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Autor: Prof. Fernando José Lopes Colaboradores: Prof. Santiago Valverde Profa. Ana Paula de Andrade Trubbianelli Profa. Claudia Palladino Suprimento de Mão de Obra Professor conteudista: Fernando José Lopes Fernando José Lopes, nascido em São Paulo-SP, é especializado em Educação e Administração. Começou sua carreira na área administrativa em cargos da base estrutural e atuou também nas áreas financeira, comercial, de Logística e de RH. É professor desde o ano de 2007 na UNIP e já foi docente convidado do Senac e da Uninove. Atua como professor no ensino presencial em diversas disciplinas das áreas de RH e de Logística. Já lecionou na pós-graduação na disciplina Metodologia Científica para os cursos de TI, bem como nos cursos de jovens aprendizes do Senac-SP. O autor tem, em seu currículo, Magistério, graduação em Administração pela Faculdade Integrada Campos Salles, pós-graduação em Gestão de Pessoas e Formação de Professores em EaD pela UNIP e é, atualmente, mestrando em Educação na PUC-SP. Como profissional, foi responsável por cargo de confiança na empresa Scopus Tecnologia Ltda., onde se reportava à gerência e à direção, criando novas metodologias de trabalho e participando de processos conforme a estratégia estipulada pela empresa. Como docente, faz o que gosta, trazendo para os alunos o que existe de mais inovador no mercado, ora por meio do cenário explícito pela mídia, ora como consultor particular em pesquisa de campo nas empresas para as quais presta serviço. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) L864s Lopes, Fernando José Suprimento de mão de obra / Fernando José Lopes. – São Paulo: Editora Sol, 2013. 144 p. il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XIX, n. 2-093/13, ISSN 1517-9230. 1. Mercado de Trabalho. 2. Recrutamento. 3. Seleção. I. Título. CDU 658.3 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Lucas Ricardi Aiosa Juliana Maria Mendes Sumário Suprimento de Mão de Obra APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7 Unidade I 1 MERCADO DE TRABALHO ...............................................................................................................................9 1.1 Introdução ao Suprimento de Mão de Obra ................................................................................9 1.1.1 Planejamento de pessoas .................................................................................................................... 10 1.1.2 Captação de pessoas por meio da atração ................................................................................... 12 1.1.3 Análise de cargos .................................................................................................................................... 13 1.2 Alguns modelos de planejamento de pessoal .......................................................................... 15 1.2.1 Modelo baseado na procura estimada do produto ou serviço ............................................ 17 1.2.2 Modelo baseado em segmentos de cargos .................................................................................. 18 1.2.3 Modelo de substituição de postos-chave ..................................................................................... 19 1.2.4 Modelo baseado no fluxo de pessoal ............................................................................................. 20 1.2.5 Modelo de planejamento integrado ............................................................................................... 21 2 OBJETIVOS DO PROGRAMA DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO ....................................................... 24 2.1 Avaliação de potencial ....................................................................................................................... 26 2.2 Competência .......................................................................................................................................... 30 2.3 Frustração dos indivíduos ................................................................................................................. 35 Unidade II 3 RECRUTAMENTO .............................................................................................................................................. 42 3.1 O programa de benefícios oferecido pela empresa ................................................................ 43 3.1.1 Objetivos do programa de benefícios ............................................................................................. 44 3.1.2 Políticas e diretrizes ............................................................................................................................... 45 3.1.3 Tipos de benefícios ................................................................................................................................. 46 3.2 Estrutura clássica do programa ...................................................................................................... 48 3.2.1 Formato flexível do programa ........................................................................................................... 48 3.2.2 Comitê de benefícios ............................................................................................................................. 48 3.2.3 Avaliação do programa ........................................................................................................................ 48 4 Recrutamento como fator diferencial para a competitividade na empresa ................... 49 4.1 Etapas do recrutamento de pessoal ............................................................................................. 52 4.1.1 Pesquisa de mercado ............................................................................................................................. 56 4.1.2 Pesquisa externa de mercado ............................................................................................................ 57 4.1.3 Abordando o mercado de Recursos Humanos ............................................................................ 58 4.1.4 Dinâmica do recrutamento ................................................................................................................. 61 4.1.5 Recrutamento interno .......................................................................................................................... 62 4.1.6 Recrutamento externo .........................................................................................................................71 Unidade III 5 SELEÇÃO .............................................................................................................................................................. 93 5.1 Conceito de seleção de pessoal ...................................................................................................... 96 5.1.1 As bases do processo seletivo ............................................................................................................ 98 5.1.2 Seleção como um processo comparativo ...................................................................................100 5.1.3 Comparação seletiva ...........................................................................................................................101 5.1.4 Seleção como um processo decisório ...........................................................................................102 5.2 Entrevista de seleção ........................................................................................................................104 5.2.1 Entrevista estruturada ........................................................................................................................104 5.2.2 Entrevista não estruturada ...............................................................................................................105 5.3 Preparo ...................................................................................................................................................106 5.3.1 Coleta de dados .....................................................................................................................................107 5.3.2 Principais ferramentas de seleção .................................................................................................108 5.3.3 Análise do quadro funcional ............................................................................................................109 5.3.4 Preenchimento da requisição de pessoal .................................................................................... 110 5.3.5 Análise de currículos ........................................................................................................................... 110 5.3.6 Entrevista individual ............................................................................................................................ 110 5.3.7 Testes situacionais ................................................................................................................................ 