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Curvas horizontais com transição Aula 6 • A definição do traçado de uma estrada por meio de linhas retas concordando diretamente com curvas circulares cria problemas nos pontos de concordância (PC e PT) – A descontinuidade da curvatura nestes pontos não pode ser aceita em um traçado racional • É necessário que nos PC’s e PT’s exista um trecho com curvatura progressiva (curva de transição) Introdução 2 • Funções – Permitir variação contínua da superelevação – Possibilitar variação contínua da aceleração centrípeta na passagem do trecho reto para o trecho circular – Gerar um traçado que possibilite ao veículo manter-se no centro de sua faixa de rolamento – Evitar descontinuidade de curvatura entre tangente (R = ) e a curva circular (R = Rc) Curvas horizontais com transição 3 • Permitir variação contínua da superelevação – Em tangente não há necessidade de superelevação (e = 0) – No trecho circular, há necessidade de superelevação (f(V,R)), com valores máximos de 10% ou até 12% – Construir dessa forma criaria um degrau no PC – A passagem da superelevação desde zero até a inclinação necessária na curva circular é feita, obrigatoriamente, de maneira gradativa ao longo de uma certa extensão do traçado Curvas horizontais com transição 4 • Criar uma variação contínua de aceleração centrípeta na passagem do trecho reto para o trecho circular – Sendo a força centrípeta Fc = m·V2/R • Fc = 0 na reta • Fc ≠ 0 na curva circular, podendo assumir valor significativo, dependendo do R, imediatamente após o PC – O aparecimento de uma força transversal de maneira brusca causa impacto no veículo e em seus ocupantes, acarretando desconforto e falta de estabilidade Curvas horizontais com transição 5 • Gerar um traçado que possibilite ao veículo manter-se no centro de sua faixa de rolamento – Na prática, o veículo em movimento não passa do trecho reto para o trecho circular instantaneamente • Para isso o volante deveria ser girado repentinamente da posição correspondente à reta para a posição correspondente à curva circular • Esse giro é feito em um intervalo de tempo no qual o veículo percorre uma trajetória de raio variável, diferente do traçado da estrada – Uma curva de raio variável possibilita que a trajetória do veículo coincida com o traçado ou se aproxime deste Curvas horizontais com transição 6 • Evitar descontinuidade da curva – A descontinuidade na curvatura gera insegurança no motorista, que pode não sentir confiança para entrar na curva Curvas horizontais com transição 7 • Necessidade de Curva de Transição – O DNER dispensa o uso da curva de transição quando a aceleração centrípeta a que o veículo é submetido na curva circular for inferior a 0,4 m/s2 – No caso da AASHTO, esse valor é de 1,3 m/s2 Curvas horizontais com transição 8 V (km/h) 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 R(m) DNER 24 170 300 500 700 950 1200 1550 1900 2300 2800 3250 R(m) AASHTO 24 54 95 148 213 290 379 480 592 716 852 1000 • Tipos de curva de transição – De certa forma, qualquer curva cujo raio varie de infinito até o valor do raio circular, em uma extensão conveniente, pode ser usada como curva de transição – Algumas são, por suas características geométricas, melhores do ponto de vista técnico – As curvas mais usadas são • Clotóide ou espiral de Cornu – R · L = K • Lemniscata de Bernouille – R · P = K • Parábola cúbica – y = Kx3 Curvas horizontais com transição 9 Curvas com raio variável 10 Y X 45º P R L O [R . L = K] Clotóide ou Espiral (Raio Variável) Lemniscata [R . p = K] p Y X Parábola Cúbica [y = a . x ]3 variação linear da curvatura única que possibilita giro constante do volante: C = L / K • Entre as diversas curvas que podem ser usadas como transição, a clotóide é a mais vantajosa do ponto de vista técnico e é a mais indicada para um traçado racional – É a curva descrita por um veículo, em velocidade constante, quando o volante é girado com velocidade angular constante Curvas horizontais com transição 11 • Afastamento (p) – Espaço necessário para que seja geometricamente possível a concordância da transição com a tangente e a curva circular • Há três maneiras de conseguir o afastamento p Localização da transição 12 Curva horizontal com transição simétrica 13 PI AC p E AC dc O’ SC CS P Dc Ls Ls Curva horizontal com transição simétrica 14 Curva horizontal com transição simétrica 15 integrando-se tem-se 2 2 2 2 s cK L R temos s c