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Unidade 7 Extinção das Obrigações e Pagamento direto 2018 1

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1 
 
Profª Alice Soares – http://dodireitoaeducacao.blogspot.com.br 
Direitos autorais reservados. Vedada a reprodução ou cópia, sem prévia e expressa autorização 
 
DIREITO CIVIL – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
Aula 7 Extinção das obrigações e pagamento direto 
Profª Msc Alice Soares 
Unidade 7 Extinção das Obrigações e Pagamento direto 
 
1. Extinção das obrigações 
 
As obrigações são criadas para serem cumpridas! 
Tanto o credor quanto o devedor visam o cumprimento da obrigação; o seu cumprimento levará, 
então, à sua extinção. 
Por isso dizemos que as obrigações são fadadas à extinção (pelo adimplemento). 
O seu não-cumprimento é um desvio do seu destino natural, portanto. 
Passaremos a ver, agora, o pagamento direto da obrigação. 
 
2. Pagamento direto 
 
A palavra pagamento tem seu uso corriqueiro associado exclusivamente à entrega de certa soma em 
dinheiro devida pelo devedor. 
Contudo, no direito obrigacional, pagar significa cumprir voluntariamente a obrigação, seja ela de 
dar (entregar ou restituir qualquer bem), fazer ou não-fazer, o que resultará na liberação do devedor do 
vínculo obrigacional. Pagamento é sinônimo de cumprimento, adimplemento. 
O Código Civil disciplina os requisitos ou condições do pagamento direto, os quais dividimos em: 
a) Requisitos subjetivos: referem-se aos sujeitos do pagamento. 
b) Requisitos objetivos: referem-se à forma, lugar e tempo do pagamento. 
Vamos a eles! 
 
3. Requisitos (condições) subjetivos do pagamento 
Chama-se requisito subjetivo porque tange aos sujeitos do pagamento: o solvens e o accipiens. 
 
3.1 Aquele que deve pagar 
3.1.1 Quem pode pagar 
 
Aquele que paga/cumpre a obrigação é chamado de solvens. 
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DIREITO CIVIL – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
Aula 7 Extinção das obrigações e pagamento direto 
Profª Msc Alice Soares 
A princípio, o solvens é o devedor, visto ser ele, como regra, o principal interessado no cumprimento 
da obrigação, visto que sofrerá os ônus do inadimplemento. Mas não só. 
Analisando-se a previsão do art. 304, CC, percebe-se que, além do devedor, também podem pagar o 
terceiro interessado e o terceiro não-interessado: 
Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se 
opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor. 
Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do 
devedor, salvo oposição deste. 
 
Note que se se tratar de obrigação personalíssima, somente o devedor poderá cumpri-la, ok?! 
Agora, cumpre indagar: 
 
Quem é o terceiro? 
Alguém diverso do devedor. 
Quem é o terceiro interessado? 
Conforme esclarece GAGLIANO E OUTRO (2012, p. 151): 
[...] entende-se a pessoa que, sem integrar o polo passivo da relação obrigacional-base, encontra-se 
juridicamente adstrita ao pagamento da dívida, a exemplo do fiador que se obriga ao cumprimento 
caso o devedor direto (afiançado) não o faça. 
Conforme esclarece PERACCHI (2016, P.166), reproduzindo as palavras de Rosenvald: 
No dizer de Nelson Rosenvald e Cristiano Farias9 , o terceiro interessado é aquele "que integra a 
relação obrigacional, por estar indiretamente responsável pela solução do débito e, portanto, 
juridicamente legitimada a resgatá-lo, sob pena de sofrer os efeitos deletérios do inadimplemento". O 
interesse, aqui, como regra, será o interesse jurídico. 
Também se enquadra como terceiro interessado o sublocatário (VILLAÇA apud GAGLIANO E 
OUTRO, 2012, p. 151). O locador aluga para o locatário e este, mediante autorização daquele, aluga para o 
sublocatário. Se o locatário não paga o s aluguéis perante o locador, este pode despejá-lo e, 
consequentemente, poderá retirar o sublocatário do imóvel também. O sublocatário, então, para se preservar, 
paga a dívida do locatário perante o locador, na qualidade de terceiro interessado. 
Quem é o terceiro não-interessado? 
Novamente, recorreremos à explicação de GAGLIANO E OUTRO (2012, p. 151): 
Trata-se de pessoa que não guarda vinculação jurídica com a relação obrigacional-base, por 
nutrir interesse meramente moral. É o caso do pai, que paga a dívida do filho maior, ou do provecto 
amigo, que honra o débito do seu compadre. Tais pessoas agem movidas por sentimento de 
solidariedade familiar ou social, não estando adstritas ao cumprimento da obrigação. 
 