110 5.3.8 Seleção por competências .................................................................................................................111 5.3.9 Dinâmica de grupo ...............................................................................................................................112 5.3.10 Testes práticos/testes específicos .................................................................................................112 5.4 Tendências do entrevistador .......................................................................................................... 113 6 DINÂMICA DE GRUPO E SUAS ETAPAS ................................................................................................ 114 6.1 Aquecimento ........................................................................................................................................ 115 6.2 Apresentação ....................................................................................................................................... 115 6.3 Atividade principal ............................................................................................................................. 115 Unidade IV 7 SISTEMA DE MANUTENÇÃO ...............................................................................................................120 7.1 Documentos para o processo de admissão .............................................................................120 7.2 Processo de admissão .......................................................................................................................124 7.2.1 Procedimentos para admissão ........................................................................................................ 125 8 Jornada de trabalho ..............................................................................................................................125 8.1 Da jornada de trabalho ....................................................................................................................125 8.2 Dos períodos de descanso ...............................................................................................................128 8.3 Do trabalho noturno .........................................................................................................................131 8.4 Do quadro de horário .......................................................................................................................131 8.5 Das penalidades ..................................................................................................................................132 7 APRESENTAÇÃO Este livro-texto servirá de apoio ao estudo da disciplina Suprimento de Mão de Obra, que tem como objetivo discutir o assunto para além da noção de que a mão de obra é simplesmente contratada ou dispensada em algum momento. Para tal, considera termos e jargões geralmente usados por profissionais que atuam diretamente com Recursos Humanos e usuários de informações da área. É importante salientar que, neste material, construiremos juntos o conhecimento relativo à importância e ao tratamento do suprimento de mão de obra. Nossa proposta, portanto, não é de somente transferir um conjunto predeterminado de saberes. As escolhas metodológicas e didáticas a partir das quais o livro-texto foi criado incluem o aperfeiçoamento do espírito crítico e o desenvolvimento das capacidades e habilidades de produção e geração de conhecimento. Dessa forma, você poderá notar que os conteúdos estão sempre entrelaçados às situações concretas das organizações, e tal estratégia permitirá que você desenvolva, com autonomia, o seu próprio saber em relação à importância do assunto para sua vida profissional. Cada Unidade foi elaborada para atender a determinados objetivos. Entraremos em contato com as principais noções relativas ao suprimento de mão de obra: seus conceitos, seu objeto, seus objetivos e seus principais instrumentos de organização e controle. Também estudaremos questões relacionadas a recrutamento, programa de benefícios, retenção de talentos e processo de seleção de pessoal. É esperado que você aprecie este livro-texto e que, a partir dele, possa conhecer e dominar os processos básicos da área e seus impactos nas organizações. Bom trabalho! INTRODUÇÃO A proposta da presente disciplina é oferecer aos alunos o conhecimento sobre a área de suprimento de mão de obra na empresa. Para muitos, esse processo é simples de elaborar, por pensarem que se trata apenas de admitir e demitir pessoas. Entretanto, por trás de toda essa movimentação, existem planos, estratégias e aspirações voltados às melhorias, bem como à competitividade, não só entre as empresas, mas também entre candidatos dentro delas. De uma forma geral, trata-se da vida e da duração da empresa no mercado, onde apenas os mais fortes sobrevivem. As pessoas que possuem diferencial competitivo têm condições melhores de se sobressaírem e de buscarem “seu lugar ao sol”, ou seja, são essas que dão as cartas e são requisitadas. Ao contrário, aquelas que não se preocupam em buscar melhorias para si ou para as empresas onde trabalham correm o risco de não serem escolhidas, por não oferecerem atrativos consideráveis que possam ser observados no mercado de RH pelas empresas. No caminho dessa demonstração doque é suprimento de mão de obra, o que poderá ser observado é que recrutar e selecionar não ocorre ao acaso – há um planejamento focado em uma estratégia, estipulada pela empresa para suprir sua necessidade de pessoas. Esse planejamento pode ser focado 8 em crescimento, em satisfação temporária, em diminuir custos ou em aproveitar pessoas cujo potencial possa ser transformado em competência. O processo em si deve ser o mais claro possível e com o menor custo, onde o indivíduo seja aproveitado com seu máximo potencial, pois é capaz de transformar os rumos dos processos e procedimentos que ocorrem internamente e projetar o nome da empresa e sua participatividade no mercado. Isso significa ser diferente, produzir mais, ter seu nome no mercado, e o colaborador deve aproveitar a oportunidade para aprender um pouco mais sobre processos seletivos e o que se exige dos candidatos ao se participar de um. A disciplina descreve a forma como um indivíduo participa do recrutamento, passando pelo processo de seleção e ingresso. Essa é uma tarefa cansativa para a empresa, que procura o que há de melhor no mercado em termos de qualificação para suprir a vaga existente nela, e também para o colaborador ou candidato que concorre à vaga e tem de passar por todos os testes na empresa ou fora dela. O aluno, por meio do livro-texto, será capaz de identificar cada parte desse processo de recrutamento e seleção e o significado de cada teste ou entrevista, assim como a necessidade de expor os indivíduos a essas duras provas para conseguir um trabalho. É importante deixar claro que, antes de buscar candidatos no mercado de RH, há uma requisição de um determinado setor, o qual passará para o RH um pedido para que este procure, interna ou externamente, a pessoa que se enquadra naquilo que a empresa espera para compor seu quadro funcional, levando em consideração seu diferencial e sua capacidade de trazer melhorias à equipe e à empresa como um todo. Algumas perguntas serão respondidas por meio da explanação da disciplina, solucionando as dúvidas mais frequentes apresentadas pelos alunos ao se candidatarem a uma vaga na empresa. De maneira clara e objetiva, este livro-texto tem a missão de fazer que os alunos sejam capazes de identificar todo o processo de recrutamento e seleção, enxergando as facilidades e as diferentes formas de otimizar a captação de pessoas para o processo produtivo nas empresas. Assim, se tornarão gestores capazes de buscar pessoas com capital intelectual adequado, trazendo a concretização do que foi estabelecido estrategicamente pela empresa e utilizando o agente de transformação dos processos e procedimentos da “produção” de pessoas. 9 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 24 -0 9- 20 12 SUPRIMENTO DE MÃO DE OBRA Unidade I 1 MERCADO DE TRABALHO 1.1 Introdução ao Suprimento de Mão de Obra Recrutar e selecionar pessoas não é algo fácil. É uma tarefa árdua da área de Recursos Humanos, em que todos os esforços devem ser concentrados para satisfazer as pessoas e suprir as necessidades da empresa. Sempre que possível, faz-se necessário planejar o que desejamos. Para isso, no que se refere ao preenchimento de vagas, não é adequado procurar qualquer pessoa, apenas aquelas que possam trazer valor competitivo com a atuação em seu novo emprego. Portanto, na nova vaga, esse diferencial é procurado pelas empresas, pois é o que as torna competitivas no mercado em relação aos seus concorrentes. A empresa é quem dá subsídios para a contratação e a pesquisa no mercado, e é ela quem mantém os salários dos novos colaboradores. Por isso, para abastecê-la com novos talentos, deve ser observado o que ela precisa realmente no que se refere às pessoas e se estas contemplam aquilo que se entende por estratégia de melhorias ou crescimento. Quando falamos de suprimento de mão de obra, estamos nos referindo exatamente a fornecer pessoas ideais para o local exato, a fim de atender a determinada demanda de trabalho em uma empresa. Essa tarefa é detalhada e árdua, pois, embora exista uma extensa pesquisa sobre os recursos disponíveis no mercado que possam vir a satisfazer a empresa, muitas vezes, esta possui poucas vagas e não encontra quem possa preenchê-las, pois as pessoas têm pouco conhecimento ou diferencial para agregar valor ao que a organização espera para aquele momento. Aqueles que se encontram no lugar certo, na hora