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37 Valentina Gomes Prof. Musso Arteriosclerose ≠ Aterosclerose Processo de endurecimento, perda da elasticidade e espessamento progressivo das paredes das artérias Formação de placas de gordura, cálcio e outros elementos (ateroma) na camada íntima das artérias. Os ateromas causam enrijecimento e estreitamento dos vasos. INTRODUÇÃO: Deposição de lipídios (colesterol) na camada íntima de artérias de grande e médio calibre Compromete a capacidade de distensão dos vasos → no momento da sístole os vasos musculares se distendem longitudinal (no comprimento) e transversalmente (no diâmetro) e se contraem na diástole, mantendo um fluxo constante Comprometimento tanto morfológico quanto funcional: impede os vasos de exercer junto com o coração a força de impulsionamento do sangue Prevalência e gravidade maior em idosos Responsável por lesão em vários órgãos → sobretudo isquemia PATOGÊNESE Resposta inflamatória sistêmica crônica: Lesões ateroscleróticas podem iniciar em artérias morfologicamente preservadas, mas com funcionamento alterado. Agressão do endotélio: Agressão mecânica: Resultado do estresse de cisalhamento ou de altas tensões. Refluxo de sangue: quando há resistência periférica aumentada, a distensão dos vasos não é capaz de manter o fluxo unidirecional, causando refluxo. Os receptores do endotélio reconhecem o fluxo invertido, aumento a permeabilidade. → explica a relação de risco em hipertensos Moléculas hiperglicadas (AGE) e RL: glicose causa glicação de moléculas da parede vascular e isso favorece a retenção de lipídios na parede O aumento da glicação é um fenômeno normal do avanço da idade → explica a maior prevalência e gravidade nos idosos Glicose é o fator responsável pela glicação → explica a relação de risco em diabéticos Penetração de Lipídios: Quilomícron: partícula composta de triglicerídeos absorvidos pelo intestino LDL: transportadora de colesterol para as células do organismo → enquanto o HDL faz o caminha inverso, levando-as para o fígado Lipoproteína A (Lpa): Variante do LDL Agressão do endotélio • Aumento de moléculas de adesão Penetração e acúmulo de lipídios • Quílomicron • LDL • VLDL • Lp(a) Adesão de monócitos e plaquetas • Lipídios são endocitadas por macrófagos e células musculares Sintese de matriz extracelular • Formação da capa fibrosa 38 Valentina Gomes Impede a ligação do plasminogênio à fibrina, impossibilitando a lise de trombos → associado ao maior risco de obstrução arterial Adesão de monócitos e plaquetas: Monócitos penetram na íntima, tornam-se macrófagos e fagocitam as lipoproteínas liberando citocinas e fatores de crescimento → células espumosas Células musculares respondem a esses estímulos, migram e proliferam e endocitam os lipídios → células espumosas Proliferação de células musculares é um dos fatores responsáveis pela transformação de estrias lipídicas em ateromas Citocinas liberadas são responsáveis pela manutenção do estado inflamatório do endotélio Síntese de matriz extracelular: Células musculares lisas tornam-se miofibroblastos e sintetizam tecido conjuntivo da capa fibrosa. FATORES DE RISCO: Dislipidemia → maior disponibilidade de colesterol para ser aprisionado na parede dos vasos Obesidade → níveis glicêmicos aumentados Síndrome metabólica → níveis glicêmicos aumentados Hipertensão Arterial Sistêmica → aumento das lesões mecânicas Diabetes melito → a glicação aumentada leva a um estado inflamatório crônico Tabagismo Sedentarismo → perde massa muscular e, com isso a capacidade de manter níveis glicêmicos normais Estresse → aumento de corticoides (hipertensivos e hiperglicemiantes) Fatores genéticos Gênero → estrogênio é protetivo, por isso, homens e mulheres na menopausa tem maior incidencia Infecções que lesem o endotélio MORFOLOGIA Sítios mais comuns: Artérias musculares (grande e médio calibre) Aorta Aa. Coronárias Aa. Cerebrais Aa. Mesentéricas Aa. Renais