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AULA 3 SENSAÇÃO, ATENÇÃO, MEMÓRIA, INTEGRAÇÃO SENSÓRIO-MOTORA

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DEFINIÇÃO 
Conceito de sensação, atenção e memória. Apresentação da neurociência do processo 
sensoperceptivo e da integração sensório-motora, bem como do processo sensório-motor, 
das teorias e funções do processo atencional, da neurociência da atenção e do processo 
mnemônico. 
PROPÓSITO 
Compreender os processos cognitivos sensação, atenção, memória e a integração sensório-
motora desde suas definições, teorias subjacentes e funções aos substratos neurais 
relacionados a elas. 
PREPARAÇÃO 
Para um melhor aproveitamento deste tema, você pode utilizar um modelo físico ou 3D do 
cérebro. Ainda, pode se valer de sites ou aplicativos para recorrer a modelos 3D virtuais. 
Recomenda-se que você esteja familiarizado com noções básicas de Neurociências; em 
especial, Neurociência Cognitiva. 
 
INTRODUÇÃO 
Neste tema, exploraremos três funções cognitivas (sensopercepção, atenção e memória) e 
abordaremos a integração sensório-motora, função executada pelo sistema nervoso (SN). 
Conheceremos essas diferentes funções e as relacionaremos com áreas específicas do SN. 
Vamos, agora, identificar os conceitos fundamentais para a compreensão dessas funções. 
Mas, para isso, cabe ressaltar dois importantes pontos: 
Ponto 1 
As funções cognitivas somente são separadas com fins didáticos, uma vez que, no mundo 
concreto, atuam de forma integrada. Sob coordenação das funções executivas, o indivíduo, 
ativado por uma emoção, motiva-se na direção de focar a atenção em determinado 
estímulo, que será processado pela sensopercepção, gerando o traço necessário para a 
memória e o consequente aprendizado. É o que está representado na figura 1. 
Ponto 2 
O desenvolvimento das estruturas do SN subjacentes a cada uma das funções cognitivas 
tem correlação direta com o desempenho do sujeito naquela função específica, uma vez 
que cada avanço no substrato neurobiológico subjacente (aumento do número de 
neurônios, ou de sinapses, ou mesmo o fortalecimento das redes) representa também um 
ganho funcional. Assim, é esperado que indivíduos de diferentes idades e perfis de 
estimulação tenham desempenhos funcionais também diferentes. 
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Figura 1 - Integração das funções cognitivas. 
 
MÓDULO 1 
 Identificar os substratos neurais subjacentes ao processo sensoperceptivo e atencional 
 
Preste atenção ao seu ambiente neste momento. Volte-se para o seu ambiente externo e 
interno. Você consegue perceber diferentes cores, brilhos, movimentos, sons, o toque do 
seu corpo na cadeira, nas roupas, no seu sapato, a temperatura das superfícies que toca, do 
ar, eventuais cheiros, perfumes, sabores. 
Só podemos ter a sensação de nosso ambiente porque uma linha de processamento neural 
está funcionando de forma integrada e coordenada. Em especial porque o nosso cérebro – 
principal órgão do sistema nervoso central (SNC) e responsável pela compreensão do que 
sentimos em uma percepção – está íntegro! 
SENSAÇÃO: DEFINIÇÃO 
Para definirmos o que é sensação, vamos recordar uma questão filosófica que está proposta 
na atividade de reflexão a seguir: 
Se uma mulher fala em uma sala e não há homem algum para ouvi-la, ainda 
assim ela está certa? 
R: Essa ironia nasceu de uma velha charada: Se uma árvore cai na floresta e 
não há ninguém para ouvir, ainda sim ela produz som? E é assim que 
Sternberg (2008) começa sua apresentação acerca da sensação. E mostra que, 
diferentemente do que se tem no senso comum, na área das neurociências 
cognitivas, o termo sensação se reduz à mera resposta relacionada aos nossos 
sentidos: visão, audição, tato, olfato e paladar. Ou seja: é a capacidade que 
nosso corpo tem de receber os estímulos do meio externo e permitir (através 
de células receptoras) que sejam compreendidos pelos neurônios. Portanto, 
voltando à charada, antes que aconteça a sensação, há o mundo externo (a 
árvore que cai e produz o som, por exemplo) que será captado pelos sentidos. 
 
NEUROCIÊNCIA DO PROCESSO SENSOPERCEPTIVO 
Nosso aparato sensorial é formado pelos órgãos sensoriais (olhos, ouvidos, pele, língua, 
nariz), os nervos (que levam as informações dos órgãos dos sentidos até o SNC) e o córtex 
cerebral (onde o estímulo será processado em diferentes áreas a depender da modalidade 
sensorial: visual, tátil etc.). No cérebro, as informações sensoriais se conjugam numa 
percepção. 
 
 
Saiba mais 
Segundo Lent (2008), diferentemente de sua definição no senso comum, as percepções para as 
neurociências cognitivas são aqueles produtos da sensação (ou seja, proveniente dos sentidos). Por 
esse motivo, está cada vez mais frequente na literatura da área a grafia sensopercepção, já que se 
trata de um processo intrinsecamente integrado. 
 
Quando vemos um objeto (uma bola vermelha, por exemplo), neurônios sensoriais em 
nossa retina realizam a transdução das ondas luminosas em impulsos nervosos, que seguem 
pelo nervo óptico até núcleos específicos do tálamo, uma estrutura dupla (ou seja, presente 
nos dois hemisférios cerebrais), conforme indica a figura 2: 
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Figura 2 - Tálamo (em amarelo). 
O tálamo, então, encaminha os impulsos visuais até as áreas sensoriais primárias (no 
exemplo, área visual primária, no córtex occipital). Na área visual primária, haverá apenas o 
processamento da cor e do formato; e separadamente. Em seguida, o estímulo será 
encaminhado para processamento nas áreas secundárias (no exemplo, área visual 
secundária, ainda no córtex occipital) e nas áreas de associação multimodais (junção 
têmporo-parieto-occipital), onde será formada a percepção do objeto visto como um todo, 
a fim de ser reconhecido como uma “bola vermelha”. 
Vale ressaltar que os estímulos sensoriais seguem este padrão: 
órgão sensorial >> tálamo >> córtices 
 
Com exceção dos estímulos sensoriais olfativos, que não passam pelo tálamo e são enviados 
do bulbo olfatório diretamente para o córtex cerebral. 
Processamento contralateral 
Um ponto curioso e relevante sobre a sensopercepção é que ela é processada no córtex 
contralateral ao estímulo. Isso significa que os estímulos percebidos no lado esquerdo do 
corpo são processados nas estruturas cerebrais do lado direito e vice-versa. Isso se dá 
porque as fibras neurais se cruzam no nível da ponte (estrutura componente do tronco 
cerebral): os prolongamentos do córtex cerebral direito cruzam na ponte e passam a 
enervar o lado esquerdo do corpo e vice-versa. É importante citar que essas vias são: 
 Clique nas barras para ver as informações. 
• AFERENTES 
Levam comandos do SNC até a periferia. Isso é relevante para o comportamento motor 
(como veremos mais à frente neste tema). 
• EFERENTES 
Carregam informações sensoriais da periferia até o SNC. Isso é de especial relevância para a 
sensopercepção. 
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Segundo Thompson (2005), é provável que essa característica tenha sido adaptativa em 
algum momento da evolução das espécies. Assim, espera-se que lesões cerebrais em um 
dos hemisférios produzam efeitos (sensoriais e motores) no lado contralateral do corpo. 
 
Áreas funcionais – córtices primário e secundário e córtex 
associativo 
Para ser percebido, um estímulo é processado em diferentes áreas do SNC. Essas áreas, de 
acordo com Fuentes et al. (2008), são organizadas hierarquicamente e ficaram conhecidas 
como unidades funcionais, proposta de Alexander Luria, um dos pesquisadores mais 
proeminentes da Neuropsicologia. Luria formulou uma compreensão de que o córtex está 
organizado nas seguintes unidades funcionais: 
• ÁREAS BÁSICAS E UNOMODAIS 
Como as áreas visuais primárias do córtex occipital e as áreas motoras primárias do giro pré-
central do córtex frontal, por exemplo, que lidam apenas com uma modalidade sensorial. 
Nesse caso, a visual e a auditiva, respectivamente. 
• ÁREAS SECUNDÁRIAS 
Como as áreas associativas visuais, que nos permitem a compreensão perceptual, com mais 
sentido, dos estímulosvisuais. 
• ÁREAS TERCIÁRIAS 
Como as áreas de associação multimodais, que integram e processam diversas modalidades 
sensoriais para criar uma percepção completa do estímulo que ao mesmo tempo seja visual, 
espacial, auditivo e mnemônico. São exemplos a junção têmporo-parieto-occipital e o córtex 
pré-frontal (CPF). 
 
Na figura 3, vemos algumas das mais relevantes áreas do córtex cerebral. 
 
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Figura 3 - Divisão do encéfalo de acordo com seus córtices funcionais. 
 
 
No processo de percepção, o estímulo trafega das áreas funcionais primárias (córtex 
sensorial unimodal) para as secundárias e finalmente para as de associação (terciárias). 
Esse caminho é conhecido como processamento bottom-up (de baixo para cima). 
(MATLIN, 2004) 
 
Somatotopia 
Os estímulos sensoriais táteis são processados no córtex sensorial primário, 
localizado no giro pós-central, no lobo parietal, como mostra a figura 4: 
 
Figura 4 - Córtex sensorial primário. 
Perceba que essa região apresenta uma organização topográfica, em que cada parte do 
corpo é processada por uma sub-região de neurônios nesse giro em torno do cérebro. 
Assim, com estudos de neuroanatomia funcional, foi possível conhecer esse mapa, que 
relaciona áreas do corpo a áreas cerebrais responsáveis por seu processamento. 
 
Saiba mais 
A extensão cortical da área não guarda correspondência com a extensão anatômica da parte 
do corpo, e sim com sua importância. Por exemplo: as áreas sensoriais corticais dos lábios e 
dedos das mãos são maiores do que as das costas ou pernas, mesmo que estas últimas 
sejam bem maiores no corpo que as primeiras. 
 
