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Parecer Jurídico sobre taxatividade mitigada art. 1.015 CPC

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PARECER JURÍDICO SOBRE INTERPOSIÇÃO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO APÓS DECISÃO INTERLOCUTÓRIA FORA DO ROL TAXATIVO DO ART. 1.015 DO NCPC.
INTERESSADO: João Pedro
DATA: XX/XX/XXXX
ADVOGADO: Ezequiel
1. RELATÓRIO
Trata-se de parecer sobre ação de aposentadoria de invalidez cumulada com pedido de tutela de urgência, em face do Instituto dos Servidores Públicos do Rio Grande do Norte – IPERN, em favor do senhor João Pedro, servidor público estadual, portador de doença incapacitante, devidamente comprovado por laudo médico.
As condições da presente análise envolvem o inconformismo da decisão interlocutória do juízo da 3ª Vara da Fazenda Pública, alegando o declínio da competência absoluta em razão do valor da causa. Destarte, para garantir o julgamento do litígio pelo rito comum ordinário, é fundamental a interposição do agravo de instrumento além do rol taxativo estabelecido no 1.015 do CPC/2015; conforme hipóteses previstas no Recurso Especial nº 1.696.396 (MT), sob o rito do art. 1.036 do CPC/2015.
É o relatório, passo a opinar.
2. FUNDAMENTOS JURÍDICOS
O direito relacionado ao objeto do presente parecer vem primordialmente estruturado da Lei nº 13.105, em especial em seu art. 1.015, que dispõe das hipóteses que cabem o agravo de instrumento, além do rol taxativo após decisão interlocutória. Entretanto, após o Recurso Especial nº 1.696.396, foi reconhecido a taxatividade restritiva; taxatividade com interpretação extensiva ou analógica; a existência de um rol exemplificativo e a taxatividade mitigada. Assim dispõe:
‘’Não há que se falar, destaque-se, em desrespeito a consciente escolha político-legislativa de restringir o cabimento do agravo de instrumento, mas, sim, de interpretar o dispositivo em conformidade com a vontade do legislador e que é subjacente à norma jurídica, qual seja, o recurso de agravo de instrumento é sempre cabível para as “situações que, realmente, não podem aguardar rediscussão futura em eventual recurso de apelação’’, nos termos do Parecer n° 956 de 2014, de relatoria do Senador Vital do Rego.’’(RECURSO ESPECIAL Nº 1.696.396 - MT (2017 / 0226287-4).
Com isso, vale ressaltar o conceito da taxatividade restritiva, que específica ser impossível a interposição do agravo de instrumento além das hipóteses previstas no art. 1.015, porém, as medidas conforme a lei são manifestamente insuficientes, afirma o REsp Nº 1.696.396 - MT. Por essa razão, é importante destacar que se admite interpretações extensivas ou analógicas, ou seja, interpretação de forma não literal, no sentido de apresentar situações próximas das hipóteses em lei. 
Ainda assim, também há de mencionar que é admitido o rol exemplificativo, conforme REsp Nº 1.696.396:
‘’Finalmente, também não deve ser acolhido o entendimento de que o rol do art. 1.015 do CPC é meramente exemplificativo, pois essa interpretação conduziria à repristinação do art. 522, caput, do CPC/73, contrariando frontalmente o desejo manifestado pelo legislador de restringir o cabimento do recurso, o que não se pode admitir.’’ (RECURSO ESPECIAL Nº 1.696.396 - MT (2017 / 0226287-4).
Ou seja, é preciso ter a necessidade, interesse recursal e a eventual inutilidade futura do recurso até o momento da apelação. E por fim, a taxatividade mitigada, sendo a doutrina majoritária, que esclarece:
‘’A tese que se propõe consiste em, a partir de um requisito objetivo – a urgência que decorre da inutilidade futura do julgamento do recurso diferido da apelação –, possibilitar a recorribilidade imediata de decisões interlocutórias fora da lista do art. 1.015 do CPC, sempre em caráter excepcional e que preenchido o requisito urgência, independentemente do uso da interpretação extensiva ou analógica dos incisos do art. 1.015 do CPC, porque, como demonstrado, nem mesmo essas técnicas hermenêuticas são suficientes para abarcar todas as situações.’’ (RECURSO ESPECIAL Nº 1.696.396 - MT (2017 / 0226287-4).
Por esse motivo e conforme o caso em exposto, cabe a interposição de agravo de instrumento com a taxatividade mitigada antes das preliminares da apelação, justamente pelo fato de ser tutela de urgência conforme art. 300 do CPC, uma vez que é imprescindível o reconhecimento imediato, pois ao percurso do processo, partindo da decisão interlocutória até a apelação, a urgência pode ser inútil, assim como exige a excepcionalidade da tese. 
3. CONCLUSÕES
Em virtude do que foi mencionado, é evidente que o rito sumaríssimo iria prolongar o processo, uma vez que é necessário a prova pericial elencada nos artigos 464 a 480 do CPC. Portanto, tem-se como conclusão ao presente parecer que cabe agravo de instrumento com a taxatividade mitigada após a decisão interlocutória com fito de prevalecer o rito comum ordinário, evitando a morosidade do processo como define o art. 5, incis. LXXVIII da CF/88, sendo reconhecido o laudo médico como prova concreta para a concessão do benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez, sob a tutela de urgência pautado no art. 300 do CPC, sob o rito do art. 1.036 do CPC.
Salvo melhor entendimento, é o parecer.
Local. Data.
Dra. Sanny 
Número da OAB
Assinatura
3

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