Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Bioquímica II Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Rossana Soares de Almeida Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Vitaminas e Minerais Vitaminas e Minerais • Abordar os Princípios da Bioquímica e sua relevância no estudo da Nutrição; • Proporcionar ao aluno conhecimentos básicos sobre os nutrientes essenciais e seu papel no metabolismo energético; • Oferecer informações sobre a alimentação saudável; • Abordar aspectos relacionados à nutrição de micronutrientes, vitaminas e minerais; • Debater a relação da nutrição e as doenças crônicas não transmissíveis. OBJETIVOS DE APRENDIZADO • Nutrição, Digestão e Absorção – Vitaminas e Minerais; • Micronutrientes – Vitaminas e Minerais; • As Vitaminas Lipossolúveis; • Síntese da Vitamina D; • As Vitaminas Hidrossolúveis. UNIDADE Vitaminas e Minerais Nutrição, Digestão e Absorção – Vitaminas e Minerais Nosso organismo é dependente de água e também de diversos combustíveis, pois todo Sistema está em constante renovação e crescimento (tecidos, órgãos e células. A maior parte desses combustíveis vem dos macronutrientes da dieta alimentar e são eles: proteínas, carboidratos, vitaminas fibras, gorduras e minerais. Quando a insuficiência de vitaminas pela ingestão é deficiente, podem surgir sinais desse déficit sob a forma de doenças clínicas por deficiência, por exemplo, temos a anemia (déficit de ferro), o cretinismo e o bócio (déficit de iodo), bem como o excesso, que pode causar toxicidade. A obesidade e a desnutrição são patologias diretamente associadas ao tipo de dieta, e existem mais indivíduos obesos do que desnutridos no planeta. Figura 1 – Conceitos para macronutrientes Fonte: HARVEY; FERRIER, 2012 8 9 Sobre a origem do termo “vitamina”, em 1911, um jovem químico do Lister Institute de Londres, Casimir Funk, conseguiu isolar, do farelo de arroz, uma substância cristalizada que possuía uma função amina, que é o grupo funcional associado a cadeias carbônicas com radical (-NH2). Como essa substância manifestou-se capaz de precaver e curar o dis- túrbio chamado “beribéri” (deficiência de vitamina B12), Funk criou o termo “vitamina” (Vit + amina), para salientar que essa amina era indispensável à vida. As necessidades energéticas de cada indivíduo variam de acordo com seu estilo de vida e as necessidades energéticas aumentam com a prática de atividade física. Dez por cento da energia fornecida pela dieta alimentar pode ser utilizada na composição de reservas (como o glicogênio e o triglicerídeo), reservas essas que serão utilizadas nos momentos entre as refeições ou nos longos períodos de jejum. Existem dois tipos de desnutrição: o marasmo e o kwashiorkor. O marasmo é um estado de emagrecimento excessivo e que pode acometer qualquer indivíduo. Ele transcorre após vários episódios de balanços energéticos negativos, quando as reservas anteriormente citadas (glicogênio e triglicerídeos) se esgotam, tendo início o catabolismo muscular para a manutenção do suprimento de glicose. O segundo tipo de desnutrição é o kwashiorkor, que está mais relacionado a países em desenvolvimento e acomete apenas crianças subnutridas, com déficit expressivo na absorção de proteínas. Esse tipo de desnutrição consiste na formação de edemas (concentração diminuída de proteínas plasmáticas) pela dificuldade de absorção de vitaminas e nutrientes, resul- tado da retenção de líquido. Tabela 1 – Comparativo entre os dois tipos de desnutrição Fonte: HARVEY; FERRIER, 2012 Pacientes com doenças crônicas (câncer e HIV), geralmente, apresentam caquexia, uma condição de desnutrição. A caquexia assemelha-se ao marasmo, mas vem asso- ciada ao agravante de acometer pacientes com perda considerável de proteína. 