Buscar

Aula 16

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
www.g7juridico.com.br 
 
 
 
 
 
 
MAGISTRATURA E MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAIS 
Renato Brasileiro 
Direito Processual Penal 
Aula 16 
 
 
ROTEIRO DE AULA 
 
 
TRIBUNAL DO JÚRI II 
 
6. PRONÚNCIA. 
 
6.8. Efeitos da Pronúncia. 
 
1) Submissão do acusado a julgamento perante o Tribunal do Júri; 
 
Obs. A partir do momento em que se opera a preclusão da pronúncia, ou seja, quando não couber mais recurso da 
decisão de pronúncia, o indivíduo será levado a julgamento perante o tribunal do júri, salvo se sobrevier uma causa 
extintiva da punibilidade, como, por exemplo, a morte do agente ou a prescrição. 
 
2) Limitação da acusação em plenário (correlação entre pronúncia e quesitação); 
 
- Antes da Lei 11.689/08: a fonte dos quesitos era o Libelo-Acusatório (peça articulada oferecida pela acusação da 
qual eram extraídos os quesitos). O Libelo já não existe mais, pois foi abolido pela Lei 11.689/2008. 
 
- Depois da Lei 11.689/08: A principal fonte dos quesitos é a pronúncia. Com a abolição do Libelo-Acusatório, a 
acusação é limitada pela pronúncia. Ex. da mesma forma que o juiz fica vinculado ao que consta da denúncia 
quando vai proferir a sentença (princípio da correlação), a pronúncia delimita a atuação da acusação no plenário do 
júri. Se o indivíduo foi pronunciado por homicídio simples, será julgado por homicídio simples; se foi pronunciado 
por homicídio qualificado, será julgado por homicídio qualificado (por isso que alguns doutrinadores utilizam a 
expressão “correlação entre pronúncia e quesitação”, dentre eles Guilherme de Souza Nucci. 
 
Obs. Existem outras fontes dos quesitos, como, por exemplo, o interrogatório do acusado no plenário do júri e as 
alegações das partes no plenário do júri (v.g., causas de diminuição de pena, etc.). 
 
Antiga redação do art. 484 do CPP: 
Art. 484. Os quesitos serão formulados com observância das seguintes regras: 
I - para cada circunstância agravante, articulada no libelo, o juiz formulará um quesito; (Incluído pela Lei nº 263, 
de 23.2.1948) 
II - se resultar dos debates o conhecimento da existência de alguma circunstância agravante, não articulada no 
libelo, o juiz, a requerimento do acusador, formulará o quesito a ela relativo; (Incluído pela Lei nº 263, de 
23.2.1948) 
 
 
 
 
2 
www.g7juridico.com.br 
 
 
 
 
 
 
CPP. Art. 482. O Conselho de Sentença será questionado sobre matéria de fato e se o acusado deve ser 
absolvido. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
Parágrafo único. Os quesitos serão redigidos em proposições afirmativas, simples e distintas, de modo que cada 
um deles possa ser respondido com suficiente clareza e necessária precisão. Na sua elaboração, o presidente 
levará em conta os termos da pronúncia ou das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação, do 
interrogatório e das alegações das partes. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
3) Preclusão das nulidades relativas não arguidas até a pronúncia: 
 
Obs. A nulidade relativa, ao contrário da absoluta, está sujeita à preclusão, ou seja, se não for arguida no momento 
oportuno, opera-se a preclusão. Não sendo arguida até a pronúncia, opera-se a preclusão, não podendo mais ser 
arguida. 
 
CPP. 
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
(...) 
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) (...) 
 
Obs. Quando o dispositivo legal dispõe “nulidade posterior à pronúncia”, deixa claro que, se havia nulidade, deveria 
ter sido alegada antes da pronúncia, em alegações orais. Se isso não tiver ocorrido, operou-se a preclusão. 
 
4) Interrupção da prescrição; 
 
CP. 
Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
(...) 
II - pela pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Cuidado! A súmula 191 do STJ dispõe que haverá interrupção da prescrição pela pronúncia ainda que o júri venha a 
desclassificar o crime. Havia uma discussão no sentido de que a desclassificação do crime significaria que o réu não 
deveria ter sido pronunciado, de forma que, neste caso, a pronúncia não poderia ter o condão de interromper a 
prescrição. Este entendimento é equivocado, pois a desclassificação dos jurados não se equipara à anulação da 
pronúncia. A pronúncia é válida. Ela encerra um juízo de admissibilidade. Se o juiz sumariante é o competente para 
a pronúncia, ocorrendo esta, interrompe-se a prescrição, mesmo que haja posterior desclassificação pelo plenário 
do júri. 
 
Súmula 191 do STJ: A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o tribunal do júri venha a 
desclassificar o crime. 
 
 
5) Preclusão da decisão de pronúncia e sua imodificabilidade. 
CPP. 
 
Regra: operando-se a preclusão da pronúncia, esta não pode ser mais alterada. 
 
Exceção: salvo se houver alguma circunstância fática posterior que altere a classificação do delito. Ex. Indivíduo 
pronunciado por tentativa de homicídio. Vítima ficou hospitalizada. Depois da pronúncia, a vítima falece. Trata-se 
de uma circunstância superveniente que altera a classificação do delito. Necessário juntar a certidão de óbito. 
Necessário juntar exame pericial para comprovar que a morte decorreu da conduta praticada pelo agente. 
Ministério Público faz aditamento. Neste caso, poderá ser proferida uma nova decisão de pronúncia. 
 
MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790
 
 
 
3 
www.g7juridico.com.br 
 
 
 
Art. 421. Preclusa a decisão de pronúncia, os autos serão encaminhados ao juiz presidente do Tribunal do Júri. 
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
§ 1º Ainda que preclusa a decisão de pronúncia, havendo circunstância superveniente que altere a classificação 
do crime, o juiz ordenará a remessa dos autos ao Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) (...) 
 
 
6.9. Decretação da Prisão Preventiva ou Imposição de Medidas Cautelares Diversas da Prisão 
 
Antes de 2008, quando alguém reincidente e com maus antecedentes era pronunciado, ocorria uma prisão 
decorrente de pronúncia (de certa forma o Código presumia a fuga do agente). Muitos doutrinadores elencavam a 
prisão decorrente de pronúncia como uma espécie de prisão cautelar, ao lado da prisão em flagrante, preventiva e 
temporária. 
 
Desde a reforma de 2008, a prisão decorrente de pronúncia não existe mais. Agora o juiz pode decretar a prisão 
preventiva, devendo apontar os requisitos dos artigos 312 e 313 do CPP 
 
Desde 2011, o juiz, entendendo que a prisão preventiva seria por demais gravosa, pode aplicar medidas cautelares 
diversas da prisão. 
 
CPP. 
Art. 413. O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se convencido da materialidade do fato e da 
existência de indícios suficientes de autoria ou de participação. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
(…) § 3º O juiz decidirá, motivadamente, no caso de manutenção, revogação ou substituição da prisão ou 
medida restritiva de liberdade anteriormente decretada e, tratando-se de acusado solto, sobre a necessidade da 
decretação da prisão ou imposição de quaisquer das medidas previstas no Título IX do Livro I deste Código. 
(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
Obs. Importante: a decisão, nos termos do referido dispositivo legal, precisa ser motivada. Tal motivação é exigida 
pelo Código tanto quando o indivíduo está preso quando está solto, ou seja, é equivocado entender que “se já está 
preso, continuará preso”, pois, mesmo quando estiver preso, o juiz precisará fundamentar a decisão de 
manutenção de sua prisão. Da mesma forma, se o indivíduo está solto, só poderá ser preso por decisão 
fundamentada. O maior risco, neste ponto, é acreditar que a manutenção da prisão do réu já preso é automática. 
Não é automática, o juiz precisa fundamentá-la. 
 
