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AULA 2 (1)

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RELAÇÕES ECONÔMICAS INTERNACIONAIS: COMÉRCIO INTERNACIONAL
AULA 2
O QUE É COMÉRCIO INTERNACIONAL?
Refere-se ao intercâmbio de bens e serviços entre diferentes países. Em geral, tem como objetivo a maximização da riqueza, tanto do comerciante quanto do país, e/ou o aumento do bem-estar da população. 
O conceito envolve tudo que está relacionado com a operação comercial, inclusive o transporte, seguro e financiamento, caso existente.
http://www.urutagua.uem.br/011/11oliveira.pdf
http://funag.gov.br/loja/download/864-com%C3%A9rcio-internacional.pdf
Antes é importante esclarecer...
“Comércio internacional” x “Comércio exterior” = referem-se ao intercâmbio de bens e serviços entre diferentes países, mas...
comércio internacional = perspectiva global
comércio exterior = perspectiva de um país específico
É equivocado afirmarmos que estamos estudando comércio internacional brasileiro, mas sim comércio internacional, numa perspectiva global; de outro lado, é correto afirmarmos que estudaremos as políticas brasileiras de comércio exterior, não as políticas de comércio internacional brasileiro. 
Um pouco de história para a contextualização do Comércio Internacional...
Revolução Comercial
Desintegração do feudalismo e a formação dos Estados Nacionais
Atividade aduaneira passou a exercer um outro papel fundamental dentro do mercantilismo (doutrina econômica): a arrecadação de tributos ou direitos aduaneiros sobre a entrada ou saída de mercadorias do território, importante fonte de recurso ao tesouro do Estado Nacional.
Dessa forma, o mercantilismo exigia: 
Acumulação de riquezas na forma de metais preciosos
Busca de resultados positivos na balança comercial
Incentivo à agricultura, no intuito de reduzir as importações e gerar tributos internos
Adoção de medidas protecionistas
Exploração das colônias 
Mercantilismo:
O que importava era a quantidade de metais preciosos que o país acumulava. 
A diferença entre o que vendia e o que comprava era recebido em metais preciosos, permitindo a acumulação do país superavitário no comércio internacional. 
Destacamos que os mercantilistas entendiam que o comércio internacional tinha ganhos de soma nula, ou seja, um país ganharia à custa do outro país.
O comércio internacional passou por um processo de regulamentação, inclusive as normas aduaneiras, de forma a disciplinar as operações internacionais e resguardar os interesses dos agentes de comércio e dos Estados Nacionais.
Século XVIII:
O desenvolvimento do comércio internacional foi um dos pilares da doutrina econômica clássica, a partir da principal obra de Adam Smith, intitulada “A Riqueza das Nações”:
A concentração por parte de cada país na produção de artigos cujos custos fossem mais baixos do que em outros países. 
Importava não a riqueza das nações de forma separadas, mas a riqueza de todas as nações em conjunto. 
O comércio irrestrito entre as nações proporcionaria o crescimento de todos os países, sendo que cada país deveria se concentrar na produção dos bens que lhe oferecem vantagem absoluta.
As teorias “puras” do comércio internacional
O Mercantilismo
Teoria das Vantagens Absolutas de Adam Smith
Teoria das Vantagens Comparativas de David Ricardo
Teoria dos Valores Internacionais de Stuart Mill
Teoria de Heckscher-Ohlin-Samuelson
Teorema de Stolper-Samuelson
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Mercantilismo
Na visão mercantilista uma nação seria tanto mais rica quanto maior fosse sua população e seu estoque de metais preciosos.
Poder militar para o Estado.
Acúmulo de riquezas (ouro e prata) para a burguesia (em contraposição à posse de terras pela Igreja e pela nobreza).
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Teoria das Vantagens Absolutas
Adam Smith (1723-1790) em Riqueza das Nações (1776) estabeleceu as bases do moderno pensamento econômico a respeito das vantagens do comércio.
Para ele, “a riqueza não consiste em dinheiro, ou ouro e prata, mas naquilo que o dinheiro pode comprar” (teoria do valor-trabalho).
A falha dos mercantilistas foi não perceber que uma troca deve beneficiar as duas partes envolvidas no negócios.
A teoria atestava que o comércio seria vantajoso sempre que houvesse diferenças de custos de produção de bens entre países.
