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Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de Análise das Demonstrações Contábeis: Abordagem Tradicional Integrada com Modelo Fleuriet Hurgor Kitzberger São Paulo 2003 Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de Análise das Demonstrações Contábeis: Abordagem Tradicional Integrada com Modelo Fleuriet Hurgor Kitzberger Orientadora: Profª Drª Ana Carolina Spolidoro Queiroz Dissertação apresentada como parte das exigências para obtenção do título de Mestre Profissional em Administração. São Paulo 2003 Kitzberger, Hurgor Proposta de análise das demonstrações contábeis : abordagem tradicional integrada com o modelo Fleuriet / Hurgor Kitzberger.__ São Paulo : Centro Universitário Nove de Julho, 2003. 113 p. ; 30 cm. Dissertação (mestrado) – Centro Universitário Nove de Julho, 2003 Orientador: Ana Carolina Spolidoro Queiroz 1. Contabilidade 2. Demonstrações contábeis 3. Análise de balanço I. Centro Universitário Nove de Julho – Mestrado Profissional II. Título. Banca Examinadora Profª Drª Ana Carolina Spolidoro Queiroz Prof. Dr. Clóvis Luís Padoveze Prof. Dr. Gideon Carvalho de Benedicto Dedicatória À minha esposa Rosely, aos meus filhos Anieli, Rodrigo, Rodolfo e José Augusto pela compreensão e paciência que tiveram durante a realização deste trabalho. Agradecimentos Ao Deus do meu coração e da minha compreensão por me ter dado saúde, força e luz para realizar este trabalho; Aos meus pais, Augusto (in memoriam) e Maria de Lourdes; a educação que vocês me deram, permitiu-me chegar até aqui; À minha família pela compreensão dos muitos fins de semana e noites ausentes para efetivação do curso ; A minha orientadora Profª Drª Ana Carolina Spolidoro Queiroz, pelo acompanhamento e dedicação. Resumo Proposta de Análise das Demonstrações Contábeis: Abordagem Tradicional Integrada com Modelo Fleuriet O entendimento das Demonstrações Contábeis, mais especificamente o Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício são de fundamental importância para toda a análise de balanços. Através do entendimento da estrutura contábil das demonstrações é que se podem desenvolver avaliações mais precisas das empresas. O processo de análise requer conhecimentos sólidos da forma de contabilização e apuração das demonstrações contábeis, sem os quais ficam seriamente limitadas as conclusões extraídas sobre o desempenho da empresa. Os diversos aspectos básicos dos objetivos da análise de balanços, as diferentes expectativas de seus usuários e a descrição das técnicas científicas mais adotadas da análise tradicional são evidenciadas neste trabalho. Michel Fleuriet e outros desenvolveram um modelo de administração do capital de giro, que tem sido denominado de Análise Financeira Dinâmica, que retoma o tema da liquidez e seus indicadores, sugerindo uma abordagem nova e diferente da abordagem da análise de balanço tradicional. Para desenvolver seu modelo, Fleuriet separa os elementos do giro, classificando-os em dois tipos em relação ao seu comportamento com o ciclo operacional, tais como: a) contas cíclicas, ou seja, contas de natureza operacional;e b) contas erráticas, ou seja, as demais contas do circulante. Nessa linha de raciocínio analisou-se o “Modelo Tradicional” e o “Modelo Fleuriet”, e propõe-se o “Modelo Integrado” para análise das demonstrações contábeis na administração e planejamento da empresa,onde se utiliza elementos da metodologia desenvolvida por Fleuriet, dentro da concepção tradicional da Análise de Balanços, complementando-se ainda o modelo assim desenvolvido com as abordagens do EBITDA e do método do Valor Econômico Agregado – EVA. ABSTRACT A PROPOSAL FOR THE ACCOUNT DEMONSTRATION: THE TRADITIONAL APPROACH INTEGRATED WITH THE FLEURIET MODEL The understanding of the account demonstrations, mainly the balance sheets and the income statements, are of great importance in all balance analysis. A more precise valuation can be made, through the understanding of the account structure of demonstration. The analysis process asks for a very solid knowledge about the accounting system and the finding out of these demonstrations. In fact, without them, the conclusions about the performance of the organizations will be seriously limited. The various aspects of the purposes from the balance analysis, the different expectations and the description of the scientific techniques that are used in the traditional methods of analysis, which are adopted in most of the cases, are shown in this work. Michel Fleuriet and others developed a model, called “Dynamic Financial Analysis”, for the administration of the turnover capital. This model retakes the theme of profitability and its indicators, which suggests a new and different approach from the traditional balance analysis. To develop his model, Fleuriet separates the components of the turnover, classifying them in two groups, according to its conduct referred to the operational cycle, which are: a) Cyclic accounts, which are the operational ones; and b) Erratic accounts, which are all the other accounts of the assets. Following this way of reasoning, in the work the “Traditional Model” and the “Fleuriet Model” was analyzed, and an “Integrated Model”, which uses some elements of Fleuriet methodology in the traditional model, as well as the approaches from the EBITDA and EVA, is being proposed for the analysis of the account demonstration, in order to help in organizations planning and management. SUMÁRIO INTRODUÇÃO...................................................................................1 CAPÍTULO 1 – IDENTIFICAÇÃO DA ANÁLISE.................................6 1.1 O Balanço Patrimonial e sua Estrutura.........................................6 1.2 A Demonstração do Resultado do Exercício.................................9 1.3 Raciocínio Científico......................................................................12 1.4 Necessidade da Análise................................................................15 1.5 Limitações da Análise....................................................................17 CAPÍTULO 2 – ANÁLISE FINANCEIRA TRADICIONAL.....................20 2.1 Introdução......................................................................................20 2.2 Análise Vertical..............................................................................21 2.3 Análise Horizontal..........................................................................23 2.4 Indicadores Econômicos – Financeiros.........................................24 2.5 Conclusão de Análise....................................................................47 CAPÍTULO 3 – ANÁLISE DO MODELO FLEURIET............................52 3.1 Conceito do Modelo Fleuriet..........................................................52 3.2 As Quatro Variáveis.......................................................................53 3.3 O Efeito – Tesoura.........................................................................64 3.4 Conclusão de Análise....................................................................65 CAPÍTULO 4 – INVESTIMENTOS......................................................69 4.1 Decisão..........................................................................................70 4.2 Meta do Planejamento...................................................................73 4.3 Custo de Oportunidade..................................................................754.4 Taxa Mínima de Retorno................................................................78 4.5 EBITDA - Lucro antes dos Juros, Impostos , Depreciações e Amortizações.......................................................80 4.6 EVA – Valor Econômico Agregado ou Adicionado (Economic Value Added)..........................................................