanto à contributividade, continua Ivan Kertzman (2015, p. 33): 
 
A contributividade significa que, para ter direito a qualquer benefício da previdência 
social, é necessário enquadrar-se na condição de segurado, devendo contribuir para 
13 
 
manutenção do sistema previdenciário. Até mesmo o aposentado que volta a exercer 
atividade profissional remunerada, é obrigado a contribuir para o sistema. 
 
Perante este ensinamento de Ivan Kertzman, podemos concluir o fato de existir o 
exercício de atividade remunerada, automaticamente estará estabelecida a relação jurídica 
entre o segurado e o INSS pelo RGPS, acarretando direitos e obrigações para ambas as partes, 
independente de vontade. 
 
1.1.2 Princípios da Seguridade Social 
 
 Antes de iniciar o estudo acerca dos princípios previdenciários específicos, cita-se o 
ensinamento de Celso Antônio Bandeira de Mello (1986, p. 230), sobre o conceito de 
princípio: 
Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce 
dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes 
o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência, 
exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe 
confere a tônica e lhe dá sentido harmônico. [...] Violar um princípio é muito mais 
grave do que transgredir uma norma. A desatenção ao princípio implica ofensa não 
apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. 
É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do 
princípio atingido, porque representa insurgência contra o sistema, subversão de 
seus valores fundamentais. 
 
Importante frisar que a ideia defendida por Mello não contrapõe às normas legais, 
apenas refere à importância dos princípios no direito positivo1. 
Neste mesmo pensamento, o doutrinador Miguel Reale (1994, p. 299) diz: 
 
[...] princípios são verdades fundantes de um sistema de conhecimento, como tais 
admitidas, por serem evidentes ou por terem sido comprovadas, mas também por 
motivos de ordem prática de caráter operacional, isto é, como pressupostos exigidos 
pelas necessidades da pesquisa e da práxis. 
 
 A Constituição Federal (BRASIL, 1988) em seu artigo 194 elencou os princípios e 
objetivos que norteiam a seguridade social. Alguns destes princípios voltam a ser referidos no 
ano de 1991, quando foi criada a lei dos planos de benefícios da previdência social. 
 
1Direito positivo é o conjunto de princípios e regras que regem a vida social de determinado povo em 
determinada época. 
14 
 
 O primeiro princípio, da universalidade de cobertura e do atendimento, encontra-se 
expresso no artigo 194, inciso I da Constituição Federal. O referido princípio busca conferir e 
garantir a abrangência a todos os que dela necessitam, sendo eles brasileiros ou estrangeiros. 
Neste entendimento Hugo Goes (2015, p. 24) explica: 
 
Por universalidade da cobertura entende-se que a proteção social deve alcançar todos 
os riscos sociais que possam gerar o estado de necessidade. Riscos sociais são 
infortúnios da vida (doenças, acidentes, velhice, invalidez etc.), aos quais, qualquer 
pessoa está sujeita. 
A universalidade do atendimento tem por objetivo tornar a seguridade social 
acessível a todas as pessoas residentes no país, inclusive estrangeiras. 
 
Nos ensinamentos de Frederico Amado (2016, p. 28): 
 
A seguridade social deverá atender a todos os necessitados, especialmente através da 
assistência social e da saúde pública, que são gratuitas, pois independem do 
pagamento de contribuições diretas dos usuários (subsistema não contributivo da 
seguridade social). 
 
Este princípio tem o objetivo de garantir a subsistência do beneficiário nos momentos 
em que não seja possível exercer suas atividades normalmente, seja por motivos ocasionais, 
como nos casos de acidentes ou por motivos naturais, como por exemplo, a idade avançada. 
 Já o princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações 
urbanas e rurais, busca garantir tratamento isonômico entre as populações urbanas e rurais. 
 Nas lições de Ítalo Romano Eduardo (2013, p. 53): 
 
A CF/1988, em seu art. 7º, dispõe que não há diferenças entre os direitos sociais dos 
trabalhadores urbanos e rurais. No que se refere à Seguridade Social, equivale dizer 
que as mesmas contingências que receberem garantia no meio urbano deverão 
também receber garantia no meio rural. Em outras palavras, é vedada a criação de 
benefícios diferenciados para trabalhadores urbanos e rurais. Além disso, deverão ter 
o mesmo valor econômico, bem como serviços da mesma qualidade. 
 
Importante atentar que para este princípio, a equivalência deve ser analisada de 
maneira relativa, pois não se trata de igualdade e sim de equiparação, uma vez que os 
trabalhadores rurais possuem condições especiais de contribuição para o sistema. 
 Também importante ressaltar acerca do princípio da seletividade e distributividade na 
prestação dos benefícios e serviços, para o qual a seletividade surge com o intuito de dar os 
benefícios não de maneira igualitária, mas de maneira a dar àqueles que realmente necessitem. 
15 
 
Nas palavras de Carlos Alberto Castro e João Batista Lazzari (2016, p. 116) “[...] o 
princípio da seletividade pressupõe que os benefícios são concedidos a quem deles 
efetivamente necessite, razão pela qual a seguridade social deve apontar os requisitos para a 
concessão de benefícios e serviços”. 
No que diz respeito à distributividade, “inserido na ordem social, é de ser interpretado 
em seu sentido de distribuição de renda e bem-estar social, ou seja, pela concessão de 
benefícios, visa-se ao bem-estar social e à justiça social” (CASTRO; LAZZARI, 2016, p. 
116). 
Nas palavras do doutrinador Ítalo Romano (2013, p. 53): 
 
A Seguridade Social, como o próprio nome diz, tem caráter social. Seu objetivo é 
distribuir renda, principalmente para as pessoas de baixa renda. Como os recursos 
são finitos e as necessidades da população são “infinitas”, o sistema tem de 
estabelecer preferências, de acordo com as possibilidades econômico-financeiras. 
Melhor dizendo, deve tratar desigualmente os desiguais, favorecendo, portanto, os 
indivíduos que se encontrem em situação inferior. 
 
 Já o princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios decorre da segurança 
jurídica, onde os valores nominais dos benefícios da seguridade social não poderão sofrer 
reduções, mesmo em períodos de crise financeira. 
Nas palavras de Castro e Lazzari (2016, p. 117): 
 
Princípio equivalente ao da intangibilidade do salário dos empregados e dos 
vencimentos dos servidores, significa que o benefício legalmente concedido – pela 
Previdência Social ou pela Assistência Social – não pode ter seu valor nominal 
reduzido, não podendo ser objeto de desconto – salvo os determinados por lei ouordem judicial –, nem de arresto, sequestro ou penhora. Dentro da mesma ideia, o 
art. 201, § 2º, estabelece o reajustamento periódico dos benefícios, para preservar-
lhes, em caráter permanente, seu valor real. 
 
 Por décadas a inflação afetou fortemente a economia mundial, impactando diretamente 
sobre o poder de compra dos beneficiários previdenciários. O surgimento deste princípio 
visou garantir a preservação do real valor do benefício, estabilizando o poder de compra, 
conforme cita o artigo 2º, inciso V da Lei nº 8.213/91. 
16 
 
 No que tange ao princípio da equidade na forma de participação no custeio, 
inicialmente, há que se dizer que o princípio da equidade2 busca adaptar o pagamento da 
contribuição em relação à situação financeira de cada um, ou seja, aquele que ganha mais, 
paga mais, o que ganha menos, obviamente pagará menos. 
Nas palavras de Frederico Amado (2016, p. 33): 
 
O custeio da seguridade social deverá ser o mais amplo possível, mas precisa ser 
isonômico, devendo contribuir de maneira mais acentuada para o sistema aqueles 
que dispuserem de mais recursos financeiros, bem como os que mais provocarem a 
cobertura da seguridade social. 
 