Lesões cerebrais e deficiências no processamento sensoperceptivo 
Reconhecendo que a topografia cerebral é relevante para a construção dos estímulos 
sensoriais, é possível compreender que lesões em diferentes regiões componentes do 
caminho da informação acarretam sintomatologias diversas. 
A tabela 1 apresenta os quadros patológicos mais frequentes quando se trata de lesões 
adquiridas em diferentes áreas do SN responsáveis pela sensopercepção. Note que os lobos 
mais importantes para essa função cognitiva são o occipital, o temporal e o parietal. 
Lobo de localização 
da lesão 
Área funcional Efeitos Nome da disfunção 
Occipital Córtex visual 
primário 
Incapacidade de 
receber informação 
visual e perda de visão 
Cegueira cortical 
 Córtex visual 
secundário 
Incapacidade de 
reconhecer e de 
identificar 
visualmente objetos 
Agnosia visual 
 Incapacidade de 
compreender os sinais 
gráficos da escrita 
Cegueira verbal ou 
alexia 
Temporal Córtex auditivo 
primário 
Incapacidade de 
receber informação 
sonora e perda de 
audição 
Surdez cortical 
 Córtex auditivo 
secundário 
Incapacidade de 
reconhecer e de 
identificar sons 
vulgares 
Agnosia auditiva 
 Incapacidade de 
interpretar o 
significado do discurso 
oral 
Surdez verbal 
Parietal Córtex 
somatossensorial 
primário 
Incapacidade de 
receber informação 
sensorial e perda da 
Anestesia cortical 
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sensorial tátil, térmica 
e álgica (ligada à dor) 
 Córtex 
somatossensorial 
secundário 
Incapacidade de 
reconhecer um objeto 
pelo tato e de localizar 
sensações táteis e 
térmicas do corpo 
Agnosia 
somatossensorial ou 
assomatognosia 
Tabela 1 – Disfunções da sensopercepção mais frequentes por lesões adquiridas. 
Fonte: Brandão (2004); Fuentes et al. (2008); Lent (2008); Sohlberg e Mateer (2011). 
 
 
Ainda sobre a integração do processo entre sensação e percepção (sensopercepção), um 
conceito importante é o de contínuo perceptivo: 
(...) deveríamos ver esses processos como parte de um contínuo. A 
informação flui pelo sistema. A percepção acontece à medida que objetos do 
ambiente comunicam estrutura do meio informacional [externo] que, ao 
final, chegam a nossos receptores sensoriais, levando à identificação interna 
de objetos. 
(STERNBERG, 2008) 
 
Juntamente com a compreensão do contínuo perceptivo, outro conceito complementar é o 
de adaptação sensorial. De acordo com Sternberg (2008), as células receptoras estão em 
constante adaptação à estimulação recebida pelos sentidos. Isso nos permite parar de 
detectar a presença de um estímulo e detectar outro, alterando assim nossa 
sensopercepção. 
 
A participação do indivíduo no processo perceptivo 
 
Uma série de estudos em Psicologia Cognitiva defende a participação colaborativa do 
conhecimento prévio do indivíduo na formação de um percepto. Desde os estudos da 
Psicologia da Gestalt, o enfoque dado à percepção da forma baseava-se na noção de que o 
todo difere da soma de suas partes. Essa abordagem mostrou-se útil particularmente para 
entender como são percebidos os grupos de objetos ou mesmo as partes de objetos para 
formar todos integrais: tendemos a perceber uma configuração visual apenas como uma 
organização dos elementos distintos em uma forma coerente e estável. 
O observador atribui certa parte sobre as sensações que esteja experimentando, 
contribuindo ativamente para o processo de perceber e, assim, de compreender e aprender 
sobre o mundo ao seu redor. Segundo Sohlberg e Mateer (2011), esse tópico é de especial 
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interesse para educadores e profissionais das áreas de Psicologia e outras modalidades de 
habilitação e reabilitação neuropsicológica cognitiva. 
 
 
A atenção 
 
A atenção é um dos temas mais intrigantes e populares da Neuropsicologia na atualidade. 
Diante da enorme quantidade de estímulos que recebemos em nossas mais diversas 
atividades, manter a atenção por longos períodos e em mais de uma atividade tem sido 
cada vez mais requerido. 
As funções cognitivas não são estanques; acontece o mesmo com a sensopercepção e a 
atenção: ambos os processos funcionam coordenadamente; só podemos perceber ao que 
estamos atentos, mas, do mesmo modo, um estímulo sensorial de relevância pode capturar 
nossa atenção. 
 
Atenção: definição 
Vamos iniciar este assunto fazendo um exercício. Está pronto? 
Experimente focar a sua atenção nos estímulos visuais no seu entorno; ao mesmo tempo, 
preste atenção às sensações táteis que vêm do contato do seu corpo com as roupas e a 
cadeira; agora, ao mesmo tempo, procure perceber se há algum odor adocicado ao seu 
redor. E ainda junte a isso tudo prestar sua atenção aos estímulos sonoros. Tudo ao 
mesmo tempo! Descreva como foi essa experiência. 
RESPOSTA: Foi possível prestar atenção em todos? Ou você sentiu a sua atenção “pular” 
de um estímulo a outro? Esse exercício nos dá muitas pistas de como opera essa função 
cognitiva. A atenção inclui a concentração de atividade mental que permite selecionar 
alguns aspectos do mundo sensorial de maneira eficiente, enquanto outros aspectos (fora 
da atenção) não são processados em detalhes. A atenção, portanto, é um processo que 
exige de nós uma percepção direcionada, durante certo tempo. Como você identificou, é 
nossa capacidade de concentrar os processos mentais em somente uma tarefa, reduzindo 
o foco nas demais. 
 
O processo atencional – teorias e funções 
De acordo com Matlin (2004), pode-se considerar dois aspectos principais da atenção: 
• ALERTA 
Estado geral de sensibilização, relacionado à vigília e consciência. 
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• FOCALIZAÇÃO 
Quando a atenção está sobre certos estímulos do ambiente interno (neurobiológicos) ou 
externo do indivíduo. 
 
Veremos mais adiante que os diferentes aspectos da atenção têm processamento em áreas 
diferentes do SNC. 
O exercício anterior também nos auxilia a compreender a teoria do filtro atencional, ou do 
gargalo. Ela indica que, num conjunto de variados estímulos a perceber, nossa atenção 
apenas tem espaço para processar alguns deles de cada vez, como um gargalo ou funil. 
Podemos pensar também na ideia de um foco de luz, dinâmico, sobre um grande palco, só 
podendo iluminar parte do cenário. Ali, no foco central da iluminação, estaríamos 
conscientementerespondendo a uns estímulos e negligenciando outros. 
O esquema da figura 5 nos apresenta um modelo de como a atenção e o processamento 
consciente se organizam. 
No centro do modelo (em vermelho) estão os conteúdos que, estando atento, o sujeito 
pode processar conscientemente e até descrever. Ao redor (em laranja), os conteúdos que 
estão sendo manipulados pela atenção, que incluem o círculo interno, porém com parte do 
processamento não completamente consciente. E em cinza (círculo maior, que inclui os 
outros dois), está o universo de estímulos a que o indivíduo está exposto. 
 
Figura 5 - Processamento consciente de informações na atenção. 
 
Funções da atenção 
A atenção possui diferentes níveis de funcionamento, também conhecidos como funções da 
atenção. A tabela 2 inclui os principais tipos e suas definições. Aqui, abordaremos a atenção 
focada, mantida ou sustentada, seletiva, alternada e dividida. 
Função Definição 
Atenção focada Resposta básica ao estímulo. 
Exemplos: girar a cabeça na direção de um 
estímulo auditivo; quando dirigindo, desviar-se 
de um obstáculo na estrada. 
Atenção mantida ou sustentada Manutenção da atenção ao longo do tempo 
durante atividade contínua; memória de 
trabalho: sustentação e manipulação ativa da 
informação; capacidade de estar em prontidão, 
por um período prolongado, para responder a 
determinadas alterações na situação de 
estímulos, ou ao aparecimento de um estímulo-
alvo específico. Inclui as funções sondagem 
javascript:void(0)
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(busca ativa por um estímulo) e vigilância 
(prontidão para responder a um estímulo-alvo). 
Exemplo: quando dirigindo, permanecer atento 
por longos períodos, na expectativa de novos 
obstáculos na estrada. 
Atenção seletiva Livre da distratibilidade; escolha dos estímulos 
relevantes; procura ativa de um estímulo-alvo; 
busca por estímulos específicos; foco da 
atenção aos relevantes e inibição dos 
irrelevantes; capacidade de focar e selecionar 
um estímulo e ignorar vários outros que 
estejam viáveis no momento. Fundamental 
para compreensão verbal e resolução de 
problemas. Exemplos: inibir o barulho do ar-
condicionado da sala durante uma conferência; 
quando dirigindo, não ser distraído por eventos 
que tirem a atenção da estrada. 
Atenção alternada Capacidade de flexibilidade mental; alternar 
entre estímulos diferentes. 
Exemplo: quando dirigindo, observar 
possibilidade de ultrapassagem, olhando 
retrovisores, observando buzinas e faróis de 
outros veículos. 
Atenção dividida Habilidade para responder simultaneamente a 
duas tarefas; distribuição dos recursos 
atencionais. Nessas situações, há um 
deslocamento coerente e distribuído dos 
recursos atencionais. Todos os estímulos são 
relevantes, porém o organismo deve responder 
concomitantemente aos diferentes estímulos 
que são apresentados, que podem variar tanto 
em características espaciais quanto temporais. 
Exemplo: quando dirigindo, ser capaz de 
conversar, ouvir rádio, usar mãos ao volante e 
câmbio, pés aos pedais. 
Tabela 2 - Funções da atenção e suas definições. 
Fonte: Fuentes et al. (2008); Lent (2008); Sohlberg e Mateer (2011). 
 
