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CAPÍTULO 17 Bandura: Teoria Social Cognitiva ♦ Panorama da teoria social cognitiva ♦ Biografia de Albert Bandura ♦ Aprendizagem Aprendizagem por observação Aprendizagem enativa ♦ Causação recíproca triádica Um exemplo de causação reciproca triádica Encontros casuais e eventos fortuitos ♦ Agência humana Características fundamentais da agência humana Autoeficácia Agência por procuração Eficácia coletiva ♦ Autorregulação Fatores externos na autorregulação Fatores internos na autorregulação Autorregulação por meio da agência moral ♦ Comportamento desadaptado Depressão Fobias Agressividade Bandura ♦ Terapia ♦ Pesquisa relacionada Autoeficácia e terrorismo Autoeficácia e diabetes A teoria social cognitiva “se torna global” ♦ Críticas a Bandura ♦ Conceito de humanidade ♦ Termos-chave e conceitos As pessoas, com frequência, têm sua trajetória de vida alterada por encontros inesperados ou por acontecimentos não planejados. Esses encontros TEORIAS DA PERSONALIDADE 329 Segundo, por meio de um modelo de causação recíproca triádica, que inclui fatores comportamentais, ambientais e pessoais, as pessoas têm a capacidade de regular suas vi- casuais e eventos fortuitos muitas vezes determinam com das. Os humanos podem transformar eventos transitórios quem as pessoas se casam, que carreira seguem, onde mo- em formas relativamente habituais deavaliareregular seu ram ecomo vivem. ambientesocialecultural. Sem essacapacidade,as pessoas Muitos anos atrás, um jovem estudante de pós-gra- meramente reagiriam às experiências sensoriais e não te- duação chamado Al teve um encontro casual que alterou o riam a capacidade de antecipar eventos, criar ideias novas curso desua vida. Em um domingo, Al, que geralmenteera ou usar padrões internos para avaliar experiências atuais. um estudanteconsciencioso,sentiu-seentediado com uma Duas forças ambientais importantes no modelo triádico tarefa deleitura desinteressantee decidiu que uma partida são os encontroscasuaise os eventosfortuitos. de golfe seria preferível a enfrentar o trabalho escolar. Al se encontrou com um amigo, e os dois jovens foram até Terceiro, a teoria social cognitiva assume uma perspec- tiva de agência , ou seja, os humanos têm a capacidade de o campo de golfe. No entanto, eles chegaram muito tarde exercer controle sobre a natureza e sobre a qualidade de para o tempo final de jogo e, então, foram para um buraco suas vidas. As pessoas são tanto as produtoras quanto os mais adiantado. Por acaso, esses dois rapazes se encontra- produtos dos sistemas sociais. Um componente importan- vam jogando atrás de duas garotas dejogo muito lento. Em te do modelo de causação recíproca triádica é a autoeficácia. vez de continuar jogando, os dois homens se juntaram às O desempenho tendeaser melhorado quando háautoeficá- duas mulheres e os dois se tornaram quatro. Assim, um cia, ou seja, a confiança de que as pessoas podem executar trabalho deleituraenfadonhae um tempo dejogo atrasado aqueles comportamentos que produzirão comportamentos reuniu duas pessoas que, de outra forma, nunca teriam se desejadosem uma situação particular. Além daautoeficá- encontrado. Por essa série de eventos casuais, Albert Ban- cia, a agência por procuração e a eficácia coletiva podem dura e Ginny (Virginia) Varns se conheceram em uma ar- predizer o desempenho. Com a agência procuração, as pes- madilha de areia de um campo de golfe. Eles acabaram se soas podem depender de outros para bens e serviços, en- casando e tiveram duas filhas, Mary e Carol, que, como a maioria de nós, foram fruto de um encontro casual. quanto eficácia coletiva refere-se às crenças compartilhadas dos indivíduos de quesão capazes de promover mudança. Os encontros casuais e os eventos fortuitos foram Quarto,as pessoas regulam suaconduta por meio de ignorados,em grande parte, pela maioria dos teóricos da fatores externos e internos. Os fatores externos incluem o personalidade, muito embora muitos de nós reconheçam ter tido experiências não planejadas que modificaram de forma significativa nossas vidas. PANORAMA DA TEORIA SOCIAL COGNITIVA a vmbiente físico e social, e os fatores internos, a auto-obser- ação, o processo dejulgamento eaautorreação. Quinto, quando as pessoas se encontram em situa- ções moralmente ambíguas, em geral tentam regular seu comportamento por meio d a agência moral,a qual inclui redefinir o comportamento, desconsiderar ou distorcer as consequências do comportamento, desumanizar ou acusar as vítimas do comportamento e deslocar ou pulverizar a A teoria social cognitiva de Albert Bandura leva a sério responsabilidades por suas ações. os encontros casuais e os eventos fortuitos, muito embora reconheça que tais encontros e eventos não alteram inva- BIOGRAFIA DE ALBERT BANDURA riavelmente a trajetória da vida de alguém. A forma como reagimosa um encontro ou evento inesperado costumaser mais poderosa do que o evento em si. Albert Bandura nasceu em 4 de dezembro de 1925, em Mundare, uma pequena cidade nas planícies do norte de A teoria social cognitiva se apoia emvários pressupos- Alberta. Ele cresceu como o único menino em uma família tos básicos. Primeiro, a característica excepcional dos hu- de cinco irmãs mais velhas. Ambos os pais emigraram de manoséa plasticidade; ou seja,eles têm a flexibilidade para países do Leste Europeu quando aindaeram adolescentes – aprender uma variedade de comportamentos em diversas seu pai da Polôniaesua mãe da Ucrânia. Bandurafoienco- situações. Bandura concorda com Skinner (Cap. 16) que as pessoas podem aprender, e aprendem, pela experiência rajado por suas irmãs a ser independente e autoconfiante. Ele também aprendeu a se autodirecionar na pequena es- direta, ainda que dê muito mais ênfase à aprendizagem vicariante, ou seja, aprender pela observação dos outros. cola da cidade, que tinha poucos professores e recursos es- cassos. No ensino médio,ele tinha apenas dois instrutores Banduratambém enfatizaaideia de que o reforço podeser para ensinar todo o currículo. Nesse ambiente, a aprendi- vicariante; as pessoas podem ser reforçadas observando zagem era deixada para a iniciativa dos alunos, uma situa- outro indivíduo receber uma recompensa. Esse reforço in- direto explica boa parte da aprendizagem humana. ção que se adequava bem a um estudante brilhante como 330 FEIST, FEIST & ROBERTS Bandura. Outros alunos também pareciam desabrochar Bandura ocupou mais de uma dezena de cargos em sob essa atmosfera; praticamente todos os colegas de aula prestigiosas sociedades científicas, incluindo presidente de Bandura frequentaram a universidade, uma situação da American Psychological Association (APA) em 1974, muito incomum no início da década de 1940. presidente da Western Psychological Association em 1980 Depois de se formar no ensino médio, Bandura pas- e presidente honorário da Canadian Psychological Associa- sou um verão em Yukon, trabalhando narodovia do Alasca. tion em 1999. Além disso, recebeu mais de uma dúzia de Essa experiência o colocou em contato com uma variedade títulos honorários de universidades renomadas por todo o de trabalhadores, muitos dos quais estavam fugindo dos mundo.Outras honrariase prêmiosincluem o Guggehheim credores, de pensão alimentícia ou do serviço militar. Além Fellowship, em 1972, o Distinguished Scientific Contribu- disso, diversos companheiros de trabalho manifestavam tion Award da Divisão 12 (Clínica) da APA no mesmo ano, vários graus de psicopatologia. Ainda quesuas observações o Distinguished Scientific Contribution Award da APA em desses trabalhadores tenham acendido nele um interesse pela psicologia clínica, ele sódecidiu se tornar psicólogo 1980 e o Distinguished Scientist Award da Society of Beha- vior Medicine. Ele foi eleito membro da American Acade- depois de ter se matriculado na Universidade de British my of Arts and Sciences em 1980. Além disso, recebeu o Columbia,em Vancouver. Distinguished Contribution Award daInternational Society Bandura disse a Richard Evans (Evans, 1989) que sua for Research on Aggression; o William James Award of the decisão desetornar psicólogo foiacidental; isto é, foi resul- American Psychological Science, por realizações excepcio- tado de um evento fortuito. Na faculdade, Bandura viaja- nais na ciência psicológica; o Robert Thorndike Award for va até a escola com alunos de medicina e engenharia, que Distinguished Contribution of Psychology to Education, da eram madrugadores. Em vez de não fazer nada durante o APA;e o James McKeen Cattell Fellow Award da American primeiro horário, Bandura decidiu se inscrever em uma Psychological Society. Também foi eleito para a American turma de psicologia oferecida naquele período de tempo. Academy of Arts and Sciences e para o Institute of Medi- Ele achou a aula fascinante e acabou decidindo focar a cine da National Academy of Sciences. Iniciando em 2004, psicologia. Posteriormente, Bandura veio a considerar os a American Psychology Society, em parceria com a Psy Chi eventosfortuitos(como o fato deir paraaescolacom estu- – TheNationalHonor Society in Psychology – passou a pre- dantes que eram madrugadores) como influências impor- miar um aluno excepcional de pós-graduação em psicologia tantes na vida das pessoas. com o Albert Bandura Graduate Research Award. Bandura atualmente detém a cátedra David Starr Jordan de Ciência Depois de se formar na British Columbia em apenas Socialem Psicologia na Universidade Stanford. três anos, Bandura procurou um programa de pós-gradua- ção em psicologia clínica que tivesse uma base