 Neste sentido, pode-se usar como exemplo as instituições financeiras, que possuem 
um acréscimo de 2,5 % no valor de suas alíquotas, visto a sua alta lucratividade, ao passo que 
empresas de pequeno porte possuem um sistema de contribuição mais simplificado e 
reduzido. 
 Outro exemplo válido para tal princípio são as empresas que desenvolvem atividade de 
risco, onde possuem maiores possibilidades de concessão de benefícios acidentários, por 
consequência terão alíquotas maiores em suas contribuições. 
 O princípio da diversidade da base de financiamento tem o intuito de evitar crises no 
sistema previdenciário; busca garantir que crises em setores específicos não abalem a 
arrecadação, agregando várias fontes de arrecadação para o custeio. 
 O artigo 195, caput da Constituição Federal (BRASIL, 1988) estabelece: 
 
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e 
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes 
contribuições sociais: 
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, 
incidentes sobre: 
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a 
qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo 
empregatício; 
b) a receita ou o faturamento; 
c) o lucro; 
I - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo 
contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de 
previdência social de que trata o art. 201; 
III - sobre a receita de concursos de prognósticos. 
 
2Equidade consiste na adaptação da regra existente à situação concreta, observando-se os critérios de justiça e 
igualdade. Pode-se dizer, então, que a equidade adapta a regra a um caso específico, a fim de deixá-la mais justa. 
Ela é uma forma de se aplicar o Direito, mas sendo o mais próximo possível do justo para as duas partes. 
17 
 
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. 
(BRASIL, 1988). 
 
Assim, “bases diferentes no financiamento da Seguridade Social garantem maior 
segurança para o sistema, pois a variedade evita que possíveis crises em determinado setor do 
mercado causem grandes oscilações na arrecadação previdenciária” (ROMANO, 2013, p. 54). 
 Por fim, o princípio do caráter democrático e descentralizado da administração, 
mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos 
aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. Conforme estabelece o artigo 10 da 
Constituição Federal “[...] é assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos 
colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam 
objeto de discussão e deliberação”. Ou seja, este princípio tem por objetivo trazer para a 
sociedade, por meio de representantes, as discussões acerca da gestão da seguridade social. 
 Nas palavras de Castro e Lazzari (2016, p. 116–117): 
 
A gestão dos recursos, programas, planos, serviços e ações nas três vertentes da 
Seguridade Social, em todas as esferas de poder, deve ser realizada mediante 
discussão com a sociedade. Para isso, foram criados órgãos colegiados de 
deliberação: o Conselho Nacional de Previdência Social – CNPS, criado pelo art. 3º 
da Lei n. 8.213/91, que discute a gestão da Previdência Social; o Conselho 
Nacionalde Assistência Social – CNAS, criado pelo art. 17 da Lei n. 8.742/93, que 
delibera sobre a política e ações nesta área; e o Conselho Nacional de Saúde – CNS, 
criado pela Lei n. 8.080/90, que discute a política de saúde. Todos estes conselhos 
têm composição paritária e são integrados por representantes do governo, dos 
trabalhadores, dos empregadores e dos aposentados. 
 
No entendimento de Hugo Goes (2015, p. 35), “[...] de acordo com este princípio, a 
gestão dos recursos, programas, planos, serviços e ações, nas três áreas da seguridade social, 
em todas as esferas de poder, deve ser realizada mediante discussão com a sociedade”. 
 
 
1.2 Aspectos históricos do direito do trabalho 
 
O Trabalho sempre fez parte da vida humana, seja ela para proveito particular ou de 
outrem. Nele o homem tirou seu sustento e possibilitou a sua evolução. 
18 
 
O significado do direito do trabalho, conforme cita a enciclopédia Wikipédia (grifo do 
autor): 
 
Direito do trabalho é o conjunto de normas jurídicas que regem as relações entre 
empregados e empregadores, são os direitos resultantes da condição jurídica dos 
trabalhadores. Estas normas, no Brasil, estão regidas pela Consolidação das Leis do 
Trabalho (CLT), Constituição Federal de 1988 e várias leis esparsas (como a lei que 
define o trabalho do estagiário, dentre outras). 
Surge como autêntica expressão do humanismo jurídico e instrumento de renovação 
social. Constitui atitude de intervenção jurídica em busca de um melhor 
relacionamento entre o homem que trabalha e aqueles para os quais o trabalho se 
destina. Visa também a estabelecer uma plataforma de direitos básicos. Portanto, a 
definição de direito do trabalho é o conjunto de normas e princípios que 
regulamentam o relacionamento entre empregado e empregadores. 
 
Percebe-se que o direito do trabalho possui cunho social e vem buscar nas relações entre 
o trabalhador e àqueles para os quais trabalha o cumprimento dos direitos básicos, adotando 
normas gerais e específicas para regular estas condições jurídicas. 
O trabalho possui diferentes concepções que se deram com a evolução histórica do 
trabalho. Inicialmente, o trabalho foi considerado na Bíblia como castigo. Adão teve de 
trabalhar para comer em razão de ter comido o fruto proibido (MARTINS, 2012, p. 3). 
O doutrinador Rafael Altafin Galli (2016, p. 12), também faz referência ao trabalho 
como castigo quando cita: 
 
A palavra trabalho vem do latim “Tripliare”, que significa martirizar com 
tripadium, ou seja, martirizar com um chicote conhecido por possuir três pontas. 
Assim, temos que, a palavra trabalho, foi conceituada em um primeiro momento, 
como um castigo. 
 
Entende-se que conforme a citação vista do autor Rafael Galli, que o instrumento 
tripadium deu origem à palavra trabalho, que diferentemente do conceito atual, o trabalho era 
tido como um castigo, ou seja, o trabalho não era visto “com bons olhos”. 
Nesta perspectiva, o trabalho era visto como um castigo, segundo Sérgio Pinto Martins 
(2012) o trabalho escravo foi a primeira forma de trabalho conhecida, onde o escravo não era 
detentor de direitos, apenas tinha a obrigação de trabalhar, sem nenhum meio de retribuição.A doutrinadora Alice Monteiro de Barros (2011, p. 45) completa: 
 
Paralelamente ao trabalho do escravo havia, sobretudo entre os romanos, aqueles 
que exerciam uma atividade com autonomia, em regime de liberdade, como os 
19 
 
artesãos. Suas associações recebiam o nome de colégios romanos, provavelmente 
fundadas por Numa Pompílio, com finalidade religiosa e de socorro mútuo. Não se 
confundiam com os sindicatos, que são órgãos de defesa dos interesses de 
determinada categoria econômica, profissional, de trabalhadores avulsos, autônomos 
e de servidores públicos. 
 
O trabalho subordinado não pode ser confundido com o trabalho escravo, uma vez que 
no trabalho escravo não ocorre uma subordinação, hoje elemento essencial para a 
caracterização de vínculos de trabalho, e sim uma sujeição pessoal entre o escravo e seus 
senhores (DELGADO, 2011, p. 86). 
Mauricio Godinho Delgado (2011, p. 86, grifo do autor) explica o conceito de 
subordinação: 
 
Subordinação é o conceito que traduz a situação jurídica derivada do contrato de 
trabalho mediante a qual o empregado se obriga a acolher a direção do empregador 
sobre o modo de realização da prestação de serviço [...]. Não gera um estado de 
sujeição pessoal (prisma subjetivo) do prestador de serviços – razão por que supõe e 
preserva a liberdade do prestador. Já a sujeição é objetiva, atuando sobre a pessoa do 
trabalhador – razão por que supõe e reproduz sua falta de liberdade pessoal. 
 