Processos automáticos e controlados 
 
Na teoria cognitiva sobre atenção, registra-se a ideia de que os indivíduos possuem uma 
quantidade de recursos atencionais limitada. De acordo com essa ideia, algumas ações 
requerem mais recursos atencionais do que outras: ações novas, referentes a novos 
aprendizados, requerem muita atenção em seu aprendizado e em seu desempenho, mas, 
com o passar do tempo, demandam cada vez menos recursos atencionais, passando a ser 
desempenhadas automaticamente. Tal funcionamento faz parte da função adaptativa 
cerebral que, ao automatizar tarefas, melhora a economia cognitiva, deixando disponíveis 
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recursos atencionais para que o indivíduo possa se engajar em tarefas concomitantemente. 
Mas deve estar claro que, em nossa mente, a maioria dos processos cognitivos se dá de 
forma automática. 
Saiba mais 
Para saber mais sobre os processos cognitivos de forma automática, vale conhecer a obra O 
novo inconsciente, de Marco Callegaro (2011), também indicada no Explore+ ao final deste 
tema. 
 
Normalmente, o aprendizado de tarefas novas envolve a utilização de quase todos os 
recursos atencionais, e o indivíduo não consegue desempenhar mais de uma tarefa ao 
mesmo tempo. Esses processos são do tipo controlado (o indivíduo está conscientemente 
engajado na ação) e requerem um controle cognitivo maior, usando as funções executivas. 
Conforme a repetição, os processos controlados passam a ser desempenhados como do tipo 
automático (que se refere a tarefas superaprendidas, que já não requerem quase nenhum 
recurso atencional). O comparativo a seguir resume as características dos processos 
controlados e automáticos: 
Processo controlado 
• Esforço intencional 
• Conhecimento consciente 
• Realizados serialmente 
• Consomem mais tempo 
• Tarefas novas ou com variabilidade 
• Níveis elevados de processamento cognitivo 
Processo automático 
• Pouco ou nenhum esforço intencional 
• Sem consciência 
• Realizados em paralelo 
• Rápidos 
• Tarefas conhecidas, com prática 
• Níveis baixos de processamento cognitivo 
Processos controlados e automáticos e o uso de recursos atencionais. 
Fonte: Fuentes et al. (2008); Matlin (2004); Sternberg (2008); Sohlberg e Mateer (2011). 
 
Processos bottom-up e top-down 
O cérebro é limitado em sua capacidade de processar todos os estímulos sensoriais 
presentes no mundo físico a qualquer momento e confia no processo cognitivo de atenção 
para concentrar os recursos neurais de acordo com as contingências do momento. Nesse 
sentido, a atenção pode ser categorizada, segundo Katsuki e Constantinidis (2013), em duas 
funções distintas: 
Atenção bottom-up (de baixo para cima) 
Referente à orientação puramente por fatores externos direcionados a estímulos 
destacados por causa de suas propriedades inerentes ao fundo – por exemplo, um barulho 
muito alto, uma luz que se acende num ambiente de penumbra. 
Atenção top-down (de cima para baixo) 
Refere-se a orientações internas de atenção baseadas em conhecimento prévio, planos ou 
metas atuais – como prestar atenção a uma aula. 
O conceito de atenção top-down, de acordo com Cosenza e Guerra (2001), funde-se com o 
tipo de processamento controlado da atenção e é de especial interesse para o aprendizado 
escolar, por exemplo. 
NEUROCIÊNCIA DA ATENÇÃO 
Como já vimos, dois aspectos principais (alerta e focalização) formam a atenção. 
Mecanismos envolvidos na atenção, segundo Brandão (2004) e Fuentes et al. (2008), 
dependem de uma rede nervosa que inclui porções anteriores e posteriores do sistema 
nervoso, e lesões nessa rede alteram a capacidade da pessoa em direcionar a atenção para 
determinados setores do ambiente. 
Em relação ao estado de alerta, a área mais atuante é o Sistema Atencional Reticular 
Ascendente (SARA), localizado no tronco encefálico. 
Em relação ao que se pretende estudar em Neurociência Cognitiva (com ênfase na função 
cognitiva que ora estudamos), merece destaque a focalização. 
Atenção 
É o Sistema Atencional Posterior (SAP) que tem por função orientar a atenção; ou seja, é 
responsável pela atenção focada e seletiva, como vimos na tabela 2. Já o Sistema Atencional 
Anterior (SAA) é responsável também pela atenção seletiva; e pela atenção sustentada e 
dividida. Assim, realiza o recrutamento atencional para detectar estímulos e controlar áreas 
cerebrais para o desempenho de tarefas cognitivas complexas. 
As áreas cerebrais envolvidas no SAA são o córtex frontal, o giro cingulado anterior e os 
gânglios da base. A figura 6 resume as áreas do SNC que participam dos diferentes sistemas 
atencionais citados. 
 
Figura 6 - Áreas cerebrais envolvidas com a atenção. 
 
 
MÓDULO 2 
Identificar os substratos neurais subjacentes ao processo mnemônico e sensório-motor 
 
CONCEITOSRetomando a função principal do cérebro – que é a adaptação –, temos na memória uma de 
suas principais aliadas. Ao aprender sobre o ambiente, o indivíduo pode fazer projeções e 
modular o seu comportamento com base em experiências anteriores. 
MEMÓRIA: DEFINIÇÃO 
De acordo com Baddeley et al. (2011), a memória pode ser definida como a capacidade de 
adquirir (registrar), armazenar e recordar informações. Tem como função situar e adaptar o 
indivíduo ao meio, modificar comportamentos em função das novas aprendizagens e 
experiências anteriores. 
O PROCESSO MNEMÔNICO – TEORIAS E FUNÇÕES 
Fases da memória 
Vimos que a memória é um processo composto por outros três: o de adquirir (aquisição), 
armazenar (consolidação) e recuperar (evocar) informações disponíveis. Em termos das 
Neurociências Cognitivas, o processo de memorização pode ser dividido em três fases 
principais: 
 
Fase 1 
Aquisição (a formação do traço de memória). 
Fase 2 
Retenção ou armazenamento (quando estratégias de armazenamento fortalecem o traço 
mnemônico, organizando a informação adquirida). 
Fase 3 
Recuperação (a ativação do traço adquirido, ou o lembrar propriamente dito). 
 
Na figura 7, usamos a referência da seta como a passagem do tempo. Dessa maneira, os 
processos são sucessórios e relativamente independentes. 
Atenção 
Não pode haver recuperação de uma informação que não tenha sido armazenada 
(consolidada), assim como não pode haver retenção de uma informação que não tenha sido 
adquirida. 
 
As informações, para serem lembradas, precisam ter sido adquiridas (com especial 
participação da atenção, tratada no módulo anterior) e, posteriormente, retidas 
(armazenamento), ou seja, elas precisam ser consolidadas organizadamente na rede de 
informações pertinentes prévias. 
 
 
Figura 7 - Fases da memória 
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Segundo Cosenza e Guerra (2001) e Sohlberg e Mateer (2011), alguns aspectos facilitam o processo 
de retenção: 
• Repetição da informação. 
• Relevância emocional para o indivíduo. 
• Boa qualidade do sono após a aquisição. 
• Estratégias adequadas de dar sentido à nova informação em relação às que 
coexistem na mesma rede (fazer relações entre a informação nova e as 
anteriormente aprendidas). 
De acordo com Sara (2000) e Nader e Einarsson (2010), dois processos podem ser descritos no 
período de armazenagem da informação: 
Consolidação 
Envolve a transformação dos traços mnésicos transitórios em mais duráveis e estáveis. 
Reconsolidação 
Representa uma atualização do novo traço após novo aprendizado, a partir de sua 
integração com traços antigos, fortalecendo-o. 
 
Teoria da degeneração 
Como citamos nos processos de sensopercepção e atenção, o conjunto de estímulos a que 
um sujeito está exposto é sempre maior que a capacidade de seu sistema cognitivo de 
processá-lo. E, ainda assim, nem todos os estímulos que nossa sensopercepção e atenção 
possam processar serão consolidados na memória. Segundo Gazzaniga (1995), não havendo 
uma boa estratégia de retenção, muitos estímulos podem sofrer esquecimento, ou 
degeneração. 
A teoria da degeneração da memória afirma que esquecemos porque não utilizamos as 
informações e, assim, elas desaparecem com o tempo, como um processo natural do 
cérebro, obedecendo a uma espécie de lei do uso e desuso. 
A figura 8 representa a curva de esquecimento de um aprendizado verbal ao longo do 
tempo. Observa-se que a retenção da informação (o que fora efetivamente recordado do 
que foi adquirido) decai muito rapidamente, apenas restando, ao longo de um mês, uma 
pequena parcela do que foi aprendido. Aqui, mais uma vez se ressalta o papel do indivíduo 
no processo cognitivo, pois tende a ser mantido o conjunto de informações que faça sentido 
para aquele indivíduo de forma particular. 
javascript:void(0)
javascript:void(0)
 
Figura 8 - Curva de esquecimento. 
 
 
 
Classificação da memória quanto ao tempo 
Uma classificação temporal da memória se refere à quantidade de tempo em que a 
informação é mantida no cérebro. Assim, temos 3 classificações: 
Memória sensorial 
Dura poucos segundos, referindo-se aos conteúdos advindos do sistema sensoperceptivo 
Memória de curto prazo 
De duração limitada (20-30 segundos) e com capacidade também limitada (de 5 a 7 itens, 
decaindo com o tempo). Um dos modelos que melhor explica a memória de curto prazo é a 
memória operacional (ou memória de trabalho), como veremos neste módulo. 
Memória de longo prazo (MLP) 
De duração ilimitada (de segundos a anos, podendo chegar a ser permanente) e capacidade 
ilimitada (não se conhece o tamanho da MLP humana). E persiste indefinidamente. 
Memória operacional (ou memória de trabalho) 
O modelo mais bem aceito para explicar a memória de curto prazo é o proposto por 
Baddeley (2011), que nos apresenta o conceito de memória de trabalho (ou memória 
operacional), baseado em três componentes principais: alça fonológica, esboço 
visuoespacial e retentor episódico, organizados por um quarto componente, o executivo 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/sensacao_atencao_memoria_integracao_sensorio_motora/index.html#collapse-steps1
http://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/sensacao_atencao_memoria_integracao_sensorio_motora/index.html#collapse-steps2
http://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/sensacao_atencao_memoria_integracao_sensorio_motora/index.html#collapse-steps3
central, que se ocupa da manipulação online de informações atuais, integrando funções 
atencionais e conteúdo da memória de longo prazo (MLP). 
 
