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Nutrição Materno Infantil Pré-eclâmpsia ou Distúrbio Hipertensivo Específico da Gestação Pré-eclâmpsia → DEFINIÇÃO: “súbito repentino”, ou seja, inesperado ↳ Resultado de má adaptação do organismo materno à gravidez ⦁ Hipertensão induzida pela gravidez ou doença hipertensiva induzida pela gravidez → Ocorre uma anormalidade no desenvolvimento da placenta – as veias e artérias que a irrigam ficam vasoconstridas e isso limita a quantidade do volume de sangue → É uma patologia materna, específica da gravidez, secundária a uma disfunção placentária → GESTAÇÃO NORMAL ↳ Migração trofoblástica ⦁ Sinciotrofoblasto é o responsável pela invasão da decídua e das artérias espiraladas, alargando o diâmetro do vaso e resultando em aumento do fluxo sanguíneo, que desenvolverá feto e placenta – células embrionárias iniciais ↳ Decídua basal – onde a placenta se fixa e é neste local que terá alteração e no futuro poderá causar pré- eclâmpsia ⦁ Acontece em 2 ondas (de formação de células), responsáveis por converter as artérias em vasos de baixa resistência 1ª onda: entre 6 – 12 semanas 2ª onda: entre 16 – 22 semanas → PERFUSÃO UTEROPLACENTÁRIA ↳ Os vilos (diminutas projeções) originários da placenta em desenvolvimento, estendem-se até o interior da parede uterina, ramificando- se sucessivamente em um complicado arranjo arboriforme ⦁ Este arranjo aumenta bastante a área de contato entre a mãe e a placenta, permitindo que mais nutrientes passem da mãe para o feto e que os produtos da degradação metabólica passem do feto para a mãe Fisiopatologia da pré- eclâmpsia → 1ª TEORIA – DISFUNÇÃO DA INTERAÇÃO DA MÃE COM A PLACENTA E O FETO ⦁ São liberadas proteínas do filho na circulação materna que provocam uma resposta imunológica da mãe contra os tecidos fetais ↳ As proteínas não são reconhecidas pela mãe → reação imunológica → agride a parede dos vasos → vasoconstrição → aumenta pressão → aumenta resistência periférica → coração bombeia mais para chegar sangue no local mas não chegará porque as veias estão vasoconstridas ⦁ Como consequência, muitas vezes a reação imunológica agride as paredes dos vasos sanguíneos, provocando uma vasoconstrição ⦁ Para vencer a resistência dos vasos contraídos, o coração é obrigado a bombear com mais força e a pressão arterial aumenta → 2ª TEORIA – IMPLANTAÇÃO ANORMAL DA PLACENTA ⦁ 1° - Não ocorre a 2ª onda de invasão trofoblástica = as artérias placentárias não são convertidas em vasos de baixa resistência – não conseguirão se dilatar ↳ Ocorre isquemia da placenta e consequente lesão endotelial dos vasos ⦁ 2° - A lesão endotelial resulta em liberação de radicais livres, aumento do tromboxano (vasoconstritor) e diminuição da prostaciclina PGI2 (vasodilatora) ↳ Gerando espasmo (estreitamento) arteriolar placentário e sistêmico ⦁ 3° - A lesão do endotélio ativa o sistema de coagulação CIVD (coagulação intravascular disseminada) ↳ Ocorrendo a formação e deposição de fibrina na microvasculatura – essa deposição de fibrina faz com que a lux da artéria diminua, levando à obstrução das que levam nutrientes para a placenta ⦁ 4° - Alteração na permeabilidade vascular ↳ Edema periférico generalizado e proteinúria) ⦁ 5° - As citocinas liberadas pela placenta são capazes de ativar o sistema renina-angiotensina, induzindo a produção da angiotensina ↳ Resultando em aumento da resistência vascular periférica e em hipertensão arterial ⦁ 6° - Rim: as células endoteliais que delimitam os capilares glomerulares acumulam lipídios e frequentemente obstruem