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Andressa Marques – medicina UFR DIAGNÓSTICO DA GRAVIDEZ →O diagnóstico precoce da gravidez é muito importante e pode ser clínico, hormonal ou ultrassônico. DIAGNÓSTICO CLÍNICO ANAMNESE →Amenorreia – pode ser de causa fisiológica e patológica →Perda de sangue na gravidez pode indicar ameaça de aborto, hemorragia de implantação do ovo ou casos de placenta prévia (entre outros motivos) →Alterações digestivas: náuseas e vômitos; pirose; aumento do apetite; perversão do apetite; →Outros: alterações do odor (hiposmia, hiperosmia e parosmia; lipotimia, tonturas, polaciúria, sonolência, irritabilidade etc). INSPEÇÃO →Geral: lanugem – pelos finos (Sinal de Halban), cloasma da gravidez, aréola secundária (sinal de Hunter), tubérculos de Montgomery, rede de Haller, linha nigra, varizes de surgimento recente. →Local – VAGINA → Sinal de Jacquemier e Sinal de Kluge – escurecimento das mucosas →Palpação → a partir do 4° ou 5° mês – identificação dos segmentos do feto, percepção dos movimentos fetais. AUSCULTA → Com sonar, a partir de 12s, em pacientes não obesas; →Com estetoscópio de Pinard, a partir de 16s TOQUE → Aumento do útero, diminuição da consistência →Sinal de Noble-Budin: preenchimento dos fundos de saco laterais; →Sinal de Piskacek: assimetria do útero →Sinal de Hegar: amolecimento da parte inferior do útero (uso do instrumento velas de Hegar para o exame) Os sintomas da gravidez são classificados em: 1. Sintomas de presunção 2. Sintomas de probabilidade 3. Sintomas de certeza Andressa Marques – medicina UFR SINAIS DE PRESUNÇÃO QUATRO SEMANAS →Amenorreia – é o sinal mais precoce CINCO SEMANAS →Náuseas - durante o primeiro trimestre da gestação, mais de 50% das mulheres sofrem de náuseas, geralmente matinais, tendo como consequência imediata vômitos e anorexia. Outras, ao contrário, apresentam maior apetite, não sendo rara a extravagância alimentar; →Congestão mamária – relato de mamas congestas e doloridas; (Na 8ª semana, a aréola primária torna-se mais pigmentada e surgem os tubérculos de Montgomery; em torno de 16 semanas, é produzida secreção amarela (colostro), e pode ser obtida por expressão mamária correta. Além disso, o aumento da circulação venosa é comum – rede de Haller. Em torno da 20ª semana, surge a aréola secundária, que aumenta a pigmentação em volta do mamilo.) SEIS SEMANAS →Polaciúria – o útero, com maior volume e em anteflexão acentuada, começa a comprimir a bexiga levando à a micção frequente, com emissão de pequena quantidade de urina, pois a compressão impede o armazenamento de muita urina; No segundo trimestre, tal sintomatologia cessa, retornando nas duas últimas semanas, ao insinuar a apresentação fetal. SINAIS DE PROBABILIDADE SEIS SEMANAS →Amenorreia - após 10 a 14 dias de atraso menstrual, considera-se provável sinal de amenorreia, o que nem sempre indica gravidez; -Tanto circunstâncias fisiológicas quanto patológicas podem levar a amenorreia; -Aleitamento e menopausa são exemplos fisiológicos – todavia, muitas mulheres concebem durante o aleitamento ao se intercalar o ciclo ovulatório. Há pacientes que gestam sucessivamente, ano após ano, sem ter restabelecido o ciclo menstrual. A fecundação após alguns meses de amenorreia climatérica é difícil, embora não seja impossível. -Dentre as amenorreias patológicas, destacam-se as de origem emocional e as vigentes durante o uso dos anovulatórios. -Embora seja mais escassa, a perda sanguínea cíclica semelhante à menstruação não exclui gravidez, pois isso pode ocorrer nos primeiros meses (hemorragia de implantação ovular). →Aumento do volume uterino - o toque combinado infere as alterações que a gravidez imprime ao útero. Fora da gestação, o órgão é intrapélvico, localizado abaixo do estreito superior; na gravidez, expande-se; com 6 semanas, apresenta volume de tangerina; com 10 semanas, de uma laranja; e com 12 semanas, o tamanho da cabeça fetal a termo, sendo palpável logo acima da sínfise púbica. OITO SEMANAS →Alteração da consistência uterina – o útero vazio é firme; na gravidez, com 8 semanas, adquire consistência cística, elástico-pastosa, principalmente no istmo (sinal de Hegar) Andressa Marques – medicina UFR -Por vezes, o amolecimento intenso dessa região faz parecer que o corpo está separado do colo. →Alteração do formato