forte na teoria da aprendizagem. Seu conselheiro recomendou a APRENDIZAGEM Universidade de Iowa, e, então, Bandura deixou o Cana- dá e foi para os Estados Unidos. Ele concluiu o mestrado Um dos primeiros e mais básicos pressupostos da teoria em 1951 e o doutorado em psicologia clínica no ano se- social cognitiva de Bandura é que os humanos são muito guinte. Então, passou um ano em Wichita, fazendo uma flexíveisecapazes deaprenderinúmerasatitudes, habilida- residência pós-doutorado, no Wichita Guidance Center. des e comportamentos e que boa parte dessas aprendiza- Em 1953, associou-se ao corpo docente da Universidade gens são resultado de experiências vicariantes. Ainda que Stanford, onde permaneceu, exceto por um ano, como as pessoas possam aprendereaprendam com aexperiência membro do Centro para Estudos Avançados em Ciências Comportamentais. direta, muito do que elas aprendem é adquirido por meio da observação dos outros. Bandura(19986)afirmou que, A maior parte das publicações iniciais de Bandura foi “se o conhecimento só pudesse ser adquirido por meio dos em psicologia clínica, abordando, principalmente, psicote- efeitos das próprias ações, o processo do desenvolvimento rapiae o teste de Rorschach. Então,em 1958,elecolaborou cognitivo e social seria enormemente retardado, para não com Richard H. Walters, seu primeiro aluno de doutorado, dizerexcessivamenteentediante” (p. 47). para publicar um trabalho sobre delinquentes agressivos. No ano seguinte, publicou seu livro Agressividade adoles- Aprendizagem por observação cente (Adolescent Aggression, 1959). Desde então, Bandura continuou aescreversobre umaampla variedade detemas, muitas vezes em colaboração com seus alunos da pós-gra- Conforme Bandura, a observação permite que as pessoas aprendam sem realizar qualquer comportamento. As pes- soas observam fenômenos naturais, plantas,animais, ca- duação. Seus livros mais influentes são: Teoria da aprendi- choeiras, o movimento da lua e das estrelas, e assim por zagem social (Social Learning Theory , 1977), Fundamentos sociais do pensamento e da ação (Social Foundations of Thou- diante, mas especialmente importante para a teoria so- ght and Action, 1986) e Autoeficácia: o exercício do controle cial cognitiva é o pressuposto de que elas aprendem pela (Self-efficacy: the exercise of control, 1997). observação do comportamento de outras pessoas. A esse TEORIAS DA PERSONALIDADE 331 respeito, Bandura difere de Skinner, para quem o compor- Atenção. Antes que possamos modelar outra pessoa, pre- tamento enativo é o dado básico da ciência psicológica. Ele cisamos prestar atenção nela. Que fatores regulam a aten- também discorda de Skinner por acreditar que o reforço ção? Primeiro, como temos mais oportunidades de obser- não é essencial para a aprendizagem. Ainda que o refor- var indivíduoscom quem frequentemente nosassociamos, ço facilite a aprendizagem, Bandura afirma que ele não é temos mais probabilidade de prestar atenção nessas pes- uma condição necessária. As pessoas podem aprender, por soas. Segundo, modelosatraentestêm maior probabilidade exemplo, observando modelos sendo reforçados. deserem observados dos que os não tão atraentes – figuras Para Bandura (1986, 2003) a aprendizagem por obser- populares natelevisão,em esportes ou em filmestendem a vação é muito mais eficiente do que a aprendizagem pela ser observadas de modo atento. Além disso, a natureza do experiência direta.Observando outras pessoas, os humanos comportamento a ser moldado afeta nossa atenção: obser- poupam incontáveis respostas que poderiam ser seguidas vamos o comportamento queconsideramosimportante ou por punição ou por nenhum reforço. As crianças observam valioso para nós. as personagens natelevisão, porexemplo,repetemo que ou- Representação. Para que a observação conduza a novos vem ou veem;elas não precisam executar comportamentos aleatórios,esperando quealgum delessejarecompensado. Modelagem padrões de resposta, esses padrões devem ser simbolica- menterepresentados na memória. A representação simbó lica não precisaser verbal, porquealgumas observaçõessão retidas em imagens e podem ser evocadas na ausência do A essência da aprendizagem por observação éa modelagem. modelo físico. Esse processo é especialmente importante Aprender por modelagem envolve somare subtraira partir nainfância, quando as habilidades verbaisainda não se de- do comportamento observado e generalizar de uma observa- senvolveram. ção para outra. Em outras palavras, modelagem envolve pro- A codificação verbal, no entanto, acelera muito o pro- cessos cognitivos e não simplesmente mimetismo ou imita- cesso da aprendizagem por observação. Com linguagem, ção. É mais do quecombinarasações de outra pessoa; implica podemos avaliar verbalmente nossos comportamentos e representar simbolicamenteas informaçõesearmazená-las para uso em um momento futuro (Bandura, 1986, 1994). decidir quais deles desejamos descartar e quais desejamos experimentar. A codificação verbal também nosajudaaen- Vários fatoresdeterminam se uma pessoa iráaprender saiar o comportamento simbolicamente, ou seja, diz repe- com um modelo em uma situação particular. Primeiro, as tidas vezes a nós mesmos como iremos realizar o compor- características do modelo são importantes. As pessoas têm tamento quando surgir a oportunidade. O ensaio também maior probabilidade de usar como modelo indivíduos de alto status do que aqueles de baixo status, competentesem podeenvolverarealização real daresposta modelada,esua práticaauxilia o processo deretenção. vez de sem habilidades ou incompetentes, e poderosos em vez deimpotentes. Produção do comportamento. Depois de prestaratenção a um modelo e reter o que observamos, então produzimos Segundo, as característicasdo observador afetam o comportamento. Ao converterasrepresentaçõescogniti- a probabilidade da modelagem. As pessoas que não pos- vasem açõesapropriadas, precisamos nos fazer várias per- suem status, habilidade ou poder têm maior probabilidade guntasacerca do comportamento aser modelado. Primeiro de modelar. As crianças modelam mais do que as pessoas mais velhas,e os novatostêm mais probabilidade de mode lar do que os experts. perguntamos: “Como posso fazer isto?”. Depois de ensaiar simbolicamente as respostas relevantes, experimentamos o novo comportamento. Enquanto o executamos, monito- Terceiro, as consequências do comportamento a ser ramos a nós mesmos com a pergunta: “O que estou fazen- modelado podem ter um efeito no observador. Quanto do?”. Por fim, avaliamos nosso desempenho perguntando: maior o valor que um observador atribui a determinado comportamento, mais provavelmente ele irá adquirir tal “Estou fazendo isto certo?”. Esta última pergunta nem sempre é fácil de responder, em especial se ela se refere a comportamento. Além disso, a aprendizagem pode ser uma habilidade motora, como dançar balé ou pular de um facilitada quando o observador vê um modelo recebendo trampolim,em que não podemos nos verrealmente. Portal punição severa; por exemplo, ver outra pessoa receber um choqueforteao tocarem um fio elétrico ensinaao observa- razão,algunsatletas usam câmeras de vídeo para ajudá-los dor uma lição valiosa. a adquirir ou a melhorar habilidades motoras. Motivação. A aprendizagem por observação é mais efe- Processos que governam a aprendizagem por observação tiva quando os aprendizes estão motivados para realizar o comportamento modelado. Atenção e representação po- dem levar à aquisição da aprendizagem, mas o desempe- Bandura(1986)reconhece quatro processos que governam a aprendizagem por observação: atenção, representação, produção do comportamento e motivação. nho é facilitado pela motivação para executar aquele com- portamento em particular. Mesmo que a observação dos 332 FEIST, FEIST & ROBERTS outros possa nos ensinar como fazer algo, podemos não ter grau de controle sobre os eventos que moldam o curso de o desejo derealizaraação necessária. Uma pessoa pode ob- suas vidas. O controle, entretanto, depende da interação servar outra usando uma serra elétrica ou um aspirador de recíproca de variáveis pessoais, do comportamento e do pó e não estar motivada para experimentar qualquer uma ambiente. dessasatividades. A maioria dos pedestres que observam uma obra em construção não tem o desejo de imitar o tra- balhador da construção. Aprendizagem enativa CAUSAÇÃO RECÍPROCA TRIÁDICA No Capítulo 16, vimos que, para Skinner, o comportamen- to é uma função do ambiente; ou seja, o comportamento, Cadaresposta dadaéseguida por umaconsequência. Algu- em última análise, pode ser rastreado até forças externas mas dessas consequências são satisfatórias, outras insatis- fatórias ou simplesmente não são captadas de modo cog- à pessoa. À medida que as contingênciasambientais mu- dam, o comportamento se modifica também. Mas que nitivo e, portanto, têm pouco efeito. Bandura acredita que impulso muda o ambiente? Skinner reconhecia que o com- o comportamento humano complexo pode ser aprendido portamento humano pode exercer alguma medida de con- quando as pessoas pensam a respeito e avaliam as conse- quências de seus comportamentos. tracontrole sobre o ambiente, porém insistia em que, na análise final, o comportamento é ambientalmente deter- minado. Outros teóricos, como Gordon Allport (Cap. 12) As consequências de uma resposta servem a, pelo me- e Hans Eysenck (Cap. 14) enfatizaram a importância dos nos, três funções. Primeiro, as consequências da resposta traços ou da disposição pessoal para moldar o comporta- nos informa dos efeitos de nossas ações. Podemos reter