certa e com a competência adequada são fundamentais para o crescimento da empresa e sua prosperidade, pois são os principais agentes que levam a organização a ter um desempenho melhor em suas tarefas e, portanto, a ter uma produção mais adequada e com qualidade. Os agentes de transformação em uma empresa são indivíduos qualificados, treinados, desenvolvidos, reconhecidos e valorizados, e produzem melhor aqueles que trabalham naquilo de que gostam. Quando dizemos que as pessoas são agentes de transformação, o que pretendemos é afirmar que elas são capazes de alavancar os lucros da empresa pela sua competência em fazer seu trabalho, e que quanto melhor esse trabalho for, mais resultados a empresa conseguirá em dinheiro. O colaborador que 10 Unidade I Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 24 -0 9- 20 12 coopera com essas melhorias terá reconhecimento dentro da empresa; por outro lado, o funcionário também é capaz de destruir a organização, quando não traz melhorias e não coopera para conseguir resultados e qualidade, ou seja, quando se torna um sujeito acomodado em sua função. Por esse motivo, ao recrutarmos indivíduos, mesmo que o foco seja na quantidade, o potencial que eles trazem consigo deve ser medido e aferido para que, realmente, o candidato que vier a trabalhar na empresa traga para ela um diferencial competitivo. Saiba mais Acesse o site RH Portal: <www.rhportal.com.br>. Nele, você encontrará muitas informações e dicas que o auxiliarão quanto ao gerenciamento de pessoas. A empresa, ao verificar que a pessoa realiza suas tarefas e agrega valor no momento de fazer o serviço, reconhece o indivíduo como alguém capaz, interessado, com diferencial e que pode progredir pessoal e profissionalmente. Progredir pessoalmente é agregar para si o conhecimento que será carregado para a vida toda. Já na esfera profissional, a empresa caracteriza o indivíduo como um colaborador capaz de pensar, realizar, inovar e trazer melhorias constantes, não só para ele – ao conseguir uma promoção, um aumento ou ainda um reconhecimento –, mas também para a empresa, no que se refere a processos e procedimentos realizados por ele. Esse fato é observado nas melhores empresas, tanto no Brasil quanto nos demais países. As empresas são dinâmicas e se encontram em constante mudança, e o papel da área de Recursos Humanos é providenciar pessoas que sejam capazes de satisfazer às necessidades da organização. 1.1.1 Planejamento de pessoas Conforme Dutra (2009, p. 63), planejamento de pessoas “é a quantidade e qualidade de pessoas necessárias para cada uma das operações ou negócios da empresa”. Trata-se de alocar indivíduos na empresa de acordo com as necessidades desta, nos tipos de serviço por áreas, em determinado tempo (dependendo da demanda de algum produto) ou no remanejamento de pessoas (de acordo com a capacidade de absorção da empresa). Os alunos muitas vezes questionam se não seria mais fácil preencher a vaga a partir de uma indicação interna, em vez de fazer um planejamento para recrutar pessoas. A resposta a essa questão está ligada à qualidade e à possibilidade de o indivíduo trazer melhorias aos processos que já existem, sendo natural que exista uma indicação interna. Muitas vezes, porém, esse indivíduo não tem competência para realizar a tarefa de forma diferenciada,e a empresa procura pessoas que façam melhor e de forma mais competitiva, recebendo um salário mais baixo. Assim, a indicação é válida, mas vai depender 11 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 24 -0 9- 20 12 SUPRIMENTO DE MÃO DE OBRA muito daquilo que a empresa pretende para preencher determinada vaga, devendo ainda ser medido o impacto que a função tem em todos os segmentos da organização. Por exemplo, a contratação de um executivo de Recursos Humanos que seja capaz de ser gestor de todos os subsistemas de RH. Esse indivíduo vai trabalhar com pessoas e processos de produtividade, melhorando procedimentos nos cargos, verificando o potencial dos indivíduos internos e alinhando as pessoas às estratégias da empresa. Nesse caso, não basta indicar alguém: é preciso buscar uma pessoa que traga uma visão geral de todo o processo e que possa remodelar ou adequar as pessoas, gerando melhorias para toda a empresa. Outros exemplos acontecem quando temos uma promoção, uma ampliação de setor ou da empresa, ou quando esta trabalha com sazonalidade. Quando falamos de uma promoção, o planejamento de pessoas deve ser muito bem-elaborado, e algumas questões devem ser entendidas. Por exemplo, a substituição: se alguém vai ser promovido, logo sua vaga ou seu cargo ficará em aberto, e será necessário colocar outra pessoa no lugar daquela. Como planejar isso? Como será a transição? Quem são as pessoas capazes de suprir a necessidade na empresa? Essas são questões que devem ser observadas para que a transição não seja desagradável nem para o indivíduo que foi promovido, nem para o novo ocupante da vaga. Observação Planejar não é algo fácil. É um momento de decisão no qual pessoas de RH vão determinar quem, como e onde se agregará valor ao negócio na empresa. A sazonalidade e a ampliação de quadro da empresa referem-se a novas contratações de pessoal para um determinado período (no caso da sazonalidade) e por período indeterminado (no caso da ampliação de quadro da empresa). A sazonalidade ocorre em empresas que trabalham com produtos específicos para determinadas datas comemorativas, como os ovos de chocolate na Páscoa. Devemos entender que, embora as vendas do produto aumentem significativamente nessa data, a empresa o produz durante o ano todo. Nessa data, porém, o planejamento de pessoal deverá ser reestruturado pela demanda, e a empresa deverá contratar mão de obra temporária para suprir a necessidade de produção em massa. Podemos encarar a sazonalidade como uma necessidade de curto prazo para que os indivíduos possam realizar as tarefas e entregar os produtos de acordo com o tempo estipulado pela empresa. Em termos de estratégia, a sazonalidade está diretamente ligada às datas comemorativas do calendário. Por isso, no caso do suprimento de mão de obra, pode ser feita uma projeção de quantas pessoas são necessárias para produzir determinadas quantidades de um produto em um tempo preciso. Entretanto, para que isso seja feito, é preciso planejar onde buscar as pessoas, quais as alternativas de tornar a 12 Unidade I Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 24 -0 9- 20 12 empresa um atrativo para elas e quais benefícios farão que elas se interessem por trabalhar durante determinado período na empresa. Uma pergunta frequente dos alunos refere-se à efetivação dos indivíduos, nos casos de vagas temporárias em um período de sazonalidade. Normalmente, os melhores indivíduos nesse universo de candidatos, que possuem maior competência, bem como facilidade de produzir (dependendo do ramo de atuação da empresa) e de comunicar-se (no caso de vendas diretas ao cliente), acabam sendo aproveitados, pois trazem um diferencial nas vendas, mesmo em épocas que não são ligadas às datas comemorativas. Carregam consigo o conhecimento e a habilidade, e esse tipo de qualidade é muito apreciado em todas as esferas das organizações. Portanto, merecem participar do quadro funcional mesmo após o término da sazonalidade. Outra situação em que muitas pessoas são contratadas, mas não são necessariamente temporárias, ocorre quando a empresa amplia seu quadro funcional. Isso acontece, por exemplo, quando a organização lança uma nova linha de produtos, ampliando sua atuação no segmento. Um exemplo prático são empresas que trabalham com cosméticos, tendo em sua linha de produção produtos para banho, para o corpo e perfumes, e que decide entrar no ramo de batons, sombras e outros acessórios da linha de beleza. Deverá existir um novo setor que cuide dessa linha, bem como uma nova produção diferenciada para ela. O que acontece nesse caso é uma ampliação de atuação da empresa no ramo da cosmética. A ampliação de quadro, muitas vezes, também ocorre pelo acúmulo de funções em uma equipe, fazendo que os cargos se fragmentem e dando origem a outros de nomenclatura diferente, como assistentes, auxiliares e analistas, dividindo o todo e dando oportunidade para que outros entrantes venham a participar do quadro daquele setor. Os alunos podem perguntar de que forma se fragmentam as responsabilidades dentro de uma equipe. A resposta está no acúmulo das funções, na ampliação das responsabilidades na perspectiva do setor e, principalmente, no crescimento dos negócios da empresa, incrementando a versatilidade dos setores em conseguir cumprir seus processos e procedimentos com qualidade para atender o público interno e reverter soluções para o público externo ou cliente final. Os colaboradores devem pensar, e não apenas executar as tarefas, bem como trabalhar com critérios de flexibilidade na busca de ações e caminhos diferenciados para obter resultados em suas funções. Todos esses exemplos estão ligados ao planejamento de pessoas no que se refere à quantidade e à qualidade de indivíduos, o que significa a alocação dos recursos (pessoas) no local correto para suprir as necessidades da empresa. Nesse planejamento existem objetivos específicos. Quando falamos de pessoas, logo somos levados às questões relativas ao ato de recrutá-las e selecioná-las. 1.1.2 Captação de pessoas por meio da atração Podemos captar pessoas por meio da atração, oferecendo-lhes benefícios