….82 CAPÍTULO 5 - MODELO INTEGRADO DE ANÁLISE CONTÁBIL DE BALANÇO......................................86 5.1 Modelos......................................................................................86 5.2 Painel de Indicadores Integrando o Método de Análise Tradicional e o Método de Fleuriet..............................................94 5.3 Aplicação Numérica....................................................................96 5.4 Contribuições..............................................................................99 CONCLUSÃO..................................................................................101 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................104 ANEXO ...........................................................................................108 LISTA DE QUADROS Quadro: Página 1 Esquema do Balanço Patrimonial 7 2 Esquema Geral da Demonstração de Resultados do Exercício 10 3 Análise das Demonstrações Contábeis e o processo de tomada de decisão 13 4 Du Pont – retorno sobre o investimento - 31/12/x0 45 5 Du Pont – retorno sobre o investimento - 31/12/x1 46 6 Reclassificação de Balanço na abordagem dinâmica do Modelo Fleuriet 55 7 Necessidade Líquida de Capital de Giro – exemplo 1 57 8 Necessidade Líquida de Capital de Giro – exemplo 2 58 9 Necessidade Líquida de Capital de Giro – exemplo 3 59 10 Necessidade Líquida de Capital de Giro – exemplo 4 60 11 Necessidade Líquida de Capital de Giro – exemplo 5 61 12 Modelo Fleuriet – Balanço Patrimonial 65 13 EBITDA 81 14 Aplicação Numérica do EVA 84 15 Modelo de Decisão 89 16 Painel Comparativo Modelo Tradicional/Modelo Fleuriet 91 17 Painel de Indicadores Integrando Análise Tradicional/Modelo Fleuriet 92 18 Painel de Indicadores Integrando Análise Tradicional/Modelo Fleuriet 96 INTRODUÇÃO Para o bom desempenho de uma organização, muitas vezes torna-se necessário uma visão mais aprofundada sobre os resultados por ela obtidos, bem como de seu desempenho, de modo a se detectar os pontos fortes e fracos de seu processo operacional e financeiro, objetivando propor alternativas de curso futuro a serem tomadas e seguidas pelos gestores. Assim sendo, seria possível obter uma avaliação mais detalhada da situação da empresa, em todos aqueles aspectos desejados. O procedimento mais utilizado para essa avaliação é feito através da análise das informações contidas nas demonstrações contábeis. Nesse processo, o analista deve valer-se de uma série de cálculos matemáticos, traduzindo as demonstrações contábeis em indicadores. Os indicadores buscam evidenciar as características dos principais inter-relacionamentos existentes entre o balanço patrimonial, que apresenta uma visão estática e momentânea da empresa, e a dinâmica representada pela demonstração de resultados. Em 1986, na UNIMEP - Universidade Metodista de Piracicaba – São Paulo, na disciplina Análise das Demonstrações Financeiras, quando se discorria sobre a análise efetuada no Balanço Patrimonial e na Demonstração do Resultado do Exercício, apresentava-se a metodologia tradicional, isto é, começando-se através da análise vertical e horizontal, e posteriormente calculando-se os indicadores econômico-financeiros (liquidez corrente, liquidez seca, liquidez imediata e liquidez geral, endividamento e rentabilidade) . Esta metodologia tem em seu bojo central os indicadores de liquidez, principalmente o de liquidez corrente, que representa, em dado momento nas demonstrações estáticas, a capacidade de pagamento da empresa, bem como a avaliação do lucro do investimento, através do índice de rentabilidade do Patrimônio Líquido. Desta forma, a análise contábil-econômica constitui-se num processo de meditação sobre as demonstrações contábeis, objetivando a avaliação da situação da situação da empresa, em seus aspectos operacionais, econômicos, patrimoniais e financeiros, e conseqüentemente tornando-se importante instrumento de gestão. Vale ressaltar que a análise das demonstrações contábeis é comumente chamada de análise financeira ou de balanço, sendo mais conhecida como análise de balanço. Neste trabalho as três expressões citadas são igualmente utilizadas. Ora, nos meios acadêmicos é comum o questionamento de que outra metodologia melhor adaptar-se-ia na análise contábil–econômica, visando à avaliação da empresa. Assim sendo, partiu-se desta discussão genérica para estabelecer o tema deste trabalho, voltado à comparação entre modelos de análise das demonstrações financeiras passíveis de orientar o processo decisório de uma organização. Tendo este assunto amadurecido, aproveitou-se a oportunidade para discutir nesta dissertação de mestrado outros modelos e alternativas de análise existentes, tais como: a) Modelo do Professor Fleuriet; b) Análise de Investimentos; c) EBITDA – Lucro antes dos Juros, Impostos, Depreciações e Amortizações (Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization); d) EVA – Valor Econômico Agregado ou Adicionado (Economic Value Added) O modelo do Professor FLEURIET, também conhecido como modelo de necessidade de investimento em giro, propõe-se a analisar o investimento em capital de giro e sua administração, a partir das informações obtidas através das demonstrações contábeis. A Análise de Investimentos tem sua idéia central focada no fluxo de caixa descontado a uma taxa de atratividade. Os administradores estão continuamente buscando ativos tangíveis e intangíveis que possam aumentar o valor de suas empresas e resultar em uma valorização da riqueza dos acionistas. Elaborar a Análise de Investimentos significa identificar oportunidades potenciais de investimento, e atribuir valores a elas, de forma que a administração possa tomar decisões acertadas. EBITDA é um conceito de geração bruta operacional de lucro. Não considera resultados não operacionais, e adiciona ao lucro operacional as depreciações e amortizações. Em síntese, o EBITDA é o lucro operacional mais as depreciações e amortizações. EVA é um conceito de custo de oportunidade, ou lucro residual, que foi retomado mais recentemente. O conceito de custo de oportunidade é um conceito tradicional da teoria econômica, mas que nem sempre tem sido adotado em todas as empresas. Este conceito significa, em linhas gerais, que há realmente valor adicionado à empresa, caso o lucro líquido após o imposto de renda seja superior à um determinado custo de oportunidade de capital. O custo de oportunidade de capital é considerado como o lucro mínimo que a empresa deveria ter para remunerar adequadamente o investimento do acionista. Sendo assim, este estudo efetua a comparação entre dois modelos de análise, que podem orientar o decisor da empresa: a) modelo de análise tradicional; b) modelo de análise do Professor Fleuriet. Estes modelos são analisados em sua estruturação conceitual, aplicabilidade elimitações, e posteriormente são comparados para a formulação de uma proposta de modelo conceitual de análise contábil-econômica. Tal proposta é apresentada de forma sistêmica ao final desta dissertação, quando são descritas as etapas conceituais necessárias para sua operacionalização e incorpora as vantagens da simulação de resultados a partir do Balanço Patrimonial e da Demonstração de Resultados. Também, ao final, a aplicação numérica é feita no modelo proposto mostrando seus pontos fortes e contribuições. Não se tem a pretensão de eleger um modelo ideal. Tão pouco se tem a pretensão de que seja possível obter um modelo auto-aplicável. O objetivo desta investigação, portanto, é o de propor um modelo conceitual de análise contábil-econômica, que incorpore a simulação de resultados a partir dos principais instrumentos de demonstrações financeiras. Justifica-se esse objetivo por quanto acima comentado, isto é, pela necessidade que as organizações mais e mais vem apresentando, de obterem dados que não apenas mostrem uma fotografia estática de sua capacidade de pagamento em um dado momento, mas sim de um instrumento que lhes permita avaliar com razoável grau de certeza, a situação da empresa em todos os seus aspectos, seus resultados e desempenho, e seus pontos fortes e fracos, no que se refere a seu processo operacional e financeiro. A metodologia utilizada foi a de pesquisa bibliográfica, uma vez que se procurou relacionar os conceitos atuais sobre análise de balanço e modelos desenvolvidos com essa finalidade através da consulta a livros, artigos e outros estudos que tratam deste assunto. Procurou-se também associar um caráter exploratório ao estudo, propondo-se linhas básicas para o desenvolvimento de modelos que poderão ser utilizados em estudos futuros, relacionados à administração do capital de giro. CAPÍTULO 1 IDENTIFICAÇÃO DA ANÁLISE 1.1 O Balanço Patrimonial e sua Estrutura A estrutura do balanço, na forma de sua exposição oficial, tem que estar em concordância com a Lei 6.404/76, das sociedades anônimas. A legislação foi estendida aos demais tipos de sociedades. Assim, temos hoje uma padronização das demonstrações contábeis, de acordo com o artigo 179. A legislação prevê as seguintes peças contábeis: Balanço Patrimonial, Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados ou Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, Demonstração do Resultado do Exercício, Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos e Notas Explicativas. O Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício terão a maior atenção em nosso trabalho, em atendimento a finalidade desse estudo. As contas agregadas têm a classificação, indicada no quadro 1, a seguir: Quadro 01 - Esquema do Balanço Patrimonial Ativo Passivo Circulante Circulante Realizável a Longo Prazo Exigível a Longo Prazo Permanente Resultados de Exercícios Futuros Patrimônio Líquido De acordo com a Lei 6.404 de 15/12/76, no Ativo Circulante são classificados os seguintes parâmetros: - As disponibilidades, que compreendem o dinheiro em caixa, os depósitos bancários à vista e títulos vinculados ao mercado aberto . - Os direitos realizáveis nos doze meses seguintes à data do balanço, tais