mento. Em geral, esses teóricos sustentavam que fatores essa informação e usá-la como um guia para ações futu- pessoais interagem com as condiçõesambientais para pro- ras. Segundo, as consequências de nossas respostas mo- duzir o comportamento. tivam nosso comportamento antecipatório; isto é, somos Albert Bandura (1986, 1999b, 2001, 2002b) adota capazes de representar simbolicamente resultados futuros uma posição um pouco diferente. Sua teoria social cogni- e agir em conformidade. Não só possuímos insight, como tiva explica o funcionamento psicológico em termos de também somos capazes de previsão. Não temos que sofrer causação recíproca triádica . Esse sistema pressupõe que a o desconforto das temperaturas frias antes de decidirmos ação humana é resultado de uma interação entre três va- vestir um casaco quando saímos em um clima gélido. Em riáveis: ambiente, comportamento e pessoa. Por “pessoa” vez disso, antecipamos os efeitos do clima frio e úmido e Bandura queria dizer, em grande parte, mas não exclusi- vamente, fatores cognitivos como memória, antecipação, nos vestimos de acordo. Terceiro, as consequências das respostas servem para reforçar o comportamento, uma planejamento e julgamento. Como as pessoas possuem e função que foi solidamente documentada por Skinner usam essas capacidades cognitivas,elas possuem alguma (Cap. 16) e por outros teóricos do reforço. Bandura (1986), capacidade de selecionar ou reestruturar seu ambiente, ou no entanto, discute que, embora o reforço possa ser in- seja,a cognição determina, pelo menosem parte,a quais consciente e automático às vezes, os padrões comporta- eventos ambientais as pessoas atentam, que valor elas mentais complexos são bastante facilitados pela interven- atribuem a esses eventos e como elas os organizam para ção cognitiva. Ele defendia que a aprendizagem ocorre uso futuro. Ainda que a cognição possa ter um forte efeito de forma muito mais eficiente quando o aprendiz está causalsobre o ambientee o comportamento,ela não é uma envolvido cognitivamente na situação de aprendizagem e entidadeautônoma, independente dessas duas variáveis. compreende quais comportamentos precedem respostas de sucesso. Bandura (1986) criticava os teóricos que atribuem a causa do comportamento humano aforçasinternascomo instin- Em resumo, conforme Bandura, novos comporta- tos, impulsos, necessidadeseintenções. A própriacognição mentos são adquiridos por meio de dois tipos principais é determinada,sendo formada pelo comportamento e pelo de aprendizagem: aprendizagem por observação e apren- ambiente. dizagem enativa. O elemento central da aprendizagem por observação é a modelagem, que é facilitada pela observa- A causação recíproca triádica é representada de forma esquemática na Figura 17.1, em que B significa comporta- ção de atividades apropriadas, pela codificação apropriada mento (behavior); E é o ambienteexterno (environment);e P desses eventos para representação na memória, pela real representa a pessoa (person), incluindo o gênero, a posição execução do comportamento e por estar motivado o su- social, o tamanho e a atratividade física, mas especialmen- ficiente. A aprendizagem enativa permite que as pessoas te fatores cognitivos como pensamento, memória, julga- adquiram novos padrões de comportamento complexo mento e previsão. pela experiência direta, pensando a respeito e avaliando as consequências de seus comportamentos. O processo Bandura usa o termo “recíproca” para indicar uma de aprendizagem permite que as pessoas tenham algum interação triádica de forças, não uma ação contrária. Os B TEORIAS DA PERSONALIDADE 333 vai parar de chorar por um tempo, mas, em casos futuros, ele terá maior probabilidade de persistir até que eu ceda. Portanto, não vou permitir que ele ganhe outrobrownie.” Dessa forma, o pai tem um efeito sobre o ambiente(a criança) e sobre o próprio comportamento (rejeitando o pedido do filho). O comportamento posterior da criança (ambiente do pai) ajuda a moldar a cognição e o compor- tamento do pai. Se a criança para de insistir, o pai pode, então, ter outros pensamentos. Por exemplo, ele pode avaliar seu comportamento pensando: “Sou um bom pai porque fiz a coisa certa”. A mudança no ambiente também permite ao pai buscar comportamentos diferentes. Assim, seu comportamento posterior é parcialmente determina- do pela interação recíproca do ambiente, da cognição e do P E comportamento. FIGURA17.1 Conceito de Bandura de causação recíproc.aO funciona- Esse exemplo ilustra a interação recíproca dos fatores comportamentais, ambientais e pessoais segundo o pon- mento humano é produto da interação de (B) comportamento, (P) variá- veis da pessoa e (E) ambiente. to de vista do pai. Primeiro, os apelos do filho afetaram De Albert Bandura, 1994. Social cognitive theory and mass communication. In J. Bryant & D. Zillmann (Eds.), Media Effects: Advances in Theory and Research (p. 62). Hillsdale,NJ: Erlbaum. Reproduzida com permissão. o comportamento do pai (E ⇒ B); eles também determi- naram, em parte, a cognição do pai (E ⇒ P); o comporta- mento do pai ajudou a moldar o comportamento do filho, ou seja, o ambiente dele (B ⇒ E); o comportamento dele também interferiu em seus pensamentos (B ⇒ P); e sua três fatores recíprocos não precisam ser de mesma força cognição determinou parcialmente seu comportamento ou fazer contribuições iguais. A potência relativa dos três (B ⇒ P). Para completar o ciclo, P (pessoa) deve influen- varia conforme o indivíduo e a situação. Por vezes, o com- ciar E (ambiente). Como a cognição do pai pode moldar portamento pode ser mais potente, como quando a pessoa diretamente o ambiente sem antes ser transformada em toca piano para o próprio prazer. Outras vezes, o ambiente comportamento? Não pode. No entanto, P não significa exerce a maior influência, como quando um barco vira e todos os sobreviventes começam a pensar e a agir de uma cognição apenas; representa pessoa. Bandura (1999b) le- vantou a hipótese de que “as pessoas evocam diferentes forma muito semelhante. Mesmo que comportamento e reações de seu ambiente social, devido a suas caracterís- ambiente possam, por vezes, ser os contribuintes mais ticas físicas – como idade, altura, raça, sexo e atratividade fortes para o desempenho, a cognição (pessoa), em geral, física – mesmo antes de dizerem ou fazerem algo”(p. 158). é o contribuinte mais significativo para o desempenho. O pai, então, devido a seu papel e status como pai e talvez A cognição provavelmente seria ativada nos exemplos da em conjunção com o seu tamanho e força, tem um efeito pessoa tocando piano para o próprio prazer e nos sobrevi- decisivo sobre o filho. Assim, a ligação causal é completa ventes de um barco virado. A influência relativa do com- (P ⇒ E). portamento, do ambiente e da pessoa depende de qual dos fatores triádicos é mais forte em um momento específico (Bandura, 1997). Encontros casuais e eventos fortuitos Ainda que as pessoas possam exercitar, e exercitem, uma Um exemplo de causação recíproca triádica dose significativa de controle sobre suas vidas, elas não podem predizer ou antecipar todas as mudanças ambien- Considere o seguinte exemplo de causação recíproca tais possíveis. Bandura é o único teórico da personalidade triádica. Uma criança implorando ao pai por um segundo a considerar com seriedade a possível importância dos en- brownie é, do ponto de vista do pai, um evento ambien- controscasuais e dos eventosfortuitos. tal. Se o pai automaticamente (sem pensamento) desse Bandura (1998a) definiu um encontro casual como ao filho o que foi solicitado, então os dois estariam con- “um encontro não intencional de pessoas que não são fa- miliarizadas entre si” (p. 95). Um evento fortuito é uma dicionando o comportamento um do outro no sentido skinneriano. O comportamento do pai seria controlado experiênciaambiental inesperadae não intencional. A vida pelo ambiente, mas também teria um efeito de contra- diária é afetada em maior ou menor grau por indivíduos controle em seu ambiente, ou seja, o filho. Na teoria de que as pessoas acabam encontrando por acaso e por even- Bandura, no entanto, o pai é capaz de pensar sobre as con- tos aleatórios que elas não poderiam prever. O parceiro sequências de recompensar ou ignorar o comportamento conjugal de uma pessoa, sua ocupação e local de residên do filho. Ele pode pensar: “Se eu lhe der outro brownie, ele 334 FEIST, FEIST & ROBERTS cia podem,em grande parte, ser resultado de um encontro um clube de solteiros, indo a lugares onde é provável que fortuito. encontre mulheres solteiras ou pedindo que um amigo lhe Assim como a fortuidade influenciou as vidas de to- apresente uma parceira potencial elegível. Se ele conhece dos nós,ela também moldou a vida e a carreira de teóricos uma mulher elegível e desejável, aumentam as chances de famosos da personalidade. Doisexemplos são Abraham H. umarelação duradouraseele se preparou paraseratraente Maslow (Cap. 9) e Hans J. Eysenck (Capítulo 14). Quando ou interessante para as mulheres. Bandura (2001) cita jovem, Maslowera extremamentetímido comas mulheres. Louis Pasteur: “O acaso favorece apenas a mente prepara- Ao mesmo tempo, ele estava muitoapaixonado porsua pri- da” (p. 12). Todavia, a pessoa preparada é capaz de escapar ma Bertha Goodman, mas era muito tímido para expres- de encontros casuais desagradáveis e infortúnios do acaso sar seu amor. Um dia, enquanto estava visitando a prima, antecipando a possibilidade de acontecerem e tomando a irmã mais velha de Berta o empurrou na direção de sua providências para