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U N O PA R FÍSIC A G ERA L E EX PERIM EN TA L: M EC Â N IC A E EN ERG IA Física Geral e Experimental: Mecânica e Energia Keila Tatiana Boni Maurilio Cristiano Batista Bergamo Física Geral e Experimental: Mecânica e Energia Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Boni, Keila Tatiana ISBN 978-85-8482-319-2 1. Física – Experiências. 2. Movimento. 3. Força (Mecânica). I. Bergamo, Maurilio Cristiano Batista. II. Título. CDD 530 Tatiana Boni, Maurilio Cristiano Batista Bergamo. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016. 192 p. B715f Física geral e experimental: mecânica e energia / Keila © 2016 por Editora e Distribuidora Educacional S.A Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente: Rodrigo Galindo Vice-Presidente Acadêmico de Graduação: Rui Fava Gerente Sênior de Editoração e Disponibilização de Material Didático: Emanuel Santana Gerente de Revisão: Cristiane Lisandra Danna Coordenação de Produção: André Augusto de Andrade Ramos Coordenação de Disponibilização: Daniel Roggeri Rosa Editoração e Diagramação: eGTB Editora 2016 Editora e Distribuidora Educacional S.A Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Sumário Unidade 1 | Aspectos Introdutórios da Física Seção 1.1 - Medição Introdução à seção 1.1.1 | Padrões e unidades 1.1.2 | Conversão de unidades 1.1.3 | Notação científica 1.1.4 | Vetores e escalares Seção 1.2 - Movimento retilíneo Introdução à seção 2.2.1 | Deslocamento, tempo e velocidade média 2.2.2 | Velocidade instantânea 2.2.3 | Aceleração média 2.2.4 | Aceleração instantânea 2.2.5 | Aceleração constante 2.2.6 | Queda livre de corpos 2.2.7 | Velocidade e posição por integração 11 11 11 15 17 15 21 21 21 25 31 36 40 46 49 Unidade 2 | Força e Movimento Seção 2.1 - Movimento em duas e três dimensões Introdução à seção 2.1.1 | Vetor posição e vetor velocidade 2.1.2 | Vetor aceleração 2.1.3 | Movimento de projéteis Seção 2.2 - Força e movimento introdução à seção 2.2.1 | O conceito de força 2.2.2 | Primeira lei de Newton 2.2.3 | Segunda lei de Newton 2.2.3.1 | Força gravitacional e peso 2.2.4 | Terceira lei de Newton 2.2.5 | Aplicacações das leis de Newton 2.2.6 | Forças de atrito 2.2.7 | Dinâmica do movimento circular uniforme 2.2.8 | Forças fundamentais da natureza 2.2.8.1 | A força gravitacional 2.2.8.2 | A força eletromagnétical 2.2.8.3 | Força forte 2.2.8.4 | A força fraca 61 61 61 67 70 77 77 77 81 84 87 88 90 93 96 98 98 99 100 100 Unidade 3 | Trabalho, Energia, Sistemas de Partículas e Colisões Seção 3.1 - Trabalho e energia cinética Introdução à seção 3.1.1 | Trabalho 3.1.1.1 | Trabalho: movimento em uma dimensão com força constante 3.1.1.2 | Trabalho executado por uma força variável 3.1.1.3 | Trabalho realizado por uma mola 3.1.1.4 | Energia cinética 3.1.1.5 | Potência 3.1.2 | Convervação da energia 3.1.2.1 | Trabalho e energia potencial 3.1.2.2 | Energia mecânica 3.1.2.3 | Determinação da energia potencial 3.1.2.3.1 | Energia potencial gravitacional 3.1.2.3.2 | Energia potencial elástica 3.1.2.4 | Forças conservativas e não conservativas 3.1.2.5 | A equação de conservação de energia 3.1.2.6 | Trabalho realizado por uma força de atrito Seção 3.2 - Sistemas de partículas e colisões Introdução à seção 3.2.1 | Centro de massa 3.2.2 | Segunda lei de Newton para um sistema de partículas 3.2.3 | Momento linear 3.2.4 | Conservação do momento linear 3.2.5 | Colisão e impulso 3.2.5.1 | Colisão em série 3.2.6 | Colisões elásticas e inelásticas 3.2.6.1 | Colisões unidimensionais 3.2.6.2 | Colisões perfeitamente inelásticas 3.2.6.3 | Colisões elásticas 3.2.6.4 | Colisões em duas dimensões 113 113 113 114 117 118 119 121 122 123 124 125 125 126 127 129 129 133 133 133 136 137 138 139 140 141 143 143 144 145 Unidade 4 | Termometria e Calorimetria Seção 4.1 - Termometria Introdução à seção 4.1.1 | Temperatura 4.1.2 | Partículas de um corpo 4.1.3 | Equilíbrio térmico 4.1.4 | Medida de temperatura 4.1.5 | Escalas termométricas 4.1.5.1 | Escalas Celsius 4.1.5.2 | Escalas Fahrenheit 4.1.5.3 | Escalas Kelvin 4.1.5.4 | Zero absoluto 4.1.6 | Relação entre as escalas 4.1.6.1 | Escala Fahrenheit e Celsius 4.1.6.2 | Escala Fahrenheit e Kelvin 4.1.6.3 | Escala Celsius e Kelvin 159 159 159 160 162 163 167 167 167 168 168 169 169 170 171 Seção 4.2 - Calorimetria Introdução à seção 4.2.1 | Calor 4.2.2 | Capacidade térmica 4.2.3 | Calor específico 4.2.4 | Caloria dos alimentos 4.2.5 | Calor sensível e calor latente 4.2.6 | Trocas de calor 4.2.7 | Calorímetro 173 173 173 175 177 178 182 185 186 Apresentação O presente material, referente à disciplina de Física Geral e Experimental: Mecânica e Energia, foi elaborado com o intuito de proporcionar a você, caro estudante, um caminho consistente para o aprendizado de conceitos elementares da física, os quais apresentam grande aplicabilidade nas engenharias e áreas afins. Particularmente, com este material você introduzirá seus estudos sobre a mecânica, e, desse estudo, destacamos a cinemática e a dinâmica. Na Cinemática você estudará os movimentos que, certamente, já estudou no ensino médio, porém, nessa nova etapa, esses estudos serão aprofundados, sobretudo, com o auxílio do cálculo diferencial e integral e da álgebra linear. Na dinâmica, você estudará energia e as leis de conservação, além de diversos outros conceitos relacionados a esses, e, do mesmo modo que na cinemática, tal estudo será aprofundado a partir da utilização de conhecimentos matemáticos mais avançados. Nesse contexto, visamos com este material que você, estudante, tenha a oportunidade de pensar sobre fenômenos físicos em termos matemáticos. Contudo, para que a aprendizagem de fato ocorra, as abordagens teóricas, os exemplos resolvidos, os problemas propostos e os materiais sugeridos devem ser estudados e trabalhados até o estágio de completo entendimento, tanto no que diz respeito aos procedimentos matemáticos quanto na interpretação física desses. Desejamos que este material seja por você utilizado com muito entusiasmo, visando desenvolver sua intuição de maneira a torná-la precisa na modelação matemática de problemas físicos, na interpretação física de soluções matemáticas, mas, sobretudo, na aplicação de conceitos físicos em situações reais relacionadas à sua formação acadêmica. Bons estudos! Unidade 1 ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA FÍSICA Na primeira seção, você conhecerá os sistemas de unidades convencionais para descrever grandezas físicas, bem como aprenderá maneiras de realizar conversões entre diferentes sistemas de unidades. Além disso, você verá como representar medidas muito grandes ou muito pequenas, bem como realizar operações com esses tipos de representações. Nesta seção, serão introduzidos conceitos de mecânica, que envolve o estudo das relações entre movimento, massa e força. De maneira mais específica, nesta segunda seção, você começará o estudo sobre movimento unidimensional, que é o tipo de movimento mais simples, em que uma partícula se desloca ao longo de uma linha reta. Nesse contexto, você estudará duas grandezas físicas: velocidade e aceleração. Seção 1.1 | Medição Seção 1.2 | Movimento retilíneo Objetivos de aprendizagem: Nesta primeira unidade, objetiva-se introduzi-lo no estudo da física clássica, a partir de uma apresentação clara e elementar de conceitos e princípios básicos da física. Dentre esses conceitos, destacamos as unidades de medidas e conversões, bem como as primeiras ideias relacionadas à posição,velocidade e aceleração no movimento unidimensional. Keila Tatiana Boni Aspectos Introdutórios da Física U1 10 Aspectos Introdutórios da Física U1 11 Introdução à unidade A física é, certamente, um estudo fundamental e de extrema relevância para diversas áreas. Afinal, diversos conceitos físicos precisam ser estudados para que seja possível colocar em prática teorias de outras ciências. Essa importância de possuir conhecimentos sobre conceitos físicos pode ser evidenciada, sobretudo, nas engenharias, pois, por exemplo, não é possível projetar uma nave espacial, um veículo mais potente e econômico ou um liquidificador mais eficiente sem entender os princípios básicos da física. Considerando a essencialidade de conhecimentos físicos na engenharia, são apresentados, nesta primeira unidade, alguns conceitos preliminares fundamentais, tais como: a natureza da teoria física e o uso de modelos matemáticos para representar sistemas físicos; os sistemas de unidades utilizados para descrever grandezas físicas; e as relações entre movimento, massa e força num deslocamento em linha reta. Aspectos Introdutórios da Física U1 12 Aspectos Introdutórios da Física U1 13 Seção 1.1 Medição Dando início à unidade, esta primeira seção contempla conhecimentos essenciais para compreender os conceitos físicos que serão estudados no decorrer do curso. Esses conceitos dizem respeito às medições. Pode-se entender que o objetivo geral na física é proporcionar um entendimento quantitativo de determinados fenômenos que ocorrem no universo e, para isso, recorre-se a observações experimentais e análises matemáticas para elaborar teorias que expliquem tais fenômenos e relacione-os a outros já conhecidos. Assim, a matemática tem um papel fundamental na física: é a linguagem utilizada para estabelecer uma ligação entre teorias e experiências. E, para descrever fenômenos naturais, além da linguagem matemática, faz-se necessário realizar medições adequadas e associadas às quantidades físicas presentes nos fenômenos naturais em questão. Assim, justifica-se a relevância de iniciarmos os estudos sobre conceitos físicos a partir do estudo sobre medições. Com a introdução desta seção, é possível que você tenha compreendido que a física é uma ciência de natureza experimental