Lembre-se das regras quanto à prisão no momento da pronúncia: Se o indivíduo está em liberdade, permaneceu 
em liberdadeaté a pronúncia, significa que, pelo menos até aquele momento, não houve nenhum motivo para sua 
prisão, devendo permanecer solto, salvo se surgir, por ocasião da pronúncia, alguma hipótese que autorize sua 
prisão preventiva. Por outro lado, se o indivíduo estiver preso, permaneceu preso durante toda primeira fase, 
significa que havia motivo para mantê-lo preso, não fazendo sentido, no momento da pronúncia, decidir pela 
soltura, salvo se desaparecer a hipótese que autorizava sua prisão preventiva. 
 
 
6.10. Intimação do Acusado Acerca da Pronúncia. 
 
- Antes da Lei 11.689/08: 
 
Antiga redação do art. 413 do CPP: 
Art. 413. O processo não prosseguirá até que o réu seja intimado da sentença de pronúncia. 
Parágrafo único. Se houver mais de um réu, somente em relação ao que for intimado prosseguirá o feito. 
 
Antiga redação do art. 414 do CPP: 
Art. 414. A intimação da sentença de pronúncia, se o crime for inafiançável, será sempre feita ao réu 
pessoalmente. 
 
MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790
 
 
 
4 
www.g7juridico.com.br 
 
 
 
Obs. Esse era o grande problema da intimação da pronúncia antes de 2008, pois crimes inafiançáveis não admitiam 
intimação por edital. Era permitida apenas a intimação pessoal. 
 
 
Antiga redação do art. 451, § 1°: 
Art. 451. Não comparecendo o réu ou o acusador particular, com justa causa, o julgamento será adiado para a 
seguinte sessão periódica, se não puder realizar-se na que estiver em curso. 
§ 1º Se se tratar de crime afiançável, e o não-comparecimento do réu ocorrer sem motivo legítimo, far-se-á o 
julgamento à sua revelia. 
 
Obs. Interpretando-se a contrário sensu, se o crime fosse inafiançável, o julgamento não poderia ser realizado sem 
a presença do acusado. 
 
Como não era possível fazer a intimação por edital, acontecia a chamada “crise de instância”, que é uma expressão 
utilizada para se referir às hipóteses em que o processo fica paralisado. O problema é que a “crise de instância” não 
suspendia a prescrição. 
 
- Depois da Lei 11.689/08: 
 
CPP. 
Art. 420. A intimação da decisão de pronúncia será feita: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
I – pessoalmente ao acusado, ao defensor nomeado e ao Ministério Público; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 
2008) 
II – ao defensor constituído, ao querelante e ao assistente do Ministério Público, na forma do disposto no § 1o 
do art. 370 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
Parágrafo único. Será intimado por edital o acusado solto que não for encontrado. (Incluído pela Lei nº 11.689, 
de 2008) 
 
Obs. Note que, após a reforma de 2008, a regra é a intimação pessoal do acusado. Contudo, o parágrafo único do 
artigo 420 trouxe uma grande novidade, qual seja, a possibilidade de intimação por edital do acusado SOLTO que 
não for encontrado. 
 
Obs. Note que o Código não faz nenhuma distinção quanto à natureza do delito. Portanto, em tese, a intimação por 
edital poderá ocorrer seja o crime afiançável seja inafiançável. 
 
Obs. Se o acusado estiver preso, sua intimação terá que ser pessoal, pois se presume que o Estado saiba onde ele 
está preso. 
 
Obs. Esse novo regramento do art. 420, parágrafo único, de acordo com a doutrina e com a jurisprudência, tem 
aplicação imediata, inclusive para os processos que estavam em “crise de instância”, salvo em relação aos crimes 
praticados antes da Lei 9.271/1996 (lei que alterou o art. 366 do CPP, passando a prever a suspensão do processo e 
da prescrição para o indivíduo citado por edital que não comparece). Verifica-se aqui uma relação com a pronúncia, 
pois se fosse permitida a aplicação aos crimes praticados antes da Lei 9.271/1996, o processo seguiria sem que o 
réu tivesse ciência dele, podendo ser condenado à revelia, violando-se o princípio da ampla defesa. 
 
STJ - HC 172.382 
 
Prazo para o Edital. 
 
CPP. 
Art. 361. Se o réu não for encontrado, será citado por edital, com o prazo de 15 (quinze) dias. 
 
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o 
processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas 
MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790
 
 
 
5 
www.g7juridico.com.br 
 
 
 
consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. (Redação 
dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996) 
 
 
 
7. DESAFORAMENTO. 
 
Conceito: consiste no deslocamento da competência territorial de uma comarca para outra, a fim de que nesta 
seja realizado o julgamento pelo Tribunal do Júri. Aplica-se exclusivamente ao julgamento em plenário. No caso 
do sumário da culpa (1ª fase do júri), havendo dúvidas quanto à (im)parcialidade do magistrado, a parte 
prejudicada deve se valer das exceções de suspeição, impedimento ou incompatibilidade; 
 
Obs. Aplica-se exclusivamente ao julgamento em plenário. Como já estudado, o tribunal do júri tem duas fases. O 
desaforamento só pode ocorrer na segunda fase. Só pode ocorrer depois de operada a preclusão da pronúncia, ou 
seja, quando há certeza de que o indivíduo será levado a julgamento perante o tribunal do júri. 
 
Questiona-se: e se há dúvida sobre a imparcialidade do juiz sumariante, pode ocorrer o desaforamento na primeira 
fase? Resposta: Não. Neste caso, necessário apresentar exceção de suspeição ou impedimento. 
 
Atenção: No âmbito do Código de Processo Militar, o desaforamento pode acontecer em relação a qualquer delito. 
 
CPP. 
Art. 427. Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver dúvida sobre a imparcialidade do júri ou a 
segurança pessoal do acusado, o Tribunal, a requerimento do Ministério Público, do assistente, do querelante ou 
do acusado ou mediante representação do juiz competente, poderá determinar o desaforamento do julgamento 
para outra comarca da mesma região, onde não existam aqueles motivos, preferindo-se as mais próximas. 
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
 
 Competência para julgamento do pedido de desaforamento 
 
O pedido de desaforamento será apreciado por uma câmara/turma do TJ ou do TRF, pois se trata de uma decisão 
de natureza jurisdicional. Portanto, o desaforamento não pode ser determinado por corregedorias nem pelo CNJ 
(Conselho Nacional de Justiça). 
 
 Desaforamento X Princípio do Juiz Natural: 
 
Obs. Apesar de se tratar de uma mudança de competência territorial, a maioria da doutrina e da jurisprudência 
entende que não há violação ao princípio do juiz natural: primeiro porque as hipóteses de mudança de 
competência já estão previstas em lei; segundo porque o acusado continuará sendo julgado por um tribunal do júri. 
 
 Desaforamento X Incidente de Deslocamento de Competência (IDC): 
 
Desaforamento: 
 
-O desaforamento é uma hipótese de mudança de competência territorial. 
-A legitimidade para requerer o desaforamento é das partes e do juiz. 
-A competência para apreciação do desaforamento é do TJ/TRF. 
 
IDC: 
 
-O IDC é uma hipótese de mudança de competência de justiça. Ex. causa que originariamente seria julgada pela 
Justiça Estadual. Porém, devido a inércia do Estado membro em proceder à persecução penal, e como o crime 
envolve grave violação a direitos humanos, poderá haver o deslocamento, saindo da Justiça Estadual, indo para a -
Justiça Federal 
MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790
 
 
 
6 
www.g7juridico.com.br 
 
 
 
-A Legitimidade para requerer o IDC é do PGR 
-A competência para apreciação do IDC é do STJ. 
 
