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IBMR - LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES Weslley de Brito Santos EFEITOS DO TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE E BAIXO VOLUME EM DIABETES MELLITUS TIPO 2 NO CONTROLE GLICÊMICO. Rio de Janeiro 2017 WESLLEY DE BRITO SANTOS EFEITOS DO TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE E BAIXO VOLUME EM DIABETES MELLITUS TIPO 2 NO CONTROLE GLICÊMICO. Professor orientador: Bruno Ramalho de Oliveira Rio de Janeiro 2017 Monografia apresentada ao IBMR - Laureate International Universities como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em educação física. Fonte 12 Fonte 12 WESLLEY DE BRITO SANTOS EFEITOS DO TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE E BAIXO VOLUME EM DIABETES MELLITUS TIPO 2 NO CONTROLE GLICÊMICO. Trabalho de conclusão de curso apresentado ao IBMR - Laureate International Universities como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Educação Física. Aprovado em ____ de ____________ de 2017. Grau obtido_____ BANCA EXAMINADORA _____________________________________________ Prof. Ms. Roberto P. Martins IBMR - Laureate International Universities _____________________________________________ Prof. Dr.Mauro M. Macedo IBMR - Laureate International Universities AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer a minha família pela oportunidade de estar aqui, por todo carinho e dedicação depositados a mim, tornando possível esta graduação. Aos meus amigos Felipe Domingues e Uátila Coutinho por me segurarem firme as mãos quando muitas vezes pensei em abdicar do estudo por conta das adversidades e por tornar possível viver em meio ao turbilhão de coisas que passaram pela minha vida. Sem esquecer do grande homem que me inspirou e inspira a lutar todos os dias, tornando esta vitória mais uma de muitas contra a realidade do homem negro no brasil, ao historiador e amigo João Paulo Lopes. Este trabalho também não seria possível sem a possibilidade de contato com alguns dos tantos professores da instituição, que para mim foram exemplos de dedicação e ensino. Em especial alguns que marcaram a minha graduação com insights que fizeram valer a pena esses curtíssimos quatro anos de ensino; Marcos Andrada, Fátima Barbosa, Luciana Castaneda, Anderson Franzen, Ricardo Luzardo, Marcelo Lima e Eduardo Neves. Por último e não menos importante, ao meu orientador Bruno Ramalho. RESUMO Introdução: A diabetes mellitus tipo 2 pode ser definida como uma desordem metabólica caracterizada pela diminuição da secreção de insulina e secreção anormal de glucagon, essas complicações acarretam a diminuição da capacidade funcional e qualidade de vida dos indivíduos podendo gerar doenças secundárias. O exercício físico regular aumenta a captação e do metabolismo da glicose no músculo, melhora a síntese e transporte de Glut-4, transportadores de glicose no tecido adiposo, músculo esquelético e músculo cardíaco. Alguns fatores são importantes e específicos para os diabéticos, medidas de precaução são de extrema importância para a prevenção lesões no ambiente ao qual o indivíduo será exposto, o cuidado deve ser redobrado para os pés. Objetivo: Verificar através de artigos científicos publicados na literatura os efeitos do treinamento de alta intensidade e baixo volume na queda do índice glicêmico sanguíneo em pacientes com diabetes mellitus tipo 2. Metodologia: a pesquisa foi realizada nas bases de dados PUBMED e SCIELO. Para a seleção dos artigos foi adotada a estratégia de PICO. Foram selecionados artigos que realizassem ensaios clínicos randomizados e controlados em homens e mulheres portadores da diabetes mellitus tipo 2, sem outras doenças associadas. Foram incluídos estudos que testassem os efeitos do treinamento intervalado de alta intensidade e seus efeitos nos índices glicêmicos, sendo assim excluídos outros estudos que não estivessem dentro destes critérios para avaliação, a pesquisa foi realizada até outubro de 2017. Resultados: 69 artigos foram identificados nas bases de dados e após a análise de título e resumo, 3 contemplaram os critérios de elegibilidade e foram incluídos no presente estudo. A amostra dos estudos variou entre 1 e 10 sujeitos, sob uso de medicamentos para controle glicêmico. O período médio de intervenção foi de 4 semanas num ciclo-ergômetro usando atividade intervalada de alta intensidade e de baixo volume 3 vezes por semana. Os três estudos demonstraram baixa nos níveis glicêmicos pós treinamento. Conclusão: O exercício físico de alta intensidade e baixo volume gera uma queda dos níveis glicêmicos em diabéticos do tipo 2, porém o presente estudo não prevê os resultados a longo prazo do treinamento e suas possíveis complicações. Palavras chave: HIIT E DIABETES MELLITUS, ATIVIDADE INTERVALADA DE ALTA INTENSIDADE E DIABETES MELLITUS, DIABETES TIPO 2 E HIIT. ABSTRACT Introduction: Type 2 diabetes mellitus can be defined as a metabolic disorder characterized by decreased insulin secretion and abnormal glucagon secretion. These complications result in decreased functional capacity and quality of life of individuals, which can lead to secondary diseases. Regular exercise increases glucose uptake and metabolism in the muscle, improves the synthesis and transport of Glut-4, glucose transporters in adipose tissue, skeletal muscle, and heart muscle. Some factors are important and specific for diabetics, precautionary measures are of utmost importance for the prevention of injuries in the environment to which the individual will be exposed, care must be redoubled to the feet. Objective: To verify the effects of high-intensity and low- volume training on the decrease of the blood glucose index in patients with type 2 diabetes mellitus. Methods: The research was carried out in PUBMED and SCIELO databases. For the selection of articles, the PICO strategy was adopted. We selected articles that performed randomized controlled trials in men and women with type 2 diabetes mellitus, without other associated diseases. We included studies that tested the effects of high intensity interval training and its effects on glycemic indexes, and excluded other studies that were not within these criteria for evaluation, the study was conducted until October 2017. Results: 69 articles were identified in the databases and after the title and abstract analysis, 3 contemplated the eligibility criteria and were included in the present study. The study sample varied between 1 and 10 subjects, under the use of drugs for glycemic control. The mean intervention period was 4 weeks in a cycle-ergometer using high intensity and low volume interval activity 3 times per week. All three studies showed a drop in post-training glycemic levels. Conclusion: High-intensity, low-volume physical exercise results in a drop in glycemic levels in type 2 diabetics, but the present study does not predict the long-term results of the training and its possible complications. Key words: HIT AND DIABETES MELLITUS, HIGH INTENSITY INTERVAL TRAINING AND DIABETES MELLITUS AND DIABETES TYPE 2 AND HIT. LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Classificação da diabetes .............................................................................. 