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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM A IMPORTÂNCIA DE DESPERTAR O HÁBITO DA LEITURA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL E O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO Por: Élica dos Santos Lourenço Orientador Profª: Dayse Serra Rio de Janeiro - RJ 2011 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM A IMPORTÂNCIA DE DESPERTAR O HÁBITO DA LEITURA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL E O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicopedagogia Institucional. Por: Élica dos Santos Lourenço 3 AGRADECIMENTOS Agradecemos primeiramente ao nosso grande Deus, pois sem ele não teríamos chegado até aqui. Em segundo lugar às nossas famílias que nos apoiaram em todos os momentos de dificuldades e nos mostraram os valores das coisas conquistadas com nosso esforço. A todos os nossos amigos que estiveram conosco nessa caminhada. A todos os professores do curso por todo o conhecimento passado e adquirido. 4 EPÍGRAFE Três coisas De tudo, ficaram três coisas: A certeza de que estamos sempre começando... A certeza de que precisamos continuar... A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar... Portanto, devemos: Fazer da interrupção um caminho novo... Da queda um passo de dança... Do medo, uma escada... Do sonho, uma ponte... Da procura, um encontro... (Fernando Pessoa) 5 RESUMO Antes de falar da importância da leitura é preciso entender o que é ler e porque a leitura é uma atividade complexa que envolve vários aspectos, pois exige que o leitor mobilize diferentes tipos de conhecimentos para realizá-la. O ensino da leitura, e particularmente, na formação pessoal e intelectual do ser humano ainda nas séries iniciais, encontram pouco espaço nos programas de formação inicial e continuada nas escolas. A leitura constitui um importante escudo contra o processo de alienação, mas isso só é possível a partir do momento em que o sujeito compreende o que é ler, ou seja, é capaz de ler além do texto. A leitura tem função crítica e social importante, pois dá ao homem direito a opção, a se posicionar dentro da realidade. Dessa forma, uma educação que almeja libertação, humanização e transformação passa pelo o caminho da leitura. A leitura deve ser vista como uma forma de transformação a partir de sua compreensão. O professor deve oferecer a seus a alunos meios que ofereça a uma leitura prazerosa aonde atua como mediador. O psicopedagogo deve primeiramente conhecer a realidade de seu paciente, construindo assim um vínculo de confiança e em seguida procurar aplicar estratégia de leitura adequada a vivência da criança, obtendo uma melhor compreensão de sucesso aprendizagem, Palavra-chave: Leitura, professor, escola; psicopedagogo 6 SUMÁRIO Introdução 7 Capitulo 1 9 1.1. A origem da leitura 9 1.2. A formação da leitura 9 Capitulo 2 12 2.1. A leitura na escola 12 2.2. O sentido da leitura na escola: propósitos didáticos e propósitos do aluno 14 Capitulo 3 17 3.1. Leituras como fonte de informação e prazer 17 3.2. O professor: um ator no papel do leitor 20 3.3. O papel do psicopedagogo formação do aluno leitor 21 Conclusão 24 Referência Bibliográfica 26 7 INTRODUÇÃO A educação é apontada como a solução milagrosa para todos os problemas do país. Por isso, que o futuro depende de leitores, não leitores que leiam a placa de ônibus e nem outdoor, e sim leitores que saibam avaliar histórias, textos, enfim, qualquer texto. Fazendo com que as escolas, as famílias tenham responsabilidade de despertar o prazer pela leitura. Pois, o desafio de um educador é renovar suas práticas na realidade do aluno, da família e da escola, implementando ações voltada para a formação do futuro cidadãos, sendo a inculdação do hábito da leitura o mais ideal do instrumento de conquista. Neste sentido, um dos instrumentos imprescindíveis para uma formação geral que possibilite cidadãos críticos, autônomos e atuantes, nesta sociedade em constante mutação, seria à prática de leituras variadas que promovem, de maneira direta ou indireta, uma reflexão sobre o contexto social em que o movimento dialético da leitura deve inserir o leitor na história deste novo mundo e o constituir como agente produtor de seu próprio futuro. O exercício da leitura, desenvolvido atualmente nas escolas, não vão além de mera decodificação de signos gráficos, em quais são retirados de livros didáticos, para não fugir à regra imposta pelo ensino tradicional, aonde essa prática é desenvolvida, visando os interesses dos detentores do poder. Tal postura transforma o ato de ler cansativo, crítico mecânico e, dessa forma, distante de uma categoria que una o ato de ler ao prazer, que permita a leitura