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1 meistudies 2º Congresso Internacional Media Ecology and Image Studies – O protagonismo da narrativa imagética Articulações entre Agenda 2030, Objetivos do Desenvolvimento Sustentável –ODS e Base Nacional Comum Curricular – BNCC Danielli Santos da Silva 1 Resumo A sociedade brasileira contemporânea vem passando por inúmeras transformações em todas suas esferas. O avanço das tecnologias da informação e da comunicação (TIC) contribuiu de forma significativa para todas essas mudanças, sobretudo em relação à velocidade como a informação é produzida, disseminada e compartilhada. O advento da internet é o grande disseminador do imenso numero de informações disponíveis sobre os mais variados temas, sendo estes acessados por públicos diversos. Porém o simples acesso à informação não se configura como suficiente para que as pessoas se insiram no contexto digital e possam utiliza-las como instrumento de cidadania, sendo necessário o desenvolvimento da Competência em Informação e Midiática (CoInfo), uma vez que a informação e o conhecimento são fatores críticos de sustentação e inovação. Tais competências envolvem: acesso, uso, recuperação, interpretação da informação e de conteúdos interativos com o fim de controlar, antecipar problemas, bem como comunicar as necessidades decorrentes, respondendo de forma eficiente a um ambiente em constante mutação. Desta forma é necessário mais do que um conhecimento de base, sendo necessárias técnicas para explorar, fazer conexões e dar utilidade prática a informação veiculada na mídia nesta era de transformação digital. As pessoas usam a CoInfo em conjunto com solução de problemas e habilidades de comunicação e como parte de um grupo integrado de habilidades que as pessoas necessitam para serem eficientes em todos os aspectos de suas vidas. O benefício de se considerar essa competência, em separado e de forma distinta de outras competências é que se esclarece uma dimensão dessas capacidades complexas e possibilita uma distinção a ser feita entre o uso eficiente da informação, a oferta e o acesso à informação. Neste contexto as diversas esferas da sociedade vêm se articulando para o Mestre em TV Digital: Informação e Conhecimento, Graduanda em Pedagogia UNIVESP, Graduada em 1 letras USC Professora de Linguagens e Códigos Secretaria de Estado de Educação Email: daniellivi@gmail.com mailto:daniellivi@gmail.com 2 desenvolvimento de ações para a melhoria da qualidade de vida das pessoas sendo que o Brasil junto aos 193 países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) comprometeu-se a adotar a Agenda 2030, que contem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A agenda 2030 é um plano de ação para as pessoas, para o planeta e para a prosperidade e que também busca fortalecer a paz universal com mais liberdade. Os ODS constituem de um plano de ação global com 17 objetivos e 169 metas para eliminar a pobreza extrema e a fome, oferecer educação de qualidade ao longo da vida para todos, protegendo o planeta e promovendo sociedades pacíficas e inclusivas até o ano de 2030. Alinhado a este contexto o Brasil no ano de 2018 apresentou o documento Base Nacional Comum Curricular- BNCC que é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica, cujos objetivos são balizar a qualidade da educação; superar fragmentações políticas educacionais; promover o fortalecimento das esferas educacionais. O presente artigo tem como objetivo apontar reflexivamente as articulações e inter-relações entre a Agenda 2030, ODS e BNCC e suas propostas como documentos norteadores ao desenvolvimento de uma sociedade mais justa e igualitária pautada pelos princípios da cidadania. Palavras-chave Cidadania- Competência em Informação- Competência Midiática- Educação 1. INTRODUÇÃO Inicia-se pela reflexão de que a sociedade contemporânea vem passando por inúmeras mudanças em diversos segmentos. O avanço das tecnologias da informação e da comunicação (TIC) contribuiu de forma significativa para todas essas mudanças, sobretudo em relação à velocidade como a informação é produzida, disseminada e compartilhada. Assim a educação viu se diante de novas necessidades uma vez que o papel da escola como único local para a transmissão de conhecimentos deixou de existir, considerando se que esta sociedade aprende de forma rápida e utiliza suportes midiáticos e tecnologias diversas, emergindo até mesmo a importância do aprendizado ao longo da vida. Esta sociedade é caracterizada pelo desafio em aprender diante de um cenário com grande disponibilidade de informação, no qual tantos são os suportes e formatos e a quantidade de informações é quase que incalculável segundo Pozo (2002). 