14 Table 2 - Características descritivas dos estudos selecionados .................................... 27 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ACSM – Colégio Americano de Medicina do Esporte. DT1 – Diabetes mellitus tipo 1. DT2 – Diabetes mellitus tipo 2. HIT – High intensive interval trainig (Treinamento intervalado de alta intensidade). IMC – Índice de massa corporal. QV – Qualidade de vida.LISTA DE FIGURAS Figura 1: A digestão ................................................................................................................... 11 Figura 2: A absorção da glicose ............................................................................................... 12 Figura 3: Fluxograma ................................................................................................................. 25 file:///C:/Users/Math/Desktop/TCC/TCC1%20Weslley%20Brito%20-%20Completo%20e%20com%20Sumários.docx%23_Toc497771950 file:///C:/Users/Math/Desktop/TCC/TCC1%20Weslley%20Brito%20-%20Completo%20e%20com%20Sumários.docx%23_Toc497771951 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 6 2. OBJETIVOS .............................................................................................................................. 9 2.1 Objetivo geral. ........................................................................................................................................ 9 2.2 Objetivos específicos............................................................................................................................ 9 3. DESENVOLVIMENTO ........................................................................................................... 10 3.1 Diabetes ................................................................................................................................ 10 3.1.1 Tipos de diabetes. ...........................................................................................................................12 3.2 Atividade intervalada de alta intensidade (HIT) .............................................................................15 3.3 Diabetes e exercício físico. ................................................................................................................16 3.3.1 Diretrizes para a prescrição do exercício físico para diabéticos. .............................................19 3.4 Os benefícios da atividade física de ata intensidade para diabéticos do tipo 2. .......................21 4. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................................... 23 4.1 Bases de Dados consultadas ...........................................................................................................23 4.1.1 Critérios de inclusão ........................................................................................................................23 4.1.2 Critérios de exclusão.......................................................................................................................23 4.1.3 Estratégia de busca ........................................................................................................................23 5. RESULTADOS ....................................................................................................................... 25 6. DISCUSSÃO ........................................................................................................................... 28 7. CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 30 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 28 6 1. INTRODUÇÃO Atualmente tem se falado muito sobre alimentação ideal, programas milagrosos que prometem emagrecimento, receitas fabulosas com e sem glúten, diversas estratégias para a promoção do emagrecimento rápido. No último século diversas mudanças ocorreram no estilo de vida das pessoas. O momento em que o mercantilismo deu lugar ao capitalismo, a troca do cultivo onde se exigia um grande gasto energético para obter o alimento, pelo dinheiro para comprar o alimento, aliado a uma produção massiva na área da alimentação foi um divisor de águas no estilo de vida populacional o que elevou o índice de obesidade e doenças ligadas ao estilo de vida sedentário. (DELAHANTY 2014). A diabetes se tornou um dos grandes males sociais, seja genética ou adquirida pela falta da manutenção da forma física e alimentar (estilo de vida). Com as novas características de doenças tem-se buscado sair do plano cartesiano de cuidar, buscando novos modelos de forma multidisciplinar para que se possa enxergar o corpo como um todo e intervir com mais qualidade por uma melhor resposta no diagnóstico e prognóstico de patologias. Tentando assim proporcionar uma melhora das atividades de vida diária, seja pela manutenção ou ganho nas valências consideradas importantes para ter a glicose controlada evitando os agravantes secundários da doença. (NATHAN; DELAHANTY.2014) Dentre estas doenças, a diabetes mellitus tipo 2 (DT2) é uma das que apresentam maior crescimento populacional. De acordo com a Federação Internacional de Diabetes, a prevalência mundial estimada de diabetes foi de 382 milhões de pessoas em 2013 com uma projeção de 592 milhões de pessoas que sofrem de diabetes em 2030 (MADSEN et al. 2015). Níveis glicêmicos cada vez mais altos têm sido encontrados na população, ainda que não sejam suficientes para classifica-las como diabéticos, estas pessoas se encontram acima da concentração ideal, este quadro é chamado de intolerância à glicose ou pré-diabetes, um fato precursor da doença. Embora não seja possível modificar as 7 informações genéticas de um indivíduo pode-se intervir através de uma boa alimentação, atividade e exercício físico. Sendo assim parece ser de grande importância verificar o efeito de diferentes intervenções de exercícios na concentração de glicose sanguínea para a prevenção ou atenuar os efeitos da diabetes. (NATHAN; DELAHANTY.2014) A DT2 pode ser definida como uma desordem metabólica caracterizada pela diminuição da secreção de insulina e secreção anormal de glucagon (MADSEN et al. 2015) essas complicações crônicas do DT2 acarretam a diminuição da capacidade funcional, autonomia e qualidade de vida dos indivíduos (COSTA; SILVA et al. 2017). Existem basicamente duas causas de base do DT2 sendo uma o desenvolvimento da resistência à insulina. Nessa condição os tecidos do organismo se tornam menos sensíveis aos seus efeitos, assim a glicose circulante na corrente sanguínea não é adequadamente carreada pra dentro das células havendo um aumento na concentração do açúcar no plasma sanguíneo. Dessa forma, para que haja a redução de glicose na corrente sanguínea passa a ser necessária uma quantidade maior de insulina. A segunda causa do diabetes tipo 2 é a incapacidade das células pancreáticas em aumentar a produção de insulina