como: a) contas de clientes, b) contas correntes, c) títulos a receber, d) impostos a recuperar; e, e) quaisquer outros créditos. - Os estoques de mercadorias, produtos acabados e em elaboração, e matéria- prima. - O valor das despesas já realizadas, mas que se refiram a exercício seguinte. No Realizável a Longo Prazo, aborda-se: - Quaisquer direitos realizáveis a prazos superiores a 12 meses e também os créditos junto a empresas coligadas ou controladas, contas de diretores e de acionistas. No Ativo Permanente, classifica-se: a) Investimentos - As participações permanentes em outras sociedades. - Outros investimentos não classificável no ativo circulante e que não se destinem à manutenção da empresa. b) Imobilizado - Os bens destinados à manutenção e à produção da empresa, como os imóveis, máquinas, veículos, móveis e utensílios etc. c) Diferido - O valor das despesas já realizadas, mas que influirão no resultado de mais um exercício, isto é, serão amortizadas em mais de um ano. No Passivo Circulante, aborda-se: - As obrigações em geral, vencíveis nos 12 meses seguintes a contar da data do balanço. No Passivo Exigível a Longo Prazo, coloca-se: - As obrigações vencíveis a mais de 12 meses, também a contar da data do balanço. Em Resultados de Exercícios Futuros: - As receitas referentes a exercícios futuros, diminuídas dos custos ou despesas correspondentes. No Patrimônio Líquido classifica-se: a) O capital social, diminuído das parcelas ainda não realizadas; b) As reservas de capital; c) As reservas de reavaliação; d) As reservas de lucros; e) Os lucros acumulados; f) Por dedução, os prejuízos acumulados; g) Por dedução, as ações em tesouraria. 1.2 A Demonstração do Resultado do Exercício (D.R.E) A Demonstração do Resultado do Exercício, peça contábil de fundamental importância para a análise de balanço, vem assim exposta, conforme mostra o Quadro 2: Quadro 02 – Esquema Geral da D.R.E. Receita Operacional Bruta (-) Deduções (=) Receita Líquida Operacional (-) Custo das Mercadorias Vendidas (=) Lucro Bruto (-) Despesas Operacionais (=) Lucro ou Prejuízo Operacional (+/-) Receitas e Despesas não Operacionais (+/-) Correção Monetária do Balanço (=) Lucro ou Prejuízo antes do Imposto de Renda Contribuição Social (-) Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social (=) Lucro Final A receita bruta das vendas e serviços, é constituída pelo valor bruto faturado. O faturamento representa o ingresso bruto de recursos externos provenientes das operações normais de venda a prazo ou à vista, no mercado interno e externo, de produtos, mercadorias ou serviços. As deduções ou devoluções, descontos e impostos, são valores incidentes sobre as vendas. A receita líquida operacional, que é a diferença entre os dois itens anteriores. O custo dos produtos, mercadorias e serviços vendidos, que compreende todos os custos de produção de bens e serviços, aquisição de mercadorias líquidas dos impostos recuperados. O lucro bruto, que é o resultado da receita líquida operacional menos o custo dos produtos, mercadorias e serviços vendidos. As despesas com vendas, despesas financeiras (deduzidas as receitas financeiras), despesas administrativas e outras despesas operacionais; O lucro ou prejuízo operacional, que é o resultado do lucro bruto menos as despesas operacionais As receitas e despesas não operacionais, que compreendem resultados eventuais, basicamente oriundos da alienação de ativos permanentes. O saldo da conta de correção monetária do balanço, quando obrigatória por lei. Esta obrigatoriedade está suspensa desde 31.12.95 pela lei 9.249/95 O lucro ou prejuízo antes do imposto de renda e contribuição social, que é o resultado obtido antes da apuração dos impostos sobre o lucro. A provisão para imposto de renda e contribuição social, que são os impostos incidentes sobre o lucro líquido. A participação (nos lucros) dos administradores, empregados e partes beneficiárias; e contribuições para fundos de assistência ou previdência de empregados. O lucro ou prejuízo líquido do exercício que é o resultado final das operações da empresa e lucro ou prejuízo por ação do capital social; que consiste apenas numa informação complementar para empresas constituídas juridicamente como sociedade anônima, não sendo aplicável para outras formas de pessoas jurídicas. Esta estrutura, exposta na Lei 6.404/76, tem o caráter de atender o usuário externo da informação contábil. Diante disto surge dois grupos de usuários dainformação: o interno que são os dirigentes da empresa e seus funcionários; o externo que são os órgãos governamentais, os acionistas que não participam da administração, os bancos, fornecedores e credores, e outros que desejam conhecer os dados da empresa para futuras negociações; sintetizando: fornecedores interessados em liquidez, rentabilidade, endividamento; clientes interessados em segurança no fornecimento; bancos comerciais interessados em liquidez e endividamento; bancos de investimentos interessados em situação futura, tendência; concorrentes interessados em eficiência, pontos fortes e fracos; governo interessado em evolução setorial, tributação; dirigentes interessados em instrumento para tomada de decisão; proprietários interessados em crescimento do lucro, dividendos e valor do negócio; empregados interessados em garantia do emprego e progresso profissional. A informação contábil para uso interno e análise pode ser trabalhada com estrutura diferenciada, objetivando maior visão analítica e adaptação à cada empresa. Em outras palavras, o Balanço Patrimonial e a D.R.E. podem ser reclassificados obtendo-se assim uma evidenciação mais precisa e adequada ao usuário interessado. São exemplos: a conta duplicatas a receber apresenta as contas provisão para devedores duvidosos e títulos descontados deduzidos do seu total; com a reclassificação a conta títulos descontados vai para o passivo circulante, mostrando o total de recursos captados nessa modalidade e fazendo parte do total de compromissos assumidos pela empresa. Após este ajuste a conta duplicatas a receber fica espelhada apenas com a dedução da conta provisão para devedores duvidosos; outro exemplo pode ser a reclassificação das despesas e receitas financeiras, excluindo-as do lucro operacional, tratando-as como itens distintos na D.R.E. 1.3 Raciocínio Científico A análise de balanços baseia-se no raciocínio científico dentro de um modelo de processo de análise. Um exemplo deste modelo pode ser visualizado na Figura 01. Para a análise, a necessidade de compreender cada item do balanço, tendo que decompô-lo nas partes que o formam, para melhor interpretar seus componentes, mas tendo como referencial obter visão de conjunto de seu todo. Em outras palavras, interessa conhecer o aspecto econômico e o aspecto financeiro. O aspecto econômico considera a aplicação e rendimento de capital, e o aspecto financeiro envolve somente a capacidade de pagamento e a liquidez da empresa. A empresa possui três fontes de recursos para realização de seus negócios: a) a captação de recursos próprios; b) as reinversões de lucro; demonstradas no patrimônio líquido; c) as fontes de terceiros, evidenciadas no passivo circulante e exigível a longo prazo. Esses aspectos se entrelaçam e são integrados, razão porque a análise de balanço é econômico-financeira. Quadro 03 – Análise das Demonstrações Contábeis e o processo de tomada de decisão. Fonte: Adaptado de MATARAZZO (1987; p. 25). Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 Etapa 4 Escolha de Indicadores Comparação com padrões Diagnóstico ou conclusões Decisões ANÁLISE No processo de análise deve-se observar três etapas básicas: a) escolha de indicadores, quando se determina o critério a ser utilizado no processo de análise e quais serão os indicadores de medidas de desempenho; b) necessidade de comparação com padrões, quando os dados encontrados devem sofrer validação com padrões próprios, os construídos especificamente para a empresa ou então com padrões do setor no qual ela atua; c) o diagnóstico, quando nesta fase ponderam-se as diferentes informações obtidas em a e b, e chega-se a um diagnóstico que será apresentado na etapa “c”. O processo de análise conforme indica FRANCO (1976; p. 91), é realizado através das seguintes etapas: 1- Decomposição dos fenômenos patrimoniais em seus elementos mais simples e irredutíveis (análise propriamente dita). 2- Determinação da porcentagem de cada conta ou grupo de contas em relação ao seu conjunto (coeficientes). 3- Estabelecimento da relação entre componentes do conjunto (quocientes). 4- Comparação entre componentes do conjunto em sucessivos períodos (índices) 5- Comparação entre componentes de diferentes conjuntos para determinação de padrões”. Também sobre este processo, ANTHONY (1976; pp.217-218),explica que, em termos gerais, pode-se descrever o processo da análise como o de comparar o que realmente aconteceu com um padrão. Um padrão é uma medida do que deveria ter acontecido sob as circunstâncias prevalecentes. Para decidir sobre os tipos de comparações úteis, precisamos considerar a empresa como um todo – quais os seus objetivos – pois as comparações pretendem, essencialmente, lançar luz sobre como a empresa realiza seus objetivos. 