3 Para Thielsen (2008, p.545-547): A escola, como lugar legítimo de aprendizagem, produção e reconstrução de conhecimento, cada vez mais precisará acompanhar as transformações da ciência contemporânea, adotar e simultaneamente apoiar as exigências interdisciplinares que hoje participam da construção de novos conhecimentos. A escola precisará acompanhar o ritmo das mudanças que se operam em todos os segmentos que compõem a sociedade. O mundo está cada vez mais interconectado, interdisciplinarizado e complexo. [...] Nessa direção, emergem novas formas de ensinar e aprender que ampliam significativamente as possibilidades de inclusão, alterando profundamente os modelos cristalizados pela escola tradicional. Num mundo com relações e dinâmicas tão diferentes, a educação e as formas de ensinar e de aprender não devem ser mais as mesmas. Um processo de ensino baseado na transmissão linear e parcelada da informação livresca certamente não será suficiente (THIELSEN, 2008, p.545-547). O desenvolvimento das Competências Midiáticas e informacionais são fundamentados no direito que todo ser humano tem de liberdade de opinião e expressão, assim como o fomento do diálogo social dos povos do mundo e tem como embasamento a Declaração dos Direitos Humanos, como cita Frías-Guzmán (2015). Desta forma, temos um novo cenário considerando-se que o acesso às tecnologias da informação e da comunicação possui um caráter social, como instrumento de cidadania apontado por Degaldillo (2003) Em observância a toda esta nova realidade, organismos internacionais como a Organização para as Nações Unidas (ONU) estabeleceram um plano de ações no sentido de promover junto aos países membros o desenvolvimento das sociedades em vários aspectos como saúde, educação, meio ambiente e qualidade de vida. A chamada Agenda 2030 norteia as ações a serem desenvolvidas por meio dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – ODS. O acesso às mídias traz consigo uma imensa quantidade de informações sobre os mais variados assuntos, portanto, o mundo virtual não se limita ao seu espaço na nuvem, mas invade o mundo real como aponta Koltay (2007). Faz- se necessária, portanto, a melhor utilização da informação e seus desdobramentos para que possa se desenvolver uma aprendizagem ao longo da vida que por sua vez baseia-se nos princípios de equidade e inclusão e que permitirão o desenvolvimento cidadão, que poderá transformar vidas e que são propostos pelo documento Incheon Declaration and Framework for Action (ONU, 2016). Considerando-se que a educação continuada deve ser tratada como um direito na sociedade contemporânea, sendo que tem importância vital voltar-se o olhar para a Competência em Informação (information literacy) e 4 Competência Midiática (media literacy), pois estas se inserem incisivamente nas áreas de informação, comunicação e educação. Ressalta-se, porém, que não se trata apenas da interação com as mídias e tecnologias, mas sim da adequada utilização da pedagogia no processo de ensino aprendizagem, o que Martins (2002) propõecomo uma extensão humana na produção do conhecimento, por meio de processos de pesquisas, e atividades que possibilitem maior dinamismo, questionamento e reflexão. Este artigo tem como objetivo geral propor uma reflexão e compreensão sobre a competência em informação e sua inter-relação com outros temas de importância para o cenário contemporâneo. A escolha da temática justifica-se devido à necessidade do Brasil, bem como outros países de estarem comprometidos com a nova Agenda para 2030 voltada ao desenvolvimento sustentável da população. Trata-se de uma contribuição de natureza teórica cujos referenciais foram construídos por meio de uma revisão bibliográfica seletiva sobre os tópicos: competência em informação, competência midiática, educação, aprendizado ao longo da vida, desenvolvimento sustentável, Agenda 2030, ODS, BNCC. As considerações finais apontam que no cenário brasileiro estudos teóricos e práticos ainda estão em processo de expansão, especialmente em relação aos distintos espaços da promoção da Competência em Informação com o objetivo de promover pessoas, prosperidade, paz, parcerias e planeta. 2. COMPETÊNCIA EM INFORMAÇÃO E COMPETÊNCIA MIDIATICA: BRIFING HISTÓRICO CONCEITUAL Surgida na década de 70, a Competência em Informação, também conhecida como Information Literacy (IL), relaciona-se diretamente com o necessário domínio sobre a informação para que esta possa ser acessada, armazenada e recuperada de forma eficiente. Também denominado como competência informacional, o termo Competência em Informação, deriva-se originalmente do inglês - Information Literacy, e no francês Maîtrise de l ´Information. Nos países Ibero-americanos, por falta de um termo consolidado, adotou-se a terminologia Alfabetización Informacional (Alfin), de acordo com Hatscbach; Olinto (2008). Para o Brasil, Horton Júnior (2014) definiu, em conjunto com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), que a tradução adequada ao português do Brasil corresponde à expressão “Competência em Informação” e, por esse motivo, está sendo 5 adotada