minimizar algum impacto negativo que amada prima, dizendo: “Pelo amor de Deus, beije-a, vamos possam ter no desenvolvimento futuro. lá!” (Hoffman, 1988, p. 29). Maslow a beijou e, para sua surpresa, Bertha não ofereceu resistência. Ela o beijou, e, AGÊNCIA HUMANA a partir daquele momento, a vida antes sem propósito de Maslow foi transformada. A teoria socialcognitiva assume uma visão agêntica da per- Além disso, Hans Eysenck, o conhecido psicólogo bri- sonalidade, significando que os humanos têm acapacidade tânico, aproximou-se da psicologia completamente por deexercercontrolesobrea própria vida(2002b). Na verda- acaso. Ele pretendiaestudar física na Universidade de Lon- de, a agência humana é a essência da humanidade. Ban- dres, mas primeiro teria que passar no exame de ingres- dura (2001) acredita que as pessoas são autorreguladas, so. Depois de esperar um ano para fazer o exame, foi dito proativas, autorreflexivas e auto-organizadas e que elas que ele havia se preparado para o teste errado e que teria têm o poder de influenciar as próprias ações para produzir de esperar mais um ano para fazer o teste correto. Em vez as consequências desejadas. Agência humana não signi- de retardar ainda mais sua educação, ele perguntou se ha- fica que as pessoas possuem um homúnculo – isto é, um via algum tema científico que pudesse seguir. Quando lhe agente autônomo – tomando decisões que são coerentes disseram que ele poderia se matricular em um programa com sua visão do self. Nem significa que reajam de forma de psicologia, Eysenck perguntou: “Mas o que vem a ser automáticaaeventosexternoseinternos. A agência huma- psicologia?” (Eysenck, 1982, p. 290). Eysenck, é claro, for- na não é uma coisa, mas um processo ativo de exploração, mou-se em psicologia e se tornou um dos psicólogos mais famosos do mundo. manipulação e influência do ambiente para atingir os re- sultados desejados. A fortuidade acrescenta uma dimensão específicaa qualquer esquema usado para predizer o comportamen- Características fundamentais da to humano e torna predições exatas praticamente im- agência humana possíveis. Contudo, os encontros casuais influenciam as Bandura (2001, 2004) refere quatro características funda- pessoas somente pela entrada no paradigma da causação mentais da agência humana: intencionalidade, antecipa- recíproca triádica no ponto E (ambiente), somando-se à ção,autorreatividade e autorreflexão. interação mútua de pessoa, comportamento e ambiente. Intencionalidade refere-se a atos realizados de forma Nesse sentido, os encontros casuais influenciam as pes- intencional. Uma intenção inclui planejamento, mas tam- soas da mesma maneira que os eventos planejados. Depois bém envolve ações. “Não é simplesmente uma expectativa que ocorre um encontro casual, as pessoas se comportam ou predição de ações futuras, mas um comprometimento em relação ao novo relacionamento de acordo com suas proativo de provocá-las” (2001, p. 6). Intencionalidade atitudes, seus sistemas de crenças e seu interesse, como não significa que todos os planos de uma pessoa serão também de acordo com a reação da outra pessoa a elas. concretizados. As pessoas continuamente alteram seus Assim, enquanto muitos encontros casuais e eventos não planos conforme se conscientizam das consequências de planejados têm pouca ou nenhuma influência no compor- tamento, “outros têm efeitos mais duradouros, e outros suas ações. As pessoas também possuem antecipação para estabe ainda impulsionam as pessoas para novas trajetórias na vida” (Bandura, 2001, p.12). lecer objetivos, para antecipar os prováveis resultados de Os encontros casuais e os eventos fortuitos não são suas ações e escolher comportamentos que irão produzir incontroláveis.Defato,as pessoas podem fazera oportuni- os resultados desejados e evitar os indesejados. A anteci- dadeacontecer. Um homem divorciado queestá procuran- pação possibilitaàs pessoas libertarem-se das restrições do do uma oportunidade para se casar novamente aumentará ambiente. Se o comportamento fossecompletamente uma sua chance de encontrar uma esposa potencial seguindo função do ambiente, então ele seria mais variável e menos um curso de ação proativo, por exemplo,associando-se a consistente, porque estaríamos constantemente reagindo TEORIAS DA PERSONALIDADE 335 à grande diversidade de estímulosambientais. “Se asações O que é autoeficácia? fossem determinadas unicamente por recompensas e pu- Bandura (2001) definiu autoeficácia como “crenças das nições externas, as pessoas se comportariam como cata- pessoas em sua capacidade de exercer alguma medida de ventos” (Bandura, 1986, p. 335). Mas as pessoas não se controle sobre o próprio funcionamento e sobre eventos comportam como cataventos, “constantemente mudando ambientais” (p. 10). Ele refere que “as crenças na eficácia de direção para se adequarem às influências que as afetam no momento” (Bandura, 2001, p. 7). são o fundamento da agência humana” (p. 10). As pes- soas que acreditam que podem fazer algo que tenha o Elas fazem mais do que planejar e contemplar com- potencial de alterar eventos ambientais têm maior pro- portamentos futuros. Elas também são capazes de autor- babilidade de agir e ter sucesso do que aquelas com baixa reatividade no processo de motivação e regulação de suas autoeficácia. ações. As pessoas não só fazem escolhas, mas também Autoeficácia não é a expectativa pelos resultados de nossas ações. Bandura (1986, 1997) distinguiu entre ex- monitoram seu progresso para cumprirem tais escolhas. Bandura (2001) reconhece que o estabelecimento de ob pectativas de eficácia e expectativas de resultados. Eficácia jetivos não é suficiente para atingir as consequências de- refere-se à confiança das pessoas de que elas têm a capaci- sejadas. Os objetivos devem ser específicos, estar dentro dade de realizar certos comportamentos, enquanto expec- da capacidade da pessoa de atingi-los e refletir as realiza- tativa de resultados refere-se à predição que a pessoa faz ções potenciais que não estão muito distantes no futuro. sobreasconsequências prováveis daquelecomportamento. (Discutimos a autorreguação em mais detalhes na seção Autorregulação.) Resultado não deve ser confundido com realização bem- -sucedida de um ato;eleserefereàsconsequências do com- Por fim, as pessoas têm autorreflexão. Elas são avalia- portamento, não à realização do ato em si. Por exemplo, doras do próprio funcionamento; podem pensar a respeito umacandidataa um emprego podeter confiança de quese eanalisarsuas motivações,seus valorese ossignificados de sairá bem duranteaentrevista deseleção, teráacapacidade seus objetivos de vida,erefletir quanto àadequação deseu deresponderas perguntas possíveis, permanecerárelaxada pensamento. Elas também podem avaliar o efeito que as e controlada e exibirá um nível apropriado de comporta- ações das outras pessoas tem sobre elas. O mecanismo au- mento amistoso. Portanto, ela tem alta autoeficácia com torreflexivo mais crucialé a autoeficácia, ou seja,as crenças relação à entrevista de emprego. Contudo, apesar dessas pessoais de ser capaz de executar ações que irão produzir um efeito desejado. Autoeficácia expectativas de alta eficácia, ela pode ter baixas expecta- tivas de resultados. Existiria uma baixa expectativa de re- sultado seela acreditasseter poucaschances dereceber um cargo. Esse julgamento pode se dever a condições ambien- tais não promissoras, como alta taxa de desemprego, de- A forma como as pessoas agem em uma situação em par- pressão na economia ou competição superior. Além disso, ticular depende da reciprocidade das condições compor- outros fatores pessoais, como idade, gênero, altura, peso tamentais, ambientais e cognitivas, em especial aqueles ou saúde física, podem afetar negativamente as expectati- fatores cognitivos relacionados às crenças de que elas vas de resultados. podem ou não executar o comportamento necessário Além de ser diferente das expectativas de resultados, para produzir os resultados desejados em uma situação a autoeficácia deve ser distinguida de vários outros concei- específica. Bandura (1997) chama essas expectativas de tos. Primeiro, eficácia não se refere à capacidade de execu- autoeficácia. De acordo com Bandura (1994), “as cren- tar habilidades motoras básicas como caminhar, alcançar ças das pessoas em sua eficácia pessoal influenciam o ou agarrar. Eficáciatambém não implica que podemosexe- curso de ação que escolhem seguir, o quanto de esforço cutar comportamentos designados sem ansiedade, estres- irão investir nas atividades, por quanto tempo irão per- se ou medo;elaé meramente nosso julgamento, preciso ou severar em face de obstáculos e experiências de fracasso falho, sobre podermos ou não executar as ações necessá- e sua resiliência após contratempos” (p. 65). Apesar de a rias. Por fim, os julgamentos de eficácia não são a mesma autoeficácia ter uma influência causal poderosa sobre as coisa que os níveis de aspiração. Osaditosem heroína, por ações das pessoas, ela não é o único determinante. Em exemplo, muitas vezes, desejam estar livres da droga, mas vez disso, a autoeficácia se combina com o ambiente, o podem ter poucaconfiançaem suacapacidade deromper o comportamento prévio e outras variáveis pessoais, prin- vício com sucesso (Bandura, 1997). cipalmente as expectativas de resultado, para produzir o comportamento. Auteficácia não é um conceito global ou generali- zado, como autoestima ou autoconfiança. As pessoas No modelo causal triádico recíproco, que postula que o ambiente, o comportamento e a pessoa têm uma in- podem