O comércio se justificaria apenas quando fosse mais barato adquirir itens produzidos em outra economia.
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Um país tem vantagem absoluta na produção de um determinado bem ou serviço se ele for capaz de produzi-lo e oferece-lo a um preço de custo inferior aos dos concorrentes.
Vantagem absoluta decorreria da produtividade do trabalho (especialização).
Problemas não resolvidos por Adam Smith:
a proporção em que seriam feitas as trocas entre os dois países (termos de troca ou relações de troca entre as mercadorias).
O que aconteceria se um país não produzisse nenhuma mercadoria a custos menores que seus possíveis parceiros comerciais? Estaria essa nação condenada a ficar excluída dos benefícios da especialização e das trocas?
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Teoria das Vantagens Comparativas
David Ricardo (1772-1823), em Princípios de Economia Política e Tributação (1817).
A ideia de vantagens absolutas determina o padrão de trocas internas em um país com perfeita mobilidade de fatores de produção, levando, no limite, à uniformização dos preços dos fatores.
No mercado internacional: baixa (ou inexistente) mobilidade de fatores entre os países. Há a necessidade de considerar a estrutura produtiva de cada país.
Princípio das vantagens comparativas: o importante, no interior de uma mesma nação, são as diferenças relativas entre as condições de produção dos bens que podem ser definidas a partir do custo de oportunidade.
A vantagem comparativa que leva cada nação a especializar-se na produção do bem que ela pode produzir relativamente de maneira mais eficaz que a outra.
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A Teoria dos Valores Internacionais de Stuart Mill
John Stuart Mill (1806-1873) - Princípios de Economia Política (1873).
Divisão dos ganhos entre os países.
Demanda internacional dos produtos é determinante.
Oferta de produtos poucos demandados (mercado mundial): preço pouco elevedo / pouco benefício do ganho no comércio ou ganho nulo. 
Saída para isso: diversificar a produção, mesmo que ela não tenha uma vantagem comparativa máxima ou uma desvantagem comparativa mínima na sua produção.
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Teorema de Heckscher-Ohlin
Origem: artigo de 1919, publicado em sueco por Eli Filip Heckscher, só traduzido paro o inglês em 1949.
Em 1933, as idéias de Heckscher foram divulgadas com a tradução para o inglês da tese de doutoramento de Bertil Ohlin, seu aluno.
“Cada país se especializa e exporta o bem que requer utilização mais intensiva de seu fator de produção mais abundante”
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Teorema da Equalização do Preço dos Fatores de Produção
As nações trocam mercadorias porque não podem trocar fatores de produção.
O comércio de bens é uma forma indireta de comerciar os fatores de produção contidos nas mercadorias.
Demonstra que o comércio de mercadorias tem o mesmo efeito sobre as taxas de salário e retorno sobre o capital físico que a mobilidade desses fatores.
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Teorema de Stolper-Samuelson
O comércio beneficia o fator de produção abundante em detrimento do fator de produção escasso de cada país.
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A Nova Teoria do 
COMÉRCIO Internacional
Limites da abordagem tradicional
Questiona vantagens comparativas;
Tentativas frustradas das teorias tradicionais;
Fluxos comerciais não podem ser explicados por vantagens comparativas;
Comércio internacional mais entre as economias desenvolvidas (poucas diferenças);
Comércio entre nações com pouquíssimas diferenciações (oposto à ideia da teoria tradicional do papel de diferentes características entre as nações);
Importância da tecnologia, da diferenciação de produtos e dos rendimentos de escala.
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Economias de escala diferenciação dos produtos
Internas à firma: obtém custos médios mais baixos se produzir em escala crescente (monopólio ou oligopólio).
 - Externas à firma: custo médio depende do tamanho da indústria/setor.
- Tamanho do mercado interno pode explicar comérciointernacional;
- Acidentes históricos: podem ser decisivos na criação de fluxos comerciais.
Comércio intra-setorial
Diferenciação de produtos, flutuações sazonais, demanda por faixa de renda.
Comércio intra-firma
- Rendimentos de escala, concorrência imperfeita, diferenciação de produtos = novas relações (transações – processos produtivos complementares, plantas produtivas)
Diferenciação de Produtos
 Diferenciação Vertical: qualidade do produto (Exemplo: automóvel com air-bag e freio ABS).