neste texto. Além disso, por recomendação da Carta de Marília (2014) adota-se a sigla “CoInfo” para diferenciar de outras que possam provocar ambiguidades na interpretação. As pessoas usam a CoInfo em conjunto com solução de problemas e habilidades de comunicação e como parte de um grupo integrado de habilidades que necessitam para serem eficientes em todos os aspectos de suas vidas. O benefício de se considerar essa competência, em separado e de forma distinta de outras competências, é que se esclarece uma dimensão dessas capacidades complexas e possibilita uma distinção a ser feita entre o uso eficiente da informação, a oferta e o acesso à informação. Como descrito no Projeto Global de Avaliação do Progresso de Sociedades da Organização da Cooperação e do Desenvolvimento Econômico (OECD), a CoInfo possibilita que as pessoas saiam da dependência de “intermediários do conhecimento” para “construtores do conhecimento” (OECD, 2007 apud CATTS; LAU, 2008, p.07). Belluzzo (2018) oferece pertinente definição acerca da importância dos estudos sobre a Competência em Informação: Os estudos voltados para Competência em Informação estão direcionados à construção de modelos teóricos; desenvolvimento de padrões e diretrizes que sejam catalisadores para os modelos; aplicação dos padrões em situações reais; e articulação das melhores práticas e dos fatores críticos resultantes de experiências já comprovadas e que tenham obtido êxito de acordo com métodos de avaliação adotados. (BELLUZZO, 2018, p 17) O termo Competência Midiática ou Media Literacy é empregado na literatura acadêmica inglesa desde os anos 60, quando foi apresentado por pesquisadores da chamada “segunda geração” da teoria da leitura (BUJOKAS, 2008). Com o passar do tempo, o conceito foi se reorganizando, passando por adaptações e variações e sendo utilizado por pesquisadores diversos, que tem a Media Literacy como: “a habilidade para acessar, compreender e criar comunicação, numa variedade de contextos” (OFCOM, 2004 apud BUJOKAS, 2008, p. 1047). É considerado como uma das vertentes da Competência em Informação. Pode-se entender, portanto, a Competência Midiática, ou Media Literacy, como a capacidade que o indivíduo tem para a adequada utilização das mídias, sendo capaz de receber uma informação, interpretar e formular suas próprias considerações sobre o tema apresentado, utilizando da forma mais adequada a ferramenta na qual esta se apresenta (BELLUZZO, 2007). A informação e o conhecimento são fatores críticos de sustentação e inovação, a aquisição de novas competências, destacando-se a Competência em Informação (CoInfo), uma vez que envolve: acesso, uso, recuperação, interpretação da informação e de conteúdos interativos com o fim de controlar, antecipar problemas, bem como comunicar as necessidades decorrentes, 6 respondendo de forma eficiente a um ambiente em constante mutação. É necessário mais do que um conhecimento de base, sendo necessárias técnicas para explorar, fazer conexões e dar utilidade prática a informação veiculada na mídia nesta era digital. Todavia, cabe considerar que as definições sobre o conceito de competência apresentam distintas concepções de acordo com as diferentes linhas de estudo, tendo em mente as discussões sobre o tema (BELLUZZO, 2007). Fleury; Fleury (2000) oferecem uma definição muito clara e consistente sobre competência, sintetizando-a: “Competência é um saber agir responsável e reconhecido, o que implica em mobilizar, integrar, transferir conhecimento, recursos, habilidades [...] e valor social ao individuo (FLEURY; FLEURY, 2000, p.17).” Ainda apoiado nas concepções de Belluzzo (2007) pode-se dizer que existem inúmeras questões a serem debatidas ainda sobre a competência. Para a melhor compreensão a respeito, essa autora coloca a competência como sendo um composto de duas dimensões distintas: a primeira, um domínio de saberes e habilidades de diversas naturezas que permite a intervenção prática na realidade, e a segunda, uma visão crítica do alcance das ações e o compromisso com as necessidades mais concretas que emergem e caracterizam o atual contexto social. De uma forma geral o processo evolutivo da CoInfo e da competência midiática aponta nos que países desenvolvidos não apenas baseiam-se nos debates de caráter científico, mas especificamente em práticas de ação política segundo Belluzzo (2018). 3. AGENDA 2030 Em setembro de 2015 foi adotada a Agenda 2030 pelos 193 Estados Membros das Nações Unidas e representou um momento político internacional de maior relevância para o desenvolvimento sustentável que se deu após a Conferência Rio+20. No período de 2012 a 2015 foram realizadas discussões varias que trouxeram contribuições para a adoção de documento baseado em visão integradora das três dimensões de desenvolvimento sustentável que englobam a economia, sociedade e ambiente. O Brasil junto aos 193 países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) comprometeu-se a adotar a Agenda 2030, que contem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). No Brasil foi estabelecido um plano de ação (2017-2019) composto por entidades do governo e sociedade civil de modo que os distintos aspectos contemplados pela agenda foram divididos em eixos para melhor serem trabalhados como aponta a figura 1. 