É, portanto, pessoa diversa do devedor, que não tem interesse jurídico no cumprimento da obrigação, 
apenas interesse moral. 
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DIREITO CIVIL – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
Aula 7 Extinção das obrigações e pagamento direto 
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3.1.2 Pagamento realizado por terceiro 
 
O Código Civil prevê condições e efeitos diferentes para o pagamento realizado por terceiro, caso 
esse tenha interesse jurídico ou não. Vamos estudar estas diferenças! 
Para tanto, vejamos os artigos 304, 305 e 306, CC: 
Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos 
meios conducentes à exoneração do devedor. 
Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do 
devedor, salvo oposição deste. 
Art. 305. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a 
reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor. 
Parágrafo único. Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao reembolso no vencimento. 
Art. 306. O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do devedor, não obriga a 
reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios para ilidir a ação. 
a) Pagamento realizado por terceiro interessado: assim como o devedor, o terceiro 
interessado poderá usar dos meios conducentes à exoneração do devedor, como manejar a ação de 
consignação em pagamento, se o credor se recusar injustamente a receber pagamento ou dar quitação. 
Destaque-se que, quando o terceiro interessado paga, ele se sub-roga nos direitos do credor, ou seja, ele 
passa a ser o credor no lugar no credor originário que foi satisfeito. 
b) Pagamento realizado por terceiro não-interessado: aqui, a análise deverá ser dividida em 
duas situações diferentes. 
b.1) terceiro não-interessado paga a dívida em nome e à conta do devedor: não tem direito a 
reembolso do devedor, pois entende-se que há, no caso, animus donandi (intenção de doar). Poderá 
fazer uso dos meios conducentes à liberação do devedor. 
b.2) terceiro não-interessado paga a dívida em seu próprio nome: embora não possa forçar o 
credor a receber, este poderá aceitar o pagamento voluntariamente. Pagando em seu próprio nome, o 
terceiro interessado tem o direito de cobrar o que desembolsou do devedor. Apenas não ocorrerá sub-
rogação. Este assunto será estudado oportunamente. Entenda que o terceiro não passará a ter as 
faculdades, preferência, privilégios e garantias do credor originários. 
Note que o art. 306, CC prevê que se o devedor desconhece ou se opõe ao pagamento realizado por 
terceiro, este não terá direito de reembolso, se o devedor tinha meios para ilidir a ação. Pense na situação em 
que a dívida estava prescrita e o devedor iria alega este fator para não pagar. GAGLIANO E OUTRO (2012, 
p. 154) ainda afirmam que a recusa do devedor poderá ter fundo moral também. Por exemplo: pode o 
devedor opor-se ao pagamento realizado por terceiro porquanto é seu inimigo mortal. 
 
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3.1.3 Pagamento que importa em transmissão da propriedade 
 
Assim prevê o art. 307, CC: 
Art. 307. Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da propriedade, quando feito por 
quem possa alienar o objeto em que ele consistiu. 
Parágrafo único. Se se der em pagamento coisa fungível, não se poderá mais reclamar do credor que, 
de boa-fé, a recebeu e consumiu, ainda que o solvente não tivesse o direito de aliená-la. 
Se o cumprimento da obrigação se faz mediante a transferência da propriedade sobre certo bem, é 
claro que só pode pagar aquele que tem a propriedade sobre o bem. De outra forma, o pagamento é ineficaz 
(não produz efeitos). Trata-se da regra jurídica milenar que diz: “Ninguém pode dispor de mais direitos do 
que possui.” 
Se o devedor entrega certo bem ao credor em pagamento de uma dívida, mas não é seu proprietário e 
o verdadeiro proprietário da coisa descobre, este cobrará a devolução do bem. Se a coisa for fungível e 
consumível e o credor, de boa-fé, a consumir, caberá ao verdadeiro proprietário da coisa apenas cobrar uma 
indenização pelo bem perdido do devedor alienante, não podendo atacar o credor de boa-fé, portanto. 
 