 LEGITIMADOS PARA O REQUERIMENTO. 
 
 Ministério Público; 
 Assistente de Acusação; 
 Querelante; 
 Acusado; 
 Juiz-Presidente do Tribunal do Júri: quando não fizer o pedido, deve ser ouvido pelo Tribunal. 
 
CPP. 
Art. 427. Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver dúvida sobre a imparcialidade do júri ou a 
segurança pessoal do acusado, o Tribunal, a requerimento do Ministério Público, do assistente, do querelante ou 
do acusado ou mediante representação do juiz competente, poderá determinaro desaforamento do julgamento 
para outra comarca da mesma região, onde não existam aqueles motivos, preferindo-se as mais próximas. 
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
Obs. A única hipótese em que o juiz não poderá representar pelo desaforamento ocorre quando houver um 
excesso de prazo. Como veremos adiante, uma das hipóteses de desaforamento é o excesso de prazo. Neste caso, a 
doutrina entende que o juiz não pode representar. 
 
Obs. Como o desaforamento tem natureza jurisdicional, o contraditório e a ampla defesa deverão ser observados. 
 
Súmula 712 do STF: É nula a decisão que determina o desaforamento de processo da competência do Júri sem 
audiência da defesa. 
 
Obs. A Súmula 712 também vale para a acusação (apesar de não haver previsão expressa), ou seja, o 
desaforamento não pode ser determinado sem que a acusação também seja ouvida. 
 
 MOMENTO PARA O DESAFORAMENTO 
 
A lei dispõe que o desaforamento pressupõe, pelo menos em regra, a preclusão da pronúncia. 
 
Se o desaforamento é o deslocamento da competência territorial para o julgamento pelo plenário do júri, é lógico 
que ele só é possível quando existir a certeza de que aquele julgamento será realizado, ou seja, quando houver a 
preclusão da pronúncia. 
 
Art. 427, § 4º - Na pendência de recurso contra a decisão de pronúncia ou quando efetivado o julgamento, não se 
admitirá o pedido de desaforamento, salvo, nesta última hipótese, quanto a fato ocorrido durante ou após a 
realização de julgamento anulado. 
 
Obs. Note que, enquanto estiver pendente recurso contra a decisão de pronúncia, não se admitirá o 
desaforamento, ou seja, é necessária a preclusão da pronúncia. 
 
Questiona-se: é possível o desaforamento após o julgamento? 
 
Resposta: De acordo com o § 4º do artigo 427, é possível o desaforamento após o julgamento quanto a fato 
ocorreu durante ou após a realização de julgamento anulado. Portanto, para que seja possível o desaforamento 
após o julgamento, é necessário serem preenchidos dois requisitos: primeiro, o julgamento tem que ter sido 
anulado por algum motivo; segundo, o fato que motiva o desaforamento tem que ter ocorrido durante ou após o 
julgamento que foi anulado. 
 
HIPÓTESES QUE AUTORIZAM O DESAFORAMENTO (previstas no artigo 427, caput do CPP). 
 
MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790
 
 
 
7 
www.g7juridico.com.br 
 
 
 
 Interesse da ordem pública 
 
De acordo a doutrina, tem fundamento na paz e na tranquilidade do julgamento. 
 
HC 85.707 (STJ) 
 
 Dúvida sobre a imparcialidade do júri: 
 
 Falta de segurança pessoal do acusado 
 
 Julgamento não realizado no prazo de 6 meses, contados da preclusão da pronúncia 
 
Esta hipótese não pode ser objeto de representação pelo juiz presidente. 
 
Para que haja o desaforamento por este motivo, é necessário comprovar excesso de serviço. Caso não seja 
comprovado, o Tribunal impõe a realização do julgamento (“aceleração de julgamento”): 
 
 ACELERAÇÃO DO JULGAMENTO (CPP, 428, § 2º): 
 
(...) § 2o Não havendo excesso de serviço ou existência de processos aguardando julgamento em quantidade que 
ultrapasse a possibilidade de apreciação pelo Tribunal do Júri, nas reuniões periódicas previstas para o exercício, o 
acusado poderá requerer ao Tribunal que determine a imediata realização do julgamento. (Incluído pela Lei nº 
11.689, de 2008). 
 
Obs. Segundo a doutrina, não há motivo para conferir legitimidade apenas ao acusado. O ideal é submeter este 
parágrafo a uma interpretação extensiva, afinal todos os envolvidos têm direito à razoável duração do processo. 
Além disso, de todos os envolvidos, provavelmente, o acusado é o que teria menos interesse em acelerar o 
julgamento. Portanto, a doutrina entende que todos que podem requerer o desaforamento também podem 
requerer a aceleração do julgamento. 
 
 CRIMES CONEXOS E COAUTORES. 
 
Também serão desaforados. Todos os crimes conexos e coautores irão para a nova Comarca. 
 
O desaforamento não acarreta a suspensão ou a separação dos feitos. 
 
 COMARCA (OU SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA) PARA A QUAL O PROCESSO SERÁ DESAFORADO. 
 
O art. 427 do CPP dispõe “outra comarca da mesma região, onde não existam aqueles motivos, preferindo-se as 
mais próxima. 
 
Obs. Em provas, os examinadores costumam dizer que vai para a Capital do Estado. Mas o Código não diz isso. O 
Código diz “outra comarca da mesma região”. 
 
Questiona-se: É possível que haja desaforamento para outro Estado da Federação? 
 
Resposta: No âmbito da Justiça Estadual, não é possível, tendo em vista que o Tribunal de Justiça não tem 
competência sobre outros Estados. No âmbito da Justiça Federal, sim, desde que dentro dos limites territoriais do 
TRF que determinou o desaforamento. 
 
 
 EFEITO SUSPENSIVO. 
 
Questiona-se: o relator pode outorgar efeito suspensivo ao pedido de desaforamento? 
Resposta: Sim, a partir de 2008 passou a ser possível. 
MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790
 
 
 
8 
www.g7juridico.com.br 
 
 
 
 
 
ANTES DA LEI Nº 11.689/08 
 
DEPOIS DA LEI Nº 11.689/08 
 
Não havia previsão legal para efeito suspensivo, Logo, o 
julgamento em plenário pelo júri poderia acontecer na 
pendência de apreciação do Tribunal acerca do 
desaforamento. 
 
Com a redação dada pela Lei nº 11.689/08, o art. 427, § 
2º, do CPP, autoriza que o relator suspenda a realização 
da sessão de julgamento até que seja julgado o 
desaforamento, desde que relevantes os motivos 
alegados. 
 
 
 
 RECURSOS. 
 
Questiona-se: Cabe recurso da decisão que determina ou indefere o desaforamento? 
Resposta: A decisão que determina ou não determina o desaforamento é irrecorrível. Porém, os Tribunais 
superiores sempre conhecem eventuais Habeas Corpus, desde que demonstrado um risco à liberdade de 
locomoção, como por exemplo, iminência de julgamento por um júri parcial. 
 
 
- Renovação de Pedido. 
CPPM. 
Art. 110. O pedido de desaforamento, embora denegado, poderá ser renovado se o justificar motivo 
superveniente. 
 
No caso de indeferimento, admite-se novo pedido (rebus sic stantibus). Essa decisão não faz coisa julgada formal e 
material. Trabalha-se com a cláusula rebus sic stantibus, ou seja, mantidos os mesmos pressupostos, não pode 
pedir de novo. Contudo, se houver uma alteração dos pressupostos de fato e de direito, é perfeitamente possível 
novo pedido de desaforamento. 
 