e que esses experimentos necessitam de medidas e de linguagem matemática para serem descritos. Essa linguagem matemática é que permite obter modelos matemáticos para representar sistemas físicos. Na física, os números utilizados para descrever de maneira quantitativa um fenômeno físico é chamado de grandeza física. Contudo, esses não podem ser apresentados isoladamente, mas precisam ser acompanhados de uma unidade para especificar o que este número representa. Por exemplo: dizer que algo mede 30 não faz o menor sentido. É preciso especificar se essa medida refere-se a 30 metros, 30 centímetros, 30 quilômetros etc. Introdução à seção 1.1.1 Padrões e unidades 1 Modelo é um substituto simplificado para o problema real que nos permite solucioná-lo de um modo relativamente fácil. Com a linguagem matemática, podemos obter modelos algébricos (equações, funções, gráficos, etc). Contudo, na Física podemos também encontrar outros tipos de modelos, como, por exemplo, representações pictóricas (desenhos e figuras) de situações. Aspectos Introdutórios da Física U1 14 Você acabou de estudar que uma determinada medida representada por um número precisa ser acompanhada de uma unidade específica. Mas será que as unidades são as mesmas em todas as partes do mundo? Existe um padrão? Para que seja possível obter medidas precisas e confiáveis, fazem-se necessárias unidades de medidas que possam ser compreendidas e reproduzidas por diversos observadores, de diversificadas localidades. Por esse motivo, convencionalmente utiliza-se o sistema de unidades utilizado por cientistas de diversas partes do mundo, o Sistema Internacional de Medidas, conhecido como SI. No decorrer dos estudos, você perceberá que trabalharemos, de maneira predominante, com três grandezas fundamentais: comprimento, massa e tempo. E, de acordo com o SI, as unidades fundamentais dessas três grandezas são, respectivamente, o metro (m), o quilograma (kg) e o segundo (s). O padrão legal de comprimento, o metro, tem sua origem na França e é definido como a distância que a luz percorre no vácuo em uma fração de 1/299.792.458 segundos. A unidade padrão para massa, o quilograma, é definida como a massa de um cilindro específico de liga de platina-irídio mantido na Agência Internacional de Pesos e Medidas, em Sèvres, na França. É muito importante ressaltar que peso e massa são grandezas bastante distintas! Apesar de que você ainda evidenciará a distinção entre peso e massa no decorrer dos seus estudos, acessando o link indicado você poderá adiantar um pouco desse conhecimento: Disponível em: <http://www.ipem.sp.gov.br/index.php?option=com_content&view=art icle&id=13&Itemid=267>. Acesso em: 11 ago. 2015. Aspectos Introdutórios da Física U1 15 O padrão de tempo, o segundo, é fundamentado em um relógio atômico que usa com frequência a diferença de energia entre os dois menores estados de energia do átomo de césio. Quando esse átomo é bombardeado por micro-ondas de uma certa frequência, os átomos de césio sofrem transições de um estado para outro. Assim, um segundo é definido como 9.192.631.770 vezes o período de vibração da radiação do átomo de césio. Com relação às unidades fundamentais elencadas (metro, quilograma e segundo), com frequência você se deparará em seus estudos com grandezas físicas que podem ser expressas em termos dessas unidades fundamentais do SI. Por exemplo, a unidade de medida SI para a força é kg·m/s², a qual é mais conhecida como Newton (N). Além disso, vale ressaltar que, a partir dessas unidades fundamentais, é possível obter unidades maiores ou menores para as mesmas grandezas físicas por meio de múltiplos e submúltiplos de dez, como no caso da massa e do comprimento. A título de exemplo, observe a figura a seguir: Acessando o link indicado abaixo, você conhecerá outras unidades do Sistema Internacional (SI), relacionados a outras grandezas, também muito utilizados nos conceitos de física que você estudará: Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/noticias/conteudo/sistema- internacional-unidades.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2015. Fonte: http://feb.ufrgs.br/resources/284/p3.html. Acesso em: 11 ago. 2015. Figura 1.1 – Múltiplos e submúltiplos da unidade fundamental de massa X 1000 : 1000 Aspectos Introdutórios da Física U1 16 Tendo como unidade principal o grama, perceba que, por meio de múltiplos e submúltiplos de dez, é possível obter unidades maiores ou menores para a massa. De acordo com a figura apresentada, temos, por exemplo, que 1kg=10×10×10 g=103 g e que 1 cg= = 10-2 g. A mesma relação apresentada na Figura 1.1 pode ser escrita e utilizada para a unidade fundamental de comprimento (metro), obtendo, assim, da esquerda para a direita: quilômetro (km), hectômetro (hm), decâmetro (dam), metro (m), decímetro (dm), centímetro (cm) e milímetro (mm). Para a unidade fundamental de tempo, vocês já conhecem relações tais como: 1 minuto = 60 segundos 1 hora = 60 minutos = 3.600 segundos 1 dia = 24 horas = 1.440 minutos = 86.400 segundos Etc... Contudo, também para o tempo teremos casos em que potências de dez podem ser utilizadas para descrever unidades maiores ou menores. Por exemplo: 1 nanossegundo = 1ns = 10–9s (tempo para a luz percorrer 0,3 m) 1 microssegundo = 1 µs = 10–6 s (tempo para um satélite percorrer 8mm) A Figura 1.2 apresenta esses prefixos (nano e micro) exemplificados acima e outros prefixos para as potências de dez e que podem ser utilizados para diversas grandezas físicas: Fonte: http://www.inmetro.gov.br/consumidor/pdf/Resumo_SI.pdf. Acesso em: 3 dez. 2015. Figura 1.2 – Alguns prefixos para potências de dez AspectosIntrodutórios da Física U1 17 Em muitos casos, serão necessários converter unidades de um sistema em outro ou, até mesmo, dentro de um sistema. Como um exemplo do primeiro caso, de conversão entre unidades de um sistema em outro, pode-se citar as igualdades entre SI e as unidades usuais de comprimento nos EUA: 1 milha (mi) = 1.609 metros (m) = 1,609 quilômetros (km) 1 metro (m) = 39,37 polegadas (pol) = 3,281 pés 1 pé = 0,3048 metros (m) = 30,48 centímetros (cm) 1 polegada (pol) = 0,0254 metros (m) = 2,54 centímetros (cm) Quanto ao segundo caso, conversões dentro de um próprio sistema, pode-se mencionar as conversões dentro do sistema métrico, como, por exemplo: 1 quilômetro (km) = 1.000 metros (m) = 1.000.000 milímetros (mm) Todas as medidas de grandezas físicas têm um número e uma unidade. Na física, todas essas grandezas são representadas por uma simbologia que contenha a primeira letra do nome da grandeza, o valor e a unidade. Por exemplo, t pode representar um tempo de 20 s, uma velocidade de 6 m/s e δ um distância de 30 m. Ao realizar operações matemáticas (adição, subtração, multiplicação ou divisão) sobre essas grandezas, numa equação algébrica, por exemplo, as unidades envolvidas são tratadas como se fossem qualquer grandeza algébrica. Além disso, uma equação deve sempre possuir coerência dimensional, ou seja, só podemos realizar a operação matemática ou equacionar dois termos se esses possuírem unidades em comum. Veja um exemplo: deseja-se calcular a distância percorrida, em 50 s, por um corpo que se desloca à velocidade constante de 5 m/s (metros por segundo). 1.1.2 Conversão de unidades Além do Sistema Internacional de Medidas, existem outros sistemas como, por exemplo, o Sistema Técnico Inglês. Saiba mais sobre esse e outros sistemas no seguinte link: ftp://ftp.cefetes.br/cursos/Mecanica/ T%E9cnico/Mec%E2nica%20T%E9cnica/cap2.prn.pdf. Acesso em: 3 set. 2015. Aspectos Introdutórios da Física U1 18 Nessa situação, a distância equivale ao produto da velocidade (ν) pelo tempo (τ): Perceba que como a unidade 1/s do membro direito da equação é cancelada com a unidade s, que está multiplicando, o produto vt possui unidade de metro. O cancelamento realizado da unidade de tempo s ocorreu como se fosse uma grandeza algébrica comum e é esse tipo de procedimento de tratamento de unidades que facilita a conversão de uma unidade em outra. Veja outro exemplo: deseja-se converter a resposta de 250 metros em milhas. Você já viu que uma milha é igual a 1.609 metros e, assim, é possível escrever: Esse fator é chamado de fator de conversão e, uma vez que qualquer grandeza pode ser multiplicada por 1 sem que haja alteração em seu valor, é possível converter de 250 metros para milhas de maneira bem simples pela multiplicação por esse fator: E, se quisesse realizar a conversão de maneira contrária – de milhas para metros –, você acha que o fator de conversão apresentado acima poderia ser utilizado? Aspectos Introdutórios da Física U1 19 Para melhor compreensão, veja mais um exemplo: “Se o seu carro estiver a 90 km/h, qual a sua velocidade em metros por segundo e em milhas por hora?” (TIPLER, 2000, p. 5). Resolução: perceba que, nessa situação, a medida dada (90 km/h) deverá ser multiplicada por um conjunto de fatores de conversão, cada qual exatamente igual a 1, de modo que o seu valor não se altera. Vamos determinar esses fatores de conversão: Sabemos que 1.000 m = 1 km, que 60 s = 1 min, que 60 min = 1 hora e que 1 mi = 1,609 km. Assim, obtemos, respectivamente, os fatores de conversão: • Conversão para metros por segundo: multiplicamos 90 km/h por um conjunto de fatores de conversão que transformam quilômetros em metros e horas em segundos: • Conversão para milhas: multiplicamos 90 km/h pelo fator de conversão 1/1,609: A notação científica é muito útil na manipulação de números muito grandes ou muito pequenos. Nessa notação, qualquer número é escrito como o produto de um número entre 1 e 10 e uma potência de 10 apropriada. Por exemplo: A distância entre a Terra e o Sol é de aproximadamente 150.000.000.000 m e pode ser escrita como 1,5×1011 m; 1.1.3 Notação