3.2 Aquele a quem se deve pagar 
 
Aquele a quem se deve pagar é chamado de accipiens. 
Podem ser accipiens, o credor (por óbvio), mas também o representante do credor ou um terceiro, 
conforme se extrai do art. 308, CC: “Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o 
represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito.” 
Terceiro é a pessoa diversa do credor ou do representante dele. 
Para ter segurança, o devedor preferirá pagar ao credor, pois este é o primeiro legitimado a receber. 
Este pode ser o credor originário (que fez parte, desde o início, da relação obrigacional) ou o credor 
derivado, ou seja, a pessoa que assumiu a posição de credora por sucessão causa mortis (filho do credor 
originário, por exemplo) ou ato inter vivos (o cessionário na cessão de crédito, por exemplo). 
O pagamento poderá ser feito também ao representante do credor. O representante será legal, quando 
se tratar, por exemplo, dos pais do filho menor credor ou o diretor de uma empresa credora. O representante 
será convencional quando o credor contratar um mandatário, um procurador para receber em seu lugar e em 
seu nome. 
O pagamento feito a terceiro (que não é o credor nem seu representante, portanto) é arriscado, mas 
pode ter eficácia. O pagamento valerá se for pelo credor ratificado (confirmado), ou tanto quanto reverter em 
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seu proveito. Cabe esta prova ao devedor que pagou ao terceiro. Se, no entanto, o devedor foi descuidado e 
pagou a “qualquer um”, sofrerá o ônus de sua negligência, valendo a máxima “quem paga mal, paga duas 
vezes”. Pagará novamente ao credor correto. 
Além da regra do art. 308, CC, explicada, o Código Civil apresenta outras disposições sobre a figura 
do accipiens e a validade do pagamento. Vamos a elas! 
Assim dispõe o art. 309, CC: “Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, 
ainda provado depois que não era credor.” 
Credor putativo é o credor aparente. Aplica-se a chamada Teoria da Aparência, conhecida do 
direito administrativo. 
Ao devedor de boa-fé, de diligência e prudência medianas, a pessoa que se apresenta para receber 
parece ser o credor ou representante dele. Se assim for, o pagamento é válido e eficaz. Se, no entanto, o 
devedor estava de má-fé ou cometia erro grosseiro, o pagamento não valerá e ele terá que pagar ao credor 
verdadeiro novamente. 
Concluindo sobre o assunto: se o devedor está de boa-fé e o erro é escusável (perdoável), o 
pagamento feito ao credor aparente é eficaz e o credor verdadeiro deverá cobrar do aparente o que este 
recebeu, pois o devedor estará liberado da dívida. Se, no entanto, o devedor está de má-fé e/ou o engano é 
grosseiro, o pagamento feito ao credor putativo é ineficaz e o devedor terá que pagar novamente ao credor 
verdadeiro, cabendo exigir devolução do falso credor. 
Prosseguindo. 
Vejamos a regra do art. 310, CC: “Art. 310. Não vale o pagamento cientemente feito ao credor 
incapaz de quitar, se o devedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu.” 
Se o credor for incapaz (menor de idade, amental, etc...), o deverá terá que pagar ao seu representante 
legal. Se, no entanto, paga diretamente àquele, poderá ter que pagar novamente, se não provar que o 
pagamento feito efetivamente se reverteu para o credor incapaz. 
O art. 311, CC assim prevê: “Art. 311. Considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da 
quitação, salvo se as circunstâncias contrariarem a presunção daí resultante.” 
“Portador da quitação” é a pessoa que está de posse de documento de quitação da dívida. Se esta 
pessoa se apresenta ao devedor, a princípio, este poderá pagar a ele, a menos que as circunstâncias digam 
exuberantemente o contrário. Imagine as seguintes situações: o suposto documento de quitação é uma cópia 
grosseira; o devedor foi avisado que o bloco de recibos fora furtado; o devedor foi avisado que o portador da 
quitação for demitido, etc. 
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Por derradeiro, vamos ao art. 312, CC: 
Art. 312. Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita sobre o crédito, ou da 
impugnação a ele oposta por terceiros, o pagamento não valerá contra estes, que poderão constranger 
o devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso contra o credor. 
 
