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AULA 6 GESTÃO E LIDERANÇA EM AMBIENTES COMPETITIVOS Prof. Ademir Bueno 2 CONVERSA INICIAL A presente Rota de Aprendizagem tratará do tema motivação e do papel do líder para levar sua equipe a melhores níveis de entusiasmo e empolgação. Iniciaremos pelos principais conceitos sobre motivação; trataremos dos meios que podem levar à motivação e dos principais pontos que levam à desmotivação. Depois, o foco estará voltado para o autoconhecimento. Para concluir, serão apresentados os principais caminhos possíveis para motivar e contribuir para a motivação dos colaboradores. Nossos objetivos são: apresentar os principais conceitos sobre motivação e correlacionar o processo motivacional à atuação do líder. CONTEXTUALIZANDO Por que a motivação do trabalhador é um tema recorrente nas rodas de conversa entre gestores e nas produções intelectuais voltadas à gestão empresarial? Este nunca foi um tema tão importante e relevante. Se retrocedermos, vamos entender que, num passado recente, 30 a 50 anos atrás, do trabalhador era exigido que ele apenas entregasse produção, resultados, números. Não importava o trabalhador, mas aquilo que ele deixava para a empresa ao final do seu expediente. Mas as coisas mudaram. Depois da abertura de nossa economia, com a intensificação da globalização, passou-se a valorizar o trabalhador também como pessoa, como possuidor de desejos, necessidades e vontades. A partir disso, tornou-se responsabilidade do líder propiciar condições ambientais e psicológicas para que sua equipe se motive e mantenha-se motivada, produzindo mais e melhor a cada dia. TEMA 1 – MOTIVAÇÃO: CONCEITOS Para iniciar, pense no comportamento das pessoas com quem trabalha em seu dia a dia. Elas fazem somente o que é sua obrigação? Só fazem o que for mandado? Qualquer outro projeto é tratado com reclamações e pouco interesse? Ou, ao contrário, a sua equipe de trabalho é composta por pessoas sempre interessadas e energizadas para se lançar a novos desafios? Estão sempre colaborando umas com as outras? Se sua situação se enquadra no primeiro exemplo, podemos afirmar que parte de sua equipe se encontra desmotivada; 3 porém, caso se pareça mais com o final do exemplo, com certeza sua equipe de trabalho é motivada e engajada. Com todas as mudanças que aconteceram no mercado de trabalho nas últimas décadas, o tema “motivação” continua em voga e é de interesse de trabalhadores e gestores. Chiavenato (2014, p. 134) afirma: “O fato é que motivar pessoas a atingir elevados padrões de desempenho organizacional é hoje uma questão de sobrevivência das organizações, em um mundo dos negócios altamente mutável e extremamente competitivo”. Assim, como todos fazemos parte deste contexto, devemos nos preocupar com o tema e, mais que isso, trabalhar para nossa automotivação; se estivermos em uma posição de liderança, precisamos contribuir com a motivação de nossa equipe. E o que significa motivar pessoas? Tem a ver com empolgá-las, entusiasmá-las, encorajá-las para superar desafios. Motivar vem do latim movere (mover), ou seja, tem a ver com movimento, com ação para algum fim, com sair do estado de relaxamento e agir para chegar a um novo estado, a um novo ânimo, a um novo estado de espírito. A motivação não pode ser vista; é apenas por meio do comportamento manifesto, através da verbalização e disposição para ação que conseguimos observar sua presença e, mais que isso, sua intensidade e direcionamento. Chiavenato (2014, p. 136) nos apresenta, na figura abaixo, o conceito e os aspectos relacionados à motivação: Figura 1: Vários conceitos de motivação Fonte: Chiavenato, 2014, p. 136. 4 Para Silva (2008), um dos papéis do líder é o de responder pela motivação e ativação dos colaboradores. Isso se dará por meio de todas as interações que ele tem no dia a dia com seus subordinados, que podem acontecer, por exemplo, por meio da comunicação, a qual deve buscar influência e obter a cooperação no que tange aos objetivos e metas. A década de 1950 foi bem produtiva em termos de teorias sobre motivação. Na sequência, vamos falar de forma breve sobre cada uma delas. O psicólogo americano Abraham Maslow desenvolveu uma Teoria da Hierarquia das Necessidades ou Motivações Humanas. Para ele, existem diversos níveis de motivação, do básico ao mais avançado. Para alterar do