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Trabalho Docente na Sala de Aula e Seus Aspectos Constituintes o Inclusiva; As Pesquisas sobre Trabalho Docente e suas Contribuições; A Importância da Formação Continuada do Educador no Contexto Atual.Ementa: Abordagens Teóricas dos Processos de Ensino e Aprendizagem; A Didática e o Currículo na Organização do Trabalho Docente; Planejamento e Avaliação dos Processos de Ensino e Aprendizagem; A Diversidade na Sala de Aula: o Papel do Professor na Educaçã Françoise Danielli 01/01/2017 Todos os direitos reservados ao IBF Pós-Graduação Trabalho Docente na Sala de Aula e seus Aspectos Constituintes Fraçoise Danielli Resumo Implicações teóricas e metodológicas que fazem parte do cotidiano do educador nos vários âmbitos educacionais. Aborda as teorias da aprendizagem e suas características, além de apresentar a importância do currículo e da didática no processo de ensino e aprendizagem. Evidenciada a importância do planejamento no fazer pedagógico, da valorização da diversidade e inclusão no âmbito educacional e por fim, aprofundada a ideia do educador como pesquisador e a importância da formação continuada para o alcance dos objetivos pedagógicos. Palavras-chave: Prática Pedagógica; Ensino Aprendizagem; Didática; Planejamento; Diversidade. Introdução Com as transformações sociais, culturais, tecnológicas e políticas da sociedade, especialmente no último século, é possível afirmar que estamos passando por um período de grande reestruturação e reconstrução de hábitos, necessidades, desejos e possibilidades. Diante desta realidade, todos os âmbitos da esfera social vem, nesse movimento, buscando mudança, e um dos mais importantes é o da educação, já que ela nos prepara para a vida em sociedade, e nos dá subsídios para sobrevivermos, aprendermos, nos desenvolvermos integralmente. E pensando no papel da educação de transformador da realidade social, é possível afirmar que nesse processo o educador, suas estratégias pedagógicas e seu conhecimento são peças fundamentais nessa busca pelo e acesso dos educandos ao conhecimento, ao desenvolvimento de competências e habilidades, a oportunidade de ampliar seu cognitivo, emocional, físico, social, ou seja, integralmente. Partindo destes pressupostos, este conteúdo tem como objetivo refletir sobre a importância do educador. Para tal, o conteúdo apresenta as abordagens teóricas dos processos de ensino e aprendizagem, e como cada uma entende o papel do processo de ensino e aprendizagem. Na sequência, é abordada a relação do currículo e da didática no processo de ensino e aprendizagem, e a importância do educador consciente das relações de poder desses instrumentos. Em seguida, é tratada da importância do planejamento e da avaliação nos processos de ensino e aprendizagem, e o papel do educador nesse processo, e como esse processo de planejamento e avaliação garante uma prática inclusiva, que oportuniza todos os educandos com suas dificuldades e potencialidades. E, por fim, a questão da pesquisa no trabalho do educador e a importância da formação continuada. Bons estudos! 1. Abordagens Teóricas dos Processos de Ensino e Aprendizagem Considerando o processo de globalização em vigência, vivenciamos um momento histórico denominado “Era do Conhecimento”, no qual a informação é acessada a qualquer momento, em qualquer lugar, o que faz com que as possibilidades de aprendizado estejam a um click e parecem acontecer naturalmente, pela grande quantidade e variedade de ferramentas tecnológicas que estão a nossa disposição, dando-nos a possibilidade de interagirmos em tempo real com culturas, acontecimentos e fatos pelo mundo inteiro. Diante de uma epidemia de informação, vivenciamos também um mal-estar social, que evidencia a necessidade urgente de todos se sentirem corresponsáveis e comprometidos na construção de uma sociedade mais justa, mais humana. Neste cenário, desenhado no século XXI, o papel da educação é enfatizado consideravelmente, pois nele identificamos a possibilidade de viabilizarmos e investirmos no desenvolvimento da humanidade. “A educação surge como um trunfo indispensável à humanidade na construção dos ideais da paz, da liberdade e da justiça social”. (Delors, 1998) O que se é esperado da educação vai ao encontro de um projeto de superação das situações de dominação, exclusão e desumanização. Uma educação ancorada em princípios de solidariedade, ética, tendo a democracia como princípio norteador na gestão e efetivação de um projeto de cooperação entre as nações, com o objetivo de unir, desenvolver economicamente e humanamente, almejando a construção de uma sociedade sustentável. Os objetivos dos educadores devem conduzir e preparar os educandos para essa sociedade veloz e insaciável pelo conhecer, fazendo com que cada um consiga desenvolver suas competências e habilidades, a fim de ampliar sua leitura de mundo, o que faz com