1.4 Necessidade da Análise Os usuários necessitam da informação contábil, para formar opiniões e tomar decisões concernentes ao negócio. Neste aspecto, entra em evidência a necessidade de ordenamento sistemático e critério de padrões. A contabilidade sai do processo de escrituração para o estudo das mutações patrimoniais. Os cálculos matemáticos dos indicadores efetuados a partir do balanço patrimonial e da demonstração de resultados, procuram auxiliar a evidência do entendimento da situação da empresa. Diante do exposto, o usuário interno ou externo da informação sente necessidade cada vez maior de utilizar esta ferramenta que a contabilidade coloca a sua disposição. Conforme coloca PADOVEZE (1997; p. 125), todos os cálculos são então baseados no balanço patrimonial e na demonstração de resultados. Em razão disso, fica evidente que o mais importante para o analista financeiro não é saber calcular ou interpretar os indicadores, mas possuir um conhecimento profundo dessas duas principais peças contábeis. Nesse sentido, a análise de balanço, em teoria, poderia ser exercida sem os indicadores, bastando o conhecimento aprofundado das demonstrações contábeis básicas. Sabemos, entretanto, que tais indicadores e as técnicas de análise de balanço agilizaram sobremaneira o processo de avaliação da empresa. IUDÍCIBUS (1988; p. 19), assim se expressa sobre este tema: “A necessidade de analisar demonstrações contábeis é pelo menos tão antiga quanto a própria origem de tais peças. Nos primórdios da Contabilidade quando se resumia, basicamente, à realização de inventários, já o “analista” se preocupava em anotar as variações quantitativas e qualificativas das várias categorias de bens incluídos em seu inventário”. MATARAZZO (1987; pp. 27-28), por sua vez, comenta que a análise de balanços tornou-se praticamente obrigatória em 1915 nos Estados Unidos. Nesse ano, determinava o Federal Reserve Board (o Banco Central dos Estados Unidos) que só poderiam ser redescontados os títulos negociados por empresas que tivessem apresentado seu balanço ao banco, medida que consagrou definitivamente o uso de demonstrações financeiras como base para a concessão de crédito. Entretanto, as demonstrações financeiras na época não eram preparadas adequadamente para os fins a que se destinavam. Não havia uniformidade nas disposições e na terminologia, nem na classificação de rubricas. Importante contribuição para a melhoria da forma de apresentação das demonstrações financeiras foi feita pelo Federal Reserve Board, em 1918, através de um livreto que incluía formulários padronizados para Balanço e Demonstração de Lucros e Perdas, bem como um esboço de procedimentos de auditoria e princípios de preparação de demonstrações financeiras. Também conforme MATARAZZO (1987; p. 27), Alexander Wall, considerado o pai da Análise de Balanços, apresentou em 1919, um modelo através de índices, e demonstrou a necessidade de considerar outras relações, além de AtivoCirculante e Passivo Circulante. Alexandre Wall desenvolveu, posteriormente, em parceria com outros autores, fórmulas matemáticas de avaliação de empresas, ponderando diversos índices de balanço. Tendo adotado o método de computar vários coeficientes, sentiam os analistas a necessidade de padrões de referência que os auxiliassem em suas avaliações. Em 1923, afirmava-se no prefácio da obra “Financial and operating ratios in management”, de James H. Biss, que em todos os ramos de atividades há certos coeficientes característicos que podem ser obtidos através de médias. A partir de 1931, a Dun & Bradstreet passou a elaborar e divulgar índices- padrão para diversos ramos de atividades, nos Estados Unidos. Em 1925, Stehen Gilman, realizando algumas críticas à análise de coeficientes, propôs que fosse substituída pela construção de índices encadeados que indicassem as variações havidas nos principais itens em relação a um ano-base (iniciando o que se chama análise horizontal). Na década de 30, surgiu dentro da empresa Du Pont, de Nemours, um modelo de análise da rentabilidade de empresa que decompunha a taxa de retorno em taxas de margem de lucro e giro dos negócios, chamado análise do ROI (Return on Investment). Assim, em cerca de 40 anos, assentaram-se as bases das técnicas de análise de balanços. No Brasil, até 1968, a Análise de Balanços era ainda um instrumento pouco utilizado na prática. Foi criada, nesse ano, a SERASA (Centralização de Serviços dos Bancos S. A .), empresa que passou a operar como central de Análise de Balanços de bancos comerciais. 1.5 Limitações da Análise Existem limitações na análise das demonstrações financeiras decorrentes da própria fonte utilizada. Para extrair informações confiáveis dos balanços é imprescindível conhecer os procedimentos contábeis, a estrutura das demonstrações financeiras, além de vivência prática. As seguintes precauções devem ser tomadas, visando obter melhores conclusões da análise: a) certificar-se de que as demonstrações financeiras foram elaboradas segundo critérios contábeis homogêneos, para a seguir proceder as classificações necessárias; b) trabalhar com um grupo de índices compatível com a finalidade da análise, se para gerenciamento da capacidade de pagamentos ou para aquisição de investimentos; c) inteirar-se das peculiaridades da empresa e do seu ramo de negócios; d) realizar comparações estatísticas, 3 anos, 4 anos e assim sucessivamente; e) complementar com avaliação setorial em que se encontra a empresa. Em outras palavras, transformando os dados apresentados em informações para a tomada de decisão, conforme PADOVEZE (1998; p. 41), que afirma que a informação é o dado que foi processado e armazenado de forma compreensível para seu receptor e que apresenta valor real ou percebido para suas decisões correntes ou prospectivas. Dado é o registro puro, ainda não interpretado, analisado e processado. Comunicação é o processo de transmissão de informação e de compreensão que somente se efetiva mediante uso de símbolos comuns. Resumindo, informação é o dado de forma a ser entendido pelo receptor. A transferência de informação é a comunicação. GIL (1978; p.14), por sua vez, relata que um sistema de informações tem que trabalhar dados para produzir informações. Logo, o dado é a matéria-prima que o sistema de informação vai trabalhar, enquanto que informação é o produto final do sistema de informações, e deve ser apresentada em forma e conteúdo adequados ao usuário. Na análise de eficiência e produtividade, bem como de certas relações que envolvem valores e quantidades, muitas informações úteis podem ser extraídas. IUDÍCIBUS (1988; p. 183), coloca que, além das limitações já comentadas, a análise realizada levando-se em conta apenas valores de balanços e de outros demonstrativos contábeis tem ainda uma outra limitação adicional, que é a de não utilizar quantidades ou unidades físicas, juntamente com valores. Informações em unidades físicas são freqüentemente tão ou mais importantes do que em valores, ou pelo menos realçam a utilidade dos quocientes quando relacionados com valores. Adicionalmente, uma área que deve merecer uma análise à parte é a de fluxo de capital de giro líquido e fluxo de caixa. A análise quantitativa e qualitativa das fontes e usos de capital de giro líquido pode fornecer muitas indicações úteis para otimizar a estrutura financeira de capital no médio e longo prazo. Da mesma forma, uma análise do fluxo de caixa, principalmente o projetado, auxilia a desvendar os períodos em que se torna necessário reforço de recursos de caixa ou em que devemos aplicar recursos ociosos. As conclusões a serem extraídas dos quocientes calculados devem ser as mais cuidadosas possíveis, aliando o conhecimento técnico e a experiência do analista. Métodos estatísticos podem apenas auxiliar a sensibilidade do analista a encontrar algumas pistas. Por outro lado, é bom lembrar que a análise de balanços não é realizada apenas através de quocientes. Comparações de balanços em várias datas, gráfico mostrando evolução de itens em várias datas, estabelecimento de tendências, fazem parte do arsenal à disposição do analista para orientá-lo na tomada de decisão, embora a análise por quocientes seja, sem dúvida, a parte mais importante. CAPÍTULO 2 Análise Financeira Tradicional 2.1 Introdução Tem no seu bojo principal a avaliação da situação econômica- financeira da empresa, servindo-se da metodologia de medição sobre demonstrações contábeis, levantando os pontos fortes e os fracos da empresa. Os cálculos, seguindo a metodologia tradicional, são provenientes das principais peças contábeis, o balanço patrimonial e a demonstração de resultados. Vemos então que, se os cálculos fossem realizados e já apresentados nas demonstrações contábeis, a função de calcular não seria importante para o analista contábil, mais sim em ter um conhecimento profundo das demonstrações financeiras, sendo um “expert” nesse assunto. A análise tradicional compreende em linhas gerais, três grandes conjuntos de indicadores: a análise vertical, a análise horizontal e os indicadores econômicos – financeiros. 