nível mais simples para o mais complexo, faz-se necessário que o nível anterior tenha sido atendido. Porém, pesquisas não conseguiram comprovar tudo o que essa teoria apregoa. Abaixo, veja o detalhamento dos níveis propostos por ele. Figura 2: As necessidades humanas segundo Abraham Maslow Fonte: Chiavenato, 2009, p. 97. Podemos perceber que há uma elevação das necessidades. Para avançar, faz-se necessário que a necessidade anterior tenha sido atendida. Assim, é papel da empresa e da liderança observar esses níveis, checando o que está sob sua responsabilidade que possa impactar na motivação das pessoas e alterar aquilo que for possível para conseguir melhores resultados. Outra teoria foi desenvolvida por Douglas McGregor, o qual apresentou duas visões distintas sobre o ser humano. A Teoria X, que vê o homem sob uma perspectiva negativa, e a Teoria Y, que defende uma visão positiva sobre os humanos. Para a primeira teoria, o homem é preguiçoso, não gosta de trabalhar, precisa de supervisão constante; se puder, faz “corpo mole” para suas tarefas e 5 obrigações. Para a Teoria Y, os indivíduos veem o trabalho como algo natural. Comprometem-se com seus afazeres e responsabilidades, podendo tomar decisões inovadoras, não precisando, para tanto, estar em níveis hierárquicos superiores. Para esse teórico, a Teoria Y se sobrepõe à Teoria X e, “Por isso, ele propôs ideias, tais como tomada de decisão participativo, tarefas desafiadoras que demandam muita responsabilidade e um bom relacionamento em grupo, como formas de maximizar a motivação” (Robbins, 2009, p. 50). Outra teoria diz respeito aos dois fatores – higiênicos e motivacionais – de Frederick Hersberg, conforme a figura abaixo: Figura 3: Fatores higiênicos e fatores motivacionais Fonte: Robbins, 2009, p. 51. A figura acima explicita os fatores higiênicos e motivacionais. Quanto mais os fatores higiênicos estiverem sendo ignorado pelos gestores, maior será o grau de insatisfação dos colaboradores; ao contrário, quanto mais os fatores motivacionais forem valorizados e cuidados pela gestão, maior será o grau de satisfação no trabalho. Confira as teorias sobre motivação contemporâneas: Teoria das Necessidades de McClelland: necessidade de realização, de poder e de associação. Teoria da Fixação de Objetivos: colocar metas e objetivos claros à equipe leva à motivação para buscar alcançá-los. Teoria do Reforço: essa visão defende que o meio é responsável por ativar a motivação e mantê-la. Assim, as consequências de determinado comportamento podem reforçar a mudança deste. Teoria do Planejamento do Trabalho: a forma como o trabalho está organizado pode aumentar ou não a motivação. 6 Teoria da Equidade: a motivação é fruto da percepção de que há justiça entre o esforço/resultado e recompensa. Teoria da Expectativa: quanto maior a expectativa do indivíduo em ter retorno sobre seu comportamento/desempenho, maior será seu grau de dedicação e comprometimento. Um fator para o qual Robbins (2009) chama à atenção é o de que essas teorias devam ser analisadas sob a visão da questão cultural. O que funciona bem na cultura japonesa pode não oferecer o mesmo resultado na cultura francesa, e assim por diante. TEMA 2 – MEIOS DE MOTIVAÇÃO As pessoas são diferentes, possuem necessidades e interesses diversos, e isso tem impacto direto na motivação. Elas não se motivam pelas mesmas coisas, pelos mesmos tratamentos, pelos mesmos desafios, portarefas organizadas todas da mesma maneira. Para cada conjunto de pessoas com perfis semelhantes, os fatores motivadores são diferentes e devem ser observados pela liderança, a fim de obter sucesso no trato com sua equipe. Abaixo, descrevemos de forma breve as principais características de personalidade do modelo Big Five. Extroversão: pessoas voltadas ao contato com as demais; adaptam-se a novos ambientes e pessoas com rapidez e facilidade, têm bom nível de autoestima, são afetuosas, atuam para manter um clima amistoso e descontraído no ambiente de trabalho. O oposto é timidez, introversão e pouca disposição para contatos. Amabilidade: de fácil relacionamento, abertas a novos contatos e novas ideias e grupos, sempre dispostas a ajudar; são cooperativas e comprometidas. Pessoas com baixa pontuação neste item são frias, distantes e confrontadoras. Conscienciosidade: são centradas em seus objetivos e nos organizacionais; não