que: “cada indivíduo saiba conduzir o seu destino, em um mundo em que a rapidez das mudanças se conjuga com o fenômeno da globalização para modificar a relação que os homens e mulheres mantêm com o espaço e tempo” (Delors 1998) Os espaços de ensino partem ao encontro de proporcionar e possibilitar autonomia para os educandos por meio da criação de oportunidades de aprendizado, de ambientes que favoreçam ao desenvolvimento e transformação de cada educando e da sociedade, o que amplia sua consciência crítica, apresentando-lhes possibilidades de viverem em sociedade, evidenciando e valorizando a individualidade e suas especificidades. Os espaços educativos devem proporcionar o desenvolvimento de competências e habilidades que garantam o crescimento e aprendizados individuais e em grupos sociais, considerando que o principal ator deste processo é o educador, que em seu papel de mediador de experiências de aprendizagem consegue ser sensível para perceber ao seu redor, e que deve ter propriedade e responsabilidade de seu papel. O educador precisa utilizar seus conhecimentos para a elaboração de intervenções que promovam o desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo e social do educando, a fim de contribuir para uma formação de educandos críticos, ativos, cidadãos planetários que conheçam seus direitos, e que também, saibam dos seus deveres, responsabilidades e compromissos na sociedade, que desenvolvam possibilidade de pensar, de sentir e de agir. Os educadores: “devem despertar a curiosidade, desenvolver a autonomia, estimular o rigor intelectual e criar condições necessárias para o sucesso da educação formal e da educação permanente.” (Delors 1998) O educador precisa ter uma visão crítica, responsabilidade no que transmite ao seu educando, amparando sua prática pedagógica em alternativas de ensinar criativas, inovadoras, atrativas, ampliando os entendimentos e possibilidades dos educandos. Pois as transformações acontecem a longo prazo, com resultado das ações integradas, no qual o trabalho organizado em conjunto com comunidade esteja ao encontro de uma educação de qualidade ancorada na igualdade de direitos. Para o educador alcançar esse papel de mediador de possibilidades de aprender é necessário que ele esteja em formação continuada, motivado, apropriado do seu papel: “Apropriado e sabendo o que, como, por que e para quê ensinar” (Freire,1987) E nesse processo, as instituições de ensino estão diretamente conectadas e são responsáveis por meio de suas concepções e métodos de ensino e suas estruturas organizacionais, a realizar um trabalho que seja efetivo e que possibiliteos educadores constituírem projetos significativos: “escolher determinado tipo de educação equivale a optar por um determinado tipo de sociedade”. (Delors, 1998) Diante dessas necessidades é possível afirmar que: a escolha de uma abordagem teórica do processo de ensino e aprendizagem, que vai ao encontro dos objetivos educacionais, é fundamental para o sucesso na aprendizagem dos educandos. Mas quais a teorias dos processos de ensino e aprendizagens que existem? Iremos conhecer as cinco abordagens, suas potencialidades e fragilidades: 1.1 Abordagem Tradicional Na abordagem tradicional, a relação entre educando e educador é vertical, em que o educador ocupa o centro de todo o processo, cumprindo os objetivos selecionados pelo espaço educativo e pela sociedade. O educador é o detentor do conhecimento, e utiliza uma postura que tem como objetivo transmitir os conteúdos determinados. “Ao aluno, neste contexto, está reservado o direito de aprender sem qualquer questionamento, através da repetição e automatização de forma racional”. (Mizukami, 1986). Na abordagem tradicional, a relação de aprendizagem entre educador e educando acontece a partir do educador que "transmite, segundo uma gradação lógica, o acervo cultural aos alunos. A estes cabe assimilar os conhecimentos que lhes são transmitidos.” (Saviani, 1991) O educando então só tem acesso ao conhecimento pelo educador, que controla todas as ações, que exige obediência e submissão e não aceita contestação, desconsideração os saberes dos educandos. 1.2 Abordagem Comportamentalista O educador é um planejador do ensino e da aprendizagem que trabalha no sentido de dar maior produtividade, eficiência e eficácia ao processo, maximizando o desempenho do aluno. (Mizukami, 1986) O educador, como um analista do processo, procurava criar ambientes favoráveis de forma a aumentar a chance de repetição das respostas aprendidas. O elemento principal passa a ser a organização racional dos meios, ocupando o educador e educando posição secundária, relegados que são as condições de executores de um processo cuja concepção, planejamento, coordenação e controle ficam a cargo de especialistas supostamente habilitados, neutros, objetivos e imparciais. (Saviani, 1991) 1.3 Abordagem Humanista Nesta abordagem, as qualidades do educador (facilitador) podem ser sintetizadas em autenticidade, compreensão empática - compreensão da conduta do outro a partir do referencial desse outro - e o apreço (aceitação e confiança em relação ao aluno). (Mizakami, 1986) Nesta perspectiva, o educador é considerado um facilitador dos processos de aprendizagem, se comportando de forma aberta às novas experiências, procurando compreender o educando, baseado em uma relação de empática, assim com suas dificuldades para conduzi-lo a autorrealização. Pode-se perceber que neste caso os objetivos de aprendizagem do educando ficam ao seu critério, ou seja o que é mais significativo para ele, tornando o educador um facilitador. 