 REAFORAMENTO. 
 
Reaforamento é o retorno do feito à Comarca de origem, diante do desaparecimento dos motivos que deram 
ensejo ao desaforamento. 
 
Apesar da doutrina explicar o reaforamento, as leis de organização judiciária vedam. Portanto, não é possível o 
reaforamento. 
 
Cuidado! Nada impede um novo desaforamento. 
 
 
8. PREPARAÇÃO DO PROCESSO PARA JULGAMENTO EM PLENÁRIO. 
 
A preparação do processo para julgamento em plenário marca o início da segunda fase do tribunal do júri. 
 
Tem início a partir do momento em que se operar a preclusão da pronúncia, ou seja, quando não couber mais 
recurso contra a pronúncia. 
 
Os autos são encaminhados ao juiz presidente, que intimará as partes para dizerem quais provas pretendem 
produzir. 
 
- Intimação das partes para especificação de provas. 
 
MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790
 
 
 
9 
www.g7juridico.com.br 
 
 
 
Com relação à prova testemunhal, importante atenção, pois o Código dispõe que na primeira fase são 8, na 
segunda são 5 testemunhas. Porém, não se pode esquecer da “cláusula de imprescindibilidade” (arrolada 
testemunha, indicando seu endereço, requerendo a intimação por mandado, e, ao mesmo tempo, arrolando-a com 
a cláusula de imprescindibilidade, o julgamento não poderá ser realizado sem ela). 
 
CPP. 
Art. 461. O julgamento não será adiado se a testemunha deixar de comparecer, salvo se uma das partes tiver 
requerido a sua intimação por mandado, na oportunidade de que trata o art. 422 deste Código, declarando não 
prescindir do depoimento e indicando a sua localização. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
- Juiz profere um despachosaneador, que analisa as provas pleiteadas pelas partes e as diligências que foram 
requeridas. 
 
CPP. 
Art. 421. Preclusa a decisão de pronúncia, os autos serão encaminhados ao juiz presidente do Tribunal do Júri. 
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
§ 1º Ainda que preclusa a decisão de pronúncia, havendo circunstância superveniente que altere a classificação 
do crime, o juiz ordenará a remessa dos autos ao Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
§ 2º Em seguida, os autos serão conclusos ao juiz para decisão. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
CPP. 
Art. 422. Ao receber os autos, o presidente do Tribunal do Júri determinará a intimação do órgão do Ministério 
Público ou do querelante, no caso de queixa, e do defensor, para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de 
testemunhas que irão depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco), oportunidade em que poderão juntar 
documentos e requerer diligência. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
 
 - Assistente de acusação e testemunhas. 
 
8.1. Ordenamento do Processo (despacho saneador). 
 
O Juiz-presidente deverá elaborar um relatório do processo: 
 
CPP. 
Art. 472. Formado o Conselho de Sentença, o presidente, levantando-se, e, com ele, todos os presentes, fará aos 
jurados a seguinte exortação: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
Em nome da lei, concito-vos a examinar esta causa com imparcialidade e a proferir a vossa decisão de acordo 
com a vossa consciência e os ditames da justiça. 
Os jurados, nominalmente chamados pelo presidente, responderão: 
Assim o prometo. 
 
CPP. 
Art. 472 (...) 
Parágrafo único. O jurado, em seguida, receberá cópias da pronúncia ou, se for o caso, das decisões posteriores 
que julgaram admissível a acusação e do relatório do processo. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
 
Obs. Antes de 2008, as partes poderiam requerer ao juiz-presidente, durante o julgamento, a leitura de quaisquer 
peças. Após 2008, o Código especifica quais peças poderão ser lidas e cria esse relatório, que é uma síntese 
imparcial dos principais atos que foram praticados no feito. O objetivo do relatório é exatamente este, dar 
conhecimento ao júri a respeito do que aconteceu e, ao mesmo tempo, evitar a leitura extenuante de peças do 
processo. 
 
- Ordem de Julgamentos. 
 
MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790
 
 
 
10 
www.g7juridico.com.br 
 
 
 
CPP. 
Art. 429. Salvo motivo relevante que autorize alteração na ordem dos julgamentos, terão preferência: (Redação 
dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
I – os acusados presos; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
II – dentre os acusados presos, aqueles que estiverem há mais tempo na prisão; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 
2008) 
III – em igualdade de condições, os precedentemente pronunciados. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
Obs. Em regra, tem que obedecer a ordem prevista no dispositivo legal. Em caso de motivo relevante, 
excepcionalmente, a ordem pode ser alterada. Ex. prescrição iminente. Se um caso concreto está na iminência de 
prescrever, é possível julgá-lo primeiro. 
 
8.2. Habilitação do Assistente de Acusação. 
 
CPP. 
Art. 430. O assistente somente será admitido se tiver requerido sua habilitação até 5 (cinco) dias antes da data 
da sessão na qual pretenda atuar. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
O Art. 430 dispõe que o assistente pode atuar no plenário do júri, porém ele tem que protocolar o seu pedido de 
habilitação até 5 (cinco) dias antes da data da sessão na qual pretenda atuar. A ideia do Código é evitar surpresas 
desnecessárias. 
 
 
9. SESSÃO DE JULGAMENTO. 
 
 
CPP. 
Art. 463. Comparecendo, pelo menos, 15 (quinze) jurados, o juiz presidente declarará instalados os trabalhos, 
anunciando o processo que será submetido a julgamento. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
§ 1º O oficial de justiça fará o pregão, certificando a diligência nos autos. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
§ 2º Os jurados excluídos por impedimento ou suspeição serão computados para a constituição do número legal. 
(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
Obs. Presença de pelo menos 15 jurados. (São convocados 25 jurados. Para dar início ao julgamento pelo menos 15 
deles precisam estar presentes). No número de 15 jurados, são computados aqueles excluídos por impedimento ou 
suspeição. Ex. compareceram 15 jurados. Dentre eles, 1 foi excluído por impedimento. Não haverá necessidade de 
designar outra data para julgamento, pois esse que foi excluído conta para compor os 15 necessários para dar início 
ao julgamento. 
 
CPP. 
Art. 464. Não havendo o número referido no art. 463 deste Código, proceder-se-á ao sorteio de tantos suplentes 
quantos necessários, e designar-se-á nova data para a sessão do júri. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
- Empréstimo de Jurados: 
 
 É o empréstimo de quem havia sido convocado para outro plenário do júri na mesma Comarca. Ex. em um plenário 
do júri compareceram 14 jurados. Para completar os 15 jurados necessários ao início do julgamento, o juiz pede 
para oficial de justiça ir até outro plenário, onde estão sobrando jurados, e buscar aquele que será o 15º jurado. 
 
O Empréstimo de jurados não é admitido pela jurisprudência, porque viola o direito de recusas (partes precisam 
conhecer jurados com antecedência para poder exercer o direito de recusar jurados). 
 
É tratado como hipótese de nulidade absoluta. 
 
9.2. Recusas. 
MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790
 
 
 
11 
www.g7juridico.com.br 
 
 
 
 
As partes podem recusar determinados jurados (podem se opor a determinados jurados). 
 
a) Recusa motivada: (Necessário indicar o motivo - baseada em alguma causa de suspeição, impedimento ou 
incompatibilidade – relacionado à imparcialidade). 
 
Obs. as causas são as mesmas dos juízes togados mais algumas. 
 