são impulsivas, conseguem se concentrar em suas tarefas; são organizadas; planejam e executam dentro dos prazos aquilo que foi combinado com os outros, são organizadas e persistentes. Estabilidade emocional: apresentam boa capacidade de lidar com estresse, são tranquilas, possuem autoconfiança em nível adequado e 7 bom nível de segurança. O oposto é marcado pela instabilidade emocional, apresentando pouca disposição para contatos afetivos e profundos; são pessoas inseguras, instáveis emocionalmente e ansiosas. Abertura à experiência: são destemidas, criativas e dispostas a encarar desafios. Gostam do novo, do diferente, e sempre têm energia para tentar algo que ainda não tenham feito. Notas baixas ou negativas neste quesito denotam conservadorismo, facilidade em lidar com e viver na rotina. Cabe lembrar que todos os tipos possuem seus opositores, ou seja, para cada tipo descrito há outro com características opostas. Pessoas que no teste de avaliação obtiveram nota baixa para aquele tipo terão características diferentes das apresentadas. Para cada tipo de personalidade ou predomínio de um dos fatores descritos acima, o líder deve também conhecer e buscar trabalhar os fatores que motivam mais e de forma mais intensa e duradoura seus colaboradores e equipes. Abaixo, apresentamos cada tipo e as respectivas situações ou fatores que devem estar na agenda de quem faz gestão de pessoas: Extroversão: motivam-se com a possibilidade de contato direto com outras pessoas, de usar seu poder de comunicação, de expressar o que pensam e sentem, de estar em uma área na qual haja possibilidade de crescimento e expansão; valorizam um bom clima de trabalho, responsabilizam-se e fazem sua parte. Ambientes muito formais não são atraentes a este tipo de perfil. Os introvertidos, por outro lado, preferem ambientes mais estruturados, que exijam pouca exposição ou integração com outras pessoas. Preferem tarefas voltadas às coisas, e não às pessoas. Amabilidade: adaptam-se bem em qualquer ambiente, têm facilidade para trabalhar com tipos difíceis, conseguem amenizar conflitos, estão sempre dispostas a servir e a cooperar. São motivadas pela possibilidade de colaborar com o outro. Nem sempre são bons líderes, especialmente em ambientes hostis. Profissionais com baixo nível neste item podem se motivar pela autonomia e independência de outros para realizar suas tarefas; preferem trabalhos mais distantes do grande público ou grandes equipes de trabalho. Conscienciosidade: gostam de ambientes seguros, organizados, onde as regras são claras e seguidas por todos. Apreciam rotina e planejamento. 8 Gostam de seguir o que foi acordado, bem como que os prazos estabelecidos sejam respeitados por todos. Estabilidade emocional: conseguem se adaptar a vários tipos de ambiente de trabalho e se sentir motivadas independentemente de estarem sujeitas a uma estrutura organizada ou não. Conseguem manter o foco e desempenhar suas funções, mesmo diante de adversidades. Apreciam ser reconhecidas e valorizadas pelo equilíbrio que possuem e por não dar trabalho ao gestor. Perfis opostos ao descrito até este ponto são difíceis de motivar por muito tempo, pois são instáveis, alteram seu estado de humor com muita facilidade, nunca estão satisfeitos com nada. Estão sempre em busca da “batida perfeita”; são eternos insatisfeitos, e por quase nada se desestabilizam emocionalmente, despencando sua produtividade. Abertura à experiência: novidades, possibilidades de experiências enriquecedoras, contato com pessoas diferentes, criativas e com alto grau de motivação são o incentivo maior que alguém com essa característica predominante tende a ter. Expô-la a desafios e incentivá-la a se lançar a novos projetos são as melhores formas de motivá-la. Pessoas mais fechadas à experiência preferem ambientes estruturados, com normas e regras claras, com tarefas padronizadas, prazos definidos, hierarquia definida e pouca mudança. Esses são os maiores motivadores deste perfil. Figura 4: Personalidades Fonte: Disponível em: <http://meucerebro.com/personalidade-guardiao-artesao-racionalista-ou- idealista/>. Acesso em: 23 abr. 2018. Como possuímos todas essas características, embora, algumas sejam mais marcantes/fortes e outras mais superficiais/leves, cabe aos líderes conhecer bem cada integrante de sua equipe para escolher o melhor caminho a fim de contribuir para a motivação de seus colaboradores. 