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1 www.g7juridico.com.br MAGISTRATURA E MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAIS Renato Brasileiro Direito Processual Penal Aula 16 ROTEIRO DE AULA TRIBUNAL DO JÚRI II 6. PRONÚNCIA. 6.8. Efeitos da Pronúncia. 1) Submissão do acusado a julgamento perante o Tribunal do Júri; Obs. A partir do momento em que se opera a preclusão da pronúncia, ou seja, quando não couber mais recurso da decisão de pronúncia, o indivíduo será levado a julgamento perante o tribunal do júri, salvo se sobrevier uma causa extintiva da punibilidade, como, por exemplo, a morte do agente ou a prescrição. 2) Limitação da acusação em plenário (correlação entre pronúncia e quesitação); - Antes da Lei 11.689/08: a fonte dos quesitos era o Libelo-Acusatório (peça articulada oferecida pela acusação da qual eram extraídos os quesitos). O Libelo já não existe mais, pois foi abolido pela Lei 11.689/2008. - Depois da Lei 11.689/08: A principal fonte dos quesitos é a pronúncia. Com a abolição do Libelo-Acusatório, a acusação é limitada pela pronúncia. Ex. da mesma forma que o juiz fica vinculado ao que consta da denúncia quando vai proferir a sentença (princípio da correlação), a pronúncia delimita a atuação da acusação no plenário do júri. Se o indivíduo foi pronunciado por homicídio simples, será julgado por homicídio simples; se foi pronunciado por homicídio qualificado, será julgado por homicídio qualificado (por isso que alguns doutrinadores utilizam a expressão “correlação entre pronúncia e quesitação”, dentre eles Guilherme de Souza Nucci. Obs. Existem outras fontes dos quesitos, como, por exemplo, o interrogatório do acusado no plenário do júri e as alegações das partes no plenário do júri (v.g., causas de diminuição de pena, etc.). Antiga redação do art. 484 do CPP: Art. 484. Os quesitos serão formulados com observância das seguintes regras: I - para cada circunstância agravante, articulada no libelo, o juiz formulará um quesito; (Incluído pela Lei nº 263, de 23.2.1948) II - se resultar dos debates o conhecimento da existência de alguma circunstância agravante, não articulada no libelo, o juiz, a requerimento do acusador, formulará o quesito a ela relativo; (Incluído pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 2 www.g7juridico.com.br CPP. Art. 482. O Conselho de Sentença será questionado sobre matéria de fato e se o acusado deve ser absolvido. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) Parágrafo único. Os quesitos serão redigidos em proposições afirmativas, simples e distintas, de modo que cada um deles possa ser respondido com suficiente clareza e necessária precisão. Na sua elaboração, o presidente levará em conta os termos da pronúncia ou das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação, do interrogatório e das alegações das partes. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 3) Preclusão das nulidades relativas não arguidas até a pronúncia: Obs. A nulidade relativa, ao contrário da absoluta, está sujeita à preclusão, ou seja, se não for arguida no momento oportuno, opera-se a preclusão. Não sendo arguida até a pronúncia, opera-se a preclusão, não podendo mais ser arguida. CPP. Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) (...) III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) (...) Obs. Quando o dispositivo legal dispõe “nulidade posterior à pronúncia”, deixa claro que, se havia nulidade, deveria ter sido alegada antes da pronúncia, em alegações orais. Se isso não tiver ocorrido, operou-se a preclusão. 4) Interrupção da prescrição; CP. Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (...) II - pela pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Cuidado! A súmula 191 do STJ dispõe que haverá interrupção da prescrição pela pronúncia ainda que o júri venha a desclassificar o crime. Havia uma discussão no sentido de que a desclassificação do crime significaria que o réu não deveria ter sido pronunciado, de forma que, neste caso, a pronúncia não poderia ter o condão de interromper a prescrição. Este entendimento é equivocado, pois a desclassificação dos jurados não se equipara à anulação da pronúncia. A pronúncia é válida. Ela encerra um juízo de admissibilidade. Se o juiz sumariante é o competente para a pronúncia, ocorrendo esta, interrompe-se a prescrição, mesmo que haja posterior desclassificação pelo plenário do júri. Súmula 191 do STJ: A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o tribunal do júri venha a desclassificar o crime. 5) Preclusão da decisão de pronúncia e sua imodificabilidade. CPP. Regra: operando-se a preclusão da pronúncia, esta não pode ser mais alterada. Exceção: salvo se houver alguma circunstância fática posterior que altere a classificação do delito. Ex. Indivíduo pronunciado por tentativa de homicídio. Vítima ficou hospitalizada. Depois da pronúncia, a vítima falece. Trata-se de uma circunstância superveniente que altera a classificação do delito. Necessário juntar a certidão de óbito. Necessário juntar exame pericial para comprovar que a morte decorreu da conduta praticada pelo agente. Ministério Público faz aditamento. Neste caso, poderá ser proferida uma nova decisão de pronúncia. MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790 3 www.g7juridico.com.br Art. 421. Preclusa a decisão de pronúncia, os autos serão encaminhados ao juiz presidente do Tribunal do Júri. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) § 1º Ainda que preclusa a decisão de pronúncia, havendo circunstância superveniente que altere a classificação do crime, o juiz ordenará a remessa dos autos ao Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) (...) 6.9. Decretação da Prisão Preventiva ou Imposição de Medidas Cautelares Diversas da Prisão Antes de 2008, quando alguém reincidente e com maus antecedentes era pronunciado, ocorria uma prisão decorrente de pronúncia (de certa forma o Código presumia a fuga do agente). Muitos doutrinadores elencavam a prisão decorrente de pronúncia como uma espécie de prisão cautelar, ao lado da prisão em flagrante, preventiva e temporária. Desde a reforma de 2008, a prisão decorrente de pronúncia não existe mais. Agora o juiz pode decretar a prisão preventiva, devendo apontar os requisitos dos artigos 312 e 313 do CPP Desde 2011, o juiz, entendendo que a prisão preventiva seria por demais gravosa, pode aplicar medidas cautelares diversas da prisão. CPP. Art. 413. O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se convencido da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) (…) § 3º O juiz decidirá, motivadamente, no caso de manutenção, revogação ou substituição da prisão ou medida restritiva de liberdade anteriormente decretada e, tratando-se de acusado solto, sobre a necessidade da decretação da prisão ou imposição de quaisquer das medidas previstas no Título IX do Livro I deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) Obs. Importante: a decisão, nos termos do referido dispositivo legal, precisa ser motivada. Tal motivação é exigida pelo Código tanto quando o indivíduo está preso quando está solto, ou seja, é equivocado entender que “se já está preso, continuará preso”, pois, mesmo quando estiver preso, o juiz precisará fundamentar a decisão de manutenção de sua prisão. Da mesma forma, se o indivíduo está solto, só poderá ser preso por decisão fundamentada. O maior risco, neste ponto, é acreditar que a manutenção da prisão do réu já preso é automática. Não é automática, o juiz precisa fundamentá-la. Lembre-se das regras quanto à prisão no momento da pronúncia: Se o indivíduo está em liberdade, permaneceu em liberdadeaté a pronúncia, significa que, pelo menos até aquele momento, não houve nenhum motivo para sua prisão, devendo permanecer solto, salvo se surgir, por ocasião da pronúncia, alguma hipótese que autorize sua prisão preventiva. Por outro lado, se o indivíduo estiver preso, permaneceu preso durante toda primeira fase, significa que havia motivo para mantê-lo preso, não fazendo sentido, no momento da pronúncia, decidir pela soltura, salvo se desaparecer a hipótese que autorizava sua prisão preventiva. 