1.4 Abordagem Cognitivista A abordagem cognitivista é definida por Mizukami (1986, p.77-78) como uma abordagem que: O educador atua investigando, pesquisando, orientando e criando ambientes que favoreçam a troca e cooperação. Ele deve criar desequilíbrios e desafios sem nunca oferecer aos alunos a solução pronta. Em sua convivência com alunos, o professor deve observar e analisar o comportamento deles e tratá- los de acordo com suas características peculiares dentro de sua fase de evolução. Assim, o educador disponibiliza o cenário necessário para o aprendizado do educando, considerando o estágio de desenvolvimento em que o educando se encontra. Desta forma, o educando não é passivo na relação de aprendizagem, mas necessita de estímulos e oportunidades de aprendizados que desenvolvam raciocínio lógico, situações com hipóteses, atividades de classificação. 1.5 Abordagem Sócio Cultural Ao falar de abordagem sóciocultural, a relação entre o educando e o educador é horizontal, professor e aluno aprendem juntos em atividades diárias. (Mizukami, 1986) Neste processo, o professor deverá estar engajado em um trabalho transformador, procurando levar o aluno à consciência, desmistificando a ideologia dominante, valorizando a linguagem e a cultura. Nesta abordagem, a dialogicidade é parte central do aprendizado, em que o educador respeita o conhecimento prévio, as demandas e necessidades do educando, valorizando ações como cooperação empatia, e tomadas de decisão e troca de saberes entre todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem. 2. A Didática e o Currículo na Organização do Trabalho Docente Cotidianamente, o trabalho pedagógico nos espaços educativos é levado pelas abordagens teóricas dos processos de ensino e aprendizagem, como vimos anteriormente. Além desse norteador, existem outros elementos como a didática, o currículo, o planejamento, a intencionalidade, a formação do educador, que são fundamentais nos processos de ensino e aprendizagem, e fundamentais para a prática de educadores conscientes de sua importância na formação do educando. A didática e o currículo são muito importantes na organização do trabalho do educador, pois o sucesso, ou o insucesso, dos processos de aprendizagem, perpassam por esse caminho. “A Escola que sonhamos, é aquela que assegura a todos a formação cultural e científica para a vida social e pessoal, profissional e cidadã, possibilitando uma relação autônoma, crítica e construtiva com a cultura em suas várias manifestações”. (Libâneo, 1998, p. 3). Mas como garantir a o aprendizado dos educandos? O que ensinar aos educandos? Quais os mecanismos que contribuem para um processo de ensino e aprendizagem se efetivarem? Pensando no que ensinar, os educadores não criam hipoteticamente os conteúdos a serem trabalhados com os educandos, esses conteúdos são determinados pelo currículo. Mas afinal, o que é o currículo? Currículo é considerado um artefato social e cultural. Isso significa que ele é colocado na moldura mais ampla de suas determinações sociais, de sua história e de sua produção contextual. O currículo não é um elemento inocente e neutro de transmissão desinteressada do conhecimento social. O currículo está implicado em relações de poder, o currículo transmite visões sociais, particulares e interessados, o currículo produz identidades individuais e sociais particulares. (Tadeu Tomaz da Silva, 1994). Os currículos escolares foram determinados em algum momento histórico social e político, e tem como objetivo embasar, e de certa forma, padronizar o que é importante que os educandos aprendam. São norteadores das práticas pedagógicas de milhares de educadores pelo Brasil, e determinam os conteúdos mínimos a serem abordados em cada ano seja na educação infantil, nos anos iniciais, no ensino médio, ou no ensino superior. Na educação brasileira, há inicialmente a LDB (Lei de diretrizes e bases, de 1996.), que determina e rege todos os âmbitos do ensino, além dos PCN’S (parâmetros curriculares nacionais) do ensino médio, do ensino fundamental, e a RCNEI da educação infantil. Em cada um desses documentos existem direcionamentos de concepções pedagógicas, de desenvolvimento, conteúdos a serem