9 TEMA 3 – DESMOTIVAÇÃO O nosso olhar, nossa percepção, nossas disposições para superar dificuldades são essenciais para ultrapassar obstáculos, nos motivar ou para continuar motivados. Porém, além dos aspectos intrapessoais, que dizem respeito a fatores internos do indivíduo, existem outros que podem levar à desmotivação. Elencaremos e comentaremos alguns deles a seguir: O ambiente de trabalho tem grande influência no estado de humor do trabalhador. Se for adequado e bem estruturado, levará à motivação e à integração; mas, se for o contrário, um ambiente desmotivador, cheio de fofoca, com excesso de ruídos, instalações inadequadas, será um dos fatores que contribuirão para a desmotivação dos colaboradores. Como é a hierarquia na empresa em que você trabalha? É clara, está formalizada? As pessoas exercem adequadamente o poder que o cargo lhes atribui? Se sim, as pessoas trabalharão de forma harmônica e produtiva. Caso contrário, haverá muitos conflitos, problemas comunicacionais, ordens desconexas, erros por falhas de comando. Além da distribuição de poder formal, como é em sua empresa o uso e a prática do poder informal, aquele que é exercido por pessoas que não estão em cargos de liderança? Se o uso do poder informal for equilibrado, sujeitando-se ao poder formal, haverá maior integração e disposição para colaboração; caso contrário, haverá distanciamento das pessoas, conflitos, indisposição para colaborar, maior luta por busca de poder e influência. A estrutura das tarefas influência de forma marcante o grau de motivação e interesse do colaborador. Se as tarefas não são distribuídas equitativamente, se há sobrecarga de alguns colaboradores e folga de outros, o clima tende a contribuir negativamente para a motivação. O quanto o volume de trabalho é condizente com a carga horária diária, semanal e mensal do colaborador? Se for excessivo, além de desmotivar pelo cansaço, também desmotivará por falta de tempo do colaborador para ter vida pessoal para além do trabalho. Empresas que sugam o tempo integral dos funcionários tendem a ter alto nível de rotatividade, muita desmotivação e, mais que isso, perda de grandes e importantes talentos. As tecnologias disponíveis, seja um computador, um software, um aplicativo ou uma forma de realizar um processo, podem contribuir para maior 10 vontade de realização em comparação a um contexto no qual tudo seja antigo e desatualizado,sem funcionar adequadamente, cooperando para que as pessoas trabalhem com sentimento de desgosto, pois seus esforços não rendem e não lhes permitem usar seu tempo, conhecimentos e potencial para propiciar resultados excepcionais. Metas desproporcionais fora da realidade da capacidade das pessoas, do tempo disponível e dos recursos para executar as tarefas levam à desmotivação. Construir, com a equipe, números ousados a alcançar, mas passíveis de realização, pode fazer a diferença no seu estado de espírito. A maior parte das tarefas precisa, além da ação do homem, de máquinas e equipamentos; porém, quando estão sucateados, sem manutenção, estes levam as pessoas a não se sentirem importantes na empresa, uma vez que esta não lhes dá condições para que executem suas obrigações. Todas as formas de capacitação e desenvolvimento servem para o trabalhador se desenvolver a fim de realizar melhor suas atividades do presente, bem como se preparar para ocupar outros cargos no futuro. Quando não há programação ou apoio para realizar cursos e treinamentos fora da empresa, os colaboradores se desmotivam por não perceberem reconhecimento e importância por parte do empregador. Avaliação de desempenho realizada em período de tempo adequado, com gestores treinados, que tenham estruturas adequadas pode contribuir para automotivação e autodesenvolvimento, mas o contrário também é verdadeiro. Depois de feita a avaliação de desempenho, oferecer feedback adequado é fator primordial para que o colaborador possa perceber e entender quais são suas falhas e como pode e deve buscar aperfeiçoamento. Remuneração (salário e benefícios) adequada ao grau de complexidade da tarefa e do cargo ocupado, comparando-se à realidade do mercado e oferecendo aquilo que a empresa tenha condições de pagar, mas que sirva para atender às necessidades básicas do trabalhador pode ser decisivo para