Apenas no decorrer da revolução industrial do século XVII (e principalmente no 
século XVIII) quando ocorre a ruptura do sistema produtivo feudal, que a relação 
empregatícia (onde a subordinação é inerente) passa a se estruturar seus pilares, que vigoram 
até os dias de hoje. Esse processo de hegemonia – de generalização e massificação da relação 
de emprego no universo societário – acaba se firmando ao decorrer do século XIX na Europa 
e Estados Unidos (DELGADO, 2011, p.86). 
Portanto, a subordinação, hoje vista como característica da relação emprego, remete ao 
modo com que a relação entre o empregado e o empregador ocorre, vinculando-os não de 
maneira pessoal, mas sim uma relação profissional apenas. 
 
 
1.3 Conceito de acidente de trabalho 
 
O acidente de trabalho é aquele que ocorre durante a realização da atividade laboral a 
serviço da empresa ou, no caso dos segurados especiais, dos trabalhos prestados. Os acidentes 
são caracterizados, segundo Castro e Lazzari (2014, p. 391), em três elementos principais: a 
20 
 
exterioridade da causa do acidente, ou seja, o evento danoso ocorre por um agente externo, 
não natural da pessoa; a violência: no sentido que para configurar o acidente há a necessidade 
de que o evento resulte em lesão corporal ou perturbação funcional que deixe o indivíduo 
incapaz, provisória ou definitivamente ou lhe cause a morte. 
Quanto à terceira característica, cita-se a definição exata de Castro e Lazzari (2014, p. 
391): 
 
Por fim, a caracterização do acidente de trabalho impõe tenha ele sido causado pelo 
exercício de atividade laborativa. Exclui-se, portanto, o acidente ocorrido fora do 
âmbito dos deveres e das obrigações decorrentes do trabalho. Não é necessário, 
neste aspecto, que o fato tenha ocorrido no ambiente de trabalho, mas tão somente 
em decorrência do trabalho. Daí se conclui que os acidentes de trajeto e os sofridos 
em trabalhos externos também devem ser considerados como integrantes do 
conceito. 
 
O Professor Sérgio Pinto Martins (2006, p. 406), expressa o conceito de acidente de 
trabalho da seguinte maneira: 
 
Seria melhor conceituar o acidente de trabalho como a contingência que ocorre pelo 
exercício do trabalho a serviço do empregador ou pelo exercício de trabalho dos 
segurados especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause 
a morte ou a perda ou a redução, permanente ou temporária, da capacidade para o 
trabalho. 
 
 A Lei nº 8.213/91 traz o conceito de acidente de trabalho: 
 
Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da 
empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 
11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte 
ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. 
 
O acidente de trabalho é aquele que se dá no exercício laboral, diante de uma 
ocorrência que cause lesão ou incapacidade funcional no exercício do trabalho, ou seja, ocorre 
com trabalhadores que estão prestando serviços à empresa. 
Importante salientar que para a existência do acidente de trabalho, há a necessidade do 
nexo da causa-efeito. Este nexo é tríplice, envolvendo a atividade laboral, o acidente e a 
consequente lesão, e incapacidade resultante da lesão (MARTINS, 2006, p. 406). 
 
 
21 
 
1.3.1 A origem dos acidentes de trabalho 
 
A preocupação com acidentes de trabalho surgiu durante a revolução industrial, no 
momento em que o trabalho manual passou a ser substituído pelo uso de máquinas. O 
manuseio das máquinas de tear e a vapor traziam consigo um grande número de acidentes 
(MARTINS, 2006, p. 394). 
A primeira legislação mundial a versar sobre acidentes de trabalho foi a alemã, no ano 
de 1884, por intermédio de Bismarck3. A lei aplicava-se apenas às indústrias que possuíam 
atividades perigosas, determinando o pagamento de valores pecuniários para compensar a 
falta de salário enquanto o acidentado se recuperava. A lei também previa pensões por morte, 
assistência médica e farmacêutica. Inicialmente o seguro era feito mutualmente, o que depois 
passou a ser garantido pelo tesouro alemão (MARTINS, 2006, p. 394). 
 
1.3.2 A evolução histórica dos acidentes de trabalho no Brasil 
 
No Brasil, a primeira orientação acerca dos acidentes de trabalho veio com a 
promulgação do Código Comercial Brasileiro, no ano de 1850, prevendo em seu artigo 78, a 
manutenção do salário dos acidentados por três meses nos casos de acidentes “imprevistos e 
inculpados” (MARTINS, 2006, p. 395). 
Entretanto, mesmo antes do advento do Código Civil, os acidentes de trabalho 
poderiam ser indenizados a partir da culpa aquiliana, que trata da reparação dos danos 
causados às coisas alheias. Esta teoria surgiu com o intuito de cobrir os riscos de força maior 
que tinham os empregadores em relação aos empregados (Martins, 2006, p. 399). 
Mesmo com a culpa aquiliana, que possibilitava o empregado a receber indenização, 
esta esbarrava em problemas como a falta de testemunhas, uma vez que eram também 
empregados e não testemunhavam por medo de demissão e falta de documentação, pois a 
empresa não lhes fornecia, deixando o empregado acidentado sem meios de produzir provas. 
Com o surgimento da teoria da responsabilidade subjetiva contratual, o ônus da prova passa a 
ser invertido, ficando o empregador incumbido de provar que não teve culpa, porém muitas 
 
3 Otto Eduard Leopoldvon Bismarck-Schönhausen (Schönhausen, 1 de Abril de 1815 — Aumühle, 30 de Julho 
de 1898) foi um nobre, diplomata e político prussiano e uma personalidade internacional de destaque do século 
XIX. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Schloss_Sch%C3%B6nhausen
https://pt.wikipedia.org/wiki/1_de_Abril
https://pt.wikipedia.org/wiki/1815
https://pt.wikipedia.org/wiki/Aum%C3%BChle
https://pt.wikipedia.org/wiki/30_de_Julho
https://pt.wikipedia.org/wiki/1898
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nobre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Diplomacia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADtico
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_da_Pr%C3%BAssia
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XIX
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XIX
22 
 
vezes o empregador conseguia demonstrar que não possuía culpa, deixando o acidentado sem 
indenização (MARTINS, 2006, p. 399). 
 A Lei nº 3.724 de 1919, foi a primeira a tratar especificamente acerca dos acidentesde 
trabalho. Esta passou a adotar a teoria da responsabilidade objetiva do empregador. Ocorrido 
o acidente, não há mais que se discutir acerca da culpa no acidente, a responsabilidade era 
sempre incumbida ao empregador. A lei não abrangia atividades comerciais, ficando adstrita 
às atividades mais perigosas. 
Um marco para a legislação acidentária foi o Decreto-lei nº 7.036/44, que trouxe 
mudanças significativas em relação às normas anteriores. 
 Conforme ensina Sérgio Pinto Martins (2006, p. 401): 
 
O acidente passou a ser conceituado como o que provoca lesão corporal, indicando 
sua causa e ação mais o efeito como na norma anterior [...]. Foi estendido o conceito 
de trabalho para abranger aquele que ocorresse durante o intervalo para refeições, ou 
destinado a satisfazer necessidades fisiológicas ou para descanso nos locais de 
trabalho. 
 