que sejam diferentes daqueles dos concorrentes, proporcionando um trabalho que tenha qualidade de vida e um bom clima 13 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 24 -0 9- 20 12 SUPRIMENTO DE MÃO DE OBRA organizacional – em que a pessoa se sinta bem naquilo que está fazendo – e, principalmente, respeitando e valorizando o ser humano como fator importante para o progresso da empresa. Esses são atrativos que fazem as pessoas se interessarem pelas empresas. A atração está ligada à motivação que os indivíduos têm em estarem predispostos a participar de um novo processo, que poderá trazer tanto melhorias para sua vida como bem-estar para a sociedade à qual pertencem, fazendo que esse indivíduo se sinta bem, obtenha recompensas pelo trabalho prestado à empresa e possa ter uma boa vida, satisfazendo suas necessidades sociais. Quando fazemos movimentações de seleção e recrutamento interno ou misto na empresa, os indivíduos internos podem participar do processo de recolocação de pessoal. A questão de valorizar as pessoas incide principalmente na promoção de um indivíduo a um cargo acima do seu, ou ainda quando um colaborador quer trocar de área. Nesse caso, estamos valorizando os indivíduos da empresa e dando oportunidades melhores dentro dela, reconhecendo, portanto, seu trabalho e sua contribuição para os objetivos da empresa. O planejamento de pessoal está totalmente ligado à adequação das pessoas, e para isso devemos recrutar e selecionar indivíduos capazes de suprir as necessidades da empresa.Já o processo de seleção pode ocorrer em diversas etapas, que são baseadas em entrevistas e testes de aferição comportamental, e vai depender de como a empresa pretende averiguar as capacidades do indivíduo. Antes de falarmos de planejamento de pessoal, vamos entender a análise de cargos e qual sua influência dentro de um planejamento de pessoal, além de sua ligação à captação de pessoas adequadas. 1.1.3 Análise de cargos Para que possamos fazer a captação de profissionais no mercado, a realização da análise de cargo é fundamental. Por meio dela, podemos conhecer a função que deverá ser executada e torna-se possível traçar estratégias, com o objetivo de promover a melhoria da produtividade dos processos envolvidos na função. Dessa forma, a análise do cargo implica a compreensão das atividades a serem desenvolvidas na empresa. Sua execução, portanto, requer planejamento de pessoal, já que o profissional escolhido deverá dar conta do que é esperado do ocupante da posição. São muitos os benefícios advindos da análise de cargo. Dentre eles, destacamos o fato de permitir à empresa saber, por exemplo, se seus funcionários estão recebendo salários compatíveis com os praticados no mercado. Outro benefício diz respeito ao relevante auxílio na elaboração de planos de carreira: compreender a função significa traçar metas e objetivos para os profissionais ocupantes de determinados cargos, estabelecendo promoções de acordo com as realizações e com a competência demonstrada pelos profissionais. 14 Unidade I Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 24 -0 9- 20 12 A análise de cargos também ocupa lugar de destaque entre as ferramentas usualmente utilizadas para análise de desempenho. Afinal, avaliar o desempenho requer conhecimento profundo sobre as competências esperadas e sobre os resultados previstos de atuação do profissional. Em outras palavras, torna-se factível estabelecer padrões e patamares para o trabalho dos colaboradores, buscando sempre agregar valor para a empresa e para os clientes. De forma resumida, o diagnóstico realizado quando da avaliação de desempenho permite a identificação de pontos críticos, de problemas ou de oportunidades para capacitação, sempre tendo em vista a melhoria da performance dos colaboradores e o aumento de qualidade nos serviços prestados pela empresa para seus clientes. O cargo é a referência para a busca de profissionais no mercado de trabalho. Conhecer o cargo, portanto, é o primeiro passo para que empresas busquem colaboradores de acordo com o necessário, contratando conforme as necessidades estratégicas da companhia quanto aos objetivos empresariais. O cargo esclarece, dessa forma, aquilo que é requerido em termos profissionais, o que norteia tanto a ação empresarial quanto a conduta daqueles que estão em busca de uma colocação. Disso resulta que as características do cargo devem ser claramente divulgadas quando dos processos de recrutamento, e a empresa deve responsabilizar-se por uma correta comunicação daquilo que é exigido e esperado nos procedimentos de contratação de pessoal. Quadro 1 – Principais termos empregados na análise do cargo Tarefa É a atividade executada por um indivíduo que ocupa determinado cargo. Por exemplo: arquivar, digitar etc. Função É o agregado de tarefas atribuídas a cada indivíduo na organização. Por exemplo: assistente de departamento de contabilidade, datilógrafo do departamento de pessoal, arquivista etc. Cargo É o conjunto de funções substancialmente idênticas quanto à natureza das tarefas executadas e às especificações exigidas dos ocupantes. Análise de cargo É o estudo que se faz para coligir informações sobre as tarefas componentes do cargo e sobre as especificações exigidas do seu ocupante. Da análise resulta a descrição e a especificação do cargo. Descrição de cargo É o relato das tarefas descritas de forma organizada. Especificação de cargo É o relato de requisitos, responsabilidades e incômodos impostos ao ocupante do cargo. Grupo ocupacional É o conjunto de cargos que se assemelham quanto à natureza do trabalho. Fonte: Pontes (2008, p. 53-4). Os grupos ocupacionais são os seguintes: • grupo ocupacional gerencial: abrange os cargos de chefes, gerentes, diretores etc.; • grupo ocupacional de profissionais de nível superior: abrange os cargos de engenheiro, economista, advogado, administrador etc.; 15 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 24 -0 9- 20 12 SUPRIMENTO DE MÃO DE OBRA • grupo ocupacional de técnicos de nível médio: abrange os cargos de desenhista, laboratorista, inspetor, supervisores técnicos etc.; • grupo ocupacional administrativo: abrange os cargos de recepcionista, auxiliares, analistas, supervisores administrativos etc. • grupo ocupacional operacional: abrange cargos de pedreiro, operador mecânico, supervisores operacionais etc. 1.2 Alguns modelos de planejamento de pessoal Quando falamos em planejamento, os alunos costumam fazer diversas perguntas, pois planejar é uma tarefa com uma complexidade extensa e constante, principalmente quando nos remetemos à movimentação de pessoas, pois elas serão pontos-chave e diferenciais para o sucesso da empresa. Para planejar é preciso ter uma base, e para isso utilizamos referências de onde estamos e quais as ações que devermos tomar para chegarmos aos nossos objetivos. Mas quais são os objetivos da empresa? Observação Sempre que fazemos um planejamento de pessoas, devemos atentar àquilo que a empresa quer, para conseguirmos sanar suas necessidades de acordo com suas estratégias. Para programar as ações a fim de promover melhorias na empresa, os profissionais de Recursos Humanos terão de observar, principalmente, a necessidade do setor em termos de pessoal, suas atribuições nas funções e se o indivíduo que ocupará a vaga traz com ele diferencial na realização do trabalho. Assim, não basta saber fazer o trabalho, é importante também trazer melhorias nos processos e procedimentos. Quanto aos caminhos mais adequados para contemplar os programas de RH, é importante ter um planejamento de recrutamento e seleção eficiente, que traga pessoas com competências para suprir as necessidades do setor e da empresa. Trata-se de uma questão lógica a ser resolvida, em que há uma demanda específica por um profissional que consiga realizar determinada tarefa, e é preciso encontrá-lo no mercado de RH. Esse profissional pode fazer parte do quadro funcional da empresa, mas existem casos nos quais é necessário procurar o indivíduo no mercado, pois os talentos dos funcionários da empresa não são suficientemente maduros para conseguir realizar a tarefa ou a função exigida por determinado cargo. As mudanças que ocorrerão estão relacionadas a expansão, ajustamento de pessoal ou da empresa ao mercado, ou ainda a modificações relacionadas a inovação, criatividade ou redução dos custos com enxugamento de pessoal. Todos esses fatores são importantes quando recrutamos e selecionamos 16 Unidade I Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 24 -0 9- 20 12 pessoal. A busca é por pessoas ágeis, que pensem e inovem, trazendo melhorias para a área, cuja inovação intelectual agregue valor ao que já temos na empresa. Essas são questões que devem ser levadas em conta no planejamento. Qualquer tipo de mudança no mercado, de caráter econômico, social ou político, afeta diretamente a empresa. Há ainda a globalização, que dita as regras no mercado internacional. Assim, as empresas e suas pessoas devem estar preparadas para a mudança no cenário, sendo capazes de produzir com qualidade, e a competitividade dos indivíduos deve servir não só para eles, mas também para que a empresa ondetrabalham seja competitiva. Esse amadurecimento se faz presente nas pessoas, assim como nas empresas envolvidas nos processos de transformação aos quais estão expostas no mercado. Missão da organização Objetivos organizacionais Requisitos dos Recursos Humanos Programas de Recursos Humanos Expansão Ajustamento Mudança Enxugamento Novas admissões Adequação ao mercado Inovação e criatividade Redução de pessoal Figura 1 – Bases do planejamento de pessoal Essa figura ilustra como as empresas fazem o planejamento para a procura ideal das pessoas que irão ocupar as vagas existentes. O primeiro passo é observar qual é a missão da empresa, para que ela existe no mercado e qual é a fundamentação para sua existência. Quando a empresa procura pessoas, deve verificar se elas concordam com o perfil e se encaixam nele, para alcançar a satisfação dos clientes. O segundo passo é verificar se o perfil que o indivíduo possui em relação ao futuro está diretamente ligado aos objetivos da empresa. Isso pode ser feito por meio da missão e dos valores que a empresa acredita serem interessantes para os seus negócios em seu mercado de atuação. Logo, haverá indivíduos compatíveis ou não com aquilo que a empresa acredita ser adequado para manter-se ou crescer no seu ramo de atuação. Após a apuração, começa a ação dos Recursos Humanos, que verificará as características exigidas na descrição do cargo, a fim de procurar alguém compatível com elas no mercado. Para que tudo isso ocorra, porém, é necessária uma etapa anterior no processo. 