CPP. 
Art. 448. São impedidos de servir no mesmo Conselho: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
I – marido e mulher; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
II – ascendente e descendente; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
III – sogro e genro ou nora; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
IV – irmãos e cunhados, durante o cunhadio; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
V – tio e sobrinho; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
VI – padrasto, madrasta ou enteado. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
§ 1º O mesmo impedimento ocorrerá em relação às pessoas que mantenham união estável reconhecida como 
entidade familiar. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
§ 2º Aplicar-se-á aos jurados o disposto sobre os impedimentos, a suspeição e as incompatibilidades dos juízes 
togados. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
 
Art. 449. Não poderá servir o jurado que: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
I – tiver funcionado em julgamento anterior do mesmo processo, independentemente da causa determinante do 
julgamento posterior; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
II – no caso do concurso de pessoas, houver integrado o Conselho de Sentença que julgou o outro acusado; 
(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
III – tiver manifestado prévia disposição para condenar ou absolver o acusado. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 
2008) 
 
Obs. As recusas motivadas são decididas de imediato pelo juiz, a fim de que não haja um retardamento indevido. 
 
Obs. Concernente às recusas motivadas, podem ser usadas tantas quantas forem necessárias. Ex. se há 25 jurados 
impedidos, é possível recusar os 25. 
 
b) Recusa imotivada (peremptória): (não há necessidade de indicar o motivo) 
 
Obs. a ideia é permitir que a parte busque formar um conselho que melhor atenda a seus interesses. Ex. sujeito 
matou a esposa por conta de traição. Em tese, o melhor conselho seria aquele formado por 7 homens casados. 
 
Obs. só é possível exercer 3 (três) recusas imotivadas. 
 
CPP, art. 468. À medida que as cédulas forem sendo retiradas da urna, o juiz presidente as lerá, e a defesa e, 
depois dela, o Ministério Públicopoderão recusar os jurados sorteados, até 3 (três) cada parte, sem motivar a 
recusa. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
Parágrafo único. O jurado recusado imotivadamente por qualquer das partes será excluído daquela sessão de 
instrução e julgamento, prosseguindo-se o sorteio para a composição do Conselho de Sentença com os jurados 
remanescentes. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
Obs. Note que essa é uma das poucas oportunidades em que a defesa se manifesta primeiro, antes do MP. 
 
Obs. Antes de 2008, quando o jurado era recusado por um advogado de um dos acusados, era recusado quanto 
àquele acusado, de forma que ele poderia julgar os demais. Atualmente, quando é recusado por um, estará 
automaticamente excluído daquela sessão. O objetivo é evitar a cisão (separação) dos julgamentos. 
 
MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790
 
 
 
12 
www.g7juridico.com.br 
 
 
 
 
Jurados 
 
Advogado “A” 
 
Advogado “B” 
 
MP 
 
1 
 
Aceito 
 
Recuso 
 
- 
 
2 
 
Aceito 
 
Aceito 
 
Recuso 
 
3 
 
Recuso 
 
- 
 
- 
 
 
 
Obs. Na tabela acima, quando Advogado de “B” recusa, nem precisa indagar ao MP se aceita ou não, ou seja, 
quando uma das partes recusa, o jurado é automaticamente excluído, não havendo motivo para continuar 
perguntando para as demais partes se o aceitam ou não. 
 
Questiona-se: Quando se tratar de mais de um acusado, como ficam as recusas? 
Resposta: Se todos os acusados forem defendidos por um só defensor, significa dizer que não há colidência de 
teses. Então, este defensor terá direito a, no máximo, 3 (três) recusas. 
 
Resp 1540/151 - Precedente de 2015, em que o STJ entendeu que esse direito de recusar até três jurados é 
garantido a cada um dos acusados. Portanto, se são três acusados, ainda que com o mesmo defensor, cada um dos 
três teria direito a três recusas. 
 
CPP. 
Art. 469. Se forem 2 (dois) ou mais os acusados, as recusas poderão ser feitas por um só defensor. (Redação 
dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
§ 1º A separação dos julgamentos somente ocorrerá se, em razão das recusas, não for obtido o número mínimo 
de 7 (sete) jurados para compor o Conselho de Sentença. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
- Estouro de urna: ocorre quando não é possível a formação do Conselho de Sentença com 7 jurados, seja em 
virtude do não comparecimento de alguns dos 25 jurados convocados, seja por conta das recusas motivadas e 
imotivadas. Nesse caso, o julgamento deverá ser adiado, convocando-se jurados suplentes. 
 
 Questiona-se: ocorrendo o estouro de urna, quem é julgado primeiro? 
 
CPP. 
Art. 469 (...) 
§ 2º Determinada a separação dos julgamentos, será julgado em primeiro lugar o acusado a quem foi atribuída a 
autoria do fato ou, em caso de coautoria, aplicar-se-á o critério de preferência disposto no art. 429 deste Código. 
(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
9.3. Debates. 
 
CPP. 
Art. 477. O tempo destinado à acusação e à defesa será de uma hora e meia para cada, e de uma hora para a 
réplica e outro tanto para a tréplica. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
§ 1º Havendo mais de um acusador ou mais de um defensor, combinarão entre si a distribuição do tempo, que, 
na falta de acordo, será dividido pelo juiz presidente, de forma a não exceder o determinado neste artigo. 
(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
§ 2º Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo para a acusação e a defesa será acrescido de 1 (uma) hora e 
elevado ao dobro o da réplica e da tréplica, observado o disposto no § 1º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 
11.689, de 2008) 
 
Obs. não haverá direito à tréplica caso não haja réplica. 
MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790
 
 
 
13 
www.g7juridico.com.br 
 
 
 
 
Cuidado! Se, porventura, o MP tecer alguma consideração nesse momento. Ex. Promotor diz “Excelência, não vou à 
réplica, porque a defesa não disse nada capaz de elidir a responsabilidade criminal do acusado”. Ora, isso é réplica. 
Assim, defesa tem direito à tréplica. 
 
Obs. §2º - o ideal é entender que, para cada acusado a mais, o tempo seria acrescido de uma hora. 
 
- Inovação da tese defensiva na tréplica. 
 
1ª corrente: Não pode inovar – Se o fizer, o juiz deve cassar a palavra. Juiz deverá advertir os jurados de que 
deverão desconsiderar a nova tese. 
 
2ª corrente: Pode inovar – sem que haja necessidade de manifestação da acusação. Devido à plenitude de defesa, 
não se pode privar o defensor de trazer uma nova tese. 
 
3ª corrente: É possível, devendo a acusação se manifestar quanto à nova tese. Respeita-se a amplitude de defesa, 
bem como o contraditório. 
 
- Exibição e leitura de documentos no plenário do Júri: 
 
Regra do CPP – Documentos podem ser juntados a qualquer momento. 
 
CPP. 
Art. 231. Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar documentos em qualquer fase do 
processo. 
 
Obs. o próprio dispositivo legal dispõe que a lei poderá excepcionar a regra (“salvo os casos expressos em lei”). 
 
A única exceção atualmente é a exceção do plenário do júri, a qual está prevista no art. 479 do CPP. 
 
Obs. O objetivo da exceção é, justamente, não causar um cerceamento à acusação e à defesa. 
 
CPP. 
Art. 479. Durante o julgamento não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver 
sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte. 
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
Parágrafo único. Compreende-se na proibição deste artigo a leitura de jornais ou qualquer outro escrito, bem 
como a exibição de vídeos, gravações, fotografias, laudos, quadros, croqui ou qualquer outro meio assemelhado, 
cujo conteúdo versar sobre a matéria de fato submetida à apreciação e julgamento dos jurados. (Incluído pela Lei 
nº 11.689, de 2008) 
 
Obs. Tal vedação diz respeito à matéria de fato e, desde que esses documentos e objetos, já não estejam nos autos. 
Se estão nos autos, pressupõe-se que as partes tenham conhecimento. A ideia é não haver uma surpresa indevida 
para as partes. Por isso, devem ser juntados com antecedência de 3 (três) dias úteis. 
 