Os acidentes in itinere também passaram a ter uma maior abrangência, deixando de 
limitar apenas os casos em que a condução fosse fornecida pelo empregador, mas também nos 
casos em que fosse transportado por via e meios perigosos (MARTINS, 2006, p. 401). 
No ano de 1976, a Lei nº 6.367/76 em seu artigo 1º, incumbe ao Instituto Nacional de 
Previdência Social-INSS, a responsabilidade pelos pagamentos do seguro obrigatório contra 
acidentes de trabalho, assim como institui à justiça comum a competência das ações 
acidentárias (MARTINS, 2006, p. 403). 
 A Constituição de 1988 insere o acidente de trabalho como risco social. Logo, passível 
de proteção previdenciária (artigo 201, I). (CASTRO; LAZZARI, 2003, p.463). 
 As Leis nº 8.212 e nº 8.213/91, em seus textos originais, tratam do acidente do 
trabalho com benefícios diferenciados, regulamentando o custeio pelo empregador “[...], 
mantida a exclusividade pelo oferecimento da SAT pela previdência estatal” (CASTRO; 
LAZZARI, 2003, p. 463). 
 A Emenda constitucional nº 20/98 excluiu o acidente do trabalho dos eventos 
protegidos somente pelo regime geral da previdência social, dando margem para a cobertura 
23 
 
concorrente pelo setor privado, que já possui projeto de lei em tramitação junto ao congresso 
nacional (CASTRO; LAZZARI, 2003, p. 464). 
 Com a Emenda Constitucional nº 20/98, a responsabilidade não cabe apenas ao INSS 
em arcar com os danos, mas concorre o empregador nas custas de sua culpa. Esta emenda 
possibilita a ação de regresso do INSS contra o empregador que, por ventura, tenha sido 
negligente possibilitando a ocorrência do fortuito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
 
2 ACIDENTES DE TRABALHO 
 
A Lei nº 8.213/91 traz em seus artigos 19, 20 e 21 um rol exemplificativo que é tratado 
como acidentes de trabalho. 
O artigo 19 cita os acidentes de trabalhos considerados típicos no ordenamento 
jurídico que são aqueles que ocorrem no exercício do trabalho a serviço do emprego, dos 
empregados domésticos e dos segurados especiais que venham a causar incapacidade 
temporária ou permanente ao empregado. 
 Já o artigo 20 menciona as moléstias ocupacionais que, resumidamente, podem ser 
classificadas em dois tipos: A doença profissional, ou seja, aquela trazida pelo exercício de 
atividade peculiar; e também a doença do trabalho, que decorre das condições especiais em 
que o trabalho é realizado, no qual a doença se relacione diretamente. 
 Por fim, o artigo 21 refere os acidentes de trabalho por equiparação, tratados pelo 
ordenamento jurídico como atípicos. Referido artigo traz uma listagem exemplificativa de 
eventos que podem ser tratados como acidente de trabalho pela equiparação, ou seja, embora 
não tenha tido causa única, tal evento tenha contribuído diretamente com a morte, perda ou 
redução da capacidade para o trabalho (AMADO, 2016, p. 294). 
 O legislador, também decidiu abranger eventos fortuitos que não possui ligação direta 
com o trabalho, porém ainda podem ser enquadrados como acidentes de trabalho, pois a 
atividade laboral é considerada uma concausa para o fato jurídico. 
 Assim, nas exatas palavras de Amado (2016, p. 294): 
 
Logo, se um empregado se acidenta no exercício do labor, potencializando a sua 
lesão pelo fato de ser hemofílico, enfermidade que somada ao acidente gera a 
incapacidade laboral, configurado está o acidente de trabalho por equiparação. 
 
 Importante frisar “que nos períodos destinados à refeição ou descanso, ou por ocasião 
da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o 
empregado é considerado no exercício do trabalho” (AMADO, 2016, p. 294). 
25 
 
 Portando, mesmo que o incidente venha a ocorrer no momento em que o empregado 
não esteja realizando sua atividade habitual de trabalho, mas que esteja ainda à disposição do 
empregador ou no ambiente de trabalho, configura-se então o acidente de trabalho. 
 
 
2.1 Acidentes de trabalho in itinere: uma visão previdenciária 
 
A lei também abrange os eventos ocorridos longe e fora do horário de trabalho, como 
se pode verificar no caso dos acidentes in itinere, ou seja, aqueles ocorridos durante o 
deslocamento de casa para o trabalho ou vice-versa, ainda que fora do horário de expediente. 
O artigo 21, da Lei nº 8.213/91, enquadra o acidente in itinere em seu inciso III, alínea 
“d”, que diz: 
 
Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei: 
[...] 
IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: 
[...] 
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer 
que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. 
 
Estes eventos são equiparados aos acidentes de trabalho, tais como, os acidentes in 
itinere (trajeto entre a residência e o emprego e vice-versa), também na prestação de serviço 
espontâneo que objetiva trazer algum tipo de benefício para e empresa, pois em todos estes e 
em outros casos semelhantes existe um nexo com a atividade laboral (AMADO, 2016, p. 
294). 
Para que se configure o acidente de percurso, é necessário que o trabalhador esteja 
realizando seu trajeto habitual, não necessariamente o mais curto, mas aquele que pratica 
diariamente, pois no momento em que o empregado não esteja no caminho habitual, pode 
ensejar na descaracterização do acidente de trabalho, conforme disposto na Instrução 
Normativa INSS/PRES nº 77, de 21 de janeiro de 2015 em seu artigo 320, § 5º que diz: 
 
Art. 320 
[...] 
§ 5º Não se caracteriza como acidente de trabalho o acidente de trajeto sofrido pelo 
segurado que, por interesse pessoal, tiver interrompido ou alterado o percurso 
habitual. 
26 
 
Não apenas o caminho percorrido pelo trabalhador deve ser habitual, mas também o 
tempo que dele decorre da saída do trabalho ou de casa. Este deve ser compatível com o 
tempo normal do percurso, pois caso exceda demais o tempo também pode descaracterizar o 
acidente de trabalho (NETO, 2011). 
 
 
2.2 A responsabilidade civil do empregador 
 
O conceito de responsabilidade civil, segundo o doutrinador de Paulo Nader (2016, p. 
8): 
A nomenclatura responsabilidade civil possui significado técnico específico: refere-
se à situação jurídica de quem descumpriu determinado dever jurídico, causando 
dano material ou moral a ser reparado. 
 
 A responsabilidade civil ocorre nas situações onde aquele que sofre consequências por 
atos ilícitos praticados por outrem tenha o direito a ser indenizado, como forma de reparação e 
compensação do dano. 
 A responsabilidade objetiva do empregador surgiu diante da grande dificuldade de se 
provar a culpa do empregado em face dos empregadores nos acidentes de trabalho, o que 
acabava gerando muitas injustiças e trabalhadores não indenizados. 
 Responsabilidade civil objetiva é aquela em que não há necessidade de comprovação 
de culpa ou dolo para gerar a obrigação de indenizar. 
 O artigo 927 do Código Civil brasileiro dispõe que:Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica 
obrigado a repará-lo. 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, 
nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida 
pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. 
 
Muitos doutrinadores defendem que se a atividade crie um grande risco ao empregado, 
este já configura a responsabilidade objetiva, que não dependerá de prova de culpa e dolo, 
entretanto a Constituição Federal no Artigo 7º, XXVIII, deixa claro que, havendo culpa ou 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm#art186
27 
 
dolo do empregador, fica este sujeito à responsabilidade civil pelo fato (teoria subjetiva) 
(NINA, 2013). 
Esta responsabilidade objetiva somente aprecia evento danoso, ou seja, é considerada 
uma responsabilidade sem culpa, pois não faz análise ao comportamento daquele que tenha 
sofrido tal ato. Portanto, o dever de indenizar surge independentemente de conduta culposa, 
lícita ou ilícita, apenas é necessária a conexão entre a conduta e o dano (NINA, 2013). 
Esta conexão entre a conduta e o dano deve ser posto em análise, caso a caso, para que 
se busque identificar indícios que justifiquem e comprovem a relação. 
 