2.2 Análise Vertical A análise vertical, também conhecida como análise de estrutura, e utilizada na avaliação estrutural da empresa, determina o percentual de cada item em relação ao total do Balanço Patrimonial ou a um valor principal da Demonstração do Resultado do Exercício. No balanço patrimonial determina a participação de cada elemento patrimonial. Quando se fala em elemento patrimonial entende-se as rubricas ligadas ao ativo e ao passivo. O cálculo é baseado no percentual de 100% (cem por cento) para o total do ativo e para o total do passivo. Todos os itens estarão em relação a esse percentual de cem por cento. Na demonstração de resultados, a receita operacional líquida representa 100% (cem por cento) e os demais valores estarão em função desse percentual. A análise vertical nesse demonstrativo evidencia a participação dos custos, das despesas e do lucro ou prejuízo em relação ao parâmetro de medição, com isso, medindo a lucratividade que é a relação vendas e lucros. Se a análise é procedida dentro da empresa, proporcionará riquíssimas informações para a tomada de decisão. A abertura dos custos, medindo a participação de cada componente, em outras palavras, qual a relação da matéria– prima com a mão–de–obra-direta e com os outros gastos de fabricação, ou interpolando a tríade matéria–prima, mão–de–obra–direta e gastos gerais de fabricação. Esta análise aplicada às demonstrações publicadas tange somente aos dados divulgados. Esta análise é realizada para a demonstração contábil de uma determinada data e deve ser completada com as outras análises, a análisehorizontal e a análise de índices, para que se possa compreender melhor a situação da empresa. Para MATARAZZO (1987; p. 222), a análise vertical baseia-se em valores percentuais das demonstrações financeiras. Já IUDÍCIBUS (1998; p. 138), coloca que este tipo de análise é importante para avaliar a estrutura de composição de itens e sua evolução no tempo. FRANCO (1976; p. 118), por sua vez, afirma que a determinação da porcentagem de cada elemento patrimonial em relação ao conjunto indica o coeficiente dos diversos grupos patrimoniais, dando-nos assim idéia precisa de distribuição dos valores no conjunto patrimonial. Ora, é importante saber a porcentagem de cada grupo em relação ao total do patrimônio, pois, através desta análise, pode- se aquilatar se há excesso de imobilização, insuficiência de capitais, ou de disponibilidades, etc. A análise vertical da demonstração de resultados de períodos sucessivos pode fornecer uma boa base para demonstração de resultados projetados. Entretanto, algumas limitações quando da mudança no processo tecnológico, nos custos dos insumos, nos preços de venda, devem ser cuidadosamente observadas quando se utilizam dados históricos. Uma comparação muito utilizada é a comparação com concorrentes ou empresas do mesmo setor. 2.3 Análise Horizontal A análise horizontal, também titulada como análise de evolução, calcula o delta (variação) de um período para outro ou de vários períodos em relação a outro período-base. Esta variação é medida em termos de percentuais ou série de números índices. A oscilação de crescimento ou diminuição de um determinado elemento terá reflexo em outro elemento. Por exemplo, no balanço patrimonial, se na conta caixa / bancos houve uma diminuição de disponibilidade, poderá ter havido um aumento nas aplicações financeiras ou uma redução no ativo circulante; na demonstração de resultados um aumento nos custos poderá indicar um aumento nas vendas e uma redução nos estoques de produtos acabados. Na análise horizontal nominal considera-se o resultado puro do delta, como ele se apresenta de um período para o outro, sem descontar os efeitos da inflação do período que estamos considerando para análise. Na análise horizontal real, após o cálculo desconta-se a inflação do período, sendo que a taxa de desconto pode ser considerada a divulgada pelos órgãos oficiais ou a taxa interna da empresa. Outro critério de análise horizontal real pode ser obtido transformando os dados das demonstrações contábeis em moeda estrangeira, que seja significativa para os períodos considerados. A análise horizontal das contas das demonstrações contábeis, balanço patrimonial e demonstração de resultado, mostra as variações que ocorrem em valores monetários ou em valores relativos num determinado período de tempo. Enquanto que o balanço patrimonial e a demonstração de resultados, refletem a situação numa determinada data, a análise horizontal enfatiza as modificações que ocorreram nas contas durante o período. A avaliação das modificações das contas poderá ser realizada através da comparação com: a) variações históricas da própria empresa; b) taxas de crescimento da economia; c) taxas de crescimento do setor ao qual pertence a empresa; d) variações nas contas idênticas das demonstrações contábeis de concorrentes próximos. MATARAZZO (1987; p. 223), coloca que a evolução de cada conta mostra os caminhos trilhados pela empresa e as possíveis tendências. Baseia-se na evolução de cada conta de uma série de demonstrações financeiras em relação à demonstração anterior e/ou em relação a uma demonstração financeira básica, geralmente a mais antiga da série. Segundo IUDÍCIBUS (1988; p. 134), a finalidade principal da análise horizontal é denotar o crescimento de itens dos balanços e das Demonstrações de Resultados (bem como de outros demonstrativos) através dos períodos, a fim de caracterizar tendências. 2.4 Indicadores Econômicos – Financeiros Tradicionalmente, o mais importante é avaliação do significado de cada quociente, relacionando com os grupos do balanço e da demonstração de resultados. De acordo com MATARAZZO (1987; p. 96), “um índice é como uma vela acesa num quarto escuro”. Índice é a relação entre contas ou grupo de contas das Demonstrações Financeiras, que visa evidenciar determinado aspecto da situação econômica ou financeira de uma empresa. Assim sendo, “a análise de balanços encontra seu ponto mais importante no cálculo e avaliação do significado de quocientes, relacionando principalmente itens e grupos do Balanço e da Demonstração do Resultado”. (IUDÍCIBUS, 1988, p. 145). O objetivo é mostrar a posição atual da empresa e de posse desse quadro, à administração pode projetar plano para o futuro, realçando os pontos fortes e fracos. “A característica fundamental dos índices é fornecer visão ampla da situação econômica ou financeira da empresa” (MATARAZZO, 1987; p. 96). A utilização de quocientes, tem como finalidade absorver tendências e comparar com os padrões criados pela empresa ou então comparar com os padrões dos setores, que são divulgados através de publicações técnicas. No gerenciamento interno, a análise deve ser periódica, isto é, mês a mês, para que a administração concentre os esforços corretivos. Para que o administrador financeiro possa planejar suas atividades, precisa conhecer o ambiente econômico, político e social, podendo afetar nas operações da empresa, os seus pontos fortes e os fracos. Os pontos fortes devem ser identificados a fim de que possa tirar certas vantagens para a empresa, no meio onde atua. Por outro lado, as fraquezas devem ser analisadas para que ações corretivas sejam tomadas, em tempo hábil, objetivando a melhoria da performance da empresa. De acordo com MATARAZZO (1987; p. 96), os índices servem de medida dos diversos aspectos econômicos e financeiros das empresas. Assim como um médico usa certos indicadores, como pressão e temperatura, para elaborar o quadro clínico do paciente, os índices financeiros permitem construir um quadro de avaliação da empresa. Um dos principais instrumentos para se avaliar certos aspectos do desempenho passado, presente e futuro da empresa é a análise de índices financeiros, calculados basicamente a partir das contas do balanço patrimonial e da demonstração de resultados. A análise das demonstrações financeiras de uma empresa pressupõe, de início, definir o ponto de vista sob o qual se está examinando a empresa. Cada tipo de análise tem um propósito ou utilidade que irá determinar as diferentes relações a serem enfatizadas na análise. O analista pode, por exemplo, ser o gerente de um banco comercial que deve decidir sobre a concessão de um empréstimo de curto prazo para uma firma. Nestas condições ele está principalmente interessado na liquidez da firma e portanto, deve enfatizar os índices que medem a liquidez e a atividade. IUDÍCIBUS (1988; p. 179), relata que a análise de balanços tem