a luz dos capilares glomerulares ↳ Essas lesões são responsáveis pela disfunção renal que acarreta a proteinúria associada à pré-eclâmpsia – o rim não reabsorve mais as proteínas que chegam = perda na urina Sintomas ⦁ Tontura ⦁ Cefaléia ⦁ Distúrbios visuais ⦁ Dores no abdômen superior ⦁ Vômitos ⦁ Edema de face e mãos Resumo → Menor perfusão placentária e a partir delas várias substâncias são liberadas da placenta para o organismo materno, gerando disfunção endotelial ↳ Originando a hipertensão e a proteinúria, além da maior produção de substâncias pró-oxidantes sem detrimento das antioxidantes → O quadro leva à: ⦁ Constrição vascular ⦁ Menor irrigação sanguínea pelos rins ⦁ Menor intensidade da filtração glomerular Causas ⦁ Alta prevalência de prematuridade, mortalidade materna e fetal ⦁ Mulheres primigestas (85%) ⦁ Mulheres > 30 anos – devido ao desgaste metabólico ⦁ Presença de sobrepeso e obesidade ⦁ Ganho de peso excessivo durante a gestação ⦁ Hipertensas – pois já tem o comprometimento do trabalho cardíaco ⦁ Antecedentes familiares de hipertensão crônica ou DHEG ⦁ Depressão, ansiedade e condições de estresse geram aumento de cortisol materno ↳ O aumento deste hormônio interfere na formação placentária Pré-eclâmpsia leve → O primeiro sinal costuma ser um aumento súbito e exagerado do peso (> 1kg em uma semana ou > 3kg em um mês deve ser um sinal de alerta), causado pela retenção hídrica ↳ Precede o desenvolvimento de edema/HAS é o próximo sinal, sendo a proteinúria o sinal mais tardio Pré-eclâmpsia grave → Neste caso, já está instalada e não tem resultados positivos ⦁ PA: ≥ 160x110mmHg ⦁ Proteinúria: ≥ 2g/24 horas ⦁ Edema agudo de pulmão ⦁ Oligúria: < 25ml/hora ou < 400ml/24 horas ↳ Produção de urina abaixo do normal ⦁ Síndrome HELLP – hemólise- desidrogenase lática (LDH) acima de 600U/L, elevação das enzimas hepáticas AST; baixa contagem de plaquetas – abaixo de 100.000μ/L.3 ↳ Esta síndrome destrói tudo o que tiver na circulação – glicose, hemácias ⦁ Elevação da Creatinina: ≥ 1,3mg/dl → Repercussões fetais – restrição do crescimento fetal, alterações da dopplerfluxometria → Iminência de Eclâmpsia: ⦁ Distúrbios cerebrais como cefaléia, torpor (diminui sensibilidade de ficar em pé) e obnubilação (perda da consciência e visão) ⦁ Distúrbios visuais como turvação da visão, escotomas (perda parcial da visão), diplopia (visão duplicada) ⦁ Dor epigástrica – causada por acometimento hepático Eclâmpsia → Caracteriza-se pela presença de convulsões em uma paciente com pré- eclâmpsia → Pré-eclâmpsia que não foi resolvida – placenta não foi retirada ↳ A síndrome de HELLP se prolonga e leva à eclâmpsia → Pode ocorrer durante a gravidez (50% dos casos), durante o trabalho de parto (25%) ou no puerpério (25%) → Algumas pacientes evoluem para o coma sem apresentar antes convulsão (eclampsia branca) → Em 20% dos casos, as crises convulsivas ocorrem na ausência de proteinúria Classificação da HAS na gestação → HIPERTENSÃO CRÔNICA: PAS ≥ 140mmHg ou PAD ≥ 90mmHg pré- gestacional ou após a 20ª semana de gestação → PRÉ-ECLÂMPSIA: PAS ≥ 140mmHg ou PAD ≥ 90mmHg (em duas ocasiões consecutivas com intervalo de 4h) com proteinúria (> 300mg/24h) após a 20ª semana de gestação → Pode progredir para eclâmpsia (convulsões) ↳ Mais comum em mulheres primigestas, com gestação múltipla, diagnóstico de HAS ≥ 4 anos, história familiar de pré-eclâmpsia, HAS em gestação prévia, doença renal → HIPERTENSÃO CRÔNICA COM SOBREPOSIÇÃO DE PRÉ-ECLÂMPSIA: mulheres com HAS e proteinúria anterior à 20ª semana ⦁ Aumento repentino da