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11 COGNIÇÃO AFETIVIDADE A Teoria cognitiva surgiu nos Estados Unidos, entre as décadas de 1950 e 1960, c o m o f o r m a d e c r í t i c a a o Comportamentalismo, que postulava, em linhas gerais, a aprendizagem como resultado do condicionamento de indivíduos quando expostos a uma situação de estímulo e resposta. O termo cognição pode ser definido como o conjunto de habilidades mentais necessárias para a construção de conhecimento sobre o mundo. Os processos cognitivos envolvem, portanto, habil idades relacionadas ao desenvolvimento do pensamento, do raciocínio, da linguagem, da memória, da abstração etc.; têm início ainda na infância e estão diretamente relacionados à aprendizagem. De acordo com os principais teóricos cognitivistas, dentre os quais se destacam Piaget, Wallon e Vygotsky, é preciso compreender a ação do sujeito no processo de construção do conhecimento. Apesar de diferenças entre suas teorias, todos procuraram compreender como a aprendizagem ocorre no que se refere às estruturas mentais do sujeito e sobre o que é preciso fazer para aprender. Jean Piaget (1896 - 1980) centraliza sua explicação para o desenvolvimento cognitivo nas fases de desenvolvimento da criança. Para ele, o desenvolvimento cognitivo ocorre em uma série de estágios sequenciais e qualitativamente diferentes, através dos quais vai sendo construída a estrutura cognitiva seguinte, mais complexa e abrangente do que a anterior. Nesse sentido, a teoria piagetiana considera a inteligência como resultado de uma adaptação biológica, na qual o organismo procura o equilíbrio entre assimilação e acomodação para organizar o pensamento. O que determina o que o sujeito é capaz de fazer em cada fase do seu desenvolvimento é o equilíbrio correspondente a cada nível mental atingido. Desta forma, a existência do indivíduo se dá entre as exigências do organismo e da sociedade, e seu desenvolvimento ocorre por meio de uma construção progressiva em que predominam ora aspectos afetivos, ora cognitivos estabelecidos, através das relações entre um ser e um meio que se modificam mutuamente. Henry Wallon (1879-1962) compreende o desenvolvimento cognitivo como um processo social e interacionista, no qual a linguagem e o entorno social assumem um papel fundamental. Assim como Piaget, Wallon também categoriza o desenvolvimento em etapas, mas procura o entendimento do sujeito em sua integralidade: biológica, afetiva, social e intelectual. Lev Vygotsky (1896 - 1934) postula que o desenvolvimento do indivíduo e a aquisição de conhecimentos é resultado da interação do sujeito com o meio, através de um processo sócio- histórico construído coletivamente e mediado pela cultura. De acordo com sua teoria, a aprendizagem promove o despertar de processos internos de desenvolvimento que não ocorreriam senão por meio das interações estabelecidas com o meio externo ao longo da vida. Como fruto dessas trocas e interações, o cérebro tem a capacidade de criar novos conhecimentos; isto porque o contato com outras experiências ativa as potencialidades do aprendiz em elaborar seus conhecimentos sobre os objetos em um processo mediado pelo outro. Podemos apontar que a principal contribuição das teorias cognitivas é permitir um maior nível de compreensão sobre como as pessoas aprendem, partindo do princípio de que essa aprendizagem é resultado da construção de um esquema de representações mentais que se dá a partir da participação ativa do sujeito e que resulta, em linhas gerais, no processamento de informações que serão internalizadas e transformadas em conhecimento. AFETIVIDADE NA EDUCAÇÃO A afetividade vem sendo debatida e defendida há alguns anos por grandes teóricos educacionais, psicólogos, pedagogos, psicopedagogos e profissionais da Educação em geral. As relações afetivas não podem ser ignoradas, pois estão presentes no desenvolvimento, fazem parte da natureza humana e podem interferir de forma positiva nos processos cognitivos. A escola e a família, muitas vezes, ignoram a importância da afetividade na Educação Infantil. E é na Educação