auxiliado os gerentes de crédito na tarefa de decidir se vale a pena ou não conceder créditos a seus clientes. Por outro lado, os credores a longo prazo (bancos de investimento, bancos de desenvolvimento) devem dar mais ênfase ao potencial de lucro e na eficiência operacional do que na liquidez. Do mesmo modo, os investidores, acionistas, estão geralmente interessados na eficiência e rentabilidade de longo prazo. A administração da empresa está, naturalmente, interessada em todos os aspectos da análise financeira. Para obtenção de recursos, tanto a curto como a longo prazo, a apresentação de índices favoráveis representa segurança para os credores, bancos, fornecedores, acionistas e outros, e para a empresa. Ademais, trata-se de um instrumento de grande utilidade para avaliação periódica do desempenho da empresa. A determinação dosíndices financeiros é realizada através do quociente entre contas, parciais ou totais, do balanço patrimonial entre si e entre contas do balanço patrimonial e contas da demonstração de resultados. Para o cálculo dos índices financeiros ser possível, e os seus resultados terem significado, é necessário que tanto as contas do balanço patrimonial como da demonstração de resultados sejam enquadrados numa forma padronizada permitindo comparações. Cada uma das contas precisa ser claramente identificada e analisada para fins de enquadramento. “O primeiro passo para a análise é a padronização” (MATARAZZO, 1987; p. 92),. Além disso, deve-se comparar demonstrações financeiras correspondentes às mesmas datas, evitando-se possíveis efeitos distorcidos devido a sazonalidade das operações da empresa. Calculados os índices, é necessário avalia-los. A avaliação é realizada através de comparações com índice médio do setor ou então com séries históricas da empresa. IUDÍCIBUS (1988; pp. 174-175), considera que já tivemos oportunidade de realçar a importância das comparações. O assunto, todavia, é tão crítico que volta-ses a ele. Como se vê,, qualquer análise de balanços de terminada empresa deveria ser comparada com: a) série histórica da mesma empresa; b) padrões previamente estabelecidos pela gerência da empresa; c) quocientes análogos de empresas pertencentes ao mesmo ramo de atividade, bem como as médias, medianas e modas dos quocientes do setor; d) certos parâmetros de interesse regional, nacional ou mesmo internacional”. Alguns dos índices médios do setor são fornecidos por publicações especializadas anuais tais como: Revista Conjuntura Econômica, Revista Exame, Serasa etc. A avaliação dos índices financeiros periódicos indica se a empresa está operando conforme planejado, além de servir de base para o planejamento das operações futuras. Pode-se classificar os índices financeiros sob quatro aspectos básicos: a) índices que medem a liquidez; b) índices que medem a lucratividade e rentabilidade; c) índices que medem a atividade; d) índices que medem o endividamento. Índices que medem a liquidez Geralmente, a primeira preocupação do analista é a liquidez. Terá a empresa capacidade de saldar suas obrigações a curto prazo? Embora, para se fazer uma análise completa da situação de liquidez seja necessário o uso do orçamento de caixa, a simples análise dos índices, resultante das relações entre os elementos do ativo circulante e passivo circulante, fornece rapidamente a situação de liquidez da empresa. MATARAZZO (1987; p. 111), considera que muitas pessoas confundem índices de liquidez com índices de capacidade de pagamento. Os índices de liquidez não são índices extraídos do fluxo de caixa que comparam as entradas com as saídas de dinheiro. São índices que, a partir do confronto dos Ativos Circulantes com as Dívidas, procuram medir quão sólida é a base financeira da empresa. Uma empresa com bons índices de liquidez tem condições de ter boa capacidade de pagar suas dívidas, mas não estará, obrigatoriamente, pagando suas dívidas em dia em função de outras variáveis como prazo, renovação de dívidas etc. “Seguindo a trajetória de nossas pesquisas chegamos à conclusão de que a teoria da liquidez é de natureza fundamental. O reconhecimento, portanto, de um estado de liquidez, não pode estar baseado em fórmulas empíricas, mas, sim rigorosamente científicas” (SÁ, 1965; p. 119). Índices que medem a lucratividade e rentabilidade A lucratividade pode ser considerada como o resultado líquido medido em termos de lucro, de um conjunto de diretrizes e decisões administrativas durante um certo período de tempo. Os índices de lucratividade indicam a eficiência da gestão administrativa da empresa. Para IUDÍCIBUS (1988; p. 159), de maneira geral, portanto, deve-se relacionar um lucro de um empreendimento com algum valor que expresse a dimensão relativa do mesmo, para analisar quão bem se saiu a empresa em determinado período. Índices que medem a atividade Estes índices indicam com que eficiência a empresa utiliza os recursos disponíveis, tais como: ativo total, estoques, duplicatas a receber etc. IUDÍCIBUS (1988; pp. 153-154) afirma: “Estes quocientes, importantíssimos, representam a velocidade com que elementos patrimoniais de relevo se renovam durante determinado período de tempo. Por sua natureza têm seus resultados normalmente apresentados em dias, meses ou períodos maiores, fracionários de um ano. A importância de tais quocientes consiste em expressar relacionamentos dinâmicos - daí a denominação de quocientes de atividade (rotação).” Índices que medem o endividamento Indicam a relação entre as obrigações, passivo exigível e o patrimônio líquido ou ativo total. Conforme coloca IUDÍCIBUS (1988; p. 151), “Estes quocientes relacionam as fontes de fundos entre si, procurando retratar a posição relativa do capital próprio com relação ao capital de terceiros.” Damos a seguir as fórmulas para obtenção dos principais indicadores. Medidas de liquidez: 1) Índice de liquidez corrente = ILC Ativo Circulante ILC = --------------------------------- Passivo Circulante Ativo Circulante = caixa e bancos (disponível); duplicatas a receber, títulos a receber, contas a receber, estoques. Passivo Circulante = contas a pagar, títulos a pagar a curto prazo, empréstimos e financiamentos, salários a pagar, impostos a pagar. O ILC mede a capacidade da empresa de saldar os seus compromissos a curto prazo.É, segundo MATARAZZO (1987; p. 114), quanto a empresa possui no Ativo Circulante para cada Cr$ 1,00 de Passivo Circulante. 2) Índice de liquidez seco – ILS Ativo Circulante (-) Estoque ILS = ------------------------------------------------------ Passivo Circulante O ILS também mede a capacidade da empresa em saldar os seus compromissos a curto prazo, porém sem os estoques. Subtrai-se o estoque do Ativo Circulante porque se considera que é o item do realizável a curto prazo menos líquido em relação aos demais itens do Ativo Circulante. Por outro lado, é mais provável a ocorrência de perdas por obsolescência ou deterioração, no caso de liquidação da empresa. De acordo com MATARAZZO (1987; p. 119), este índice é um teste de força aplicado à empresa; visa medir o grau de excelência da sua situação financeira. De um lado, abaixo de certos limites, obtidos segundo os padrões do ramo, pode indicar alguma dificuldade de liquidez, mas raramente tal conclusão será mantida quando o índice de Liquidez Corrente for satisfatório. De outro lado, o índice de liquidez seca conjugado com o índice de Liquidez Corrente é um reforço à conclusão de que a empresa é um atleta de liquidez. 3) Índice de liquidez geral – ILG Ativo Total (-) Ativo Permanente ILG = --------------------------------------------------------- Passivo Total (-) Patrimônio Líquido Este índice representa a relação entre os ativos circulante e realizável a longo prazo e os exigíveis circulante e a longo prazo mais a conta resultados de exercícios futuros. Indica a relação entre as contas do ativo e do passivo, excluído o patrimônio líquido. O ILG deve ser utilizado para medir e evitar o excessivo endividamento da empresa. “Representa quanto a empresa possui no Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo para cada Cz$ 1,00 de dívida total.” (MATARAZZO 1987; p. 112). Este indicador deve ser analisado com muito cuidado, tendo em vista que o perfil do endividamento financeiro de longo prazo das empresas é muito diferenciado, bem como o custo financeiro dessa dívida. Medidas de lucratividade: 1) Margem líquida = ML Lucro Líquido após IR ML = ------------------------------------------------- x 100 Receita Operacional Líquida A ML indica o resultado final dasoperações da empresa. É de interesse para os credores e acionistas. Este índice varia com o setor em que opera a empresa e com o comportamento da economia em geral. IUDÍCIBUS (1988; p. 160), diz que este quociente, apesar dos esforços constantes para melhorá-lo, comprimindo despesas e aumentando a eficiência, apresenta-se baixo ou alto de acordo com o tipo de empreendimento. 