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Análise do filme Crianças Invisíveis - João e Bilu

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Dentre as histórias apresentadas acima, escolha 2. Para cada história:
1. Identifique e apresente um breve resumo da história 
2. Fatores de risco: identifique, descrevendo cenas (2 pelo menos)
3. Fatores de proteção: identifique, descrevendo cenas (2 pelo menos)
4. Vulnerabilidade: aponte situações indicativas descrevendo cenas (2 pelo menos)
5. Resiliência: aponte situações indicativas descrevendo cenas (2 pelo menos)
Resumo: 
O curta-metragem Bilú e João, de Kátia Lund, é parte do filme “Crianças Invisíveis” e acompanha um dia na vida de dois irmãos que moram na periferia da Grande São Paulo. As crianças recolhem alumínio e papelão e fazem pequenos transportes, a fim de conseguir dinheiro para a compra de tijolos, contextualizando o trabalho infantil.
A lente da câmera é capaz de captar Bilu e João vivenciando, simultaneamente, a infância e a vida adulta - as crianças usam a imaginação para transformar a paisagem urbana em seu playground. Em contraposição às cenas dos garotos puxando a carroça, surgem imagens do jogo eletrônico que João brincava no início do filme, como se estivesse realmente jogando - neste momento, é possível perceber a conjunção com a imaginação e a fantasia. Essas cenas de sobreposição das ruas “reais” de São Paulo sobre as “surreais” do jogo de kart demonstram que apesar de já possuírem responsabilidades de adultos, os irmãos vivenciam a infância da maneira que conseguem.
Katia Lund aponta, em alguns minutos, para um tipo de violência cujo agressor é difícil de identificar: é a violência na qual as crianças trabalham para manter o seu sustento e ajudar a pagar as despesas familiares, sendo expostas a situações de perigo para seu desenvolvimento físico, psicológico e acadêmico.
Fatores de risco: 
Bilu e João passam por diversas condições de fatores de risco, o que se deve principalmente a condição econômica a qual estão submetidos. Fica evidenciado no curta-metragem a pobreza extrema que vivem - diversos direitos da criança e do adolescente mostram-se negligenciados, como as oportunidades de estudo, segurança, vestimenta e alimentação adequada. 
O documentário retrata o que parece ser um dia rotineiro na vida dos dois irmãos, que passam o dia coletando latinhas e papelão em troca de dinheiro. As crianças são muito expostas, considerando que passam por diversos lugares perigosos, sem nenhuma proteção ou segurança. Isso pode ser observado no momento do curta no qual João e Bilu percorrem um longo caminho até o depósito - os meninos são obrigados a andar na rua, ao lado de carros em movimento. Um dos automóveis acerta a carreta, que acaba caindo em um buraco e furando um pneu. Um motoqueiro que estava passando se comove com a situação das crianças, e ajuda João, levando-o até um estabelecimento para consertar o carrinho de mão, não deixando outra opção a não ser deixar Bilu aguardando sozinha. 
A fome é representada de forma menos escancarada e explícita, entretanto, é notável no filme. Durante o trajeto, Bilú demonstra preocupação com o quanto irão conseguir arrecadar de tijolos: - João! Vai dar quantos tijolos? “Ah! Vai dar bastante tijolos e aquele tênis doze molas” João responde. Bilu ressalta sua vontade de comer bife com batatas fritas e João comenta: - A gente também pode comprar bife com batatas fritas! Quando os garotos finalmente chegam no depósito para vender o que coletaram durante o dia anterior, não conseguem o dinheiro que estavam esperando. Na próxima cena, os dois dormem dentro de um trem, voltando pra casa com tijolos. Neste trajeto realizam o último diálogo, Bilú questiona: - Ei cadê minha batata frita ? “Acabou o dinheiro” responde João. Bilú indaga: - Como? João afirma: - Amanhã nois vai lá, pega a carroça de novo e compra a batata frita. “Tá bom, amanhã nois vai lá de novo, mais vê se você não cai toda hora no burraco” brinca Bilu. 
 