científica Aspectos Introdutórios da Física U1 20 o diâmetro de um vírus é de aproximadamente 0,00000001 m e pode ser escrito como 1×10–8m. Perceba que, para escrever números muito grandes em notação científica, o expoente da base 10 é positivo, e, para escrever números muito pequenos, o expoente da base 10 é negativo. Em muitos casos, será necessário realizar operações envolvendo números em notação científica. Nesse caso, vale lembrar algumas regras de potenciação: – Adição e subtração: para realizar essas operações, primeiro é preciso verificar se as potências de 10 possuem o mesmo expoente. Se forem iguais, basta somar ou subtrair as mantissas (sinônimos de mantissa: significando ou coeficiente). Caso as mantissas não sejam iguais, será necessário mover a vírgula visando a obter os mesmos expoentes. Por exemplo: (3,15×107 )+(5,02×105)= (315,0×105)+(5,02×105) ou (3,15×107)+(0,0502×107)= 3,2002×107=32.002.000 – Multiplicação e divisão: ao multiplicar números em notação científica, os expoentes são somados. Em contrapartida, quando números em notação científica são divididos, os expoentes são subtraídos. Por exemplo: 103×104=1.000×10.000=10.000.000=107 Analogamente, – Potenciação: ao se elevar uma potência a outra, os expoentes se multiplicam. Por exemplo: (103)5=103×103×103×103×103=1015 1.1.4 Vetores e escalares Cada uma das grandezas que você estudará na disciplina de física pode ser categorizada como escalar ou vetor. Escalar corresponde a uma grandeza que é especificada completamente por um número positivo ou negativo com unidades apropriadas. Já o vetor é uma grandeza física que, para ser completamente Aspectos Introdutórios da Física U1 21 especificada, necessita de módulo (ou magnitude), direção e sentido. Módulo (ou magnitude) representa o “tamanho” do vetor. Por exemplo, dizer que a temperatura do momento é de 25ºC já completa essa informação, ou seja, não se faz necessária nenhuma especificação sobre direção ou sentido. Sendo assim, temperatura, massa e volume são exemplos de grandezas escalares. Esses tipos de grandezas, desde que em mesma unidade, podem ser manipuladas de acordo com a aritmética comum (adição, subtração, multiplicação e divisão). Um exemplo de grandeza vetorial é a força, pois, para descrevê-la completamente, é preciso especificar a direção e o sentido da força aplicada, bem como o módulo dessa. Outros exemplos de grandezas vetoriais são o deslocamento, velocidade, aceleração e momento. Os vetores podem ser representados de duas maneiras: letra em negrito com uma flecha em cima, como , ou um caractere simples em negrito, como F. O módulo do vetor poderá ser escrito como F ou | |. Quanto às operações entre vetores, esses se combinam de acordo com algumas regras especiais, as quais já foram estudadas na disciplina de geometria analítica e álgebra linear. Caso você não se lembre dessas operações, é muito importante que você volte a consultar o material dessa disciplina. uma flecha em cima, como , ou um caractere simples em negrito, como módulo do vetor poderá ser escrito como F ou | |. Acessando os links indicados, abaixo você saberá mais sobre grandezas escalares e vetoriais: Disponível em: <http://efisica.if.usp.br/mecanica/universitario/vetores/ intro/>. Acesso em: 13 ago. 2015. Disponível em: <http://matematicarev.blogspot.com.br/2010/02/ grandezas-escalares-e-vetoriais.html>. Acesso em: 13 ago. 2015. 1. Muitas vezes, é necessário fazer a conversão entre unidades de um sistema de medida em outro. Supondo que uma pessoa trafega em uma certa localidade nos EUA à velocidade de 65 mi/h, é correto afirmar que a velocidade equivalente em m/s é: Aspectos Introdutórios da Física U1 22 a) 27,2 m/s b) 28,0 m/s c) 29,1 m/s d) 30,3 m/s e) 31,5 m/s 2. (Adaptadade SERWAY; JEWETT JR., 2014) Em uma rodovia interestadual na região rural de Wyoming (EUA), um carro viaja a 38 m/s. Sabe-se que o motorista está excedendo o limite de velocidade que é de 75 mi/h. É correto afirmar que o excedente está sendo de: a) 6 mi/h b) 7 mi/h c) 8 mi/h d) 9 mi/h e) 10mi/h Aspectos Introdutórios da Física U1 23 Seção 1.2 Movimento Retilíneo 2.2.1 Deslocamento, tempo e velocidade média O movimento representa uma mudança contínua na posição de um corpo e, para estudar o movimento, ele será descrito utilizando os conceitos de espaço e de tempo sem considerar as causas do movimento. Logo, o resultado será uma simplificação, o que será chamado de modelo de partícula. Assim, em muitas situações um corpo será tratado como uma partícula devido à complexidade de análise de detalhes desse corpo. Para ilustrar essa complexidade, considere que você deseje analisar o movimento de uma bola de beisebol atirada ao ar. Os autores Young e Freedman (2008, p. 3) descrevem algumas das complicações desse problema. Para simplificar a análise Inicia-se, nesta seção, o estudo da Mecânica, que basicamente estuda as relações entre movimento, massa e força. De maneira mais específica, nesta seção, você estudará a cinemática, a parte da Mecânica que aborda sobre o movimento. Na cinemática, serão apresentados dois tipos de movimento: unidimensional e bidimensional. Nesta primeira unidade, o foco de estudo é o primeiro tipo – o unidimensional – que corresponde ao movimento de uma partícula se deslocando ao longo de uma linha reta. Nesse sentido, como o objetivo nesse momento é abordar apenas o movimento retilíneo, não será necessário (ainda) o tratamento matemático completo de vetores. Contudo, conhecimentos advindos das disciplinas de Cálculo I e II são fundamentais nesse estudo. Introdução à seção A bola não é uma esfera perfeita (ela possui costuras salientes) e gira durante seu movimento no ar. O vento e a resistência do ar influenciam seu movimento, o peso da bola varia ligeiramente com a variação da distância entre a bola e o centro da Terra, etc. Se tentarmos incluir todos esses fatores, a análise se tornará inutilmente complexa. Aspectos Introdutórios da Física U1 24 desse objeto – a bola de beisebol –, despreza-se o tamanho e a forma da bola, representando-a como um objeto puntiforme: uma partícula. O peso considera-se como constante e, quanto à resistência do ar, considera-se o movimento ocorrendo no vácuo. Além disso, no estudo do movimento faz-se necessário um sistema de coordenadas, do qual vamos utilizar o eixo Ox, em que representaremos a posição de um corpo ou objeto representado por uma partícula. Assim, no eixo Ox, a posição da partícula é dada pela coordenada x, a qual varia com o tempo na medida em que a partícula se move. Para ilustrar essa situação, observe a figura a seguir: A figura acima mostra um carro que se encontra na posição x 1 em determinado instante t 1 e a posição do mesmo carro em x 2 no instante t 2 . Essa posição alterou devido ao carro ter se deslocado de uma posição original para uma outra posição, o que demandou um determinado período de tempo. Consideramos a variação de uma grandeza (no caso, da posição e do tempo) como o valor final menos o valor inicial, o que corresponde à variação da grandeza que é representado por ∆. Assim, temos que a variação da posição pode ser representada por: ∆x=x 2 – x 1 Analogamente, representamos a variação do tempo por: ∆t=t 2 – t 1 Veja que nesse deslocamento o carro se movimentará com determinada velocidade, grandeza essa que envolve, além do módulo, uma direção e um sentido. Portanto, definimos que velocidade média do carro no intervalo de tempo ∆t é uma grandeza vetorial cujo componente x é a variação de x (∆x) dividida por esse intervalo de tempo ∆t: Fonte: A autora (2015). Figura 1.3 – Representação do deslocamento de um carro no eixo Ox Aspectos Introdutórios da Física U1 25 A unidade SI da velocidade pode ser m/s ou km/h, e a conversão de uma unidade em outra pode ser feita pelo método já visto nessa unidade ou pela seguinte regra: Para melhor compreensão, veja o seguinte exemplo: Suponha que uma pessoa dirija seu carro em um trecho retilíneo. Suponha, ainda, que esse carro se encontra no ponto x 1 =277 m em um instante t 1 =16 s e em x 2 =19 m no instante t 2 =25 s. Temos: Na resolução do exemplo acima, a velocidade média resultou em um valor negativo. O que isso significa? Aspectos Introdutórios da Física U1 26 A situação do exemplo pode ser ilustrada no eixo Ox, como mostra a figura a seguir: Observe, na figura acima, que o carro se desloca no sentido negativo do eixo Ox, ou seja, em sentido contrário ao que estipulamos como o sentido positivo do eixo Ox. Por esse motivo, ao calcularmos a velocidade média, obtemos o resultado com sinal negativo. Portanto, o sinal serve como um indicador do sentido do movimento. Se quiser saber o resultado obtido em km/h, não há necessidade de fazer transformações no tempo e na posição; basta usar a relação apresentada: de m/s para km/h multiplicamos o resultado por 3,6. Logo, -28,66 m/s×3,6=-32,26 km/h. Para entender melhor a velocidade média, observe a seguinte figura: A velocidade média é o coeficiente angular (inclinação) da reta, a qual passa por dois pontos: P 1 (t 1 ,x 1 ) e P 2 (t 2 ,x 2 ). Na Figura 1.5, observa-se um segmento de reta que passa pelos pontos P 1 e P 2 . Esse segmento (P 1 P 2 ) é a hipotenusa de um triângulo cujos catetos são ∆x e ∆t. A razão ∆x/∆t representa o coeficiente angular (inclinação) da reta, que é o que nos permite definir geometricamente a velocidade média: Fonte: A autora (2015). Figura 1.4 – Deslocamento do carro no eixo Ox Fonte: A autora (2015). Figura 1.5 – Representação gráfica da velocidade média Aspectos Introdutórios da Física U1 27 A velocidade média, em muitos casos, é tudo o que precisamos saber para conhecer o movimento de uma partícula. Contudo, tal informação não é o suficiente para nos permitir determinar o módulo e o sentido do movimento em