desenvolvidos em cada período do ensino, com os respectivos objetivos a serem alcançados. Além desses documentos nacionais, cada instituição de ensino deve possuir um PPP (Plano Político Pedagógico), que direcione seus objetivos mais específicos para sua comunidade,ou grupo atendido, pensando que cada espaço educativo, seus educandos e educadores são únicos, e tem suas especificidades. Baseado nesses pressupostos, o educador se ancora para pensar o que irá abordar, e como priorizar o que é mais importante para aquela comunidade educativa. Não se pode esquecer que o PPP, assim como o currículo, tem uma ideologia e é puramente intencional, por isso devem ser documentos construídos por todas as pessoas envolvidas nesse processo, e principalmente, estarem em consonância com os interesses da comunidade educativa. Depois da escolha do que ensinar (currículo), os educadores precisam ter domínio de como fazer, é aí que acessamos a didática. A didática é companheira do currículo nos processos de ensino e aprendizagem: [...] A didática ocupa-se dos processos de ensino e aprendizagem na sua globalidade, na sua interseção ou interação, com finalidade de orientar o trabalho do professor. Portanto, ensino como atividade prática, melhor dizendo práxis, que é também, fonte de investigação, estimulando o próprio professor a descobrir suas possibilidades de ação. (Libâneo, 1998) A didática vai além das disciplinas do currículo, do PPP, da matéria propriamente dita, ela está vinculada diretamente ao fazer pedagógico, a prática pedagógica, pois tem como objetivo organizar e definir os objetivos, conteúdos, pôr em prática os métodos, evidenciando como o educador utiliza as ferramentas e possibilidades para ensinar, como efetiva o aprendizado, como envolve e sensibiliza os educandos para o aprender significativo. A didática tem o objetivo de responder: “o para que ensinar, o que ensinar, quem ensina, quem aprende, como se ensina, em que condições se ensina”. A didática e o currículo precisam andar juntos, pois ao pensar nos objetivos da educação e dos espaços educativos, de possibilitar o desenvolvimento integral dos educandos, é necessário pensar em como os educadores precisam buscar subsídios teóricos para ampliar as práxis. O cotidiano no espaço educativo exige que o educador tenha um planejamento intencional, e muitas estratégias para alcançar a diversidade e especificidades dos educandos que fazem parte de sua turma, e para isso, precisa de conhecimento e flexibilidade em métodos e estratégias, competência que alcançará com conhecimento teórico. O conteúdo que será ensinando precisa fazer sentido para o educando, ter relação com sua realidade, e como o educador ensina (a didática) é o que vai realmente fazer a diferença na internalização do conhecimento, se apropriar do conhecimento. Fazer com que esse aprendizado seja prazeroso, divertido e tenha sentido irá depender diretamente desses dois fatores aqui vistos. 3. Planejamento e Avaliação dos Processos de Ensino e Aprendizagem Após a reflexão do currículo e da didática, outros instrumentos que o educador tem a seu favor para realizar uma educação transformadora são o planejamento e a avaliação. Mas afinal, o que é o planejamento? Qual sua importância no processo de ensino e aprendizagem? Pensando que o planejamento faz parte de nosso cotidiano, pois em cada ação realizada estamos realizando a ação de planejar mesmo sem darmos conta disso. Cotidianamente as pessoas são conduzidas a planejar, a tomar decisões que, em alguns momentos, são definidas a partir de improvisações e em outros, são decididas partindo de ações previamente organizadas (Kenski, 1995). Na ação educativa não é diferente, toda prática realizada precisa passar pelo planejamento, principalmente por entendermos que a educação não é neutra, ela é intencional. O planejamento é um processo de sistematização e organização das ações do educador, que organiza questões centrais do processo de ensino e aprendizagem como: o que ele vai ensinar, por que vai ensinar, quando vai ensinar e como vai ensinar. É um instrumento da racionalização do trabalho pedagógico que articula a atividade escolar com os conteúdos do contexto social (Libâneo, 1991). Outro aspecto a ser considerado no planejamento é sua coerência com os valores da sociedade, do PPP da instituição de ensino, e do currículo, pois tudo está conectado e precisa ter relação. Também deve-se entender a necessidade de organizar o trabalho pedagógico, sobretudo a atividade de ensino, de forma conjunta com os educadores envolvidos de uma forma ou de outra nesses processos, pois assim é garantida a interdisciplinaridade, a efetivação do currículo, do PPP baseados em discussões democrática e cooperativas. Refletir é também avaliar, e avaliar é também planejar, estabelecer objetivos etc. Daí os critérios de avaliação, que condicionam seus resultados estejam sempre subordinados a