2.2.1 Do direito à indenização civil 
 
A responsabilidade pela reparação civil se configura mediante a presença de dolo ou 
culpa, sendo esta classificada como: – levíssima (quando há um mínimo de desvio de 
comportamento), leve (falta de diligência habitual do bono pater familiae) ou grave (falta 
absoluta de atenção exigida de qualquer pessoa. 
A necessidade de ficar caracterizado o dever de indenizar decorre dos seguintes 
aspectos: a) Acidente é fato humano; b) causa dano ou prejuízo; c) violação de um direito da 
vítima; d) noção de culpa do empregador. 
Cabe a reparação mediante indenização por perdas e danos materiais, bem como 
morais, nos casos em que decorre o dolo/culpa do empregador para com o empregado, 
respeitando sempre todos os requisitos acima expostos (CASTRO; LAZZARI, 2016, p. 582). 
Portanto, de acordo com a doutrina e jurisprudência gaúcha, pode-se concluir que em 
regra, a responsabilidade do empregador nos casos de acidentes é subjetiva, sendo necessário 
o dolo ou culpa por ato do empregador para que possa ocorrer o dever de indenizar. 
Neste sentido, seguem algumas decisões do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul: 
 
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE 
INITINERE. MORTE DE SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL. PRESSUPOSTOS 
DA OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA. Para a 
configuração da responsabilidade do empregador, é necessária a presença dos 
pressupostos da obrigação de indenizar, quais sejam: a conduta ilícita, o dano e o 
nexo de causalidade. Ainda, de acordo com o disposto no art. 7º, XXVIII, da 
Constituição Federal, a responsabilidade do empregador é subjetiva, dependendo de 
prova da culpa. AUSÊNCIA DE CULPA DO EMPREGADOR. DEVER DE 
28 
 
INDENIZAR INEXISTENTE. Não tendo sido comprovado que o município 
demandado tenha concorrido culposamente para a ocorrência do acidente de trânsito 
que vitimou o servidor, no deslocamento do trabalho para residência, revela-se 
inviável a concessão da indenização. Hipótese em que o falecido conduzia veículo 
próprio, tendo a prova dos autos evidenciado que o acidente ocorreu por culpa da 
própria vítima, por imprudência no trânsito. Lições doutrinárias e precedentes 
jurisprudenciais. Sentença de improcedência mantida. APELAÇÃO DESPROVIDA. 
(RIO GRANDE DO SUL, 2015). 
 
 Neste mesmo sentindo o relator Miguel Ângelo da Silva expõe: 
 
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE 
TRABALHO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. REPARAÇÃO DE DANOS 
MATERIAIS, MORAIS E ESTÉTICOS. DEMANDA PROPOSTA CONTRA O 
MUNICÍPIO DE PORTO ALEGRE. SERVIDOR MUNICIPAL ADMITIDO 
COMO CELETISTA CUJO REGIME JURÍDICO FOI CONVERTIDO AO 
ESTATUTÁRIO EM 01-01-1991. COMPETÊNCIA DECLINADA PELA 
JUSTIÇA LABORAL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. ALEGAÇÃO DE 
OCORRÊNCIA DE ACIDENTE DE TRABALHO "INITINERE". AMPUTAÇÃO 
DO MEMBRO INFERIOR ESQUERDO. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA 
DO MUNICÍPIO. INEXISTÊNCIA DE PROVA DA CULPA E DO NEXO DE 
CAUSALIDADE. DEVER DE INDENIZAR INEXISTENTE. Versando a demanda 
sobre responsabilidade civil por acidente do trabalho, há presunção de culpa do 
empregador, a quem incumbe demonstrar que adotou todas as diligências, cautelas e 
precauções necessárias para assegurar a incolumidade física do obreiro e evitar a 
ocorrência do infortúnio. Caso concreto em que os elementos de convicção coligidos 
ao bojo dos autos revelam que o demandante se envolveu em acidente de trânsito, 
quando dirigia uma motocicleta e teria sido "cortado" por veículo automotor, quando 
se deslocava para o local onde habitualmente desempenhava suas atividades 
laborativas, atuando como Guarda Florestal na Reserva Biológica do Lami/SMAM. 
Conjunto probatório revelador de que o autor não se deslocava para atender 
chamado de emergência ou situação excepcional. Acidente de trânsito para o qual o 
Município acionado não concorreu de qualquer modo. Nexo de causalidade não 
demonstrado. Dever de indenizar inocorrente. APELO DESPROVIDO. (RIO 
GRANDE DO SUL, 2014). 
 
O grande número de ações que chegam à justiça gaúcha com pedido de danos morais e 
materiais acaba esbarrando na ausência de culpa do empregador, criando assim uma 
jurisprudência uniforme sobre estas causas. 
Também na Justiça Trabalhista, referida questão já foi enfrentada por diversas vezes, 
como se pode observar pela ementa oriunda do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região: 
 
EMENTA: ACIDENTE DE PERCURSO OCORRIDO NO DESLOCAMENTO 
TRABALHO-RESIDÊNCIA. INEXISTÊNCIA DO DEVER DE INDENIZAR DA 
EMPREGADORA POR DANOS MORAIS. O acidente de percurso considerado 
como acidente de trabalho pela legislação previdenciária (art. 21, IV, "d", da Lei nº 
8.213/91), não enseja a responsabilidade da empregadora pelos danos sofridos pelo 
empregado, quando não comprovado que a empresa tenha concorrido com dolo ou 
culpa para a ocorrência do evento (RIO GRANDE DO SUL, 2016). 
 
29 
 
Neste mesmo sentido segue decisão do Tribunal Superior do Trabalho: 
 
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. 
ACIDENTE DE TRÂNSITO OCORRIDO, APÓS A JORNADA LABORAL, NO 
TRAJETO ENTRE A EMPRESA E RESIDÊNCIA DO EMPREGADO. 
INEXISTÊNCIA DE CULPA DA RECLAMADA. No caso, restou inconteste que o 
acidente de trânsito sofrido pelo Reclamante não se verificou durante a jornada de 
trabalho ou no exercício das atividades laborais desenvolvidas, cumprindo destacar 
que, embora o Reclamante tenha afirmado que exercia a função de Motoboy, tal 
premissa não restou assentada no acórdão regional. Nesse contexto, em que o 
acidente de trânsito sofrido foi desvinculado das atividades laborais desenvolvidas, 
tendo ocorrido no trajeto entre a empresa e a residência do Obreiro, após a jornada 
laboral e por culpa de terceiro, a equiparação a acidente de trabalho se verifica 
apenas para fins previdenciários (artigo 21, IV, d, da Lei 8.213 /91), não se 
afigurando possível a condenação da Reclamada ao pagamento de indenização por 
danos morais. Precedentes. Agravo de instrumento a que se nega provimento. 
(BRASIL, 2015). 
 
Portanto não incorrerá o dever de indenizar sem existir culpa/dolo na conduta patronal 
em relação ao acidente sofrido pelo empregado. 
 