cada instante do intervalo de tempo considerado. Para que essas determinações se tornem possíveis, faz-se necessário definir a velocidade em um instante (ou em um ponto) específico da trajetória. Essa velocidade é que chamamos de velocidade instantânea. Fonte: A autora (2015). Figura 1.6 – Representação gráfica da determinação da velocidade instantânea 2.2.2 Velocidade instantânea Antes de definir velocidade instantânea, é preciso que fique bem claro o que significa um instante no contexto da física: um instante se refere a um único valor definido para o tempo e, portanto, não possui duração alguma. Tendo em vista definir o movimento da partícula em um determinado instante, faz-se necessário ter a posição de um corpo em dois ou mais instantes. Observe a figura a seguir: Ao definir o que entendemos por instante na Física, percebe-se que, num certo instante, a partícula está num certo ponto. Mas, se está exatamente em um determinado ponto, como é possível a partícula ter velocidade? E como determinar a velocidade em um determinado instante? Aspectos Introdutórios da Física U1 28 Para determinar a velocidade instantânea no ponto P 1 , conforme ilustra a Figura 1.6, imaginamos que o ponto P 2 se aproxima continuamente do ponto P 1 , e tais aproximações são evidenciadas por meio das retas secantes traçadas de modo a obter pontos entre P 1 e P 2 , passando por P 1 , de maneira que, conforme a inclinação dessas retas secantes vão se aproximando da reta tangente, mais próximos os pontos entre P 1 e P 2 ficam de P 1 . Na Figura 1.6, percebe-se que, ao traçar retas secantes com inclinações cada vez mais próximas da reta tangente, a qual passa unicamente pelo ponto P 1 , que é o ponto de nosso interesse, cada vez mais os intervalos de tempo diminuem. A inclinação do segmento de reta (secantes) correspondentea cada intervalo se refere à velocidade média em cada um desses intervalos. Quando os intervalos de tempo tendem a zerar, essa inclinação tende para a inclinação da reta tangente à curva no ponto P 1 . E é essa inclinação (coeficiente angular) que corresponde à velocidade instantânea no instante t 1 . Em outras palavras, conforme o ponto P 2 se aproxima continuamente do ponto P 1 e calculamos a velocidade média (νméd=∆x/∆t) nos deslocamentos e nos intervalos que vão se tornando cada vez menores, apesar de ∆x e ∆t se tornarem muito pequenos, a razão entre eles não se torna tão pequena e tende a um determinado valor. Matematicamente, dizemos que o limite de ∆x/∆t, quando ∆t tende a zero, denomina-se derivada de x em relação a t (dx/dt). Nesse contexto, a velocidade instantânea é o limite da velocidade média (v méd =∆x/∆t) quando ∆t tende a zero, e ela é igual à taxa de variação da posição ∆x com o tempo. Para melhor compreensão da interpretação gráfica apresentada na Figura 1.6, assista ao vídeo indicado. Nesse vídeo, um professor explica, por meio de animação flash, o comportamento gráfico da situação que descrevemos e que leva à noção de limites e de derivadas para determinar a velocidade instantânea: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=yeFvukYw5Gk>. Acesso em: 18 ago. 2015. Aspectos Introdutórios da Física U1 29 Vale ressaltar que, tal como a velocidade média, a velocidade instantânea é uma grandeza vetorial. Além disso, a inclinação de uma reta pode ser positiva, negativa ou nula. Assim sendo, a velocidade instantânea no movimento unidimensional pode ser crescente (positiva), decrescente (negativa) ou sem movimento (nula). Quando o resultado da velocidade instantânea é considerado em módulo (valor absoluto), trata-se de velocidade escalar instantânea. Do mesmo modo, quando na velocidade média é considerado apenas o módulo (valor absoluto), desconsiderando-se a direção e o sentido, chamamos de velocidade escalar média. Para melhor compreensão da definição de velocidade instantânea, a qual será mais frequentemente utilizada em nossos estudos, salvo algumas especificações, veja o seguinte exemplo: (TIPLER, 2000) A posição de uma pedra que cai de um rochedo pode ser descrita, aproximadamente, por x = 5t², em que x, em metros, é medida para baixo, a partir da posição inicial da pedra em t=0, e t está em segundos. Achar a velocidade em qualquer instante de tempo t. A partir da definição, a velocidade pode ser calculada em qualquer instante t por meio da determinação da derivada dx/dt: Calcularemos o deslocamento ∆x pela função posição x(t) = 5t²: Aspectos Introdutórios da Física U1 30 A expressão a qual chegamos representa a velocidade média no intervalo de tempo. Note que fazer a simplificação de maneira a cancelar o denominador ∆t foi necessário, pois, caso contrário, se tivéssemos aplicado o limite fazendo ∆t=0, o deslocamento teria sido ∆x=0 e, nesse caso, a razão ∆x/∆t seria indefinida. Na expressão obtida, se considerarmos intervalos cada vez mais curtos, temos que a velocidade instantânea será: Como você já estudou em Cálculo Diferencial e Integral, as derivadas podem ser calculadas com facilidade mediante regras que têm por base os limites. Nesse caso, a situação do exemplo poderia ter sido calculada mediante a seguinte regra: A Figura 1.7 apresenta o gráfico da função x(t)=5t² do exemplo que acabamos de resolver: Fonte: A autora (2015). Figura 1.7 – Curva de x(t)=5t² Aspectos Introdutórios da Física U1 31 Na Figura 1.7, temos as retas tangentes em três pontos, A, B e C, os quais podemos entender como nos instantes t 1 ,t 2 e t 3 , respectivamente. Nota-se que os coeficientes angulares (inclinações) das retas tangentes aumentam monotonamente e, assim, do mesmo modo, a velocidade instantânea aumenta monotonamente com o tempo. Vamos ver mais um exemplo: (YOUNG; FREEDMAN, 2008) Um leopardo africano está de tocaia a 20 m a leste de um jipe blindado de observação. No instante t=0, o leopardo começa a perseguir um antílope situado a 50 m a leste do observador. O leopardo corre ao longo de uma linha reta. A análise posterior de um vídeo mostra que, durante os 2,0 s iniciais do ataque, a coordenada x do leopardo varia com o tempo de acordo com a equação x=20 m+(5,0 m/s²)t². A Figura 1.8 ilustra essa situação: A partir das informações do enunciado e da análise da Figura 1.8: Determine o deslocamento do leopardo durante o intervalo entre t 1 =1,0 s e t 2 =2,0 s. RESOLUÇÃO: No instante t 1 =1,0 s, a posição x 1 do leopardo é: No instante t 2 =2,0 s, a posição x 2 do leopardo é: Logo, o deslocamento durante esse intervalo é dado por: ∆x=x 2 – x 1 =40 m – 25 m=15 m Fonte: adaptado de Young e Freedman (2008, p. 40). Figura 1.8 – Leopardo atacando um antílope a partir de uma tocaia Aspectos Introdutórios da Física U1 32 Determine a velocidade média durante o mesmo intervalo de tempo. RESOLUÇÃO: A velocidade média durante esse intervalo de tempo é: Determine a velocidade instantânea no tempo t 1 =1,0 s, considerando ∆t=0,1 s, logo ∆t=0,01 s, e, a seguir, ∆t=0,001 s. RESOLUÇÃO: Para ∆t=0,1 s, o intervalo de tempo é de t 1 =1,0 s a t 2 =1,1 s. No instante t 2 , a posição é: A velocidade média durante esse intervalo de tempo é: Por procedimentos análogos, cuja resolução deixo para você, para os intervalos ∆t=0,01 s e ∆t=0,001 s serão obtidos, como resultados para as velocidades médias, 10,05 m/s e 10,005 m/s, respectivamente. Nota-se que, à medida que ∆t diminui, a velocidade média fica cada vez mais próxima de 10,0 m/s. Assim sendo, podemos concluir que a velocidade instantânea para t 1 =1,0 s é igual a 10,0 m/s. Deduza uma expressão geral para a velocidade instantânea em função do tempo e, a partir, dela, calcule a velocidade para t=1,0 s e t=2,0 s. RESOLUÇÃO: A velocidade instantânea em função do tempo pode ser encontrada a partir da derivação da expressão de x em relação a t. Como a derivada de t2=2t, temos: Assim, no instante t=1,0 s, temos que ν x =10 m/s, enquanto que, no instante t=2,0 s, temos que ν x =20 m/s. Aspectos Introdutórios da Física U1 33 Perceba que os resultados obtidos fazem sentido para a situação dada: o leopardo ganhou velocidade a partir do repouso, ou seja, do instante t=0, alcançando as velocidades ν x =10 m/s no instante t=1,0 s, quando percorreu 5 m, e ν x =20 m/s no instante t=2,0 s, quando percorreu mais 15 m. 1. (Adaptada de SERWAY; JEWETT JR., 2014) A posição de uma partícula movendo-se ao longo do eixo x varia no tempo de acordo com a expressão x=4t², em que x está em metros e t em segundos. É correto afirmar que a velocidade em termos de t em qualquer momento será: a) 8t b) 8t² c) 4t d) 4t³ e) 2t³ 2.2.3 Aceleração média Ao estudar sobre velocidade, você viu que ela indica uma taxa de variação da posição com o tempo. Agora, ao estudar sobre aceleração, é importante que você evidencie que ela também trata sobre taxa de variação, porém, da velocidade com o tempo. Vale destacar que, em nossos cálculos, poderemos obter resultados para aceleração positivos ou negativos. Isso porque a aceleração em um movimento unidimensional pode referir-se tanto ao aumento quanto à redução da velocidade. Assim, como fizemos no estudo da velocidade, em que começamos por estudar A aceleração é uma grandeza escalar ou vetorial? Por quê? Aspectos Introdutórios da Física U1 34 No gráfico, nota-se um segmento de reta que liga o ponto P 1 ao ponto P 2 . A inclinação da reta que liga esses dois pontos no gráfico da velocidade versus tempo fornece a aceleração média entre esses dois pontos. Em geral, a velocidade será expressa em metros por segundo e o tempo em segundos. Sendo assim, a aceleração média será expressa em metros por segundo por segundo, ou seja, em m/s². a velocidade média para, então, compreender a velocidade instantânea, vamos dar início à abordagem sobre aceleração média e, na sequência,outras abordagens sobre aceleração, além da aceleração instantânea, serão