motivação ou desmotivação. Todo colaborador almeja reconhecimento e valorização dos esforços despendidos para levar a empresa a alcançar seus objetivos. Mas, se isso é inexistente ou falho, com toda a certeza, em pouco tempo o grau de dedicação, comprometimento e busca por resultados decairá. Os aspectos remuneratórios têm importância neste item, mas outros aspectos devem ser considerados, como 11 elogios e reconhecimento em público; premiações e viagens, por exemplo, podem trazer excelentes resultados. Uma comunicação, seja ela escrita ou verbal, formal ou informal, pode contribuir para a motivação; quando é mal executada, é, em especial, a causa de grande parte da desmotivação dos colaboradores. Por fim, a liderança. Esse é o centro dos pontos que devem ser considerados na análise da motivação ou desmotivação dos colaboradores. Vários dos itens elencados acima podem não ser atendidos pela empresa, mas, se ela tiver uma liderança integradora, dedicada às pessoas, preocupada com os humanos com quem trabalha, isso pode fazer com que esses fatores se tornem irrelevantes ou de pouca importância. Uma liderança bem formada e consciente de seus papéis e responsabilidades fará toda a diferença no grau de motivação dos colaboradores. TEMA 4 – AUTOCONHECIMENTO O quanto você se conhece? O quanto sabe de si? O quanto domina seus sentimentos positivos e negativos? Como lida com as frustrações do seu dia a dia? As respostas a essas questões estão ligadas ao autoconhecimento, a se entender melhor, a compreender quem é, de onde vem, seus pontos fortes e pontos a desenvolver. É preciso conhecer o que faz você feliz ou infeliz, o que motiva e desmotiva, o que coloca você para cima ou para baixo, saber do seu potencial e de sua capacidade de realização. Os caminhos que podem conduzir o indivíduo ao autoconhecimento podem ser: Sozinho: é o mais barato e o mais difícil. Não gera custos, mas é o mais limitado em termos de resultados, tendo em vista que não possuímos ferramentas e instrumentos para avançar nesta busca. Claro que as experiências boas e ruins, os sucessos e fracassos acumulados e os relacionamentos que vivemos contribuem para isso. Mas há de se ter claro que é uma opção não muito efetiva para autoconhecer-se de forma profunda e consistente. Os livros de autoajuda tão vendidos no Brasil são uma iniciativa louvável, desde que a pessoa não se limite a isso. É importante ter claro que não há receitas prontas e totalmente eficazes que 12 levem ao autoconhecimento. Contudo, estes livros não atrapalham, se não puderem ajudar. É possível aliar este caminho a outras possibilidades, as quais discutiremos a seguir. Cursos: aqui começam os investimentos necessários para dar passos mais largos e rápidos em busca do autoconhecimento. Antes de iniciar um desses cursos disponíveis no mercado, reflita sobre seu conteúdo programático, carga horária, profundidade com a qual cada tema será tratado e especialmente sobre o instrutor: veja qual sua linha de pensamento filosófico, sua experiência, avaliação que obteve em outros cursos, quem o recomenda, quem o critica. Só avaliando adequadamente você fará uma escolha que lhe traga resultados positivos. Não precisa ser um curso cuja o título se limite a “autoconhecimento”. Outros cursos ou treinamentos podem contribuir para que reflita sobre si, como, por exemplo, cursos de relacionamento interpessoal, feedback, liderança, comunicação, oratória, administração do tempo, administração de conflitos, entre outros. Exercícios/testes: hoje há vários exercícios/testes disponíveis na internet para quem deseja conhecer-se melhor; são em sua maioria simples e fáceis, porém, seus resultados são também limitados; se não forem feitos adequadamente e com nível de profundidade adequado, não trarão grandes resultados. Eles são um bom começo, mas não suficientes. Amigos: essa talvez seja a técnica mais antiga e fácil que existe, porém, seus resultados por vezes são superficiais, pois nossos amigos estão envolvidos emocionalmente conosco; não usam técnicas científicas para nos ajudar, são sempre parciais e não conseguem ser neutros, nem totalmente francos. Assim, é claro que você pode utilizar sua rede de amigos para conhecer-se mais, mas vá com cuidado e com baixa expectativa. Outra coisa importante: esteja preparado para receber feedback, pois pode ser que você tenha de