9 UNIDADE Vitaminas e Minerais Tabela 2 – Descoberta das vitaminas e suas respectivas fontes Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons Micronutrientes – Vitaminas e Minerais As vitaminas constituem um grupo de nutrientes orgânicos não sintetizados pelo organismo, no entanto, indispensáveis a uma enorme variedade de funções biológicas. Todas as vitaminas são de origem da dieta alimentar e são liberadas no organismo no momento em que ele passa pelo processo de digestão. As vitaminas lipossolúveis (solúveis em lipídeos) são compostos hidrofóbicos, são transportadas pelo sangue por intermédio de lipoproteínas e são absorvidas pelo intestino em associação à absorção de lipídeos. As vitaminas lipossolúveis são A, D, E Kwashiorkor K. A ingestão excessiva das vitaminas A e D, assim como acontece em qualquer tipo de vitamina, pode causar toxicidade. Cada tipo de vitamina está associado a uma função em específico e sua deficiên- cia pode causar distúrbios: • Vitamina A – Função: visão e diferenciação celular. O déficit pode causar: cegueira noturna e xeroftalmia; • Vitamina D – Função: metabolismo do cálcio e fosfato e diferenciação celular. O déficit pode causar raquitismo em crianças e osteomalácia em adultos; • Vitamina E – Função: antioxidante. O déficit pode causar distúrbios neurológi- cos e anemia hemolítica; • Vitamina K – Função: coagulação sanguínea. O déficit pode causar doença hemorrágica. 10 11 Deficiência da vitamina A. Disponível em: https://bit.ly/3aWIVky As vitaminas hidrossolúveis são, por definição, solúveis em água e facilmente excretadas pelo organismo. São exemplos as vitaminas B e C, o ácido fólico, o pan- totênico e a biotina. Suas funções são, principalmente, atuar como cofatores enzimáticos, mas existem síndromes associadas à deficiência de cada vitamina hidrossolúvel: • Deficiência de Vitamina B12: beribéri, queilose, seborreia, pelagra e anemia megaloblástica, anemia perniciosa e acidúria metilmalônica; • Vitamina C: escorbuto; • Ácido fólico: anemia megaloblástica. Uso racional da vitamina C. Acesse: https://bit.ly/3hw3ZRx Tabela 3 – Ingestão recomendada de vitaminas em nutrientes, segundo a FAO (Food and Agriculture Organization), 2001 Fonte: Adaptado de RODWELL et al., 2017 Considerando o processo de absorção, as vitaminas são absorvidas pelo intestino em um processo de difusão facilitada mediante um carreador: • A vitamina D tem papel regulador na homeostase do cálcio, sendo necessária para absorção intestinal desse elemento químico, também para a produção da proteína de ligação do cálcio e para recrutar seus transportadores; • A absorção de ferro é estimulada pela presença de agentes redutores, tais como a vitamina C, além do álcool e da frutose. No entanto, o cálcio impede essa ab- sorção, acarretando, por exemplo, no fato que um copo de leite ingerido após uma refeição diminui consideravelmente os níveis de disponibilidade do Fe. 11 UNIDADE Vitaminas e Minerais Biodisponibilidade das vitaminas. Disponível em: https://bit.ly/3hJBZtX Tabela 4 – Tabela de vitaminas Fonte: Adaptado de RODWELL et al., 2017 As Vitaminas Lipossolúveis • Vitamina A: forma um conjunto de compostos orgânicos insaturados, liposso- lúveis, presentes nos alimentos, entre os quais estão o retinol (retinal e o ácido retinóico) e os carotenos (betacaroteno) e compostos relacionados. O retinol é a forma da vitamina A absorvida na ingestão de alimentos de origem animal como carnes e ovos. Figura 2 –Vitamina A Fonte: RODWELL et al., 2017 12 13 A vitamina A tem diversas funções, pois é fundamental para o crescimento e para o desenvolvimento de diversas células, para a manutenção de dentes e ossos, para os tecidos moles, membranas, mucosas e pele, para a manutenção do sistema imunológico e para a visão saudável. Quando se analisa o rótulo de um alimento, a quantidade de vitamina A presente é definida pela quantidade de retinol sob o seu equivalente em microgramas = µg de vitamina A pré formada + 1/6 µg de betacaroteno + ½ µg de outros carotenos provenientes da vitamina A. Figura 3 – Caroteno e vitâmeros da vitamina A Fonte: Rodwell et al., 2017 A retina dos olhos precisa de vitamina A sob a forma de retinol que, combinado à proteínaopsina, forma a rodopsina, que tem a função de adaptação à luz. O ácido retinóico, que é uma forma oxidada do retinol, é importantíssimo para o crescimento de diversas células. Os betacarotenos são antioxidantes com ação protetora das células e o ácido retinóico faz o controle da diferenciação e renovação celular e tecidual. As principais fontes animais de vitamina A são: ovos, queijo, manteiga, baca- lhau e carne (principalmente, o fígado), as fontes vegetais: frutas e legumes amare- los, laranja, e as fontes de betacaroteno: brócolis, espinafre, pimenta, batata doce, cenoura, abóbora e folhas de cor verde escura. A deficiência de vitamina A pode intensificar os problemas de visão em adultos (cegueira noturna, lesões de córnea e hiperqueratoses) e pode causar cegueira em crianças de até 5 anos. Os primeiros sinais são da perda da sensibilidade à luz verde, seguida do compro- metimento de adaptação às condições de baixa luminosidade. 13 UNIDADE Vitaminas e Minerais O problema pode avançar para a cegueira noturna, mas se o problema persistir, pode levar à xeroftalmia, que é a queratinização da córnea e, consequentemente, a cegueira total. A vitamina A é essencial, também, no processo de crescimento e diferenciação das células do sistema imune, então a falta dessa vitamina pode causar maior sus- cetibilidade a doenças infecciosas. A capacidade de metabolização da vitamina A é limitada e, portanto, o excesso, devido à suplementação exacerbada também pode causar doenças congênitas. O consumo excessivo de betacaroteno não causa doen- ças, mas pode acarretar o amarelamento da pele; • Vitamina D: a vitamina D é essencial para a manutenção de ossos, pois tem a função de facilitar a absorção de cálcio e outros minerais como o ferro, o magnésio e o zinco. Ela também é importante para o bom funcionamento dos músculos, dos nervos e do Sistema imunológico. Existem restritas fontes natu- rais de vitamina D, que: peixes de água fria (salmão, atum, sardinha etc.), fígado, queijo e gema de ovo. A principal fonte natural de vitamina D é a produção de colecalciferol (vitamina D3) pela pele, produção essa ativada pela luz solar. Existem evidências de que o consumo controlado por suplementação de vitamina D podem trazer proteção contra o câncer, a pré-diabetes e a Síndrome Metabólica, lembrando-se de que a vitamina consumida em excesso é tóxica. Pessoas com déficit de vitamina D podem apresentar deficiência na mineraliza- ção dos ossos, como raquitismo em crianças ou osteomalácia em adultos (Figura 5). Figura 4 – Vitamina D Fonte: Wikimedia Commons Ligantes e receptores, vitamina D. Disponível em: https://bit.ly/3hxc9cq 14 15 Síntese da Vitamina D O 7 desidrocolesterol é um intermediário da produção do colesterol que se con- centra na pele. Ele passa por uma reação enzimática após a exposição à luz UV, produzindo a pré-vitamina D. Depois de algumas horas, a pré-vitamina D sofre uma reação adicional produzindo o colecalciferol, que é absorvido pela corrente sanguínea. Figura 5 – Osteomalacia, defi ciência de vitamina D Fonte: HARVEY; FERRIER, 2012 A Figura 6 descreve a síntese da vitamina D: Figura 6 – Síntese da vitamina D Fonte: RODWELL et al., 2017 Deficiência de vitaminas D e esquizofrenia. Disponível em: https://bit.ly/3hzKsjg • Vitamina E: a vitamina E não desempenha uma função metabólica pontualmente estabelecida, mas ela atua como antioxidante lipossolúvel nas membranas celula- res, protegendo-as dos ataques dos radicais livres, fortalece o Sistema Imunológico 15 UNIDADE Vitaminas e Minerais e amplia o calibre dos vasos sanguíneos, impedindo a formação de coágulos. Os