Leitura de doutrina, por exemplo, pode ser feita, sendo matéria de direito, motivo pelo qual não há necessidade de 
juntada com antecedência. 
 
STJ: “(...) Hipótese em que se sustenta ilegalidade na exibição de fita de vídeo do programa “Linha Direta”, no 
qual se reconstituiu crime cuja autoria é imputada ao paciente, na Sessão Plenária do Tribunal do Júri. O 
conteúdo da referida fita não se apresenta como prova surpresa, não esperada pela defesa, ao contrário, trata-se 
de prova submetida ao crivo do contraditório. A simples exibição de fita de vídeo contendo programa de 
televisão, em Sessão Plenária de Júri, não é suficiente para caracterizar a perda da parcialidade dos jurados. 
Precedente desta Corte. (...). Ordem denegada”. (STJ, 5ª Turma, HC 65.144/BA, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 
MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790
 
 
 
14 
www.g7juridico.com.br 
 
 
 
15/09/2009, DJe 03/11/2009). Na mesma linha: STJ, 5ª Turma, HC 31.181/RJ, Rel. Min. Gilson Dipp, j. 
03/08/2004, DJ 06/09/2004 p. 275. 
 
STF: “(...) Ao contrário de afrontar o princípio constitucional da soberania do veredicto do Tribunal do Júri, a 
exibição de documentos nitidamente capazes de influenciar no ânimo dos jurados, sobre os quais a acusação não 
teve a oportunidade de examinar no prazo legal previsto no art. 475 do Código de Processo Penal (atual art. 479), 
justifica a necessidade de realização de um novo julgamento pelo Tribunal do Júri. Habeas corpus denegado”. 
(STF, 1ª Turma, HC 102.442/MT, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 26/10/2010, DJe 225 23/11/2010). 
 
 
10. QUESITAÇÃO. 
 
▪ Conceito: São perguntas. Os jurados não fundamentam seus votos. Eles votam através de cédulas, onde constam 
“sim” ou “não”. Como os jurados não fundamentam seus votos, há necessidade de se apresentar perguntas a eles, 
a fim de que se pronunciem quanto ao mérito da acusação. 
 
▪ Teor dos quesitos:Matéria de fato: Os jurados devem ser perguntados sobre matéria de fato. Não podem ser questionados, por 
exemplo, se o acusado agiu em legítima defesa ou se houve excesso na legítima defesa. Os jurados não 
necessariamente têm conhecimento jurídico. 
 
Possível absolvição: A reforma de 2008 introduziu um quesito obrigatório sobre uma possível absolvição do 
acusado. 
 
▪ Redação: 
 
Proposições afirmativas 
 
De maneira simples, clara e objetiva. 
 
 
▪ Fonte dos quesitos: 
 
Pronúncia 
 
Decisões posteriores de admissibilidade da acusação (ocorre quando há pronúncia por um juízo ad quem) 
 
Interrogatório do acusado 
 
Debates 
 
➢ SISTEMA UTILIZADO PARA QUESITAÇÃO. 
 
 
ANTES DA LEI 
Nº 11.689/08 
 
DEPOIS DA LEI 
Nº 11.689/08 
 
 
 
 
Era utilizado apenas o sistema francês: o veredito era 
colhido através da formulação de vários quesitos aos 
jurados. 
 
Passamos a adotar um sistema misto (francês e anglo-
americano): ainda são feitos vários quesitos aos 
jurados, tal como acontecia antes da Lei n. 11.689/08 
(sistema francês). No entanto, passou a existir um 
quesito genérico sobre a absolvição do acusado 
MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790
 
 
 
15 
www.g7juridico.com.br 
 
 
 
 (sistema angloamericano). A inovação está prevista 
no art. 483, § 2º, do CPP. 
 
 
 
➢ LEITURA DOS QUESITOS. 
 
▪ Momento (CPP, art. 484): após a conclusão dos debates, se os jurados afirmarem que estão em condições de 
proceder ao julgamento, deve o juiz-presidente fazer a leitura dos quesitos. 
 
Obs. a leitura é feita no plenário do júri, ou seja, não é feita na sala especial, a qual é utilizada apenas para votação. 
 
Obs. De acordo com a jurisprudência, este é o momento para eventuais impugnações. Se a parte não se manifesta 
quando o juiz faz a leitura dos quesitos, teoricamente, se houver algum vício, opera-se a preclusão. 
 
▪ Impugnação aos quesitos: a parte que entender viciado o quesito deve impugná-lo imediatamente após sua 
leitura pelo juiz-presidente (CPP, arts. 564, p.u., e 571, VIII), sob pena de preclusão. Nesse sentido: STF, HC 
87.358. No entanto, se o vício for de tal gravidade que possa ter causado prejuízo às teses das partes ou induzido 
os jurados a erro ou dúvida sobre o fato submetido a julgamento, impedindo o conhecimento da vontade do 
Conselho de Sentença, como, por exemplo, se o juiz deixar de formular o quesito genérico acerca da absolvição 
do acusado, a nulidade será absoluta, logo, passível de arguição a qualquer momento. É nesse sentido o teor da 
súmula 156 do STF: “é absoluta a nulidade do julgamento, pelo júri, por falta de quesito obrigatório”. 
 
➢ VOTAÇÃO. 
 
▪ Sala especial (secreta): a votação deve ocorrer em sala secreta na qual estarão presentes os jurados, o juiz-
presidente, o MP, o advogado do querelante e do assistente de acusação e o defensor. 
 
▪ Cédulas (CPP, art. 486): 
As cédulas são entregues aos jurados (“sim” e “não”). No momento da votação, uma urna é utilizada para a votação 
e uma outra urna é utilizada para o descarte. 
 
▪ Sigilo: 
Ninguém pode ver os votos dos jurados, nem mesmo o juiz-presidente. 
 
➢ ORDEM DOS QUESITOS. 
 
▪ 1º) MATERIALIDADE DO FATO (CPP, art. 483, I): a quesitação deve se dar de forma progressiva, a fim de se 
verificar a real responsabilidade do agente. Ex.: Primeiro deve se indagar se a vítima foi atingida por disparo de 
arma de fogo. Sendo a resposta afirmativa (no mínimo 4 votos), indaga-se se tais ferimentos foram a causa 
eficiente da morte da vítima. Segue exemplo: 
 
1º) no dia (...), na rua (...), a vítima foi atingida por disparos de arma de fogo que causaram as lesões descritas no 
laudo de fls. (...)? (Se responderem “sim”, estão afirmando que as lesões ocorreram. Se responderem “não”, estão 
negando a ocorrência do fato delituoso. 
 
 2º) Essas lesões foram a causa eficiente da morte da vítima? (Se responderem “sim”, estão afirmando existir nexo 
causal. Se responderem “não”, significa dizer que o acusado produziu as lesões, porém essas lesões não levaram à 
morte) 
 
▪ 2º) AUTORIA OU PARTICIPAÇÃO: em proposições simples e objetivas, indaga-se se o agente praticou (autoria) o 
crime ou se para ele contribuiu de qualquer forma (participação). Havendo 4 respostas negativas, o réu deve ser 
absolvido por negativa de autoria ou de participação. Resultando ao menos 4 respostas positivas, passa-se à 
próxima série. Segue exemplo: 
MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790
 
 
 
16 
www.g7juridico.com.br 
 
 
 
 
1) Autoria: Tício foi o autor dos disparos referidos no primeiro quesito? 
2) Coautoria: Ao pilotar a motocicleta usada na abordagem da vítima, Mévio concorreu para a conduta referida no 
quesito anterior? 
 3) Participação: Fulano, ao instigar o atirador, concorreu de alguma forma para realização dos disparos? 
 