uterino – inicialmente o útero cresce de forma assimétrica, se desenvolvendo mais na zona de implantação; a sensação tátil é de abaulamento e amolecimento no local, sendo possível notar, eventualmente, sulco separando as duas regiões (sinal de Piskacek) -Na ausência de gravidez, em geral, os fundos de saco estão vazios; a partir de 8 semanas, quando a matriz de piriforme assume o formato globoso, o dedo que examina encontra-os ocupados pelo corpo uterino (sinal de Nobile-Budin) -Há percepção dos batimentos do pulso vaginal nos fundos de saco (sinal de Osiander) devido à hipertrofia do sistema vascular. -O procedimento do toque é completado pelo exame especular, que poderá precedê-lo de acordo com a rotina estabelecida. Ao entreabrir a vulva, destaca-se a coloração violácea da sua mucosa (vestíbulo e meato uretral), denominada sinal de Jacquemier ou de Chadwick; a mesma tonalidade da mucosa vaginal constitui o sinal de Kluge. -Imagem mostrando as relações do útero com a bexiga. DEZESSEIS SEMANAS →Aumento do volume abdominal – como já falado, o útero torna-se palpável com 12 semanas e nota- se o aumento do volume abdominal progressivo em torno de 16 semanas. Andressa Marques – medicina UFR SINAIS DE CERTEZA →São dados pela existência do concepto, anunciada pelos batimentos cardiofetais e pela sua movimentação ativa; a ultrassonografia é capaz de rastreá-los com 7 a 8 semanas. QUATORZE SEMANAS →Sinal de Puzos - Trata-se do rechaço fetal intrauterino, que se obtém ao impulsionar o feto com os dedos dispostos no fundo de saco anterior. Dessa maneira, ocorre impressão de rechaço quando o concepto se afasta e quando ele retorna. DEZOITO SEMANAS →Percepção e palpação dos movimentos ativos do feto – no início são mais discretos, depois tornam- se vigorosos com a evolução da gestação; →Palpação dos segmentos fetais – em função do volume maior do feto começa-se a palpar cabeça e membros; DE VINTE A VINTE E UMA SEMANAS →Auscultação - Trata-se da identificação dos batimentos cardíacos fetais (bcf), o mais fidedigno dos sinais de gravidez. Antigamente usava-se o estetoscópio de Pinard, atualmente é obtida com sonarDoppler. DIAGNÓSTICO HORMONAL →Constitui um dos melhores parâmetros para o diagnóstico de gravidez incipiente; →Apoia-se na produção de gonadotrofina coriônica humana (hCG) pelo ovo. Andressa Marques – medicina UFR →Uma semana após a fertilização, o trofoblasto, implantado no endométrio, começa a produzir a beta hCG em quantidades crescentes, que podem ser encontradas no plasma ou na urina maternos. BETA-hCG →Função: manter o corpo lúteo durante o início da gestação, aproximadamente por 10 semanas, e estimular a produção de esteroides, impedindo a perda do endométrio e o fim da gravidez; →Produzido no trofoblasto, que dará origem à placenta; →Detectado a partir da 3ª ou 4ª semanas de gravidez a partir da DUM (data da última menstruação, em que se considera o primeiro dia da menstruação para o cálculo); →O hCG é formado por duas grandes moléculas, chamadas de subunidades alfa (ou fração alfa) e subunidade beta (ou fração beta). A primeira é estruturalmente semelhante a vários outros hormônios, com o hormônio folículo-estimulante (FSH) ou o hormônio luteinizante (LH); já a segunda é ÚNICA, não existindo em mais nenhum outro hormônio. BETA hCG SANGUÍNEO →Início da produção: 6 a 8 dias após a fecundação,no momento da implantação; →Dobram a cada 2-3 dias, com pico ao redor de 250.000 mUI/ml na 10ª semana; →Os métodos atuais detectam o beta-hCG com até uma semana de atraso; →Interpretação: pode ser QUALITATIVO (positivo ou negativo) ou QUANTITATIVO (fornece o valor); Andressa Marques – medicina UFR →Os testes de farmácia sempre são qualitativos – “Detect Baby” detecta o hCG na urina por método imunocromatográfico a partir de 1 dia de atraso, a partir de 25mUI/ml; “Famivita” detecta a partir de 10 mUI/ml; outros testes: “Confirme”, “Clear Blue”. →Há basicamente três tipos de testes para a identificação de hCG: 1. TESTES IMUNOLÓGICOS →O hCG é uma proteína e, como tal, induz à formação de anticorpos (antissoro) em outros animais (p. ex., coelho). →O antissoro é utilizado para identificar hormônios na urina a ser examinada, embora seja necessário tornar visível a reação; isso é possível, basicamente, com hemácias ou partículas de látex. →É necessário observar