como fonte de lazer. As fracas experiências com a leitura afastam os leitores do contexto social e cultural, alienando o das informações e, conseqüentemente fazendo com que desconheça sua participação ativa na sociedade que está inserido. Na pressa de estar em sintonia com as inovações, a “Escola” desconsidera o processo formador de aprendizagem, limitando-se a investir na circulação de imagens e deixando de observar a qualidade dos textos que oferece a seus alunos como fonte de leitura, promovido no seu espaço. Priorizando a substituição do conhecimento por informação, a “Escola” se descompassa e, sem formar leitores críticos ou incutir o hábito da leitura, prepara mal o cidadão que escreverá o “Texto Futuro”, que escreverá e perpetuará a nossa história. 8 Nesta perspectiva, o exercício da leitura transcende, em muito, a utilização de materiais, muitas vezes empregados como modismo em sala de aula. A formação do leitor impõe-se como prioridade a ser seguida, pressupondo a figura do professor como interlocutor ativo no dialogo da leitura a fim de investigar e promover leitores que estejam à procura de respostas às suas próprias insignificantes, para desta forma, encontrar nos livros, a fonte de sua sabedoria e inspiração, resgatando a história do conhecimento, tão necessário nos novos tempos, em que as mudanças são rápidas e atropelam o próprio “Saber Humano”. O desafio do psicopedagogo se encontra na necessidade da busca e implementação de mecanismos que propiciem a atração pela leitura e superar as dificuldadesde aprendizagem na fase da infância, em que a criança está descobrindo seu microcosmo, seu mundo está despertando para realidade subjacente e tentando com suas novas fantasias e descobertas. Enfim, ao longo desse trabalho monográfico, conclui que o papel da escola, do professor junto com o psicopedagogo é importante na formação de leitores numa concepção de que sem ruptura no processo ensino/aprendizagem a leitura pode ser empregada com o mecanismo de prazer cultural e formação. 9 CAPÍTULO 1 1.1 - A ORIGEM DA LEITURA Desde o começo da civilização o homem busca habilidades que lhe tornem mais útil a vida em sociedade e que lhe possam tornar mais feliz. A criação de mecanismos que possibilitam a disseminação de seu conhecimento que o torna detentor do saber e do poder. Com o surgimento das inscrições rupestres, simbologia, posteriormente das civilizações, os hieróglifos e as esculturas que denotam sua própria e mais nobre conquista: a conquista do ser. Nesse contexto surgem a escrita e a leitura. A criação dessa disponibilidade, que chamamos escrita e leitura, criam outras disponibilidades, pois ela é básica dela provêm as demais. Através da leitura e da escrita, o homem conseguiu estreitar os laços de afetividade com seus semelhantes, harmonizar os interesses, resolver os seus conflitos e se organizar num estágio atual da civilização com a abstração a que nominamos “Estado”. O homem se organizou politicamente. Com o desenvolvimento da linguagem, a força das mensagens humanas aperfeiçoou-se a tal ponto ser imprescindível a sua própria existência. A busca de conhecimento tornou-se imperativo para novas conquistas e para o estabelecimento do homem como ser social, como centro de convergência de todos os outros interesses. Na busca desse conhecimento, que se perpetua ao longo da história 1.2 – A FORMAÇÃO DA LEITURA A leitura é uma prática social que envolve atitudes, gestos e habilidades que são mobilizados pelo leitor, tanto no ato de leitura propriamente dito, como no que antecede a leitura. 10 De acordo com Freire (2008 p. 35), “... a leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele”. O sujeito demonstra conhecimento de leitura quando sabe a função de um jornal, quando se informa sobre o que tem sido publicado, quando identifica marcas de produtos que conhece etc. Desenvolver capacidade de decifração: I. Decodificar palavras A decodificação é um procedimento utilizado pelo leitor para identificação das relações entre grafemas (letras) e fonemas (sons). Os leitores iniciantes costumam manifestá-lo decifrando letra por letra, mas também descobrindo e utilizando outros procedimentos, como a identificação de unidades fonológicas além do fonema como sílabas e partes de palavras. É esse o processo de análise ou decifração de pequenas unidades que faz com que o leitor iniciante consiga ler palavras que nunca viu antes, mesmo sem compreender o seu significado. II. Reconhecer globalmente as palavras O reconhecimento global de palavras é um procedimento básico, que ajuda a ler e também a compreender. Uma vez reconhecendo instantaneamente a palavra, logo reconhece o seu significado. No início da aprendizagem, os alunos reconhecem