para suprir a demanda. A resistência à insulina, a queda da secreção de insulina ou ambas, podem resultar no desenvolvimento do DT2. (NATHAN; DELAHANTY.2014) A diabetes pode ocorrer em qualquer idade, porém geralmente é diagnosticada após os 40 anos. É importante ressaltar que a diabetes gera doenças secundárias causando amputações, cegueira, doenças cardiovasculares, coronarianas e acidentes vasculares. Algumas pesquisas apontam que a qualidade de vida (QV) de portadores DT2 é menor em relação a não portadores. O tipo, idade, fatores psicológicos, sociais, educacionais, conhecimento da patologia e tipo de assistência, podem interferir na QV destes indivíduos. Melhorar a qualidade de assistência, programas que preveem uma boa educação primária para o uso correto da insulina junto a um programa de exercício monitorado aos portadores de DT2 são discursões bastante pertinentes para um bom prognóstico sem grandes complicações, estudos apontam que diabéticos que administram corretamente a insulina aliada a uma dieta e atividade física temmenos chance de ter pior qualidade de vida e complicações secundárias. (CORREA et al. 2015). 8 Alguns estudos recentes propõem que as células ricas em gordura produzem substâncias químicas que tornam os tecidos resistentes aos efeitos da insulina, e quanto maior quantidade de células de gordura, mais dessas substâncias químicas serão produzidas pelo organismo, fazendo com que a glicose não consiga entrar nas células e acumule no sangue, especialmente após as refeições. Desta maneira buscando fomentar programas e medidas de prevenção e combate a obesidade. (NATHAN; DELAHANTY.2014) Está bem estabelecido que a atividade física promove uma melhora na homeostase da glicose sanguínea, recomenda-se que os pacientes com DT2 realizem pelo menos 150 minutos por semana de exercício. (MADSEN et al. 2015). O treinamento intervalado de alta intensidade (high intensity interval training-HIT) pode ser definido por picos de alta intensidade seguido de um curto período de recuperação (ACSM, 2014). No contexto atual da sociedade, quando comparamos o HIT e o treinamento com relação ao tempo disponível para treinamento parece ser claro que não há como não preferir o método que traz resultados com seções menores, além de outras vantagens do HIT. Há protocolos com duração de 4 minutos, contabilizando momentos de estimulo e recuperação (TABATA et al. 1996). Encontrar protocolos seguros e sua prescrição é de fundamental importância para que os benefícios deste treinamento seja efetivo no controle da DT2, afinal submeter indivíduos diabéticos a esforços máximos exige uma prescrição detalhada e bastante individualizada, sendo assim avaliar estes protocolos são de grande importância para a sua correta aplicação. 9 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral. Verificar através de artigos científicos publicados na literatura os efeitos do treinamento de alta intensidade e baixo volume na queda do índice glicêmico sanguíneo em pacientes com diabetes mellitus tipo 2. 2.2 Objetivos específicos. Identificar se o treinamento de alta intensidade e baixo volume promove uma queda dos índices glicêmicos para pessoas com diabetes tipo 2. 10 3. DESENVOLVIMENTO 3.1 Diabetes Nos últimos anos houve um aumento significativo no quadro de diabetes tipo 2. Cada vez têm se encontrado níveis glicêmicos mais altos em pessoas, e embora não sejam suficientes para classifica-las como diabéticos, estão acima da concentração ideal. Este quadro é chamado de intolerância à glicose ou pré-diabetes. (NATHAN; DELAHANTY.2014). Para que possamos entender a diabetes é precisamos primeiro saber sobre o metabolismo normal. Geralmente o nosso organismo direciona e armazena energia para sua manutenção basal ou em atividades físicas diárias e exercícios, como por exemplo a gordura. Existem três grupos de nutrientes da dieta que fornece energia para a realização de atividades que são carboidratos, gorduras e proteínas. Os carboidratos e gorduras fornecem a maior parte desta energia. Os carboidratos são quebrados e fragmentados no intestino, em cadeias menores que caem na corrente sanguínea por exemplo em forma de glicose, uma das mais importantes fontes de energia, um açúcar que é transportado por enzimas para dentro das células onde é transformado e armazenado nos músculos e fígado (figura 1- A digestão) em forma de glicogênio, um carboidrato complexo que serve como reservatório de energia quando necessário, e liberado em forma de ATP (adenosina trifosfato). (NATHAN; DELAHANTY.2014). Nas últimas décadas os estudos clínicos mostram que pessoas com diabetes podem ter vida longa, melhor qualidade de, podendo alcançar valores quase normais de glicose sanguínea. Além disso foram desenvolvidos tratamentos que diminuem efetivamente a pressão arterial e os níveis de colesterol. (NATHAN; DELAHANTY.2014). 11 Figura 1: A digestão Para que o açúcar consiga chegar na célula, na maioria das vezes ele precisa ser transportado pela insulina, um hormônio produzido pelas células beta no pâncreas, órgão localizado no abdome que também secreta a insulina. O pâncreas contém pequenos aglomerados de células chamados de Ilhotas de Langerhans que representam 1 a 2 por cento da massa pancreática. A insulina é um hormônio peptídico consistindo de duas cadeias lineares, a cadeia A (21 aminoácidos) e a cadeia B (30 aminoácidos). (MADSEN et al. 2015). A insulina também é responsável pelos processos no interior das células e determinam o armazenamento do açúcar na forma de glicogênio, dos ácidos graxos sob forma de gordura, e o uso dos aminoácidos, que são as unidades formadoras de proteínas. A insulina também evita a quebra das proteínas, da gordura e do glicogênio. (MADSEN et al. 2015). A insulina armazena energia e estimula a formação de tecidos e o crescimento. Quando o nível de glicose na corrente sanguínea diminui, a produção e secreção de insulina também é diminuída, revertendo também o processo: o açúcar é liberado dos depósitos, ao invés de ser armazenado no sacoplasma muscular e fígado; a gordura Fonte: https://pt.slideshare.net/rukka/sistema-digestivo-14658548 12 Fonte: http://www.medicinageriatrica.com.br/2013/05/21/transpote-de-glicose-glut-4-nos-diabetes-e-obesidades/ Figura 2: A absorção da glicose passa a ser fragmentada liberando ácidos graxos; e as proteínas são quebradas ao invés de sintetizadas. A insulina atua como uma espécie de guarda de trânsito direcionando os nutrientes para o armazenamento e o crescimento (fig.2-A absorção da glicose). Quando o nível de insulina diminui, o trafego se move na direção oposta, com a energia sendo liberada de seus locais de armazenamento. (MADSEN et al. 2015). Isto é o que ocorre num indivíduo saudável. Se algo interrompe qualquer uma etapa desse sistema de sintonia fina, surgem problemas. O diabetes é sem de dúvidas o mais frequente distúrbio do metabolismo. (NATHAN; DELAHANTY.2014). 