2) Retorno sobre o ativo total – RAT Lucro Líquido após IR RAT = ---------------------------------------- x 100 Ativo Total Indica a eficiência global da administração quanto à obtenção de lucros com seus ativos. É de grande interesse para a administração da empresa. A taxa de retorno sobre o ativo total pode também ser obtido pela multiplicação da margem líquida pela rotação do ativo total. MATARAZZO (1987; p. 125), coloca que este índice mostra quanto a empresa obteve de Lucro Líquido em relação ao Ativo. É uma medida do potencial de geração de lucro da parte da empresa. Margem líquida x giro ativo total = L.L. após IR Receita Operacional Bruta = ------------------------------------ x --------------------------------------- Receita Operacional Bruta Ativo Total Este índice deve também ser analisado com cuidado, uma vez que o mais adequado é a relação lucro operacional, líquido dos impostos, sobre o ativo total. 3) Retorno sobre o patrimônio líquido dos acionistas = RPL Lucro Líquido após IR (-) Dividendos Preferenciais RPL = ---------------------------------------------------------------------------- x 100 Patrimônio Líquido (-) Capital de Ações Preferenciais Este índice indica o ganho dos proprietários de ações ordinárias, em relação ao patrimônio líquido, ele é considerado o principal indicador de sensibilidade. É de grande interesse dos portadores de ações ordinárias da empresa. MATARAZZO (1987; p. 127), afirma que o papel do índice de Rentabilidade do Patrimônio Líquido é mostrar qual a taxa de rendimento do Capital Próprio. Essa taxa pode ser comparada com a de outros rendimentos alternativos no mercado, como a Caderneta de Poupança, OTN, CDB, RDB, Letras de Câmbio, ações, aluguéis e de outras empresas; com isso se pode avaliar se a empresa oferece rentabilidade superior ou inferior. Matarazzo, inclusive, considera-o como o indicador definitivo de rentabilidade. 4) Lucro por ação - LPA Lucro Disponível aos Acionistas Comuns LPA = --------------------------------------------------------------- Número de Ações Ordinárias Emitidas Representa o ganho para cada ação ordinária emitida. É de interesse para os acionistas atuais e potenciais e para a administração da empresa. 5) Dividendos por ação = DPA Dividendos Pagos DPA = ------------------------------------------------------- Número e Ações Ordinárias Emitidas É de interesse dos acionistas comuns e para a administração da empresa, no sentido de atrair acionistas atuais ou potenciais para aplicar na mesma. Medidas de atividades: 1) Giro do ativo total = GAT Receita Operacional Bruta GAT = --------------------------------------------- Ativo Total Mede a eficiência da administração quanto à utilização do ativo total, circulante, realizável a longo prazo e permanente. Um baixo índice de rotação do ativo total revela a existência de um investimento excessivo em ativos e, ou um baixo nível de vendas. Para IUDÍCIBUS (1988; p. 157), este quociente de atividade expressa quantas vezes o ativo ”girou” ou se renovou pelas vendas. Pode ser desdobrado numa série de subquocientes, tais como: Vendas / Ativo Circulante, Vendas / Ativo Permanente etc. No numerador, podemos utilizar vendas brutas ou, como variante, vendas líquidas. 2) Rotação de estoques = RES Custo das Mercadorias Vendidas RES = ------------------------------------------------------ Estoque Médio Mede a eficiência com que a empresa administra os seus investimentos em estoque. Este índice deve ser o mais alto possível, com risco mínimo da falta de estoque. Um índice de rotação pequeno indica excesso de estoques, representando em circunstâncias normais, um investimento oneroso para a empresa. Os estoques podem ser subdivididos em produtos acabados, produtos em elaboração, matérias primas e secundárias e materiais diversos. “Este quociente, muito divulgado, procura (mensurado pelo custo das vendas) representar quantas vezes se “renovou” o estoque por causa das vendas” (IUDÍCIBUS, 1988; p. 154). 3) Período dos estoques = PME Saldo Médio Estoques PME = -------------------------------------------- x 360 Custo Mercadorias Vendidas É o número médio de dias que ficam os estoques na empresa. A manutenção deste exige capital de giro para financiá-lo. Desta forma, quanto maior o estoque em número de dias, maior necessidade de recursos possui a empresa. 4) Rotação de duplicatas a receber = RDR Vendas Anuais a Crédito RDR = ----------------------------------------------------- Saldo Médio Duplicatas a Receber É o número de vezes que as duplicatas são convertidas em caixa, por ano. Mede a liquidez das duplicatas. Quanto maior a rotação, maior a liquidez. 5) Período médio de cobrança = PMC Duplicatas a Receber PMC = ----------------------------------------- x 360 Vendas Anuais a Prazo Representa o número médio de dias que a empresa está recebendo as duplicatas resultantes das vendas a prazo. Este resultado deve ser comparado com o prazo concedido pela empresa, para se determinar o número de dias de atraso nos recebimentos. Para melhor análise das duplicatas em atraso deve-se distribuí-las em função de períodos de atraso, trinta, sessenta, noventa e acima de noventa dias, por exemplo. MATARAZZO (1987; p. 210), afirma que a precisão dos índices de prazos médios está diretamente ligada à uniformidade das vendas e compras. Se a empresa tem vendas e compras aproximadamente uniformes durante o ano, os índices de prazos médios calculados a partir dos dados do Balanço e da Demonstração do Resultado refletirão satisfatoriamente a realidade. Agora, se as vendas e/ou compras flutuarem, tiverem picos e vales ou concentração em determinadas épocas do ano, os índices de prazos médios poderão estar completamente distorcidos. 6) Rotação de duplicatas a pagar = RDP Compras Anuais a Prazo RDP = ------------------------------------------------------------- Média dos Saldos de Duplicatas a Pagar Representa o número de vezes que as duplicatas a pagar são convertidas em caixa, por ano. 7) Período médio de pagamento = PMP Saldo Médio de Duplicatas a Pagar PMP = ------------------------------------------------------- x 360 Compras Anuais a Prazo É o número médio de dias que a empresa está pagando, em média, os seus fornecedores. Geralmente, quando a empresa está com problema de baixa liquidez, o PMP é superior aquele concedido pelos fornecedores. Medidas de cobertura – endividamento: 1) Índice de endividamento = IE Exigível Total (1) IE = -------------------------------------- Ativo Total (1) passivo circulante (+) exigível a longo prazo (+) resultado de exercícios futuros. Mede a capacidade da empresa em saldar os seus compromissos com terceiros, no caso de uma eventual liquidação. Quanto menor o índice, menor o seu endividamento. MATARAZZO (1987; p. 99) ressalta que os índices desse grupo mostram as grandes linhas de decisões financeiras, em termos de obtenção e aplicação de recursos. “Este quociente é um dos mais utilizados para retratar o posicionamento das empresas com relação aos capitais de terceiros” (IUDÍCIBUS, 1988; p. 152 2) Índice de endividamento – IE ExigívelTotal IE = ------------------------------------ Patrimônio Líquido É uma outra maneira de medir o endividamento da empresa. Estabelecer a relação entre as dívidas totais, passivo, e o patrimônio líquido. 3) Índice de empréstimo de longo prazo / patrimônio líquido = IEP Empréstimo a Longo Prazo IEP = ----------------------------------------------- Patrimônio Líquido Relaciona os recursos fornecidos por credores de longo prazo, com recursos fornecidos pelos proprietários da empresa. Uma administração financeira eficiente, normalmente toma empréstimos de longo prazo para financiar os investimentos em ativo imobilizado e, ou capital de giro adicional, aumento de produção. 