elementos fontes de vitamina E são: óleos vegetais (girassol, trigo e cártamo ou açafrão-bastardo), frutos secos (amendoim, avelã e amêndoas) e sementes (giras- sol), oléos de milho e soja e legumes como espinafre e brócolis também possuem uma certa concentração de vitamina E; Importante! A vitamina E é um grupo de compostos químicos que compreende os tocoferóis e os tocotrienóis. Ela também está disponível de várias formas, sendo a mais comum delas a gama-tocoferol e a segunda forma mais disponível e a mais ativa biologicamente é o alfa-tocoferol. Figura 7 – Tocoferol, a forma mais ativa da vitamina E Fonte: Wikimedia Commons Vitaminas lipossolúveis em alimentos. Disponível em: https://bit.ly/3hw4Vp1 • Vitamina K: a vitamina K é necessária para a síntese de proteínas envolvidas na coagulação sanguínea. São três os compostos que apresentam atividade bioló- gica na vitamina K: 1) filoquinona (folhas verdes); 2) menaquinona (sintetizadas pelas bactérias intestinais) e 3) menadiona e o diacetato de menadiol, que são compostos sintéticos que podem ser convertidos para a filoquinona. Tabela 5 – Concentração em µg de fi loquinona por 100 g de alimento Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons 16 17 Figura 8 – Compostos da vitamina K Fonte: RODWELL et al., 2017 Figura 9 – Conceitos para macronutrientes Fonte: HARVEY; FERRIER, 2012 As Vitaminas Hidrossolúveis • Vitaminas B: são vitaminas essenciais às reações metabólicas, assessorando o nosso organismo no metabolismo do alimento e na produção de energia. Além das reações metabólicas, as vitaminas do tipo B auxiliam, também, na síntese dos glóbulos vermelhos. As fontes naturais de vitaminas B são: proteínas ani- mais, ovos, laticínios, legumes e folhas verdes, feijão, fava e ervilha; 17 UNIDADE Vitaminas e Minerais Vitaminas do complexo B. Disponível em: https://bit.ly/3lqS2Pf • Vitamina B1, Tiamina: tem papel fundamental no catabolismo dos aminoá- cidos e dos carboidratos. A tiamina-bifosfato atua como coenzima nas reações de descarboxilação pela piruvato-desidrogenase, a cetoglutarato-desidrogenase no ciclo de Krebs e a desidrogenase de cetoácidos. Nas três reações citadas, a tiamina propicia a formação do carbono reativo que, por sua vez, produzirá o carbânion e, em seguida, o grupo carbonil, como o piruvato e, finalmente, o CO2 é eliminado. A tiamina também funciona como coenzima das pentoses fosfato e exerce o papel importantíssimo na transmissão dos impulsos nervosos, já que ativa um canal do ânion cloreto na membrana celular, além de participar da síntese do DNA e do RNA; Fontes de Tiamina: É um nutriente encontrado tanto em alimentos de origem animal quanto vegetal. Sua manutenção é feita por meio da ingestão regular de alimentos, como legumes verdes, frutas, peixes, fígado, carne vermelha (principalmente, a carne de porco), salsichas, legumes secos e os cereais integrais. Artigo efeitos dos níveis de tiamina. Disponível em: https://bit.ly/2FRX4nE Figura 10 – A Tiamina, a coenzima Tiamina-pirofosfato e o carbânion Fonte: RODWELL et al., 2017 • Vitaminas B2, Riboflavina: A riboflavina tem como função liberar energia pro- duzida no ciclo de Krebs, na cadeia respiratória e no metabolismo de lipídeos, pois fornece as frações reativas das coenzimas FMN e FAD. A FMN, flavina mononucleotídeo, é formada pela fosforilação da riboflavina, uma reação depen- dente de ATP. A FAD, flavina adenina dinucleotídeo, é formada pela reação subsequente à formação da FMN, também com ATP, na qual a fração AMP é transferida para FMN. Além disso, por sua coloração amarela, a riboflavina também é muito utilizada como aditivo alimentar. As principais fontes naturais de riboflavina são o leite e os laticínios; 18 19 Figura 11 – Ribofl avina e as coenzimas FMN e FAD Fonte: Rodwell et al., 2017 • Vitamina B3, Niacina: é composta por duas estruturas importantíssimas