• Alça fonológica 
De acordo com Zanella e Valentini (2016), este componente é responsável por fornecer 
armazenamento temporário de material linguístico: aquisição de vocabulário, compreensão 
da leitura, escrita, habilidades aritméticas e resolução de problemas matemáticos. O 
principal objetivo da alça fonológica é armazenar padrões sonoros desconhecidos enquanto 
a memória permanente de registros está sendo construída. 
• Componente visuoespacial 
Zanella e Valentini (2016) também afirmam que este componente possui funções 
semelhantes às da alça fonológica; envolve informações visuais e espaciais, armazenando-as 
temporariamente de forma restrita. Esse componente possui papel fundamental na 
formação da imagem mental. 
• Retentor episódico 
Também conhecido como buffer episódico, garante a capacidade de armazenamento 
temporário e limitado das informações contidas em um código multimodal, 
proporcionando, assim, não só um mecanismo para modelar o ambiente, mas também a 
criação de novas representações cognitivas, que poderão facilitar a resolução de problemas. 
• Executivo central 
Segundo Gazzaniga (1995), este componente dá suporte às funções cognitivas superiores de 
gerenciamento das múltiplas tarefas cognitivas e comportamentais voltadas a um objetivo. 
 
A memória de trabalho é responsável pelo armazenamento de informações pelo período de 
utilização (resolução de problemas), por isso depende da atenção. Sendo um modelo da 
memória de curto prazo, configura o estágio responsável por tornar conscientes as 
informações transferidas da memória sensorial (imediata) e de longo prazo para que o 
indivíduo possa manipular ativamente as informações. Embora seja dinâmica, possui pouca 
capacidade (cerca de 7 itens apenas podem ser processados ao mesmo tempo) e tem uma 
duração limitada (dependente de enquanto durar a atenção naquele estímulo, mas, 
geralmente, poucos segundos). 
 
De acordo com Zanella e Valentini (2016), a memória de trabalho é um sistema de 
capacidade limitada que permite o armazenamento e a manipulação temporária de 
informações verbais ou visuais necessárias para tarefas complexas, como a compreensão, o 
aprendizado, o raciocínio e o planejamento. Quando o indivíduo ouve uma palavra, o som é 
encaminhado para a memória sensorial, as experiências com a língua permitem que a 
javascript:void(0)pessoa reconheça o padrão de sons, em seguida a palavra é encaminhada para a memória 
de trabalho onde a informação será processada. Entretanto, o processo de reconhecer o 
significado da palavra é desenvolvido na memória de longo prazo: local de armazenamento 
permanente de informações. 
 
SISTEMAS MÚLTIPLOS DE MEMÓRIA 
As pesquisas em Neurociências Cognitivas, segundo Helene e Xavier (2003) e Squire (2013), 
trouxeram o conhecimento de que a memória se constitui por componentes que são 
mediados independentemente por diferentes módulos do sistema nervoso, mas de maneira 
cooperativa. Sobre a MLP, tem-se, a partir desses estudos, a divisão da memória em dois 
grandes sistemas: explícito e implícito, que dependem do conteúdo da seguinte subdivisão: 
• MEMÓRIA EXPLÍCITA (OU DECLARATIVA) 
Refere-se a conteúdos mais conscientes e é dividida em episódica (informações que de 
alguma forma encontram uma correlação têmporo-espacial) e semântica (que abarca os 
conceitos ou esquemas). 
• MEMÓRIA IMPLÍCITA (NÃO DECLARATIVA) 
Está relacionada a condicionamentos, pré-ativação e hábitos motores em geral; são 
memórias não conscientes. 
O comparativo a seguir apresenta as diferenças e subdivisões dos dois sistemas. 
• MLP explícita (ou declarativa) 
Capacidade de armazenamento e recordação consciente de experiências prévias (“o quê”). 
Acumula informação tanto do tipo espacial quanto temporal. 
Subsistemas: 
(1) Episódico: permite o resgate de eventos pessoais com rótulo temporal; bastante 
suscetível à perda de informação. 
(2) Semântico: fatos e conceitos. 
• MLP implícita (não declarativa) 
Capacidade de armazenamento e recordação não consciente de experiências prévias 
(“como”). 
Consolidação exige treino. 
O deficit nessa memória pode interferir na aquisição de habilidades rotineiras. 
Subsistemas: 
(1) Habilidades e hábitos adquiridos e treinados progressivamente, tais como os 
desenvolvidos em tarefas como andar de bicicleta, fazer pontos de costura, ou jogar bola 
com maestria. 
(2) Pré-ativação (ou priming), relacionado ao funcionamento do córtex cerebral, por 
exemplo, como observado nas listas de recordação com dicas. 
(3) Condicionamento clássico, como observado nas respostas emocionais de medo, com 
ativação da amígdala. 
(4) Aprendizagem não associativa. 
Memória de longo prazo e divisão em sistema explícito e implícito. 
Fonte: Baddeley et al. (2011); Fuentes et al. (2008); Matlin (2004); Sternberg (2008). 
 
Atenção 
Lembre-se de que estamos nos referindo a certos neurônios, também denominados 
amígdalas cerebelosas (identificadas na figura 9), a fim de diferenciá-los dos órgãos 
homônimos (também denominados tonsilas palatinas), localizados entre a boca e a faringe. 
 
Se, por exemplo, em algum momento deste tema, você se lembrou de ligar para sua avó e 
combinar com ela a que horas poderá levá-la amanhã ao hospital, você usou sua memória 
declarativa (consciente). E se você for até lá de bicicleta, usará sua memória implícita (não 
consciente) ao pedalar. 
NEUROCIÊNCIA DA MEMÓRIA 
Os múltiplos sistemas de memória são independentes porque se baseiam em estruturas (ou 
redes) neurais um tanto independentes também. Assim, diferentes tipos de memória – e de 
processos da memória – podem ser atribuídos ao funcionamento adequado de diferentes 
áreas neurais, conforme aponta a figura 9. 
 
Figura 9 - Áreas cerebrais envolvidas na memória. CPF = córtex pré-frontal; MCP = memória de curto 
prazo; MLP = memória de longo prazo. 
Destaca-se o papel fundamental do córtex pré-frontal para a memória de curto prazo (em 
especial quando assume-se o modelo de memória operacional). Em relação à neurobiologia 
da memória de longo prazo (MLP), está bem estabelecido o papel do hipocampo para a 
consolidação das memórias, embora essa estrutura só esteja responsável pelo 
armazenamento temporário da informação: as memórias já consolidadas são armazenadas 
em diferentes regiões do córtex cerebral, dependendo de o conteúdo da informação ser 
visual, emocional, verbal, entre outros. 
Com especial atenção, destacamos que a amígdala e o hipocampo (também na figura 9) não 
são locais de armazenamento de informação, mas participam do processo de formação 
(consolidação e reconsolidação) de memórias. Esse é um ponto de bastante confusão e erro. 
A figura 9 destaca a localização do hipocampo, estrutura responsável pela consolidação das 
memórias, especialmente às MLP explícitas. Baddeley et al. (2011) e Callegaro (2011) 
afirmam que essa estrutura não está plenamente desenvolvida na criança em torno dos 2 
anos de idade. Isso poderia explicar, ao menos em parte, o fenômeno da amnésia infantil. 
Em termos neurobiológicos, o processo de memorização requer mudanças em propriedades 
neurais como a excitabilidade da membrana do neurônio e o fortalecimento sináptico, ou 
seja, da comunicação entre os neurônios. Alguns princípios, segundo Squire (2013), ajudam-
nos a compreender os mecanismos moleculares e neurais implicados na aprendizagem e na 
memória: existem múltiplos sistemas de memória no cérebro; aprendizagem e memória de 
curto e longo prazo envolvem mudanças na rede neural existente. Essas mudanças, segundo 
Nader e Einarsson (2010), envolvem múltiplos mecanismos celulares em neurônios 
existentes; e memória de longo prazo (MLP), que requer a síntese de novas proteínas. 
PROCESSOS DA MENTE: INTEGRAÇÃO SENSÓRIO-MOTORA 
O conceito de integração se mostra essencial para o funcionamento da mente e, assim, do 
indivíduo em interação com seu meio. No processo de integração sensório-motora, fica 
evidente que o sistema nervoso (SN) trabalha de forma coordenada e dinâmica. Vamos 
abordar a relação íntima e necessária entre os aspectos cognitivos e motores. Esse é um dos 
aspectos mais ricos do funcionamento cognitivo, especialmente quando se pensa em 
aprendizados motores como a fala, a escrita, o uso de ferramentas e instrumentos em geral. 
Integração sensório-motora: definição 
A integração sensório-motora pode ser definida como o processo segundo o qual o cérebro 
organiza as informações com a finalidade de dar uma resposta adaptativa adequada, que 
pode configurar um comportamento motor. É responsável por estruturar as sensações do 
próprio corpo e do ambiente a fim de possibilitar seu uso apropriado no ambiente. 
Portanto, podemos explicar a integração sensório-motora como a habilidade inata de 
organizar, interpretar sensações e responder apropriadamente ao ambiente, de forma 
funcional. 
 