2.2.1.1 Do acidente de trajeto quando fornecido pelo empregador 
 
Entretanto, nos casos em que ocorre o acidente in itinere quando o transporte for 
oferecido pela empresa, atrai a conduta objetiva da culpa, ficando condicionada à empresa 
como transportadora de seus empregados. 
Maurício Godinho Delgado na decisão do Tribunal Superior do Trabalho assim já se 
manifestou: 
 
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. 
ACIDENTE DE TRAJETO.TRANSPORTE FORNECIDO PELO 
EMPREGADOR. RESPONSABILIDADECIVIL OBJETIVA. DECISÃO 
DENEGATÓRIA. MANUTENÇÃO. O pleito de indenização por dano moral e 
material resultante de acidente do trabalho e/ou doença profissional ou ocupacional 
supõe a presença de três requisitos: a) ocorrência do fato deflagrador do dano ou do 
próprio dano, que se constata pelo fato da doença ou do acidente, os quais, por si 
sós, agridem o patrimônio moral e emocional da pessoa trabalhadora (nesse sentido, 
o dano moral, em tais casos, verifica-se in reipsa); b) nexo causal, que se evidencia 
pela circunstância de o malefício ter ocorrido em face das circunstâncias laborativas; 
c) culpa empresarial, a qual se presume em face das circunstâncias ambientais 
adversas que deram origem ao malefício (excluídas as hipóteses de responsabilidade 
objetiva, em que é prescindível a prova da conduta culposa patronal). Na hipótese, o 
TRT consignou que a obreira sofreu acidente de trânsito quando estava a caminho 
para o trabalho, em transporte fornecido pela empresa, caso que atrai a 
responsabilidade objetiva da empresa Reclamada, na condição de transportadora de 
seus empregados. Em decorrência do acidente, a Reclamante sofreu fraturas na 
30 
 
coluna, submetendo-se a cirurgia. Com efeito, a jurisprudência desta Corte Superior 
tem entendido que a responsabilidade do empregador é objetiva no caso em que o 
acidente de trânsito ocorre durante o transporte do empregado em veículo fornecido 
pela empresa, com base nos arts. 734 e 735 do Código Civil. Precedentes. Além 
disso, o Regional assentou que, a par da aplicação da responsabilidade objetiva, a 
Reclamada incorreu em culpa pelo acidente, por não ter contratado pessoa idônea 
para o serviço de transporte de seus empregados. Desse modo, não há como 
assegurar o processamento do recurso de revista quando o agravo de instrumento 
interposto não desconstitui os fundamentos da decisão denegatória, que ora subsiste 
(BRASIL, 2013). 
 
Observados assim os artigos 734 e 735 do Código Civil, poderá haver o dever de 
indenizar do empregador quando o transporte for oferecido pelo mesmo e ainda incorrer em 
fato danoso aos empregados envolvidos. 
 
2.2.2 Da responsabilidade pela não emissão do CAT – Comunicação de Acidente de 
Trabalho 
 
 A inciativa da emissão do CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho – é um dever 
do empregador sempre que ocorrer acidente de trabalho ou doença profissional. O legislador 
estabeleceu um modo de eximir esta iniciativa do empregado ou de seus dependentes, 
estipulando que o empregador reste incumbido de realizar a comunicação do acidente de 
trabalho ao INSS. 
 Para a concessão do benefício acidentário é obrigatória a emissão do CAT pela 
empresa em até um dia útil após o evento, em formulário próprio, sob pena da incidência das 
sanções do artigo 22 da Lei nº 8.213/91, que estipula multa variável entre o limite mínimo e o 
limite máximo do salário de contribuição, e também multa em caso de reincidência que serão 
aplicadas e cobradas pela previdência social. (CASTRO; LAZZARI, 2011, p. 579). 
Nos casos em que não ocorra a emissão pela empresa empregadora ou pelo 
empregador doméstico, a comunicação poderá ser realizada pelos dependentes, sindicatos 
competentes, médico ou autoridade pública, sem prejuízo à responsabilidade do empregador 
pela não emissão da CAT. 
Nos casos de empregados especiais, a comunicação deve ser realizada pelo próprio 
trabalhador, sindicato competente, seus dependentes, médico ou autoridade pública. 
 
31 
 
É obrigatória a emissão de quatro vias da comunicação, sendo que uma via deverá ser 
entregue ao INSS, uma ao trabalhador ou dependente, uma ao sindicato competente e uma 
última à empresa onde o trabalhador labora (AMADO, 2016, p. 297). 
Esta exigência garante além de transparência, uma garantia jurídica para o empregado, 
que poderá verificar as informações que foram repassadas ao INSS sobre seu acidente. 
 
2.2.2.1 Dos motivos que levam a não emissão da CAT 
 
Por diversas vezes não ocorre a emissão da CAT, sendo vários os motivos, como por 
exemplo, a falta de conhecimento do empregador, principalmente nos casos de acidentes in 
itinere, falta de amparo dos sindicatos competentes, bem como a má fé dos empregadores em 
alguns casos. 
Estas situações acabam prejudicando unicamente o empregado acidentado, que uma 
vez já prejudicado em decorrência do infortúnio, acaba sendo injustiçado, tendo seus direitos 
violados e exatamente no momento em que o trabalhador mais necessita. 
A não emissão da CAT ocorre por diversos fatores, como o não conhecimento da 
obrigatoriedade da emissão, não enquadramento de mais ocorrências de acidentes junto às 
estatísticas ou até mesmo manobras do empregador para buscar evitar futuros encargos 
trabalhistas decorrentes destes acidentes. 
Muitos empregadores ainda burlam a emissão do CAT com o intuito de obter 
vantagens nas alíquotas da contribuição do SAT – Seguro de Acidente de Trabalho, o que não 
ocorrerá a partir de 2018, quando o acidente de trajeto não fará mais parte do cálculo do fator 
acidentário de prevenção – FAP, conforme Resolução 1.329/2017 do Conselho Nacional de 
Previdência, pois se entende que o empregador não pode arcar com um ônus de algo que não 
esteja a seu controle. 
Em todos os casos de acidente ou doença de trabalho, mesmo sem o afastamento do 
trabalho pelo empregado, o INSS está obrigado a registrá-lo. Portanto, em qualquer evento 
onde fica caracterizado o acidente, deve ocorrer a emissão da CAT (CASTRO; LAZZARI, 
2011, p. 579). 
 
32 
 
Todas as exigências vistas no item anterior visam garantir ao trabalhador acidentado 
que seus direitos sejam resguardados e cumpridos de maneira a garantir-lhes que tais 
infortúnios não sejam encobertos ou manipulados pelos empregadores que busquem omitir a 
CAT. 
 
2.2.2.2 Do dano moral pela não emissão da CAT 
 
Diante do caso de não emissão da CAT pelo empregador, é incontroverso que o 
trabalhador terá seus direitos corrompidos, o que resulta na jurisprudência gaúcha afirmar que 
há a obrigação do dever de indenizar por danos morais aquele que tenha sido prejudicado. 
Conforme Deborah Coleto Assumpção de Moraes, relatora no Recurso Inominado, nº 
71006763742, julgando ação de indenização por danos morais em razão da não emissão da 
CAT: 
 
A simples ausência da emissão da CAT, obrigação do empregador, é ato suficiente, 
ainda que sem repercussões patrimoniais, de causar ofensa aos direitos de 
personalidade. A ausência de emissão da CAT postergou de modo indevido o início 
do atendimento médico ao autor, causando dor física e moral, caracterizando-se 
lesão a direito personalíssimo (RIO GRANDE DO SUL, 2017). 
 
 Ainda neste mesmo sentido, o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região: 
 
ACIDENTE DE TRABALHO. NÃO EMISSÃO DA CAT PELO EMPREGADOR. 
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS DEVIDA. Comprovado que o autor 
sofreu uma queda dentro da empresa, não tendo havido emissão da CAT 
(Comunicação de Acidente de Trabalho), devida a reparação indenizatória em razão 
dos danos morais (RIO GRANDE DO SUL, 2017). 
 