17 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 24 -0 9- 20 12 SUPRIMENTO DE MÃO DE OBRA Para existir um pedido de funcionário novo para uma vaga, é preciso haver uma movimentação interna na empresa. Tal movimentação pode ser um desligamento (quando o indivíduo é demitido), uma promoção (quando o indivíduo sobe de cargo no mesmo setor ou vai para outro) ou um aumento de quadro (quando existe modificação nos cargos internos do setor e abrem-se outros, fragmentando as tarefas desse setor, ou ainda quando é criado um novo setor). Nesses casos, existe uma requisição de pessoal por parte do gestor de área; em seguida, o pedido será analisado pela direção, que dará seu aval para a continuação do processo. Caso isso ocorra, o gestor terá de passar as suas exigências a respeito do cargo para o RH, e a área de Gestão de Pessoal cruzará as informações passadas pelo gestor de área com a descrição do cargo existente em seu banco de dados, para verificar se aquilo que o gestor está pedindo é compatível com o que possuem. Após a validação, o RH montará o planejamento de captação de recursos (pessoas) no mercado e escolherá o tipo de recrutamento e seleção mais adequado ao momento, para que não seja necessário refazer o processo. Captando as pessoas por meio de recrutamentos interno, externo e misto em quantidades potenciais (pessoas que saibam fazer o serviço), começa o processo de seleção, que corresponde à escolha dos melhores candidatos para as vagas da empresa. Por fim, haverá a integração e a colocação da pessoa em seu cargo. Observação Conforme Pontes (2008, p. 55), a “análise de cargos é um instrumento para programas da administração de Recursos Humanos: cargos e salários, carreiras, avaliação de desempenho, treinamento e desenvolvimento, recrutamento e seleção e outros”. 1.2.1 Modelo baseado na procura estimada do produto ou serviço As necessidades de pessoal são aparentes nesse modelo, de acordo com a produtividade na demanda pelo produto ou serviço estipulado pela empresa. Quanto mais produtos e serviços a empresa vender, mais será necessário captar novos recursos para a mão de obra. Isso caracteriza bem a sazonalidade que acontece em algumas empresas no que se refere às datas comemorativas no país, como a Páscoa, o Natal e o Dia Internacional da Mulher. Conforme Chiavenato (2008, p. 167), “a estimativa de vendas aumenta nesses períodos. Logo, se faz necessária uma contratação contingencial maior, para atender a demanda de consumo dos clientes”. Quando falamos de contingente, estamos nos referindo a quantidades; quanto mais aquecido o mercado, maior a possibilidade de novas aberturas de postos de serviço, pois a tendência é que os clientes venham a consumir mais os produtos e serviços das empresas, que, por sua vez, precisarão de mais pessoas para abastecer seus setores e dar condições para o atendimento dos clientes finais, os consumidores. 18 Unidade I Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 24 -0 9- 20 12 1.2.2 Modelo baseado em segmentos de cargos Segmento de cargo é a estruturação por meio de nomenclatura dentro de uma área, onde existe uma hierarquia de tarefas, funções e obrigações a serem realizadas pelos indivíduos em sua equipe. Por exemplo: o auxiliar de RH, o assistente de RH e o analista de RH formam uma sequência de cargos com níveis diferentes dentro do setor, cujas tarefas e responsabilidades vêm de acordo com o seu grau de hierarquia dentro da estrutura. Focado no nível operacional da empresa, um exemplo que podemos dar é o da empresa Standard Oil, que consiste em: • Escolher um fator estratégico (como nível de vendas, volume de produção e plano de expansão). Esses fatores afetam de alguma forma as necessidades referentes às pessoas na organização; portanto, compõem uma variável que deve ser considerada como fator-chave em termos de mobilidade de pessoas na empresa. Nesse contexto, o cargo tem uma importância fundamental, pois, no processo produtivo, cada um tem sua gama de responsabilidades e possui procedimentos incutidos em suas funções que, ao se entrelaçarem, dão origem ao produto final – no caso, a demanda –, conforme citado anteriormente a respeito das vendas e da produtividade. • Estabelecer níveis históricos (passado e futuro). A nova demanda de pessoas vai depender das ações estratégicas a respeito de onde a empresa está e para onde ela quer ir. Todo cargo tem seu histórico, com uma evolução, adaptação ou melhoria nos processos e procedimentos naquilo que o indivíduo faz. Isso ocorre pela necessidade de melhorias contínuas por parte da empresa e também do seu colaborador. • Determinar os níveis históricos de mão de obra para cada área funcional. Cada área tem sua necessidade, de acordo com sua atuação na empresa. Por exemplo, na linha de produção, a demanda de pessoal será bem maior do que na área financeira. Alocar as pessoas adequadas nas posições hierárquicas corretas é necessário para que elas possam desenvolver um trabalho benfeito, de forma eficiente e eficaz, para que agreguem valor ao negócio de alguma maneira e para que os erros não sejam cometidos novamente. • Projetar as necessidades futuras de cada área de acordo com a demanda estipulada na estratégia da empresa, buscando sanar as lacunas abertas nos setores. 19 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 24 -0 9- 20 12 SUPRIMENTO DE MÃO DE OBRA Os cargos devem ser avaliados de acordo com sua responsabilidade no processo de comunicação da empresa. Para buscar resultados significativos, não adianta contratar pessoas sem ter um planejamento ou um projeto sobre o que elas farão na empresa. 1.2.3 Modelo de substituição de postos-chave Esse modelo, baseado na substituição de pessoas, fundamenta-se em duas variáveis: a do desempenho e a da promovabilidade. O desempenho refere-se à verificação de como o indivíduo se portou em suas últimas avaliações, bem como de sua inter-relação com os pares, os subordinados e a chefia. Já a promovabilidade é a validação do indivíduo para assumir determinadas tarefas futuras com sucesso. O que dará base para essas estimativasé o fluxo de informações contidas no banco de dados da empresa, que possui o histórico dos indivíduos e seu sucesso em sua carreira profissional, proporcionando uma substituição natural de quem está acima dele na hierarquia da empresa. Trata-se de uma sucessão natural a partir dos dados coletados, pela vivência do indivíduo na empresa e por sua credibilidade como bom funcionário para a corporação. A: pronto para promoção B: requer mais experiência C: não tem substituto 1: desempenho excepcional 2: desempenho satisfatório 3: desempenho regular 4: desempenho fraco Diretor-Geral José Fagundes (58) A/1 Luís Bento (42) B/1 José Soares (43) A/1 João Brito (36) B/1 Milton S Gerente de Depto. Luís Bento (42) Figura 2 – Modelo de substituição de postos-chave Aqui estamos demonstrando dois fatores importantes: a promoção por competência e por desempenho. A competência gera o desempenho dos indivíduos, pois é a ação de se fazer algo de forma diferenciada, com menos custos, trazendo, com isso, melhores resultados no serviço. Na figura anterior foi observado que a sucessão dos indivíduos depende das condições daqueles que estão abaixo do colaborador a ser substituído, sendo feita a verificação de como se saíram nos treinamentos e uma avaliação do desempenho e de outras referências históricas na empresa. Assim, aquele que tiver melhores condições assumirá a posição do outro. 