finalidades e objetivos previamente estabelecidos para qualquer prática, seja ela educativa, social, política ou outra. (Demo, 1999) Quando o educador pensa sua situação de ensino, ele precisa contemplar os objetivos que pretende alcançar com aquela estratégia, por intermédio da elaboração internacional de sua prática, posteriormente, ele precisa pensar na ação, ou seja como vai acontecer, em seguida, precisa refletir se os objetivos foram alcançados, processo realizado pela avaliação, e por fim, realiza a reorganização, o redirecionamento de suas práticas, que será realizada no cotidiano do trabalho pedagógico de acordo com as demandas. Elementos para a organização do planejamento: Fonte: Elaborado pela própria autora Outra sugestão: A definição dos objetivos no momento do planejamento é o marco inicial do processo da ação pedagógica, pois o educador precisa ter claro o que pretende com sua ação, onde pretende chegar, qual o conteúdo que vai abordar, quais as competências e habilidades que pretende desenvolver em sua ação. Lembrando que todos os passos do planejamento precisam estar em consonância com a teoria da aprendizagem, o currículo, o PPP e a didática que a instituição acredita. A ação/execução da proposta pedagógica consiste em como fazer, que atividade elaborar para atingir aquele objetivo. Neste caso, o(a) educador(a) precisa pensar interdisciplinarmente em uma atividade que engloba a temática: Como realizar uma atividade que desenvolva habilidades de escrita? A reflexão do alcance da prática pela avaliação diz respeito a como o educador irá fazer para mensurar se alcançou seu objetivo pedagógico, por meio da avaliação dos educandos. Neste caso, a avaliação educacional é o instrumento que norteia essa prática: É um processo pelo qual se procura identificar, aferir, investigar e analisar as modificações do comportamento e atendimento do educando, do sistema, confirmando se a construção do conhecimento se processou, seja este teórico (mental) ou prático. (Santana, 1997) O direcionamento e a reorganização de estratégias e objetivos tem relação com o que o educador realiza com o retorno da avaliação, e os direcionamentos para continuar de forma organizada os objetivos de aprendizagem. Exemplo: se o educador tem como objetivo ensinar o conteúdo de adição na disciplina de matemática, realizou a avaliação e percebeu que pelos resultados seus educandos não atingiram os objetivos de aprendizagem, ele precisa encontrar formas de organizar seu método ou estratégia pedagógica para alcançar seu objetivo no ensino, e não simplesmente seguir em frente no conteúdo, e passar para o conteúdo de multiplicação. Neste caso, é fundamental que o educador, por ser um profissional doensino, tenha conhecimento e domínio das técnicas e métodos de como ensinar, incluindo nesse pacote a formação pedagógica didática, pois a forma como ensinamos, como organizamos, a intencionalidade que implicamos em cada prática pedagógica, parte do domínio de realizar um planejamento coerente. LIBÂNIO (2001). Características importantes no processo na organização da prática pedagógica no planejamento são a flexibilidade, a particularidade e a dinamicidade. Esses elementos garantem a oportunidade do educador perceber a diversidade e subjetividade de cada educando e, principalmente, que o planejamento que está ancorado neste tripé irá valorizar as relações históricos e culturais que permeiam os espaços educativos, permitindo o recuo e avanço, dependendo das necessidades dos educandos, e que este necessite transpor os conhecimentos já adquiridos pelos educandos, precisa oportunizar a vivência de novos aprendizados e o desenvolvimento de habilidades e competências, sejam sociais, culturais, emocionais e físicas. 4. A Diversidade na Sala de Aula: o Papel do e Educador na Educação Inclusiva Quando o educador e a instituição de ensino pensam na sua abordagem teórica de ensino, no seu currículo, na didática, no planejamento e na avaliação em consonância, precisam pensar em como realizar e valorizar esses processos em uma educação inclusiva. Mas o que é inclusão? Do que estamos falando? Quando pensamos na trajetória da humanidade em suas relações sociais, não podemos em nenhum momento desconsiderar as relações de poder historicamente construídas nas relações entre mulheres e homens e seus papéis na sociedade. Essas relações foram se construindo em torno das desigualdades sociais, econômicas, educacionais, de uma sociedade etnocêntrica, branca, machista, patriarcal, heterossexual, cristã, que segregou pessoas com deficiência, dualizando as pessoas, denominado o que era normal e o que estava fora da norma. A diversidade é a riqueza de nossas relações, é fundamental para ampliarmos nosso aprendizado, mas vive a sombra da intolerância, da indiferença, do ódio e da violência. A pergunta que sempre está presente entre os pares que idealizam o respeito à diversidade