Importante frisar que o pagamento das indenizações, sejam elas pagas de uma só vez 
ou pensionada, não podem ser compensadas por nenhum benefício previdenciário (CASTRO; 
LAZZARI, 2011, p. 579). 
Evidente então que o abalo sofrido pelo empregado em não ter recebido benefício de 
seu direito pelas vias que poderiam lhe ser facilitado, gera o dever de indenizar. 
 
33 
 
2.3 O não reconhecimento pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) do Infortúnio 
como Acidente ou Doença do Trabalho 
 
O fato da não emissão da CAT não impede o empregado de ter reconhecido o acidente 
de trabalho, sendo necessária a comprovação de que o afastamento superior a quinze dias 
tenha decorrido de acidente de trabalho (CASTRO; LAZZARI, 2011, p. 579). 
Ainda que o trabalhador esteja laborando sem o registro detrabalho em CTPS, venha a 
sofrer algum tipo de acidente de trabalho, tendo sua capacidade laborativa reduzida por mais 
de quinze dias, terá garantia de emprego, desde que atendidos os requisitos para a 
caracterização da relação de emprego (CASTRO; LAZZARI, 2011, p. 594). 
Evidente que nestes casos, onde já verificada a ocorrência de falhas na relação jurídica 
entre o empregado e o empregador, há que se recorrer à Justiça do Trabalho para o empregado 
ter seus direitos resguardados. 
 
2.3.1 Da estabilidade acidentária 
 
O artigo 118 da Lei nº 8.213/91 prevê que “o segurado que sofreu acidente do trabalho 
tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho 
na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção 
de auxílio-acidente”. 
Trata-se de um direito trabalhista, vedando o empregador a dispensa sem justa causa 
do empregado acidentado. Importante salientar que, mesmo o empregado não tendo percebido 
a verba indenizatória da previdência social, possui garantia do emprego. 
A estabilidade é garantida após o 16º dia da incapacidade e começa a ser contada da 
data da cessação do auxílio previdenciário, quando recebida a alta médica pelo perito do 
INSS. O benefício apenas abrange os casos de demissão sem justa causa, sem garantia às 
rescisões por justa causa ou pelo próprio pedido de demissão do empregado (CASTRO; 
LAZZARI, 2011, p. 594) 
 
34 
 
Importante lembrar que o empregado não tendo ficado afastado mais de 15 dias das 
atividades laborais, mesmo com emissão da CAT, não tem direito à estabilidade provisória. 
 
2.3.1.1 Da estabilidade acidentária durante o aviso prévio 
 
No que tange à possiblidade do benefício da estabilidade acidentária no caso de o fato 
ter ocorrido dentro do período do aviso prévio é garantido também este direito. Conforme a 
jurisprudência gaúcha: 
 
ACIDENTE DO TRABALHO. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. O fato de o 
benefício ter sido requerido após a rescisão contratual levada a efeito pela reclamada 
não afasta o direito do reclamante quanto à estabilidade no emprego pelo acidente no 
trabalho, tendo em vista que é incontroverso que o afastamento foi ocasionado pela 
lesão decorrente daquele. Inteligência da Súmula 378 do TST (RIO GRANDE DO 
SUL, 2015). 
 
 Portanto, “neste sentido, em que pese o teor das súmulas do TST 371 e 378, tem-se 
firmado o entendimento de que a superveniência de acidente de trabalho ou doença 
ocupacional no curso do aviso prévio gera, sim, a proteção contra despedida” (CASTRO; 
LAZZARI, 2011, p. 595). 
 Justo garantir ao trabalhador tal direito, uma vez que o acidente ocorreu pelo fato de o 
empregado estar realizando atividade que persegue à atividade laboral. 
 
 
2.4 Aspectos relevantes da nova Legislação Trabalhista – CLT 
 
 A nova legislação trabalhista, trazida pela Lei nº 13.467/17, trouxe grandes mudanças 
na vida de empregados e empregadores. As mudanças na nova Consolidação das Leis do 
Trabalho – CLT – não abrangem apenas aspectos de cunho trabalhista, mas também aspectos 
de cunho previdenciário, onde se pode observar quando se tratam os assuntos relativos aos 
acidentes de trabalho in itinere. 
A nova CLT alterou o artigo 58, §2º, ou seja, pela nova legislação o tempo gasto no 
percurso entre a ida e a volta não pode mais ser considerado tempo à disposição do 
35 
 
empregador, mesmo aquele em que o local seja de difícil acesso ou fornecido pela própria 
empresa. 
“Dessa forma enquanto o enunciado atual do artigo 58, § 2º da CLT trata 
exclusivamente de jornada de trabalho, seu novo enunciado trouxe mais: o empregado não 
estará à disposição do empregador” (MEDEIROS, 2017). 
Frente à análise da citação acima, não se pode mais considerar o acidente de trajeto 
como acidente de trabalho, quando analisado o aspecto unicamente trabalhista. Entretanto, a 
Lei nº 8.213/91 continua trazendo em seu artigo 21, IV, “d”, a previsão de que se equiparam 
aos acidentes de trabalho, aqueles ocorridos no percurso do trabalho para casa e vice-versa, 
inclusive na utilização de veículo próprio do empregado. 
Para o empregado, o não reconhecimento do acidente de trajeto como acidente de 
trabalho trará grandes prejuízos para sua pessoa, uma vez que já infortunado, ficará 
desamparado pela lei trabalhista, perdendo a garantia de sua estabilidade, facilitada então a 
sua demissão sem justa causa e que, provavelmente, ocorrerá de maneira corriqueira nas 
empresas diante das possíveis perdas de capacidade laborativa e até mesmo o tempo sobre o 
empregado ficará impossibilitado do trabalho. 
Como afirma Medeiros (2017), o artigo 21, IV, “d”, da Lei nº 8.213/91 resta 
incompatível com o artigo 58, §2º da nova legislação trabalhista, e conforme artigo 1º da Lei 
de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei nº 4.657/1942) será passível de 
ser interpretada como revogação do primeiro pela segunda. 
Referida situação será fundamento para ações judiciais pelos empregadores em busca 
da revogação da Lei Previdenciária, no intuito de verem afastadas as possibilidades de ainda 
serem reconhecidos os acidentes in itinere como acidentes de trabalho (MEDEIROS, 2017). 
Decisões estas que afetarão milhões de trabalhadores que diariamente se deslocam de 
seus lares até seus locais de trabalho, e que poderão não mais estarem amparados como antes. 
 
 
 
 
 
36 
 
CONCLUSÃO 
 
 A previdência social surgiu com o intuito de garantir aposentadorias aos contribuintes 
e também garantias àqueles que venham a sofrer infortúnios durante suas jornadas laborais. 
 Os acidentes de trabalho passaram a ter amparo legal a partir do Código Comercial 
Brasileiro, no ano de 1850. A partir de então, passou por constantes mudanças até que no ano 
de 1988, a Constituição Federal passa a ver os acidentes de trabalho como um risco social. No 
ano de 1991, surge a Lei de Benefícios Sociais, regulando os benefícios sociais e acidentários, 
equiparando o acidente de trajeto ao acidente de trabalho. 
Em virtude de os acidentes de trajeto ocorrerem no momento em que o empregado 
esteja em uma situação de disponibilidade ao empregador, surge o benefício previdenciário, 
que equipara os acidentes de trajeto como acidente de trabalho, entretanto há a necessidade de 
seguir procedimentos para que tal benefício seja concedido. 
Na análise da possibilidade de indenização civil pelo empregador foram abordados os 
elementos necessários para a configuração de responsabilidade civil, como o dano, o nexo 
causal e a conduta ilícita. 
Concluiu-se que a responsabilidade civil que cabe ao empregador se limita aos 
incidentes em que haja responsabilidade objetiva do empregador, como nos casos dos 
acidentes que ocorrem em transporte oferecido pelo empregador, ou dolo do empregador, 
como nos casos de não emissão da CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho, que 
acabam, em ambos os casos, resultando danos morais ao empregado, e possível indenização. 
Com a chegada da nova legislação trabalhista, o tempo decorrido no trajeto entre a ida 
para o trabalho, e vice-versa, não mais pode ser considerado como à disposição ao 
empregador, o que poderá trazer mudanças significativas sob as questões relacionadas aos 
acidentes in itinere. 
Com a reforma trabalhista as legislações trabalhista e previdenciária divergem no 
momento em que a CLT não mais prevê as horas in itinere, enquanto a Lei de Benefícios 
Sociais ainda equipara os acidentes in itinere como acidentes de trabalho. Há que se por em 
prática a nova legislação, onde então as novas decisões pelo tema decidirão a permanência ou 
não dos acidentes de trajeto como benefício previdenciário. 
 
