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A CONSTITUCIONALIDADE DA PRISÃ EM SEGUNDA INSTÂNCIA ROBERT MESSIAS CARNEIRO BRITO WELTON DA COSTA DE MOURA JESSI RAFAELA ALVES DE OLIVEIRA NATHALIA FELIX MENDANHA INTRODUÇÃO O presente trabalho cuida de analisar a prisão em 2ª Instância, questionando sua constitucionalidade. O tema mostra-se deveras justificado no sentido de que, ao decretar a prisão antes do transito em julgado ter-se-ia um embate direto junto ao texto constitucional que prevê a impossibilidade de se considerar culpado qualquer um que não o tenha sido considerado enquanto tal em sentença já transitada em julgado. O objetivo, portanto, desse artigo será analisar a luz do Direito constitucional a prisão após condenação em segunda instância. Com relevância sobre os aspectos gerais da presunção de inocência mediante ordenamento jurídico Brasileiro. A partir da sua positivação pela Constituição Federal de 1988 Art. 5 inc, LVII: “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória”, iniciou se um processo interpretativo dos tribunais, principalmente no STF (Superior Tribunal Federal) até os dias atuais. Recentemente, o principio em questão foi e ainda é objeto de discussões no mundo jurídico, em razão da mudança de entendimento do STF acerca do tema. Tratamos aqui, especificamente do habeas corpus, 126.292/SP relatado pelo Ministro Teori Zavacki, julgado em sessão plenária realizadas em 17/02/2016. Portanto será brevemente analisado a relevância dos efeitos do entendimento do Superior Tribunal Federal, sobre a prisão em segunda instância, trazidos para o sistema carcerário brasileiro, possibilitando a superlotação e as condições sub-humanas que os detentos passam até ter o seu processo transitado e julgado pela corte competente. Nesse contexto, diante do art. 5º, Inc. LVII, ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Acompanhando o art. 283 do CPP, que reafirma sobre a luz da constituição vigente que ninguém poderá ser preso SENÃO em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitado ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva. O princípio da presunção de não culpabilidade conhecido com presunção de inocência, está na constituição federal da republica de 1988 em seu art. 5º, Inc. LVII descrita no parágrafo primeiro, é um dos princípios basilares do estado de direito como garantia processual penal, visando a tutela da liberdade pessoal. Sendo assim o princípio da presunção de inocência é uma norma positivada em vários atos normativos internacionais e nas legislação infraconstitucional brasileiro, isso significa um avanço excepcional para o devido processo legal em ordem mundial trazendo o status do réu como inocente durante todo o processo até que se tenha uma decisão válida para a lide de um julgador competente para tal. A presunção de inocência então nada mais é do que o réu deva ser considerado inocente durante todo o processo legal, e o seu status só mudará para culpado após provado com o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Superlotação dos presídios É notório que a crise no sistema carcerário é um problema que aflige nosso país há muito tempo e sua solução ainda é questionada por autoridades. Os problemas são inúmeros, vão desde a superlotação de presídios, fugas, rebeliões, crime organizados, desrespeito com direitos fundamentais do detento, atentados contra agentes públicos, situações desumanas, etc. Portanto a superlotação carcerária tem sido uma das maiores violações aos direitos humanos dos presos no Brasil, sobretudo pelas péssimas condições para o seu cumprimento da pena que lhe foi imposta pelo Estado. As celas em que se amontoam dezenas de presidiários, sem o mínimo de conforto e higiene, conforme determinam tanto as Regras Mínimas para o Tratamento de Reclusos quanto a Lei 7.210/84 de execução penal Brasileira. A quantidade de presos provisórios aguardando julgamento é fator decisivo na questão da superlotação carcerária. Essa categoria de detidos é alocada com os presos condenados, justamente por não se ter estabelecimentos suficientes para esse tipo de preso, o que acaba inflando as penitenciárias, em nítido desacordo com as Regras mínimas para o tratamento de reclusos, em que os presos provisórios deverão ser mantidos separados dos condenados. É importante salientar que pelo menos 812.564 presos, segundo o Banco de Monitoramento de Prisões, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).O número é próximo ao da população de uma cidade como Nova Iguaçu (RJ) – 818.875 habitantes, segundo estimativa do Instituto Geográfico Brasileiro de Estatística (IBGE). Os dados mostram que, do total