determinadas palavras ou textos decorando, ou ainda associando a palavra a alguma imagem ou cor, associam a forma da palavra escrita a um perfil ou silhueta gráfica, ou a um nome que conhecem e que tem para eles valor afetivo e prática. O reconhecimento de palavras, sem atenção à análise de seus componentes interno como fonemas e sílabas favorecem uma leitura rápida, porque permite que o leitor não se detenha em fragmentos como ”sons” e nomes de “letras”. A isso damos o nome de reconhecimento global. Como a decodificação, o reconhecimento global é utilizado pelo leitor iniciante e pelo leitor adulto. É aplicado por crianças especialmente a palavra ou textos que 11 são mais familiares e aparecem com mais freqüência (como é o caso do nome próprio, das palavras utilizadas para organização da classe e dos tempos escolares). Para o adulto que está há muito exposto à cultura impressa, essa estratégia de ler por reconhecimento ajuda muito na rapidez da leitura e na compreensão e para a criança ajuda na compreensão e na formação de atitudes favoráveis ao ato de ler, que podem ser traduzidas pela alegria da expressão; “eu já sei ler”! 12 CAPÍTULO 2 2.1 - A LEITURA NA ESCOLA Para a escola, mais especificamente, para as séries iniciais, ler quase sempre significou apenas conhecer e reproduzir as relações entre som e grafia. Desta forma, a ênfase sempre foi dada a mecânica da leitura e a grande preocupação dos professores se traduzia na cobrança de uma leitura “correta” com pronúncia “correta”, leitura de todas as palavras do texto e boa entonação. Embora na vida prática a leitura seja um instrumento que cumpre diferentes propósitos, na escola ela aparece como prática através do exercício da leitura em voz alta corrigida pelo professor sem permitir que o aluno perceba o que lê e se faz sentido ou não.Na escola os textos utilizados quase sempre são os que estão nos livros didáticos, textos artificiais e muitas vezes simples recortes de outros textos. Pode-se afirmar que ainda não existe nos currículos uma concretização de um pressuposto geral básico, qual seja o da articulação entre a função social da leitura e o papel da escola na formação do leitor. Se dimensionarmos essa função social como sendo a necessidade do conhecimento e a apropriação de bens culturais, a leitura funciona de certa forma como um meio e não um fim de si mesma. Daí a importância do papel da escola em relação a leitura, que é oferecer aos alunos mecanismos e situação em que eles “aprendam a ler, e lendo, aprendam algo”. De acordo com Braga (1985), A escola precisa ser espaço mais amplamente aberto a todos os aspectos culturais do povo, e ir além do ensinar a ler e a fazer as quatros operações. Precisa investir em bons livros, considerando que a cultura de um povo se fortalece muito pelo prazer da leitura; e a escola representa a única oportunidade de ler que muitas crianças têm. É necessário propiciar nas salas de aula e na biblioteca, a dinamização da cultura viva, diversificada e criativa, que representa o conjunto de formas de pensar, agir e sentir o povo brasileiro. (p. 07). 13 Nesse contexto, o conceito básico de leitura passa a ser a “produção de sentido”, que é determinada pelas condições socioculturais do leitor, com seus objetivos, seus conhecimentos de mundo e de língua, que lhe possibilitarão a leitura. Na escola a pratica de leitura encontra-se longe do objeto de conhecimento que existe fora dela e que se pretende ensinar. A prática de leitura pouco ou nada traduz a prática social de leitura, a escola ensina algo que não será utilizado pelo aprendiz, ou será de forma diferente do que se aprende entre seus muros. Esta postura mecanicista do ensino de leitura tem como único objetivo aprender a ler e a escrever. A leitura aparece desligada dos propósitos que lhe dão sentido no uso social, porque a construção do sentido não é considerada uma condição necessária para aprendizagem. A teoria na escola, parece considerar-diria Piaget - que o funcionamento cognitivo das crianças é totalmente diferente do funcionamento cognitivo dos adultos: enquanto estes aprendem somente o que lhes é significativo, as crianças poderiam aprender aquilo que lhes ensinam, independentes de poder ou não atribuir-lhe sentido. Por outro lado, segundo as regras institucionais, é o professor que tem direito (o dever)de atribuir sentido às atividades que propõe: elas devem “cumprir os objetivos” estabelecidos pelo o ensino. Por que ensinar uma única maneira de ler? Está é, em primeiro lugar, uma conseqüência imediata da ausência de objetivos, porque a diversidade de modalidades só pode se fazer presente, em função dos diversos objetivos do leitor e dos diversos textos que utiliza para alcançá-los. Quando o objetivo que a escola estabelece é um só- aprender a ler ou, no máximo, ser avaliado. Quando o trabalho se realiza com uns poucos livros que, além disso, pertencem ao gênero “texto escolar”, bloqueia-se a possibilidade de surgirem diferentes maneiras de ler. Por outro lado, permitir apenas o uso de uma única modalidade de leitura e o acesso a um único tipo de texto que facilita o exercício de uma importante exigência da escola: o controle rigoroso da aprendizagem. 