apresentadas. Para entender a aceleração média, considere o movimento de uma partícula ao longo do eixo Ox. Nesse eixo, em um certo instante t 1 uma partícula está em um ponto P 1 e possui um componente x da velocidade (instantânea) ν 1x . Em outro instante t 2 , a partícula está em um ponto P 2 e possui um componente x da velocidade (instantânea) ν 2x . Assim, de um ponto para outro temos uma variação do componente x da velocidade que é ∆ν x =ν 2x – ν 1x em um intervalo de tempo ∆t=t 2 – t 1 . Logo, podemos definir: A aceleração média, num certo intervalo de tempo ∆t=t 2 – t 1 , define-se como a razão ∆ν/∆t, em que ∆ν x =ν 2x – ν 1x . Para melhor ilustrar essa definição, observe a figura a seguir: Fonte: Adaptado de http://www.resumoescolar.com.br/fisica/aceleracao-media-e-aceleracao-instantanea/. Acesso em: 20 ago. 2015. Figura 1.9 – Gráfico da velocidade versus tempo e aceleração média Aspectos Introdutórios da Física U1 35 O exemplo a seguir contempla o que foi estudado, até então, sobre aceleração. (YOUNG; FREEDMAN, 2008) Uma astronauta saiu de um ônibus espacial em órbita no espaço para testar uma nova unidade de manobra pessoal. À medida que ela se move em linha reta, seu companheiro a bordo do ônibus espacial mede sua velocidade a cada intervalo de 2,0 s, começando em t=1,0 s, do seguinte modo: Calcule a aceleração média e verifique se a velocidade da astronauta aumenta ou diminui para cada um dos seguintes intervalos de tempo: a) t 1 =1,0 s até t 2 =3,0 s; b) t 1 =5,0 s até t 2 =7,0 s; c) t 1 =9,0 s até t 2 =11,0 s; d) t 1 =13,0 s até t 2 =15,0 s. Antes de darmos início aos cálculos para responder cada item da questão, vamos interpretar geometricamente o significado de aceleração média: Acessando o link indicado abaixo, você assistirá a um vídeo que apresenta algumas situações em flash que contribuirá para a sua compreensão sobre a aceleração: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=s-lIqTXK4KI>. Acesso em: 20 ago. 2015. Fonte: YOUNG; FREEDMAN (2008, p. 42). Tabela 1.1 – Medidas das velocidades médias a cada intervalo de tempo t νx T νx 1,0s 0,8s 9,0s – 0,4 m/s 3,0s 1,2s 11,0s – 1,0 m/s 5,0s 1,6s 13,0s – 1,6 m/s 7,0s 1,2s 15,0s – 0,8 m/s Aspectos Introdutórios da Física U1 36 Fonte: YOUNG; FREEDMAN (2008, p. 42). Figura 1.10 – Gráficos de velocidade versus tempo (parte superior) e aceleração versus tempo (parte inferior) para a astronauta A figura acima apresenta, simultaneamente, os gráficos da velocidade em função do tempo (parte superior) e da aceleração em função do tempo (parte inferior). Note que, no gráfico superior (da velocidade), a inclinação do segmento de reta que liga os pontos inicial e final de cada intervalo de tempo nos fornece, no gráfico da parte inferior (da aceleração), a aceleração média a mx = ∆ν x /∆t para cada intervalo. Utilizando a fórmula que definimos para a aceleração média, determinaremos essa para cada intervalo de tempo pedido, bem como analisaremos o que acontece com a velocidade da astronauta no intervalo de tempo, considerado: a) t 1 =1,0 s até t 2 =3,0 s; De acordo com a Tabela 1.1, no referido intervalo de tempo e com o resultado obtido para a aceleração média, o módulo da velocidade instantânea, ou seja, a velocidade escalar, aumenta de 0,8 m/s para 1,2 m/s. Aspectos Introdutórios da Física U1 37 b) t 1 =5,0 s até t 2 =7,0 s; A velocidade diminui de 1,6 m/s para 1,2 m/s. c) t 1 =9,0 s até t 2 =11,0 s; A velocidade aumenta de 0,4 m/s para 1,0 m/s. d) t 1 =13,0 s até t 2 =15,0 s. A velocidade diminui de 1,6 m/s para 0,8 m/s. Perceba que, a partir dos resultados obtidos, podemos inferir que, quando a aceleração média possui o mesmo sentido (mesmo sinal algébrico) da velocidade inicial, que é o que acontece nos itens a e c, a astronauta acelera. Em contrapartida, quando a aceleração média possui sentido contrário (sinal algébrico contrário), tal como evidenciamos nos itens b e d, a astronauta diminui a aceleração. Assim, podemos entender que: Aspectos Introdutórios da Física U1 38 Sempre que a aceleração é negativa significa necessariamente que um corpo está indo mais devagar? Em caso negativo, o que mais a aceleração negativa pode significar? Acessando o link indicado abaixo, você assistirá a um vídeo que contribuirá para a sua compreensão sobre a aceleração média: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=7JyjvW91rlI>. Acesso em: 23 ago. 2015. 2.2.4 Aceleração instantânea Para definir aceleração instantânea, vamos considerar a seguinte situação: em uma corrida, um piloto entra na reta final do Grand Prix, conforme ilustra a Figura 1.11: Fonte: Adaptado de Young e Freedman (2008, p. 43). Figura 1.11 – Carro de corrida do Grand Prix na reta final Aspectos Introdutórios da Física U1 39 Vamos definir a aceleração instantânea no ponto P 1 . Para isso, imagine o ponto P 2 se aproximando de maneira contínua do ponto P 1 . Assim, a aceleração média pode ser entendida como calculada em intervalos de tempo cada vez menores (portanto, tendendo a zero). Podemos, então, definir que a aceleração instantânea equivale ao limite da aceleração média quando consideramos que o intervalo de tempo tende a zero, ou seja, a aceleração instantânea é igual à taxa de variação da velocidade em função do tempo: Geometricamente, essa definição de aceleração instantânea pode ser interpretada como a inclinação da reta tangente à curva de v contra t. Note que a aceleração instantânea é a derivada da velocidade em relação ao tempo (dv/dt), e você já estudou, ainda nesta unidade, que a velocidade é a derivada da posição x em relação a t. Sendo assim, podemos entender que a aceleração instantânea é a derivada de segunda ordem de x em relação a t: Veja o exemplo a seguir para melhor compreensão da definição de aceleração média e instantânea: (SERWAY; JEWETT JR., 2014) A velocidade de uma partícula movendo-se ao longo do eixo x varia de acordo com a expressão ν x =40 – 5t², em que ν x está em m/s e t em segundos. Encontre a aceleração média no intervalo de tempo t=0 a t=2,0 s. Determine a aceleração para t=2,0 s. Antes de começarmos a resolução, vamos entender a situação proposta nesse exemplo. Para isso, vamos começar observando a representação gráfica dessa situação: Aspectos Introdutórios da Física U1 40 Fonte: A autora (2015). Figura 1.12 – Gráfico velocidade-tempo para uma partícula de acordo com a função ν x = 40 – 5t2 No gráfico acima, nota-se que a inclinação de toda a curva é negativa. Assim, esperamos que a aceleração seja negativa, mas vamos comprovar isso por meio de cálculos. Resolvendo o item a, começaremos encontrando as velocidades no ponto A (t i =0 s) e no ponto B (t f =2,0 s), substituindo tais valores na expressão da velocidade: Agora, podemos determinar a aceleração média no intervalo de tempo especificado ∆t=t B – t A =t f – t i =2,0 – 0=2,0 s: Aspectos Introdutórios da Física U1 41 Assim como esperávamos, o sinal da aceleração média é negativo. No gráfico mostrado na Figura 1.12, a aceleração média é representada pela inclinação do segmento de reta que liga os pontos A e B. Agora, resolvendo o item b, a aceleração pedida em determinado instante (t=2,0 s) corresponde à aceleração instantânea. Para realizar esse cálculo, consideramos que a velocidade inicial em qualquer momento é dada por ν x =40 – 5t² e que se queremos saber a velocidade em qualquer outro momento consideramos uma variação no tempo representada por t + ∆t. Assim, obteremos o resultado da aceleração instantânea por: Substituindo t=2,0 s, temos: Perceba que as respostas para os itens a e b, ou seja, para a aceleração média e para a aceleração instantânea, apesar de terem o mesmo sinal (negativo), são diferentes em módulo. Isso porque, considerando a representação gráfica na AspectosIntrodutórios da Física U1 42 Figura 1.12, a aceleração média corresponde à inclinação do segmento de reta que liga o ponto B ao ponto A, enquanto que a aceleração instantânea é representada pela inclinação da reta pontilhada, tangente à curva no ponto B. Além disso, é importante perceber que, nessa situação, a aceleração não é constante, assunto que você estudará na sequência. Na Figura 1.13, as flechas representadas na parte superior dos carros representam os vetores velocidade, enquanto que as flechas na parte inferior representam os vetores aceleração. No diagrama, na representação (a) temos o movimento retilíneo de um carro que ocorre com velocidade constante, ou seja, as imagens do carro têm espaçamento igual, movimentando-se pelo mesmo deslocamento em cada intervalo de tempo. Assim, o carro tem velocidade positiva constante e aceleração igual a zero. Na representação (b), percebe-se que as imagens do carro se distanciam à medida que o intervalo de tempo avança. Assim, temos que o vetor velocidade aumenta no tempo e, portanto, temos um movimento com velocidade positiva e aceleração positiva. A aceleração é positiva porque está no mesmo sentido da velocidade. Logo, o carro, nessa situação, fica mais rápido. 