no metabolismo energético, o ácido nicotínico e a nicotiamida, além de duas coen- zimas, o NAD (dinucleotídeo de nicotiamina e adenina) e o NADP (dinucleotídeo de nicotiamina e adenina). O NAD transporta elétrons através das reações meta- bólicas de produção de energia pelo metabolismo de açucares, gorduras e álcool, e o NADP é uma coenzima que participa da produção dos lipídeos e ácidos nu- cleicos. A Niacina foi descoberta em estudos feitos da pelagra(dermatite fotossen- sível) como um nutriente, e não se trata especificamente de uma vitamina, pois pode ser sintetizada pelo organismo a partir do aminoácido triptofano; Figura 12 – Ácido nicotínico e nicotiamida Fonte: RODWELL et al., 2017 A pelagra pode evoluir pela deficiência em triptofano e niacina, caracterizada por uma dermatite fotossensível que, se não controlada, pode causar demência. Acomete duas vezes mais mulheres do que homens, pois o estrogênio, hormô- nio feminino, pode suprimir o metabolismo do triptofano. Além das deficiências em triptofano e niacina, o déficit em riboflavina ou vitamina B6 também podem acarretar a doença. O ácido nicotínico e a nicotiamida administrados em valores superiores a 500 mg/dia pode causar toxicidade; • Vitamina B5, ácido pantotênico: tem associação à oxidação dos ácidos graxos e hidratos de carbono. A coenzima A é oriunda do ácido pantotênico e está en- volvida em diversas reações metabólicas de síntese: aminoácidos, ácidos graxos, corpos cetônicos, colesterol, fosfolipídeos, hormônios e esteroides; Figura 13 – Ácido pantotênico Fonte: Wikimedia Commons 19 UNIDADE Vitaminas e Minerais Figura 14 – Ácido pantotênico e coenzima CoA Fonte: RODWELL et al., 2017 • Vitamina B6: seis compostos têm atividade de vitamina B6: piridoxina, piri- doxal, piridoxamina e seus fosfatos 5’, diferindo apenas quanto à natureza do grupo funcional ligado ao anel, como mostra a Figura 15; Figura 15 – Estruturas da vitamina B6 Fonte: HARVEY; FERRIER, 2012 20 21 A piridoxina pode ser encontrada em plantas e o piridoxal e a piridoxiamina podem ser de fontes animais. São vitaminas que participam de um grupo quimicamente muito similar e que podem ser convertidas entre si dentro do Sistema Biológico. A coenzima A é a piridoxal-5’-fosfato, que é a forma metabolicamente ativa da vitamina B6 e que está envolvida em diversas reações metabólicas de síntese: no metabolismo de macronutrientes, na síntese da hemoglobina e na expressão de genes, além de reações como: descarboxilações, transaminações, racemiza- ções, eliminações, substituições e interconversões. Cerca de 80% da vitamina B6 existente no organismo estão sob a forma de piridoxal fosfato nos músculos em combinação com o glicogênio; Figura 16 – Compostos ativos da vitamina B6 (piridoxina, piridoxal e piridoxamina) Fonte: RODWELL et al., 2017 Existem evidências raras de deficiência da vitamina B6, podendo causar desequilí- brio no metabolismo do triptofano e da metionina. A vitamina B6 (recomendação 2 a 7 mg por dia) em excesso (100 a 200 mg por dia) pode provocar neuropatia sensorial, a retirada da vitamina em excesso pode causar lesão neurológica; • Vitamina B7, biotina: é um composto essencial para o metabolismo de macro- nutrientes (proteínas, lipídeos e hidratos de carbono). É uma coenzima essen- cial em quatro carboxilases: acetil-CoA carboxilase (síntese de ácidos graxos), piruvato-CoA carboxilase (gliconeogênese), betametilcrotonil-CoA carboxilase (metabolismo da leucina) e a propionil-CoA carboxilase (metabolismo de amino- ácidos e colesterol); 21 UNIDADE Vitaminas e Minerais Figura 17 – Biotina Fonte: Wikimedia Commons • Vitamina B9, ácido fólico ou folato: é uma coenzima e está sob a forma de THF (ácido tetrahidrofólico), participa de reações como metabolismo de ácidos nucleicos e aminoácidos, síntese de nucleotídeos, divisão celular (gravidez e infância) e