20 Unidade I Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 24 -0 9- 20 12 1.2.4 Modelo baseado no fluxo de pessoal Esse modelo traz um histórico que nos dá referências sobre a movimentação das pessoas dentro, através e fora da empresa. Segundo Chiavenato (2008), por se tratar de um modelo conservador, é adequado às empresas que não têm grandes desafios e mobilidade de pessoal, portanto empresas estáveis. O modelo contribui para projeção em relação a promoções, aumento na rotatividade, ou ainda problemas em preencher lacunas na empresa, sendo fácil de ser entendido e administrado (CHIAVENATO, 2008, p. 167-8). Tabela 1 – Planejamento baseado no fluxo de pessoal Nível Número inicial Desligamentos (-) Transferências (-) Admissões (+) Promoções (+) Número Final (=) Diretoria 4 1 1 4 Gerência 12 2 1 11 Chefia 30 4 1 3 1 29 Operação 360 12 18 25 1 356 Fonte: Chiavenato (2008, p. 169). Esse modelo é bem simplificado, e podemos notar as mudanças ocorridas no cenário a respeito da provisão de indivíduos dentro e fora da organização. Como estamos trabalhando com o que temos, o número de pessoas que precisamos é previsível, de acordo com as saídas ou transferências na empresa. É importante notar que, na tabela anterior, há sempre uma promoção, e as quantidades finais são bem próximas das iniciais. Esse controle rígido é fácil de se fazer. A questão implícita nesse caso é o fato de a empresa trabalhar com aquilo que tem e da forma que deseja. Para manter seu quadro funcional no patamar em que está, não tem grandes aspirações, como uma projeção de incrementação nos negócios, a criação de um novo setor ou a atuação em um novo negócio. Limita-se a manter seu quadro funcional para que consiga realizar o que lhe compete no momento. Empresas instáveis no mercado não arriscam por terem medo de quebrar, e podem não ser ativas em relação a mudanças pelos altos gastos que provavelmente terão com as movimentações. Por esse motivo, trabalham com o que têm em termos de pessoas e suprem apenas aquilo que é conveniente no momento. 21 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 24 -0 9- 20 12 SUPRIMENTO DE MÃO DE OBRA 1.2.5 Modelo de planejamento integrado Abrange uma gama maior de informações da empresa: sua estratégia, produção, as mudanças na tecnologia, o comportamento do mercado e da clientela, promoções etc., ou seja, abrange todas as situações às quais a empresa está exposta, englobando tanto fatores internos como externos do mercado de RH. Lembrete Quando falamos em planejamento de previsão de pessoal para a empresa, devem ser levados em conta fatores que são determinantes para conseguirmos o resultado esperado. O foco deve sempre ser o plano organizacional da empresa, o que compõe seus planos estratégicos. Algumas das estratégias podem ser de crescimento, de rotatividade de indivíduos, agregar uma nova linha de produto ou ainda explorar novos mercados de sua competência. Os planos e orçamentos das unidades devem ser verificados, porque quando pretendemos contratar ou movimentar pessoal, é preciso um capital, uma receita para que o indivíduo seja pago. Logo, as provisões das finanças devem ser verificadas antes de a ação ser implementada. Sobre a previsão de vendas, dependendo do fluxo destas, são necessárias mais pessoas capacitadas, para que elas possam ser representantes ou ainda trabalhar na linha de produção, garantindo o fluxo de materiais e serviços e atendendo o cliente final com qualidade e dentro do prazo. Quanto às reorganizações internas, estas correspondem às movimentações das pessoas na empresa, como promoções, demissões, substituições, desligamentos ou ainda subdivisões dentro dos setores. Nesses casos se faz necessária uma estratégia, para que as lacunas que estão abertas sejam preenchidas por novos indivíduos internos. Outro aspecto importante quando falamos em colocação de pessoal são os fatores externos, como o cenário econômico. De acordo com a situação do país e do mundo em determinado momento, as empresas podem ter mais ou menos vagas, e as chances de ampliarem seus negócios dependem do aquecimento do mercado e da venda de produtos e serviços. Um exemplo prático e fácil de ser reconhecido é a globalização. A partir do final da década de 1980, o mundo passou por uma reestruturação na sua forma de comercializar os produtos. Estamos falando da globalização, ou seja, do comércio global de produtos e serviços estabelecido pelas empresas em todo o mundo. No governo de Fernando Collor de Mello ocorreu a abertura ao comércio mundial, um fato que traria uma expansão na comercialização local e que, a princípio, seria muito bom para o Brasil no que se refere a exportações. 22 Unidade I Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 24 -0 9- 20 12 A vantagem de se comercializar mundialmente é a possibilidade de ter produtos diferenciados, provindos de outras partes do mundo. Ao mesmo tempo, é possível comercializar nossos produtos para outros países que não tinham acesso a eles anteriormente. Para as empresas, essa mudança no cenário do comércio mundial era perfeita: elas teriam de contratar mais pessoas para produzir melhor, pois seus produtos precisavam ter qualidade equiparada à disponível no cenário mundial. Portanto, as pessoas deveriam ser preparadas e ter competência para fazer as coisas de forma diferente em relação aos seus concorrentes. A questão é o impacto da globalização, tanto no nosso modo de vida como na maneira de trabalhar. Esta gerou uma grande corrida por parte das empresas para capacitar seus indivíduos a enfrentar essa novidade no mercado. As organizações também começaram a exigir mais qualificações dos candidatos, por precisarem de mão de obra qualificada. Nas décadas de 1980 e 1990, houve um grande aumento na procura pelos cursos profissionalizantes, pois os indivíduos procuravam capacitar-se para concorrer às melhores vagas oferecidas no mercado. Um fator extremamente negativo para os colaboradores e para as próprias empresas é a alta competitividade que a globalização impôs no mundo, pois muitas das empresas preocupavam-se apenas em abastecer seus mercados regionais e no país de origem. A competitividade, que antes acontecia entre empresas regionais, passou a existir em padrõesmundiais. Isso tornou os indivíduos da empresa, tanto interna quanto externamente, concorrentes diretos pelo capital intelectual que poderiam trazer para as corporações, já que elas próprias pagavam muito dinheiro para ter, em seu quadro funcional, pessoas que pudessem trazer diferencial competitivo. Observação Com a abertura dos mercados, o forte consumo fez as empresas se adequarem à realidade consumista. Consequentemente, as pessoas começaram a se adequar a novos padrões de conhecimento e produtividade, procurando aperfeiçoar-se no que era solicitado pelo mercado, pois sabiam que, ao se qualificarem, poderiam se tornar concorrentes potenciais em um cenário que se transforma muito rapidamente, em razão da tendência globalizada mundial. Os funcionários tiveram de adequar-se às novas regras estipuladas pelo cenário mundial – que afetaram diretamente as empresas locais e também sua capacidade produtiva. Em consequência disso, embora quem contribuísse para essa produtividade fossem os funcionários, os quadros funcionais foram enxugados, e somente aqueles indivíduos que geravam melhor produtividade foram mantidos; logo, existiu um processo de avaliação produtiva. 23 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 24 -0 9- 20 12 SUPRIMENTO DE MÃO DE OBRA Observação Conforme Pontes (2008, p. 17), “a globalização da economia impôs a busca da competitividade nas empresas, sob pena de não sobreviverem”. Segundo o autor, a “busca incessante por competitividade impôs, além de reestruturação profunda, novos conceitos voltados à flexibilidade, quantidade, produtividade e superação e satisfação do cliente”. Existiu uma reorganização dos conceitos de trabalho e produtividade, e as empresas que não se adequaram a essa nova realidade quebraram e saíram do mercado (PONTES, 2008). Essa realidade assolou, por exemplo, um polo brasileiro focado em sapatos, pois a concorrência fez que os calçados vendidos aqui no Brasil, em sua maioria, viessem do oriente a um preço bem mais baixo e com uma qualidade excelente. As empresas nacionais, por cobrarem mais pelo seu produto, foram aos poucos perdendo seu mercado e, consequentemente, começaram a demitir seus funcionários. Poucas empresas sobreviveram no mercado, mas, aos poucos, reergueram a economia local, com produtos de ótima qualidade e baixo custo, fazendo-os voltarem a ser competitivos tanto no mercado interno quanto no externo. As empresas aprenderam que a melhor forma de ganhar campo no mercado é descentralizar as funções e formar equipes de alta performance produtiva, sobrevivendo assim ao mercado globalizado. Ainda de acordo com uma previsão de pessoal, temos os aspectos legais, relacionados ao tipo de contrato do indivíduo, que pode ser de vários tipos: registrado em carteira com benefícios, comissionado, contratado por tempo determinado etc. Já a rotação de pessoal abrange diversas formas que podemos destacar como importantes na movimentação de pessoas na empresa, por exemplo: • aposentadoria; • pedidos de demissão; • promoções; • transferências. Todos os elementos embutidos nos processos de movimentação devem ser observados em um plano integrado, pois fazem parte do todo. Por essa razão, não podem ser desprezados quando é tratada a integração das ações a fim de trazer pessoas qualificadas para a empresa ou aproveitar as que existem no quadro funcional. 24 Unidade I Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 24 -0 9- 20 12 Quadro 2 – Bases para a previsão de pessoal Planos organizacionais • Planos estratégicos • Planos e orçamentos das unidades • Previsão de vendas • Reorganizações internas Previsão de pessoal Fatos externos • Cenário econômico • Aspectos legais Rotação de pessoal • Aposentadorias • Pedidos de demissão • Promoções e transferências Fonte: Pontes (2008, p. 72). 