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Universidade Federal de Campina Grande Centro de Ciências Jurídicas e Sociais – CCJS Unidade Acadêmica de Direito – UAD Wescley de Lira Mota 1º Estudo Dirigido – Direito Internacional Sousa - PB 2020 1º Estudo Dirigido – Direito Internacional 1) A respeito da incorporação do direito internacional ao direito brasileiro, assinale a opção correta (1,0): a) a casa iniciadora, no que diz respeito a projetos de decreto legislativo de aprovação de tratados, é o Senado Federal. b) a ratificação de tratado pelo Presidente da República é ato discricionário. c) Diferentemente dos tratados-lei, tratados-contrato não necessitam de aprovação do Congresso Nacional para passar a integrar o ordenamento jurídico nacional. d) Tratados de direitos humanos ratificados antes ou depois da CF incorporam-se ao direito pátrio com força de emenda constitucional. e) É proibido ao Congresso Nacional aprovar os tratados com ressalvas. 2) Sobre Direito dos Tratados Internacionais, assinale a opção incorreta (1,0): a) a necessidade de forma escrita está expressa na definição de tratado presente na Convenção de Viena. b) o recurso aos trabalhos preparatórios é meio suplementar de interpretação do ato internacional. c) os tratados ou as convenções internacionais comuns, uma vez regularmente incorporados ao direito interno, situam-se, no sistema jurídico brasileiro, nos mesmos planos de validade, eficácia e de autoridade em que se posicionam as leis ordinárias, havendo, em consequência, entre estas e os atos de direito internacional público, mera relação de paridade normativa. d) os tratados são promulgados por decreto legislativo. e) a reserva significa uma declaração unilateral feita por um Estado, ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, com o objetivo de excluir ou modificar efeito jurídico de certas disposições de um tratado multilateral. 3) Diferencie tratado aberto e tratado fechado (1,5). Tratados abertos e tratados fechados se relacionam intrinsecamente no que tange à sua classificação doutrinária. Em princípio, os tratados podem ser classificados como sendo formais ou materiais. Dentre os tratados formais, podem ser subclassificados: quanto ao número de partes; quanto ao tipo de procedimento utilizado para a sua conclusão; quanto à possibilidade de adesão. Dentre os tratados materiais, podem ser subclassificados: quanto à natureza jurídica; quanto à execução no tempo; quanto à execução no espaço; quanto à estrutura da execução. Os tratados abertos ou fechados, pois, orbitam a classificação dos tratados formais quanto à possibilidade de adesão de outros estados ou organizações em tempo posterior (abertos) ou adesão exclusivamente concomitante à adesão dos estados originários daquele tratado (fechado). Nos tratados abertos, os Estados que porventura não tenham participado das negociações preliminares, não o tenham ratificado ou, o fazendo, o denunciaram com ulterior arrependimento, podem aderir ao tratado. Valério de Oliveira Mazzuoli, 13ª ed., leciona que a Declaração de Paris de 1856 foi o primeiro tratado multilateral aberto. Haja vista que classificados quanto à possibilidade de adesão, os tratados abertos podem ser aderidos de forma limitada ou ilimitada. A limitação à adesão ocorre, geralmente, em razão da proposta regional ou geográfica em que está inserto o cerne tratado-lei, v.g., será limitada a adesão ao Tratado de Assunção, que criou o Mercosul, somente a países integrantes da Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), este último criado com o Tratado de Montevidéu, em 1980. Os tratados abertos de adesão ilimitada são aqueles em que qualquer Estado, em tempo posterior ao pacto entre os signatários originários, poderá ingressar ao tratado. Independentemente da limitação ou não da adesão, os tratados abertos podem ser classificados como condicionados ou incondicionados. Evidentemente, os tratados abertos condicionais, sejam limitados ou ilimitados, impõe o ônus de cumprimento de condição prévia para adesão do estado ao tratado. Os incondicionais, por sua vez, não exigem nenhuma satisfação de condição anterior para que dado estado se torne signatário. Mazzuoli, novamente, leciona que é exemplo de Tratado Internacional Aberto Condicionado, a Carta das Nações Unidas “aberta tão somente, nos termos de seu art. 4º, §1º, aos Estados “amantes da paz que aceitarem as obrigações, contidas na presente Carta e que, a juízo da Organização, estiverem aptos e dispostos a cumprir tais obrigações”. Os tratados internacionais fechados, por sua vez, são integrados tão somente por signatários originários, sejam Estados ou organizações, não se podendo aderir ao tratado posteriormente. Caso haja um acordo ulterior entre os membros originários que decida sobre a adesão de determinado Estado àquele tratado, e caso este assim deseje e manifeste, poderá aderir ao Tratado. 