6.10. Intimação do Acusado Acerca da Pronúncia. - Antes da Lei 11.689/08: Antiga redação do art. 413 do CPP: Art. 413. O processo não prosseguirá até que o réu seja intimado da sentença de pronúncia. Parágrafo único. Se houver mais de um réu, somente em relação ao que for intimado prosseguirá o feito. Antiga redação do art. 414 do CPP: Art. 414. A intimação da sentença de pronúncia, se o crime for inafiançável, será sempre feita ao réu pessoalmente. MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790 4 www.g7juridico.com.br Obs. Esse era o grande problema da intimação da pronúncia antes de 2008, pois crimes inafiançáveis não admitiam intimação por edital. Era permitida apenas a intimação pessoal. Antiga redação do art. 451, § 1°: Art. 451. Não comparecendo o réu ou o acusador particular, com justa causa, o julgamento será adiado para a seguinte sessão periódica, se não puder realizar-se na que estiver em curso. § 1º Se se tratar de crime afiançável, e o não-comparecimento do réu ocorrer sem motivo legítimo, far-se-á o julgamento à sua revelia. Obs. Interpretando-se a contrário sensu, se o crime fosse inafiançável, o julgamento não poderia ser realizado sem a presença do acusado. Como não era possível fazer a intimação por edital, acontecia a chamada “crise de instância”, que é uma expressão utilizada para se referir às hipóteses em que o processo fica paralisado. O problema é que a “crise de instância” não suspendia a prescrição. - Depois da Lei 11.689/08: CPP. Art. 420. A intimação da decisão de pronúncia será feita: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) I – pessoalmente ao acusado, ao defensor nomeado e ao Ministério Público; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) II – ao defensor constituído, ao querelante e ao assistente do Ministério Público, na forma do disposto no § 1o do art. 370 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) Parágrafo único. Será intimado por edital o acusado solto que não for encontrado. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) Obs. Note que, após a reforma de 2008, a regra é a intimação pessoal do acusado. Contudo, o parágrafo único do artigo 420 trouxe uma grande novidade, qual seja, a possibilidade de intimação por edital do acusado SOLTO que não for encontrado. Obs. Note que o Código não faz nenhuma distinção quanto à natureza do delito. Portanto, em tese, a intimação por edital poderá ocorrer seja o crime afiançável seja inafiançável. Obs. Se o acusado estiver preso, sua intimação terá que ser pessoal, pois se presume que o Estado saiba onde ele está preso. Obs. Esse novo regramento do art. 420, parágrafo único, de acordo com a doutrina e com a jurisprudência, tem aplicação imediata, inclusive para os processos que estavam em “crise de instância”, salvo em relação aos crimes praticados antes da Lei 9.271/1996 (lei que alterou o art. 366 do CPP, passando a prever a suspensão do processo e da prescrição para o indivíduo citado por edital que não comparece). Verifica-se aqui uma relação com a pronúncia, pois se fosse permitida a aplicação aos crimes praticados antes da Lei 9.271/1996, o processo seguiria sem que o réu tivesse ciência dele, podendo ser condenado à revelia, violando-se o princípio da ampla defesa. STJ - HC 172.382 Prazo para o Edital. CPP. Art. 361. Se o réu não for encontrado, será citado por edital, com o prazo de 15 (quinze) dias. Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790 5 www.g7juridico.com.br consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996) 7. DESAFORAMENTO. Conceito: consiste no deslocamento da competência territorial de uma comarca para outra, a fim de que nesta seja realizado o julgamento pelo Tribunal do Júri. Aplica-se exclusivamente ao julgamento em plenário. No caso do sumário da culpa (1ª fase do júri), havendo dúvidas quanto à (im)parcialidade do magistrado, a parte prejudicada deve se valer das exceções de suspeição, impedimento ou incompatibilidade; Obs. Aplica-se exclusivamente ao julgamento em plenário. Como já estudado, o tribunal do júri tem duas fases. O desaforamento só pode ocorrer na segunda fase. Só pode ocorrer depois de operada a preclusão da pronúncia, ou seja, quando há certeza de que o indivíduo será levado a julgamento perante o tribunal do júri. Questiona-se: e se há dúvida sobre a imparcialidade do juiz sumariante, pode ocorrer o desaforamento na primeira fase? Resposta: Não. Neste caso, necessário apresentar exceção de suspeição ou impedimento. Atenção: No âmbito do Código de Processo Militar, o desaforamento pode acontecer em relação a qualquer delito. CPP. Art. 427. Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver dúvida sobre a imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do acusado, o Tribunal, a requerimento do Ministério Público, do assistente, do querelante ou do acusado ou mediante representação do juiz competente, poderá determinar o desaforamento do julgamento para outra comarca da mesma região, onde não existam aqueles motivos, preferindo-se as mais próximas. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) Competência para julgamento do pedido de desaforamento O pedido de desaforamento será apreciado por uma câmara/turma do TJ ou do TRF, pois se trata de uma decisão de natureza jurisdicional. Portanto, o desaforamento não pode ser determinado por corregedorias nem pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Desaforamento X Princípio do Juiz Natural: Obs. Apesar de se tratar de uma mudança de competência territorial, a maioria da doutrina e da jurisprudência entende que não há violação ao princípio do juiz natural: primeiro porque as hipóteses de mudança de competência já estão previstas em lei; segundo porque o acusado continuará sendo julgado por um tribunal do júri. Desaforamento X Incidente de Deslocamento de Competência (IDC): Desaforamento: -O desaforamento é uma hipótese de mudança de competência territorial. -A legitimidade para requerer o desaforamento é das partes e do juiz. -A competência para apreciação do desaforamento é do TJ/TRF. IDC: -O IDC é uma hipótese de mudança de competência de justiça. Ex. causa que originariamente seria julgada pela Justiça Estadual. Porém, devido a inércia do Estado membro em proceder à persecução penal, e como o crime envolve grave violação a direitos humanos, poderá haver o deslocamento, saindo da Justiça Estadual, indo para a - Justiça Federal MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790 6 www.g7juridico.com.br -A Legitimidade para requerer o IDC é do PGR -A competência para apreciação do IDC é do STJ. LEGITIMADOS PARA O REQUERIMENTO. Ministério Público; Assistente de Acusação; Querelante; Acusado; Juiz-Presidente do Tribunal do Júri: quando não fizer o pedido, deve ser ouvido pelo Tribunal. CPP. Art. 427. Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver dúvida sobre a imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do acusado, o Tribunal, a requerimento do Ministério Público, do assistente, do querelante ou do acusado ou mediante representação do juiz competente, poderá determinaro desaforamento do julgamento para outra comarca da mesma região, onde não existam aqueles motivos, preferindo-se as mais próximas. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) Obs. A única hipótese em que o juiz não poderá representar pelo desaforamento ocorre quando houver um excesso de prazo. Como veremos adiante, uma das hipóteses de desaforamento é o excesso de prazo. Neste caso, a doutrina entende que o juiz não pode representar. Obs. Como o desaforamento tem natureza jurisdicional, o contraditório e a ampla defesa deverão ser observados. Súmula 712 do STF: É nula a decisão que determina o desaforamento de processo da competência do Júri sem audiência da defesa. Obs. A Súmula 712 também vale para a acusação (apesar de não haver previsão expressa), ou seja, o desaforamento não pode ser determinado sem que a acusação também seja ouvida. MOMENTO PARA O DESAFORAMENTO A lei dispõe que o desaforamento pressupõe, pelo menos em regra, a preclusão da pronúncia. Se o desaforamento é o deslocamento da competência territorial para o julgamento pelo plenário do júri, é lógico que ele só é possível quando existir a certeza de que aquele julgamento será realizado, ou seja, quando houver a preclusão da pronúncia. Art. 427, § 4º - Na pendência de recurso contra a decisão de pronúncia ou quando efetivado o julgamento, não se admitirá o pedido de desaforamento, salvo, nesta última hipótese, quanto a fato ocorrido durante ou após a realização de julgamento anulado. Obs. Note que, enquanto estiver pendente recurso contra a decisão de pronúncia, não se admitirá o desaforamento, ou seja, é necessária a preclusão da pronúncia. Questiona-se: é possível o desaforamento após o julgamento? Resposta: De acordo com o § 4º do artigo 427, é possível o desaforamento após o julgamento quanto a fato ocorreu durante ou após a realização de julgamento anulado. Portanto, para que seja possível o desaforamento após o julgamento, é necessário serem preenchidos dois requisitos: primeiro, o julgamento tem que ter sido anulado por algum motivo; segundo, o fato que motiva o desaforamento tem que ter ocorrido durante ou após o julgamento que foi anulado. HIPÓTESES QUE AUTORIZAM O DESAFORAMENTO (previstas no artigo 427, caput do CPP). MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790 7 www.g7juridico.com.br Interesse da ordem pública De acordo a doutrina, tem fundamento na paz e na tranquilidade do julgamento. HC 85.707 (STJ) Dúvida sobre a imparcialidade do júri: Falta de segurança pessoal do acusado Julgamento não realizado no prazo de 6 meses, contados da preclusão da pronúncia Esta hipótese não pode ser objeto de representação pelo juiz presidente. Para que haja o desaforamento por este motivo, é necessário comprovar excesso de serviço. Caso não seja comprovado, o Tribunal impõe a realização do julgamento (“aceleração de julgamento”): ACELERAÇÃO DO JULGAMENTO (CPP, 428, § 2º): (...) § 2o Não havendo excesso de serviço ou existência de processos aguardando julgamento em quantidade que ultrapasse a possibilidade de apreciação pelo Tribunal do Júri, nas reuniões periódicas previstas para o exercício, o acusado poderá requerer ao Tribunal que determine a imediata realização do julgamento. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008). Obs. Segundo a doutrina, não há motivo para conferir legitimidade apenas ao acusado. O ideal é submeter este parágrafo a uma interpretação extensiva, afinal todos os envolvidos têm direito à razoável duração do processo. Além disso, de todos os envolvidos, provavelmente, o acusado é o que teria menos interesse em acelerar o julgamento. Portanto, a doutrina entende que todos que podem requerer o desaforamento também podem requerer a aceleração do julgamento. CRIMES CONEXOS E COAUTORES. Também serão desaforados. Todos os crimes conexos e coautores irão para a nova Comarca. O desaforamento não acarreta a suspensão ou a separação dos feitos. COMARCA (OU SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA) PARA A QUAL O PROCESSO SERÁ DESAFORADO. O art. 427 do CPP dispõe “outra comarca da mesma região, onde não existam aqueles motivos, preferindo-se as mais próxima. Obs. Em provas, os examinadores costumam dizer que vai para a Capital do Estado. Mas o Código não diz isso. O Código diz “outra comarca da mesma região”. Questiona-se: É possível que haja desaforamento para outro Estado da Federação? Resposta: No âmbito da Justiça Estadual, não é possível, tendo em vista que o Tribunal de Justiça não tem competência sobre outros Estados. No âmbito da Justiça Federal, sim, desde que dentro dos limites territoriais do TRF que determinou o desaforamento. EFEITO SUSPENSIVO. Questiona-se: o relator pode outorgar efeito suspensivo ao pedido de desaforamento? Resposta: Sim, a partir de 2008 passou a ser possível. MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790 8 www.g7juridico.com.br ANTES DA LEI Nº 11.689/08 DEPOIS DA LEI Nº 11.689/08 Não havia previsão legal para efeito suspensivo, Logo, o julgamento em plenário pelo júri poderia acontecer na pendência de apreciação do Tribunal acerca do desaforamento. Com a redação dada pela Lei nº 11.689/08, o art. 427, § 2º, do CPP, autoriza que o relator suspenda a realização da sessão de julgamento até que seja julgado o desaforamento, desde que relevantes os motivos alegados. RECURSOS. Questiona-se: Cabe recurso da decisão que determina ou indefere o desaforamento? Resposta: A decisão que determina ou não determina o desaforamento é irrecorrível. Porém, os Tribunais superiores sempre conhecem eventuais Habeas Corpus, desde que demonstrado um risco à liberdade de locomoção, como por exemplo, iminência de julgamento por um júri parcial. - Renovação de Pedido. CPPM. Art. 110. O pedido de desaforamento, embora denegado, poderá ser renovado se o justificar motivo superveniente. No caso de indeferimento, admite-se novo pedido (rebus sic stantibus). Essa decisão não faz coisa julgada formal e material. Trabalha-se com a cláusula rebus sic stantibus, ou seja, mantidos os mesmos pressupostos, não pode pedir de novo. Contudo, se houver uma alteração dos pressupostos de fato e de direito, é perfeitamente possível novo pedido de desaforamento. REAFORAMENTO. Reaforamento é o retorno do feito à Comarca de origem, diante do desaparecimento dos motivos que deram ensejo ao desaforamento. Apesar da doutrina explicar o reaforamento, as leis de organização judiciária vedam. Portanto, não é possível o reaforamento. Cuidado! Nada impede um novo desaforamento. 