Fatores de proteção: 
Apesar dos irmãos vivenciarem diversos fatores de riscos, o filme também evidencia os de proteção, como a criatividade e o bom relacionamento entre os irmãos. 
Em “Bilú e João”, as crianças aparecem em uma constante disjunção com a escola - o cotidiano no qual elas estão inseridas não demonstra em momento algum sua relação com o ato de estudar. Entretanto, os meninos demonstram ter conhecimentos acerca do trato com o dinheiro. Além disso, a criatividade de Bilu e João demonstra demonstra ser útil na resolução de problemas. Na cena da feira, alguns homens tocam repente e ganham dinheiro. Bilú observa um dos homens colocando moedas em uma bacia, algumas caem no chão e a garota corre para pegar e olha para João com a intenção de chamá-lo, que se aproxima para ajudar a irmã. De repente, Bilú corre e chega até um feirante que desmonta vários caixotes - juntos, os três constroem um dedobol, feito de restos de caixotes e pregos. Uma aglomeração se forma para jogar o jogo e Bilú resolve cobrar vinte e cinco centavos por partida - apesar de ser a mais nova, ela decide quanto irá ser cobrado por partida, retira o boné da cabeça de João e lhe entrega para receber o dinheiro. 
Ainda na cena da feira, um feirante se aproxima: - Menino você tem um carrinho? “Tenho” responde João. O feirante diz: - Então coloca isso lá para mim e me segue. João pega uma caixa de frutas, iniciando neste momento uma conjunção com o trabalho. De repente, alguns meninos mais velhos se aproximam, tomam a caixa de frutas da mão dele e jogam-a no chão. O menino grita com João: - Ei moleque! Quem disse que você podia trabalhar aqui? – Heim? – Tá pegando meu cliente? Os adolescentes empurram João e ele cai. Bilú corre para ajudar: Se machucou? Bilú segura o braço do irmão e o auxilia a levantar, demonstrando preocupação. Essa relação entre os dois irmãos, é classificada como um importante fator de proteção - ambos sabem que podem contar um com o outro em qualquer situação, apoiando-se sempre.
Vulnerabilidade: 
João e Bilu vivem em uma constante situação de vulnerabilidade - ambas as crianças são expostas a uma desproteção social. Isso se deve ao contexto no qual estão inseridas, o trabalho infantil. 
A cena na qual os irmãos passam a noite na feira e amanhecem o dia na rua, revela uma situação de total vulnerabilidade - Bilu ainda consegue tirar um pequeno cochilo dentre as caixas e panos, João, entretanto, é completamente privado de sono, já que continua a trabalhar com o carrinho de mão. 
A vulnerabilidade pode ser conceituada como a proximidade com fatores de risco devido a ausência de fatores de proteção. João e Bilu sofrem com a falta desses fatores em todos os âmbitos, sejam eles emocionais, acadêmicos e sociais. O mais perceptível é o social - as crianças não possuem um equilíbrio entre responsabilidade e exigências, desde pequenas carregam o fardo de trabalhar para contribuir no sustento da família, mais especificamente, na compra de tijolos para a construção de uma casa. O pai e a mãe de João e Bilu não são apresentados em nenhum momento do filme, o que demonstra a carência de supervisão parental.
Resiliência: 
O curta é brilhante ao apontar a capacidade de resiliência das crianças. Katia Lund conta que quando recebeu a proposta para participar do projeto, ficou pensando em qual história contar - ela não queria mostrar sobre o tráfico, sobre o dia-a-dia das crianças que se envolvem com as drogas. Portanto, optou pelas que vivem em comunidades carentes mas que não entram para o mundo da violência. 
A cena onde João e Bilu saem percorrendo a favela usando uma latinha como bola demonstra claramente o conceito de resiliência. No meio do trajeto das crianças, a latinha para no pé de um garoto que usa um tênis doze molas, enquanto Bilu e João estão de chinelo. Observa-se o detalhe quase imperceptível na cintura do menino - uma arma de fogo. “Aí São Paulino! Vai comprar um tênis doze molas vendendo latinhas? Uma corrente de ouro vendendo latinhas?” esse mesmo menino questiona João. Bilu defende o irmão e retruca: - Ele vai comprar o que ele quiser! A cena demonstra a capacidade de superar o fator de risco - a manipulaçãopor tentação no discurso do garoto. É retratada a conjunção de João e Bilú com a pobreza, representada pelos chinelos, em oposição a ascensão econômica (provavelmente advinda do tráfico), representada pelo tênis dos outros meninos. 
Nos minutos finais do curta-metragem, Bilu e João se dirigem até o depósito para vender o que arrecadaram no dia anterior - papelão e latinha. O caminho é longo, diversas empecilhos atrapalham as crianças: além de se perderem, uma caminhonete colide com a carroça dos meninos. Ao finalmente chegar no destino, os meninos gritam o nome do dono do depósito através de um buraco no portão mas não alcançam êxito. Um velho catador recomenda que os dois fiquem ali até segunda-feira, pois a carroça poderia ser roubada com toda sua carga de materiais recicláveis - João e Bilú chegam à cogitar a idéia. De repente, surge um guincho e entra no depósito, os dois aproveitam para entrar. O dono demonstra estar com muita pressa e logo começa a pesar os materiais recolhidos por João e Bilú. “Noventa quilos de papelão, dezoito reais. Desconto de cinquenta por cento por que está molhado” afirma o homem. João também recebe pelas latinhas e pela garrafa de vidro que encontrou. O garoto realiza diversos cálculos de forma rápida, demonstrando que, apesar de não estar rodeado de fatores de proteção ligados à resiliência acadêmica, como uma escola que proporcione aumento e fortalecimento de habilidades e estratégias de resolução de problemas, fez da matemática uma necessidade. Esse domínio da matemática representa uma certa resiliência, já que desenvolveu esse comportamento adaptativo visando não ser manipulado futuramente, considerando que podem pagá-lo de forma indevida propositalmente.

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