Atenção: Pelo Código, o próximo quesito seria o quesito da absolvição. Porém, o próprio parágrafo do art. 483 
prevê que, a depender do caso concreto, pode ser necessário acrescentar um quesito sobre tentativa ou sobre 
desclassificação: 
 
▪ 3º) TENTATIVA OU DESCLASSIFICAÇÃO PARA OUTRO CRIME DA COMPETÊNCIA DO JÚRI: sustentada a tese de 
ocorrência do crime na sua forma tentada ou havendo divergência sobre a tipificação do delito, sendo este da 
competência do Tribunal do Júri, o juiz formulará quesito acerca destas questões, que devem ser respondidos após 
o segundo quesito. 
 
 Exemplo de tentativa: Tício, assim agindo, deu início à execução de um crime de homicídio, que não se consumou 
por circunstâncias alheias à sua vontade, consistente na imediata intervenção de policiais que passavam pelo local? 
Se os jurados responderem “sim”, estão reconhecendo a existência de tentativa de homicídio. Se disserem “não”, 
houve desclassificação para o crime de lesão corporal, com a consequente transferência da competência do 
julgamento para o juiz presidente, encerrando-se a votação (CPP, art. 492, § 1º). 
 
Obs.: a desclassificação pode ocorrer para outro crime de competência do Júri, caso em que subsiste a competência 
dos jurados para o julgamento do feito. Ex.: reconhecimento de que a mãe agiu sob a influência de estado 
puerperal, desclassificando-se o crime de homicídio para infanticídio. 
 
Exemplo de desclassificação para infanticídio: Tícia agiu sob a influência do estado puerperal, matando o próprio 
filho logo após o parto? 
 
▪ 4º) SE O ACUSADO DEVE SER ABSOLVIDO (CPP, art. 483, III): quesito genérico introduzido pela Lei nº 11.689/08. 
Após a resposta afirmativa acerca da materialidade e da autoria (e participação) – e não havendo 
desclassificação para outro crime – deve ser formulado quesito com a seguinte redação: “O jurado absolve o 
acusado?”. 
 
Obs. 1: prevalece o entendimento de que se trata de quesito obrigatório, a ser formulado independentemente 
das teses defensivas sustentadas em plenário. Nesse sentido: STJ, HC nº 137.710/GO. 
Obs. 2: ainda que haja duas ou mais teses defensivas, prevalece o entendimento de que esse quesito não deve 
ser individualizado para cada tese defensiva. Logo, como não é possível determinar o exato motivo que deu 
ensejo à decisão dos jurados, a absolvição do acusado no Júri não faz coisa julgada no cível. 
 
Questiona-se: No caso em que a única tese defensiva for no sentido de negativa de autoria, mesmo assim tem que 
ser formulado o quesito da absolvição? 
Resposta: Alguns doutrinadores entendem que, se a tese é de negativa de autoria, ela já foi perguntada no 2º 
quesito, não havendo motivo para perguntar sobre a absolvição. Contudo, tal entendimento é equivocado, uma vez 
que o quesito da absolvição é obrigatório, não importando as teses apresentadas pela defesa durante o plenário do 
júri. Os jurados não são obrigados a absolver com base nas teses apresentadas pelo advogado. Pode ser que a 
absolvição se dê por outro motivo. 
 
▪ 5º) CAUSA DE DIMINUIÇÃO ALEGADA PELA DEFESA (CPP, art. 483, § 3º, I): deve ser obrigatoriamente 
questionada antes de qualificadoras e causas de aumento, sob pena de nulidade absoluta(súmula 162 do STF). 
 
Súmula 162 do STF: é absoluta a nulidade do julgamento pelo júri, quando os quesitos da defesa não precedem 
aos das circunstâncias agravantes. (Apesar da referida Súmula dispor expressamente somente sobre “agravantes”, 
ela abrange também as “qualificadoras” e “causas de aumento”. 
 
MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790
 
 
 
17 
www.g7juridico.com.br 
 
 
 
Obs.1: para não haver dúvida quanto à causa de diminuição adotada pelo jurado, o quesito deve ser individualizado 
para cada minorante; 
 
 Obs.2: reconhecido o homicídio privilegiado, restam prejudicados quesitos referentes às qualificadoras subjetivas 
(CP, art. 121, § 2º, I, II, V e VI). 
Ex. Homicídio privilegiado: o acusado agiu sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida à injusta 
provocação da vítima? 
Ex. Semi-imputabilidade: o acusado, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental 
retardado, não era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato? 
 
▪ 6º) Qualificadora ou causa de aumento de pena: para que seja feito o quesito, é indispensável que decisões 
anteriores (v.g. pronúncia, acórdão de confirmação da pronúncia) tenham reconhecido a existência da 
qualificadora e/ou da causa de aumento. Devem ser os quesitos individualizados quanto à cada uma delas, 
perguntando-se primeiro acerca das qualificadoras e, depois, das majorantes. 
 
Ex. Qualificadora do motivo fútil: o acusado agiu por motivo fútil consistente numa briga de trânsito? 
Ex. Majorante do homicídio contra criança ou adolescente: a vítima era menor de 14 anos e o acusado tinha 
consciência dessa circunstância? 
 
➢ FALSO TESTEMUNHO EM PLENÁRIO. 
 
Se a testemunha faltar com a verdade em seu depoimento, devem as partes fazer requerimento para que o fato 
seja quesitado aos jurados ao final da série de perguntas. 
 
Obs.1: se os jurados responderem “sim” ao referido quesito, isso não significa dizer que a testemunha está sendo 
condenada pelo crime de falso testemunho. Na verdade, a única consequência imediata é a remessa de cópia dos 
autos à Polícia para fins de instauração de inquérito policial. 
 
Obs.2: não deve o juiz determinar a inclusão desse quesito ex officio, pois haveria indevida influência no animus 
dos jurados. Tampouco poderá o jurado pedir a inclusão desse quesito. Afinal, fosse isso possível, haveria evidente 
demonstração de que o jurado entendeu que tal testemunha faltou com a verdade. Logo, a versão por ela 
apresentada não estaria a merecer qualquer credibilidade, o que, de certa forma, violaria o sigilo das votações. 
 
Obs.3: o fato de os jurados não acatarem o álibi apontado pela testemunha não enseja, por si só, o crime de falso 
testemunho, pois é preciso verificar se a testemunha tem a seu favor alguma excludente de ilicitude ou 
culpabilidade (ex.: coação moral irresistível). Nesse sentido: STJ, HC 119.132. 
 
CPP. Art. 211. Se o juiz, ao pronunciar sentença final, reconhecer que alguma testemunha fez afirmação falsa, 
calou ou negou a verdade, remeterá cópia do depoimento à autoridade policial para a instauração de inquérito. 
Parágrafo único. Tendo o depoimento sido prestado em plenário de julgamento, o juiz, no caso de proferir 
decisão na audiência (art. 538, § 2º), o tribunal (art. 561), ou o conselho de sentença, após a votação dos 
quesitos, poderão fazer apresentar imediatamente a testemunha à autoridade policial. 
 
➢ AGRAVANTES E ATENUANTES. 
 
Antes de 2008, agravantes e atenuantes eram quesitadas aos jurados. Com o advento da Lei nº 11.689/08, o art. 
492, I, “b”, do CPP, assenta que cabe ao juiz-presidente a análise de tais circunstâncias. 
 