14 Bamberger(1986) nos dá alguns indicativos que podem ser aplicados pela escola para induzir o hábito da leitura aos seus alunos, O desenvolvimento de interesses e hábitos permanentes de leitura é um processo constante, que principia no lar, aperfeiçoa-se sistematicamente na escola e continua pela vida afora através das influências da atmosfera cultural geral e dos esforços conscientes da educação e bibliotecas públicas. (p. 56) O uso dos textos especialmente produzidos para o ensino da leitura é apenas umas das manifestações de um postulado básico da concepção vigente da escola: o processo de aprendizagem evolui do “simples” para o “complexo”; portanto, para ensinar saberes complexo é necessário decompô-los em seus elementos constituintes e distribuir a apresentação desses elementos ao longo do tempo. Assim, ler é produzir sentido, é estar contextualizado no texto, interpretando-o e atribuindo-lhe algum significado. Portanto, torna-se importante a criação de situações para que o exercício da leitura e escrita produzam reações, interação, e construção de subjetividade e conhecimento, não apenas como uma atividade meramente de cópia ou de decodificação dos sinais gráficos, alienando do contexto que estão inseridos. 2.2 - O SENTIDO DA LEITURA NA ESCOLA: PROPÓSITOS DIDÁTICOS E PROPÓSITOS DO ALUNO. A leitura é antes de tudo um objeto de ensino. Para que se constitua também em objeto de aprendizagem é necessário que tenha sentido do ponto de vista do aluno, o que significa entre outras coisas, que deve cumprir uma função para a realização do propósito que ele conhece e valoriza. Para que a leitura, como objeto de ensino não se separe demais da prática social que se quer comunicar, é imprescindível representar ou re-apresentar, na escola, os diversos usos que ela tem na vida social. Cada situação da leitura responderá a um duplo propósito: ensinar e aprender algo sobre a prática social da 15 leitura é propósito cuja utilidade, do ponto de vista do aluno é mediata e cumprir um objetivo que tenha sentido na perspectiva imediata do aluno. Então esse tipo particular de situação didática que Brosseau (1986) tem chamado “a - didática”: situações que propiciam o encontro dos alunos com um problema que resolver por si mesmos, que funcionam de tal modo que o professor ainda que intervenha de diversas maneiras para orientá-la a aprendizagem, não explicita o que sabe (não faz o público o saber que permite resolver o problema) que tornam possível gerar no aluno um projeto próprio, e que, por isso, mobilizem o seu desejo de aprender independente do desejo do professor. No caso da leitura, os projetos de interpretação – produção organizada para cumprir uma finalidade específica vinculada a elaboração de um produto real. Projetos que são clássicos na didática da língua escrita parecem cumprir as condições necessárias para dar sentido à leitura. Segundo Lajolo apud Geraldi, (1985), Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É, a partir do texto, ser capaz de atribuir-lhe significado, conseguir relacioná-lo a todos os outros tetos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo da leitura que seu autor pretendia e dono da própria vontade, de entregar-se a essa leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo outra não. (p. 91). Os projetos devem buscar alcançar alguns dos propósitos sociais da leitura: • - ler para resolver um problema prático; • - ler para se informar sobre um assunto de interesse; • - ler para escrever; • - ler para buscar determinadas informações necessárias por algum motivo; • - ler para ingressar em outro mundo possível. Cada um desses propósitos aciona uma modalidade diferente de leitura. Quando o objetivo é obter no jornal informações gerais sobre a atualidade nacional, o leitor opera de forma seletiva: lê as manchetes de todas as notícias e os corpos 16 das mais importantes para ele. Quando o objetivo da leitura é resolver um problema prático, o leitor tende a examinar cuidadosamente toda a informação contida no texto, já que isto é necessário para por em funcionamento o aparelho que quer fazer funcionar, ou para que o objeto que se está instruindo tenha a forma e as dimensões adequadas. Quando se lê por prazer, o leitor pode centrar-se na