ter alta autoeficácia em uma situação e baixa fluênciainterativa entre si, autoeficácia refere-se ao fator autoeficácia em outra. Ela varia conforme a situação, de- P (pessoa). pendendo das competências necessárias para diferentes 336 FEIST, FEIST & ROBERTS de outros. Nos esportes, as realizações em equipe não atividades, da presença ou ausência de outras pessoas, da aumentam a eficácia pessoal tanto quanto as realizações competência percebida dessas outras pessoas, especial- individuais. Terceiro, o fracasso é mais provável de redu- mente se elas são competidoras, da predisposição da pes- zir a eficácia quando sabemos que empreendemos nossos soa a prestar atenção no fracasso do desempenho, em vez melhoresesforços. Fracassar quanto setentou apenas pela de no sucesso, e dos estados fisiológicos concomitantes, metade não é tão ineficaz quanto ficar aquém apesar dos particularmente a presença de fadiga, ansiedade, apatia ou prostração. melhoresesforços.Quarto, o fracasso sob condições dealta Alta e baixa eficácia combinam com ambientes res- excitação emocional ou angústia não é tão autodebilitante ponsivos e não responsivos para produzir quatro variáveis quanto o fracasso sob condições máximas. Quinto, o fra- preditivas possíveis(Bandura, 1997). Quando aeficáciaé casso antes de estabelecer um sentimento de domínio é alta e o ambiente é responsivo, é mais provável que os re- mais prejudicial para os sentimentos de eficácia pessoal do sultadossejam desucesso.Quando a baixaeficáciaécom- binada com um ambiente responsivo, as pessoas podem que o fracasso posterior. Um sexto corolário relacionado é que o fracasso ocasional tem pouco efeito sobre a eficácia, ficar deprimidasao observarem que os outros têm sucesso em especial para pessoas com uma expectativa em geral em tarefas que parecem muito difíceis paraelas. Quando alta de sucesso. pessoas com alta eficácia encontram situações ambientais Modelagem social. Uma segunda fonte de eficácia é a não responsivas, elas, em geral, intensificam seus esfor- modelagem social, ou seja, as experiências vicariantes ços para mudar o ambiente. Elas podem usar o protesto, o ativismo social ou mesmo a força para instigar mudança; proporcionadas por outras pessoas. Nossa autoeficácia é aumentada quando observamos as realizações de outras mas,setodos osesforçosfalham, Banduralevantaa hipó- pessoas deigual competência, masé diminuída quando ve- tese de que ou elas desistem daquele curso e assumem um mos um par fracassar. Quando a outra pessoa é diferente novo ou procuram um ambiente mais responsivo. Por fim, de nós, a modelagem social terá pouco efeito sobre nossa quando a baixa autoeficácia se combina com um ambiente autoeficácia. Um velho e covarde sedentário observando não responsivo, as pessoas provavelmente sentem apa- um jovem ativo e corajoso artista de circo andar sobre um tia, resignação e desamparo. Por exemplo, um executivo arame sem dúvida terá pouca melhora nas expectativas de júnior com baixa autoeficácia que percebe as dificuldades eficácia para duplicar o feito. de se tornar presidente da empresa irá desenvolver senti- mentos de desencorajamento, desistirá e não conseguirá Em geral, os efeitos da modelagem social não são tão fortes quanto os do desempenho pessoal em elevar os transferir esforços produtivos para um objetivo semelhan- te, porém menor. O que contribui para a autoeficácia? níveis de eficácia, mas eles podem ter efeitos poderosos quando se refere à ineficácia. Observar um nadador de igual habilidade fracassar em atravessar um rio agitado provavelmente irá dissuadir o observador de tentar a mes- A eficácia pessoal é adquirida, melhorada ou diminuída por mafaçanha. Osefeitos dessaexperiência vicariante podem meio de umafonte ou da combinação de quatro fontes: (1) duraraté mesmo a vidainteira. experiências de domínio, (2) modelagem social, (3) per- suasão social e (4) estados físicos e emocionais (Bandura, 1997). Com cada método, as informações sobre si mesmo esobre o ambientesão processadas cognitivamentee, com aslembranças deexperiências prévias,alteram aautoeficá- cia percebida. Experiências de domínio. As fontes mais influentes de autoeficáciasão as experiências de domínio, ou seja, os de- sempenhos passados (Bandura, 1997). Em geral, o desem- penho de sucesso aumenta as expectativas de eficácia; o fracasso tendeareduzi-las. Essaafirmação geral possui seis corolários. Primeiro, o desempenho de sucesso eleva a autoeficá- cia proporcionalmente à dificuldade da tarefa. Jogadores de tênis muito habilidosos adquirem pouca autoeficácia derrotando oponentes inferiores, porém ganham muito ao terem bom desempenho contra oponentes superio- res. Segundo, as tarefas realizadas com sucesso, por si só, são mais eficazes do que aquelas concluídas com a ajuda A fonte mais influente de autoeficácia é o desempenho. TEORIAS DA PERSONALIDADE 337 Persuasão social. A autoeficácia também pode seradqui- o nível de excitação – em geral, quanto maior a excitação, mais baixa a autoeficácia. A segunda variável é o realismo rida ou enfraquecida pela persuasão social (Bandura, 1997). Os efeitos dessa fonte são limitados, mas, sob as condições percebido daexcitação. Sea pessoasabe que o medo érealis- ta, como quando dirige na estrada congelada de uma mon- adequadas,a persuasão dos outros podeaumentar ou redu- tanha, a eficácia pessoal pode ser aumentada. Entretanto, zir a autoeficácia. Exortações ou críticas de uma fonte con- quando a pessoa percebe o absurdo dafobia – por exemplo, fiável têm maior poder de eficácia do que aquelas de uma medo delugaresabertos – então a excitação emocional ten- pessoa não confiável. Incentivar a autoeficácia por meio da de a baixar a eficácia. Por fim, a natureza da tarefa é uma persuasão social será efetivo somente se a atividade que a variáveladicional.Aexcitação emocional pode facilitararea pessoa estiver sendo encorajada a experimentar encontrar- -se dentro de seu próprio repertório de comportamento. lização bem-sucedida detarefassimples, mas é provável que interfira no desempenho deatividadescomplexas. Nenhuma quantidade de persuasão verbal pode alterar o julgamento de eficácia de uma pessoa quanto à capacidade de correr 100 metros em menos de 8 segundos. Ainda que a autoeficácia seja “o fundamento da agên- cia humana” (Bandura, 2001, p. 10), ela não é o único modo de agência humana. As pessoas também podem Bandura(1986) levantaa hipótese de quea eficácia da exercer controle sobre suas vidas por meio da agência por sugestão está diretamente relacionada ao statuse à autori- procuração e da eficácia coletiva. dade percebida do persuasor. Status e autoridade, é claro, não são idênticos. Por exemplo, a sugestão de um psico- Agência por procuração terapeuta para pacientes fóbicos de que eles conseguem andar em um elevador lotado tem maior probabilidade Procuraçãoenvolve o controleindireto sobreascondições de aumentar a autoeficácia do que o encorajamento por sociais que afetam a vida diária. Bandura (2001) observou parte do cônjuge ou dos filhos dessas pessoas. Porém, se que “ninguém possui o tempo,a energia e os recursos para esse mesmo terapeuta disser aos pacientes que eles têm a ter domínio em todos os terrenos da vida diária. O fun- capacidade de trocar um interruptor de luz estragado, os cionamento de sucesso, necessariamente, envolve uma pacientes provavelmente não irão melhorar sua autoefi- combinação de confiança na agência por procuração em cácia para essa atividade. Além disso, a persuasão social é algumas áreas de funcionamento” (p. 13). Na sociedade mais efetiva quando combinada com o desempenho bem- americana moderna, porexemplo,as pessoas seriam quase -sucedido. A persuasão pode convencer alguém a tentarimpotentes se dependessem unicamente das realizações umaatividadee,se o desempenho for bem-sucedido, tanto pessoais pararegular suas vidas. A maioria não tem acapa- a m r e e n a t li a z r a ã ç o ão ae q f u ic a á n c t i o a a fu s t r u e r c a o .mpensas verbais posterioresau- cidade pessoal de consertar um condicionador de ar, uma câmera ou um automóvel. Por meio da agência por pro- curação, no entanto, elas podem realizar seu objetivo de- Estados físicos e emocionais A fonte final de eficácia pendendo de outras pessoas para consertar esses objetos. são os estados físicos e emocionais (Bandura, 1997). Uma As pessoas tentam mudar sua vida diária fazendo contato emoção forte tende a reduzir o desempenho; quando as com seu representante no congresso ou com outra pessoa pessoas experimentam medo intenso, ansiedade aguda ou potencialmente influente; elas buscam mentores para aju- altos níveis de estresse, é provável que elas tenham expec- dá-lasaaprender habilidades úteis;elascontratam um me- tativas de eficácia mais baixas. Um ator em uma peça da nino da vizinhança para cortar sua grama; elas se baseiam escola sabe seu texto durante o ensaio, mas percebe que o nos serviços de notícias internacionais para saberem de medo queelesente na noite deestreia pode bloquear sua eventos recentes; elas contratam advogados para resolver memória. A propósito, para algumas situações, a excitação problemas legais;eassim por diante. emocional, se não for muito intensa,estáassociadaa um desempenho aumentado, de modo que a ansiedade mode- Procuração, no entanto, possui um aspecto negativo. Ao dependerem muito da competência e do poder dos ou- radasentida poraqueleator na noite deestreiatem poten- tros, as pessoas podem enfraquecer seu senso de eficácia cial para aumentar suasexpectativas de eficácia. A maioria pessoal e coletiva. Um