é: Como garantir o direito à diversidade no espaço educacional? A educação em seus espaços, sejam formais ou informais de ensino, é um ponto de encontro da diversidade em que crenças, valores, culturas, de raças e etnias, diferenças sexuais, religiosa, deficiências, econômicas, possibilitam (ou deveriam possibilitar) aprender, conhecer, desenvolver, ampliar, reconhecer, transformar, ressignificar, compartilhar e promover mudança, entretanto, esses acontecimentos nem sempre são possíveis, pois os espaços carregados de ideologia e intencionalidade que reproduzem interesses de grupos historicamente dominantes, como os homens, brancos, heterossexuais e cristãos, que de maneira geral desconsideram e desvalorizam seus diferentes (Louro, 2004). Gestos, movimentos, sentidos são produzidos no espaço escolar e incorporados por meninos e meninas, tornando parte de seus corpos. Ali se aprende a olhar e a se olhar, a ouvir, a falar e a calar; se aprende a preferir. Todos os sentidos são treinados, fazendo com que cada um e cada uma conheçam sons cheiros, os sabores bons e decentes e rejeite os indecentes, aprenda o que e a quem tocar (ou, na maioria das vezes, não tocar); fazendo com que tenha algumas habilidades e não outras (Louro, 2004). Em todos esses impactos que o educando vivencia no espaço educativo é possível afirmar que a inclusão permeia todos os espaços, pois é uma prática social, iniciando o âmbito familiar, de entretenimento, em sua cultura, na escola, na relação com os outros, nas atitudes nossas e dos outros. Nas instituições educacionais é fundamental dialogar e colocar em prática reflexões e sensibilização por meio da valorização da identidade, diferença e diversidade, pois por essas discussões, seja no âmbito dos educandos ou dos educadores, é fundamental para a criação de uma cultura de respeito à diversidade entre todos, e sobre os educadores que pensem estratégias e construam metodologias, intervenções, didáticas que possibilitem essa transformação, salientando que os importantes grupos de minorias segregadas ocupam lugares bem marginalizados na sociedade. Cotidianamente a diversidade nos instiga a perceber como cada educando é diferente nos processos de aprender e ensinar, como alguns são mais sensíveis e outros mais imponentes. Nesse sentido é importante o olhar atento, pois: “há diferenças e há igualdades, e nem tudo deve ser igual nem tudo deve ser diferente, [...] é preciso que tenhamos o direito de ser diferente quando a igualdade nos descaracteriza e o direito de ser iguais quando a diferença nos inferioriza.” (Mantoan, 2004) No momento do planejamento, baseado no currículo e nas teorias de aprendizagem, é necessário estarmos cientes da nossa responsabilidade em oportunizar por intermédio dos conteúdos, situações de aprendizagem que contemplem todos os educandos e que respeite essa belíssima diversidade, incluindo aqui na perspectiva de população que tem direito a fazer parte da educação inclusiva, todos os educandos. Pois todas as pessoas têm direito e condições de se desenvolver, de receber oportunidades. Sabemos que na sociedade em que vivemos isso é contradição, ou seja, os educandos que não atingem a meta, que não “acompanham” o desenvolvimento da maioria da sua turma, fugindo do padrão hegemônico, automaticamente ocupam a margem, são excluídos. E partindo deste pressuposto que a educação inclusiva surge, um paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis, e que avança em relação à ideia de equidade formal ao contextualizar as circunstâncias históricas da produção da exclusão dentro e fora da escola. (BRASIL, 2008). Ao pensar em inclusão nos espaços educacionais, além de questões de acesso estrutural e de espaço físico, estamos falando de intenção pedagógica, da prática pedagógica em si. Uma prática que tem como objetivo a inclusão nos espaços educacionais que: [...] postula uma reestruturação do sistema educacional, ou seja, uma mudança estrutural no ensino regular, cujo objetivo é fazer com que a escola se torne inclusiva, um espaço democrático e competente para trabalhar com todos os educandos, sem distinção de raça, classe, gênero ou características pessoais, baseando-se no princípio de que a diversidade deve não só ser aceita como desejada. (BRASIL, 2001, p. 40). Portanto, é fundamental que nos espaços educacionais, sejam discutidas e refletidas sobre as diferenças e a inclusão, e que seja garantido o respeito a todas as pessoas. Dialogar sobre as situações de bullying, violência, dialogar sobre a beleza das diferenças, sempre dialogar, sempre proporcionar reflexão, provocando as criticidades e principalmente, sensibilizando para o respeito. Essas temáticas, que são demandas recorrentes em espaços educativos, precisam fazer parte do PPP (Projeto Político Pedagógico), considerando a relevância social, e principalmente pela oportunidade que os espaços educativos tem de transformar e ensinar o respeito sobre as diferenças e, principalmente, a de contribuir para valorização e auto estima de cada educando. 