ação e pular as descrições ou reler as frases que são importantes para ele. Diversidade de propósitos, diversidade de modalidade de leitura, diversidade de textos e diversidade de combinações entre eles. A inclusão dessas diversidades – assim como a articulação com as exigências escolares – é um dos componentes da complexidade didática necessária quando se opta por apresentar a leitura na escola sem simplificações, procurando conservar sua natureza e, portanto, sua complexidade como prática social. Como se coordenam os dois sentidos da leitura? Como se articulam os objetivos didáticos – referentes ao ensino e à aprendizagem – e os propósitos imediatos para os quais aponta o projeto proposto (a situação a – didática)? Se ao planejar o projeto, se levam em conta ambos os tipos de objetivo, essa articulação não coloca maiores problemas: enquanto se desenvolvem as atividades necessárias para cumprir o propósito imediato, alcançaram-se também os objetivos referentes à aprendizagem. Portando, a construção do conhecimento, segundo o entendimento de alguns autores se dará pelo hábito da leitura, que deve ser inserido no cotidiano escolar. É através da leitura que os alunos poderão encontrar respostas aos seus questionamentos, dúvidas e indagações. Muito além de ler e produzir textos, nas escolas, o aluno deve ser capaz de constituir-se como um sujeito que pensa, sente e dialoga. 17 CAPÍTULO 3 3.1 – LEITURAS COMO FONTE DE INFORMAÇÃO E PRAZER A escola é o espaço visto como específico do saber, porém, o que diz respeito à leitura, precisa rever suas práticas diante de leitura impostas em salas de aulas onde faz dualismo: de um lado algumas escolas que ao pretenderem uma rápida atualização com o presente, assimilam o novo sem a devida reflexão, utilizando inadequadamente instrumentos modernos de ensino e tornando seus leitores passivos diante de imagens efêmeras. Outras escolas utilizam textos fragmentados de manuais didáticos como único meio auxiliar para a leitura, objetivando o trabalho de unidades curriculares como mera fixação e memorização de conteúdos quase sempre distantes da realidade dos alunos. As práticas de leitura existente estão longe de resgatar a história do conhecimento humano, de estimular o pensamento ou induzir o aluno ao prazer em ler. Neste sentido, algumas dessas práticas educativas tornam os alunos alheios à realidade que os circundam, tornando-os vulneráveis a dominação de uma minoria que pensa e se mantém bem informados. Pode-se então dizer que a prática de domínio através de um instrumento de poder chamado de linguagem formal. Mantergrande parte da população escolar perto do alcance desta linguagem formal é o grande desafio, a fim de que, com uma visão crítica e reflexível através da compreensão, não s permita que continuem na condição de dominadas. De acordo com Foucamber (1994), A leitura aparece também como um instrumento de conquista de poder por outros atores, antes de ser meio de lazer ou evasão. O “acesso a leitura” de novas camadas sociais implica que leitura e produção de texto se tornem ferramentas de pensamento de uma experiência social renovada; ela supõe a busca de novos pontos de vista sobre uma realidade mais ampla, que a escrita ajuda a conceber e a mudar, a invenção simultânea e recíproca de novas relações, novos escritos e novos leitores. Nesse sentido torna-se leitor pela transformação da situação que não se o seja. (p. 121). 18 Portanto, a leitura como prática social faz a diferença para aqueles que dominam, tornando-os distintos cultural e socialmente. Fazem-se necessários que as escolas revejam as condições restritas impostas ao ensino da leitura. Entretanto, mudar as condições de produção da leitura na escola não significa apenas alterar os instrumentos de sua codificação e decodificação, vai muito mais além. Segundo Paulo Freire (1997), O ato de ler não se esgota da decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra (...) linguagem e realidade se prendem dinamicamente. (p. 11). Exige-se da escola uma nova metodologia educativa que engloba: ousadia, seleção de materiais variados, espaço para socialização, respeito a opiniões divergentes, enfim, novas propostas de trabalhos pedagógicos com leituras críticas e variadas. Portanto o exercício e a prática da leitura transcende ao uso de materiais como meios auxiliares de ensino, empregados como modismos em sala de aula ou como atividade ligada a lição e a intenção didática instrucional. A leitura como informação e conseqüentemente como fonte de acesso ao conhecimento e ao poder, o mais importante é a capacidade de se aliar isso ao prazer da leitura que levará automaticamente o leitor ao conhecimento. Assim, a leitura singular dos livros didáticos deve ceder espaço aos livros de literatura infantil, jornais, revistas, gibis, bulas de remédios, receitas caseiras, etc.; que fazem parte dos objetos de uso cotidiano articulado a uma leitura significativa e, portanto compreensiva e mais prazerosa como processo pedagógico. Leitura é conhecimento, e o conhecimento é um processo de construção em que o protagonista é o aluno. 