escutar coisas amargas e difíceis de aceitar e entender inicialmente. Psicoterapia: esse é o meio mais indicado para quem quer se conhecer melhor. As pessoas de forma geral acham que fazer psicoterapia é “coisa de louco”, o que é pura ignorância. Se todas as pessoas fizessem terapia ao longo de suas vidas, o mundo seria melhor. Há grande resistência por parte das pessoas em procurar um profissional para obter ajuda, o que não precisa acontecer apenas em momentos de extrema dificuldade; pode ser 13 agora, quando você está bem, equilibrado e de bem com a vida. Quando enfrentar dificuldades, já estará pronto para suportá-las, vivenciá-las e superá-las. A psicoterapia pode ser conduzida por psicólogos ou psiquiatras; o psicoterapeuta é formado em psicologia e, o psiquiatra, em medicina, com residência em psiquiatria. Eles dominam técnicas que facilitam a exposição de conteúdos inconscientes que, uma vez se tornando conscientes e trazendo consigo a carga emocional à qual estão vinculados, levam a pessoa a trabalhar de forma mais tranquila com aquele aspecto. O fator mais relevante para o sucesso da psicoterapia é a isenção emocional do profissional, diferente do que acontece com nossos amigos que, embora tenham boa vontade, estão envolvidos emocionalmente conosco. O tempo de duração do tratamento é livre e variável; cabe à pessoa e ao profissional discutir qual seria o prazo mínimo necessário para trabalhar as queixas trazidas pelo paciente. A cobrança é feita por sessão realizada e o valor tem por base a formação eexperiência do profissional. Coach: é o profissional qualificado que domina técnicas que ajudarão o indivíduo a conhecer-se melhor como pessoa, mas com o foco voltado ao seu desenvolvimento profissional; ele não necessariamente é um psicólogo, pois pode ter formação em qualquer área do conhecimento; contudo, é alguém que fez um curso e atua disponibilizando seus serviços a quem pretende aumentar seus conhecimentos sobre si, suas qualidades e potencialidades. O papel do coach não é o mesmo do psicoterapeuta; seu foco é o lado profissional da pessoa, atuando para que o indivíduo possa aperfeiçoar suas habilidades e competências profissionais, tornando-se uma pessoa melhor e um profissional de maior sucesso. Geralmente o trabalho dura 12 sessões. O custo vai variar de acordo com a formação, a experiência e o quanto esse profissional é conhecido no mercado. Esse é um processo contínuo. Devemos constantemente buscar nosso autoconhecimento e autodesenvolvimento. Com certeza nossa trajetória profissional, e especialmente de líder, sentirá seus efeitos. 14 TEMA 5 – CAMINHOS PARA A MOTIVAÇÃO As mudanças nas tarefas dos colaboradores podem trazer resultados interessantes para a motivação e o interesse. Deve haver enriquecimento das tarefas, reestruturando a produção ou organização da distribuição das tarefas para que o trabalhador se veja no produto final do seu trabalho, não se limitando a apertar parafusos, a fazer apenas uma atividade o tempo todo, ficando apenas com parte da execução. Ele deve se sentir parte do processo, importante em relação aos resultados produzidos, o que leva a maior integração e interesse. Robbins, Judge e Sobral (2010) referenciam o Rodízio de Tarefas como uma possibilidade para diminuir o tédio do trabalhador que tem como missão uma única tarefa durante todo o expediente. E afirmam: “O ponto forte do rodízio de tarefas é que ele reduz o tédio, aumenta a motivação e ajuda os funcionários a entender melhor como seu trabalho contribui para a organização” (p. 234). O enriquecimento de tarefas pode ocorrer por meio da mistura de tarefas rotineiras e de novas atribuições, possibilitando que o trabalhador realize um conjunto de tarefas que lhe permita ver o resultado do seu trabalho, enxergando- se no resultado parcial ou final. Ter maior contato com os clientes e fornecedores, sejam internos ou externos, faz com que o trabalhador se sinta mais importante, com maior responsabilidade, maior controle e poder de decisão sobre suas atribuições, o que o leva a ganhar mais autoestima e a sentir-se mais confiante, com sua percepção de valor aumentada. Para que esse ciclo seja contínuo, maior riqueza de tarefas e maior motivação, faz-se necessário que o processo de Avaliação e Feedback seja constantemente utilizado, e de forma profissional. Outra maneira de aumentar