8. PREPARAÇÃO DO PROCESSO PARA JULGAMENTO EM PLENÁRIO. A preparação do processo para julgamento em plenário marca o início da segunda fase do tribunal do júri. Tem início a partir do momento em que se operar a preclusão da pronúncia, ou seja, quando não couber mais recurso contra a pronúncia. Os autos são encaminhados ao juiz presidente, que intimará as partes para dizerem quais provas pretendem produzir. - Intimação das partes para especificação de provas. MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790 9 www.g7juridico.com.br Com relação à prova testemunhal, importante atenção, pois o Código dispõe que na primeira fase são 8, na segunda são 5 testemunhas. Porém, não se pode esquecer da “cláusula de imprescindibilidade” (arrolada testemunha, indicando seu endereço, requerendo a intimação por mandado, e, ao mesmo tempo, arrolando-a com a cláusula de imprescindibilidade, o julgamento não poderá ser realizado sem ela). CPP. Art. 461. O julgamento não será adiado se a testemunha deixar de comparecer, salvo se uma das partes tiver requerido a sua intimação por mandado, na oportunidade de que trata o art. 422 deste Código, declarando não prescindir do depoimento e indicando a sua localização. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) - Juiz profere um despachosaneador, que analisa as provas pleiteadas pelas partes e as diligências que foram requeridas. CPP. Art. 421. Preclusa a decisão de pronúncia, os autos serão encaminhados ao juiz presidente do Tribunal do Júri. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) § 1º Ainda que preclusa a decisão de pronúncia, havendo circunstância superveniente que altere a classificação do crime, o juiz ordenará a remessa dos autos ao Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) § 2º Em seguida, os autos serão conclusos ao juiz para decisão. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) CPP. Art. 422. Ao receber os autos, o presidente do Tribunal do Júri determinará a intimação do órgão do Ministério Público ou do querelante, no caso de queixa, e do defensor, para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de testemunhas que irão depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco), oportunidade em que poderão juntar documentos e requerer diligência. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) - Assistente de acusação e testemunhas. 8.1. Ordenamento do Processo (despacho saneador). O Juiz-presidente deverá elaborar um relatório do processo: CPP. Art. 472. Formado o Conselho de Sentença, o presidente, levantando-se, e, com ele, todos os presentes, fará aos jurados a seguinte exortação: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) Em nome da lei, concito-vos a examinar esta causa com imparcialidade e a proferir a vossa decisão de acordo com a vossa consciência e os ditames da justiça. Os jurados, nominalmente chamados pelo presidente, responderão: Assim o prometo. CPP. Art. 472 (...) Parágrafo único. O jurado, em seguida, receberá cópias da pronúncia ou, se for o caso, das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação e do relatório do processo. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) Obs. Antes de 2008, as partes poderiam requerer ao juiz-presidente, durante o julgamento, a leitura de quaisquer peças. Após 2008, o Código especifica quais peças poderão ser lidas e cria esse relatório, que é uma síntese imparcial dos principais atos que foram praticados no feito. O objetivo do relatório é exatamente este, dar conhecimento ao júri a respeito do que aconteceu e, ao mesmo tempo, evitar a leitura extenuante de peças do processo. - Ordem de Julgamentos. MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790 10 www.g7juridico.com.br CPP. Art. 429. Salvo motivo relevante que autorize alteração na ordem dos julgamentos, terão preferência: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) I – os acusados presos; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) II – dentre os acusados presos, aqueles que estiverem há mais tempo na prisão; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) III – em igualdade de condições, os precedentemente pronunciados. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) Obs. Em regra, tem que obedecer a ordem prevista no dispositivo legal. Em caso de motivo relevante, excepcionalmente, a ordem pode ser alterada. Ex. prescrição iminente. Se um caso concreto está na iminência de prescrever, é possível julgá-lo primeiro. 8.2. Habilitação do Assistente de Acusação. CPP. Art. 430. O assistente somente será admitido se tiver requerido sua habilitação até 5 (cinco) dias antes da data da sessão na qual pretenda atuar. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) O Art. 430 dispõe que o assistente pode atuar no plenário do júri, porém ele tem que protocolar o seu pedido de habilitação até 5 (cinco) dias antes da data da sessão na qual pretenda atuar. A ideia do Código é evitar surpresas desnecessárias. 9. SESSÃO DE JULGAMENTO. CPP. Art. 463. Comparecendo, pelo menos, 15 (quinze) jurados, o juiz presidente declarará instalados os trabalhos, anunciando o processo que será submetido a julgamento. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) § 1º O oficial de justiça fará o pregão, certificando a diligência nos autos. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) § 2º Os jurados excluídos por impedimento ou suspeição serão computados para a constituição do número legal. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) Obs. Presença de pelo menos 15 jurados. (São convocados 25 jurados. Para dar início ao julgamento pelo menos 15 deles precisam estar presentes). No número de 15 jurados, são computados aqueles excluídos por impedimento ou suspeição. Ex. compareceram 15 jurados. Dentre eles, 1 foi excluído por impedimento. Não haverá necessidade de designar outra data para julgamento, pois esse que foi excluído conta para compor os 15 necessários para dar início ao julgamento. CPP. Art. 464. Não havendo o número referido no art. 463 deste Código, proceder-se-á ao sorteio de tantos suplentes quantos necessários, e designar-se-á nova data para a sessão do júri. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) - Empréstimo de Jurados: É o empréstimo de quem havia sido convocado para outro plenário do júri na mesma Comarca. Ex. em um plenário do júri compareceram 14 jurados. Para completar os 15 jurados necessários ao início do julgamento, o juiz pede para oficial de justiça ir até outro plenário, onde estão sobrando jurados, e buscar aquele que será o 15º jurado. O Empréstimo de jurados não é admitido pela jurisprudência, porque viola o direito de recusas (partes precisam conhecer jurados com antecedência para poder exercer o direito de recusar jurados). É tratado como hipótese de nulidade absoluta. 9.2. Recusas. MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790 11 www.g7juridico.com.br As partes podem recusar determinados jurados (podem se opor a determinados jurados). a) Recusa motivada: (Necessário indicar o motivo - baseada em alguma causa de suspeição, impedimento ou incompatibilidade – relacionado à imparcialidade). Obs. as causas são as mesmas dos juízes togados mais algumas. CPP. Art. 448. São impedidos de servir no mesmo Conselho: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) I – marido e mulher; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) II – ascendente e descendente; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) III – sogro e genro ou nora; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) IV – irmãos e cunhados, durante o cunhadio; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) V – tio e sobrinho; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) VI – padrasto, madrasta ou enteado. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) § 1º O mesmo impedimento ocorrerá em relação às pessoas que mantenham união estável reconhecida como entidade familiar. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) § 2º Aplicar-se-á aos jurados o disposto sobre os impedimentos, a suspeição e as incompatibilidades dos juízes togados. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) Art. 449. Não poderá servir o jurado que: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) I – tiver funcionado em julgamento anterior do mesmo processo, independentemente da causa determinante do julgamento posterior; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) II – no caso do concurso de pessoas, houver integrado o Conselho de Sentença que julgou o outro acusado; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) III – tiver manifestado prévia disposição para condenar ou absolver o acusado. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) Obs. As recusas motivadas são decididas de imediato pelo juiz, a fim de que não haja um retardamento indevido. Obs. Concernente às recusas motivadas, podem ser usadas tantas quantas forem necessárias. Ex. se há 25 jurados impedidos, é possível recusar os 25. b) Recusa imotivada (peremptória): (não há necessidade de indicar o motivo) Obs. a ideia é permitir que a parte busque formar um conselho que melhor atenda a seus interesses. Ex. sujeito matou a esposa por conta de traição. Em tese, o melhor conselho seria aquele formado por 7 homens casados. Obs. só é possível exercer 3 (três) recusas imotivadas. CPP, art. 468. À medida que as cédulas forem sendo retiradas da urna, o juiz presidente as lerá, e a defesa e, depois dela, o Ministério Públicopoderão recusar os jurados sorteados, até 3 (três) cada parte, sem motivar a recusa. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) Parágrafo único. O jurado recusado imotivadamente por qualquer das partes será excluído daquela sessão de instrução e julgamento, prosseguindo-se o sorteio para a composição do Conselho de Sentença com os jurados remanescentes. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) Obs. Note que essa é uma das poucas oportunidades em que a defesa se manifesta primeiro, antes do MP. Obs. Antes de 2008, quando o jurado era recusado por um advogado de um dos acusados, era recusado quanto àquele acusado, de forma que ele poderia julgar os demais. Atualmente, quando é recusado por um, estará automaticamente excluído daquela sessão. O objetivo é evitar a cisão (separação) dos julgamentos. MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790 12 www.g7juridico.com.br Jurados Advogado “A” Advogado “B” MP 1 Aceito Recuso - 2 Aceito Aceito Recuso 3 Recuso - - Obs. Na tabela acima, quando Advogado de “B” recusa, nem precisa indagar ao MP se aceita ou não, ou seja, quando uma das partes recusa, o jurado é automaticamente excluído, não havendo motivo para continuar perguntando para as demais partes se o aceitam ou não. Questiona-se: Quando se tratar de mais de um acusado, como ficam as recusas? Resposta: Se todos os acusados forem defendidos por um só defensor, significa dizer que não há colidência de teses. Então, este defensor terá direito a, no máximo, 3 (três) recusas. Resp 1540/151 - Precedente de 2015, em que o STJ entendeu que esse direito de recusar até três jurados é garantido a cada um dos acusados. Portanto, se são três acusados, ainda que com o mesmo defensor, cada um dos três teria direito a três recusas. CPP. Art. 469. Se forem 2 (dois) ou mais os acusados, as recusas poderão ser feitas por um só defensor. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) § 1º A separação dos julgamentos somente ocorrerá se, em razão das recusas, não for obtido o número mínimo de 7 (sete) jurados para compor o Conselho de Sentença. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) - Estouro de urna: ocorre quando não é possível a formação do Conselho de Sentença com 7 jurados, seja em virtude do não comparecimento de alguns dos 25 jurados convocados, seja por conta das recusas motivadas e imotivadas. Nesse caso, o julgamento deverá ser adiado, convocando-se jurados suplentes. Questiona-se: ocorrendo o estouro de urna, quem é julgado primeiro? CPP. Art. 469 (...) § 2º Determinada a separação dos julgamentos, será julgado em primeiro lugar o acusado a quem foi atribuída a autoria do fato ou, em caso de coautoria, aplicar-se-á o critério de preferência disposto no art. 429 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 9.3. Debates. CPP. Art. 477. O tempo destinado à acusação e à defesa será de uma hora e meia para cada, e de uma hora para a réplica e outro tanto para a tréplica. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) § 1º Havendo mais de um acusador ou mais de um defensor, combinarão entre si a distribuição do tempo, que, na falta de acordo, será dividido pelo juiz presidente, de forma a não exceder o determinado neste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) § 2º Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo para a acusação e a defesa será acrescido de 1 (uma) hora e elevado ao dobro o da réplica e da tréplica, observado o disposto no § 1º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) Obs. não haverá direito à tréplica caso não haja réplica. MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790 13 www.g7juridico.com.br Cuidado! Se, porventura, o MP tecer alguma consideração nesse momento. Ex. Promotor diz “Excelência, não vou à réplica, porque a defesa não disse nada capaz de elidir a responsabilidade criminal do acusado”. Ora, isso é réplica. Assim, defesa tem direito à tréplica. Obs. §2º - o ideal é entender que, para cada acusado a mais, o tempo seria acrescido de uma hora. - Inovação da tese defensiva na tréplica. 1ª corrente: Não pode inovar – Se o fizer, o juiz deve cassar a palavra. Juiz deverá advertir os jurados de que deverão desconsiderar a nova tese. 2ª corrente: Pode inovar – sem que haja necessidade de manifestação da acusação. Devido à plenitude de defesa, não se pode privar o defensor de trazer uma nova tese. 3ª corrente: É possível, devendo a acusação se manifestar quanto à nova tese. Respeita-se a amplitude de defesa, bem como o contraditório. - Exibição e leitura de documentos no plenário do Júri: Regra do CPP – Documentos podem ser juntados a qualquer momento. CPP. Art. 231. Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar documentos em qualquer fase do processo. Obs. o próprio dispositivo legal dispõe que a lei poderá excepcionar a regra (“salvo os casos expressos em lei”). A única exceção atualmente é a exceção do plenário do júri, a qual está prevista no art. 479 do CPP. Obs. O objetivo da exceção é, justamente, não causar um cerceamento à acusação e à defesa. CPP. Art. 479. Durante o julgamento não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) Parágrafo único. Compreende-se na proibição deste artigo a leitura de jornais ou qualquer outro escrito, bem como a exibição de vídeos, gravações, fotografias, laudos, quadros, croqui ou qualquer outro meio assemelhado, cujo conteúdo versar sobre a matéria de fato submetida à apreciação e julgamento dos jurados. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) Obs. Tal vedação diz respeito à matéria de fato e, desde que esses documentos e objetos, já não estejam nos autos. Se estão nos autos, pressupõe-se que as partes tenham conhecimento. A ideia é não haver uma surpresa indevida para as partes. Por isso, devem ser juntados com antecedência de 3 (três) dias úteis. Leitura de doutrina, por exemplo, pode ser feita, sendo matéria de direito, motivo pelo qual não há necessidade de juntada com antecedência. STJ: “(...) Hipótese em que se sustenta ilegalidade na exibição de fita de vídeo do programa “Linha Direta”, no qual se reconstituiu crime cuja autoria é imputada ao paciente, na Sessão Plenária do Tribunal do Júri. O conteúdo da referida fita não se apresenta como prova surpresa, não esperada pela defesa, ao contrário, trata-se de prova submetida ao crivo do contraditório. A simples exibição de fita de vídeo contendo programa de televisão, em Sessão Plenária de Júri, não é suficiente para caracterizar a perda da parcialidade dos jurados. Precedente desta Corte. (...). Ordem denegada”. (STJ, 5ª Turma, HC 65.144/BA, Rel. Min. Jorge Mussi, j. MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790 14 www.g7juridico.com.br 15/09/2009, DJe 03/11/2009). Na mesma linha: STJ, 5ª Turma, HC 31.181/RJ, Rel. Min. Gilson Dipp, j. 03/08/2004, DJ 06/09/2004 p. 275. STF: “(...) Ao contrário de afrontar o princípio constitucional da soberania do veredicto do Tribunal do Júri, a exibição de documentos nitidamente capazes de influenciar no ânimo dos jurados, sobre os quais a acusação não teve a oportunidade de examinar no prazo legal previsto no art. 475 do Código de Processo Penal (atual art. 479), justifica a necessidade de realização de um novo julgamento pelo Tribunal do Júri. Habeas corpus denegado”. (STF, 1ª Turma, HC 102.442/MT, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 26/10/2010, DJe 225 23/11/2010). 10. QUESITAÇÃO. ▪ Conceito: São perguntas. Os jurados não fundamentam seus votos. Eles votam através de cédulas, onde constam “sim” ou “não”. Como os jurados não fundamentam seus votos, há necessidade de se apresentar perguntas a eles, a fim de que se pronunciem quanto ao mérito da acusação. ▪ Teor dos quesitos:Matéria de fato: Os jurados devem ser perguntados sobre matéria de fato. Não podem ser questionados, por exemplo, se o acusado agiu em legítima defesa ou se houve excesso na legítima defesa. Os jurados não necessariamente têm conhecimento jurídico. Possível absolvição: A reforma de 2008 introduziu um quesito obrigatório sobre uma possível absolvição do acusado. ▪ Redação: Proposições afirmativas De maneira simples, clara e objetiva. ▪ Fonte dos quesitos: Pronúncia Decisões posteriores de admissibilidade da acusação (ocorre quando há pronúncia por um juízo ad quem) Interrogatório do acusado Debates ➢ SISTEMA UTILIZADO PARA QUESITAÇÃO. ANTES DA LEI Nº 11.689/08 DEPOIS DA LEI Nº 11.689/08 Era utilizado apenas o sistema francês: o veredito era colhido através da formulação de vários quesitos aos jurados. Passamos a adotar um sistema misto (francês e anglo- americano): ainda são feitos vários quesitos aos jurados, tal como acontecia antes da Lei n. 11.689/08 (sistema francês). No entanto, passou a existir um quesito genérico sobre a absolvição do acusado MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790 15 www.g7juridico.com.br (sistema angloamericano). A inovação está prevista no art. 483, § 2º, do CPP. ➢ LEITURA DOS QUESITOS. ▪ Momento (CPP, art. 484): após a conclusão dos debates, se os jurados afirmarem que estão em condições de proceder ao julgamento, deve o juiz-presidente fazer a leitura dos quesitos. Obs. a leitura é feita no plenário do júri, ou seja, não é feita na sala especial, a qual é utilizada apenas para votação. Obs. De acordo com a jurisprudência, este é o momento para eventuais impugnações. Se a parte não se manifesta quando o juiz faz a leitura dos quesitos, teoricamente, se houver algum vício, opera-se a preclusão. ▪ Impugnação aos quesitos: a parte que entender viciado o quesito deve impugná-lo imediatamente após sua leitura pelo juiz-presidente (CPP, arts. 564, p.u., e 571, VIII), sob pena de preclusão. Nesse sentido: STF, HC 87.358. No entanto, se o vício for de tal gravidade que possa ter causado prejuízo às teses das partes ou induzido os jurados a erro ou dúvida sobre o fato submetido a julgamento, impedindo o conhecimento da vontade do Conselho de Sentença, como, por exemplo, se o juiz deixar de formular o quesito genérico acerca da absolvição do acusado, a nulidade será absoluta, logo, passível de arguição a qualquer momento. É nesse sentido o teor da súmula 156 do STF: “é absoluta a nulidade do julgamento, pelo júri, por falta de quesito obrigatório”. ➢ VOTAÇÃO. ▪ Sala especial (secreta): a votação deve ocorrer em sala secreta na qual estarão presentes os jurados, o juiz- presidente, o MP, o advogado do querelante e do assistente de acusação e o defensor. ▪ Cédulas (CPP, art. 486): As cédulas são entregues aos jurados (“sim” e “não”). No momento da votação, uma urna é utilizada para a votação e uma outra urna é utilizada para o descarte. ▪ Sigilo: Ninguém pode ver os votos dos jurados, nem mesmo o juiz-presidente. ➢ ORDEM DOS QUESITOS. ▪ 1º) MATERIALIDADE DO FATO (CPP, art. 483, I): a quesitação deve se dar de forma progressiva, a fim de se verificar a real responsabilidade do agente. Ex.: Primeiro deve se indagar se a vítima foi atingida por disparo de arma de fogo. Sendo a resposta afirmativa (no mínimo 4 votos), indaga-se se tais ferimentos foram a causa eficiente da morte da vítima. Segue exemplo: 1º) no dia (...), na rua (...), a vítima foi atingida por disparos de arma de fogo que causaram as lesões descritas no laudo de fls. (...)? (Se responderem “sim”, estão afirmando que as lesões ocorreram. Se responderem “não”, estão negando a ocorrência do fato delituoso. 2º) Essas lesões foram a causa eficiente da morte da vítima? (Se responderem “sim”, estão afirmando existir nexo causal. Se responderem “não”, significa dizer que o acusado produziu as lesões, porém essas lesões não levaram à morte) ▪ 2º) AUTORIA OU PARTICIPAÇÃO: em proposições simples e objetivas, indaga-se se o agente praticou (autoria) o crime ou se para ele contribuiu de qualquer forma (participação). Havendo 4 respostas negativas, o réu deve ser absolvido por negativa de autoria ou de participação. Resultando ao menos 4 respostas positivas, passa-se à próxima série. Segue exemplo: MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790 16 www.g7juridico.com.br 1) Autoria: Tício foi o autor dos disparos referidos no primeiro quesito? 2) Coautoria: Ao pilotar a motocicleta usada na abordagem da vítima, Mévio concorreu para a conduta referida no quesito anterior? 