19 Conforme Paulo Freire (1978), Uma educação que procura desenvolver a tomada de consciência e a atitude crítica, graças à qual o homem escolhe e decide, liberta-o em lugar de submetê-lo, de domesticá-lo, de adaptá-lo, como faz com muita freqüência a educação em vigor num grande número de países do mundo, educação que tende a ajustar o indivíduo à sociedade em lugar de promovê-lo em sua própria linha. (p. 42). Com essa ideologia na prática pedagógica, poderá se propor nas escolas alternativas de promoção de leitura, objetivando despertar o interesse e a vontade de ler por parte dos alunos através, por exemplo, das seguintes ações: • Substituição dos livros didáticos por livros de leitura; • Dramatização com participação dos alunos; • Manipulação de argila e construção de maquetes, fundam3ntados na releitura das histórias; • Exploração de receitas culinárias; • Trabalho com jornais ou revistas; • Leitura de história: As em quadrinhos as historinhas em quadrinhos têm um efeito surpreendente como mecanismo de incentivo à leitura. Tais histórias atraem os alunos pela identificação que estes fazem com alguns personagens, semelhante ao mundo fático. A fantasia transforma a leitura em modalidade de prazer. • Feira de leitura; A realização destas propostas pedagógicas, como alternativas e complementares, poderá estimular nos alunos a vontade e o prazer da leitura. Há muito a se discutir, refletir e pesquisar para que se consiga concretizar de maneira efetiva, nas salas de aula, está audaciosa proposta. Para isso, se faz necessária, obrigatória, uma mudança na postura dos educadores e também em alguns paradigmas no processo educativo. Trata-se de um primeiro passo e de um grande desafio: romper barreiras para melhor ensinar, visando, sobre tudo uma educação que permita ao aluno o exercício 20 pleno de sua cidadania e seu desenvolvimento como pessoa humana através do hábito de ler, não apenas como fonte de conhecimento, mais também como informação e prazer. 3.2 - O PROFESSOR: UM ATOR NO PAPEL NO LEITOR Para que a instituição escolar cumpra sua missão a leitura como uma prática social, mais uma vez parece imprescindível atenuar a linha divisória que separa as funções dos participantes na situação didática. Para comunicar às crianças os comportamentos que são típicos do leitor, é necessário que o professor os encarne na aula, mais ofereça a elas a oportunidade de participar de atos de leitura que ele próprio estar realizando, que estabeleça com elas uma relação “leitor para leitor”. Nessa perspectiva, ao longo de uma mesma atividade ou em atividades diferentes, a responsabilidade de ler pode, em alguns casos, ser apenas do professor ou apenas do aluno, ou ser compartilhada por todos. Mostrar para que se ler, quais são os textos que atende a certa necessidade ou interesse, e quais serão mais úteis para outros objetivos, mostrar qual é a modalidade mais adequada para uma determinada finalidade ou como o que já se sabe a cerca do autor ou do tema tratado pode contribuir para uma compreensão de um texto. Ao ler para as crianças o professor ensina como se faz para ler. A leitura do professor é particularmente importante no inicio da escolaridade, quando as crianças ainda não lêem, por si própria de forma eficaz, o professor atua como leitor durante toda a escolaridade, porque lendo materiais que ele considera interessantes, belos e úteis, poderá comunicar as crianças o valor da leitura. Entretanto, operar como leitor é uma condição necessária mais não o suficiente para ensinar a ler. Quando as crianças se confrontam diretamente com os textos, o ensino adquire outras características, são necessárias outras intervenções do professor. Essas intervenções são orientadas para que as crianças possam ler por si mesmas, para que avancem no uso de estratégias eficazes, nas suas possibilidades de compreender melhor o que leem. A leitura compartilhada se mostra apropriada quando se aborda um texto difícil para as crianças. Enquanto estão lendo, o professor as incentiva para que 21 continuem a leitura sem se deterem diante de cada dificuldade, sem a pretensão de entender tudo, buscando compreender qual o assunto tratado no texto; uma vez que elas tenham trocados idéias a partir dessa leitura global, propõe-se uma segunda leitura durante a qual irão descobrindo que conhecer todo o texto permite