4) Sobre costume internacional, explique (1,5): a) as diferenças existentes na compreensão de costume no direito interno e no direito internacional: A compreensão do costume no direito interno brasileiro pode ser definida como o conjunto de usos e práticas uniformes, reiteradas, constantes, públicas, com conteúdo lícito e relevância jurídica, e conforme se pode extrair do art. 4º da LINDB – Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, serve como fonte supletiva do ordenamento jurídico pátrio. Caso o magistrado não encontre solução na lei ou na analogia, poderá fundamentar por meios dos costumes - em que inserta dada relação jurídica - para decidir, haja vista a vedação do non liquet, isto é, o juiz não poderá deixar de julgar uma causa que lhe foi submetida, e deverá julgá-la fundamentadamente, de forma clara. Já no Direito Internacional, os costumes são fontes diretas, e encontram previsão no art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça. É definida no dispositivo como “uma prática geralmente aceita como direito”. Os costumes e os tratados possuem tratamento horizontal, e sua aplicabilidade é compulsória e exequível, ao contrário do ordenamento jurídico brasileiro, que trata a lei em hierarquia superior aos costumes, que se resumem à supletividade normativa. O Min. Celso de Mello leciona que os tratados e os costumes possuem o mesmo valor, sem que um tenha primazia sobre o outro. Assim sendo, pode um tratado recente modificar ou derrogar um costume, e o inverso também ocorre. O costume internacional se trata de uma prática reiterada, perpetuada no tempo, que é reconhecida pela comunidade internacional como obrigatória e exequível. b) os elementos objetivos e subjetivos do costume internacional: Os elementos objetivos do costume internacional podem ser definidos na repetição ao longo do tempo de determinado modo de proceder diante de certo fato, que se configura na prática. A prática, por sua vez, somente se forma se a conduta do Estado ou organização possui múltiplos precedentes costumeiros, é constante, uniforme, e aplicada sempre que casos semelhantes ocorram, sendo geralmente aceita pelo meio em que dada prática ocorre. Sobre os elementos objetivos, Mazzuoli leciona “ser impossível estabelecer critérios exaustivos para prever as condutas que, pela sua repetição, podem ser capazes de criar uma prática nas relações entre Estados ou organizações internacionais, não obstante já ter havido alguma tentativa nesse sentido. Nesse campo, tudo estará a depender das circunstâncias do caso e da natureza da prática em questão”. Ou seja, os elementos objetivos dos costumes no direito internacional decorrem da própria formação da práxis, e esta decorre de condutas repetidas, reiteradas, aceitas, e aplicadas em casos semelhantes ao longo do tempo. Quanto aos elementossubjetivos dos costumes no direito internacional, podem ser definidos na convicção de que a prática é necessária, justa, e consequentemente jurídica. O elemento jurídico da prática, da repetição, da habitualidade da conduta, seria irrelevante caso não houvesse a obrigatoriedade jurídica em permanecer em tal conduta. Disto, decorre o texto legal do art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça, quando define que a prática deve ser “aceita como direito”. A convicção do direito (opinio juris), permeia as noções de segurança jurídica de que os costumes de dado lugar sempre serão aplicados caso situação hipotética ocorra, é a crença do ator da sociedade internacional de que aquilo que sempre se pratica, sempre será praticado, porque justo e obrigatório, logo, sujeito a sanções em caso de descumprimento, afinal nemo potest venire contra factum proprium. c) o conceito e os requisitos para aplicação do instituto do objetor persistente (persistent objector). O instituto do objetor persistente consiste na teoria que aduz que dado Estado que firme e reiteradamente se opunha à aplicação de dado costume internacional, desde a formação deste, poderia se escusar à sua exequibilidade. A (in)aplicabilidade do persistent objector não é pacificada na doutrina, havendo a corrente subjetivista a compreender que o estado deverá manifestar sua aquiescência, expressa ou tacitamente, para que se vincule à compulsoriedade do costume, ao contrapasso que São três os requisitos para a aplicação do instituto do objetor persistente: 1- Tempestividade: o estado deverá se manifestar sobre sua insubmissão à dado costume, quando este ainda estiver se estruturando na comunidade internacional; 2- Persistência: a objeção deverá ser manifestada de forma contínua, clara, concisa e persistente pelo Estado que, nos primórdios da formação da prática se opunha à sua aplicabilidade. 3- Consistência: a objeção deverá ser oposta mediante a devida fundamentação que a justifique, por meios de argumentos jurídicos sólidos e capazes de sobrepor a práxis internacional. 5) Assinale a opção correta relativamente à fundamentação, às fontes e às características do direito internacional público (1,0): a) Admite-se a escusa de obrigatoriedade de um costume internacional se o Estado provar de forma efetiva que se opôs ao seu conteúdo desde a sua formação. b) O jusnaturalismo é uma das vertentes teóricas da corrente objetivista. c) A corrente voluntarista considera que a obrigatoriedade do direito internacional deve basear-se no consentimento dos cidadãos. d) O consentimento perceptivo da corrente objetivista, significa que a normatividade jurídica do direito internacional nasce da pura vontade dos Estados.
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