DEFINIÇÃO 
Conceito de sensação, atenção e memória. Apresentação da neurociência do processo 
sensoperceptivo e da integração sensório-motora, bem como do processo sensório-motor, das 
teorias e funções do processo atencional, da neurociência da atenção e do processo mnemônico. 
PROPÓSITO 
Compreender os processos cognitivos sensação, atenção, memória e a integração sensório-motora 
desde suas definições, teorias subjacentes e funções aos substratos neurais relacionados a elas. 
PREPARAÇÃO 
Para um melhor aproveitamento deste tema, você pode utilizar um modelo físico ou 3D do cérebro. 
Ainda, pode se valer de sites ou aplicativos para recorrer a modelos 3D virtuais. Recomenda-se que 
você esteja familiarizado com noções básicas de Neurociências; em especial, Neurociência Cognitiva. 
OBJETIVOS 
Módulo 1 
Identificar os substratos neurais subjacentes ao processo sensoperceptivo e atencional 
Módulo 2 
Identificar os substratos neurais subjacentes ao processo mnemônico e sensório-motor 
INTRODUÇÃO 
Neste tema, exploraremos três funções cognitivas (sensopercepção, atenção e memória) e 
abordaremos a integração sensório-motora, função executada pelo sistema nervoso (SN). 
Conheceremos essas diferentes funções e as relacionaremos com áreas específicas do SN. Vamos, 
agora, identificar os conceitos fundamentais para a compreensão dessas funções. Mas, para isso, 
cabe ressaltar dois importantes pontos: 
Ponto 1 
Asfunções cognitivas somente são separadas com fins didáticos, uma vez que, no mundo concreto, 
atuam de forma integrada. Sob coordenação das funções executivas, o indivíduo, ativado por uma 
emoção, motiva-se na direção de focar a atenção em determinado estímulo, que será processado 
pela sensopercepção, gerando o traço necessário para a memória e o consequente aprendizado. É o 
que está representado na figura 1. 
Ponto 2 
O desenvolvimento das estruturas do SN subjacentes a cada uma das funções cognitivas tem 
correlação direta com o desempenho do sujeito naquela função específica, uma vez que cada 
avanço no substrato neurobiológico subjacente (aumento do número de neurônios, ou de sinapses, 
ou mesmo o fortalecimento das redes) representa também um ganho funcional. Assim, é esperado 
que indivíduos de diferentes idades e perfis de estimulação tenham desempenhos funcionais 
também diferentes. 
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Figura 1 - Integração 
das funções cognitivas. 
MÓDULO 1 
 
 
 Identificar os substratos neurais subjacentes ao processo sensoperceptivo e atencional 
Preste atenção ao seu ambiente neste momento. Volte-se para o seu ambiente externo e interno. 
Você consegue perceber diferentes cores, brilhos, movimentos, sons, o toque do seu corpo na 
cadeira, nas roupas, no seu sapato, a temperatura das superfícies que toca, do ar, eventuais cheiros, 
perfumes, sabores. 
Só podemos ter a sensação de nosso ambiente porque uma linha de processamento neural está 
funcionando de forma integrada e coordenada. Em especial porque o nosso cérebro – principal 
órgão do sistema nervoso central (SNC) e responsável pela compreensão do que sentimos em uma 
percepção – está íntegro! 
SENSAÇÃO: DEFINIÇÃO 
Para definirmos o que é sensação, vamos recordar uma questão filosófica que está proposta na 
atividade de reflexão a seguir: 
Se uma mulher fala em uma sala e não há homem algum para ouvi-la, ainda assim ela está certa? 
RESPOSTA 
Essa ironia nasceu de uma velha charada: Se uma árvore cai na floresta e não há ninguém para 
ouvir, ainda sim ela produz som? E é assim que Sternberg (2008) começa sua apresentação acerca 
da sensação. E mostra que, diferentemente do que se tem no senso comum, na área das 
neurociências cognitivas, o termo sensação se reduz à mera resposta relacionada aos nossos 
sentidos: visão, audição, tato, olfato e paladar. Ou seja: é a capacidade que nosso corpo tem de 
receber os estímulos do meio externo e permitir (através de células receptoras) que sejam 
compreendidos pelos neurônios. Portanto, voltando à charada, antes que aconteça a sensação, há o 
mundo externo (a árvore que cai e produz o som, por exemplo) que será captado pelos sentidos. 
NEUROCIÊNCIA DO PROCESSO SENSOPERCEPTIVO 
Nosso aparato sensorial é formado pelos órgãos sensoriais (olhos, ouvidos, pele, língua, nariz), os 
nervos (que levam as informações dos órgãos dos sentidos até o SNC) e o córtex cerebral (onde o 
estímulo será processado em diferentes áreas a depender da modalidade sensorial: visual, tátil etc.). 
No cérebro, as informações sensoriais se conjugam numa percepção. 
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Saiba mais 
Segundo Lent (2008), diferentemente de sua definição no senso comum, as percepções para as 
neurociências cognitivas são aqueles produtos da sensação (ou seja, proveniente dos sentidos). Por 
esse motivo, está cada vez mais frequente na literatura da área a grafia sensopercepção, já que se 
trata de um processo intrinsecamente integrado 
Quando vemos um objeto (uma bola vermelha, por exemplo), neurônios sensoriais em nossa retina 
realizam a transdução das ondas luminosas em impulsos nervosos, que seguem pelo nervo óptico 
até núcleos específicos do tálamo, uma estrutura dupla (ou seja, presente nos dois hemisférios 
cerebrais), conforme indica a figura 2: 
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Figura 2 - Tálamo 
(em amarelo). 
O tálamo, então, encaminha os impulsos visuais até as áreas sensoriais primárias (no exemplo, área 
visual primária, no córtex occipital). Na área visual primária, haverá apenas o processamento da cor 
e do formato; e separadamente. Em seguida, o estímulo será encaminhado para processamento nas 
áreas secundárias (no exemplo, área visual secundária, ainda no córtex occipital) e nas áreas de 
associação multimodais (junção têmporo-parieto-occipital), onde será formada a percepção do 
objeto visto como um todo, a fim de ser reconhecido como uma “bola vermelha”. 
Vale ressaltar que os estímulos sensoriais seguem este padrão: 
órgão sensorial 
tálamo 
córtices 
Com exceção dos estímulos sensoriais olfativos, que não passam pelo tálamo e são enviados do 
bulbo olfatório diretamente para o córtex cerebral. 
Processamento contralateral 
Um ponto curioso e relevante sobre a sensopercepção é que ela é processada no córtex 
contralateral ao estímulo. Isso significa que os estímulos percebidos no lado esquerdo do corpo são 
processados nas estruturas cerebrais do lado direito e vice-versa. Isso se dá porque as fibras neurais 
se cruzam no nível da ponte (estrutura componente do tronco cerebral): os prolongamentos do 
córtex cerebral direito cruzam na ponte e passam a enervar o lado esquerdo do corpo e vice-versa. É 
importante citar que essas vias são: 
 Clique nas barras para ver as informações. 
AFERENTES 
Levam comandos do SNC até a periferia. Isso é relevante para o comportamento motor (como 
veremos mais à frente neste tema). 
EFERENTES 
Carregam informações sensoriais da periferia até o SNC. Isso é de especial relevância para a 
sensopercepção. 
Segundo Thompson (2005), é provável que essa característica tenha sido adaptativa em algum 
momento da evolução das espécies. Assim, espera-se que lesões cerebrais em um dos hemisférios 
produzam efeitos (sensoriais e motores) no lado contralateral do corpo. 
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Áreas funcionais – córtices primário e secundário e córtex associativo 
Para ser percebido, um estímulo é processado em diferentes áreas do SNC. Essas áreas, de acordo 
com Fuentes et al. (2008), são organizadas hierarquicamente e ficaram conhecidas como unidades 
funcionais, proposta de Alexander Luria, um dos pesquisadores mais proeminentes da 
Neuropsicologia. Luria formulou uma compreensão de que o córtex está organizado nas seguintes 
unidades funcionais: 
 
 Clique nas barras para ver as informações. 
ÁREAS BÁSICAS E UNOMODAIS 
Como as áreas visuais primárias do córtex occipital e as áreas motoras primárias do giro pré-central 
do córtex frontal, por exemplo, que lidam apenas com uma modalidade sensorial. Nesse caso, a 
visual e a auditiva, respectivamente. 
ÁREAS SECUNDÁRIAS 
Como as áreas associativas visuais, que nos permitem a compreensão perceptual, com mais sentido, 
dos estímulos visuais. 
ÁREAS TERCIÁRIAS 
Como as áreas de associação multimodais, que integram e processam diversas modalidades 
sensoriais para criar uma percepção completa do estímulo que ao mesmo tempo seja visual, 
espacial, auditivo e mnemônico. São exemplos a junção têmporo-parieto-occipital e o córtex pré-
frontal (CPF). 
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Nota: Mnemônico é referente à memória (do grego mnémé). 
Na figura 3, vemos algumas das mais relevantes áreas do córtex cerebral. 
Figura 3 - Divisão do 
encéfalo de acordo com seus córtices funcionais. 
No processo de percepção, o estímulo trafega das áreas funcionais primárias (córtex sensorial 
unimodal) para as secundárias e finalmente para as de associação (terciárias). Esse caminho é 
conhecido como processamento bottom-up (de baixo para cima). 
(MATLIN, 2004) 
Somatotopia 
Os estímulos sensoriais táteis são processados no córtex sensorial primário, localizado no giro pós-
central, no lobo parietal, como mostra a figura 4: 
Figura 4 - Córtex 
sensorial primário. 
Perceba que essa região apresenta uma organização topográfica, em que cada parte do corpo é 
processada por uma sub-região de neurônios nesse giro em torno do cérebro. Assim, com estudos 
de neuroanatomiafuncional, foi possível conhecer esse mapa, que relaciona áreas do corpo a áreas 
cerebrais responsáveis por seu processamento. 
Saiba mais 
A extensão cortical da área não guarda correspondência com a extensão anatômica da parte do 
corpo, e sim com sua importância. Por exemplo: as áreas sensoriais corticais dos lábios e dedos das 
mãos são maiores do que as das costas ou pernas, mesmo que estas últimas sejam bem maiores no 
corpo que as primeiras. 
Lesões cerebrais e deficiências no processamento sensoperceptivo 
Reconhecendo que a topografia cerebral é relevante para a construção dos estímulos sensoriais, é 
possível compreender que lesões em diferentes regiões componentes do caminho da informação 
acarretam sintomatologias diversas. 
A tabela 1 apresenta os quadros patológicos mais frequentes quando se trata de lesões adquiridas 
em diferentes áreas do SN responsáveis pela sensopercepção. Note que os lobos mais importantes 
para essa função cognitiva são o occipital, o temporal e o parietal. 
Lobo de localização 
da lesão 
Área funcional Efeitos Nome da disfunção 
Occipital Córtex visual 
primário 
Incapacidade de 
receber informação 
visual e perda de visão 
Cegueira cortical 
 Córtex visual 
secundário 
Incapacidade de 
reconhecer e de 
identificar 
visualmente objetos 
Agnosia visual 
 Incapacidade de 
compreender os sinais 
gráficos da escrita 
Cegueira verbal ou 
alexia 
Temporal Córtex auditivo 
primário 
Incapacidade de 
receber informação 
sonora e perda de 
audição 
Surdez cortical 
 Córtex auditivo 
secundário 
Incapacidade de 
reconhecer e de 
identificar sons 
vulgares 
Agnosia auditiva 
 Incapacidade de 
interpretar o 
significado do discurso 
oral 
Surdez verbal 
Parietal Córtex 
somatossensorial 
primário 
Incapacidade de 
receber informação 
sensorial e perda da 
sensorial tátil, térmica 
e álgica (ligada à dor) 
Anestesia cortical 
 Córtex 
somatossensorial 
secundário 
Incapacidade de 
reconhecer um objeto 
pelo tato e de localizar 
sensações táteis e 
térmicas do corpo 
Agnosia 
somatossensorial ou 
assomatognosia 
Tabela 1 – Disfunções da sensopercepção mais frequentes por lesões adquiridas. 
Fonte: Brandão (2004); Fuentes et al. (2008); Lent (2008); Sohlberg e Mateer (2011). 
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Ainda sobre a integração do processo entre sensação e percepção (sensopercepção), um conceito 
importante é o de contínuo perceptivo: 
(...) deveríamos ver esses processos como parte de um contínuo. A informação flui pelo sistema. A 
percepção acontece à medida que objetos do ambiente comunicam estrutura do meio 
informacional [externo] que, ao final, chegam a nossos receptores sensoriais, levando à 
identificação interna de objetos. 
(STERNBERG, 2008) 
Juntamente com a compreensão do contínuo perceptivo, outro conceito complementar é o de 
adaptação sensorial. De acordo com Sternberg (2008), as células receptoras estão em constante 
adaptação à estimulação recebida pelos sentidos. Isso nos permite parar de detectar a presença de 
um estímulo e detectar outro, alterando assim nossa sensopercepção. 
A participação do indivíduo no processo perceptivo 
Uma série de estudos em Psicologia Cognitiva defende a participação colaborativa do conhecimento 
prévio do indivíduo na formação de um percepto. Desde os estudos da Psicologia da Gestalt, o 
enfoque dado à percepção da forma baseava-se na noção de que o todo difere da soma de suas 
partes. Essa abordagem mostrou-se útil particularmente para entender como são percebidos os 
grupos de objetos ou mesmo as partes de objetos para formar todos integrais: tendemos a perceber 
uma configuração visual apenas como uma organização dos elementos distintos em uma forma 
coerente e estável. 
O observador atribui certa parte sobre as sensações que esteja experimentando, contribuindo 
ativamente para o processo de perceber e, assim, de compreender e aprender sobre o mundo ao 
seu redor. Segundo Sohlberg e Mateer (2011), esse tópico é de especial interesse para educadores e 
profissionais das áreas de Psicologia e outras modalidades de habilitação e reabilitação 
neuropsicológica cognitiva. 
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A atenção 
A atenção é um dos temas mais intrigantes e populares da Neuropsicologia na atualidade. Diante da 
enorme quantidade de estímulos que recebemos em nossas mais diversas atividades, manter a 
atenção por longos períodos e em mais de uma atividade tem sido cada vez mais requerido. 
As funções cognitivas não são estanques; acontece o mesmo com a sensopercepção e a atenção: 
ambos os processos funcionam coordenadamente; só podemos perceber ao que estamos atentos, 
mas, do mesmo modo, um estímulo sensorial de relevância pode capturar nossa atenção. 
 