3.1.1 Tipos de diabetes. A diabetes mellitus possui duas classificações: tipo 1 (DT1) e tipo 2 (DT2), ambas caracterizadas por um conjunto de alterações metabólicas nos níveis glicêmicos sanguíneo. Estas alterações podem ser explicadas tanto pela diminuição da produção 13 quanto pela falta de sensibilidade à ação da insulina causando uma cascata de efeitos provenientes a esta desordem metabólica. (NATHAN; DELAHANTY.2014). No caso da DT1, o organismo ainda produz pouca ou nenhuma insulina, por conta de um processo autoimune que destrói as ilhotas pancreáticas que secretam insulina. No DT2 o organismo cria uma resistência à insulina que se torna incapaz de transportar a glicose para o citoplasma celular aumentando a concentração de açúcar na corrente sanguínea, este aumento pode trazer vários danos como cegueira, falência renal, úlceras dos pés e amputações além de disfunções de outros órgãos. Ambos os tipos de diabetes aumentam o risco de desenvolvimento de doenças cardíacas e acidente vascular cerebral. (NATHAN; DELAHANTY.2014). Apesar de características bastante comuns se diferenciam em alguns aspectos (tabela 1). Como por exemplo o fato do DT1, bastante conhecida como diabetes infanto- juvenil por ocorrer tipicamente em crianças e adultos jovens, é tratado com insulina, também conhecido como insulinodependentes. Não se sabe ao certo qual o botão inicial que aciona e desencadeia o ataque sistêmico das células pancreáticas, alguns genes herdados torna o indivíduo mais vulnerável, sabe-se que não é causado primariamente pelo estilo de vida, excesso de peso ou obesidade; entretanto o controle de peso e exercícios regulares são importantes no tratamento ajudando a manter os níveis de açúcar no sangue o mais próximopossível dos valores normais de uma pessoa não diabética. (NATHAN; DELAHANTY.2014). Por bastante tempo a diabetes tipo 2 foi considerada uma doença de adultos, por se manifestar geralmente a partir de os 40 anos de idade, numa fase mais tardia da vida, porém com o acentuado crescimento no índice de obesidade infantil, a doença tem se tornado cada vez mais comum em adultos mais jovens e adolescentes. (NATHAN; DELAHANTY.2014). Há basicamente duas causas da diabetes do tipo 2. Uma é o desenvolvimento da resistência à insulina. Essa condição faz com que os tecidos do organismo se tornem menos sensíveis aos efeitos da insulina. Consequentemente, o açúcar que circula no corpo não tem tanta facilidade para sair do sangue e entrar nas células. Para que o açúcar no sangue diminua efetivamente e para que a insulina possa realizar suas outras 14 “tarefas”, passa a ser necessária uma quantidade maior de insulina. A segunda causa do diabetes tipo 2 é a incapacidade de aumentar a produção de insulina para fazer frente a esse aumento de demanda. A resistência à insulina, a queda da secreção de insulina ou ambas, podem resultar no desenvolvimento do diabetes tipo 2. (NATHAN; DELAHANTY.2014). Vários fatores podem contribuir para o início da resistência à insulina: excesso de peso, idade, vida sedentária, propensão genética e certas doenças que afetam o equilíbrio hormonal, como a síndrome do ovário policístico. Não se sabe exatamente o porquê e o que causa a resistência à insulina, e como se desenvolve, provavelmente há mais de uma explicação para isso, algumas pesquisas mais recentes apontam que as células ricas em gordura produzem substâncias químicas que tornam os tecidos resistentes aos efeitos da insulina, Se a quantidade de células de gordura é maior, como no caso da obesidade, mais dessas substâncias químicas são produzidas, O resultado é que o açúcar não consegue entrar nas células e começa a se acumular no sangue, especialmente após as refeições. O alto nível de açúcar na corrente sanguínea leva consequentemente as células beta a produzirem mais e mais insulina para tentar “empurrar” o açúcar para dentro das células. E, como o aumento dos níveis de açúcar no sangue também provoca a resistência à insulina, instala-se um ciclo vicioso. (NATHAN; DELAHANTY.2014). Tabela 1 - Classificação da diabetes DIABETES TIPO 1 TIPO 2 CARACTERISTICAS O pâncreas não produz insulina (insulinodependente). Resistência à ação da insulina. CAUSAS Processo autoimune que leva a destruição das células beta pancreáticas por causa desconhecida Predisposição genética, fatores hereditários, a alimentação, obesidade e sedentarismo. PREVALÊNCIA 10% dos casos 90% dos casos MAIOR INCIDÊNCIA Infância e adolescência Comum a partir dos 30 anos. MANIFESTAÇÃO Abrupta, sede excessiva, alta frequência urinaria e perca de peso. Mais lenta, na maioria das vezes assintomática, fome, sede constante e cansaço frequente. CONTROLE Insulina exógena, exercício físico e dieta. Medicamentos orais, aplicação de insulina, dieta e exercício físico. Fonte: Criado pelo autor do trabalho 15 3.2 Atividade intervalada de alta intensidade (HIT) O HIT pode ser definido como um programa aeróbico de alta intensidade em um curto espaço de tempo, e que apesar de não ser novidade é apontado como tendência pelo colégio americano de esportes e medicina (ACSM, 2014). De acordo com Dantas (1998) o método intervalado consiste em uma relação estimulo x esforço submáximo com intervalos de recuperação parcial. Em 1945 ainda no período pré-científico o corredor tcheco Emil Zatopeck desenvolveu o treinamento intervalado tendo como base os conhecimentos de Toni Nett, este treinamento consistia em percorrer distâncias de 200 a 400 metros com intervalos de 1 minuto entre as repetições. (ALMEIDA et al., 2000). Algum tempo depois, já no período cientifico, Gerschller investigou mais afundo o método, mudando as variáveis de distância e recuperação estudadas por Zatopek comprovando que desde muito tempo já se buscava obter melhores resultados com menor volume de treinamento. (Ibidem, 2000). Parpa et al. (2009) investigou os efeitos do HIT em quatro indivíduos sedentários (9 mulheres, 5 homens, idade: 57 ± 6,7 anos, peso: 94,3 ± 23,8 kg, altura: 170,5 ± 8,5 cm) 5 homens, idade: 57 ± 6,7 anos, peso: 94,3 ± 23,8 kg, altura: 170,5 ± 8,5 cm) durante 12 semanas, utilizando um com 30 minutos de duração. Dentre as respostas provenientes do treinamento, verificou uma queda significativa dos valores da pressão arterial sistólica, pressão arterial diastólica, frequência cardíaca de repouso, os valores de glicemia de jejum e peso corporal. Em um conceito atual, pensando em otimizar o tempo, quando comparado o treinamento de alta intensidade ao continuo por exemplo, e traçando uma relação entre o tempo disponível parece claro que não há como não optar pelo método que promete melhor resultado em sessões menores. Além de a vantagem de o HITT ser mais acessível quando se pensa, por exemplo, em sprints de corrida ao ar livre, podendo ser praticado em qualquer lugar apontando ter um maior custo benefício. Existem protocolos com duração de 4 minutos por exemplo. (TABATA et al., 1996). 