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RESUMO: A população brasileira envelhece e com isso os problemas desse envelhecimento vem à tona cada vez mais. A falta de conhecimento do sistema estomatognático bem como seu envelhecimento natural ainda são um grande desafio para os profissionais que cuidam dessa população mais idosa. O presente trabalho é uma revisão de literatura, que tem como objetivo abordar as principais características bucais encontradas nos pacientes idosos e de interesse direto à prática odontológica. Podemos citar a xerostomia que é a diminuição fisiológica do fluxo salivar, alterações na língua e mucosa, diminuição da dimensão vertical, alterações na gengiva como gengivites e periodontites, cáries radiculares geralmente, lesões bucais como candidíase e quelites. Profissionais que irão trabalhar com essa população dever estar capacitados e ter conhecimento das principais características presente na cavidade oral de modo a realizar um diagnóstico mais correto e que possa melhorar a funcionalidade e qualidade de vida dos mesmos. Palavras Chave: Odontogeriatria. Saúde bucal. Estomatologia. ABSTRACT: The Brazilian population grows older and the problems of this aging come to light more and more. The lack of knowledge of the stomatognathic system as well as its natural aging are still a great challenge for professionals who care for this older population. The objective of this study was to review the literature on the main oral characteristics found in elderly patients and of direct interest in dental practice. We can mention xerostomia that is the physiological decrease of the salivary flow, alterations in the tongue and mucosa, diminution of the vertical dimension, alterations in the gingiva like gengivites and periodontites, caries root generally, oral lesions like candidiasis and chelites. Professionals who will work with this population must be trained and have knowledge of the main characteristics present in the oral cavity in order to make a more correct diagnosis and that can improve their functionality and quality of life. Keywords: Odontogeriatry. Oral health. Stomatology. INTRODUÇÃO Se olharmos para o âmbito geral a população idosa, ao longo da vida, terá alguns comprometimentos de sua saúde como: incapacidade cognitiva, instabilidade postural, imobilidade e incapacidade comunicativa. A saúde bucal comprometida pode afetar o nível nutricional, o bem-estar físico e mental além de diminuir o prazer de uma vida social ativa. (MONTENEGRO et al, 2013). O aumento significativo no número de doenças crônicas como diabetes e hipertensão leva os idosos a ingerirem uma grande quantidade de medicamentos e é comum a diminuição do paladar fazendo com que aumentem o consumo de açúcares e ou adoçantes. (BARROS et al, 2006). Da mesma forma, a mastigação, a estética, a fonética e a boa digestão são algumas vantagens que terão considerável melhora na qualidade de vida dessa população. A odontologia atuando em benefício da saúde bucal contribui para uma saúde geral mais equilibrada prevenindo e diminuindo a incidência de várias doenças (SILVA et al, 2017). A expectativa de vida do idoso no Brasil tem crescido bastante. Assim, o organismo como um todo e principalmente o sistema estomatognático é usado por muito mais tempo. (SILVA et al, 2017). Portanto, o objetivo desse trabalho é fornecer informações odontológicas a cerca dessa população, esclarecer quais são as alterações bucais mais frequentes na população idosa e como prevenir ou trata-las de maneira correta. MATERIAL E MÉTODOS Para o desenvolvimento deste estudo, foi realizada busca na literatura de artigos que abordassem o diagnóstico e o tratamento das lesões mais comuns na população idosa (diminuição do fluxo salivar, xerostomia, retração dos tecidos periodontais a língua sofrendo alterações estruturais em sua superfície, quelite actínica, quelite angular e candidíase). Para isso, foram utilizadas as bases de dados do MEDLINE/PUBMED, BIREME, LILACS e SciELO. Para a busca, foram escolhidos os descritores “Geriatric dentistry”, “Oral health” e “Stomatology”para serem cruzados com os descritores correspondentes às patologias, incluindo todos os respectivos “entry terms” no cruzamento. Apenas na busca sobre candidíase, foi removido o cruzamento com “Oral health” pelo número reduzido de artigos como resultado. Foram incluídos artigos no período compreendido entre 01/1996 a 10/2018. Em todas as buscas, foi ativado o filtro “Clinical trial”. Não houve exclusão de artigos em função do idioma de publicação. RESULTADOS E DISCUSSÃO O envelhecimento da cavidade bucal traz muitas alterações como diminuição do fluxo salivar, xerostomia, retração dos tecidos periodontais, a língua sofrendo alterações estruturais em sua superfície, quelite actínica, quelite angular e candidíase (NEVILLE 2004). Xerostomia, também conhecida como boca seca, é uma sensação subjetiva de secura na cavidade oral resultante de diminuição ou até interrupção do fluxo salivar. Essa diminuição do fluxo é causada pela diminuição da celularidade dos ácinos, diminuindo a produção de saliva, o estreitamento dos ductos e a saliva mais viscosa (NETO et al, 2007). A xerostomia é apresentada como a união de diversos fatores como a hipossalivação ocasionada pelo processo do envelhecimento com hipofunção glandular, medicamentos de uso contínuo e diário, que podem apresentar reação adversa diminuindo o fluxo salivar, radioterapia de neoplasias malignas na região da cabeça e pescoço, doenças crônicas (Síndrome de Sjogrem e cirrose hepática), estados emocionais importantes, entre outros (BRUNETTI, et al, 2000; FRAZÃO et al, 2003). Os principais sintomas da xerostomia são: diminuição da quantidade de