Para entender o art. 312, você deve pensar em três personagens: devedor, o credor e o credor do 
credor. 
Para facilitar, vamos a exemplo: 
[...] se Caio deve a Tício a importância de 1.000,00, temos que tal crédito poderá ser 
penhorado pelos credores de Tício. Nesse caso, se Mévio obtém a constrição judicial (penhora) de tal 
crédito (o que, por óbvio, somente pode acontecer antes de ser efetivado o pagamento) e, mesmo 
assim, Caio, ciente dela, paga a importância diretamente a Tício, temos a aplicação da regra; “quem 
paga mal, paga duas vezes”, pois Mévio poderá exigir de Caio o valor correspondente, como se o 
valor não tivesse sido pago. Da mesma forma, se Caio deve a mesma importância ou um cavalo de 
raça a Tício, e Mévio impugna tal relação creditícia, alegando ser o efetivo destinatário do bem, 
poderá Mévio exigir que lhe seja pago o valor equivalente por Carlos, caso este, precipitadamente, 
pague diretamente o suposto crédito a Tício. (GAGLIANO E OUTRO, 2012, p. 161) 
Ou seja, o devedor deverá depositar em juízo o objeto da dívida. 
 
4. Requisitos objetivos do pagamento 
 
Os requisitos objetivos, por óbvio, referem-se ao objeto da obrigação: forma, lugar e tempo do 
pagamento. 
 
4.1 Objeto do pagamento e sua prova 
Sobre este ponto, em primeiro lugar, cumpre esclarecer que o credor não é obrigado a receber 
prestação diferente da que foi estabelecida (embora possa assim aceitar), nem receber em partes, mesmo que 
o objeto seja divisível, nos termos dos arts. 313 e 314, CC: 
Art. 313. O credornão é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais 
valiosa. 
Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a 
receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou. 
 
O art. 313 consigna o Princípio da identidade ou correspondência (o objeto deve ser exatamente 
aquele previsto) e da integralidade ou exatidão (diz respeito à forma, ao modo de cumprimento da 
obrigação). 
Da mesma forma, o devedor não é obrigado a pagar em partes. Trata-se do Princípio da 
Indivisibilidade do Objeto. 
Para todos estes princípios, Peracchi (2016, p. 172) traz um exemplo: 
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Imagine que Roberto esteja obrigado a entregar a Renato dez sacas de farinha branca, até a segunda 
quinzena de janeiro, no armazém do credor. O princípio da identidade impõe que seja entregue a 
farinha branca, não de outra qualidade. O princípio da integralidade determina a observância ao 
modo, isto é, o devedor precisa entregar o produto no estabelecimento do credor. 
Note, no entanto, que o Código de Processo Civil, visando a facilitar o cumprimento da obrigação, de 
modo a satisfazer tanto o credor quanto o devedor, prevê a possibilidade de pagamento parcelado: 
Art. 916. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e comprovando o depósito 
de trinta por cento do valor em execução, acrescido de custas e de honorários de advogado, o 
executado poderá requerer que lhe seja permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, 
acrescidas de correção monetária e de juros de um por cento ao mês. 
§ 1o O exequente será intimado para manifestar-se sobre o preenchimento dos pressupostos do caput, 
e o juiz decidirá o requerimento em 5 (cinco) dias. 
§ 2o Enquanto não apreciado o requerimento, o executado terá de depositar as parcelas vincendas, 
facultado ao exequente seu levantamento. 
§ 3o Deferida a proposta, o exequente levantará a quantia depositada, e serão suspensos os atos 
executivos. 
§ 4o Indeferida a proposta, seguir-se-ão os atos executivos, mantido o depósito, que será convertido 
em penhora. 
§ 5o O não pagamento de qualquer das prestações acarretará cumulativamente: 
I - o vencimento das prestações subsequentes e o prosseguimento do processo, com o imediato 
reinício dos atos executivos; 
II - a imposição ao executado de multa de dez por cento sobre o valor das prestações não pagas. 
§ 6o A opção pelo parcelamento de que trata este artigo importa renúncia ao direito de opor embargos 
 
Mas note que tal só será possível já na fase de execução de um processo judicial. 
Sobre o valor do pagamento, vejamos algumas regras para depois explicá-las: 
Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo 
valor nominal, salvo o disposto nos artigos subseqüentes. 
Art. 316. É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas. 
 