16 3.3 Diabetes e exercício físico. A DT2 pode ser definida como uma desordem metabólica caracterizada por insuficiente secreção de insulina e secreção anormal de glucagon. De acordo com a Federação Internacional de Diabetes, a prevalência mundial estimada de diabetes foi de 382 milhões de pessoas em 2013 com uma projeção de 592 milhões de pessoas que sofrem de diabetes em 2030. Já se sabe bem a respeito dos benefícios da atividade e exercício físico e a sua melhora na homeostase da glicose, trazendo uma diminuição do quadro de obesidade e oferecendo um controle geral da glicemia em pacientes com DT2. A partir de 2013, recomenda-se que os pacientes com DT2 realizem pelo menos 150 minutos por semana de exercício aeróbio de intensidade moderada correspondente a 50-70% da frequência cardíaca máxima. Alguns estudos já apontam a importância da pratica regular do exercício moderado a intenso para aumentar a sensibilidade à insulina de pessoas com DT2, pesquisas moleculares e metabólicas apontaram ligações fisiológicas importantes entre os benefícios relacionados à saúde da atividade física e do DT2. Embora já se saiba que o exercício físico representa um papel importante no tratamento do DT2, as estratégias existentes enfrentam enormes desafios, incluindo a falta de adesão, motivação e tempo para seguir estas diretrizes. (MADSEN et al. 2015). No tratamento da diabetes o exercício físico é um grande aliado no controle dos níveis glicêmicos e comorbidadades como a dislipidemia, reduz o risco cardiovascular e hipertensão. Caracterizam-se normais indivíduos com níveis glicêmicos menores que 100mg/dl, sendo índices maiores ou iguais a 126mg/ considerados diabéticos. O teste pode ser laboratorial ou em aparelhos portáteis através de uma amostra sanguínea. A obesidade pode ser mensurada pelo IMC (índice de massa corporal) pela relação Massa corporal dividida pela altura, ou pelo protocolo de dobras cutâneas. (OLIVEIRA & VENCIO. 2014). Antes de iniciar o programa de exercícios, deve-se pensar em uma avaliação minuciosa e detalhada a partir do diagnóstico de cada indivíduo para a devida prescrição. Esta avaliação criteriosa deve seguir os princípios e padrões da individualidade biológica, levando em consideração as possíveis complicações micro e macro vasculares que variam de acordo com cada paciente e que podem ser ainda mais agravadas pelo 17 programa de exercício proposto, buscando a partir daí diretrizes que possam minimizar os riscos para o diabético. (ACSM, 2013). Durante o exercício o consumo médio de oxigênio pode vir a aumentar em até vinte vezes dependendo da atividade, e chegaa ser ainda maior nos grupamentos musculares em atividades. Em resposta ao estimulo, o musculo aumenta bruscamente o consumo de suas reservas energéticas de triglicerídeos e glicogênios para suprir esta demanda aumentada devido ao estimulo. O glicogênio e triglicerídeos armazenados no musculo são quebrados e liberados na corrente sanguínea para preservar as funções do sistema nervoso central. Por isto os níveis de fisiológicos de glicose sanguínea devem ser preservados ao máximo durante o exercício para evitar o suprimento do SNC devido a uma hipoglicemia, o que não é comum em indivíduos que não sofrem de diabetes. Estes ajustes que buscam a manutenção do nível ótimo de glicose durante o exercício físico são em grande parte mediados por hormônios que controlam o ciclo insulina x glucagon. A redução da concentração de insulina no plasma e a presença de glucagon são necessárias para que haja um aumento de produção de glicose hepática durante o exercício. Já em exercícios de maior duração nota-se o aumento das catecolaminas e glucagon. Estas respostas hormonais são diferentes em pacientes com DT1 devido à falta ou pouca produção de insulina. Sendo assim, insulinodependentes submetidos a uma condição baixa de insulina pela má administração podem ter uma liberação excessiva de glucagon durante o exercício levando a uma hiperglicemia, podendo desencadear uma cetoacidose diabética. Contrário a isso, uma alta concentração de insulina por via exógena no ambiente sanguíneo pode dificultar o transporte de glicose e outros substratos que são induzidos pelo exercício, causando uma hipoglicemia. Este conceito também pode ser aplicado em DT2 em tratamento com insulina ou sulfoniluréias; entretanto, não é comum casos de hipoglicemia durante o exercício em casos de DT2. Sem dúvidas este grupo é beneficiado com o aumento da sensibilidade à insulina, que auxilia na redução na glicemia. (ACSM, 1990). Pode ser observado após uma sessão de exercício fisco a redução da glicemia capilar, que pode ser explicada devido ao aumento da permeabilidade à glicose nas fibras musculares ativas, mesmo com a ausência ou deficiência da ação da insulina. Desta forma, o exercício físico regular causa um aumento da captação e do metabolismo da 18 glicose no músculo, também melhora a síntese e transporte de Glut-4, transportadores de glicose no tecido adiposo, músculo esquelético e músculo cardíaco. (ACSM, 2012). Cambri et al, avaliou a glicemia capilar pré e pós sessão de exercícios físicos e verificou uma diminuição da mesma nos indivíduos diabéticos em 78,0% das sessões analisadas, sofrendo variações de 0,4 até 62,5% em relação à glicemia pré-exercício. Também foi constatado, que há uma redução média da glicemia após as sessões de exercícios físicos, que foi de 18,0% (p<0,05). Volpato e Zaboti realizaram um estudo onde o exercício foi realizado de maneira contínua, e os níveis de glicose chegaram a diminuir cerca de 50% do seu valor inicial. Durante o exercício, o transporte de glicose na célula muscular (GLUT 4) aumenta, assim como a sensibilidade da célula à ação da insulina. Isso se deve ao aumento do aporte sanguíneo, um importante fator regulador que permite a disponibilidade desse substrato à musculatura. A glicose entra na musculatura através da difusão facilitada através dos GLUTs sendo mediado pela insulina e o exercício. O aumento de transportadores de glicose para o citoplasma celular pode ou não ser dependente de insulina. Podendo também haver translocação de GLUT4 para a membrana muscular durante o exercício mesmo em ausência de insulina. Em indivíduos saudáveis, a ligação da insulina ao seu receptor na membrana plasmática faz com que ocorra a auto fosforilação dos resíduos de tirosina do receptor, fosforilação dos substratos do receptor de insulina IRS1 e IRS2 e ativação do fosfatidil inositol 3-quinase. Isso faz com que ocorra a translocação do Glut-4 para o interior da célula. Quando há pratica de exercícios, os mecanismos moleculares envolvidos na translocação dos transportadores de glicose, independentemente da ação da insulina, não são imediatos, porém, não ocorre fosforilação dos receptores nem ativação da PI 3- quinase (OLIVEIRA & VENCIO. 