Atenção: definição 
Vamos iniciar este assunto fazendo um exercício. Está pronto? 
Experimente focar a sua atenção nos estímulos visuais no seu entorno; ao mesmo tempo, preste 
atenção às sensações táteis que vêm do contato do seu corpo com as roupas e a cadeira; agora, ao 
mesmo tempo, procure perceber se há algum odor adocicado ao seu redor. E ainda junte a isso tudo 
prestar sua atenção aos estímulos sonoros. Tudo ao mesmo tempo! Descreva como foi essa 
experiência. 
RESPOSTA 
Foi possível prestar atenção em todos? Ou você sentiu a sua atenção “pular” de um estímulo a 
outro? Esse exercício nos dá muitas pistas de como opera essa função cognitiva. 
A atenção inclui a concentração de atividade mental que permite selecionar alguns aspectos do 
mundo sensorial de maneira eficiente, enquanto outros aspectos (fora da atenção) não são 
processados em detalhes. A atenção, portanto, é um processo que exige de nós uma percepção 
direcionada, durante certo tempo. Como você identificou, é nossa capacidade de concentrar os 
processos mentais em somente uma tarefa, reduzindo o foco nas demais. 
O processo atencional – teorias e funções 
De acordo com Matlin (2004), pode-se considerar dois aspectos principais da atenção: 
 Clique nas barras para ver as informações. 
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ALERTA 
Estado geral de sensibilização, relacionado à vigília e consciência. 
FOCALIZAÇÃO 
Quando a atenção está sobre certos estímulos do ambiente interno (neurobiológicos) ou externo do 
indivíduo. 
Veremos mais adiante que os diferentes aspectos da atenção têm processamento em áreas 
diferentes do SNC. 
O exercício anterior também nos auxilia a compreender a teoria do filtro atencional, ou do gargalo. 
Ela indica que, num conjunto de variados estímulos a perceber, nossa atenção apenas tem espaço 
para processar alguns deles de cada vez, como um gargalo ou funil. Podemos pensar também na 
ideia de um foco de luz, dinâmico, sobre um grande palco, só podendo iluminar parte do cenário. Ali, 
no foco central da iluminação, estaríamos conscientemente respondendo a uns estímulos e 
negligenciando outros. 
O esquema da figura 5 nos apresenta um modelo de como a atenção e o processamento consciente 
se organizam. 
No centro do modelo (em vermelho) estão os conteúdos que, estando atento, o sujeito pode 
processar conscientemente e até descrever. Ao redor (em laranja), os conteúdos que estão sendo 
manipulados pela atenção, que incluem o círculo interno, porém com parte do processamento não 
completamente consciente. E em cinza (círculo maior, que inclui os outros dois), está o universo de 
estímulos a que o indivíduo está exposto. 
Figura 5 - Processamento consciente de 
informações na atenção. 
Funções da atenção 
A atenção possui diferentes níveis de funcionamento, também conhecidos como funções da 
atenção. A tabela 2 inclui os principais tipos e suas definições. Aqui, abordaremos a atenção focada, 
mantida ou sustentada, seletiva, alternada e dividida. 
Função Definição 
Atenção focada Resposta básica ao estímulo. 
Exemplos: girar a cabeça na direção de um 
estímulo auditivo; quando dirigindo, desviar-se 
de um obstáculo na estrada. 
Atenção mantida ou sustentada Manutenção da atenção ao longo dotempo 
durante atividade contínua; memória de 
trabalho: sustentação e manipulação ativa da 
informação; capacidade de estar em prontidão, 
por um período prolongado, para responder a 
determinadas alterações na situação de 
estímulos, ou ao aparecimento de um estímulo-
alvo específico. Inclui as funções sondagem 
(busca ativa por um estímulo) e vigilância 
(prontidão para responder a um estímulo-alvo). 
Exemplo: quando dirigindo, permanecer atento 
por longos períodos, na expectativa de novos 
obstáculos na estrada. 
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Atenção seletiva Livre da distratibilidade; escolha dos estímulos 
relevantes; procura ativa de um estímulo-alvo; 
busca por estímulos específicos; foco da 
atenção aos relevantes e inibição dos 
irrelevantes; capacidade de focar e selecionar 
um estímulo e ignorar vários outros que 
estejam viáveis no momento. Fundamental 
para compreensão verbal e resolução de 
problemas. Exemplos: inibir o barulho do ar-
condicionado da sala durante uma conferência; 
quando dirigindo, não ser distraído por eventos 
que tirem a atenção da estrada. 
Atenção alternada Capacidade de flexibilidade mental; alternar 
entre estímulos diferentes. 
Exemplo: quando dirigindo, observar 
possibilidade de ultrapassagem, olhando 
retrovisores, observando buzinas e faróis de 
outros veículos. 
Atenção dividida Habilidade para responder simultaneamente a 
duas tarefas; distribuição dos recursos 
atencionais. Nessas situações, há um 
deslocamento coerente e distribuído dos 
recursos atencionais. Todos os estímulos são 
relevantes, porém o organismo deve responder 
concomitantemente aos diferentes estímulos 
que são apresentados, que podem variar tanto 
em características espaciais quanto temporais. 
Exemplo: quando dirigindo, ser capaz de 
conversar, ouvir rádio, usar mãos ao volante e 
câmbio, pés aos pedais. 
Tabela 2 - Funções da atenção e suas definições. 
Fonte: Fuentes et al. (2008); Lent (2008); Sohlberg e Mateer (2011). 
Processos automáticos e controlados 
Na teoria cognitiva sobre atenção, registra-se a ideia de que os indivíduos possuem uma quantidade 
de recursos atencionais limitada. De acordo com essa ideia, algumas ações requerem mais recursos 
atencionais do que outras: ações novas, referentes a novos aprendizados, requerem muita atenção 
em seu aprendizado e em seu desempenho, mas, com o passar do tempo, demandam cada vez 
menos recursos atencionais, passando a ser desempenhadas automaticamente. Tal funcionamento 
faz parte da função adaptativa cerebral que, ao automatizar tarefas, melhora a economia cognitiva, 
deixando disponíveis recursos atencionais para que o indivíduo possa se engajar em tarefas 
concomitantemente. Mas deve estar claro que, em nossa mente, a maioria dos processos cognitivos 
se dá de forma automática. 
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Saiba mais 
Para saber mais sobre os processos cognitivos de forma automática, vale conhecer a obra O novo 
inconsciente, de Marco Callegaro (2011), também indicada no Explore+ ao final deste tema. 
Normalmente, o aprendizado de tarefas novas envolve a utilização de quase todos os recursos 
atencionais, e o indivíduo não consegue desempenhar mais de uma tarefa ao mesmo tempo. Esses 
processos são do tipo controlado (o indivíduo está conscientemente engajado na ação) e requerem 
um controle cognitivo maior, usando as funções executivas. Conforme a repetição, os processos 
controlados passam a ser desempenhados como do tipo automático (que se refere a tarefas 
superaprendidas, que já não requerem quase nenhum recurso atencional). O comparativo a seguir 
resume as características dos processos controlados e automáticos: 
Processo controlado 
• Esforço intencional 
• Conhecimento consciente 
• Realizados serialmente 
• Consomem mais tempo 
• Tarefas novas ou com variabilidade 
• Níveis elevados de processamento cognitivo 
Processo automático 
• Pouco ou nenhum esforço intencional 
• Sem consciência 
• Realizados em paralelo 
• Rápidos 
• Tarefas conhecidas, com prática 
• Níveis baixos de processamento cognitivo 
Processos controlados e automáticos e o uso de recursos atencionais. 
Fonte: Fuentes et al. (2008); Matlin (2004); Sternberg (2008); Sohlberg e Mateer (2011). 
Assista ao vídeo “Atenção e aprendizagem” e aprofunde seus conhecimentos sobre a temática 
“Processo da mente: atenção”. 
Processos bottom-up e top-down 
O cérebro é limitado em sua capacidade de processar todos os estímulos sensoriais presentes no 
mundo físico a qualquer momento e confia no processo cognitivo de atenção para concentrar os 
recursos neurais de acordo com as contingências do momento. Nesse sentido, a atenção pode ser 
categorizada, segundo Katsuki e Constantinidis (2013), em duas funções distintas: 
Atenção bottom-up (de baixo para cima) 
Referente à orientação puramente por fatores externos direcionados a estímulos destacados por 
causa de suas propriedades inerentes ao fundo – por exemplo, um barulho muito alto, uma luz que 
se acende num ambiente de penumbra. 
Atenção top-down (de cima para baixo) 
Refere-se a orientações internas de atenção baseadas em conhecimento prévio, planos ou metas 
atuais – como prestar atenção a uma aula. 
O conceito de atenção top-down, de acordo com Cosenza e Guerra (2001), funde-se com o tipo de 
processamento controlado da atenção e é de especial interesse para o aprendizado escolar, por 
exemplo. 
NEUROCIÊNCIA DA ATENÇÃO 
Como já vimos, dois aspectos principais (alerta e focalização) formam a atenção. Mecanismos 
envolvidos na atenção, segundo Brandão (2004) e Fuentes et al. (2008), dependem de uma rede 
nervosa que inclui porções anteriores e posteriores do sistema nervoso, e lesões nessa rede alteram 
a capacidade da pessoa em direcionar a atenção para determinados setores do ambiente. 
Em relação ao estado de alerta, a área mais atuante é o Sistema Atencional Reticular Ascendente 
(SARA), localizado no tronco encefálico. 
Em relação ao que se pretende estudar em Neurociência Cognitiva (com ênfase na função cognitiva 
que ora estudamos), merece destaque a focalização. 
Atenção 
É o Sistema Atencional Posterior (SAP) que tem por função orientar a atenção; ou seja, é responsável 
pela atenção focada e seletiva, como vimos na tabela 2. Já o Sistema Atencional Anterior (SAA) é 
responsável também pela atenção seletiva; e pela atenção sustentada e dividida. Assim, realiza o 
recrutamento atencional para detectar estímulos e controlar áreas cerebrais para o desempenho de 
tarefas cognitivas complexas. 
As áreas cerebrais envolvidas no SAA são o córtex frontal, o giro cingulado anterior e os gânglios da 
base. A figura 6 resume as áreas do SNC que participam dos diferentes sistemas atencionais citados. 
Figura 6 - Áreas 
cerebrais envolvidas com a atenção. 
VERIFICANDO O APRENDIZADO 
1. De acordo com as unidades funcionais definidas por Luria, podemos afirmar que das seguintes 
áreas, relevantes para o processo sensoperceptivo, configuram áreas primárias, exceto: 
Giro pós-central 
Córtex visual primário 
Giro temporal superior 
Junção têmporo-parieto-occipital 
Comentário 
Parabéns! A alternativa "D" está correta. 
 