K dL R d dL d L L d dL K L L radianos K L R 2 4 6 desenvolvendo cos em série integrando 0 cos cos cos 1 10 216 9360 L dX dX dL dL X dL X L 3 5 7 desenvolvendo em série integrando 0 3 42 1320 75600 L sen dY sen dY sen dL dL Y sen dL Y L • Em particular, no SC: R = Rc L = Ls • Na prática, as expressões de Xs e Ys podem simplificadas com precisão suficiente Curva horizontal com transição simétrica 16 22 ; 2 2 2 s c s L L R R s s s s s c s c c L LL radianos L R L R R 2 4 62 4 6 ;1 1 10 216 9360 10 216 9360 s s s L L s s s s sX X X L X L 3 53 5 ; 3 42 1320 3 42 1320 s s s L L s s s s sY Y Y L Y L 2 4 3 1 e 10 216 3 42 s s s s s s s sX L Y L Curva horizontal com transição simétrica 17 PI AC E AC/2 O’ SC CS s mas s s s c s c s c s X K a K X a a sen a R sen R K X R sen cos cos 1 cos 1 cos mas s s c s c c s c s c s c s Y p b p Y b R b b R R b R R p Y R tan tan 2 2 c c AC TT k AC TT k R p R p cos 2 cos 2 c c c c R p R pAC E R ACR E Cálculo dos elementos 18 s c, para L [m], R [m] e [ ] 2 s s s c L rad R 2 4 s1 , para X [m] e [ ] 10 216 s s s s sX L rad 3 s, para Y [m] e [ ] 3 42 s s s s sY L rad , para k[m] e s c sk X R sen k Q 1 cos , para p[m]s c sp Y R tan , para TT[m] e AC[º] 2 c AC TT k R p cos 2 c c R p E R AC d c c cD R s c s E TS E PI TT E SC E TS L E CS E SC D E ST E CS L d 2c sAC • Lsmin Ls Lsmax • Critério Dinâmico (conforto) • Aceleração Centrípeta (ac): • Variação da Aceleração Centrípeta (J=ac/t): Comprimento da transição 19 Fc LPC PT Jmáx Ls Variação Linear: "sem impacto" 2 2 3 3 3 0 6 max min, / / max confortoc c J m s s c c c V a R V V V J Ls Ls Lst R Ls J R J R V 2 Trecho circular : c c V a R 2 3 0 6 0 036 max min , min e , c m sJ ps kmV Vp h cR Ls m V Ls R • Critério de Tempo de Percurso na Transição – Estabelece o tempo mínimo de 2 segundos para o giro do volante e , consequentemente, para o percurso da transição. Distância percorrida pelo veículo na Vp durante 2 s Comprimento da transição 20 min min min2 1,8 Ls m kmVp h Vp Ls Vp Ls • Comprimento mínimo necessário para a variação da seção transversal – Corresponde a um comprimento mínimo da curva de transição (critério estético) Comprimento da transição 21 min min 80 / 0,9 , 5 80 / 0,71 , 26 paraf p p paraf p p e l Ls V km h o oo V e l Ls V km h o oo V e = superelevação no trecho circular lf =largura da faixa de rolamento (m) • Comprimento mínimo da transição – Critério Dinâmico (conforto): – Critério estético – Critério de Tempo de Percurso na Transição • Comprimento máximo da transição Resumo Comprimento da transição 22 3 min 0,036 V Ls Rc minmin min2 1,8 Ls m kmVp h Vp Ls Vp Ls d 2 s cAC 0 max 2 , mas 2 2 , para Ls e Rc em m e AC em rad s s s c AC Ls AC R Ls Rc AC Ls max = π x AC x Rc 180º • Sempre que possível devem ser adotados para Ls valores maiores que o mínimo calculado – Ls = (Lsmin + Lsmax)/2 – Ls = 3Lsmin, desde que estes valores sejam menores que Lsmax – Ls(desejável) = 2 . Lsmín(dinâmico) • Corresponde a J=0,3 m/s2/s, valor bastante confortável, não sendo necessário o uso de valores menores Comprimento da transição 23 • Dois alinhamentos originais de um traçado, interligados segundo uma deflexão de 60º à direita, devem ser concordados horizontalmente com uma curva circular combinada com curvas de transição. Considerar: raio da curva circular (Rc) igual à 600,00m e o comprimento da transição (Ls) igual à 120m. Pede-se o cálculo dos elementos da curva de concordância: s, Xs, Ys, K=Q, P e TT. EXERCÍCIO 24 s c, para L [m], R [m] e [ ] 2 s s s c L rad R 2 4 s1 , para X [m] e [ ] 10 216 s s s s sX L rad 3 s, para Y [m] e [ ] 3 42 s s s s sY L rad , para k[m] e s c sk X R sen k Q 1 cos , para p[m]s c sp Y R tan , para TT[m] e AC[º] 2 c AC TT k R p cos 2 c c R p E R AC d c c cD R d 2c sAC • Pode ser realizada de duas formas – Com o uso das coordenadas X e Y • Com origem no TS (ou ST), o eixo x na direção da respectiva tangente e o sentido do TS (ou ST) para o PI – Pelas deflexões em cada ponto Locação da curva 25 Tabela de locação - cálculo dos elementos 26 2 s s c L R 2 4 1 10 216 s s s sX L 3 3 42 s s s sY L Particularização para o SC Generalizando para qualquer ponto da transição 2 2 c L R Ls 2 4 1 10 216 X L 3 3 42 Y L arctan Y d deflexão X Locação da curva 27 • Normalmente são locadas as estacas inteiras da curva • Para raios pequenos pode ser necessária locação de pontos a cada 5 ou 10 metros entre TS e SC ou CS e ST Tabela de locação 28 Estaca L X Y Deflexão TS (ou ST) 0 0 0 0 0 N1 L1 1 X1 Y1 