2014). Evidências parecem indicar que um mediador do processo de translocação é o cálcio, pois este inicia ou facilita a ativação de moléculas sinalizadoras que leva aos efeitos imediatos e prolongados do exercício sobre o transporte de glicose no músculo. A insulina, assim como o exercício, tem efeito hipoglicemiante com melhora na captação de glicose, porém durante o exercício ocorre entrada de glicose na célula independente 19 da ação da insulina. A liberação do cálcio pelo retículo sarcoplasmático durante a contração desencadeia a cascata de sinalização para a translocação dos transportadores de glicose (Glut 4) presentes nas células musculares, ocorrendo assim a entrada de glicose na célula ocasionando o efeito hipoglicemiante. Com indivíduos diabéticos 1 e 2, durante o exercício, a captação de glicose aumenta de forma semelhante à indivíduos saudáveis. A hipoglicemia induzida pelo exercício pode ocorrer durante, após ou depois de algumas horas. Em indivíduos não diabéticos, durante o exercício, ocorre redução da concentração de insulina no plasma evitando a hipoglicemia. (MADSEN et al. 2015). Em indivíduos diabéticos, essa redução não ocorre e, além disso, o exercício aumenta os efeitos da insulina ministrada ocorrendo queda da produção de glicose pelo fígado aumentando consequentemente o uso de glicose pelos músculos em atividade e essa dessincronização leva à hipoglicemia. Pode-se observar também, tendência ao aumento da glicemia após cessar o exercício. Este estudo utilizou protocolo semelhante ao de um estudo prévio por nosso grupo envolvendo indivíduos diabéticos. (MADSEN et al. 2015). Os efeitos do exercício sobre a homeostase glicêmica envolvem mecanismos a curto e longo prazo. Os estudos dos efeitos em longo prazo têm evidenciado benefícios no controle e prevenção do diabetes. Os efeitos em curto prazo parecem ser mais evidentes em indivíduos não diabéticos. Fato que corrobora com os resultados encontrados no presente estudo, quando foi realizada a análise entre os grupos, com redução significativa da glicemia durante o exercício apenas do grupo controle. (NATHAN; DELAHANTY.2014). 3.3.1 Diretrizes para a prescrição do exercício físico para diabéticos. Preparar o indivíduo para um programa que não oferece riscos e que seja agradável é tão importante quanto o exercício em si. Um indivíduo mais jovem pode participar da maioria das atividades, já os de meia e terceira idade precisam de um programam um pouco mais seleto para evitar lesões mais graves. Deve se levar em consideração todo o processo de envelhecimento que acarreta uma série de 20 comorbidades como, por exemplo, a perca da densidade mineral óssea, fibras musculares, enfraquecimento de ligamentos e articulações, tudo isso associado à diabetes acelera o processo degenerativo. Neste caso o indivíduo precisa ser estimulado a ser fisicamente ativo e examinado corretamente de acordo com os problemas relatados acima (ACSM, 2014). Uma boa prescrição para diabéticos ou até mesmo não diabéticos, deve-se prever o tempo adequado para aquecimento e volta à calma. O aquecimento pode levar em média de dez minutos a cinco minutos, com uma atividade aeróbica ou articular especifico de baixa intensidade, servindo para preparar além de os grupamentos musculares que serão utilizados, melhorar a irrigação muscular, o aumento da ventilação e consequente respiração melhorando a troca gasosa durante o exercício, tendo assim uma melhor resposta na progressão da atividade e evitando lesões. Após o aquecimento é indicada uma sessão de alongamento muscular de aproximadamente dez minutos, enfatizando principalmente osmúsculos que serão utilizados no exercício em questão. Em após realizar a atividade principal deve se prever um resfriamento. Este momento deve durar de dez a quinze minutos com o objetivo de abaixar a frequência cardíaca aos níveis de pré-exercício. (ACSM, 2014). Alguns fatores são importantes e específicos para os diabéticos. Deve-se recomendar o exercício físico; porém algumas medidas de precaução são de extrema importância para a prevenção lesões no ambiente ao qual o indivíduo será exposto, o cuidado deve ser redobrado para os pés. A adoção de sapatos com solas de silicone, sistemas de amortecimento, meias de algodão ou poliéster para a prevenção de bolhas, manter os pés sempre secos buscando reduzir ao máximo traumas nos pés. Deve-se pensar no tipo de calçado adequado para cada um, principalmente em diabéticos com neuropatia periférica. Verificar antes e depois do programa de exercício proposto se há bolhas, ou outras lesões provenientes ou não da atividade realizada. É importante que o indivíduo tenha uma etiqueta em algum local visível que o identifique como diabético. É importante salientar uma boa hidratação já pensando nos impactos da desidratação sobre a glicemia e funções cardíacas, principalmente durante exercícios no calor. É recomendada a hidratação antes (aproximadamente 500ml de agua duas horas antes do exercício). Durante o exercício fazer a ingestão de liquido mesmo sem sentir sede para 21 compensar a perca pelo suor. Também evitar situações de extremo calor ou frio. (ACSM, 2010). 3.4 Os benefícios da atividade física de ata intensidade para diabéticos do tipo 2. Pesquisas recentes abordam os efeitos benéficos para a saúde de diferentes regimes de treinamento de intervalo de alta intensidade (HIT) para DT2. Novas descobertas incluem redução da hiperglicemia após 2 semanas de HIT em ciclo- ergômetro, ação de insulina melhorada e capacidade metabólica do músculo esquelético aumentada após intervalos de caminhada e função de células β pancreáticas melhoradas e fenômenos fisiológicos que acontecem na tentativa de regular o metabolismo do corpo inteiro em pacientes com DT2. Estes efeitos benéficos para a saúde parecem ser independentes das alterações no peso corporal em regimes de treinamento de intensidade leve, moderada e intensa, e o controle glicêmico pode ser ainda mais melhorado pelas intensidades acima das diretrizes recomendadas (SHABAN,2014). Shaban et al. (2014) investigou os efeitos do treinamento de alta intensidade em diabéticos com idade média de 40,2 (± 9,7) anos e IMC acima de 24,99. O protocolo consistiu em seis sessões individualizadas de 4x30s a 100% da carga máxima com intervalo ativo de 4 minutos. Este estudo constatou que o nível de glicose sanguínea foi reduzida imediatamente após cada sessão com significância estatística de (P<0,05). Parece haver evidências acumuladas de que HIT induz aumento da perda global de gordura e perda de massa de massa abdominal em oposição ao treinamento de resistência contínua tradicional. As adaptações cardiovasculares que aparecem com HIT são comparáveis, ou mesmo às vezes superiores em oposição ao treinamento de resistência contínua tradicional. No entanto, na população do DT2, a pesquisa em mudanças induzidas por treinamento de longo prazo do controle glicêmico e da homeostase pancreática é escassa e um conhecimento detalhado adicional sobre esse assunto é necessário para avaliar o verdadeiro efeito clínico do treinamento (SHABAN,2014). https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4530878/#pone.0133286.ref015 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4530878/#pone.0133286.ref015 22 As adaptações cardiovasculares que aparecem com HIT são comparáveis, ou as vezes superiores às do treinamento de resistência contínua tradicional. No entanto, na população do DT2, a pesquisa em mudanças induzidas por treinamento de longo prazo do controle glicêmico e da homeostase pancreática é escassa e um conhecimento detalhado adicional sobre esse assunto é necessário para avaliar o verdadeiro efeito clínico do treinamento. (SHABAN,2014). 