3) Participação: Fulano, ao instigar o atirador, concorreu de alguma forma para realização dos disparos? Atenção: Pelo Código, o próximo quesito seria o quesito da absolvição. Porém, o próprio parágrafo do art. 483 prevê que, a depender do caso concreto, pode ser necessário acrescentar um quesito sobre tentativa ou sobre desclassificação: ▪ 3º) TENTATIVA OU DESCLASSIFICAÇÃO PARA OUTRO CRIME DA COMPETÊNCIA DO JÚRI: sustentada a tese de ocorrência do crime na sua forma tentada ou havendo divergência sobre a tipificação do delito, sendo este da competência do Tribunal do Júri, o juiz formulará quesito acerca destas questões, que devem ser respondidos após o segundo quesito. Exemplo de tentativa: Tício, assim agindo, deu início à execução de um crime de homicídio, que não se consumou por circunstâncias alheias à sua vontade, consistente na imediata intervenção de policiais que passavam pelo local? Se os jurados responderem “sim”, estão reconhecendo a existência de tentativa de homicídio. Se disserem “não”, houve desclassificação para o crime de lesão corporal, com a consequente transferência da competência do julgamento para o juiz presidente, encerrando-se a votação (CPP, art. 492, § 1º). Obs.: a desclassificação pode ocorrer para outro crime de competência do Júri, caso em que subsiste a competência dos jurados para o julgamento do feito. Ex.: reconhecimento de que a mãe agiu sob a influência de estado puerperal, desclassificando-se o crime de homicídio para infanticídio. Exemplo de desclassificação para infanticídio: Tícia agiu sob a influência do estado puerperal, matando o próprio filho logo após o parto? ▪ 4º) SE O ACUSADO DEVE SER ABSOLVIDO (CPP, art. 483, III): quesito genérico introduzido pela Lei nº 11.689/08. Após a resposta afirmativa acerca da materialidade e da autoria (e participação) – e não havendo desclassificação para outro crime – deve ser formulado quesito com a seguinte redação: “O jurado absolve o acusado?”. Obs. 1: prevalece o entendimento de que se trata de quesito obrigatório, a ser formulado independentemente das teses defensivas sustentadas em plenário. Nesse sentido: STJ, HC nº 137.710/GO. Obs. 2: ainda que haja duas ou mais teses defensivas, prevalece o entendimento de que esse quesito não deve ser individualizado para cada tese defensiva. Logo, como não é possível determinar o exato motivo que deu ensejo à decisão dos jurados, a absolvição do acusado no Júri não faz coisa julgada no cível. Questiona-se: No caso em que a única tese defensiva for no sentido de negativa de autoria, mesmo assim tem que ser formulado o quesito da absolvição? Resposta: Alguns doutrinadores entendem que, se a tese é de negativa de autoria, ela já foi perguntada no 2º quesito, não havendo motivo para perguntar sobre a absolvição. Contudo, tal entendimento é equivocado, uma vez que o quesito da absolvição é obrigatório, não importando as teses apresentadas pela defesa durante o plenário do júri. Os jurados não são obrigados a absolver com base nas teses apresentadas pelo advogado. Pode ser que a absolvição se dê por outro motivo. ▪ 5º) CAUSA DE DIMINUIÇÃO ALEGADA PELA DEFESA (CPP, art. 483, § 3º, I): deve ser obrigatoriamente questionada antes de qualificadoras e causas de aumento, sob pena de nulidade absoluta(súmula 162 do STF). Súmula 162 do STF: é absoluta a nulidade do julgamento pelo júri, quando os quesitos da defesa não precedem aos das circunstâncias agravantes. (Apesar da referida Súmula dispor expressamente somente sobre “agravantes”, ela abrange também as “qualificadoras” e “causas de aumento”. MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790 17 www.g7juridico.com.br Obs.1: para não haver dúvida quanto à causa de diminuição adotada pelo jurado, o quesito deve ser individualizado para cada minorante; Obs.2: reconhecido o homicídio privilegiado, restam prejudicados quesitos referentes às qualificadoras subjetivas (CP, art. 121, § 2º, I, II, V e VI). Ex. Homicídio privilegiado: o acusado agiu sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida à injusta provocação da vítima? Ex. Semi-imputabilidade: o acusado, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental retardado, não era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato? ▪ 6º) Qualificadora ou causa de aumento de pena: para que seja feito o quesito, é indispensável que decisões anteriores (v.g. pronúncia, acórdão de confirmação da pronúncia) tenham reconhecido a existência da qualificadora e/ou da causa de aumento. Devem ser os quesitos individualizados quanto à cada uma delas, perguntando-se primeiro acerca das qualificadoras e, depois, das majorantes. Ex. Qualificadora do motivo fútil: o acusado agiu por motivo fútil consistente numa briga de trânsito? Ex. Majorante do homicídio contra criança ou adolescente: a vítima era menor de 14 anos e o acusado tinha consciência dessa circunstância? ➢ FALSO TESTEMUNHO EM PLENÁRIO. Se a testemunha faltar com a verdade em seu depoimento, devem as partes fazer requerimento para que o fato seja quesitado aos jurados ao final da série de perguntas. Obs.1: se os jurados responderem “sim” ao referido quesito, isso não significa dizer que a testemunha está sendo condenada pelo crime de falso testemunho. Na verdade, a única consequência imediata é a remessa de cópia dos autos à Polícia para fins de instauração de inquérito policial. Obs.2: não deve o juiz determinar a inclusão desse quesito ex officio, pois haveria indevida influência no animus dos jurados. Tampouco poderá o jurado pedir a inclusão desse quesito. Afinal, fosse isso possível, haveria evidente demonstração de que o jurado entendeu que tal testemunha faltou com a verdade. Logo, a versão por ela apresentada não estaria a merecer qualquer credibilidade, o que, de certa forma, violaria o sigilo das votações. Obs.3: o fato de os jurados não acatarem o álibi apontado pela testemunha não enseja, por si só, o crime de falso testemunho, pois é preciso verificar se a testemunha tem a seu favor alguma excludente de ilicitude ou culpabilidade (ex.: coação moral irresistível). Nesse sentido: STJ, HC 119.132. CPP. Art. 211. Se o juiz, ao pronunciar sentença final, reconhecer que alguma testemunha fez afirmação falsa, calou ou negou a verdade, remeterá cópia do depoimento à autoridade policial para a instauração de inquérito. Parágrafo único. Tendo o depoimento sido prestado em plenário de julgamento, o juiz, no caso de proferir decisão na audiência (art. 538, § 2º), o tribunal (art. 561), ou o conselho de sentença, após a votação dos quesitos, poderão fazer apresentar imediatamente a testemunha à autoridade policial. ➢ AGRAVANTES E ATENUANTES. Antes de 2008, agravantes e atenuantes eram quesitadas aos jurados. Com o advento da Lei nº 11.689/08, o art. 492, I, “b”, do CPP, assenta que cabe ao juiz-presidente a análise de tais circunstâncias. Obs.1: o juiz-presidente deve levar em consideração apenas as circunstâncias agravantes e atenuantes alegadas pelas partes durantes os debates. Exceção: atenuante não alegada em debate, mas constante do interrogatório do acusado (ex.: confissão, menoridade), deve ser levada em consideração, em homenagem à plenitude de defesa. MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790 18 www.g7juridico.com.br Obs.2: não é possível reconhecimento de agravante simples quando for definida na lei penal como qualificadora do homicídio e não tiver constado da pronúncia como tal. Ex.: se o acusado foi denunciado por homicídio qualificado por motivo fútil, mas foi pronunciado apenas por homicídio simples, não pode o motivo fútil ser utilizado como agravante (CP, art. 61, II, “a”). Nesse sentido: STF, HC 90.265. Antes da Lei 11.689/08 Depois da Lei 11.689/08 Eram quesitadas aos jurados Não são mais quesitadas aos jurados CPP. Art. 66. A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Súmula 156 do STF: é absoluta a nulidade do julgamento, pelo júri, por falta de quesito obrigatório. CPP. Art. 492. Em seguida, o presidente proferirá sentença que: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) I – no caso de condenação: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) (...) b) considerará as circunstâncias agravantes ou atenuantes alegadas nos debates; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) CPP. Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada. - Reconhecimento de Agravante Definida Também Como Qualificadora. CP. Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (...) II - ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) por motivo fútil ou torpe; b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime; Art. 121. Matar alguém: (...) § 2° Se o homicídio é cometido: (...) II - por motivo fútil; V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: (...) ➢ HOMICÍDIO PRATICADO POR MILÍCIA PRIVADA OU GRUPO DE EXTERMÍNIO. A Lei nº 8.930/94 alterou a Lei nº 8.072/90 (art. 1º, I) para transformar em crime hediondo o homicídio qualificado, bem como o simples quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio. À época, como se tratava de mero pressuposto para o reconhecimento da hediondez do homicídio, não era objeto de quesito aos jurados (posição majoritária). Contudo, a Lei nº 12.720/12 introduziu o § 6º ao art. 121 do CP, trazendo causa de aumento de pena (1/3 a ½) quando o homicídio for “praticado por milícia privada ou por grupo de extermínio”. Assim, como causa de aumento de pena, o homicídio praticado por milícia ou por grupo de extermínio deve ser objeto de quesitação aos jurados. A alteração é maléfica. Portanto, não retroage. CPP. Art. 483. Os quesitos serão formulados na seguinte ordem, indagando sobre: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790 19 www.g7juridico.com.br I – a materialidade do fato; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) II – a autoria ou participação; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) III – se o acusado deve ser absolvido; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) IV – se existe causa de diminuição de pena alegada pela defesa; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) V – se existe circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram admissível a acusação. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) § 1º A resposta negativa, de mais de 3 (três) jurados, a qualquer dos quesitos referidos nos incisos I e II do caput deste artigo encerra a votação e implica a absolvição do acusado. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) § 2º Respondidos afirmativamente por mais de 3 (três) jurados os quesitos relativos aos incisos I e II do caput deste artigo será formulado quesito coma seguinte redação: (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) O jurado absolve o acusado? Art. 483 (...) § 3º Decidindo os jurados pela condenação, o julgamento prossegue, devendo ser formulados quesitos sobre: (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) I – causa de diminuição de pena alegada pela defesa; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) II – circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena, reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram admissível a acusação. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) § 4º Sustentada a desclassificação da infração para outra de competência do juiz singular, será formulado quesito a respeito, para ser respondido após o 2o (segundo) ou 3o (terceiro) quesito, conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) § 5º Sustentada a tese de ocorrência do crime na sua forma tentada ou havendo divergência sobre a tipificação do delito, sendo este da competência do Tribunal do Júri, o juiz formulará quesito acerca destas questões, para ser respondido após o segundo quesito. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) § 6º Havendo mais de um crime ou mais de um acusado, os quesitos serão formulados em séries distintas. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 11. DESCLASSIFICAÇÃO PELOS JURADOS. A desclassificação ocorre quando os jurados reconhecem que não houve um crime doloso contra a vida. a) Desclassificação própria: Os jurados reconhecem que não houve um crime doloso contra a vida, não especificando o delito que teria sido cometido. Ex. Quesito: “o acusado deu início a execução de um homicídio que não se consumou pela intervenção dos policiais?” Jurados respondem “não”. Houve desclassificação, a competência passa a ser do juiz-presidente. Jurados não disseram qual teria sido o delito. Neste caso, o juiz- presidente assume total capacidade decisória, podendo reconhecer qualquer delito, pode absolver, condenar etc. b) Desclassificação imprópria: Os jurados reconhecem que não houve um crime doloso contra a vida, especificando o delito que teria sido cometido. Ex. desclassificação de homicídio doloso para homicídio culposo. Parte da doutrina entende que o juiz-presidente fica vinculado à decisão dos jurados, ou seja, é obrigado a acatar a decisão dos jurados de desclassificação para homicídio culposo, devendo condenar o acusado por esse crime, porém na modalidade culposa. Outra parte da doutrina entende que a decisão dos jurados não vincula o juiz-presidente, não sendo obrigado a condenar o acusado. - Desclassificação e Infração de Menor Potencial Ofensivo. É o próprio juiz-presidente que aplica o procedimento da Lei 9.099/95 CPP. Art. 492 (...) § 1º Se houver desclassificação da infração para outra, de competência do juiz singular, ao presidente do Tribunal do Júri caberá proferir sentença em seguida, aplicando-se, quando o delito resultante da nova MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790 20 www.g7juridico.com.br tipificação for considerado pela lei como infração penal de menor potencial ofensivo, o disposto nos arts. 69 e seguintes da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) - Desclassificação pelos jurados e competência para o julgamento dos crimes conexos e/ou continentes: Ex. homicídio e estupro. Se os jurados desclassificaram a imputação de homicídio, é porque eles reconheceram que não há crime doloso contra a vida. Sendo assim, tanto o crime de homicídio quanto o crime conexo (estupro) passarão a ser de competência do juiz-presidente. O mesmo ocorre com os crimes continentes. CPP. Art. 492 (...) § 2º Em caso de desclassificação, o crime conexo que não seja doloso contra a vida será julgado pelo juiz presidente do Tribunal do Júri, aplicando-se, no que couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) - Absolvição pelos jurados e competência para o julgamento dos crimes conexos e/ou continentes: Cuidado! Ex. homicídio e estupro. Se os jurados absolveram quanto ao crime de homicídio é porque, implicitamente, reconheceram que são competentes. Neste caso, continuarão competentes para julgar os crimes conexos e continentes. MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790
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