d1 N2 L2 2 X2 Y2 d2 N3 L3 3 X3 Y3 d3 SC (ou CS) Ls s Xs Ys ds • Calcular pelo menos 2 pontos, entre TS e o SC, da curva de transição que possui o comprimento total de 120 metros, para serem locadas no terreno usando simultaneamente o método das coordenadas e o das deflexões. Adotar raio da curva circular igual à 600 metros. Ponto afastado 30 metros do TS: Ponto afastado 50 metros do TS: Exercicio 29 • São curvas circulares com transição nas quais o comprimento escolhido para a transição de entrada é diferente do comprimento da transição de saída – A transição de entrada tem comprimento Ls1 – A transição de saída tem comprimento Ls2 • Curvas desse tipo são desaconselhadas em traçados de estradas Curvas horizontais com transição assimétrica 30 Curvas horizontais com transição assimétrica 31 • Conhecidas as tangentes (AC), o PI,o Rc e escolhidos Ls1 e Ls2, calcula-se: Cálculo das transições não simétricas 32 [ ] 2i i c Ls s rad R 2 4 1 10 216 i i i i s s Xs Ls 3 3 42 i i i i s s Ys Ls i i c ik Xs R sen s 1 cosi i c ip Ys R s 1 1 1 tan 2 c AC p TT k R p sen AC 2 2 2 tan 2 c AC p TT k R p sen AC 1 2 1 2 2 1; ;Ls Ls p p p p p 1 2Dc Rc AC s s • Trata-se da concordância entre duas curvas circulares consecutivas de raios diferentes • Os mesmos problemas de descontinuidade de curvatura da passagem de um trecho reto para uma curva circular ocorrem na passagem de um trecho circular para outro de raio diferente Transição entre duas curvas circulares 33 Condição necessária para concordância com transição é que a circunferência menor esteja contida na maior • Semelhante à transição entre reta e curva circular, utiliza-se um trecho de clotóide (espiral) para concordância entre as curvas circulares de raios Rc1 e Rc2 Transição entre duas curvas circulares 34 Parâmetros da curva 35 L1 o comprimento da espiral entre a origem A e o ponto CS L2 o comprimento da espiral entre a origem A e o ponto SC Cálculo dos elementos 36 2 i i i L Rc 2 4 1 10 216 i i i iX L 3 5 3 42 1320 i i i i iY L i i i ik X Rc sen 1 cosi i i ip Y Rc 1 1 2 2 2 1 1 2 1 2 cos c c c c Rc p Rc p k k p Rc Rc ou p Rc Rc sen 2 1Ls L L i iRc L K 2 1 1 2 Rc L Ls Rc Rc 1 2 1 2 Rc L Ls Rc Rc 2 1 1 1 2 2 arctanc k k Rc p Rc p 1c 2 c 2 1s • Manter a curva 1 e afastar a curva 2 (distância pc) • Marcar CS e SC (com os ângulos e ) • Determinar posição da tangente de referência – com c e Rc1+p1 – Ponto B • Marcar A à distância k1 do ponto B • Qualquer ponto da espiral pode ser determinado por suas coordenadas X e Y em relação à tangente de referência e à origem A, para qualquer L entre L1 e L2 Locação da curva 37 2 2 L K 2 4 1 10 216 X L 3 3 42 Y L • Poucas curvas de raio baixo e ser consistente com a topografia da região • Uma seqüência de curvas de pequeno raio é desconfortável e perigoso, pois aumenta a possibilidade de erros de operação dos motoristas • O uso de raios mínimos, ou próximos dos mínimos, só deve ocorrer onde raios maiores forem economicamente inviáveis – Sempre que possível, deve-se utilizar curvas de grandes raios • Traçado razoavelmente homogêneo – Curvas de pequeno raio nunca devem ser colocadas no final de longas tangentes – Mudanças bruscas de trechos com curvas suaves para trechos com curvas fechadas de vem ser evitadas Recomendações sobre o traçado 38 • Para curvas com AC pequenos deve-se usar raios grandes a fim de evitar desenvolvimentos curtos • Nas curvas dentro de cortes é necessário que haja boas condições de visibilidade – Raios próximos do mínimo, quanto à visibilidade, devem ser evitados • Devem ser tomados cuidados especiais no uso de curvas composta (de dois ou mais raios) – São perigosas, pois normalmente o motorista não espera redução de raio no interior da curva – Só admitido quando a topografia e as condições técnicas locais não permitem curvas de raio único – A mudança de um raio para outro deverá ser feita por meio de transição Recomendações sobre o traçado 39 • Entre duas curvas circulares reversas é necessário que haja espaço suficiente para a inclusão de transições com comprimentos suficientes para uma variação confortável da superelevação • Curvas consecutivas de mesmo sentido, muito próximas, devem ser evitadas utilizando-se uma única curva – Se não for possível, é aconselhável que a distância mínima entre as curvas seja de 400 m • O traçado só pode ser avaliado após a escolha do perfil – A estrada é tridimensional e não pode ser analisada só em planta Recomendações sobre o traçado 40