 
Embora seja uma área importante para o processo sensopercetivo (dando significado ao percepto 
formado pelas sensações), a junção têmporo-parieto-occipital é uma área de associação. O giro pós-
central, o córtex visual primário e o giro temporal superior são áreas primárias, processando, 
respectivamente, estímulos de natureza tátil, auditiva e visual. 
2. O córtex pré-frontal é uma área do lobo frontal importante para o engajamento do indivíduo em 
funções cognitivas complexas. Em relação à atenção, ele está atrelado ao desempenho das seguintes 
funções atencionais, exceto: 
Vigilância 
Sondagem 
Atenção seletiva 
Alerta 
Comentário 
Parabéns! A alternativa "D" está correta. 
 
 
A função alerta se refere à consciência ou vigília do indivíduo e é desempenhada pelo SARA (Sistema 
ReticularAtivador Ascendente), localizado no tronco encefálico. 
Você chegou ao final do módulo 1! 
E, com isso: 
 Identificou os substratos neurais subjacentes ao processo sensoperceptivo e atencional. 
 Retornar para o início do módulo 1 
MÓDULO 2 
 
 
Identificar os substratos neurais subjacentes ao processo mnemônico e sensório-motor 
CONCEITOS 
Retomando a função principal do cérebro – que é a adaptação –, temos na memória uma de suas 
principais aliadas. Ao aprender sobre o ambiente, o indivíduo pode fazer projeções e modular o seu 
comportamento com base em experiências anteriores. 
MEMÓRIA: DEFINIÇÃO 
De acordo com Baddeley et al. (2011), a memória pode ser definida como a capacidade de adquirir 
(registrar), armazenar e recordar informações. Tem como função situar e adaptar o indivíduo ao 
meio, modificar comportamentos em função das novas aprendizagens e experiências anteriores. 
 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/sensacao_atencao_memoria_integracao_sensorio_motora/index.html#capa_modulo1
O PROCESSO MNEMÔNICO – TEORIAS E FUNÇÕES 
Fases da memória 
Vimos que a memória é um processo composto por outros três: o de adquirir (aquisição), armazenar 
(consolidação) e recuperar (evocar) informações disponíveis. Em termos das Neurociências 
Cognitivas, o processo de memorização pode ser dividido em três fases principais: 
 Clique nas informações a seguir. 
Fase 1 
Aquisição (a formação do traço de memória). 
Fase 2 
Retenção ou armazenamento (quando estratégias de armazenamento fortalecem o traço 
mnemônico, organizando a informação adquirida). 
Fase 3 
Recuperação (a ativação do traço adquirido, ou o lembrar propriamente dito). 
Na figura 7, usamos a referência da seta como a passagem do tempo. Dessa maneira, os processos 
são sucessórios e relativamente independentes. 
Atenção 
Não pode haver recuperação de uma informação que não tenha sido armazenada (consolidada), 
assim como não pode haver retenção de uma informação que não tenha sido adquirida. 
As informações, para serem lembradas, precisam ter sido adquiridas (com especial participação da 
atenção, tratada no módulo anterior) e, posteriormente, retidas (armazenamento), ou seja, elas 
precisam ser consolidadas organizadamente na rede de informações pertinentes prévias. 
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Figura 7 - Fases da memória 
Segundo Cosenza e Guerra (2001) e Sohlberg e Mateer (2011), alguns aspectos facilitam o processo 
de retenção: 
• Repetição da informação. 
• Relevância emocional para o indivíduo. 
• Boa qualidade do sono após a aquisição. 
• Estratégias adequadas de dar sentido à nova informação em relação às que coexistem na 
mesma rede (fazer relações entre a informação nova e as anteriormente aprendidas). 
De acordo com Sara (2000) e Nader e Einarsson (2010), dois processos podem ser descritos no 
período de armazenagem da informação: 
 Clique nas informações a seguir. 
Consolidação 
Envolve a transformação dos traços mnésicos transitórios em mais duráveis e estáveis. 
Reconsolidação 
Representa uma atualização do novo traço após novo aprendizado, a partir de sua integração com 
traços antigos, fortalecendo-o. 
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Teoria da degeneração 
Como citamos nos processos de sensopercepção e atenção, o conjunto de estímulos a que um 
sujeito está exposto é sempre maior que a capacidade de seu sistema cognitivo de processá-lo. E, 
ainda assim, nem todos os estímulos que nossa sensopercepção e atenção possam processar serão 
consolidados na memória. Segundo Gazzaniga (1995), não havendo uma boa estratégia de retenção, 
muitos estímulos podem sofrer esquecimento, ou degeneração. 
A teoria da degeneração da memória afirma que esquecemos porque não utilizamos as informações 
e, assim, elas desaparecem com o tempo, como um processo natural do cérebro, obedecendo a uma 
espécie de lei do uso e desuso. 
A figura 8 representa a curva de esquecimento de um aprendizado verbal ao longo do tempo. 
Observa-se que a retenção da informação (o que fora efetivamente recordado do que foi adquirido) 
decai muito rapidamente, apenas restando, ao longo de um mês, uma pequena parcela do que foi 
aprendido. Aqui, mais uma vez se ressalta o papel do indivíduo no processo cognitivo, pois tende a 
ser mantido o conjunto de informações que faça sentido para aquele indivíduo de forma particular. 
Figura 8 - Curva de 
esquecimento. 
Assista ao vídeo “Memória e Aprendizagem” e aprofunde seus conhecimentos sobre esta temática. 
Classificação da memória quanto ao tempo 
Uma classificação temporal da memória se refere à quantidade de tempo em que a informação é 
mantida no cérebro. Assim, temos 3 classificações: 
 Clique nas informações a seguir. 
Memória sensorial 
Memória de curto prazo 
Memória de longo prazo (MLP) 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/sensacao_atencao_memoria_integracao_sensorio_motora/index.html#collapse-steps1
http://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/sensacao_atencao_memoria_integracao_sensorio_motora/index.html#collapse-steps2
http://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/sensacao_atencao_memoria_integracao_sensorio_motora/index.html#collapse-steps3
Memória de longo prazo (MLP) 
De duração ilimitada (de segundos a anos, podendo chegar a ser permanente) e capacidade ilimitada 
(não se conhece o tamanho da MLP humana). E persiste indefinidamente. 
Memória operacional (ou memória de trabalho) 
O modelo mais bem aceito para explicar a memória de curto prazo é o proposto por Baddeley 
(2011), que nos apresenta o conceito de memória de trabalho (ou memória operacional), baseado 
em três componentes principais: alça fonológica, esboço visuoespacial e retentor episódico, 
organizados por um quarto componente, o executivo central, que se ocupa da manipulação online 
de informações atuais, integrando funções atencionais e conteúdo da memória de longo prazo 
(MLP). 
 Clique nas informações a seguir. 
Alça fonológica 
Componente visuoespacial 
Retentor episódico 
Executivo central 
Executivo central 
Segundo Gazzaniga (1995), este componente dá suporte às funções cognitivas superiores de 
gerenciamento das múltiplas tarefas cognitivas e comportamentais voltadas a um objetivo. 
A memória de trabalho é responsável pelo armazenamento de informações pelo período de 
utilização (resolução de problemas), por isso depende da atenção. Sendo um modelo da memória de 
curto prazo, configura o estágio responsável por tornar conscientes as informações transferidas da 
memória sensorial (imediata) e de longo prazo para que o indivíduo possa manipular ativamente as 
informações. Embora seja dinâmica, possui pouca capacidade (cerca de 7 itens apenas podem ser 
processados ao mesmo tempo) e tem uma duração limitada (dependente de enquanto durar a 
atenção naquele estímulo, mas, geralmente, poucos segundos). 
De acordo com Zanella e Valentini (2016), a memória de trabalho é um sistema de capacidade 
limitada que permite o armazenamento e a manipulação temporária de informações verbais ou 
visuais necessárias para tarefas complexas, como a compreensão, o aprendizado, o raciocínio e o 
planejamento. Quando o indivíduo ouve uma palavra, o som é encaminhado para a memória 
sensorial, as experiências com a língua permitem que a pessoa reconheça o padrão de sons, em 
seguida a palavra é encaminhada para a memória de trabalho onde a informação será processada. 
Entretanto, o processo de reconhecer o significado da palavra é desenvolvido na memória de longo 
prazo: local de armazenamento permanente de informações. 
SISTEMAS MÚLTIPLOS DE MEMÓRIA 
As pesquisas em Neurociências Cognitivas, segundo Helene e Xavier (2003) e Squire (2013), 
trouxeram o conhecimento de que a memória se constitui por componentes que são mediados 
independentemente por diferentes módulos do sistema nervoso, mas de maneira cooperativa. 
Sobre a MLP, tem-se, a partir desses estudos, a divisão da memória em dois grandes sistemas:explícito e implícito, que dependem do conteúdo da seguinte subdivisão: 
 Clique nas barras para ver as informações. 
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http://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/sensacao_atencao_memoria_integracao_sensorio_motora/index.html#collapse-steps1a
http://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/sensacao_atencao_memoria_integracao_sensorio_motora/index.html#collapse-steps2a
http://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/sensacao_atencao_memoria_integracao_sensorio_motora/index.html#collapse-steps3a
http://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/sensacao_atencao_memoria_integracao_sensorio_motora/index.html#collapse-steps4a
MEMÓRIA EXPLÍCITA (OU DECLARATIVA) 
Refere-se a conteúdos mais conscientes e é dividida em episódica (informações que de alguma 
forma encontram uma correlação têmporo-espacial) e semântica (que abarca os conceitos ou 
esquemas). 
MEMÓRIA IMPLÍCITA (NÃO DECLARATIVA) 
Está relacionada a condicionamentos, pré-ativação e hábitos motores em geral; são memórias não 
conscientes. 
O comparativo a seguir apresenta as diferenças e subdivisões dos dois sistemas. 
MLP explícita (ou declarativa) 
Capacidade de armazenamento e recordação consciente de experiências prévias (“o quê”). 
Acumula informação tanto do tipo espacial quanto temporal. 
 