produção dos glóbulos vermelhos; Figura 18 – Ácido fólico Fonte: Wikimedia commons Você Sabia? Associação da deficiência de ácido fólico com alterações patológicas e estratégias para sua prevenção: uma visão crítica. Disponível em: https://bit.ly/2D4Oi4Q O aumento na demanda (durante a gestação) ou as patologias do intestino del- gado, alcoolismo ou tratamento com fármacos inibidores podem causar a defi- ciência do ácido fólico. O déficit em ácido fólico pode provocar a anemia me- galoblástica, que causa o comprometimento da síntese das hemácias (glóbulos vermelhos) e do DNA; Recomenda-se que todas as mulheres em idade fértil ou gestantes no primeiro trimestre de gestação façam a administração de ácido fólico diariamente (0,4 mg), para diminuir os riscos de que a criança venha com defeitos no tubo neural como anencefalia e espinha bífida; 22 23 Figura 19 – Comparativo entre medulas normal e megaloblástica Fonte: HARVEY; FERRIER, 2012 • Anencefalia: Má formação do cérebro durante a formação embrionária, que pode acometer o feto entre o 16ª e 26ª dias de vida e é definida pela ausência da caixa craniana e do cérebro. • Espinha bífida: Ocorre no início da gestação, tendo como consequência a má formação dos ossos da coluna, posteriormente, podendo provocar a abertura da coluna na região sacral, na parte baixa final da coluna. Qual é a importância do ácido fólico na gestação? • Vitamina B12: as vitaminas B12 são descritores genéricos das cobalaminas, compostos que possuem cobalto (anel corrina) na sua estrutura. Coenzima participante do metabolismo e desenvolvimento de todas as células do corpo, principalmente, na sistematização do DNA, participa também das reações me- tabólicas dos hidratos de carbono, proteínas, lipídeos, aminoácidos e ácidos graxos, sendo essencial na produção de células na medula, neurônios e pro- teínas. A proteína B12 é absorvida pelo organismo por intermédio da ligação 23 UNIDADE Vitaminas e Minerais a um fator intrínseco: o ácido gástrico libera a conexão da B12 ao alimento e ela se liga à cobalofilina, uma proteína de ligação liberada pela saliva. A coba- lofilina sofre hidrólise e deixa a vitamina livre para se ligar ao fator intrínseco. Daí a conexão da insuficiência pancreática e a deficiência da vitamina B12, pois a vitamina pode ser excretada quando ligada à cobalofilina antes de se ligar ao fator intrínseco; Ela só é encontrada em alimentos de origem animal, pois não existem fontes de vitamina B12 de origem vegetal. Assim sendo, pessoas com dietas veganas precisam estar atentos à falta dessa vitamina; Figura 20 – Vitamina B12 Fonte: Wikimedia Commons A deficiência da vitamina B12 pode causar anemia, pois afeta o metabolismo do ácido fólico, acarretando uma deficiência funcional do folato, que tem como consequência o comprometimento da síntese das hemácias e do DNA, causan- do a anemia megaloblástica; O déficit da B12 pode causar também a anemia perniciosa, que tem como con- sequência a degeneração irreversível da medula espinhal. A destruição do fator intrínseco (é imprescindível a ligação da vitamina B12 ao fator intrínseco para que a vitamina seja absorvida pelo organismo) promovida por doença autoimu- ne, aumenta a dificuldade do organismo em absorver a vitamina B12; A deficiência da vitamina B12 pode causar também o déficit funcional de folato – o sequestro do folato – a metionina sintase, uma enzima dependente da vita- mina B12, é essencial ao processo de síntese do folato. 