37 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
AMADO, Frederico. Direito previdenciário. 7 ed. Bahia: Juspodivm, 2016. 
 
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. 7. ed. São Paulo: Ltr, 2011. 
 
BRASIL. Agravo de Instrumento Recurso de Revista Nº:18500220115180221, 3ª Turma, 
Tribunal Superior do Trabalho, Relator: Mauricio Godinho Delgado, Data de julgamento: 
11/12/2013, Data de Publicação: DEJT 13/12/2013. 
 
______. Agravo de Instrumento em Recurso de Revista Nº 1731520115040030 Sétima 
Turma, Tribunal Superior do Trabalho, Relator: Douglas Alencar Rodrigues, Julgado em 
14/10/2015. 
 
______. Planalto. Constituição Federal de 1988. Disponível em 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituição.htm>. Acesso em: 06 out. 
2016. 
 
______. Lei nº 8.213 de 24 de julho de 1991. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8213cons.htm>. Acesso em: 06 out. 2016. 
 
CASTRO, Carlos Alberto; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário. 16. 
ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014. 
 
______. Manual de direito previdenciário. 19. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016. 
 
______. Manual de direito previdenciário. 4. ed. Rio de Janeiro: Ltr, 2003. 
 
CNPS: Conselho aprova alterações no cálculo do Fator Acidentário de Prevenção. 
Disponível em: < http://www.previdencia.gov.br/2016/11/cnps-conselho-aprova-alteracoes-
no-calculo-do-fator-acidentario-de-prevencao> Acesso em: 14 de out de 2017. 
 
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 10. ed. São Paulo: Ltr, 2011. 
 
DIREITO DO TRABALHO. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia 
Foundation, 2016. Disponível em: 
<https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Direito_do_trabalho&oldid=46241950>. Acesso 
em: 6 out. 2016. 
 
DIREITO POSITIVO. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia 
Foundation, 2016. Disponível em: 
<https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Direito_positivo&oldid=45514399>. Acesso em: 
2 nov. 2016. 
 
EDUARDO, Italo Romano; EDUARDO, Jeane Tavares Aragão. Curso de direito 
previdenciário. 10. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 
 
http://www.previdencia.gov.br/2016/11/cnps-conselho-aprova-alteracoes-no-calculo-do-fator-acidentario-de-prevencao/
38 
 
EQUIDADE. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2016. 
Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Equidade&oldid=46558653>. 
Acesso em: 27 ago. 2016. 
 
GALLI, Rafael Altafin. Direito do trabalho I. ed. Rio de Janeiro: SESES, 2016. 
 
GOES, Hugo Medeiros. Manual de direito previdenciário. 10. ed. Rio de Janeiro: Ferreira, 
2015. 
 
KERTZMAN, Ivan. Curso prático de direito previdenciário. 12. ed. Bahia: Juspodivm, 
2015. 
 
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2006. 
 
______. Direito do trabalho. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2012. 
 
MEDEIROS, Fábio. A nova CLT e o acidente no percurso para o trabalho. 
2017.<https://jota.info/artigos/a-nova-clt-e-o-acidente-no-percurso-para-o-trabalho-8072017> 
Acesso em: 24 de out de 2017. 
 
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Elementos de Direito Administrativo. São Paulo: RT, 
1986. 
 
NADER, Paulo. Curso de direito civil. volume 7: responsabilidade civil. / Paulo Nader. – 6. 
ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2016. 
 
NETO, Nestor Waldhelm. Acidente de trajeto. 2011. Disponível em: 
<http://segurancadotrabalhonwn.com/acidente-de-trajeto/>. Acesso em: 16 de set de 2017. 
 
NINA, Thais Santos. A responsabilidade civil do empregador. 2013. 
<http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/7951/A-responsabilidade-civil-do-empregador>. 
Acesso em: 16 de set de 2017. 
 
O significado de responsabilidade civil. Disponível em: 
<https://www.significados.com.br/responsabilidade-civil/> Acesso em : 16 de set de 2017. 
 
OTTO VON BISMARCK. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia 
Foundation, 2016. Disponível em: 
<https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Otto_von_Bismarck&oldid=46460774>. Acesso 
em: 16 ago. 2016. 
 
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 1994. 
 
RIO GRANDE DO SUL. Apelação Cível Nº: 70063523260 Décima Câmara Cível, Tribunal 
de Justiça do RS, Relator: Paulo Roberto Lessa Franz (Julgado em 26/03/2015). 
 
______. Apelação Cível Nº:70055901235, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, 
Relator: Miguel Ângelo da Silva (Julgado em 30/04/2014). 
 
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Equidade&oldid=46558653
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Otto_von_Bismarck&oldid=46460774
39 
 
______. Recurso Inominado Nº: 71006763742, Segunda Turma Recursal da Fazenda 
Pública, Tribunal de Justiça do RS, Relatora: Deborah Coleto Assumpção de Moraes, Julgado 
em 26/07/2017. 
 
______. Recurso Ordinário Nº: 0010039-61.2013.5.04.0811 RO. Segunda Turma, Tribunal 
Regional do Trabalho 4ª Região, Relatora: Tania Regina Silva Reckziegel, Julgado em 
13/07/2017. 
 
______. Recurso Ordinário Nº: 0000882-79.2013.5.04.0030 (RO). Sexta Turma, Tribunal 
Regional do Trabalho 4ª Região, Relator: Roberto Antônio Carvalho Zonta, Julgado em 
18/03/2015. 
 
______. Recurso Ordinário Nº 0021081-88.2014.5.04.0030 (RO). Primeira Turma, Tribunal 
Regional do Trabalho 4ª Região, Relatora: Manuel Cid Jardon, Julgado em 18/08/2016. 
 
RUSCHEL, Cícero Steiner; MOREIRA, Luiz Fernando. Justiça do Trabalho demonstra 
que não emitir CAT pode ser pior. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2008-out-
24/justica_demonstra_nao_emitir_cat_pior> Acesso em: 14 de out de 2017. 
 
SUPERINTENDÊNCIA de seguros privados. SUSEP. História do Seguro. Disponível em: 
<http://www.susep.gov.br/menu/a-susep/historia-do-seguro>. Acesso em: 01 nov 2016. 
https://www.conjur.com.br/2008-out-24/justica_demonstra_nao_emitir_cat_pior#author
https://www.conjur.com.br/2008-out-24/justica_demonstra_nao_emitir_cat_pior
https://www.conjur.com.br/2008-out-24/justica_demonstra_nao_emitir_cat_pior

Continue navegando

Outros materiais