 
Subsistemas: 
(1) Episódico: permite o resgate de eventos pessoais com rótulo temporal; bastante suscetível à 
perda de informação. 
(2) Semântico: fatos e conceitos. 
MLP implícita (não declarativa) 
Capacidade de armazenamento e recordação não consciente de experiências prévias (“como”). 
Consolidação exige treino. 
O deficit nessa memória pode interferir na aquisição de habilidades rotineiras. 
 
 
Subsistemas: 
(1) Habilidades e hábitos adquiridos e treinados progressivamente, tais como os desenvolvidos em 
tarefas como andar de bicicleta, fazer pontos de costura, ou jogar bola com maestria. 
(2) Pré-ativação (ou priming), relacionado ao funcionamento do córtex cerebral, por exemplo, como 
observado nas listas de recordação com dicas. 
(3) Condicionamento clássico, como observado nas respostas emocionais de medo, com ativação da 
amígdala. 
(4) Aprendizagem não associativa. 
Memória de longo prazo e divisão em sistema explícito e implícito. 
Fonte: Baddeley et al. (2011); Fuentes et al. (2008); Matlin (2004); Sternberg (2008). 
Atenção 
Lembre-se de que estamos nos referindo a certos neurônios, também denominados amígdalas 
cerebelosas (identificadas na figura 9), a fim de diferenciá-los dos órgãos homônimos (também 
denominados tonsilas palatinas), localizados entre a boca e a faringe. 
Se, por exemplo, em algum momento deste tema, você se lembrou de ligar para sua avó e combinar 
com ela a que horas poderá levá-la amanhã ao hospital, você usou sua memória declarativa 
(consciente). E se você for até lá de bicicleta, usará sua memória implícita (não consciente) ao 
pedalar. 
NEUROCIÊNCIA DA MEMÓRIA 
Os múltiplos sistemas de memória são independentes porque se baseiam em estruturas (ou redes) 
neurais um tanto independentes também. Assim, diferentes tipos de memória – e de processos da 
memória – podem ser atribuídos ao funcionamento adequado de diferentes áreas neurais, conforme 
aponta a figura 9. 
Figura 9 - Áreas 
cerebrais envolvidas na memória. CPF = córtex pré-frontal; MCP = memória de curto prazo; MLP = 
memória de longo prazo. 
Destaca-se o papel fundamental do córtex pré-frontal para a memória de curto prazo (em especial 
quando assume-se o modelo de memória operacional). Em relação à neurobiologia da memória de 
longo prazo (MLP), está bem estabelecido o papel do hipocampo para a consolidação das memórias, 
embora essa estrutura só esteja responsável pelo armazenamento temporário da informação: as 
memórias já consolidadas são armazenadas em diferentes regiões do córtex cerebral, dependendo 
de o conteúdo da informação ser visual, emocional, verbal, entre outros. 
Com especial atenção, destacamos que a amígdala e o hipocampo (também na figura 9) não são 
locais de armazenamento de informação, mas participam do processo de formação (consolidação e 
reconsolidação) de memórias. Esse é um ponto de bastante confusão e erro. 
A figura 9 destaca a localização do hipocampo, estrutura responsável pela consolidação das 
memórias, especialmente às MLP explícitas. Baddeley et al. (2011) e Callegaro (2011) afirmam que 
essa estrutura não está plenamente desenvolvida na criança em torno dos 2 anos de idade. Isso 
poderia explicar, ao menos em parte, o fenômeno da amnésia infantil. 
Em termos neurobiológicos, o processo de memorização requer mudanças em propriedades neurais 
como a excitabilidade da membrana do neurônio e o fortalecimento sináptico, ou seja, da 
comunicação entre os neurônios. Alguns princípios, segundo Squire (2013), ajudam-nos a 
compreender os mecanismos moleculares e neurais implicados na aprendizagem e na memória: 
existem múltiplos sistemas de memória no cérebro; aprendizagem e memória de curto e longo 
prazo envolvem mudanças na rede neural existente. Essas mudanças, segundo Nader e Einarsson 
(2010), envolvem múltiplos mecanismos celulares em neurônios existentes; e memória de longo 
prazo (MLP), que requer a síntese de novas proteínas. 
 
PROCESSOS DA MENTE: INTEGRAÇÃO SENSÓRIO-MOTORA 
O conceito de integração se mostra essencial para o funcionamento da mente e, assim, do indivíduo 
em interação com seu meio. No processo de integração sensório-motora, fica evidente que o 
sistema nervoso (SN) trabalha de forma coordenada e dinâmica. Vamos abordar a relação íntima e 
necessária entre os aspectos cognitivos e motores. Esse é um dos aspectos mais ricos do 
funcionamento cognitivo, especialmente quando se pensa em aprendizados motores como a fala, a 
escrita, o uso de ferramentas e instrumentos em geral. 
Integração sensório-motora: definição 
A integração sensório-motora pode ser definida como o processo segundo o qual o cérebro organiza 
as informações com a finalidade de dar uma resposta adaptativa adequada, que pode configurar um 
comportamento motor. É responsável por estruturar as sensações do próprio corpo e do ambiente a 
fim de possibilitar seu uso apropriado no ambiente. Portanto, podemos explicar a integração 
sensório-motora como a habilidade inata de organizar, interpretar sensações e responder 
apropriadamente ao ambiente, de forma funcional. 
 
O processo sensório-motor 
O desenvolvimento da integração sensorial se inicia ainda na vida intrauterina e ocorre 
devido à interação do indivíduo com o ambiente por meio de respostas que se mostram 
adaptativas ou não ao contexto, o que leva ao aprendizado. Nos períodos iniciais da vida, o 
indivíduo detém a capacidade de organizar inputs sensoriais experimentando sensações, 
porém inicialmente incapazes de dar significado a elas. Conforme o avanço do 
desenvolvimento, o indivíduo passa a reunir condições (em termos de maturidade 
neurológica, inclusive) para controlar seus comportamentos e aprender com os respectivos 
feedbacks do meio externo. 
A seguir, recordaremos as unidades funcionais que vimos no módulo 1 e, também, como 
acontece o processo de integração sensório-motora: 
➢ PROCESSAMENTO BOTTOM-UP E TOP-DOWN NA INTEGRAÇÃO SENSÓRIO-
MOTORA 
É necessário recordar as unidades funcionais apontadas por Luria. A integração sensório-
motora é a fina coordenação entre os dois tipos de processamento. Sigamos com um 
simples exemplo para podermos compreender como esse processo se dá: 
• Ao verificar uma caixa [visão – processo bottom-up (percepção)]; 
• O indivíduo pode decidir apanhá-la (informação decisional que surge de áreas de 
associação frontal e segue para as áreas primárias motoras – top-down); 
• Supondo seu conteúdo e seu peso (presunção também organizada por áreas 
corticais superiores – top-down); 
• Entretanto, ao levantar a caixa, nota que o peso é bem menor do que o imaginado 
(Percepção - processo bottom-up); 
• Informação que

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