da população carcerária, 41,5% (337.126) são presos provisórios – pessoas ainda não condenadas. E que há em todo o país 366,5 mil mandados de prisão pendentes de cumprimento, dos quais a grande maioria (94%) de procurados pela Justiça, revelando a importância para discutir essa situação desumana em todo ordenamento jurídico brasileiro, segundo gráfico abaixo. Figura -1 ´´Raio x das prisões´´ Fonte: Portal de notícias G1 (2019) https://g1.globo.com/tudo-sobre/cnj/ METODOLOGIA Para a realização do presente estudo será adotado a pesquisa bibliográfica, visando descobrir qual a melhor metodologia concernente ao tema. Será realizada a seleção de instrumentos textuais, como legislações, doutrinas, jurisprudências, artigos. E outros meios de informações, como materiais extraídos da internet, o que é fundamental para um conhecimento mais aprofundado e para uma melhor compreensão do tema proposto. Será ainda utilizado como método, visando alcançar os objetivos da pesquisa, a análise do julgado do STF - Supremo Tribunal Federal, uma ferramenta audiovisual que possibilita a percepção da realidade, de forma que irá auxiliar no estudo de questões pertinentes ao tema. A forma de abordagem do presente trabalho é qualitativa, quando há a interpretação de dados, agregada de significados. HIPÓTESES De acordo com a Constituição Federal, essa decisão de condenar em segunda instância é claramente inconstitucional, pois desrespeita vários princípios contidos nela. Tal como um dos mais importantes e mais citado neste trabalho, o art. 5°. Inc. LVII, que trata da presunção da inocência. NOVO ENTENDIMENTO 2019 Diante de tantos voltas e reviravoltas, surge um novo entendimento a respeito da condenação em segunda instância. Sendo com 5 votos a favor e 6 votos contra a prisão em segunda instância. Com a decisão, ninguém poderá ser preso para começar a cumprir pena até o julgamento de todos os recursos possíveis em processos criminais, incluindo, quando cabível, tribunais superiores (Superior Tribunal de Justiça, STJ, e STF). Antes disso, somente se a prisão for preventiva. A decisão tem efeito “erga omnes”, ou seja, vale para todas as instâncias do Judiciário e será vinculante – de cumprimento obrigatório. Veja como votarão os ministros. CONCLUSÃO Sendo a presunção de inocência um tema tão discutido nos últimos anos, chegou a uma conclusão unanime a respeito, entre a constituição de 1988 e 2009 o Supremo permitia a execução da pena antes do trânsito em julgado. Em 2009, porém, o Supremo passou a exigir a condenação após o trânsito em julgado permitindo somente as prisões cabíveis durante o processo seguindo na integra o art. 283 do CPP. O entendimento do STF que vigorava desde 2016 é vinculante aos tribunais e permite a condenação do réu após prisão em segunda instância. Contudo a última decisão em 2019 deixando de permitir a prisão em segunda instancia. Com esse novo entendimento Segundo o Conselho Nacionalde Justiça (CNJ), cerca de 5 mil presos podem ser beneficiados pela mudança de entendimento, se não estiverem presos preventivamente por outro motivo. Levantamento do Ministério Público Federal mostra que a decisão do STF pode beneficiar 38 condenados na Operação Lava Jato. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um deles PALAVRAS-CHAVES Inconstitucionalidade, presunção da inocência, superlotação dos presídios. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 29°. ed. São Paulo: Saraiva Educação,2019 PORTAL STF. Julgamento de ações sobre cumprimento de pena após condenação segundainstância.Disponível<:http://www.stf.jus.br/portal/indiceAdi/listarIndiceAdi.asp?letra =A > acesso 15.out.2019 SITE CNJ. Levantamento dos presos provisório no Brasil. Disponível<:https://www.cnj.jus.br/veja-a-integra-do-levantamento-dos-presos-provisorios-no-brasil/ > acesso 12.out.2019 SITE G1. CNJ registra pelo menos 812 mil presos no pais;41,5% não tem condenação. Disponível<: https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/07/17/cnj-registra-pelo-menos-812-mil- presos-no-pais-415percent-nao-tem-condenacao.ghtml > acesso 17.out.2019 http://www.stf.jus.br/portal/indiceAdi/listarIndiceAdi.asp?letra=A http://www.stf.jus.br/portal/indiceAdi/listarIndiceAdi.asp?letra=A https://www.cnj.jus.br/veja-a-integra-do-levantamento-dos-presos-provisorios-no-brasil/ https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/07/17/cnj-registra-pelo-menos-812-mil-presos-no-pais-415percent-nao-tem-condenacao.ghtml https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/07/17/cnj-registra-pelo-menos-812-mil-presos-no-pais-415percent-nao-tem-condenacao.ghtml
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