o esforço do funcionário na consecução de suas tarefas é adotar o horário flexível. Isso oportuniza ao trabalhador maior qualidade de vida, podendo tanto contribuir nas tarefas quanto nas responsabilidades de seu lar, não ficando constrangido ao precisar levar um filho ao médico ou pegar meio período de férias para fazer uma viagem de lazer. A adoção por parte da empresa do trabalho em casa ou homework pode fazer parte deste rol de sugestões. Essa modalidade pode ser parcial ou total. O funcionário realizará suas atividades em sua própria residência. Isso pode trazer ganhos, quando bem estruturado e formalizado, mas também pode trazer perdas, quando feito de maneira superficial. 15 Outra forma de incrementar a motivação é desenvolver uma política de envolvimento dos funcionários, definida por Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 240) “como um processo participativo que utiliza a capacidade dos funcionários para aumentar seu comprometimento com o sucesso da organização”. Quando essa política é absorvida pelos líderes e isso ocorre de forma natural em sua atuação, há maior integração dos colaboradores, maior vontade de fazer parte dando ideias, ajudando a resolver problemas, pensando em novos projetos. Umas das formas de envolver os colaboradores é a prática da gestão participativa. Segundo Silva (2008), ela abre espaço para uma atuação mais efetiva do trabalhador na administração de uma área da empresa ou em toda a sua estrutura. Ao ganhar poder para participar das decisões, sejam elas em relação às coisas simples ou complexas, o colaborador se sentirá mais importante do que já é, sentirá que tem valor para a organização e, mais que isso, se comprometerá mais com metas e objetivos quando participar de suas definições. Uma forma de colocar em prática a maior participação dos colaboradores é por meio do empowerment, termo que significa empoderamento, no sentido de dar poder ao colaborador, de fazê-lo sentir-se dono dos processos que realiza, dos produtos e serviços que entrega, de ser responsável pela gestão de sua área e, guardadas as devidas proporções, da própria empresa. Para finalizar este tema, analise o resultado de uma enquete comportamental. Figura 5: Enquete comportamental: o que os trabalhadores amam (e odeiam) em seu trabalho? Fonte: Robbins, Judge e Sobral, 2010, p. 75. 16 Diante da figura acima, cabe ao gestor trabalhar para maximizar os pontos que levam à motivação e minimizar aqueles que comprometem o interesse e a motivação dos colaboradores. FINALIZANDO Motivação continua em voga porque, sem ela, não há empresa que se mantenha no mercado. Colaboradores desmotivados produzem menos, cometem mais erros, criam mais problemas em seus relacionamentos, se interessam pouco por criatividade e inovação. Assim, cabe aos gestores ficarem atentos a este tema, observar o comportamento de sua equipe e agir rapidamente quando perceberem que algo está impedindo as pessoas de oferecerem o seu melhor para a consecução dos objetivos sob sua responsabilidade. LEITURA COMPLEMENTAR Texto de abordagem teórica BERGAMINI, C. W. Uma revisão da evolução histórica dos estudos e pesquisas sobre liderança enfatiza a importância de líderes organizacionais eficazes. RAE, Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 34, n. 3, p. 102-114, mai.-jun./1994 Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rae/v34n3/a09v34n3.pdf>. Acesso em: 23 abr. 2018. Texto de abordagem prática Acesse o livro Psicologia e desenvolvimento humano (ESCORSIN), e leia o item O indivíduo e a sociedade – capítulo 3. Disponível na Biblioteca Virtual (AVA Univirtus). Pode acessar digitando a palavra-chave “Psicologia e desenvolvimento humano”. 17 REFERÊNCIAS CHIAVENATO, I. Comportamento organizacional: a dinâmica das organizações. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. _____. Iniciação à administração geral. 3. ed. rev. atual. Barueri: Manole, 2009. ROBBINS, S. Comportamento organizacional. Trad. téc. Reynaldo Marcondes. 11. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. ROBBINS, S.; JUDGE, T.; SOBRAL, F. Comportamento organizacional. Trad. Téc. Rita de Cássia Gomes. 14. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. SILVA, R. O. Teorias da administração. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008.
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