cônjuge pode se tornar dependente das pessoas, quando não está com medo, tem a capacidade do outro paracuidar dosafazeres domésticos; filhos no fim de segurar cobras venenosas. Elas apenas devem pegar a da adolescência ou jovens adultos podem esperar que os cobra com firmeza por trás da cabeça; mas, para muitas pessoas, o medo que acompanha o contato com a cobra pais cuidem deles; e os cidadãos podem aprender a depen- der do governo para sanar suas necessidades da vida. é debilitante e reduz sobremaneira sua expectativa de desempenho. Eficácia coletiva Os psicoterapeutasjáreconheceram hátempo que uma redução naansiedade ou umaumento no relaxamento físico O terceiro modo de agência humana é a eficácia coletiva. podem facilitar o desempenho. A informação da excitação Bandura (2000) definiu eficácia coletivacomo “as cren- estárelacionadaainúmeras variáveis. Primeiro,éclaro,está ças compartilhadas das pessoas em seu poder coletivo de 338 FEIST, FEIST & ROBERTS funcionamento. Com o advento dos controles computa- produzir os resultados desejados” (p. 75). Em outras pa dorizados em automóveis modernos, muitos mecânicos lavras, eficácia coletiva é a confiança que as pessoas têm moderadamente habilidosos não só perderam a eficácia de que seus esforços combinados ocasionarão realizações pessoal para consertar seu veículo como também apresen- para o grupo. Bandura (2000) sugeriu duas técnicas para medir a eficácia coletiva. A primeira é combinar as ava taram baixa eficácia coletiva para inverter a tendência dos automóveis cada vez mais complicados. liações dos membros individuais sobre suas capacidades de exercer comportamentos que beneficiem o grupo. Por Uma terceira condição que mina a eficácia coletiva é a complexa máquina social, com níveis de burocracia que exemplo, os atores em uma peça teriam alta eficácia co impedem a mudança social. As pessoas que tentam mudar letiva se todos tivessem a confiança em sua capacidade as estruturas burocráticas com frequência são desenco- pessoal de realizar seu papel de modo adequado. A segun- rajadas pelo fracasso ou pelo longo lapso de tempo entre da abordagem proposta por Bandura é medir a confiança que cada pessoa tem na capacidade do grupo de produzir suas ações e alguma alteração perceptível. Ao ficarem de- um resultado desejado. Por exemplo, jogadores de beisebol sencorajadas, muitas pessoas, “em vez de desenvolverem podem ter pouca confiança em cada um de seus compa- os meios para moldar seu futuro... com relutânciaabdicam nheiros de time, mas possuem alta confiança de que o time do controle, deixando-o para especialistas técnicos e fun- terá um ótimo desempenho. Essas duas abordagens um cionários públicos” (Bandura, 1995, p. 37). pouco diferentes da eficácia coletiva requerem técnicas de Quarto, o grande âmbito e a magnitude dos proble- medida distintas. A eficácia coletiva não se srcina de uma “mente” co letiva, mas da eficácia pessoal de muitos indivíduos traba mas humanos podem prejudicar a eficácia coletiva. Guer- ras, fome, superpopulação, crime e desastres naturais são apenas alguns dos problemas globais que podem deixar lhando em conjunto. A eficácia coletiva de um grupo, no as pessoas com um sentimento de impotência. Apesar entanto, depende não só do conhecimento e das habilida- desses enormes problemas transnacionais, Bandura acre- des de seus membros individuais, mas também das cren- dita que mudanças positivas são possíveis se as pessoas ças de que eles podem trabalharjuntos de maneira coorde- perseverarem com seus esforços coletivos e não ficarem nada e interativa (Bandura, 2000). As pessoas podem ter desencorajadas. alta autoeficácia, mas baixa eficácia coletiva. Por exemplo, uma mulher pode ter alta eficácia pessoal para perseguir Segundo uma ótica mundial, Bandura (2000) concluiu que, “conforme a globalização atinge mais profundamen- um estilo de vida saudável, mas ela pode ter baixa eficácia te a vida das pessoas, um sentimento resiliente de eficácia coletiva para ser capaz de reduzir a poluição ambiental, as c re o s m se p s a c rt o i m lh u ad n a s” s ( e p t . o 7 r 8 n ) a . essencial para promover seus inte- condições de trabalho perigosas ou a ameaça de doença infecciosa. Bandura (1998b) assinalou que diferentes culturas AUTORREGULAÇÃO possuem níveis distintos de eficácia coletiva e trabalham de forma mais produtiva sob sistemas diferentes. Por Quando as pessoas possuem altos níveis de autoeficácia, exemplo,as pessoas nos Estados Unidos, umaculturaindi- são confiantes em relação a suas procurações e possuem vidualista, sentem maior autoeficácia e trabalham melhor eficáciacoletivasólida, elastêm capacidadeconsiderável de sob um sistema orientado individualmente, enquanto as regular o próprio comportamento. Bandura (1994) acredi- pessoas na China, uma cultura coletivista, sentem maior ta queas pessoas usam estratégiasreativase proativas para eficáciacoletivaetrabalham melhorsob um sistema orien- tado para o grupo. autorregulação. Ou seja, elas reativamente tentam reduzir as discrepâncias entre suas realizações e seu objetivo; mas Bandura (1997, 1998b, 2001) lista vários fatores que depois que acabam com essas discrepâncias, elas proativa- podem minar a eficácia coletiva. Primeiro, os humanos mente estabelecem novos objetivose maisaltos parasi. “As vivem em um mundo transnacional; o que acontece em pessoas se motivam e guiam suas ações por meio do con- uma parte do globo pode afetar pessoas em outros países, trole proativo, estabelecendo para si objetivos valorizados dando-lhes um sentimento de desamparo. A destruição da que criam um estado de desequilíbrio e mobilizando suas floresta amazônica, as políticas de comércio internacional capacidades e esforçoscom base na estimativa antecipató- ou a destruição da camada de ozônio, por exemplo, podem afetara vida de pessoas em qualquer lugare minarsuacon- fiança para moldar um mundo melhor paraelas. ria do que é necessário para alcançar os objetivos” (p. 63). A noção deque as pessoas procuramum estado de desequi líbrio é semelhante à crença de Gordon Allport de que os Segundo, tecnologias recentes que as pessoas não en- indivíduos são motivados para criar tensão tanto quanto tendem nem acreditam que conseguem controlar podem parareduzi-la(ver Cap. 12). diminuir seu sentimento deeficáciacoletiva. Em anos pas- Que processos contribuem para essa autorregulação? sados, muitos motoristas, por exemplo, tinham confiança em sua capacidade de manter seu carro em condições de Primeiro, as pessoas possuem capacidade limitada para TEORIAS DA PERSONALIDADE 339 manipular os fatoresexternos que se integram ao paradig- Auto-observação ma interativo recríproco. Segundo, as pessoas são capazes O primeiro fator interno na autorregulação é a auto-ob- de monitorar o próprio comportamento e avaliá-lo em ter- servação do desempenho. Precisamos ser capazes de mo- mos de objetivos próximose distantes. O comportamento, nitorar nosso próprio desempenho, embora a atenção que então, srcina-se de uma influência recíproca de fatores externose internos. Fatores externos na autorregulação damos a isso não precise ser completa ou mesmo acurada. Atentamos de forma seletiva a alguns aspectos de nosso comportamento e ignoramos outros por completo. O que observamos depende dos interesses e de outras autocon- cepções preexistentes. Em situações de realização, como Os fatores externos afetam a autorregulação pelo menos pintar quadros, praticar jogos ou fazer exames, prestamos de duas formas. Primeiro, eles fornecem um padrão para a avaliação de nosso comportamento. Os padrões não pro- vêm unicamente de forças internas. Fatores ambientais, atenção à qualidade, à quantidade, à velocidade ou à ori- ginalidade de nosso trabalho. Em situações interpessoais, como conhecer novos indivíduos ou relatareventos, moni- interagindo com influências pessoais, moldam os padrões toramosasociabilidade ou a moralidade de nossaconduta. individuais para avaliação. Mediante princípios, aprende- mos com pais e professores o valor do comportamento Processo de julgamento honesto e amistoso; pela experiência direta, aprendemos A auto-observação, sozinha, não fornece uma base sufi- a atribuir mais valor a sermos afetuosos do que frios; e ciente paraaregulação do comportamento. Também preci- por meio da observação de outros, desenvolvemos inúme- samos avaliar nosso desempenho. Esse segundo processo, ros padrões para avaliar nosso desempenho. Em cada um o processo de julgamento, ajuda a regular nosso comporta- desses exemplos, fatores pessoais afetam quais padrões mento por meio do processo de mediação cognitiva. Somos aprendemos, porém as forças ambientais também desem- penham um papel. capazes não só de autoconsciência reflexiva como também dejulgamento do valor de nossas ações com base nos obje- Segundo, fatores externos influenciam a autorregula- tivos que estabelecemos para nós mesmos. De forma mais ção, fornecendo os meios para o reforço. As recompensas específica, o processo de julgamento depende de padrões intrínsecas nem sempre são suficientes; também precisa- pessoais, desempenhosreferenciais, valorização daativida- mos de incentivos que emanem de fatores externos. Um deeatribuição de desempenho. artista, por exemplo, pode precisar de mais reforço do que Os padrões pessoais nos permitem avaliar nosso desem- autossatisfação para concluir um grande mural. O apoio ambiental, em forma de um adiantamento financeiro ou penho sem compará-lo à conduta dos outros. Para uma criança de 10 anos profundamente incapacitada, o ato de de um