proteinúria em 2 a 3 vezes ⦁ Aumento repentino da PA ⦁ Trombocitopenia – redução do número de plaquetas no sangue ⦁ Aumento da ALT e de AST → HIPERTENSÃO GESTACIONAL: HAS após a 20ª semana gestacional sem proteinúria ⦁ Diagnóstico temporário pode representar uma fase prévia à pré- eclâmpsia ou recorrência de hipertensão crônica em período gestacional mais avançado ⦁ Pode evoluir para pré-eclâmpsia ⦁ Quando grave, pode resultar em altas taxas de nascimentos prematuros, retardo de crescimento e pré- eclâmpsia → HIPERTENSÃO TRANSITÓRIA: é quando a gestante tem HAS uma vez, esta é normalizada,mas acaba aparecendo em outra gestação ⦁ Diagnóstico retrospectivo ⦁ PA normal 12 semanas após o parto ⦁ Pode reaparecer na gestação seguinte ⦁ Preditiva de HAS primária futura → OBSERVAÇÃO ↳ Edema: não aparece como critério para a classificação dos distúrbios hipertensivos na gestação ⦁ Clinicamente → presença deve ser observada e destacada (pode ser indicativo de investigação da pressão arterial) Tratamento da pré- eclâmpsia → O único tratamento efetivo da pré- eclâmpsia/eclâmpsia, determinando a “cura” do processo patológico, é o parto → Todas as outras modalidades terapêuticas destinam-se a manter estável o quadro clínico materno e a vigiar a vitalidade fetal enquanto se aguarda a maturação pulmonar do concepto (permitindo melhores taxas de sobrevida neonatal) e, algumas vezes, o preparo cervical Orientação dietética → GESTANTE SEM HIPERTENSÃO CRÔNICA: dieta é normocalórica, normoproteica e normossódica → GESTANTE COM HIPERTENSÃO CRÔNICA: dieta é normocalórica, hiperproteica e hipossódica (< 2g/dia) → ENERGIA: procedimento recomendado para a determinação energética diária recomendado para gestantes obesas ou com diabetes gestacional → CARBOIDRATO: procedimento recomendado para gestantes obesas ou com diabetes gestacional → PROTEÍNA: dieta hiperproteica (AVB – carnes, leite, queijo e ovos) ↳ Facilita a síntese de albumina, que é a proteína responsável pelo equilíbrio hídrico entre os compartimentos celulares – evitando assim um quadro de edema mais acentuado → LIPÍDEOS ⦁ O W3 auxilia na redução dos tromboxanos – aumentam a pressão nos vasos capilares, a formação de trombos e reduzem o fluxo sanguíneo na placenta ⦁ Recomendar o uso de óleos vegetais nas preparações ⦁ Não aconselhar o uso de gordura saturada e colesterol ⦁ Excluir a prática de frituras e o consumo de produtos industrializados (gordura hidrogenada) ⦁ Recomendar 2 a 3 porções de peixes/semana → SÓDIO ⦁ Recomenda-se ingestão menor que 2g de sódio/dia ⦁ Fornecer lista de alimentos ricos em sal e sódio (embutidos, caldos de carnes, salgadinhos) para as gestantes → CÁLCIO ⦁ Suplementação de cálcio foi associada a menor ocorrência de mortes associadas a causas hipertensivas. ⦁ Na prática clínica, o profissional de saúde deve avaliar a relação entre custo e benefício dessa suplementação. ⦁ Se a gestante apresenta baixa ingestão de cálcio por intolerância a produtos lácteos e fatores de risco para distúrbio hipertensivo, a prescrição de suplementação com cálcio é recomendada → ARGININA ⦁ Precursora do óxido nítrico, potente vasodilatador, com poder de reduzir os valores pressóricos ⦁ Fontes: nozes, castanhas, amêndoas e sementes oleaginosas em geral, além de cereais integrais, peixes, carnes vermelhas → ANTIOXIDANTES NATURAIS ⦁ Vitamina C – frutas cítricas, vegetais verdes escuros, morango, tomate ⦁ Vitamina E – óleos vegetais, óleo de linhaça e peixes ⦁ Selênio – principalmente na castanha do Pará
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