2 OBJETIVOS DO PROGRAMA DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO Conforme Pontes (2001, p. 157), é preciso “definir as políticas, diretrizes e as ações de provimento de pessoal”. Com essa afirmação, o autor quer dizer que não podemos recrutar nem selecionar pessoas sem obedecer às estratégias da empresa, considerando o que ela tem como pessoal, seu objetivo, onde ela está, o que fará para chegar a algum lugar. Organizações não recrutam e selecionam pessoas ao acaso, podendo, no máximo, fazê-lo para criar um banco de dados destinado a futuras colocações dessas pessoas na empresa – mas isso também não é uma garantia de emprego para os candidatos. Logo, ao afirmar que é preciso obedecer às políticas da empresa, o autor está sinalizando que os cargos são oferecidos aos indivíduos, mas estes devem ter o perfil que a empresa acredita ser adequado para que ocupem a vaga. As diretrizes estão ligadas aos processos e procedimentos aos quais a vaga está amarrada, e também a ações como captar indivíduos e reconhecer quais são adequados para ocupar as vagas em aberto na empresa. Estabelecer critérios para o planejamento é fundamental para o sucesso tanto do recrutamento como da seleção; assim, quais serão as quantidades desejadas de pessoas que concorrerão às vagas? As vagas são definidas de acordo com o planejamento feito anteriormente pelos profissionais de RH em conjunto com os gestores de área, para que exista uma cota adequada de candidatos participantes do processo de recrutamento e para que haja, nesse grupo, candidatos suficientes no que concerne à qualificação para contemplarem a seleção e as vagas existentes na empresa. Quanto às competências e qualidades exigidas, estas são estipuladas pelas áreas que possuem as vagas em aberto e dependem da descrição do cargo e do que é exigido como competências. Também faz parte do processo o critério de transferências, promoções e reconhecimento de funcionários internos. Não se trata de uma tarefa fácil, mas ela deve ser bem-administrada, pois uma peça movida sem reflexão pode acarretar uma série de problemas no andamento geral da empresa. Isso, segundo Pontes (2008, p. 157), ocorre “porque as pessoas estão ligadas na dinâmica do funcionamento dos processos dentro da empresa e umas dependem das outras para conseguirem o resultado final esperado por todos”. 25 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 24 -0 9- 20 12 SUPRIMENTO DE MÃO DE OBRA O objetivo principal é abastecer com pessoas as lacunas da empresa, e para isso a organização vai buscar o que existe de melhor no mercado de RH, seja dentro dela mesma ou externamente. Tabela 2 – Vagas futuras de uma unidade administrativa: quantidades e motivos das necessidades Cargos Ano 1 Ano 2 1º trim. 2º trim. 3º trim. 4º trim. 1º trim. 2º trim. 3º trim. 4º trim. Diretor administrativo/ financeiro Gerente de Recursos Humanos Supervisor de administração de salários Supervisor de telefonia Supervisor de tesouraria 1(2) 1(3) 1(1) 1(2) 1(3) Os números entre parênteses significam o motivo da necessidade: (1) Aposentadoria do atual ocupante (3) Criação de cargo (2) Promoção do atual componente (4) Outros motivos Fonte: Pontes (2008, p. 74). Como podemos observar, existe um planejamento por trás do processo de captação de pessoas. Às vezes, por algum motivo e para determinada finalidade, não são feitos recrutamento nem seleção para abastecer a empresa. Em relação a isso, surge uma pergunta: devemos sempre recrutar internamente para ter menos custos? A resposta para essa questão depende de qual é o objetivo da empresa e de quais são as pessoas com potencial para agregar valor ao cargo e trazer competências em remodelar os processos e procedimentos embutidos nas tarefas do trabalho. O barato pode sair caro nesse caso, porque quandorecrutamos uma pessoa sem perspectivas de melhorias, apenas substituímos uma por outra, não agregando nada ao resultado que esperávamos. Não é uma tarefa fácil recrutar internamente, pois algumas empresas não possuem colaboradores capazes de suprir suas lacunas naquele momento específico. Além disso, existem custos para manter toda uma logística integrada, tanto interna como externamente, na busca pelo candidato adequado para a vaga em aberto. Essa preocupação é fundamental, pois uma vez que colocamos um indivíduo em uma posição na empresa, é preciso que ele venha a agregar valor ao processo com sua atuação, que seja responsável 26 Unidade I Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 24 -0 9- 20 12 e capaz de trazer melhorias e criatividade em sua função, e que faça a empresa crescer e prosperar, alcançando progressos tanto para ele quanto para o setor e a empresa. O foco das empresas está ligado ao potencial que os candidatos têm em realizar as tarefas em menor tempo, com pouco custo e com qualidade diferenciada. Avaliar o potencial das pessoas é como verificar as realizações dos indivíduos nos seus âmbitos pessoal e profissional e projetá-las para a realização das tarefas na empresa. 2.1 Avaliação de potencial Como podemos mensurar o potencial de uma pessoa? Inicialmente, devemos entender que potencial se refere a tudo o que a pessoa já fez em sua vida. Isso inclui o conhecimento de todas as suas realizações, o que nos permite projetar o que é esperado no que se refere à sua competência e às suas ações. Em outras palavras, devemos ter em mente que tudo aquilo que a pessoa já realizou em sua vida pode nos dar pistas do que ela é capaz de fazer e de executar. Ainda mais importante, indica-nos quais oportunidades essa pessoa é capaz de aproveitar, o que inclui a sua competência para fazer algo de forma diferenciada e a competência para aproveitar as oportunidades de qualificação e de capacitação. As características que melhor revelam o potencial de uma pessoa são: • Rapidez para o aprendizado e para o desempenho de novas tarefas. Quanto mais rapidamente alguém for capaz de realizar seu trabalho e quanto mais rápida essa pessoa for na absorção de novos conhecimentos, maior será o valor que ela agregará no desempenho de sua função. Em outras palavras, essa é uma característica positiva e que tem relação direta com os benefícios que traz. • Interesse pelo desenvolvimento do trabalho. Quanto mais interessada a pessoa estiver no seu trabalho, maior será o seu grau de comprometimento e, consequentemente, melhores serão os resultados que ela poderá trazer à empresa e à equipe. • Capacidade de diagnóstico. É desejável que a pessoa seja capaz de identificar oportunidades e de traçar estratégias que lhe permitam atingir os objetivos propostos pela organização. • Capacidade de liderança. Essa parte não é tão fácil, pois a liderança varia de empresa para empresa, e os líderes precisam ter a capacidade de absorver como sua nova equipe trabalha e qual modelo de liderar será mais eficiente nesse novo processo. 27 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 24 -0 9- 20 12 SUPRIMENTO DE MÃO DE OBRA Saiba mais Conheça a obra O líder eficaz, de Cecília Whitaker Bergamini. Nela você encontra muitas informações sobre o que é um líder, capacidade de liderar, tipos de liderança, tipos de líder e comportamentos para tornar-se um líder. • Iniciativa. A iniciativa é um indício de que a pessoa tem interesse em fazer as tarefas, de que busca resultados e de que não é acomodada. Essa competência, que foca o potencial individual, é um dos principais requisitos observados pelos avaliadores em um processo de recrutamento e seleção. • Disposição para correr riscos. O ditado “Quem não arrisca não petisca.” é verdadeiro. Qualquer pessoa que precise fazer algo que não domina tem medo, criando barreiras e bloqueios em sua mente. Aquelas que possuem um potencial adequado para o cargo devem arriscar, mostrar o que sabem e o porquê de estarem ali para aquela vaga. • Aceitar desafios. Os desafios dentro das empresas são constantes, e o primeiro enfrentado pelos indivíduos que querem trabalhar é conseguir superar seus concorrentes em um processo de recrutamento e seleção. No recrutamento é necessário ter potencial para concorrer à vaga, e na seleção é preciso ser melhor que os outros candidatos. Já na empresa, trabalhando em seu setor, é necessário comprovar ser capaz, saber fazer o serviço e com qualidade, ou seja, com a competência de aperfeiçoar o que já está estipulado no processo, reinventando melhorias e absorvendo os desafios que a profissão impõe no dia a dia. • Capacidade de saber administrar o trinômio da competência: saber, saber fazer e querer fazer. Muitos candidatos, ao se oferecerem para as vagas em agências, não sabem sequer o que vão fazer no seu emprego. Além de terem esse conhecimento prévio, os candidatos devem saber fazer seu trabalho e, principalmente, querer fazer esse trabalho, de forma que tragam benefícios e possam ser reconhecidos como bons profissionais. • Transformar conhecimento em ações. Muitas vezes, um candidato busca uma carreira em determinada empresa, mas não sabe em que ramo ela atua, não conhece suas políticas salariais nem sua política de RH e não verifica a visão, a missão e os valores da empresa. Esse candidato já está eliminado psicologicamente, 28 Unidade I Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 24 -0 9- 20 12 pois não detém o conhecimento sobre seu objeto de desejo (a própria empresa), ou seja, ele idealiza (pensa), mas não age (realiza). O mesmo acontece com um indivíduo que acaba de conseguir um cargo e pensa que ficará lá para sempre. Não é bem assim, pois ele terá de produzir, de preferência, com desempenho e qualidade superiores aos que já existem na empresa. Portanto, na transformação do