2.2.5 Aceleração constante O movimento retilíneo com aceleração constante é, certamente, o movimento acelerado mais simples. Nesse acaso, a velocidade varia com taxa constante durante todo o movimento. Para melhor compreensão dos possíveis movimentos acelerados, observe a figura a seguir: Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/337413/. Acesso em: 23 ago. 2015. Figura 1.13 – Diagrama de movimento retilíneo de um carro no mesmo sentido Aspectos Introdutórios da Física U1 43 Na representação (c), devemos entender que o carro está diminuindo sua velocidade à medida que se move para a direita. Nesse sentido, o carro movimenta-se com velocidade positiva e aceleração negativa, pois os vetores aceleração e velocidade não estão no mesmo sentido. Nessa situação, o carro fica mais lento no decorrer do tempo, podendo, inclusive, chegar à velocidade zero, como num processo de frenagem, por exemplo. Quando a aceleração instantânea a x é constante, a aceleração média a_mx para qualquer intervalo de tempo é a mesma que a x . Assim, para determinarmos uma expressão para ν x , substituímos a mx por a x na expressão da aceleração média, obtendo: Agora, façamos t 1 =0 e suponhamos que t 2 seja um instante posterior qualquer t. No instante t=0, vamos denotar a velocidade por ν 0x e a velocidade no instante t por ν x . Assim, obteremos: Essa equação serve apenas para aceleração constante e pode ser interpretada da seguinte maneira: a aceleração média a x é a taxa constante da variação da velocidade por unidade de tempo. Agora, vamos deduzir uma expressão para a posição x da partícula que se move com uma aceleração constante. Para isso, primeiro vamos considerar a definição de velocidade média ν mx . Denominaremos a posição no instante t=0 de posição inicial, representando-a por x 0 . Em um instante posterior t, chamaremos a posição simplesmente de x. Fazendo a multiplicação cruzada, obtemos: Aspectos Introdutórios da Física U1 44 Assim, a partir da definição de ν mx , teremos: Vamos deduzir, ainda, uma segunda expressão para ν mx válida somente no caso de aceleração constante. Assim, como teremos um gráfico ν x ×t representado por uma reta, em que a velocidade estará variando com uma taxa constante, teremos, simplesmente, que a velocidade média, em função de qualquer intervalo de tempo será a média aritmética desde o instante inicial até o final. Logo, para o intervalo de 0 a t, temos: Já deduzimos que, no caso da aceleração constante, a velocidade ν x em qualquer instante t é dada pela equação: ν x =ν 0x + a x t. Substituindo essa expressão na que obtemos acima, teremos: Essa equação mostra que, se para um instante inicial t=0 a partícula está em uma posição x 0 e possui velocidade v 0x , sua posição em qualquer instante t é dada pela soma de três termos – a posição inicial x 0 , a distância v ox t que ela percorreria no caso de a Para finalizar, igualamos a equação ν mx = x – x 0 /t com a obtida acima, obtendo: Aspectos Introdutórios da Física U1 45 velocidade permanecer constante, e uma distância (a x t2 )/2 produzida pela variação da velocidade. Observe que a última expressão obtida é quadrática (do segundo grau). Logo, o gráfico dessa expressão será uma parábola. Além disso, perceba, que se derivarmos essa última expressão obtida, teremos como resultado a primeira que obtemos, o que nos mostra que ambas as expressões são coerentes com a hipótese de aceleração constante: E, se derivarmos mais uma vez, obtemos: Que concorda com a definição de aceleração instantânea. Em alguns casos, faz-se necessário utilizarmos uma equação que envolva a posição, a velocidade e a (constante) aceleração, mas que desconsidere o tempo. Para obter essa expressão, vamos explicitar t na equação: Agora, substituímos esse resultado na expressão a seguir e simplificamos o resultado: Aspectos Introdutórios da Física U1 46 Transferindo o termo x 0 para o membro esquerdo e multiplicando por 2a x , obtemos: Igualando as duas expressões de v_mx, podemos obter outra expressão também bastante útil: Essa última expressão poderá ser utilizada quando a x for constante, porém um valor desconhecido. As quatro equações que foram destacadas em quadros são as equações do movimento com aceleração constante e poderão ser utilizadas para resolver qualquer problema que envolva o movimento retilíneo com aceleração constante. Veja um exemplo: (YOUNG; FREEDMAN, 2008) Um motociclista se dirige para o leste ao longo de uma cidade e acelera a moto depois de passar pela placa que indica os limites da cidade. Sua aceleração é constante e igual a 4,0 m/s². No instante t = 0, ele está a 5,0 m a leste do sinal, movendo-se para leste a 15 m/s. Determine sua posição e velocidade para t = 2,0 s. Onde está o motociclista quando sua velocidade é de 25 m/s? A figura abaixo ilustra a situação: Simplificando, obtemos: Aspectos Introdutórios da Física U1 47 Resolvendo o item a, podemos determinar a posição x em t=2,0 s usando a equação do movimento a seguir: Podemos encontrar a velocidade v x no mesmo instante, usando a equação: Resolvendo o item b, queremos encontrar o valor de x para v x =25 m/s, mas não sabemos em que instante a motocicleta possui essa velocidade. Portanto, vamos usar a expressão que não envolve t: Outra maneira de resolver o item b seria utilizar a fórmula v x =v 0x +a x t para determinar o valor de t e, em seguida, encontrar x pela expressão: Tente resolver dessa maneira e observe se você realmente conseguirá obter o mesmo resultado. Fonte: Adaptado de Young e Freedman (2008, p. 49). Figura 1.14 – Motociclista deslocando-se com aceleração constante Aspectos Introdutórios da Física U1 48 1. (Adaptada de TIPLER, 2000) Numa estrada, de noite, você percebe um automóvel parado e freia o seu carro para parar, imprimindo-lhe uma desaceleração de 5m/s². É correto afirmar que a distância de frenagem do carro, considerando a velocidade inicial de 15 m/s (cerca de 53 km/h), é de (considere ∆x=x f – x i ): a) 20,5 m b) 21,5 m c) 22,5 m d) 23,5 m e) 24,5 m 2.2.6 Queda livre de corpos Você certamente já deve ter percebido que todos os corpos, quando lançados, caem em direção à Terra com uma aceleração quase constante. Isso ocorre porque durante o lançamento o corpo está em queda livre, sendo atraído pela força gravitacional da Terra. Aristóteles (IV a.C) defendia a ideia de que corpos mais pesados caíam mais rapidamente do que corpos mais leves, com velocidades proporcionais a seus respectivos pesos. Porém, Galileu Galilei (1564-1642) demonstrou que um corpo cai com aceleração constante independentemente do seu peso, desde que os efeitos do ar possamser menosprezados. Atribui-se a Galileu Galilei a formulação de leis que governam o movimento dos corpos em queda livre, dentre tantas outras descobertas no campo da física e da astronomia. Saiba mais sobre esse assunto lendo o artigo disponível no link: http://posgrad.fae.ufmg.br/posgrad/viienpec/ pdfs/1408.pdf. Acesso em: 23 ago. 2015. Aspectos Introdutórios da Física U1 49 Por exemplo, se uma pena e uma maçã forem abandonadas simultaneamente da mesma altura, haverá uma pequena diferença de tempo entre suas chegadas ao chão, devido, principalmente, à resistência do ar. Porém, se a mesma experiência for realizada no vácuo, em que o atrito do ar seria insignificante, ambos os corpos cairiam com mesma aceleração. Nesse caso idealizado, em que a resistência do ar é ignorada, o movimento é conhecido como queda livre. O valor da aceleração em queda livre com o símbolo g e o vetor de aceleração por , na superfície da Terra, consideraremos e que o vetor esteja direcionado para baixo, em direção ao centro da Terra. É importante destacar que nem sempre que mencionamos um corpo em queda livre ele estará partindo de seu repouso, pois um corpo em queda livre é aquele que se move livremente, sob a influência da gravidade somente, independente de seu movimento inicial. Sendo assim, não apenas corpos abandonados do seu repouso, mas também corpos lançados para baixo ou para cima também serão considerados como corpos em queda livre. Na subseção anterior (2.5.), você conheceu quatro expressões para o movimento com aceleração constante. Pois bem, como nos corpos em queda livre também consideramos aceleração constante, as quatro expressões que já foram apresentadas poderão, do mesmo modo, serem aqui aplicadas. O que muda basicamente é que, agora, o movimento será considerado na vertical e, assim, usaremos y ao invés de x. Veja o exemplo: (SERWAY; JEWETT JR., 2014) Uma pedra lançada do topo de um edifício tem velocidade inicial de 20,0 m/s para cima em linha reta. A pedra é lançada 50,0 m acima do solo e passa perto da ponta do telhado quando desce. a) Usando t A =0 como o instante em que a pedra sai da mão do lançador na posição A, determine o instante em que a pedra atinge sua altura máxima. b) Encontre a altura máxima da pedra. c) Determine a velocidade da pedra quando ela retorna à altura de onde foi lançada. Fonte: http://www.colegioweb.com.br/ movimento-vertical-do-projetil-sob- acao-da-gravidade/queda-livre.html Acesso em: 23 ago. 2015. Aspectos Introdutórios da Física U1 50 Na situação desse exemplo, temos uma pedra que está em queda livre e, portanto, ela será modelada como uma partícula sob aceleração constante por conta da gravidade. Para responder ao item a, perceba que a velocidade inicial pode ser considerada como positiva porque a pedra é lançada para cima. Depois, quando a pedra atinge seu ponto mais alto, a velocidade muda de sinal, mas sua aceleração será sempre para baixo. Note, ainda, que no ponto mais alto a pedra chegará à velocidade igual a zero, para depois mudar de sinal e começar a aumentar de maneira progressiva sua velocidade durante a queda. Assim, consideramos, nesse primeiro item, que a velocidade inicial é igual a 20,0 m/s por ter sido arremessada e a final é de 0 m/s (ponto mais alto – B). Logo, o instante em que a pedra atingirá sua altura máxima será: No item c, queremos saber a velocidade da pedra quando ela passa pela mesma posição em que se encontra o ponto A, durante a descida. Vamos denominar esse local, lado a lado à posição A, de D. Assim, temos: Observe que a aceleração da gravidade foi considerada com sinal negativo porque se trata do momento de subida da pedra e, portanto, o movimento está sendo contrário ao da gravidade. Respondendo ao item b, vamos considerar a posição inicial (no ponto A) igual a 0. Assim, podemos encontrar a altura máxima por: Aspectos Introdutórios da Física U1 51 Quando resolvemos a raiz quadrada, podemos obter um resultado positivo e um negativo. Escolhemos a negativa porque sabemos que a pedra se move para baixo no ponto D. A velocidade da pedra, quando retorna à sua altura original, é igual à sua velocidade inicial em módulo, mas tem direção oposta. 