5. As Pesquisas sobre Trabalho Docente e suas Contribuições Diante de todos os desafios apresentados até o momento,evidenciando o educador e o trabalho docente como peças centrais no sucesso dos processos de ensino e aprendizagem, a necessidade de aprofundamento teórico e a formação continuada fazem parte de um cenário que exige do educador a busca pela pesquisa e novos conhecimentos que façam sentido, frente à demandas que existem nos espaços educativos e que estejam conectadas a realidade social, econômica e tecnológica da sociedade contemporânea. Mas como atingir esses objetivos? Quais as qualidades necessárias para uma prática docente transformadora? Além das dimensões emocionais, físicas, políticas, afetivas, éticas, reflexivas e críticas que já abordamos até o momento, as relacionadas ao domínio do conhecimento científico são fundamentais em todos os âmbitos da sociedade. É possível elencar duas possibilidades como contribuições para o trabalho docente: A primeira: evidenciar a importância do conhecimento científico para o desenvolvimento da educação, por outras instâncias e pessoas. A segunda: o educador se lançar para a pesquisa científica a fim de ampliar e melhorar sua prática, partindo de suas demandas. As pesquisas científicas nesse sentido são possibilidades muito eficientes para a promoção do conhecimento, pois oportuniza a busca por novas respostas, produzidas por rigor metodológico, reflexão, aprofundamento teórico e criticidade do pesquisador. Quando o educador faz uso do conhecimento científico e da pesquisa em sua prática, ele evidencia a potencialidade do seu fazer pedagógico, oportunizando um nível mais elabora e sistematizado do ensinar e aprender. Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino[...] no meu entender, o que há de pesquisador no professor não é uma qualidade ou uma forma de ser ou de atuar que se acrescente à de ensinar. Faz parte da natureza da prática docente a indagação, a busca, a pesquisa. Esses que fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino, continuo buscando, procurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade. (Freire, 2004) Fazer pesquisa científica é fundamental para o desenvolvimento da sociedade. Fazer pesquisa científica baseado nas demandas cotidianas em seu espaço educativo, sem dúvidas dá um sentido diferente à pesquisa e consequentemente em conceber e praticar a pesquisa. Deste modo, fazendo pesquisa, educo e estou me educando com os grupos populares. (Freire, 1983). Esta prática do educador que usa a pesquisa para resolver suas dificuldades e problemas é importante, pois utiliza o ponto de partida da sua própria realidade e qualifica o educador para mediar e intervir as relações de aprendizagem, valorizando e percebendo a realidade social e cultural constituída historicamente, para posteriormente, partir da realidade concreta pensando e fundamentado pelo conhecimento científico e da teoria, retornando para o espaço como intervenções efetivas. Quando pretendemos conhecer determinada realidade por meio de pesquisa, é necessário definir o que se entende por realidade concreta. (Freire, 1983) Ou seja, se faz necessário entender a maneira como os sujeitos de diferentes grupos sociais compreendem a relação com seu mundo, visto a realidade concreta ser uma relação dinâmica e dialética entre subjetividade e objetividade. Diante de tantas potencialidades sobre a pesquisa científica, é uma crítica relevante a ser considerada, que muitas vezes as pesquisas realizadas na universidade pelos programas de pós-graduação pensadas para a educação, são estudos que pouco contribuem para a dificuldade vivenciada nos espaços educativos, evidenciando assim a importância do educador que está diretamente na prática, vivenciando as demandas têm em participar do processo de pesquisa. 6. A Importância da Formação Continuada do Educador no Contexto Atual Diante de todas as transformações sociais, econômicas, políticas e tecnológicas, as mudanças na dinâmica de interesses e necessidade das pessoas é desenfreada. O novo fica obsoleto em pouco tempo, a verdade que era dita ontem, hoje já caiu por terra. Ao mesmo tempo em que novas tecnologias, ideias inovadoras e instrumentos e conhecimentos são produzidos em prol do desenvolvimento da humanidade. No âmbito escolar não é diferente, por isso vamos falar sobre como é importante a formação continuada do educador para que ele possa vislumbrar novas possibilidades de pensar e de fazer a sua prática pedagógica, buscando reinventar-se. Outro aspecto importante na formação continuada, além do aprofundamento técnico e específico da área, é a importância do espaço que os educadores tem para dialogar, para reflexão e para a troca de experiências. No âmbito da educação formal, a formação continuada do educador é garantida e exigida pela LDB 9394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação). A lei garante a formação por entender que os educadores precisam de subsídios teóricos e metodológicos para garantir de suas responsabilidades como educadores ou estarem melhores preparados. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei 9.394/96, no Artigo 13, que destaca: Os docentes incumbir-se-ão de: I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; III - zelar pela aprendizagem dos alunos; IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento; V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade (BRASIL, 1996, p. 6). Conforme vimos, as responsabilidades do educador são inúmeras e de extrema relevância para o sucesso da educação dos educandos e, além da sua participação e responsabilidade do processo de ensino e aprendizagem, a proposta do espaço de educação PPP (Plano Político Pedagógico) é tão importante quanto a prática pedagógica. Outro aspecto fundamental que deve ser considerado para ser garantida a formação continuada são as mudanças aceleradas e as necessidades que acompanham essas demandas relativas às comunidades em que as escolas estão inseridas, como violência, pobreza, bullying, inclusão, questões de gênero e sexualidade que exigem do educador conhecimento e reflexão cotidiana. [...] A ideia-chave de formação continuada é: Pela participação e gestão do trabalho escolar, os professores podem aprender várias coisas: tomar decisões coletivamente, formular o projeto pedagógico, dividir com os colegas as preocupações, desenvolver o espírito de solidariedade, assumir coletivamente a responsabilidade pela escola, investir no seu desenvolvimento profissional. Mas, principalmente aprendem sua profissão. É claro que os professores desenvolvem sua profissionalidade primeiro no curso de formação inicial, na sua história pessoal como aluno, nos estágios, etc., mas é imprescindível ter-se clareza hoje de que os professores aprendem muito compartilhando sua profissão, seus problemas, no contexto de trabalho. É no exercício do trabalho que, de fato, o professor produz sua profissionalidade. (Libâneo, 2004) E é nesse sentido que no contexto atual a formação continuada dos educadores caminha, para o entendimento de que os espaços educativos são espaços que devemoportunizar a aprendizagem do educador, onde ele possa desenvolver competências e habilidades para ensinar sendo ativo em um processo cooperativo em que na dialogicidade e na troca de saberes ele ensina e aprende. E por fim, o educador consegue se perceber enquanto sujeito, que precisa sempre estar desenvolvendo suas competências pessoais, que tem relação com a sociabilidade, a interação, e o acolhimento e entendimento sobre as especificidades dos educandos e suas particularidades, respeitando a diversidade, compreendendo o que está por trás dos processos de gestão do espaço do qual faz parte, além de acolher a interdisciplinaridade e ludicidade como fundamental para o cotidiano do trabalho educativo. A formação continuada amplia o olhar do educador, fazendo-o realizar uma autoavaliação frequente, mantendo-o atualizado e motivado ao cotidiano no espaço educacional. Considerações finais Como visto, existem as abordagens teóricas da aprendizagem, que servem como norteadoras das práticas pedagógicas, são elas: tradicional, comportamentalista, humanista, cognitivista, sócio cultural. Esses aspectos interferem diretamente na didática e no currículo. O currículo nunca é neutro, sempre é intencional e carregado de ideologias. A didática é fundamental no processo de ensino e aprendizagem pois determina como vamos ensinar, de que forma iremos ensinar determinado conteúdo ou determinada competência. Em meio a este processo, o educador precisa pensar em como ensinar, e para isso precisa organizar o planejamento, que tem como objetivo direcionar o trabalho do educador. É organizado pensando nas abordagens teóricas, no currículo, na didática, deve ser intencional e organizado para que o educador consiga atingir seu objetivo de aprendizagem. Dentro do planejamento o educador precisa estar atento à diversidade existente em seu espaço educativo, para assim incluir todos os educandos, independente, de religião, deficiência, gênero, sexo, etnia, classe econômica. O educador precisa entender que todos são diferentes e que isso deve ser o ponto de partida para a aprendizagem. E por fim, refletimos sobre a importância da pesquisa no trabalho docente, pois não há ninguém melhor que o educador que está vivendo a dificuldade pensar a pesquisa para atender suas demandas. Diante disso, ficou evidente a necessidade da formação continuada do educador para dar conta das demais da contemporaneidade. Referências BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da Educação nacional. Brasília, 1996. 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