24 25 O comprometimento da produção da metionina em consequência da deficiência da vitamina B12 causa o acúmulo da homocisteína e inibe a produção do folato, conforme é mostrado na Figura 21; Figura 21 – Relação vitamina B12 e metionina sintase, na formação do folato Fonte: RODWELL et al., 2017 Você Sabia? Diagnóstico e exames laboratoriais da anemia megaloblástica por deficiência de vitamina b12 e ácido fólico. Acesse: https://bit.ly/2EwM3rj • Vitamina C: a forma ativa da vitamina C é o ácido ascórbico, que tem um papel importante agindo como coenzima na hidroxilação de várias reações bioquímicas celulares. As funções da vitamina C são hidroxilação do colágeno e composição das proteínas dos ossos, dentes, tendões e vasos sanguíneos. É também um pode- roso antioxidante e é usada na síntese e na produção dos hormônios e neurotrans- missores, além de auxiliar o Sistema Imunológico, a respiração celular e manter os vasos sanguíneos protegidos. São fontes de vitamina C: frutas (laranja, limão, kiwi) e legumes (brócolis, morangos, tomates, pimentões, batatas);É sempre bom lembrar-se de que a quantidade de vitamina C disponível nos alimentos pode ser diminuída com o cozimento de qualquer alimento que seja fonte dessa vitamina. O consumo deficiente da vitamina C (10 mg por dia) causa a avitaminose C ou escorbuto, como também o cancro e as doenças renais. 25 UNIDADE Vitaminas e Minerais Figura 22 – Cristais de ácido ascórbico, vitamina C Fonte: Wikimedia Commons Tabela 6 Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons A absorção da vitamina C é bem tolerada pelo organismo, e doses controladas podem ser seguras até mesmo para gestantes. A vitamina C está relacionada a um grupo em que estão presentes a vitamina E e o beta caroteno. Essas são vitaminas antioxidantes. O consumo de vitamina C diariamente está relacionado à diminuição de doenças crônicas como cardiopatias e câncer. Escorbuto: é uma patologia associada à deficiência de vitamina C, com sinais como fra- queza, cansaço, dores nos membros superiores e inferiores. Se não for tratado, o escorbuto pode acarretar diminuição do número de glóbulos vermelhos, inflamação das gengivas e hemorragias na pele. Com a progressão da doença, podem surgir também problemas de cicatrização e morte causada por infeção ou hemorragia. 26 27 Figura 23 – Ácido ascórbico, vitamina C Fonte: Wikimedia Commons Vitamina C. Disponível em: https://bit.ly/3lf5CFo Tabela 7 – Resumo vitaminas 27 UNIDADE Vitaminas e Minerais Fonte: HARVEY e FERRIER, 2012 28 29 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Bioquímica ilustrada de Harper RODWELL, V. W. et al. Bioquímica ilustrada de Harper. 30.ed. Porto Alegre: AMGH, 2017. Cap. 43 e 44. Bioquímica ilustrada HARVEY, R. A.; FERRIER, D. R. Bioquímica ilustrada. 5.ed. Porto Alegre: Artmed, 2012. 520p. Cap. 28. Bioquímica ilustrada de Harper MURRAY R. K. H. Bioquímica Ilustrada. 27.ed. Rio de Janeiro: McgrawHill, 2007. Cap. 51. Leitura Alimentação, fotoexposição e suplementação: influência nos níveis séricos de vitamina D https://bit.ly/3gEADiN Suplementação Vitamínica – Bases Clínicas https://bit.ly/2EtaGWe Ácido fólico: uma abordagem acerca de benefícios e malefícios https://bit.ly/32wP4Ap Biotina para tratamento da deficiência da Biotinidase https://bit.ly/2ElTbHv 29 UNIDADE Vitaminas e Minerais Referências AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Biologia em Contexto. São Paulo: Moderna, 2013. BAYNES, J. W.; DOMINICZAK, M. H. Bioquímica médica. 3.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. BERG, J. M.; STRYER, L.; TYMOCZKO, J. L. Bioquímica. 7.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. CAMPBELL, M. K.; FARRELL, S. O. Bioquímica. 3.ed. São Paulo: Cengage Learning, 2006. Parte 4. HARVEY, R. A.; FERRIER, D. R. Bioquímica ilustrada. 5.ed. Porto Alegre: Artmed, 2012. 520p. Cap. 28. MARZZOCO, A.; TORRES, B. B. Bioquímica básica. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. MURRAY R. K. H. Bioquímica Ilustrada. 9.ed. Ed. Rio de Janeiro: McgrawHill, 2007. NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de Bioquímica de Lehninger. 7.ed. Porto Alegre: Artmed, 2011. RODWELL, V. W. et al. Bioquímica ilustrada de Harper. 30.ed. Porto Alegre: AMGH, 2017. 30
Compartilhar