23 4. MATERIAIS E MÉTODOS Trata-se de um estudo de revisão integrativa de literatura, realizado nas bases de dados multidisciplinares e nas bases específicas da área de saúde no período de 12 abril a 28 de junho de 2017. 4.1 Bases de Dados consultadas As bases de dados consultadas para a realização deste estudo foram: Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE/ PubMed) e Scientific Electronic Library Online (SciELO). 4.1.1 Critérios de inclusão Foram considerados artigos científicos autorais nas línguas inglesas e portuguesas que abrangessem o período de 2011 a 2017, que abordassem o tema atividade intervalada de alta intensidade e Diabetes Mellitus tipo 2 e seus impactos nos níveis glicêmicos. 4.1.2 Critérios de exclusão Foram excluídos todos os estudos que não atendessem aos critérios citados acima, ou que fugissem dos objetivos gerais e específicos, que usassem animais como grupo de teste, tivessem mais de seis anos de publicação, história de doença renal ou hepática em estágio final, neuropatia, retinopatia, hipertensão, doença cardiovascular ou outra contraindicação ao exercício. 4.1.3 Estratégia de busca O principal descritor utilizado foi Diabetes Mellitus tipo 2 e exercício físico a partir dos Descritores em Ciências da Saúde – DeCS. 24 Na estratégia de busca foram utilizados nas bases de dados Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE/ PubMed), Scientific Electronic Library Online (SciELO) as palavras: HIT and diabetes mellitus, high intensity interval training and diabetes mellitus e diabetes type 2 and HIT. 25 5. RESULTADOS Um total de 69 artigos foi identificado. 64 artigos no PubMed e 5 artigos no SciELO. Foram para análise de título 47 artigos. Retirados os artigos que não foram aceitos para esta revisão, foram escolhidos 3 artigos (Madsen et al, 2015, Little et al, 2011 e Gillen et al, 2012.). O processo de seleção dos estudos está representado na figura 3. Figura 3: Fluxograma 26 A tabela 2 apresenta as características da amostra, os procedimentos metodológicos e os principais resultados desses estudos. 27 Table 2 - Características descritivas dos estudos selecionados Base de dados Autor / Período Titulo Descrição do estudo Objetivos Métodos Resultados PubMed Madsen SM, Thorup AC, Overgaard K, Jeppesen PB. PLoS One. 2015 Aug 10; 10(8):e0133286. Doi: 10.1371/journal.pone.01332 86. eCollection 2015. High Intensity Interval Training Improves Glycaemic Control and Pancreatic β Cell Function of Type 2 Diabetes Patients. O treinamento de intervalo de alta intensidade melhora o controle glicêmico e a função celular p pancreática dos pacientes com diabetes tipo 2. Nós investigamos o controle glicêmico, a função pancreática e a massa total de gordura antes e após 8 semanas de treinamento de intervalo de alta intensidade de baixo volume (HIT) em ergômetro de ciclo em pacientes com T2D e indivíduos com controle saudáveis correspondentes Método / método do estudo: Idosos (56 anos ± 2), pacientes não ativos de T2D (n = 10) e controles saudáveis (CONCHA) (N = 13) combinados (52 anos ± 2) exercidos 3 vezes (10 × 60 seg. HIT) por semana durante um período de 8 semanas em um cicloergômetro. O HIT melhora o controle geral da glicemia e a função das células β pancreáticas em pacientes com DM2. Além disso, Observaram-se perdas significativas na massa de gordura abdominal em ambos os grupos (T2D: p = 0,004 e CON: p = 0,02), correspondendo a uma variação percentual de -17,84% ± 5,02 e -9,66% ± 3,07, respectivamente. Conclusão: estes resultados demonstram que o HIT melhora o controle geral da glicemia e a função das célulasβ pancreáticas em pacientes com DM2. PubMed Gillen JB, Little JP, Punthakee Z, Tarnopolsky MA, Riddell MC, Gibala MJ. Diabetes Obes Metab. 2012 Jun; 14(6):575-7. doi: 10.1111/j.1463- 1326.2012.01564.x. Epub 2012 Feb 20. Acute high-intensity interval exercise reduces the postprandial glucose response and prevalence of hyperglycaemia in patients with type 2 diabetes. O exercício agudo de intervalo de alta intensidade reduz a resposta de glicose pós-prandial e a prevalência de hiperglicemia em pacientes com diabetes tipo 2. Examinar o sangue de 24 horas e a sua resposta de glicose após uma única sessão de HIT de baixo volume em pessoas com diabetes tipo 2 usando monitoramento contínuo de glicose (CGM). Nós hipotetizamos que HIT agudo diminuíria. Uma sessão de HIT consistindo de esforços de ciclismo de 10 × 60 s a uma frequência cardíaca máxima de ~ 90%, intercaladas com um descanso de 60 s. Sete adultos com DM2. Sofreu CGM por 24 h em duas ocasiões sob condições dietéticas padrão: após HIT agudo e em um dia de controle sem exercício (CTL). Hiperglicemia reduzida medida como proporção de tempo gasto acima de 10 mmol / l (HIT: 4,5 ± 4,4 vs. CTL: 15,2 ± 12,3%, p = 0,04). Pós-prandial A hiperglicemia, medida como a soma das áreas pós-refeição sob a curva de glicose, também foi menor após HIT versus CTL (728 ± 331 vs. 1142 ± 556 mmol / l · 9 h, p = 0,01). Esses achados destacam o potencial de HIT para melhorar o controle glicêmico no T2D. PubMed Jonathan P. Little, Jenna B. Gillen, Michael E. Percival, Adeel Safdar, Mark A. Tarnopolsky, Zubin Punthakee, Mary E. Jung, Martin J. Gibala Journal of Applied Physiology Published 1 December 2011 Vol. 111 no. 6, 1554-1560 DOI: 10.1152/japplphysiol.00921. 2011. Low-volume high-intensity interval training reduces hyperglycemia and increases muscle mitochondrial capacity in patients with type 2 diabetes Avaliar os efeitos agudos e efetividade do treinamento intervalado de alta intensidade na redução da hemoglobina glicosilada em pacientes adultos com diabetes mellitus tipo 2 O protocolo HIT envolveu 10 × 60 s esforços de ciclismo intercalados com 60 s de repouso [6]. O exercício foi realizado em um ciclo ergometre (LifeCycle C1 ou R1, Life Fitness, Schiller Park, IL, EUA) configurado em modo de watt constante em uma cadência de pedal de 80-100 rpm. A intensidade de intervalo correspondeu a 89 ± 16% de carga de trabalho máxima e provocada 85 ± 7% VO2 Max. Um aquecimento de 3 min e 2 min de arrefecimento a 50 W foram Incluído Vinte e quatro horas a glicemia média tende a ser menor após HIT (7,2 ± 1,2 mmol / l) em comparação com CTL (7,8 ± 1,1 mmol / l), mas Essa diferença não atingiu significância estatística (p = 0,16). https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22268455 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22268455 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22268455 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22268455 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22268455 28 6. DISCUSSÃO O exercício físico regular é uma boa estratégia para a prevenção e tratamento da DT2.O presente estudo buscou analisar os efeitos do exercício de maior intensidade e se pode ser mais efetivo para melhorar o controle glicêmico em pacientes com DT2. Um dos efeitos fisiológicos que pode justificar a queda dos níveis glicêmicos em