A princípio, as dívidas em dinheiro, ainda que cumpridas em momento posterior ao estabelecimento 
da obrigação, são pagas pelo valor nominal. Exemplo: João empresta para Maria, R$ 500,00, para serem 
pagos em um ano. Um ano depois, Maria deverá pagar R$ 500,00. 
Contudo, as partes podem estabelecer cláusulas móveis ou aumento progressivo as prestações para 
manter seu valor real. Ex: um parcelamento de um pagamento, em que no primeiro mês, a parcela seja de R$ 
500,00; no segundo mês, seja de R$ 501,00; no terceiro, no valor de R$ 501,50, etc. 
Outro regra importante está no art. 318, CC: “São nulas as convenções de pagamento em ouro ou 
em moeda estrangeira, bem como para compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, 
excetuados os casos previstos na legislação especial.” 
O pagamento de dívida deve ser em reais, moeda corrente do país. Como regra, não se pode exigir o 
pagamento em outra moeda ou ouro, nem indexar o pagamento por estes. Há exceções legais como, por 
exemplo, as previstas no Decreto-lei 857/1969: 
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Art 1º São nulos de pleno direito os contratos, títulos e quaisquer documentos, bem como as 
obrigações que exeqüíveis no Brasil, estipulem pagamento em ouro, em moeda estrangeira, ou, por 
alguma forma, restrinjam ou recusem, nos seus efeitos, o curso legal do cruzeiro. 
Art 2º Não se aplicam as disposições do artigo anterior: 
I - aos contratos e títulos referentes a importação ou exportação de mercadorias; 
II - aos contratos de financiamento ou de prestação de garantias relativos às operações de exportação 
de bens de produção nacional, vendidos a crédito para o exterior; 
III - aos contratos de compra e venda de câmbio em geral; 
IV - aos empréstimos e quaisquer outras obrigações cujo credor ou devedor seja pessoa residente e 
domiciliada no exterior, excetuados os contratos de locação de imóveis situados no território nacional; 
V - aos contratos que tenham por objeto a cessão, transferência, delegação, assunção ou modificação 
das obrigações referidas no item anterior, ainda que ambas as partes contratantes sejam pessoas 
residentes ou domiciliadas no país. 
 
Prosseguindo... O art. 317, CC funda-se na chamada Teoria da Imprevisão. Assim prevê: 
Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da 
prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de 
modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação. 
A Teoria da Imprevisão, de construção francesa, retoma a concepção do direito romano clássico da 
cláusula rebus sic stantibus. No direito brasileiro, no direito romano clássico ou no direito francês do século 
XX, a regra reside no princípio da obrigatoriedade dos contratos: uma vez estabelecidas das obrigações 
contratuais, estas têm que ser cumpridas pelas partes. Se assim não fosse a regra, haveria grande insegurança 
jurídica, social e econômica. 
Contudo, à luz da cláusula rebus sic stantibus, se as condições sociais e econômicas do momento da 
execução do negócio fossem MUITO diferentes daquelas do momento em que o contrato foi pactuado, a 
parte prejudicada poderia pedir ao Juiz a revisão dos termos do negócio, de modo a reequilibrar as forças 
contratuais. Em razão das grandes e guerras e da crise do capitalismo que assolaram a Europa, os tribunais 
daquele continente passaram a receber demandas em que se pleiteava a revisão dos contratos, sob o 
argumento explicado. E assim, em muitos casos, os magistrados acolheram o argumento. 
No Brasil, esta nova (velha) concepção da relação contratual também encontrou espaço e a teoria 
ganhou nome. 
No art. 317, CC, portanto, vemos a aplicação da teoria. Se motivos imprevisíveis promoverem 
desproporção entre o valor original da obrigação e o valor que deverá ser cumprido, o juiz poderá alterá-lo 
para reequilibrar o negócio. Como exemplo de sua aplicação (PERACCHI, 2016, p. 174): 
Exemplificando, imagine que Sebastião foi contratado por Luciano para construir uma garagem na 
residência deste. Foi definido valor certo para todas as despesas envolvidas (mão de obra, materiais 
etc.), dentro daquilo que se denomina contrato de empreitada global. Durante a execução do contrato, 
sobreveio aumento nos preços dos materiais na ordem de 30%. Ora, não é razoávelexigir que 
Sebastião, devedor, tenha prejuízo na execução do objeto contratado, sendo-lhe autorizado pleitear a 
revisão judicial da prestação, caso não chegue a um novo acordo com o credor. 
 