2.2.7 Velocidade e posição por integração Você estudou, até o momento, o movimento retilíneo com aceleração constante. Porém, as equações deduzidas para esses casos não são aplicáveis em situações em que a aceleração não é constante. Para iniciar o estudo desse caso, observe o gráfico abaixo: No gráfico, temos a aceleração versus tempo para um corpo cuja aceleração não é constante. Nesse caso, podemos dividir o intervalo de tempo entre t 1 e t 2 em intervalos muito menores (∆t). Assim, teremos que ∆ν x =a mx ∆t, onde ∆ν x é a área do retângulo que possui altura a mx e largura ∆t. A variação total da velocidade em qualquer intervalo de tempo é a soma das variações de ∆ν x de todos os pequenos intervalos. No limite em que todos os intervalos ∆t tornam-se muito pequenos e numerosos, o valor de a_mx para o intervalo de tempo entre t e t+∆t se aproxima da aceleração a x no tempo t. Nesse limite, a área sob a curva a x t será dada pela integral de a x de t 1 e t 2 : Fonte: Adaptado de: http://slideplayer.com.br/slide/1601536/. Acesso em: 23 ago. 2015. Figura 1.15 – Exemplo de gráfico a xt para um corpo cuja aceleração t não é constante Aspectos Introdutórios da Física U1 52 Onde ν 1x e ν 2x são as velocidades dos corpos nos tempos t 1 e t 2 , respectivamente. Com a curva da velocidade versus tempo, podemos fazer um procedimento análogo, considerando x 1 e x 2 como as posições nos tempos t 1 e t 2 , respectivamente. O deslocamento ∆x durante um pequeno intervalo de tempo ∆t será igual a ν mx ∆t. Assim, temos: Veja o exemplo: (TIPLER, 2000) Uma barca navega com a velocidade constante de ν 0 =8 m/s durante 60 s. Depois, desliga os motores e fica navegando ao léu com velocidade expressa por v=(ν 0 t 1 )/t², em que t 1 =60 s. Qual o deslocamento da barca de t=0 até t→ ∞? Resolução: A velocidade da barca é constante durante os primeiros 60 s. Logo: Considerando t 1 =0 t 2 =t (instante posterior) e x 0 e ν 0x como sendo a posição e a velocidade inicial, respectivamente, para t=0, então, teremos: ² Aspectos Introdutórios da Física U1 53 O deslocamento restante é dado pela integral da velocidade de t=60 s até t→ ∞: O deslocamento total é igual à soma dos dois deslocamentos calculados: ∆x=∆x 1 + ∆x 2 =480 + 480=960 m Nesta unidade, você aprendeu: • As unidades do sistema SI e algumas conversões entre sistemas de unidades. • A notação científica como forma de representar medidas muito grandes ou muito pequenas, bem como as maneiras de realizar operações com esse tipo de notação. • Os conceitos e expressões matemáticas relacionados à velocidade. • Os conceitos e expressões matemáticas relacionados à aceleração. •.Os conceitos e aplicações de expressões do movimento para aceleração constante em situações de queda livre. • A determinar a velocidade e a aceleração por integração. Os conceitos trabalhados nesta unidade são elementares para o estudo geral da física, sobretudo no que diz respeito à mecânica clássica. Espera-se que, ao final deste estudo, além de compreender os conceitos abordados, você tenha apreendido maneiras de pensar sobre fenômenos físicos em termos matemáticos, sendo capaz de modelar um fenômeno físico por meio de linguagem Aspectos Introdutórios da Física U1 54 matemática, bem como de interpretar fisicamente soluções matemáticas. Contudo, vale destacar que, para que a aprendizagem nesta disciplina de fato ocorra, é muito importante que você faça as leituras sugeridas, resolva as atividades de aprendizagem e também, se possível, faça pesquisa em bibliotecas e estude os materiais que compõem a bibliografia dessa unidade. Além disso tudo, não se esqueça de acessar o fórum. É por meio dele quevocê poderá sanar suas dúvidas. Bons estudos! 1. (Adaptada de TIPLER, 2000) No dia da formatura, um estudante de física, muito satisfeito, joga seu boné para cima com velocidade inicial de 14,7 m/s. Sendo de 9,81 m/ s² a aceleração da gravidade para baixo (desprezando-se a resistência do ar), é correto afirmar que o tempo que o boné leva para chegar ao ponto mais elevado da trajetória é: a) 1,15 s b) 1,20 s c) 1,30 s d) 1,45 s e) 1,50 s 2. (Adaptada de TIPLER, 2000) Num ensaio de colisão, um carro, a 100 km/h, colide com uma barreira de concreto. Em quanto tempo o carro para? a) 0,051 s b) 0,053 s c) 0,054 s d) 0,057 s e) 0,059 s Aspectos Introdutórios da Física U1 55 3. (Adaptada de YOUNG; FREEDMAN, 2008) Uma moeda de 1 euro é largada da Torre de Pisa. Ela parte do repouso e se move em queda livre. É correto afirmar que sua posição e sua velocidade no instante 2,0 s será: a) –19,6 m e –19,6 m/s b) 19,6 m e –19,6 m/s c) –19,6 m e 19,6 m/s d) 19,6 m e 19,6 m/s e) –19,8 m e 19,6 m/s 4. (Adaptada de TIPLER, 2000) Um carro passa a 25 m/s (cerca de 90 km/h) diante de uma escola. Um carro de polícia sai atrás do infrator, acelerando a 5 m/s². Quando o carro da polícia alcança o do infrator? a) Em 5 s b) Em 10 s c) Em 15 s d) Em 20 s e) Em 25 s 5. (Adaptada de YOUNG; FREEDMAN, 2008) Sueli está dirigindo um carro em um trecho retilíneo de uma estrada. No tempo t=0, quando está se movendo a 10 m/s no sentido positivo do eixo 0x, ela passa por um poste de sinalização a uma distância x = 50 m. Sua aceleração em função do tempo é dada por: a x =2,0 m/s²-(0,10 m/s³)t É correto afirmar que a velocidade máxima atingida, sabendo que essa ocorre no instante t=20, é de: a) 10 m/s b) 20 m/s c) 30 m/s d) 40 m/s e) 50 m/s Aspectos Introdutórios da Física U1 56 U1 57Aspectos Introdutórios da Física Referências SERWAY, Raymond A.; JEWETT JR., John W. Princípios de Física. Tradução de Márcio Maia Vilela. São Paulo: Cengage Learning, 2014. TIPLER, Paul A. Física para cientistas e engenheiros. Tradução de Horácio Macedo. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos S. A., 2000. YOUNG, Hugh D.; FREEDMAN, Roger A. Física I. Tradução de Sonia Midori Yamamoto. 12. ed. São Paulo: Addison Wesley, 2008. Unidade 2 FORÇA E MOVIMENTO Nesta seção, você estudará a cinemática de um objeto que pode ser modelado como uma partícula que se move em um plano ou em um espaço (movimento bidimensional e tridimensional, respectivamente). Ainda, nesta mesma seção, você estudará alguns aspectos relacionados ao deslocamento de partículas em trajetórias curvas (movimento de projéteis). Nesta seção, você dará início ao estudo da dinâmica, em que se iniciam discussões sobre as causas da mudança no movimento das partículas usando os conceitos de força e massa e, ainda, as três leis fundamentais de movimento formuladas por Newton. Em seguida, tendo estudado as leis de movimento, enfatizamos aplicações dessas às situações diversas, inclusive quando envolvemos a força de atrito, permitindo-nos, assim, modelar situações de maneira mais próxima à realidade. Dentre essas aplicações, damos destaque ao movimento circular. Seção 2.1 | Movimento em duas e três dimensões Seção 2.2 | Força e movimento Objetivos de aprendizagem: Com esta unidade, objetiva-se que você apreenda como representar a posição de um corpo em duas ou três dimensões, bem como seja capaz de determinar a velocidade e a aceleração vetoriais de um corpo nessas condições. Além disso, objetiva-se que você compreenda como descrever a trajetória em curva percorrida por um projétil e os conceitos relativos à força e suas aplicações, inclusive alguns casos de forças fundamentais da natureza. Keila Tatiana Boni Força e Movimento U2 60 Força e Movimento Força e Movimento U2 61 Introdução à unidade Nesta seção, você dará início ao estudo da dinâmica, em que se iniciam discussões sobre as causas da mudança no movimento das partículas usando os conceitos de força e massa e, ainda, as três leis fundamentais de movimento formuladas por Newton. Em seguida, tendo estudado as leis de movimento, enfatizamos aplicações dessas às situações diversas, inclusive quando envolvemos a força de atrito, permitindo-nos, assim, modelar situações de maneira mais próxima à realidade. Dentre essas aplicações, damos destaque ao movimento circular. Introdução à unidade A partir das abordagens realizadas na unidade anterior, você já deve ter percebido que vivemos cercados de grandezas físicas, as quais podem ser consideradas como vetoriais ou escalares. Contudo, na primeira unidade, você aprendeu a equação e a modelação de situações envolvendo posição, velocidade e aceleração, todos em um determinado instante de tempo, apenas em movimentos em unidimensionais. Agora, você aprofundará seus conhecimentos sobre esses mesmos conceitos da cinemática, porém em movimentos em duas e três dimensões. Mas, até o momento, você estudou conceitos relativos a movimento, sempre desconsiderando as causas desses. Sobre essas causas, você estudará, ainda nesta segunda unidade, uma introdução à dinâmica, que é a parte da mecânica que estuda os movimentos, considerando os fatores que os produzem e modificam. Assim, nessa parte de seus estudos, você conhecerá as leis que regem movimentos, envolvendo os conceitos de massa, força e energia, entre outros. Destacamos, desde já, que essas abordagens relativas às causas de movimentos serão realizadas na perspectiva da mecânica clássica, que é embasada nos pensamentos de Galileu e Newton. Força e Movimento U2 62 Força e Movimento Força e Movimento U2 63 Seção 2.1 Movimento em duas e em três dimensões 2.1.1 Vetor posição e vetor velocidade Na unidade anterior, você já estudou o movimento de uma partícula ao longo de uma linha reta (como o eixo x), em que você deve ter percebido que ela é completamente especificada se sua posição é conhecida como uma função do