7 Figura 1. Pessoas, Planeta, Prosperidade, Paz e Parcerias Fonte: http://www.agenda2030.com.br/sobre/ 3.1 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável Os ODS se constituem de um plano de ação global com 17 objetivos e 169 metas para eliminar a pobreza extrema e a fome, oferecer educação de qualidade ao longo da vida para todos, protegendo o planeta e promovendo sociedades pacíficas e inclusivas até o ano de 2030. O relatório Nosso Futuro Comum (1987), definedesenvolvimento sustentável como: “O desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades.” A figura 2 apresenta os ODS a serem desenvolvidos: Figura 2. Objetivos de desenvolvimento sustentável Fonte: http://www.itamaraty.gov.br http://www.agenda2030.com.br/sobre/ http://www.itamaraty.gov.br/ 8 A ODS-4 aponta especificamente para a necessidade de uma educação inclusiva e equitativa de qualidade para promover oportunidades de aprendizagem permanente para todos, neste sentido ressalta se a importância de uma aprendizagem ao longo da vida e esta é intrinsicamente associada aos princípios da CoInfo. 3.2 Base Nacional Comum Curricular -BNCC A proposta de uma base curricular não uma temática recente no Brasil, pois já na Constituição Federal (1998) em seu artigo 210 apresentava a preocupação com uma educação que atendesse as necessidades dos educandos por meio da fixação de conteúdos mínimos no ensino fundamental com a finalidade de assegurar a formação básica comum, além do respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais. Tal posicionamento foi posteriormente retomado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (1996), no artigo 26 que teve como premissa os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio que deveriam apresentar uma base nacional comum a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. No ano de 2009 o Programa Currículo em Movimento trouxe a tona novamente o conceito de um currículo comum, contudo os debates em torno do tema se tornaram mais amplos a partir de 2014 com a promulgação do Plano Nacional de Educação -PNE que estabeleceu vinte metas para melhoria da Educação Básica a serem desenvolvidas como planejamento para a próxima década como mostra a figura 3: 9 Figura 3. Metas do PNE 2014 Fonte: http://teleducador.blogspot.com/2015/06/metas-do-pne.html Em 2015 foi elaborada a primeira versão da Base com a participação de especialistas em educação e professores e após a redação inicial houve um período de consulta publica da mesma, disponibilizado no site do MEC. Cabe ressaltar que as discussões em relação da elaboração da BNCC tiveram posicionamentos distintos por educadores e membros da sociedade. A figura 4 apresenta a cronologia da elaboração da BNCC. Figura 4- Cronologia da BNCC Fonte: http://fazervaleralei.blogspot.com/2017/09/base-nacional-curricular-comum.html A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica e tem como objetivos: • Balizar a qualidade da educação. • Superar fragmentações políticas educacionais. • Promover o fortalecimento das esferas educacionais. Na Base estão estabelecidos conhecimentos, competências e habilidades que são esperados que todos os estudantes possam desenvolver durante sua escolaridade básica. A mesma orienta-se por princípios éticos, políticos e estéticos que são traçados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica. http://teleducador.blogspot.com/2015/06/metas-do-pne.html http://fazervaleralei.blogspot.com/2017/09/base-nacional-curricular-comum.html 10 E como premissa central a base soma-se a propósitos que tem por objetivo direcionar a educação a formação humana integral a fim de se construir uma sociedade justa, inclusiva e democrática. A BNCC traz em seu bojo a importância do desenvolvimento de competências gerais e habilidades com o proposito de se promover uma educação capaz de transformar o cidadão para a vida, respeitando sua sociedade, as pessoas e, sobretudo o planeta e seus recursos naturais. Tais competências são alinhadas aos propósitos da agenda 2030 e das ODS. Dez competências básicas necessárias ao desenvolvimento dos educandos são apontadas pela BNCC como mostra a figura 5: Figura 5. BNCC Fonte: http://inep80anos.inep.gov.br/inep80anos/futuro/novas-competencias-da-base-nacional- comum-curricular-bncc/79 4. INTER-RELAÇÕES: BNCC, AGENDA 2030 e ODS Desde o final do século XX as concepções de educação adquiriram conotações diferentes, ao se observar que apenas codificar e decodificar os textos escritos se tornaram ineficientes para a transformação do individuo, sendo