DT2 através do exercício físico é a liberação do cálcio pelo retículo sarcoplasmático durante a contração, desencadeando assim a cascata de sinalização para a translocação dos transportadores de glicose Glut-4 presentes nas células musculares, ocorrendo assim a entrada de glicose na célula mediante ao exercício. O HIT pode ser muito interessante quando pensamos na redução do tempo de treinamento, o que de uma certa forma pode ser um atrativo visto que a falta de tempo é uma das possíveis causas de desistência do exercício como forma de terapia no controle glicêmico. Sem contar que uma sessão de HIT pode ser planejada por exemplo em qualquer outro ambiente externo, desde que siga o protocolo de acordo com as diretrizes do treinamento intervalado de alta intensidade, não se restringindo à academia. Pode ser também levado em consideração o custo benefício, podendo ser executado em ambientes externos, o que o torna mais acessível para pessoas que não procuram uma academia por questões econômicas, por exemplo. Os critérios julgados para uma prescrição bem conduzida foram estudos que tiveram avaliação pré e pós intervenção, aplicação das variáveis de prescrições, progressão de carga gradual ajustando duração, frequência e intensidade, quantidade da amostra, se os valores de (p) foram <0,05 e se tiveram grupo controle. Com base nestes critérios, a metodologia de prescrição dos estudos selecionados foi avaliada. Ainda que todos os estudos tenham tido como resultado uma melhora considerável no controle glicêmico, conforme determinado pela concentração média de glicose venosa em jejum, o estudo que mais se destacou foi o estudo de Madsen et al. (2015) sendo o protocolo com maior tempo e maior quantidade da amostra, Idosos (56 anos ± 2), pacientes não ativos e com DT2 (n = 10) e controles saudáveis (CONCHA) (N = 13) testando os efeitos 29 do HIT por oito semanas. Contrário à isto o estudo que menos contemplou em relação ao tempo de experimento e quantidade amostra foi o de Gillen et al (2012) com uma amostra DT2 (n=7) pessoas com DT2 por 24h e sem grupo controle. O que não garante uma boa reprodução se pensarmos que não houve tempo para investigar os efeitos tardios do treinamento. Os três estudos (Madsen et al, 2015, Little et al, 2011 e Gillen et al, 2012.) testaram um ciclo ergômetro em pacientes com DT2. Todos eles apontaram os benefícios do HIT em pacientes com DT2, que envolveram controle de glicemia, melhora da ação da insulina periférica. Madsen et al (2015) conseguiu ainda apontar uma melhora na função das células beta pancreáticas e redução da massa abdominal, o que pode contribuir positivamente para a diminuição das chances de doenças coronarianas, acidente vascular cerebral e hipertensão. Embora todos os estudos tenham seguido protocolos seguros para medir a glicose antes, durante e depois do treino, terem feito testes de VO2 máximo antes de exporem os indivíduos a condições sub máximas e máximas do exercício, previsto o tempo de aquecimento, zona alvo e volta a cama obedecendo os princípios de prescrição do treinamento, este estudo não garante que estes efeitos sejam os mesmo para uma grande população, visto que os estudos tiveram uma mostra muito pequena de pessoas testadas, não garantindo uma resposta tão homogênea quando pensamos nos princípios de individualidade biológica em uma grande amostra. Outro critério importante a ser atentado é que iremos expor estes indivíduos à intensidades máximas, e nenhum estudo prevê os efeitos tardios do HIT em DT2 e suas possíveis complicações a longo prazo, havendo a necessidade de estudos controlados com maior tempo de experimentação. Concluindo então que o treinamento de alta intensidade e baixo volume resulta em uma melhora significativa da concentração média de glicose venosa em jejum (p = 0,01). 30 7. CONCLUSÃO O tratamento da DT2 é normalmente controlado por medicação e alimentação, contudo o presente estudo fornece evidências dos efeitos agudos da atividade de alta intensidade e baixo volume para DT2 em protocolo para até oito semanas de treinamento. Esses efeitos envolveram controle de glicemia, aprimoramento da ação da insulina periférica e redução de massa abdominal. Embora os seus efeitos tardios não tenham sido apontados, havendo a necessidade de ensaios clínicos com maior amostra e protocolos com maior tempo de duração são necessários para apontar as adaptações a médio e longo prazo. 31 REFERÊNCIASDANTAS, E. H. M. (1998). A Prática da Preparação Física. (4ª ed.) Rio De Janeiro: Shapes. GILLEN, J. B., LITTLE, J. P., PUNTHAKEE, Z., TARNOPOLSKY, M. A., RIDDELL, M. C. e GIBALA, M. J. (2012). Acute high-intensity interval exercise reduces the postprandial glucose response and prevalence of hyperglycaemia in patients with type 2 diabetes. Diabetes Obes, Metab. GOMES, A. C., ALMEIDA, H. F. e Almeida, D. C. (2000). Uma ótica evolutiva do treinamento desportivo através da história. Revista Treinamento Desportivo, 5(1):40-52. LITTLE, J. P., GILLEN, J. B., PERCIVAL, M. E., SAFDAR; TARNOPOLSKY M. A; PUNTHAKEE, Z. et al. (2011). Low-volume high-intensity interval training reduces hyperglycemia and increases muscle mitochondrial capacity in patients with type 2 diabetes. J. Appl. Physiol 111: 1554–1560. OLIVEIRA, J. E. P e VENCIO, S. (orgs.) (2014). Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes: 2013-2014/Sociedade Brasileira de Diabetes. São Paulo: AC Farmacêutica. PARPA, K. M., MICHAELIDES, M. A. e BROWN, B. S. (2009). Effect of High Intensity Interval Training on Heart Rate Variability in Individuals with Type 2 Diabetes. Journal of Exercise Physiology Online. Vol. 12 Issue 4, p. 23-29. 7p. POWERS, S. K. (2005). Fisiologia do exercício: teoria e aplicação ao condicionamento e ao desempenho. (5ª ed.) Barueri: Manole. SHABAN, N; KENNO, K. A. e MILNE, K. J. (2014). The effects of a 2 week modified high intensity interval training program on the homeostatic model of insulin resistance (HOMA-IR) in adults with type 2 diabetes. J. Sports Med. Phys. Fitness; 54(2): 203-9. SOUSA, M. S. C. (2008). Treinamento físico individualizado (personal training): Abordagem nas diferentes idades, situações especiais e avaliação física. João Pessoa: Editora Universitária. TABATA, I., NISHIMURA, K; KOUZAKI, M; HIRAI, Y; OGITA, F; MIYACHI, M. et al. (1996). Effects of moderate-intensity endurance and high-intensity intermittent training on anaerobic capacity and VO2max. Med. Sci. Sports Exerc. 28(10):1327-30. DALAHANTY, Linda.M; NATHAN, M.David; Vença o diabetes, - 1ª edição [versão brasileira]. - São Paulo, Sp: Editora Fundamento Educacional.2014. 32 Pesquisa em mídias eletrônicas: World Health Organization (2014). Disponível em: www.who.int. Acesso em: 30 de maio de 2017. American College Of Sports Medicine (2014). Disponível em: www.acsm.org. Acesso em: 22 de maio de 2017. Imagens em anexo: http://www.medicinageriatrica.com.br/2013/05/21/transpote-de-glicose-glut-4-nos- diabetes-e-obesidades/ https://pt.slideshare.net/rukka/sistema-digestivo-14658548
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