4).. Índice de cobertura de juros = ICJ Lucro antes dos Juros e IR ICJ = ---------------------------------------------- Despesa Anual de Juros Mede a capacidade da empresa de cobrir os juros, juros mais correção monetária ou variação cambial, com maior ou menor margem de segurança em função e lucro antes do pagamento dos juros e do imposto de renda. Quadro Du Pont Modificado É um gráfico destinado a mostrar as relações entre o retorno sobre o investimento, a rotação dos ativos, e a margem de lucro. O quadro Du Pont mostra na primeira parte os ativos: estoques, valores a receber, disponível, permanente, totalizando-os por categoria, e divide as vendas pelos ativos totais (investimentos) para encontrar o número de vezes que gira os ativos. Na parte de baixo o quadro detalha a margem de lucros sobre as vendas. Quando dividimos o lucro operacional pelas vendas, descobrimos o percentual de lucro em relação às vendas. A rotação dos ativos vezes a margem de lucros é chamada de equação Du Pont, que é, uma fórmula que fornece a taxa de retorno sobre os ativos multiplicando-se a margem de lucro pelo giro total dos ativos, de acordo com WESTON e BRIGHAM (2000; p. 64). Este quadro está apresentado a seguir nas páginas 45 e 46. A seguir apresentamos dados dentro de um exemplo numérico de balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício: Balanço Patrimonial 31.12.X0 AV% 31.12.x1 AV% AH% Ativo ATIVO CIRCULANTE 5.527 48,0 6.912 55,1 25,0 Caixa/Bancos 1 - 1 - - Aplicações Financeiras 777 6,7 1.596 12,7 105,4 Contas a Receber de Clientes 1.620 14,1 2.005 16,0 23,7 Estoques 3.124 27,1 3.303 26,3 5,7 Outros 5 - 7 - 40,0 REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 6 0,1 8 0,1 33,3 Depósitos Judiciais 5 - 7 0,1 40,0 Incentivos Fiscais 1 - 1 - - PERMANENTE 5.990 52,0 5.634 44,9 (5,9) Investimentos 200 1,7 230 1,8 15,0 Imobilizado Líquido 5.790 50,2 5.404 43,1 (6,7) Diferido - - - - - Ativo Total 11.523 100,0 12.554 100,0 Passivo 31.12.X0 AV% 31.12.x1 AV% AH% PASSIVO CIRCULANTE 2.723 23,6 3.446 27,4 26,5 Fornecedores 460 4,0 679 5,4 47,7 Salários e Encargos a Pagar 200 1,7 265 2,1 32,5 Contas a Pagar 100 0,9 121 1,0 21,0 Impostos a Recolher s/ Merc 460 4,0 475 3,8 3,3 Impostos a Recolher s/ Lucros 100 0,9 72 0,6 (28,0) Adiantamento de Clientes 3 - 5 - 66,7 Empréstimos 1.200 10,4 1.649 13,1 37,4 Dividendos a Pagar 200 1,7 180 1,4 (10,0) EXIGÍVEL A LONGO PRAZO 4.800 41,7 4.838 38,5 0,8 Financiamentos 4.800 41,7 4.838 38,5 0,8 PATRIMÕNIO LÍQUIDO 4.000 34,7 4.270 34,0 6,8 Capital Social 4.000 34,7 4.000 31,9 - Reservas de Capital - - - - - Reservas de Reavaliação - - - - - Reservas de Lucros / Lucros Acumulados - - - - - Lucro do Período 270 2,2 - Passivo Total 11.523 100,0 12.554 100,0 8,9 Demonstração de Resultados 31.12.X0 AV% 31.12.x1 AV% AH% RECEITA OPERACIONAL BRUTA 23.787 127,6 23.883 127,6 0,4 (-) Impostos na Vendas (5.150) (27,6) (5.170) (27,6) 0,4 RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 18.637 100,0 18.713 100,0 0,4 CUSTO DOS PROD. VENDIDOS 14.707 78,9 15.123 80,8 2,8 LUCRO BRUTO 3.930 21,1 3.590 19,2 8,7 DESPESAS OPERACIONAIS 2.260 12,1 2.444 13,1 8,1 LUCRO OPERACIONAL I 1.670 9,0 1.146 6,1 (31,4) Receitas Financeiras Aplicações 46 0,2 166 0,9 261 Desp Financeiras com Financ 552 3,0 590 3,2 6,9 Outras Despesas Financeiras 88 0,5 76 0,4 (13,6) LUCRO OPERACIONAL II 1.076 5,8 646 3,5 (40,0) Resultado Não Operacional (19) (0,1) (2) - (89,5) LUCRO ANTES DOS IMPOSTOS 1.057 5,7 644 3,4 (39,1) Impostos sobre o Lucro 317 1,7 194 1,0 (38,8) LUCRO LÍQUIDO 740 4,0 450 2,4 (39,2) AV= Análise Vertical AH = Análise Horizontal Ativo Operacional 31/12/X0 31/12/X1 Ativo Total 11.523 12.554 (-) Investimentos em Controladas (200) (230) (-) Aplicações Financeiras (777) (1.596) (-) Fornecedores (460) (679) (-) Salários e Encargos a Pagar (200) (265) (-) Contas a Pagar (100) (121) (-) Impostos a recolher sobre mercadorias (460)(475) (-) Impostos a recolher sobre Lucros (100) (72) (-) Adiantamento de Clientes (3) (5) 9.223 9.111 Demonstração das Mutações Patrimoniais 31/12/X1 Patrimônio Líquido Inicial 4.000 Lucro Líquido 450 Dividendos Propostos (180) Patrimônio Líquido Final 4.270 Índices Financeiros 31/12.X0 31/12.X1 Medidas de Liquidez 1- ILC 5.527 : 2.723 = 2,03 6.912 : 3.446 = 2,01 2- ILS (5.527 – 3.124) : 2.723 = 0,88 (6.912 – 3.303) – 3.446 = 1,05 3- ILG (11.523 – 5.990) : (11.523 –4.000) = 0,74 (12.554 – 5634) : (12.554 – 4.270) = 0,84 Medidas de Lucratividade 1- ML 740 : 18.637 = 3,97% 450 : 18.713 = 2,40% 2- RAT 740 : 11.523 = 6,42% 450 : 12.554 = 3,58% 3- RPL 740 : 4.000 = 18,59% 450 : 4.270 = 10,54% 4- LPA 740 : 2.000 = 0,37 450 : 2.000 = 0,23 5- DPA 296 : 2.000 = 0,15 180 : 2.000 = 0,09 Medidas de Atividades 1- GAT (vezes) 18.637 : 11.523 = 1,62 18.713 : 12.554 = 1,49 2- RES (vezes) 14.707 : 3.124) = 4,71 15.123 : 3.303 = 4,58 3- PME (dias) (3.124 : 14.707) x 360 = 76 (3.303 : 15.123) x 360 = 78 4- RDR (vezes) 23.787 : 1.620 = 14 23.883 : 2.005 = 11 5- PMC (dias) (1.620 : 23.787) x 360 = 24 (2.005 : 23.883) x 360 = 30 6- RDP (vezes) 9.950 : 460 = 21 9.901 : 679 = 14 7- PMP (460 : 9.950) x 360 = 16 (679 : 9.901) x360 = 24 (dias) Medidas de Cobertura – Endividamento 1) IE (Sobre o Ativo Total) {(2.723 + 4800) : 11.523} x 100 = 65,29% {(3.446 + 4.838) : 12.554} x 100 = 65,99% 2- IE (Sobre o Patrimôni o Líquido) {(2.723 + 4800) : 4.000} x 100 = 188,08% {(3.446 + 4.838) : 4.270} x 100 = 194,00% 3- IEP (4.800 : 4000) x 100 = 120,00% (4.838 : 4270) x 100 = 113,30% ICJ (Medidas de Cobertura Juros) 1.670 : 552 = 3,03 1.146 : 590 = 1,94 Análise de Rentabilidade do Investimento Por ser a preocupação maior de qualquer usuário, já que o foco das empresas com fins lucrativos exigem a remuneração do capital investido, esta análise tem sido objeto de muitos estudos, e tem ensejado a criação de modelos bastante analíticos. Os quadros 4 e 5, a seguir, apresentam um modelo básico, adaptado de WESTON e BRIGHAM (2000; p. 64): Quadro 4 Du Pont – retorno sobre o investimento – 31/12/x0 RETORNO SOBRE O INVESTIMENTO VENDAS 18.637,00 ESTOQUES ATIVO 3.129,00 CIRCULANTE VALORES A RECEBER 5.527,00 ( : ) ROTAÇÃO 1.620,00 1,62 DISPONÍVEL ( + ) INVESTIMENTO 778,00 TOTAL 11.523,00 PERMANENTE ATIVO % 5.990,00 NÃO CIRCULANTE RETORNO REALIZÁVEL L.P. 5.996,00 SOBRE O 6,00 INVESTIMENTO ( X ) 9,35 VENDAS 18.637,00 CUSTO PROD.VENDIDOS LUCRO OPERACIONAL 14.707,00 ( - ) 1.076,00 DESPESAS DE VENDAS 1.130,00 TOTAL DO CUSTO %DO LUCRO DESPESAS FINANCEIRAS DAS VENDAS OPERACIONAL E OUTRAS E DESPESAS ( : ) EM RELAÇAO 594,00 17.561 ÀS VENDAS DESPESAS 6,00 ADMINISTRATIVAS 1.130,00 VENDAS 18.637,00 Quadro 5 Du Pont – retorno sobre o investimento - 31/12.X1 RETORNO SOBRE O INVESTIMENTO VENDAS 18.713,00 ESTOQUES ATIVO 3.310,00 CIRCULANTE VALORES A RECEBER 6.912,00 ( : ) ROTAÇÃO 2.005,00 1,49 DISPONÍVEL ( + ) INVESTIMENTO 1.597,00 TOTAL 12.554,00 PERMANENTE ATIVO % 5.634,00 NÃO CIRCULANTE RETORNO REALIZÁVEL L.P. 5.642,00 SOBRE O 8,00 INVESTIMENTO ( X ) 5,14 VENDAS 18.713,00 CUSTO PROD.VENDIDOS LUCRO OPERACIONAL 15.123,00 ( - ) 646,00 DESPESAS DE VENDAS 1.222,00 TOTAL DO CUSTO %DO LUCRO DESPESAS FINANCEIRAS DAS VENDAS OPERACIONAL E OUTRAS E DESPESAS ( : ) EM RELAÇAO 500,00 18.067,00 ÀS VENDAS DESPESAS 3,00 ADMINISTRATIVAS 1.222,00 VENDAS 18.713,00 Nota: Despesas Operacionais por falta de informações assumiu-se que 50% são despesas de vendas e 50% despesas administrativas, para os dois períodos. O quadro Du Pont, mostra as relações entre o retorno sobre o investimento, a rotação dos ativos e a margem de lucros. A posição inferior do quadro (análise de 31/12.x1), detalha as margens de lucros sobre as vendas. Quando se divide o lucro operacional pelas vendas, descobre-se que 3,00%, menos os impostos incidentes, de cada unidade de venda fica para os acionistas. Ao se multiplicar o giro pelo investimento obtém- se 5,14%, que representa a taxa de retorno sobre o investimento. 2.5 Conclusão de Análise A teoria clássica de finanças entende que na estruturação do balanço para fins da gestão financeira o ativo é visto como investimento da empresa e o passivo como as fontes de financiamentos, a parte dos acionistas considerada como capital próprio e a parcela dos empréstimos como capital de terceiros. Nesta conceituação teórica, não haveria necessidade de pagamento das fontes de financiamento, e sim, apenas de sua remuneração. Porém, dentro da abordagem financeira clássica, a gestão da liquidez da empresa é uma função primordial, pois o dilema liquidez x rentabilidade é um dos focos da gestão tradicional de finanças. O pressuposto para a gestão da liquidez está no sentido de que o capital de terceiros é de fora da empresa, e não é da empresa, e, consequentemente, deve ser pago. Portanto, os indicadores de liquidez são necessários e devem ser utilizados da melhor forma gerencial possível. O capital de terceiros, além disso, é instrumento para alavancagem financeira, além de fonte de financiamento. Ele é utilizado para mais lucros para os detentores do capital próprio, os acionistas, esses sim, da empresa. Portanto, no conceito clássico, a empresa tem donos, e os supridores de capital de terceiros são tratados como entidades exógenas à empresa. A função financeira de liquidez deve sempre verificar se haverá capacidade de pagamento aos emprestadores de capital, sob pena de que a empresa possa incorrer em inadimplência financeira. Os juros pagos aos emprestadores são considerados custos fixos que devem ser otimizados objetivando maior rentabilidade dos acionistas ou donos do capital próprio, e portanto, criando maior valor da empresa. O fundamento para o empreendimento é o monitoramento de sua rentabilidade. A possibilidade de a empresa entrar em problemas de liquidez está totalmente ligada à sua capacidade de geração de lucros. Tendo capacidade de geração de lucros, a empresa terá naturalmente capacidade de solver seus compromissos, isto porque, os ganhos serão maiores que os gastos. Ainda assim, poderá ser argüido que, se os ganhos forem imobilizados, tanto como ativos fixos, como ativos de giro, poderá haver a falta de liquidez. Obviamente que isso é possível de acontecer
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