compreender melhor cada parte. De acordo com Cagliari (2008), A leitura deve variar de acordo com o texto. Não se lê uma poesia, como se lê um problema de matemática ou uma narrativa. A reflexão que o primeiro tipo de leitura exige é diferente da que exigem o segundo e o terceiro. É preciso ensinar as crianças como proceder em cada caso, mostrando-lhes como ler provas, exames, questionários, formulários, instruções, jornais e revistas. (p. 172) Dessa forma o professor incentiva os alunos a cooperarem entre si, com o objetivo de que confronte ponto de vista levando a uma melhor compreensão do texto. Quando o professor se coloca no papel de leitor, quando ao ajudar as crianças sugerindo estratégias eficazes nos momentos de leitura compartilhada, como também ao delegara elas responsabilidades pela leitura individual ou grupal, o professor está ensinando a ler. Enfim, o professor deverá ser capaz de escolher livros de acordo com os interesses do leitor, disponibilizar vários tipos de leitura, conhecer o interesse e o nível de desenvolvimento e contexto social da criança com qual trabalha. Cabe ao professor não ficar restrito ao espaço fechado da sala de aula, mas sim encarar o trabalho de leitura com seriedade, munindo-se de embasamento teórico sobre a leitura que lhe dará auxílio no direcionamento de sua prática, utilizando vários recursos metodológicos para despertar o prazer de ler em seus alunos. 3.3 –O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NA FORMAÇÃO DO ALUNO LEITOR A formação do aluno leitor é comum a toda escola. O desafio do psicopedagogo de trabalhar o ensino da leitura tem sido o de encarar com 22 naturalidade os problemas enfrentados na escola com alunos as suas dificuldades e seu desenvolvimento cognitivo. O papel do psicopedagogo é contribuir junto ao professor a refletir sobre suas práticas e como ser avaliador da aprendizagem do seu aluno que tem dificuldades tanto de aprendizagem da leitura e outras dificuldades como a escrita. Pra os professores, a leitura é parte de um projeto, cumpre uma função importante para o trabalho profissional, contribui para enriquecer as discussões sobre os problemas lingüísticos, psicolingüístico e didático que se apresentam no decorrer do trabalho, abre novos horizontes, e coloca novas perspectivas a partir das quais se reformula o trabalho desenvolvido. O psicopedagogo tem o seu trabalho voltado para atendimento personalizado àqueles alunos que merecem uma atenção especial exercem forte influência em todo o processo de ensino-aprendizagem, através da valorização do aspecto cognitivo como foco de reflexão. Tanto do professor e do aluno passam a viver experiências importantes, não apenas para o processo de ensino da leitura/aprendizagem na escola, mas também para uma convivência maior que envolve o individuo e o seu meio numa construção significativa de aprendizagem através da sua realidade e experiências vivenciadas diariamente com o mundo e o seu meio. Pra o psicopedagogo, a experiência de intervenção junto ao professor, num processo de parceria, acontece uma aprendizagem muito importante e enriquecedora como relata Ana Silvia Borges no seu artigo uma das suas experiências vivida numa escola regular, da rede particular de ensino, na zona sul da cidade de São Paulo. A escola encaminhou a família de A, para o estudo psicopedagógico. Os testes de avaliação adotados à ocasião da matrícula nem puderam ser considerados, devido ao aparente desinteresse de A, em participar. Acostumada aos desafios com alunos portadores de dificuldades, a escola condicionou a possibilidade de aceitá-lo, aos resultados do estudo, desde que realizado por um profissional que estivesse familiarizada com as proposta de ensino da escola. Visava, desta forma, avaliar a adequação entre suas possibilidades e as condições de aprendizagem daquele aluno. Como era de ser esperar, os pais vieram muito ansiosos em busca de auxilio. Cansados de tantas mudanças referiram ser aquela 7ª escola que o filho iria frequentar. Concluído o estudo, a matricula foi confirmada 23 na 7ª série. Os resultados obtidos revelavam um quadro importante de dificuldade na aprendizagem, com indicação para terapia psicopedagógica. Nesse sentido que o trabalho do psicopedagogo é um desafio que conta com a participação e a colaboração do professor, da família e do aluno em foco. É uma relação a ser construída com único objetivo: aluno autor de sua história, lendo e contribuindo no seu desenvolvimento humano e cidadão. 