Aa. Ilíacas Aa. Femorais → Ligado à maior tensão nesses vasos, causando lesão nas paredes Captação de liporpoteínas pelo endotélio Macrófagos e miócitos possuem receptores para LDL não autoreguláveis Internalizam lipoproteínas e se tornam células espumosas LDL sofre oxicidação e se torna tóxica para os tecidos Estimula resposta inflmatória local 39 Valentina Gomes ESTRIAS LIPÍDICAS: Macroscopia: Manchas ou pequenas elevações amareladas e lineares Podem regredir, estacionar ou progredir para ateromas Microscopia: Células xantomatosas (espumosas) → acúmulo de gordura dentro da célula Macrófagos e células musculares cheias de gotas de gordura → daí vem o nome “células espumosas” Células volumosas, arredondadas, citoplasma claro e gotas gordura PLACAS ATEROMATOSAS: Macroscopia: Lesão mais característica da doença Lesão na íntima Coloração branco-amarelada Lesão expansiva e excêntrica → redução progressiva da luz, cresce a partir de um lado do vaso Formação de capa fibrosa: fibras colágenas e células musculares lisas cobrem a superfície da lesão Região central: núcleo ou centro necrótico. Composto de lipídios, células espumosas, leucócitos e restos celulares Microscopia: Constituída de células + matriz extracelular + lipídeos Células: macrófagos, células musculares lisas, leucócitos e fibroblastos Matriz extracelular: fibras colágenas, elásticas e proteoglicanos Lipídeos: Colesterol → Células espumosas → lipídio dentro das células → Cristal de colesterol → lipídio fora das células Placa dura: Estáveis → menos provável de causar complicações Predomina componente fibroso Placa mole: Instáveis Podem romper-se com facilidade → por forças de cisalhamento ou por vasoespasmo Predomina componentes celulares e lipídicos Pouco tecido conjuntivo Estria lipídica, lesão considerada reversível Placas ateromatosas Núcleo da placa, cheio de cristais de colesterol, foco de hemorragia Proliferação de células musculares lisas no interior da placa. Área esbranquiçada é a placa. 40 Valentina Gomes Complicação das placas: Erosão ou ulceração da placa → resulta em perda do revestimento endotelial Trombose: formação de trombos Hemorragia: penetra na placa a partir de rachaduras → Pode causar também dissecção da aorta → o sangue entra entre as lâminas do vaso e causa hemorragia fatal Calcificação → quando extensa, pode ser reconhecida na radiografia COMPLICAÇÕES Dilatação arterial: localizada (aneurisma) ou difusa Obstrução arterial: causando isquemia aguda ou crônica → mais comum em vasos de médio calibre devido ao tamanho necessário para obliterar. Fatores contribuintes para a obstrução: Crescimento da placa: expansão leva à redução da luz → na fase inicial pode haver remodelamento da parede e dilatação compensatória da luz Hemorragia no ateroma: sangue acumulado no interior da placa aumenta bruscamente seu volume → hematoma Vasoespasmos: Contração anormal e vigorosa do vaso Perda de endotélio (produtor de NO e prostaciclina) → redução dos agentes vasodilatadores Adesão plaquetária nos ateromas → liberação de troboxano A2 → vasoconstrição Trombose: Rupturas de placa (erosão, ulcera ou fissura) → perda endotelial → coagulação → formação de trombo → especialmente em placas moles Arteria com calibre reduzido drasticamente. Seta aponta área de calcificação Foco hemorrágico ( → ) e cristais de colesterol ( → ) visíveis na íntima Células espumosas (lipídio dentro da célula) e cristal de colesterol (lipídio fora da célula) Aneurisma formado por fragilização da parede vascular 41 Valentina Gomes Mas o que determina o tipo de placa formada? É o nível de dislipidemia e o tempo de evolução. Se a lesão ocorre aos poucos, ela tem tempo de cicatrizar e formar fibrose ao redor da lesão → placa dura Jáuma lesão com evolução acelerada, não dá tempo a cicatrização e predomina o componente necrótico → placa mole Placa dura (esquerda) e placa mole (direita).
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