elogio e encorajamento dos outros, também pode ser necessário. dar um laço em seu calçado pode ser muito valorizado. Ela não precisa desvalorizar sua conquista simplesmente Os incentivos para concluir um projeto moroso geral- porque outras crianças podem realizar o mesmo ato com mente provêm do ambiente e, com frequência, assumem menos idade. a forma de pequenas recompensas contingentes à conclu- Os padrões pessoais, no entanto,são umafontelimita- são de subobjetivos. O artista pode ter prazer com uma da deavaliação. Paraa maioria de nossasatividades, avalia- xícara de café depois de ter pintado a mão de um dos su mos nosso desempenho comparando-o com um padrão de jeitos ou fazer uma pausa para o almoço depois de termi- referência. Os estudantes comparam suas notas nos testes nar outra pequena parte do mural. No entanto, a autorre- com as de seus colegas, e jogadores de tênis julgam suas compensa pelo desempenho inadequado provavelmente habilidades pessoais comparando-as com as dos outros jo- resulta em sanções ambientais. Os amigos podem criticar gadores. Além disso, usamos nossos níveis prévios de rea o trabalho do artista ou zombar dele, os patrocinadores lizaçõescomo umareferência paraaavaliação do desempe- podem retirar o apoio financeiro ou o artista pode ser nho presente: “Minha vozao cantar melhorou ao longo dos autocrítico. Quando o desempenho não satisfaz nossos anos?”, “Minha habilidade para ensinar agora está melhor próprios padrões, tendemos a retirar as recompensas de nós mesmos. Fatores internos na autorregulação do que nunca?”. Além disso, podemos julgar nosso desem- penho comparando-o com o de outro indivíduo – um ir- mão, uma irmã, um genitor ou até mesmo um rival odiado – ou podemos compará-lo a uma norma-padrão, como o Fatores externos interagem com fatores internos ou pes- par no golfe ou um escore perfeito no boliche. soais na autorregulação. Bandura (1986, 1996) reconhece Além dos padrões pessoais e de referência, o proces- três requisitos internos no exercício constante da autoin- so de julgamento também depende do valor global que fluência: (1) auto-observação, (2) processos de julgamento atribuímos a uma atividade. Se atribuirmos valor menor à e(3)autorreação. habilidade de lavar pratos ou tirar o pó da mobília, então 340 FEIST, FEIST & ROBERTS empregaremos pouco tempo ou esforço paratentar melho- Autorregulação por meio da agência moral rar tais habilidades. Entretanto, se atribuímos valor alto a As pessoas também regulam suas ações por meio de pa- estar à frente no mundo dos negócios ou a obter um di- drões morais de conduta. Bandura (1999a) considera a ploma profissional ou um mestrado, então empregaremos muito esforço paraatingir o sucesso nessasáreas. agência moral composta por dois aspectos: (1) não causar danos às pessoas e (2) ajudar as pessoas proativamente. Por fim, a autorregulação também depende de como Nossos mecanismos autorregulatórios, no entanto, não julgamos as causas de nosso comportamento, ou seja, a afetam outras pessoas até que atuemos sobre eles. Não atribuição de desempenho. Se acreditarmos que nosso su- temos um agente controlador automático interno, como cesso resulta dos próprios esforços, iremos nos orgulhar uma consciência ou um superego, que invariavelmente di- de nossas conquistas e tenderemos a trabalhar mais ar- recione nosso comportamento para valores correntes no duamente para atingir nossos objetivos. No entanto, se atribuirmos nosso desempenho a fatores externos, não â m mbito moral. Bandura(2002a) insisteem que os preceitos orais predizem o comportamento moral somente quan- sentiremos muita autossatisfação e, provavelmente, não do convertidos em ação. Em outras palavras, as influên- empregaremos esforços árduos para atingir nossos obje- cias autorregulatórias não são automáticas, mas operamtivos. Contudo, se acreditarmos que somos responsáveis por nossos fracassos ou desempenho inadequado, traba somente se ativadas, um conceito que Bandura chama de ativaçãoseletiva. lharemos mais prontamente na direção da autorregulação Como as pessoas com fortescrenças moraisreferentes do que se estivermos convencidos de que nossas falhas e a valore dignidade da humanidade podem secomportar de nossos medos se devem a fatores que estão além de nosso controle (Bandura, 1986, 1996). Autorreação forma desumana? A resposta de Banduraé que“as pessoas normalmente não se engajam em conduta repreensível até que elas tenham se justificado da moralidade de suas ações” (p. 72). Justificando a moralidade desuas ações,elas podem se separar ou se desengajar das consequências de O terceiro fator interno na autorregulação é a autorreação. seu comportamento, um conceito que Bandura denomina As pessoas respondem de forma positiva ou negativa a desengajamento do controle interno. seus comportamentos, dependendo do quanto elesestão à As técnicas de desengajamento permitem que as pes- altura de seus padrões pessoais. Ou seja, as pessoas criam soas, individualmente ou em conjunto com outras, enga incentivos paraas própriasações por meio do autorreforço jem-se em comportamentos desumanos ao mesmo tempo ou da autopunição. Por exemplo, uma estudante aplicada queconcluiu umatarefa deleitura podeserecompensaras- sistindo aseu programa de televisão favorito. em que mantêm seus padrões morais (Bandura, 2002a). Porexemplo, os políticos,com frequência, convencem seus eleitores da moralidade da guerra. Assim, as guerras são O autorreforço não se baseia no fato de que ele se empreendidas contra pessoas “más”, indivíduos que mere- segue imediatamente a uma resposta. Ao contrário, ele se cem ser derrotados ou até mesmo aniquilados. baseia,em grande parte, no uso de nossa habilidade cogni- A ativação seletiva e o desengajamento do controle in- tiva para mediar as consequências do comportamento. As terno permitem que pessoas com os mesmos padrões mo- pessoas estabelecem padrões de desempenho que, quando raissecomportem deformas muito diferentes,assim como satisfeitos, tendem a regular o comportamento por meio possibilitam que a mesma pessoa se comporte de forma de recompensas autoproduzidas, tais como orgulho e au- diferente em situações distintas. A Figura 17.2 ilustra os tossatisfação. Quando as pessoas não conseguem corres- vários mecanismos por meio dos quais o autocontroleé de- ponder a seus padrões, seu comportamento é seguido de autoinsatisfação ou autocrítica. sengajado ou ativado seletivamente. Primeiro, as pessoas podem redefinir ou reconstruir a natureza do comportamento Esse conceito de consequências automediadas é um em si por meio de técnicas como justificá-lo moralmente, grande contraste com a noção de Skinner de que as con- fazer comparações vantajosas ou rotular suas ações de sequências do comportamento são determinadas pelo modo eufemístico. Segundo,elas podem minimizar, ignorar ambiente. Bandura levanta a hipótese de que as pessoas ou distorcer as consequências nocivas de seu comportamento. trabalham para obter recompensas e para evitar punições Terceiro,elas podem acusar ou desumanizar a vítima. Quar- de acordo com padrões autoimpostos. Mesmo quando as recompensas sejam tangíveis, elas costumam ser acompa- nhadas por incentivosintangíveisautomediados,como um to, elas podem deslocar ou diluir a responsabilidade por seu comportamento obscurecendo a relação entre suasaçõese osefeitos destas. sentimento de realização. O Prêmio Nobel, por exemplo, implica uma recompensa substancial em dinheiro, porém Redefinir o comportamento seu valor maior para a maioria dos ganhadores é o senti- mento de orgulho ou autossatisfação por realizarem tare- Com a redefinição do comportamento , as pessoas justifi- fas queconduziram à premiação. cam ações de outra forma repreensíveis por meio de uma Justificativa moral Minimizar, ignorar ou TEORIAS DA PERSONALIDADE 341 Desumanização Comparaçãopaliativa Rotulação eufemística Conduta interpretar mal as consequências Efeitos Atribuição de culpa repreensível nocivos Vítima Deslocamento da responsabilidade Diluição da responsabilidade FIGURA17.2 Mecanismos por meio dos quais o controle interno é ativado de forma seletiva ou desenga jado de conduta repreensível em diferentes pontos no processo regulatório. três técnicas de distorção ou obscurecimento das conse- reestruturação cognitiva, capaz de minimizar ou elimi- quências nocivas das ações de um indivíduo. Primeiro, as nar a responsabilidade. Elas podem se aliviar da respon- pessoas podem minimizar as consequências de seu compor- sabilidade por seu comportamento por meio de, pelo tamento. Por exemplo, um motorista ultrapassa um sinal menos, três técnicas (ver quadro superior à esquerda na Fig. 17.2). vermelho e atropela um pedestre. Enquanto a vítima está sangrando e inconsciente no chão, o motorista diz: “Ela A primeira é a justificativa moral, em que um compor- não está muito machucada. Ela vai ficar bem”. tamento de outra forma culpável tende a parecer defen- sável ou até mesmo nobre. Bandura (1986) citou o exem- Segundo, as pessoas podem desconsiderar ou ignorar as consequências de suas ações, como quando elas não veem plo do herói da I Guerra Mundial, o sargento Alvin York, inicialmente osefeitos prejudiciais deseu comportamento. o qual, como um objetor consciencioso, acreditava que Em tempos de guerra, os chefes de Estado e os generais matar era moralmente errado. Depois que o comandante do exército raramente veem a destruição total e as mortes de seu batalhão citou da Bíblia as condições sob as quais resultantes de suas decisões. era moralmente justificado matar e após uma