24 CONCLUSÃO Aprender a ler é não só uma dos objetivos mais importantes da vida escolar. É uma vivência única para cada pessoa. Ao dominar a leitura abrimos a possibilidade de adquirir conhecimentos, desenvolver raciocínios, alargar a visão de mundo, do outro e de si mesmo, participar ativamente da vida social. No entanto, até hoje, ler é um problema para muitas pessoas. Cabe à escola, em meio a tantas mudanças tecnológicas e sociais, estimular a leitura, melhorar as estratégias, principalmente de compreensão e oferecer muitos e variados textos. O problema do ensino da leitura ocorre, na escola, em vários aspectos como a ausência de um trabalho interdisciplinar sobre a mesma, a dificuldade de conceitualização do que é leitura, divergências na concepção, encaminhamento metodológico e avaliação da leitura em relação ao Projeto Político Pedagógico (PPP) e a prática que se efetiva na escola. No desenvolvimento desse trabalho, a leitura é vista como um processo de produção de sentido que se dá a partir de interações sociais ou do diálogo que ocorre entre leitor/texto/autor. Assim, não existe texto sem a presença do leitor. É o leitor que dá voz e vida ao texto. É no cruzamento de vozes que os sentidos do texto vão se formando. Importante também perceber que todo texto dialoga com a cultura de sua época e com a leitura do mundo. Compreender isto é, ler percebendo o contexto sócio-histórico-cultural do mesmo. Quando há compreensão efetiva do que essa concepção de leitura promove e o professor acredita na mesma, a teoria se efetiva na prática, o professor terá, então, uma postura adequada à mesma. Dessa forma, podemos pontuar, inicialmente, a importância do papel do professor como leitor o qual serve de modelo para os alunos e a função de mediador que tem nesse processo. O aluno precisa de apoio, informação, incentivo e dos desafios proporcionais pelo professor. Assim, o aluno vai dominando, progressivamente aspectos da tarefa de leitura que, no início, são distantes dele. Necessário refletir, ainda, que o ensino da leitura não é questão de um curso ou professor, mas questão de toda a escola e de todos os professores. 25 Importante destacar que a coerência, continuidade e progressão da intervenção no trabalho com a leitura são essenciais, pois as práticas decorrentes desse trabalho precisam de um processo longitudinal, porque acontecem durante toda a vida escolar e prolongam-se por toda a vida, agregando à pessoa cada vez mais leituras no sentido pleno da palavra. O psicopedagogo é responsável pelos métodos estratégicos para alunos com dificuldade na aprendizagem. No processo da leitura é mediar às capacidades dos alunos, levando-os a se sentirem estimulados através da escola juntamente com o professor numa construção significativa de acordo com a sua capacidade de desenvolvimento. Com este trabalho buscou-se levantar reflexões acerca das concepções de leitura, pontuar questões sobre o encaminhamento pedagógico da mesma, além de discutir possibilidades do trabalho do professor junto com o psicopedagogo capazes de permitir o encontro do aluno com atividades de leitura que lhe despertem o prazer de ler e superar suas dificuldades na aprendizagem. Enfim, espera-se que tenha sido provocado um olhar e um refletir sobre a ação da escola, do professor e do papel do psicopedagogo sobre a atividade de ensinar e encaminhar efetivamente ações de sucesso na escola, oportunizando os nossos alunos construir sentido e produzir conhecimento através da leitura. 26 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAMBERGER, Richard. Como incentivar o hábito da leitura. São Paulo. Ática. 1985. CAGLIARI, Luis Carlos. Alfabetização & lingüística. Scipione.2006 FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler em três artigos que se completam. São Paulo. Cortez. 2008. VILLARD, Raquel. Ensinando a gostar de ler e formando leitores para a vida inteira. Rio de Janeiro. Qualitymark/Dunya.1999. ZACCUR, Edwiges (org.). A magiada linguagem. Rio de janeiro. DP&A:SEPE.2001 BORGES, Ana Silvia. A intervenção psicopedagogica na parceria com os professores. Educação on-line, São Paulo, 2. Jan.2001. Disponível em: http://www.educacaoonline.pro.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1 69:a-intervencao-psicopedagogica-na-parceria-com-os- professores&catid=10:psicopedagogia&Itemid=21. Acesso em 18. Jul. 2011. http://www.educacaoonline.pro.br/index.php?option=com_content&view=article&id=169:a-intervencao-psicopedagogica-na-parceria-com-os-professores&catid=10:psicopedagogia&Itemid=21 http://www.educacaoonline.pro.br/index.php?option=com_content&view=article&id=169:a-intervencao-psicopedagogica-na-parceria-com-os-professores&catid=10:psicopedagogia&Itemid=21 http://www.educacaoonline.pro.br/index.php?option=com_content&view=article&id=169:a-intervencao-psicopedagogica-na-parceria-com-os-professores&catid=10:psicopedagogia&Itemid=21
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