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 Falemos da prova do pagamento. 
O devedor, é claro, tem interesse em pagar e provar que pagou, se necessário. Neste sentido, a regra 
do art. 319, CC: “O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o pagamento, enquanto 
não lhe seja dada.” Significa que, se o credor não quiser dar quitação, o devedor pode não entregar o objeto 
da obrigação, mas deverá consignar, assunto que será abordado na próxima unidade. 
O documento de quitação prova que o devedor realizou pagamento. Sobre a forma do documento de 
quitação, dispõe o art. 320, CC: 
Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a 
espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do 
pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante. 
Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se de seus 
termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida. 
 
Note que o caput do artigo traz os elementos que devem compor o documento de quitação, mas o 
parágrafo único admite que qualquer documento com informações mínimas pode comprovar a quitação. 
A quitação também pode consistir na entrega do documento que consubstancia a dívida, como um 
título de crédito. Um exemplo tradicional é a nota promissória. Veja o art. 321, CC: “Art. 321. Nos débitos, 
cuja quitação consista na devolução do título, perdido este, poderá o devedor exigir, retendo o pagamento, 
declaração do credor que inutilize o título desaparecido.” O devedor ao pagar a dívida tem o direito de 
receber do credor a nota promissória que havia assinado, onde está consignada a dívida. Se o credor alega 
que não está de posse do título e não poderá entrega-lo, o devedor poderá exigir um documento em que o 
credor exponha este fato, como forma de se proteger. 
O Código Civil também prevê algumas presunções relativas de pagamento. Em todos os casos, 
admite-se prova em contrário a cargo do credor, porque se tratam de presunções em favor do devedor. 
Vejamos as regras. 
Art. 322, CC: “Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última estabelece, até 
prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores.” Se o devedor paga prestação mais 
adiantada, faz surgir para ele a presunção relativa de que pagou as anteriores. Cabe ao credor provar que as 
parcelas anteriores não foram adimplidas. 
Art. 323, CC: “Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes presumem-se pagos.” Os 
juros são a renda, os frutos do capital. Se o credor não faz ressalva dos juros, estes presumem-se pagos, se o 
credor aceitou o pagamento do valor principal. Vejamos o exemplo (PERACCHI, 2016, p. 176): 
se o credor quita o recebimento do capital, sem qualquer ressalva relativa aos juros, estes presumem-
se pagos. Imagine que Ana emprestou R$ 10.000,00 a Regina, que deve restituir a quantia em seis 
meses, com juros de 1% ao mês. Vencida a obrigação, caso Regina entregue R$ 10.000,00 a Ana e 
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esta dê quitação sem ressalvar que não recebeu os juros, será presumido o seu pagamento, pois os 
juros são acessórios do capital (principal). 
Art. 324, CC: “A entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento. Parágrafo único. 
Ficará sem efeito a quitação assim operada se o credor provar, em sessenta dias, a falta do pagamento.” Se o 
credor entrega o título que consubstancia a dívida ao devedor – como, por exemplo, a nota promissória do 
exemplo anterior – presume-se que o devedor pagou a dívida. Note que o credor tem o prazo decadencial de 
60 dias para provar que não houve pagamento. 
Outra presunção: “Art. 325. Presumem-se a cargo do devedor as despesas com o pagamento e a 
quitação; se ocorrer aumento por fato do credor, suportará este a despesa acrescida.” As despesas com o 
cumprimento da obrigação e sua quitação (por exemplo: despesa com o transporte, com registro em cartório, 
etc) ficam a cargo do devedor, a menos que o negócio transfira este custo ao credor, como se faz nas 
compras pela internet em que o credor – comprador – paga o frete da coisa. 
O art. 326, CC refere-se às unidades de medida das coisas: “Se o pagamento se houver de fazer por 
medida, ou peso, entender-se-á, no silêncio das partes, que aceitaram os do lugar da execução.” Como 
exemplo o alqueire. Se o contrato for feito em Minas Gerais, Rio de Janeiro ou Goiás, equivale a 4,84 
hectares; mas se for em São Paulo, valerá 2,42 hectares. Perceba, então, como esta regra é importante para 
evitar maiores discussões sobre o cumprimento da obrigação. 
 