necessárias habilidades, competências e conhecimentos como aponta Frías-Guzmán (2015). A interdisciplinaridade permite a articulação das atividades no sentido de contribuir e fortalecer a aprendizagem na sociedade contemporânea. Assim, a visão tradicional predominante que enfoca a educação como sendo um processo no qual o professor é o transmissor de um conjunto http://inep80anos.inep.gov.br/inep80anos/futuro/novas-competencias-da-base-nacional-comum-curricular-bncc/79 http://inep80anos.inep.gov.br/inep80anos/futuro/novas-competencias-da-base-nacional-comum-curricular-bncc/79 http://inep80anos.inep.gov.br/inep80anos/futuro/novas-competencias-da-base-nacional-comum-curricular-bncc/79 11 fixo de conhecimentos, perde espaço considerando-se a visão da educação como um processo de construção, disseminação e transmissão do conhecimento, fundamentado no “aprender a aprender”. A área da Educação apresenta conceitos que tem sido referência para a competência, como o proposto por Perrenoud (2000, p.07) que afirmou ser “uma competência como uma capacidade de agir eficazmente em um tipo de situação, capacidade que se apoia em conhecimentos, mas não se reduz eles”. Zarifian (2001) propõe que a competência não deve ser considerada apenas como um saber possuído, mas sua efetiva utilização é que deve ser considerada, levando-se em conta que toda utilização pressupõe uma transformação. Para o autor, as dificuldades em relação ao desenvolvimento das competências relacionam-se com essas questões, e por este motivo constituem uma difícil realidade para a formalização, estabilização e implantação em uma linguagem descritiva. Assim, as competências têm sua essência em suas características básicas que são a mobilidade e plasticidade. O contexto no qual o indivíduo está inserido indica se há ou não a competência, segundo Le Boterf (1994). A utilização do saber torna-se uma competência, e assim este pode ser utilizado em novos contextos, sem a dependência do contexto inicial, no qual estava inserida. O desenvolvimento das competências é necessário em todas as etapas da educação. Em especial para este estudo destacamos as competências seguintes extraídas da BNCC. ➢ Competência 2- Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. ➢ Competência 5- Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. ➢ Competência 6- Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. 12 ➢ Competência 7- Argumentarcom base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. ➢ Competência10- Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura recomenda que haja uma integração entre a Coinfo e a competência midiática, muito embora, tradicionalmente, fossem vistas como áreas distintas, por considerar que é um importante pré-requisito para promover o acesso igualitário à informação e ao conhecimento, bem como sistemas de mídia e informação livres, independentes e plurais. A CoInfo está no centro da liberdade de expressão e informação, uma vez que empodera cidadãos a compreender as funções da mídia e outros provedores de informação, a avaliar criticamente seus conteúdos e, como usuários e produtores de informação e de conteúdos de mídia, a tomar decisões com base nas informações disponíveis (WILSON et al., 2013). 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O principal objetivo desta contribuição de natureza teórica não possui a pretensão de esgotar os temas que se inter-relacionam, mas levar à reflexão, chamando a atenção acerca da importância do desenvolvimento da CoInfo e da competência midiática como uma ação estratégica para o alcance da implementação da Agenda 2030, dos ODS e da BNCC na sociedade contemporânea brasileira. Destacamos sua transversalidade por meio de programas de educação de qualidade e a necessidade de profissionais engajados como mediadores nesse processo voltado para a sustentabilidade social, cultural, ecológica e econômica. Acredita-se que o acesso e o uso da informação de forma inteligente para a construção de conhecimento e sua aplicação à realidade social que são consideradas missões da CoInfo e da competência midiática, possam ser incluídos como parte dos planos de desenvolvimento nacionais e regionais no Brasil contribuindo dessa forma para o cumprimento do lema que norteia a Agenda 2030 que é “Transformar o nosso mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”. 13 REFERÊNCIAS BELLUZZO, R.C.B. Competência em informação (CoInfo) e midiática: inter-relação com a Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) sob a ótica da educação contemporânea. Folha de Rosto. In: Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação. v. 4, n. 1, p. 15-24, jan./jun., 2018. BELLUZZO, R.C.B. Construção de mapas: desenvolvendo competências em informação e comunicação. 2.ed. Bauru: Cá Entre Nós, 2007. BUJOKAS, A. S. Educação para a mídia: da inoculação à preparação. 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