Obs.1: o juiz-presidente deve levar em consideração apenas as circunstâncias agravantes e atenuantes alegadas 
pelas partes durantes os debates. Exceção: atenuante não alegada em debate, mas constante do interrogatório 
do acusado (ex.: confissão, menoridade), deve ser levada em consideração, em homenagem à plenitude de 
defesa. 
 
MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790
 
 
 
18 
www.g7juridico.com.br 
 
 
 
Obs.2: não é possível reconhecimento de agravante simples quando for definida na lei penal como qualificadora 
do homicídio e não tiver constado da pronúncia como tal. Ex.: se o acusado foi denunciado por homicídio 
qualificado por motivo fútil, mas foi pronunciado apenas por homicídio simples, não pode o motivo fútil ser 
utilizado como agravante (CP, art. 61, II, “a”). Nesse sentido: STF, HC 90.265. 
 
Antes da Lei 11.689/08 Depois da Lei 11.689/08 
 
Eram quesitadas aos jurados 
 
Não são mais quesitadas aos jurados 
 
 
 
CPP. Art. 66. A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao 
crime, embora não prevista expressamente em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Súmula 156 do STF: é absoluta a nulidade do julgamento, pelo júri, por falta de quesito obrigatório. 
 
CPP. Art. 492. Em seguida, o presidente proferirá sentença que: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
I – no caso de condenação: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
(...) 
b) considerará as circunstâncias agravantes ou atenuantes alegadas nos debates; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 
2008) 
 
CPP. Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério 
Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada. 
 
- Reconhecimento de Agravante Definida Também Como Qualificadora. 
 
CP. Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 (...) 
II - ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
a) por motivo fútil ou torpe; 
 b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime; 
 
Art. 121. Matar alguém: 
(...) 
 § 2° Se o homicídio é cometido: 
(...) 
II - por motivo fútil; 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: 
 (...) 
 
➢ HOMICÍDIO PRATICADO POR MILÍCIA PRIVADA OU GRUPO DE EXTERMÍNIO. 
 
A Lei nº 8.930/94 alterou a Lei nº 8.072/90 (art. 1º, I) para transformar em crime hediondo o homicídio 
qualificado, bem como o simples quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio. À época, como 
se tratava de mero pressuposto para o reconhecimento da hediondez do homicídio, não era objeto de quesito 
aos jurados (posição majoritária). Contudo, a Lei nº 12.720/12 introduziu o § 6º ao art. 121 do CP, trazendo causa 
de aumento de pena (1/3 a ½) quando o homicídio for “praticado por milícia privada ou por grupo de 
extermínio”. Assim, como causa de aumento de pena, o homicídio praticado por milícia ou por grupo de 
extermínio deve ser objeto de quesitação aos jurados. A alteração é maléfica. Portanto, não retroage. 
 
CPP. Art. 483. Os quesitos serão formulados na seguinte ordem, indagando sobre: (Redação dada pela Lei nº 
11.689, de 2008) 
MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790
 
 
 
19 
www.g7juridico.com.br 
 
 
 
 I – a materialidade do fato; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 II – a autoria ou participação; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
III – se o acusado deve ser absolvido; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
IV – se existe causa de diminuição de pena alegada pela defesa; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
V – se existe circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena reconhecidas na pronúncia ou em 
decisões posteriores que julgaram admissível a acusação. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
§ 1º A resposta negativa, de mais de 3 (três) jurados, a qualquer dos quesitos referidos nos incisos I e II do caput 
deste artigo encerra a votação e implica a absolvição do acusado. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
§ 2º Respondidos afirmativamente por mais de 3 (três) jurados os quesitos relativos aos incisos I e II do caput 
deste artigo será formulado quesito coma seguinte redação: (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
O jurado absolve o acusado? 
 
Art. 483 (...) 
 § 3º Decidindo os jurados pela condenação, o julgamento prossegue, devendo ser formulados quesitos sobre: 
(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
I – causa de diminuição de pena alegada pela defesa; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
II – circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena, reconhecidas na pronúncia ou em decisões 
posteriores que julgaram admissível a acusação. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
§ 4º Sustentada a desclassificação da infração para outra de competência do juiz singular, será formulado quesito 
a respeito, para ser respondido após o 2o (segundo) ou 3o (terceiro) quesito, conforme o caso. (Incluído pela Lei 
nº 11.689, de 2008) 
§ 5º Sustentada a tese de ocorrência do crime na sua forma tentada ou havendo divergência sobre a tipificação 
do delito, sendo este da competência do Tribunal do Júri, o juiz formulará quesito acerca destas questões, para 
ser respondido após o segundo quesito. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
§ 6º Havendo mais de um crime ou mais de um acusado, os quesitos serão formulados em séries distintas. 
(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
11. DESCLASSIFICAÇÃO PELOS JURADOS. 
 
A desclassificação ocorre quando os jurados reconhecem que não houve um crime doloso contra a vida. 
 
a) Desclassificação própria: Os jurados reconhecem que não houve um crime doloso contra a vida, não 
especificando o delito que teria sido cometido. Ex. Quesito: “o acusado deu início a execução de um homicídio que 
não se consumou pela intervenção dos policiais?” Jurados respondem “não”. Houve desclassificação, a 
competência passa a ser do juiz-presidente. Jurados não disseram qual teria sido o delito. Neste caso, o juiz-
presidente assume total capacidade decisória, podendo reconhecer qualquer delito, pode absolver, condenar etc. 
 
b) Desclassificação imprópria: Os jurados reconhecem que não houve um crime doloso contra a vida, especificando 
o delito que teria sido cometido. Ex. desclassificação de homicídio doloso para homicídio culposo. Parte da doutrina 
entende que o juiz-presidente fica vinculado à decisão dos jurados, ou seja, é obrigado a acatar a decisão dos 
jurados de desclassificação para homicídio culposo, devendo condenar o acusado por esse crime, porém na 
modalidade culposa. Outra parte da doutrina entende que a decisão dos jurados não vincula o juiz-presidente, não 
sendo obrigado a condenar o acusado. 
 
 
- Desclassificação e Infração de Menor Potencial Ofensivo. 
 
É o próprio juiz-presidente que aplica o procedimento da Lei 9.099/95 
 
CPP. Art. 492 (...) 
§ 1º Se houver desclassificação da infração para outra, de competência do juiz singular, ao presidente do 
Tribunal do Júri caberá proferir sentença em seguida, aplicando-se, quando o delito resultante da nova 
MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790
 
 
 
20 
www.g7juridico.com.br 
 
 
 
tipificação for considerado pela lei como infração penal de menor potencial ofensivo, o disposto nos arts. 69 e 
seguintes da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
- Desclassificação pelos jurados e competência para o julgamento dos crimes conexos e/ou continentes: 
 
Ex. homicídio e estupro. Se os jurados desclassificaram a imputação de homicídio, é porque eles reconheceram que 
não há crime doloso contra a vida. Sendo assim, tanto o crime de homicídio quanto o crime conexo (estupro) 
passarão a ser de competência do juiz-presidente. O mesmo ocorre com os crimes continentes. 
 
CPP. Art. 492 (...) § 2º Em caso de desclassificação, o crime conexo que não seja doloso contra a vida será julgado 
pelo juiz presidente do Tribunal do Júri, aplicando-se, no que couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação 
dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
- Absolvição pelos jurados e competência para o julgamento dos crimes conexos e/ou continentes: 
 
Cuidado! Ex. homicídio e estupro. Se os jurados absolveram quanto ao crime de homicídio é porque, 
implicitamente, reconheceram que são competentes. Neste caso, continuarão competentes para julgar os crimes 
conexos e continentes. 
 
MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790

Continue navegando