longa vigília Finalmente,as pessoas podem distorcer ou interpretar mal as consequências de suas ações , como quando um pai de orações, York se convenceu de que matar soldados ini- migos era defensável sob o âmbito moral. Depois de sua bate muito no filho, causando hematomas graves, mas ex- redefinição de matar, York prosseguiu matando e captu- plica queacriança precisa de disciplina paraamadurecer de rando mais de cem soldados alemães e, como consequên- forma adequada. cia, tornou-se um dos maiores heróis de guerra na história americana. Um segundo método deredução da responsabilidade Desumanizar ou culpar as vítimas pela redefinição do comportamento ilícito é fazer compa- Terceiro, as pessoas podem obscurecer a responsabilidade rações vantajosas ou paliativas entre aquele comportamen- to e as atrocidades ainda maiores cometidas por outros. por suas ações desum anizan do suas vítima s ou atribui ndo a culpa a elas (ver quadr o super ior à direit a na Fig. 17.2). Em A criança que vandaliza o prédio de uma escola usa a des- culpa de que os outros quebraram mais janelas. tempos de guerra, as pessoas, muitas vezes, consideram o inimigo como sub-humano; portanto, não precisam sesen- Uma terceira técnica na redefinição do comportamen- tir culpadas por matarem soldados rivais. Em vários mo- to é o uso de rótulos eufemísticos. Os políticos que promete- mentos na história americana, judeus, afro-americanos, ram não elevar os impostos falam de “aumento dareceita”, hispano-americanos, americanos nativos, asiático-ame- em vez detaxas;algunslíderes nazistaschamavam o assas- ricanos, homossexuais e moradores de rua se tornaram sinato de milhões de judeus de “purificação da Europa” ou “a solução final”. vítimas desumanizadas . Pessoas de outra forma amáveis, atenciosas e gentis perpetraram atos de violência, insulto ou outras formas de maus-tratos contra essesgrupos ao mesmo tempo em queevitavam aresponsabilidade porseu Desconsiderar ou distorcer as consequências do comportamento comportamento. Um segundo método para evitar a responsabilidade envol- Quando as vítimas não são desumanizadas, elas são, às vezes, acusadas pela conduta culpável do perpetrador. ve distorcer ou obscurecer a relação entre o comportamento e suas consequências nocivas (ver quadro superior central da Um estuprador podeacusara vítima por seu crimecitando Fig. 17.2). Bandura (1986, 1999a) reconheceu pelo menos seu vestido ou comportamento provocativo. 342 FEIST, FEIST & ROBERTS Deslocar ou diluir a responsabilidade cesso aos olhos dos outros, elas continuam a criticar com severidade o próprio desempenho. A depressão é especial- O quarto método para dissociarasações dasconsequências mente provável quando as pessoas estabelecem objetivose é deslocar ou diluir a responsabilidade (ver quadro inferior na padrões pessoais muito mais altos do que sua eficácia per- Fig. 17.2). Com o deslocamento, as pessoas minimizam as cebida para atingi-los. consequências de suas ações, atribuindo a responsabilida- de a uma fonte externa. Exemplos incluem uma emprega- Por fim,asreações dosindivíduos deprimidossão mui- to diferentes daquelas das pessoas não deprimidas. As pes- da que alega que seu chefe é responsável por sua ineficiên- soas deprimidas não só sejulgam duramente, mastambém ciae um universitário queculpa o professor por suas notas baixas. são inclinadasa setratarem mal devido aseus defeitos. Um procedimento relacionado é diluir a responsabilida- Fobias de – espalhá-la tanto que ninguém seja responsável. Uma Fobias são medos fortes e disseminados o suficiente para funcionária pública pode diluiraresponsabilidade por suas terem efeitos debilitantes graves na vida diária da pessoa. ações por toda a burocracia, com comentários como: “É as- Porexemplo, fobiasacobrasimpedem as pessoas deterem sim que as coisas são feitas por aqui” ou “Isto é simples- mente política”. uma variedade deempregose desfrutarem de muitos tipos de atividades recreativas. As fobias e os medos são apren- didos por contato direto, generalização inadequada e, es- COMPORTAMENTO DESADAPTADO pecialmente, experiências de observação (Bandura, 1986). Eles são difíceis de extinguir, porque a pessoa fóbica sim- O conceito de Bandura de causação recíproca triádica plesmenteevita o objeto ameaçador. A menos que o objeto presume que o comportamento é aprendido como conse- temido seja encontrado de alguma maneira, a fobia irá du- quência de uma interação mútua (1) da pessoa, incluindo rar de modo indefinido. cognição e processos neurofisiológicos; (2) do ambiente, incluindo relações interpessoais e condições socioeco- Bandura(1986)creditaàtelevisão ea outras mídias de notícias a geração de muitos de nossos medos. Estupros, nômicas; e (3) de fatores comportamentais, incluindo assaltos à mão armada ou assassinatos divulgados pela experiências prévias com reforço. O comportamento mídia aterrorizam uma comunidade, fazendo as pessoas desadaptado não é exceção. O conceito de Bandura de terem as vidas confinadas por portas trancadas. A maioria comportamento desadaptado se presta mais pronta- das pessoas nunca foi estuprada, roubada ou machucada mente a reações depressivas, fobias e comportamentos agressivos. de modo intencional; no entanto, muitas vivem com medo de serem agredidas por criminosos. Os atos criminais vio Depressão lentos que parecem aleatórioseimprevisíveissão mais pro- váveis deinstigar reaçõesfóbicas. Padrões e objetivos pessoais altos podem levar a realiza- Depois de estabelecidas, as fobias são mantidas por determinantes consequentes, ou seja, o reforço negativo ções e satisfação consigo próprio. No entanto, quando as quea pessoafóbicarecebe porevitarasituação que produz pessoas estabelecem objetivos muito altos, é provável que medo. Porexemplo,sea pessoaespera passar porexperiên- fracassem. O fracasso, em geral, conduz a depressão, e as cias aversivas (ser assaltada) enquanto atravessa o parque pessoas deprimidas amiúde subestimam suas realizações. O resultado é infelicidade crônica, sentimento de desva da cidade, ela reduz seu sentimento de ameaça não en- trando no parque ou até mesmo não chegando perto dele. lia, falta de propósito e depressão generalizada. Bandura Nesseexemplo, o comportamento desadaptado (esquiva)é (1986, 1997) acredita que pode ocorrer depressão desa- daptada em qualquer uma das três subfunções autorregu produzido e mantido pela interação mútua das expectati- vas da pessoa(crença de queseráassaltada), pelo ambiente latórias: (1) auto-observção, (2) processos de julgamento e (3)autorreações. externo (o parque da cidade) e por fatores comportamen- tais (suasexperiências prévias com o medo). Primeiro, durante a auto-observação, as pessoas po- dem julgar erroneamente o próprio desempenho ou dis- Agressividade torcer sua lembrança de realizações passadas. As pessoas deprimidas tendem a exagerar seus erros passados e a minimizar suas realizações anteriores, uma tendência que Comportamentos agressivos, quando levados a extremos, também são desadaptados. Para Bandura (1986), o com- perpetua sua depressão. portamento agressivo é adquirido por meio de observação Segundo, as pessoas deprimidas tendem a fazer jul- de outros,experiências diretascom reforços positivose ne- gamentos equivocados. Elas estabelecem seus padrões gativos, treinamento ou instrução ecrenças bizarras. irrealisticamente tão altos que qualquer realização pessoal Depois deestabelecido o comportamento agressivo,as é julgada como um fracasso. Mesmo quando atingem o su pessoascontinuam aagredir por, pelo menos,cinco razões: TEORIAS DA PERSONALIDADE 343 (1) elas gostam de infligir danos à vítima (reforço positi- de resposta agressiva foi extremamente semelhante ao vo); (2) elas evitam ou contrariam as consequências aver- exibido pelos modelos adultos. As crianças repreende- sivas da agressão pelos outros (reforço negativo); (3) elas ram, chutaram, soquearam e bateram no boneco com um recebem lesões ou danos por não se comportarem agres- taco, em uma imitação muito próxima do que havia sido sivamente (punição); (4) elas correspondem aos padrões modelado. pessoais deconduta porseu comportamento agressivo (au- torreforço); e (5) elas observam outros recebendo recom- Esseestudo,agoracom mais de 40 anos, foiconduzido em uma época em que as pessoas ainda debatiam os efei- pensas poratosagressivos ou punição porcomportamento tos da violência na televisão sobre as crianças e os adultos. não agressivo. Algumas pessoas argumentavam que assistir a comporta- Bandura acredita que as ações agressivas conduzam mentos agressivos na televisão teria um efeito catártico a mais agressividade. Essa crença está baseada no clássi- sobre as crianças, ou seja, as que experimentavam agres- co estudo de Bandura, Dorrie Ross e Sheila Ross (1963), o qual constatou que as crianças que observavam outros sividade vicariamente teriam pouca motivação para agir de maneira agressiva. O estudo de Bandura, Ross e Ross comportarem-se com agressividade exibiam mais agressi- (1963) ofereceu algumas das primeiras evidências experi- vidade do que um grupo-controle decrianças que não viam mentais de que a violência na TV não refreia a agressivi- atos agressivos. Nesse estudo, os pesquisadores dividiram dade;ao contrário,ela produz comportamentosagressivos os meninos e as meninas da creche em três grupos experi- mentais combinadose um grupo-controle. adicionais. As crianças no primeiro grupo experimental observa- TERAPIA ram um modelo ao vivo se comportando com agressivida- de física
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