 
4.2 Lugar do pagamento 
 
Quanto ao lugar do pagamento, as dívidas (obrigações) podem ser quesíveis (quérables) ou 
portáveis (portables). Quesível é a obrigação que deve ser cumprida no domicílio do devedor. Portável 
é a obrigação que deve ser cumprida no domicílio do credor. 
O art. 327, CC estabelece que as obrigações são, a princípio, quesíveis: 
Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente, 
ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias. 
Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles. 
 
Ainda sobre o lugar do pagamento, prevê o art. 328, CC: “Se o pagamento consistir na tradição de 
um imóvel, ou em prestações relativas a imóvel, far-se-á no lugar onde situado o bem.” Se o cumprimento 
da obrigação importa transferência da propriedade sobre um imóvel, tal deverá ser feito mediante o registro 
do título translativo junto ao Registro de Imóveis da circunscrição do imóvel, na forma do art. 1245, CC. 
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O art. 329, CC traz uma regra que protege o devedor em situações excepcionais: “Ocorrendo motivo 
grave para que se não efetue o pagamento no lugar determinado, poderá o devedor fazê-lo em outro, sem 
prejuízo para o credor.” Imagine que o lugar combinado para o cumprimento da obrigação está inundado ou 
seu acesso interditado. O devedor poderá cumprir a obrigação em outro local, desde que não causa prejuízo 
para o credor. Cabe aqui o bom senso. 
Por derradeiro, e da maior importância, vamos à análise do art. 330, CC: “Art. 330. O pagamento 
reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato.” 
Aqui, aplica-se o princípio da boa-fé objetiva. A boa-fé está presente no ordenamento jurídico 
brasileiro, tanto na sua “versão” subjetiva quanto objetiva. Por exemplo, na análise da posse, o possuidor de 
boa-fé merecerá mais direitos do que o possuidor de má-fé. Esta boa-fé é a subjetiva, porque para 
concluirmos se o possuidor está de boa-fé, verificaremos o seu estado de consciência,seu conhecimento ou 
ignorância sobre os vícios de sua posse: se ignorar a origem viciada de sua posse, estará de boa-fé 
(subjetiva). 
Contudo, no direito obrigacional e no direito contratual, tratamos da boa-fé objetiva. A análise do 
comportamento das partes contratantes ou obrigacionais não avalia a intenção ou consciência, mas sim o 
comportamento exteriorizado. Se o comportamento da parte obrigacional (credor ou devedor) ou da parte 
contratual (contratantes) se desviar de um padrão de eticidade, ele estará ofendendo a boa-fé objetiva, por 
melhores que sejam a intenções (alegadas) das partes. Isto porque a boa-fé objetiva, que deve ser respeitada 
na relação obrigacional, criar deveres para as partes (chamados deveres anexos ou deveres invisíveis), tais 
como: lealdade, confiança, colaboração, sigilo, informação, honestidade, etc. 
Voltemos ao art. 330, CC. 
Se o credor, por diversas vezes, aceita o pagamento em lugar diferente do combinado de início, não 
pode simplesmente depois dizer que não mais aceitará o pagamento no lugar costumeiro, e sim somente no 
lugar combinado. Seria trair a confiança do devedor, não colaborar com o cumprimento da obrigação, seria, 
portanto, ofender o princípio da boa-fé objetiva. No caso, ocorre a supressio (supressão) do direito do credor 
de receber no local contratado e a surrectio (nascimento, surgimento) do direito do devedor de pagar no 
local de costume. Aplica-se aqui o princípio do venire contra factum proprium, ou seja, a vedação ao 
comportamento contraditório. 
 