se a urina está bastante concentrada, a fim de melhorar a sensibilidade dos testes. Prova de inibição da aglutinação do látex - denominado teste de lâmina, é de leitura rápida, com duração de poucos minutos. Apresenta dois inconvenientes: a imagem do resultado pode ser discutível e a sensibilidade é menor (1.500 a 3.500 UI/ℓ). Prova de inibição da Hemaglutinação - chamada teste de tubo, oferece leituras em 2 h, raramente de interpretação duvidosa, e com mais sensibilidade (750 a 1.000 UI/ℓ). Recentemente, foi lançada uma variante, na qual o antissoro (e não as hemácias) tem o hCG ligado, o que inverte a imagem dos resultados. Denomina-se hemaglutinação passiva reversa, utiliza dois anticorpos monoclonais (camundongo) e oferece sensibilidade desde o nível de 75 UI/ℓ. Na prática, para que o exame seja realizado, aconselha- se que o atraso menstrual ultrapasse 10 a 14 dias. Oferece sensibilidade de 97 a 99%. Com a nova modalidade, afirma-se que o mesmo pode ser obtido com 1 a 3 dias de amenorreia. Medicamentos psicotrópicos, proteinúria e mulheres no climatério (reação cruzada com o LH, neste caso, em teor bem mais elevado) podem determinar resultados falso-positivos; os falsonegativos ocorrem em urinas de baixa densidade (grandes volumes nicteméricos, acima de 2 ℓ), na primeira ou na segunda semana do atraso menstrual e, ocasionalmente, durante o segundo trimestre, quando é mais baixo o limite inferior dos níveis de hCG. 2. TESTES RADIOIMUNOLÓGICOS →Consistem na dosagem de hCG por método radioimunológico (RIA), com base na competição do hormônio em questão com traçador adequado (o próprio hormônio marcado com radioiodo), conforme a quantidade fixa de antissoro. →A dificuldade nesse procedimento é a reação cruzada com LH hipofisário, que é corrigida ao fazer a dosagem da subunidade beta do hCG, que é mais específica e, atualmente, é a única de uso corrente. →A dosagem de hCG-β possibilita diagnóstico precoce, com 10 a 18 dias da concepção, e sensibilidade de 5 mUI/mℓ. →Os resultados são obtidos em aproximadamente 4 h, o que torna possível aos laboratórios especializados o fornecimento de duas séries por dia. 3. TESTE ELISA Andressa Marques – medicina UFR →O enzimaimunoensaio (ELISA) apresenta a mesma base teórica do RIA; contudo, substitui o hormônio marcado com radioisótopo por enzima, capaz de atuar sobre um substrato incolor e originar produto colorido. →A intensidade da cor obtida é proporcional à quantidade de hormônio. →Sua principal vantagem é o maior tempo de vida útil, pois não contém radioisótopos (de atividade limitada). →Para dosar o hCG-β, sua sensibilidade é de 25 mUI/mℓ 14 a 17 dias após a concepção. DIAGNÓSTICO ULTRASSONOGRÁFICO →Atualmente, é obrigatório o uso da ultrassonografia transvaginal no primeiro trimestre da gravidez. →Com 4 a 5 semanas, na parte superior do útero, começa a aparecer formação arredondada, anelar, de contornos nítidos, que corresponde à estrutura ovular, denominada, em ultrassonografia, saco gestacional (SG). Andressa Marques – medicina UFR →A partir de 5 semanas, é possível visualizar a vesícula vitelina e, com 6 semanas, o eco embrionário e a sua pulsação cardíaca bcf. (legenda imagem abaixo: Gestação de 8 semanas (ultrassonografia 3D). E, embrião; VV, vesícula vitelina.) →Em torno de 10 a 12 semanas, nota-se espessamento no SG, que representa a placenta em desenvolvimento e seu local de implantação no útero. →Com 12 semanas, a placenta pode ser facilmente identificada e apresenta estrutura definida com 16 semanas. Marcos importantes ocorridos à ultrassonografia transvaginal no primeiro trimestre: ❖ USO DA ALTURA UTERINA PARA ESTIMAR O TEMPO DE GRAVIDEZ Andressa Marques – medicina UFR RESUMINDO... PSEUDOCIESE →Quadro de gravidez psicológica – a paciente acredita realmente que está grávida – NÃO É FINGIMENTO →Mulher apresenta alguns sinais/sintomas de gravidez, porém não está grávida; →Ausência de menstruação, náuseas, crescimento do abdome, escurecimento dos mamilos, galactorreia etc. →1/10.000 gestações; →Pode estar associada a psicopatias, traumas etc. →Requer tratamento psiquiátrico/psicológico. REFERÊNCIAS Rezende – Obstetrícia fundamental, 13ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. Parte 2, capítulo 7. Aula Dr. Renato Augusto Menegaz
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