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TRABALHO+PEÇA+4 estagio 1

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AO JUÍZO DE DIREITO DA 1ª VARA DO TRABALHO DE PELOTAS- RS 
 
Processo nº0001022-20.2019.504.0001 
 
 
 
 
 AZ AUTOMÓVEIS S/A, já qualificada nos autos do processo epigrafado 
em contenda com MIGUEL ANTÔNIO DOS SANTOS, igualmente já qualificado 
nos autos, vem a presença de Vossa Excelência por meio de seu advogado, 
procuração anexa, com fundamentos no artigo 895, II da CLT, interpor, 
 
RECURSO ORDINÁRIO 
 
 Informa que todos os pressupostos de admissibilidade estão presentes, 
tendo a reclamada cumprido o prazo processual em caráter tempestivo e 
efetuado o depósito recursal por meio do pagamento das custas processuais.
 Diante do exposto, requer o recebimento do presente recurso, seja dado 
o prazo para as contrarrazões para a parte adversa e após, sejam remetidos os 
autos para o tribunal regional do Trabalho. 
 
 
Nestes Termos, 
Pede deferimento. 
 
Local/data 
 
 
Advogado 
 OAB n.º.... 
 
 
 
 
 
 
 EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO - 
PELOTAS - RS 
 
 
 
Recorrente: AZ AUTOMÓVEIS S/A 
Recorrido: MIGUEL ANTÔNIO DOS SANTOS 
Processo n.º: 0001022-20.2019.504.0001 
 
 
 
 
Eminentes julgadores, 
 
 
 
 Nos autos do processo em tela, foi proferida a sentença de decisão de 
mérito prolatada pela 1ª Vara do Trabalho de Pelotas/RS, a qual merece ser 
reformada, conforme razões a seguir arroladas, 
 
 
I- Reintegração – Indenização substitutiva pelo período de estabilidade 
 
 A sentença julgou procedente o pedido de reintegração valendo-se do 
fundamento de que o trabalhador estava em período de estabilidade que lhe é 
conferida pelo art. 118, da Lei n. 8.213/91. O mencionado dispositivo legal foi 
aplicado ao caso sob exame por se entender que houve acidente de trajeto, 
uma vez que este instituto confere a estabilidade para fins previdenciários e de 
estabilidade no emprego. 
 Em que pese todo o esforço do reclamante em valer-se do instituto legal 
do trajeto de trabalho com vistas ao alcance da reintegração ao trabalho na 
empresa AZ AUTOMÓVEIS, cabe trazer a lume alguns pontos, à guisa e 
reflexão: 
 I.1. O caso não caracteriza acidente de trajeto 
 Equivocou-se o reclamante ao alegar que o acidente que sofreu no 
deslocamento de sua residência para o local de trabalho caracteriza-se como 
acidente de trajeto, conforme determina o art. 21, IV, d, CLT., uma vez que neste 
dia havia alterado o trajeto habitual passando em outro local fora da rota 
costumeira casa/trabalho, fato que uma vez ocorrido desampara o reclamante 
da tutela pleiteada. 
 Vejam Senhores Julgadores, que a esse respeito há de se acrescentar 
que segundo as decisões jurídicas que caracterizam o acidente de trajeto, em 
regra, conforme entendimento jurisprudencial acerca do tema, auferem que o 
trabalhador deve cumprir o seu trajeto normal, ou seja, estar no caminho 
habitualmente percorrido para ir ao trabalho. Caso o empregado saia de sua 
residência e se encaminhe diretamente à local diferente do seu trabalho, por 
exemplo, para a casa de parentes, o eventual acidente que ele sofra nesse 
percurso ou desse local até seu trabalho, não será classificado como 
acidente de trajeto. Além disso, deve ser observado o tempo normalmente 
gasto no percurso, isto é, o tempo utilizado deve ser compatível com a 
distância percorrida fato que neste caso não foi auferido nos autos. 
 Ainda nessa direção cumpre acrescentar que o acidente que alcançou o 
obreiro foi cometido por terceiro alheio à empresa, após avançar o sinal 
vermelho, cujo motorista encontrava-se comprovadamente alcoolizado, fato 
que mais uma vez exime o empregador e sua empresa de envolvimento e 
descaracteriza mais uma vez, o instituto do acidente de trajeto. 
I.2. Inexistência de culpa ou dolo do empregador 
 Neste ponto é importante lembrar que o empregador cumpriu sua parte 
assumindo os riscos da atividade econômica de contratação de seu obreiro, 
conforme preceitua o art.2º da CLT, ao comprovar nos autos a existência de 
rotas de transporte coletivo público na rota da residência do reclamante , 
compatível com o seu horário de trabalho, apresentando documentos 
comprobatórios robustos, e fornecendo o vale transporte. Mesmo diante da 
disponibilidade de transporte coletivo compatível com seu horário de trabalho 
e vale transporte, o reclamante optou, por conta própria, em utilizar um meio 
de transporte particular no deslocamento de sua residência até AZ Automóveis. 
 Sobre este tema a doutrina jurídica e jurisprudência tem estabelecido 
extenso e profundo debate, estabelecendo de forma majoritária decisões que 
eximem a responsabilidade do empregador nos casos feito este ora em 
epígrafe. Veja-se: 
EMENTA: ACIDENTE DE TRAJETO. FATO DE TERCEIRO. 
AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE DO 
EMPREGADOR. Não pode ser responsabilizado o empregador 
por danos morais e materiais, em acidente de trabalho 
decorrente de infortúnio de trânsito causado por um terceiro 
alheio à relação de emprego, quando o empregador não 
concorreu, de nenhuma forma, seja mediante conduta omissiva 
ou comissiva, com dolo ou culpa para que ocorresse o sinistro, 
constituindo-se fato exclusivo de terceiro, que exclui a 
responsabilidade civil daquele. (TRT da 3.ª Região; Processo: 
0001434-38.2013.5.03.0041 RO; Data de Publicação: 
22/02/2016; Órgão Julgador: Sexta Turma; Relator: Convocado 
Carlos Roberto Barbosa; Revisor: Jorge Berg de Mendonca). 
 Pelo exposto, a recorrente requer a reforma da sentença denegando da 
reintegração de posse prolata na sentença de primeiro grau, e a 
descaracterização de Acidente de Trajeto da decisão de primeiro grau. 
 
II - DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS 
 A recorrente foi condenada ao pagamento de honorários advocatícios no 
importe de 5% do valor da condenação apurado em sede de liquidação de 
sentença. 
 Neste ponto questiona-se a constitucionalidade da disposição do art. 791-
A, da CLT. Em conformidade com os argumentos contidos na Ação Direta de 
Inconstitucionalidade nº 5766, em trâmite no Supremo Tribunal Federal. 
 Solicita-se a redução do percentual ao patamar mínimo, analisando-se o 
disposto no art. 791-A, da CLT. 
 
III- DOS PEDIDOS 
 Diante do exposto requer-se o conhecimento e o provimento do 
presente recurso e, 
a) no mérito, a reforma da sentença nos termos e fundamentos arguidos, 
declinando da decisão de reintegração do reclamante ao trabalho na AZ 
Automóveis 
b) de forma subsidiaria, reduzir a condenação dos honorários 
advocatícios da recorrente em conformidade à ADI/5766. 
 
Nestes termos, 
 Pede deferimento. 
 
 
Local/data 
Advogado/OAB

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