Infantil que a criança adquire suas primeiras experiências de vida escolar e serão essas experiências que levarão as crianças a sentirem prazer ou desprazer pela escola. Assim, para que a criança tenha um desenvolvimento saudável e adequado em sua vida social, intelectual e escolar, é necessário que haja um estabelecimento de relações interpessoais positivas entre a família e a escola. Sem essa parceria, dificilmente haverá um resultado positivo. É importante que todos falem a mesma língua, para que aquilo que os pais ensinam em casa não seja diferente daquilo que a criança aprende na escola. São muitas as contribuições da relação afetiva para o processo de aprendizagem, compreendendo, assim, como acontece o favorecimento das relações socioafetivas no processo de desenvolvimento da criança. Ambientes O ambiente escolar será o primeiro agente socializador fora do círculo familiar da criança, e deve oferecer todas as condições necessárias para que ela se sinta segura e protegida. Cuidar e Educar são atos de amor e de dedicação, que requerem tempo e disponibilidade. A influência da afetividade na aprendizagem A afetividade é um dos fatores que colabora para o sucesso do processo de ensino-aprendizagem, assim, o tema “Afetividade na Educação Infantil” apresenta-se como algo de extrema relevância no ambiente educacional, pois a afetividade estimula a capacidade de desenvolver o conhecimento voltado para o conhecer e o aprender, de maneira que os vínculos e aprendizados vão construindo-se a partir das trocas estabelecidas entre o sujeito e o meio. Sabemos que o sentido da aprendizagem é único e particular na vida de cada um, pois o desenvolvimento da aprendizagem é um processo contínuo e a afetividade possui um papel imprescindível nesse processo de desenvolvimento do aluno, uma vez que uma educação que não aborde a emoção (aspectos afetivos) em sala de aula e na família poderá ocasionar prejuízos incalculáveis no desenvolvimento cognitivo dessa criança. Na teoria de Jean Piaget, o desenvolvimento intelectual é considerado como tendo dois componentes: o cognitivo e o afetivo, ou seja, paralelo ao desenvolvimento cognitivo está o desenvolvimento afetivo. Sendo assim, Piaget e Vygotsky definem e afirmam que a aprendizagem se dá paralela aos aspectos afetivos, de maneira que a afetividade será determinante para a construção da aprendizagem; e os pais, os professores e a escola devem entender que possuem um papel importante nesse processo, que é colaborar para a formação de um ser humano, e isso somente acontecerá pela obra do amor, do afeto, que se torna a chave para a educação. Segundo Piaget (1975), “[...] os aspectos cognitivos e afetivos são inseparáveis e irredutíveis [...]”. Na perspectiva de Vygotsky (1998, p. 42): A afetividade é um elemento cultural que faz com que tenha peculiaridades de acordo com cada cultura. Elemento importante em todas as etapas da vida da pessoa, a afetividade tem relevância fundamental no processo ensino aprendizagem no que diz respeito à motivação, à avaliação e à relação professor-aluno. Possibilidade de intervenção O uso do termo intervenção na área da Educação deve ser entendido como: investigações que envolvem o planejamento e a implementação de interferências (mudanças, inovações) destinadas a produzir avanços e melhorias nos processos de aprendizagem dos sujeitos que delas participam e a posterior avaliação dos efeitos dessas interferências. Criar espaços para escutar as demandas dos sujeitos da escola e pensar maneiras de lidar com situações que são cotidianas. Faz-se necessário circular pelos corredores, estar atento aos movimentos dos sujeitos. Criar formas de reflexão em conjunto com todos os sujeitos (alunos,professores e especialistas) para que se possa trabalhar com suas relações e paradigmas (ANDRADA, 2003). Faz-se necessário ouvir os alunos, o que pensam sobre sua escola e sua turma. Isso pode ser feito através de desenhos, entrevistas ou mesmo por meio da escrita do que pensam e sentem, bem como o modo pelo qual percebem sua turma e sua escola.
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