saliva, boca seca ou secura bucal, ardor lingual, queimação bucal, dificuldade na mastigação, halitose, deglutição, fonação, saliva viscosa, espumante. O tratamento consiste em: hidratação, sialogogos, saliva artificial, cessar tabagismo, cessar uso de álcool e cafeína, uso de agonistas colinérgicos como a pilocarpina e cevimeline. O uso da pilocarpina foi eficiente no tratamento da xerostomia em paciente pós- radioterapia de cabeça e pescoço e pós-iodo terapia mas seus efeitos colaterais, principalmente sudorese e cefaleia, foram pouco tolerados pelos pacientes (FRAZÃO et al, 2003). A quelite actínica é uma alteração difusa e pré-maligna do vermelhão do lábio inferior, devido a exposição excessiva ou em longo prazo aos raios ultravioleta. Sua evolução é lenta, sendo que a atrofia da borda do vermelhão do lábio inferior é a primeira manifestação clínica (NEVILLE, et al, 2004; FRAZÃO et al, 2003). As lesões cancerizáveis podem manter-se estáveis, regredir ou ainda sofrer transformações neoplásicas. A transição dessa doença pré- maligna para uma maligna, requer um conjunto de fatores (atividades metastáticas). (COSTA et al, 2000). Queilite Actínica é caracterizada por manchas, placas brancas ou avermelhadas, podendo existir áreas ulceradas ou descamativas, com aspectos de ressecamento, ocupando toda a região do lábio inferior. Os sintomas mais frequentes são: dificuldade de mobilidade labial, secura, ardor, queimação, e podem ocorrer sangramentos espontâneos devido à presença de ulcerações (NEVILLE, et al, 2004; FRAZÃO et al, 2003). Pacientes com queilite actínica podem ser tratados através de diferentes técnicas, dentre elas; tratamentos alternativos, como: a ablação com laser de CO2; além da vermelhonectomia (remoção cirúrgica do vermelhão do lábio inferior) (COSTA et al, 2000). A queilite angular ou comissurite angular, chamada popularmente de boqueira, também é encontrada com facilidade, é aquela comum ferida dolorosa que ocorre no canto da boca. A boqueira é uma dermatose comum, caracterizada por inflamação e fissura do ângulo dos lábios. Está associada ao acumulo de saliva na comissura labial nos idosos, exacerbada devido aperda da dimensão vertical de oclusão. (SILVA et al, 2012; FRAZÃO et al, 2003). A primeira parte do tratamento para curar a boqueira é tentar eliminar ou corrigir problemas que estejam propiciando o seu aparecimento. Em muitos casos, todavia, só conseguimos curar a boqueira com remédios. O uso de pomadas com ou sem antiinflamatórios pode resolver o problema Cremes à base de vaselina também são uma opção. Agora se houver infecção por fungos, pomadas com cotrimazol, nistatina ou miconazol podem ser usadas. Se houver infecção por bactérias, pomadas como a mupirocina estão indicadas. O tratamento da boqueira com pomadas é geralmente feito por 1 a 3 semanas (SILVA et al, 2012). Candidíase é comumente encontrada, e um dos fungos mais estudados e citados é a levedura pertencente ao gênero da Cândida. A Cândida do gênero albicans é a maior responsável por inflamações e infecções. Algumas condições bucais dão ainda mais patogenicidade a cândida: xerostomia e próteses mal adaptadas. Com isso os patógenos alteram a flora e causam doença na caviade oral (MORAES et al, 2007). Na maioria dos casos, o profissional prescreve cremes de uso no local, em geral duas vezes ao dia. Também existe a opção de antifúngicos em comprimido. Quando a irritação é muito acentuada, pode se associar o tratamento contra a Candida albicans a um medicamento via oral à base de corticoide. Clorexidina a 0,12% também é muito utilizada. (COSTA, et al, .2000). Uma das principais alterações clínicas no paciente idoso é o aumento na prevalência da recessão gengival, que pode ser provocado pelo efeito de vigorosas escovações. São bem característica na terceira idade pois o periodonto de sustentação fica comprometido, ocorrendo perda da crista óssea interdentária, reabsorção óssea horizontal e vertical, com consequente migração do apical do epitélio juncional, tendo uma retração gengival contribuindo para a mobilidade e perda dentaria (ACEVEDO, et al, 2001). A hiperplasia inflamatória é uma lesão proliferativa de tecido mole, não neoplásica, muito prevalente na cavidade oral. E está associada ao uso de próteses mal adaptadas. O aumento do período de uso das próteses está associado com o aumento da hiperplasia fibrosa inflamatória sugerindo que próteses totais ou parciais removíveis mal adaptadas, e/ou antigas, geralmente ocasionam traumas constantes e inflamação dos tecidos orais (COELHO, SOUSA e DARÉ, 2004). Para o sucesso terapêutico, é imprescindível, além da remoção cirúrgica a remoção do agente traumático (SILVA et al, 2017). CONCLUSÃO A visão fragmentada do idoso é, indiscutivelmente, uma das principais causas de iatrogenia que tanto os prejudicam. Todos os profissionais que trabalham com idosos, portanto, devem trabalhar e integra se a equipes multiprofissionais e ficarem atentos à identificação e tratamento das principais doenças geriátricas, principais responsáveis pela perda da sua autonomia e independência. O Cirurgião-Dentista, portanto, diante do grande contingente de pacientes idosos nos dias atuais, precisa estar apto a reconhecer as alterações próprias do envelhecimento fisiológico, bem como saber lidar com essa relação multidisciplinar de ordem biológica, social e psicológica que acompanham o paciente portador, para oferecer-lhe um tratamento que proporcione melhor saúde bucal, garantindo-lhes qualidade de vida e longevidade. REFERÊNCI AS ACEVEDO, R.A. Tratamento periodontal no paciente idoso. Revista da Faculdade de Odontologia de Passo Fundo, v. 6, n. 2, p. 57-62, jul./dez. 2001. 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