 
 
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4.3 Tempo do pagamento 
 
Quanto ao momento em que deve ser realizado o pagamento da obrigação, o art.331, CC estabelece 
que, se não houver convenção ou lei em sentido diferente, a obrigação é imediatamente exigível: “Art. 331. 
Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode o credor exigi-lo 
imediatamente.” 
O art.332, CC trata das obrigações condicionais: “Art. 332. As obrigações condicionais cumprem-se 
na data do implemento da condição, cabendo ao credor a prova de que deste teve ciência o devedor.” Os 
efeitos da obrigação dependerão do implemento da condição. 
Percebe-se, portanto, que se a obrigação for pura, deve ser cumprida imediatamente ou no prazo 
estipulado pelas partes ou pela lei. Antes deste prazo, como regra, o credor não pode exigir o cumprimento 
da obrigação. Contudo, o art. 333, CC apresenta rol taxativo de hipóteses em que a exigibilidade da 
obrigação será antecipada e o credor por cobrar o cumprimento da obrigação já, não precisando aguardar o 
termo assinalado: 
Art. 333. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo estipulado no 
contrato ou marcado neste Código: 
I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores; 
II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor; 
III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e o 
devedor, intimado, se negar a reforçá-las. 
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade passiva, não se reputará 
vencido quanto aos outros devedores solventes. 
 
Vejamos cada situação: 
a) no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores: estando falido o devedor, abrir-se-á 
prazo para que seus credores habilitem seus créditos no processo judicial, para cada um receba o que 
é devido, observada a ordem de preferência legal. Por tal razão, mesmo os credores cujos créditos só 
seriam exigíveis depois verão o vencimento da dívida antecipar-se. 
b) se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor: 
penhor e hipoteca são direitos reais de garantia, anexos à obrigação constituída. Todo credor tem 
como garantia genérica o patrimônio do devedor. Significa dizer que, se o devedor não cumprir sua 
obrigação, o credor poderá ser ressarcido a partir dos bens penhoráveis do patrimônio o devedor 
inadimplente. Mas quando se estabelece o direito real de garantia, o credor passar a ter uma garantia 
específica de pagamento da obrigação. A grande vantagem de se estabelecer a garantia específica é 
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ter o direito de preferência sobre o bem, caso o devedor tenha vários credores que pretendem 
penhorar este bem. 
Hipoteca é um direito real de garantia que recai principalmente sobre bens imóveis; o penhor recai 
sobre bens móveis. Quando a obrigação é garantida pela hipoteca, chamamos o credor de 
hipotecário; se a garantia é o penhor, chamamos de credor pignoratício. 
Se o bem objeto da hipoteca ou do penhor é penhorado por outro credor (penhora é ato processual 
em que certos bens do devedor são separados para satisfação do crédito: ou o credor fica com os bens 
ou estes são vendidos em hasta pública e o credor fica com o dinheiro), o credor hipotecário ou 
pignoratício tem que ser informado para receber primeiro, pois dele é a preferência. Por isso, o 
vencimento da dívida é antecipado, para que ele possa cobrá-la logo. 
c) se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou 
reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las: primeiro, é preciso que se explique que as 
garantias se classificam em duas categorias, as garantias reais (recaem sobre coisa específica; como 
exemplos, a hipoteca e o penhor) e as garantias pessoais ou fidejussórias (recaem no patrimônio de 
uma pessoa diversa do devedor; como exemplo, o fiador). Estipulada a garantia, o credor tem maior 
segurança em receber. Sendo assim, cessada ou tornada insuficiente a garantia, o credor sente-se 
inseguro, motivo pelo qual poderá exigir a substituição ou o reforço da garantia em tempo razoável. 
Se o devedor não o faz, a obrigação tem seu vencimento antecipado e pode ser, desde logo, exigida. 
Fontes: 
GAGLIANO, Pablo Stolze. PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil. 12 ed. São Paulo: Saraiva, 2011. 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2007. 
Idem, 8 ed. Idem, 2011. 
PERACCHI, Ana Carolina Lobo Gluck Paul. Direito Civil II (Obrigações). Rio de Janeiro: Seses, 2016. 
 
 
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