conhecimento em ações, aquilo que foi absorvido na vida pessoal e acadêmica é revertido em transformações dos processos e procedimentos no trabalho. • Interesse em aprender mais sobre o seu trabalho e o de outros. O interesse é fator fundamental, pois faz que as pessoas estejam ali para realizar e aprender a fazer diferente. Em entrevistas, ter interesse é um diferencial em relação aos concorrentes, pois a pessoa se mostra predisposta a enfrentar o novo, o diferente, o incerto, e, por meio de sua competência, é capaz de agregar novos conhecimentos para si e, consequentemente, para a empresa. Nos setores, quando as pessoas demonstram interesse, os líderes criam um vínculo de confiabilidade e lhes delegam novas funções, pois sabem que aquele colaborador é capaz de realizar aquilo que é pedido e até pedem sugestões a eles, porque creem na sua capacidade de absorver os conceitos e transformá-los em realidade. • Relacionamento com o grupo e interesse pelas pessoas, habilidade no trato com superiores e subordinados e formas de relacionamento. Quando falamos de equipes, estamos nos referindo à junção de pessoas cuja cooperação é feita em prol de um objetivo comum. A distinção entre equipe e grupo está na cooperação: enquanto nas equipes identificamos essa cooperação entre os pares, o respeito pelos indivíduos e a participação nas sugestões de melhorias para o todo, no grupo temos um aglomerado de pessoas com um mesmo objetivo global, mas que possuem interesses diferentes dentro do todo, muitas vezes desrespeitando os colegas, sendo egocêntricos e querendo impor sua vontade aos demais. Um exemplo de equipe são pessoas que trabalham em um projeto para criação de um produto ou serviço dentro de um mesmo setor. Um exemplo de grupo são os seguidores de uma determinada páginado Orkut ou do Facebook. • Poder de análise. Para poder analisar uma empresa, um cargo ou ainda uma proposta de emprego, é necessário ter conhecimento, ou seja, não podemos ter senso comum, mas senso crítico. Mas, afinal, o que são esses sensos? O senso comum é a fala popular, um conhecimento distorcido da realidade, sem embasamento teórico ou técnico sobre o assunto. Já o senso crítico é o conhecimento acumulado por uma pessoa sobre determinado assunto, baseando-se em material comprovado. Por exemplo, em uma dissertação de mestrado ou de 29 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 24 -0 9- 20 12 SUPRIMENTO DE MÃO DE OBRA doutorado, vários autores falam sobre determinado assunto; logo, trata-se de algo que foi comprovado pela ciência. Para analisar um tema, o indivíduo precisa levantar dados, interpretá-los, tirar conclusões a partir deles e apresentá-las a seu público. No caso do emprego, considerando a melhoria dos processos, podemos utilizar o senso crítico para propor sugestões. Já em caso de recrutamento e seleção, é importante nunca mentir sobre os conhecimentos, e sim potencializá-los, para chamar a atenção do avaliador. • Inovação. Ser capaz de criar, reciclar velhos conceitos, montar novas ações de melhoria, procurar caminhos que tragam resultados significativos para você e para a empresa. Os indivíduos em um processo de recrutamento e seleção são analisados não apenas pelo que sabem fazer, mas principalmente pelo que podem trazer como diferencial ao setor. • Grau de escolaridade. Outro ponto analisado em recrutamento e seleção. A formação do indivíduo, o que ele aprendeu academicamente ou de forma técnica e que pode ser utilizado na prática, ou aquilo que já pratica em sua função. As perguntas na entrevista técnica são feitas pelo futuro gestor, e muitos candidatos são reprovados nessa etapa, por não possuírem um conhecimento adequado sobre a área na qual pretendem atuar. • Interesse em treinamentos. O mundo em que vivemos está em constante transformação. Portanto, mais do que qualquer outra competência, o interesse do funcionário em reciclar-se, por iniciativa da empresa ou não, é fundamental para que ele possa continuar agregando valor ao seu trabalho. A reciclagem está relacionada à capacitação, ao acesso a informações relevantes para sua atividade profissional, à absorção de novas tecnologias e à habilidade de formular cenários de extrema complexidade. • Objetivos pessoais de curto, médio e longo prazo e interesse por quem os persegue. Quando enfrentamos um processo seletivo, é necessário demonstrar vontade para conquistar nossos objetivos, mas sempre com simplicidade, sem passar por cima dos outros. Com a competência do candidato, os objetivos de médio e longo prazo são consequência do sucesso ao alcançar os objetivos primários. Basta ter visão e foco em relação à meta desejada. Em contrapartida, existe a preocupação com a capacitação do profissional que irá atender os candidatos. Qual é o seu preparo? 30 Unidade I Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 24 -0 9- 20 12 Como falamos da competência dos indivíduos, pode haver dúvidas a respeito da capacitação do profissional que recepciona os candidatos nas empresas para recrutá-los e selecioná-los. O indivíduo deve, no mínimo, ter uma boa formação na área em que atua – lembrando que os testes comportamentais são de direito e responsabilidade dos psicólogos, que fazem quase todo o processo de recrutamento e seleção, e que os gestores não podem aplicá-los. O psicólogo deve ser capaz de entender primeiro o que a empresa quer, depois de o gestor da área verificar o que o cargo exige. Deve analisar as condições psicológicas do candidato, traçar os dados e dar seu parecer ao gestor. Portanto, além de estar preparado academicamente, deve ser um profissional da área, para que possa interpretar todas as informações explanadas a ele. Como esse profissional será a porta de entrada do colaborador na empresa, deve ser sempre gentil e prestativo, dar informações aos colaboradores ou candidatos e, sempre que possível, oferecer feedback para os participantes do processo fase a fase, a fim de estimulá-los a continuar tentando uma vaga na empresa, caso sejam realmente bons. A forma de recrutamento varia de empresa para empresa. Algumas utilizam várias ferramentas para conseguir atrair o público adequado e outras são mais seletivas, fazendo uso de apenas uma ferramenta especializada. Quanto aos critérios a serem utilizados, normalmente é feita a captação de indivíduos no recrutamento, e os melhores são “peneirados” em um processo de seleção, buscando o que existe de melhor no mercado: pessoas com capital intelectual, diferencial competitivo e vontade de crescer e cooperar com a empresa, trazendo, com isso, melhorias para todos. O preparo do entrevistador ou das pessoas que vão aplicar os testes depende muito de sua função no processo. Administradores e gestores, por exemplo, podem fazer uma entrevista técnica dentro da sua área de atuação, coletar dados ou fazer a integração com a empresa, mas os testes de cunho psicológico e comportamentais são de responsabilidade dos psicólogos, pois exigem formação na área de Psicologia, pelo fato de tratarem diretamente do comportamento humano. Existem várias formas de um profissional recrutar um indivíduo para trabalhar em determinado cargo na empresa. Uma delas é analisar os candidatos a partir da competência que possuem em agregar valor ao que já existe no cargo. 2.2 Competência A competência diz respeito a atuar de forma diferenciada, buscando agregar valor, melhorar o que já está sendo feito, adaptar e inovar, tendo sempre em vista a melhoria dos processos de trabalho. É claro que o avaliador também deve ser competente quando envolvido no trabalho de mensurar as competências dos colaboradores da empresa. São inúmeras as competências que podem ser medidas, da mesma forma que são inúmeros os instrumentos de mensuração disponíveis. 31 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 24 -0 9- 20 12 SUPRIMENTO DE MÃO DE OBRA Quadro 3 – Rol de competências e conceitos Corporativas Foco no cliente Conhece as necessidades dos clientes, conduzindo os negócios para superar suas expectativas. Formação da equipe Forma equipes eficazes, selecionando pessoas com base no conjunto de habilidades, experiência e competências necessárias à execução do trabalho. Diversidade de valores Reconhece que as pessoas são diferentes e salienta o valor dessas diferenças. Valoriza a diversidade de ideias, experiências, habilidades, competências e estilos de trabalho individuais. Visão estratégica Conhece o negócio. Identifica as oportunidades e ameaças. Tem clareza e comprometimento quanto aos objetivos e aos valores organizacionais. Trabalho em equipe Relaciona-se com as pessoas de forma aberta e receptiva. Está atento aos sentimentos das pessoas. É cooperativo. Específicas Desenvolvimento de pessoas Estimula e apoia o aperfeiçoamento das habilidades e competências dos membros da equipe. Liderança pessoal Inspira, motiva e influencia as pessoas, independentemente de sua autoridade ou posição. Comunicação Comunica-se efetivamente com os membros da equipe usando estilos interpessoais apropriados, tecnologias e outros métodos, considerando as necessidades, a natureza e o propósito da comunicação. Planejamento Estrutura as ações para aproveitar as oportunidades. Estabelece os controles necessários. Acompanha e avalia se as ações estão sendo desenvolvidas de forma correta. Otimiza os recursos disponíveis. Conhecimento técnico Demonstra possuir os conhecimentos sobre sua área de atuação.
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