tempo. Essa ideia será agora estendida para o movimento no plano xy e no espaço xyz e, portanto, obteremos as mesmas funções já estudadas na unidade anterior, porém de natureza vetorial. Primeiramente, para que possamos descrever um movimento, precisamos descrever a posição da partícula. Considere, em um dado instante, uma partícula em um ponto P. Nesse caso, o vetor posição da partícula, no especificado instante, é um vetor que vai desde a origem do sistema de coordenadas até o ponto P: Considerar partículas se movendo simplesmente ao longo de uma linha reta nos impossibilita de responder questionamentos, tais como: ao chutar uma bola, o que determina onde a bola irá parar? Ou, ao longo de uma curva, como seria possível descrever o movimento do carrinho de uma montanha-russa? Para responder a questionamentos como esses, precisamos estender a descrição do movimento para duas e três dimensões. Você perceberá que continuaremos, nesses casos, utilizando as grandezas vetoriais de deslocamento, velocidade e aceleração. A única diferença é que agora tais grandezas não serão limitadas apenas aos movimentos retilíneos. Versando descrever o movimento, não importando analisar suas causas, você perceberá que nessa seção recorreremos, ao mesmo tempo, a conceitos estudados na unidade anterior, sobretudo à linguagem cinemática que foi estudada, bem como a conhecimentos advindos da disciplina de geometria analítica e álgebra vetorial, principalmente no que diz respeito à linguagem e operações vetoriais. Introdução à seção Força e Movimento U2 64 Fonte: A autora (2015). Figura 2.1 – Vetor posição no espaço e no plano (respectivamente) As coordenadas cartesianas x,y,z (espaço) e x,y (plano) do ponto P são os componentes do vetor . Usando vetores unitários, podemos escrever como vetor posição: A partir dessa ideia, podemos definir a velocidade média da mesma maneira que definimos na unidade anterior para o movimento retilíneo, dividindo o deslocamento pelo intervalo de tempo: Comovocê pode perceber, as equações que utilizamos para o espaço e para o plano serão os mesmos, diferenciando-se apenas pela última componente . Nesse sentido, a partir de agora, nos referiremos apenas às equações no espaço, destacando que deverá ficar subentendido que elas serão análogas para as equações no plano, sendo necessário, nesse caso, simplesmente, desconsiderar a componente . Durante um intervalo de tempo ∆t, a partícula movimenta-se de um ponto P 1 , em que o vetor posição é , até um ponto P 2 , em que o vetor posição é . Logo, a variação da posição é o plano serão os mesmos, diferenciando-se apenas pela última componente . componente . em que o vetor posição é , até um ponto P , em que o vetor posição é . Logo, a da mesma maneira que Agora, vamos definir a velocidade instantânea, tal como já fizemos no movimento unidimensional: como o cálculo do limite da velocidade média quando o intervalo de tempo tende a zero, sendo o resultado desse limite igual à taxa de variação do vetor posição com o tempo. A principal diferença que temos agora é que tanto a posição quanto a velocidade instantânea são vetores: quanto a velocidade instantânea são vetores: Força e Movimento Força e Movimento U2 65 Fonte: <http://interna.coceducacao.com.br/ebook/pages/1896.htm>. Acesso em: 26 set. 2015. Figura 2.2 – Deslocamento entre os pontos P 1 e P 2 Perceba, na Figura 2.2, que, quando ∆t → 0, o ponto P 1 aproxima-se cada vez mais de P 2 . Dessa forma, nota-se que, nesse limite, o vetor torna-se tangente à curva, sendo esse vetor de mesma direção e sentido que a velocidade instantânea . Assim, podemos concluir que o vetor velocidade instantânea é tangente à trajetória em cada um dos seus pontos. Considerando as variações ∆x,∆y e ∆z, durante qualquer deslocamento de , temos que tais variações correspondem às componentes de . Do mesmo modo, podemos considerar que as componentes de e são as derivadas das coordenadas x,y e z em relação ao tempo: Perceba que os mesmos resultados podem ser obtidos se derivarmos a equação do vetor posição: Quanto ao módulo do vetor velocidade instantânea ( ), ou seja, a velocidade escalar, pode ser obtida pelo teorema de Pitágoras, a partir dos componentes e : Vale destacar que o módulo do vetor em qualquer instante é a velocidade escalar v da partícula no referido instante. A direção e o sentido de em qualquer instante é a mesma direção e sentido em que ela se move no referido instante. Observe a figura a seguir: . Dessa forma, nota-se que, nesse limite, o vetor torna-se tangente à curva, sendo esse vetor de mesma direção e sentido que a velocidade instantânea . temos que tais variações correspondem às componentes de . Do mesmo modo, , durante qualquer deslocamento de , podemos considerar que as componentes de e são as derivadas das podemos considerar que as componentes de e são as derivadas das Força e Movimento U2 66 Quanto à direção da velocidade instantânea , essa pode ser obtida pelo cálculo da tangente do ângulo a formado por duas das componentes. Tendo em vista que o vetor velocidade instantânea, em geral, é mais útil que o vetor velocidade média, a partir de agora, sempre que mencionarmos a palavra “velocidade” estaremos nos referindo ao vetor velocidade instantânea ( ). Para fixar melhor os estudos realizados até agora, veja um exemplo: Exemplo 1: (YOUNG; FREEDMAN, 2008, p. 71) Um veículo robótico está explorando a superfície de Marte. O módulo de aterrissagem é a origem do sistema de coordenadas e a superfície do planeta é o plano xy. O veículo, que será representado por um ponto, possui componentes x e y, que variam com o tempo de acordo com: x=2,0m-(0,25m/s²)t² y=(1,0 m/s)t + (0,025 m/s³)t³ a) Calcule as coordenadas do veículo e sua distância do módulo de aterrissagem no instante t=2,0 s. b) Calcule o vetor deslocamento e o vetor velocidade média no intervalo de tempo entre t=0 s e t=2,0 s. c) Deduza uma expressão geral para o vetor velocidade instantânea do veículo. Expresse a velocidade instantânea em t=2,0 s, usando componentes e também em termos do módulo, direção e sentido. Resolução: Esse problema se refere ao movimento em duas dimensões. Por que, em geral, o vetor velocidade instantânea é mais útil que o vetor velocidade média? E em que situações encontramos utilidade para esses tipos de vetores? Força e Movimento Força e Movimento U2 67 No instante t=2,0 s, as coordenadas do carro são: x=2,0 m-(0,25 m/s²) (2,0 s)²=1,0 m y=(1,0 m/s)(2,0 s)+(0,025 m/s³)(2,0 s)³=2,2 m A distância entre o veículo e a origem nesse instante é: Para determinar o deslocamento e a velocidade média, escrevemos o vetor posição em função do tempo t: Para t=0 s, o vetor posição é: No item a), encontramos para t=2,0 s a expressão: Portanto, o deslocamento entre t=0 s e t=2,0 s é: Durante esse intervalo de tempo, o veículo se desloca 1,0 m no sentido negativo do eixo Ox e 2,2 m no sentido positivo do eixo Oy. A velocidade média no intervalo de tempo entre t=0 s e t=2,0 s é o deslocamento dividido pelo intervalo de tempo: Os componentes dessa velocidade média são: Força e Movimento U2 68 Os componentes da velocidade instantânea são as derivadas das coordenadas em relação ao tempo: Podemos escrever o vetor velocidade instantânea como: Para t=2,0 s os componentes da velocidade instantânea são: O módulo da velocidade instantânea (a velocidade escalar) para t=2,0 s é: Sua direção em relação ao eixo positivo Ox é dada pelo ângulo a, onde: Logo, a =128°. Se você utilizar a calculadora, notará que a função inversa da tangente de –1,3 é –52°. Contudo, é preciso analisar qual é a direção e o sentido do vetor. Logo, a resposta correta para a é –52°+180°=128°. Força e Movimento Força e Movimento U2 69 2.1.2 Vetor aceleração Assim como você já estudou no caso de movimento unidimensional, a aceleração indica como a velocidade de uma partícula está variando. Assim, considerando que a velocidade é um vetor, a aceleração descreverá variações do módulo da velocidade escalar, bem como variações da direção e do sentido do movimento no espaço. Observe a figura a seguir: De acordo com a Figura 2.3, o carro acelera enquanto reduz ao fazer uma curva (sua velocidade instantânea varia tanto em módulo quanto direção). Perceba, pela Figura 2.3, que os vetores e v representam, respectivamente, o vetor velocidade instantânea da partícula no instante t 1 , quando ela está no ponto P 1 , e o vetor velocidade instantânea da partícula no instante t 2 , quando ela está no ponto P 2 . No intervalo de tempo entre t a e t b , a variação vetorial da velocidade é Assim, definimos o vetor aceleração média da partícula nesse intervalo de tempo como sendo a variação vetorial da velocidade dividida pelo intervalo de tempo: Fonte: <http://osfundamentosdafisica.blogspot.com.br/2014/05/cursos-do-blog-mecanica_12.html>. Acesso em: 22 out. 2015. Figura 2.3 – Carro se movendo ao longo de uma trajetória curva As duas velocidades, e , podem possuir módulos e direções diferentes? Força e Movimento U2 70 Vale destacar que a aceleração média é uma grandeza vetorial que possui a mesma direção e sentido do vetor Vale destacar que a aceleração média é uma grandeza vetorial que possui a Além disso, perceba que o componente x da última equação apresentada (da ) é a mx = (ν bx – ν ax )/(t b – t a ) = que é exatamente a mesma equação que você estudou na unidade anterior para a aceleração média no movimento unidimensional. Definindo a aceleração instantânea , consideramos a mesma no ponto P 1 como o limite da aceleração média quando o ponto P 2 se aproxima de P 1 e e ∆t tendem a zero simultaneamente. Além disso, a aceleração instantânea é igual à taxa de variação da velocidade instantânea com o tempo, sendo, agora, a aceleração
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