 Diferenciação Horizontal: especificação do produto (odor de um perfume, sabor de queijo, características de um vinho).
 Nos dois casos, o efeito é o mesmo: o vendedor dispõe de um monopólio relativo sobre o seu produto, limitado pela existência de substitutos imperfeitos.
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A política comercial na prática
Argumentos a favor do protecionismo
Proteção à indústria nascente (ainda não alcançou nível de produção que benefície economias em escala) – garantir reserva de mercado temporária.
Estímulo à substituição de importações 
Relações desiguais de troca = países subdesenvolvidos – latino-americanos.
Preço das exportações / preços importações
Com a mesma quantidade física exportada, o país passa a importar menos que antes (estrangulamento).
Redução do diferencial de salários (mobilizar trabalhadores para o setor = aumento do bem-estar nacional).
Impedimento ao comércio desleal (prática de políticas defensivas – anti-dumping = exportar um produto a preço inferior ao realizado no mercado interno) 
Promoção da segurança nacional (proteção do país contra a concorrência, se essa última inviabilizar desenvolvimento – petróleo, material bélico)
Melhoria da balança de pagamento
Favorecimento das barganhas internacionais
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PRESTAÇÃO INTERNACIONAL DE SERVIÇOS
O setor de serviços vem apresentando maior dinamismo e as maiores taxas de crescimento na economia global. 
Representa mais de 60% da riqueza mundial, empregando ao menos um terço da mão-de-obra do planeta e respondendo por mais de 20% do comércio internacional.
Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços (AGCS ou GATS, na sigla mais utilizada, em inglês) foi um dos principais produtos da Rodada Uruguai da Organização Mundial do Comércio (OMC),e entrou em vigor em janeiro de 1995. 
Objetivo: estender, de forma transparente e por meio de liberalizações progressivas, as normas e sistemas multilaterais de comércio ao setor de serviços.
No GATS optou-se pela definição de quatro modos de prestação de serviços, a saber:
Comércio Transfronteiriço 
(Cross-Border) 
A prestação é realizada a partir do território de um país para o território de qualquer outro país. 
Ex.: telecomunicações, ensino virtual, consultorias.
EXEMPLOS:
Software comercializado pela internet entre empresa brasileira e empresa domiciliada no exterior;
Empresa de engenharia brasileira contratada para elaborar projeto de ponte a ser construída em outro país;
Serviços de corretagem de ações prestados a clientes residentes ou domiciliados em outro país efetuados por um corretor localizado no brasil;
Serviços de projeto e desenvolvimento de estruturas e conteúdo de páginas eletrônicas realizados a partir do brasil para cliente, residente ou domiciliado no exterior.
Consumo no Exterior (Consumption Abroad)
A prestação é realizada dentro do território de um país para consumidores de qualquer outro país. 
Ex.: deslocamento de turistas para outro país e o consumo de serviços naquele país.
EXEMPLOS:
Serviços educacionais presenciais prestados no Brasil a residente no exterior;
Capacitação no Brasil de funcionários de pessoa jurídica domiciliada no exterior;
Serviços médicos especializados prestados no Brasil a residente no exterior.
Presença Comercial (Commercial Presence)
A prestação é realizada dentro do território de um país através de presença comercial naquele mesmo território.
Ex.: subsidiárias de um banco ou os escritórios de representação de uma construtora.
EXEMPLOS:
Filial ou subsidiária de empresa de construção instalada em outro país para execução de obra no exterior;
Filiais bancárias no exterior;
Escritório de representação de uma consultoria brasileira no exterior. 
Movimento de Pessoas Físicas (Movement of Natural Persons)
A prestação é realizada pela presença de pessoas físicas de um país no território de outro país. 
Ex.: médicos e consultores.
http://www.mdic.gov.br/index.php/comercio-exterior/negociacoes-internacionais/800-negociacoes-internacionais-de-servicos
EXEMPLOS:
Arquiteto residente no Brasil desloca-se para desenvolver projeto de arquitetura no exterior;
Empreiteiras domiciliadas no Brasil enviam trabalhadores que mantêm vínculo empregatício no Brasil para construção de uma rodovia no exterior;
Advogado residente no Brasil desloca-se para o exterior a fim de prestar consultoria jurídica.
Estratégias de internacionalização
ESTRATÉGIAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO

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