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Aula 6 - O Engenheiro de Produçãoe o Futuro

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INTRODUÇÃO À ENGENHARIA 
DE PRODUÇÃO 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Dayse Mendes 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, falaremos de futuro. Um futuro que para alguns pode parecer 
distante, mas que para o engenheiro de produção já é quase presente. 
Certamente, você estará em pouco tempo atuando com algumas — senão todas 
— das situações aqui descritas. Começamos falando sobre as atividades do 
engenheiro do futuro. Um engenheiro de quem se espera que seja 
multidisciplinar, ou seja, um engenheiro capaz de detectar problemas e apontar 
soluções para as mais diversas situações. 
A seguir, comentamos acerca de inovações tecnológicas, cuja tendência 
é serem rapidamente incorporadas aos sistemas produtivos existentes. Assim, 
você deve não só conhecê-las, como também saber como utilizá-las no seu dia 
a dia. No terceiro tema, tratamos de uma situação-problema específica na 
atuação do engenheiro de produção: como proceder quando você precisa liderar 
pessoas? O próximo tema trata de algo que para algumas empresas é futuro 
longínquo e para outras já é situação atual, que é a Indústria 4.0. Ainda nesse 
tema tratamos de Sociedade 5.0, uma evolução do conceito de Indústria 4.0. 
No último tema, tratamos da acessibilidade por meio do conceito de 
Desenho Universal. Assim, você estará preparado para seu futuro na profissão. 
TEMA 1 – PROFISSIONAIS MULTIDISCIPLINARES 
O engenheiro do futuro deve ter a clareza de que ele não será somente 
um técnico especializado em um determinado assunto ao exercer seu papel 
dentro de uma organização. O que se espera do engenheiro do futuro é um 
profissional que tenha múltiplas competências. E o que se entende por múltiplas 
competências? Como você já sabe, cada engenheiro, de acordo com o curso 
que realizou, tem atribuição dada pelo sistema CONFEA/CREA (Conselho 
Federal de Engenharia e Agronomia/Conselho Regional de Engenharia e 
Agronomia) para atuar em uma determinada área. No entanto, é possível que 
em sua rotina diária o engenheiro precise atuar em mais de uma área técnica 
específica. Por exemplo, se você trabalha como engenheiro de produção, mas a 
empresa em que você atua solicita de você um trabalho mais técnico, voltado à 
prevenção de acidentes de trabalho, você terá a necessidade de buscar um 
curso de especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho, a fim de 
poder assinar projetos nessa área. 
 
 
3 
O engenheiro de produção, pela sua ampla formação, que contempla 
tanto os aspectos técnicos da engenharia quanto os aspectos gerenciais, mais 
voltados à administração, sai em vantagem quanto à multidisciplinaridade em 
relação aos demais cursos de engenharia. Nesse sentido, o engenheiro de 
produção acaba atuando de forma versátil e criativa, pois, ao mesmo tempo em 
que tem uma sólida formação científica, também tem visão sistêmica e entende 
não somente dos aspectos técnicos voltados à produção dos bens ou dos 
serviços, mas também dos aspectos estratégicos que envolvem o sistema 
produtivo. Então, em um momento, esse engenheiro pode estar resolvendo 
questões de qualidade ou manutenção no chão de fábrica; no momento seguinte, 
em negociação com um cliente da empresa; e logo a seguir, estar cuidando junto 
a um fornecedor dos aspectos logísticos do transporte de um produto. 
A formação mais ampla da graduação em Engenharia de Produção não 
garante a competência em todas as áreas em que se é possível atuar, ou seja, 
apenas dominar as técnicas não vai fazer de ninguém um bom engenheiro. 
Desenvolver novos conhecimentos e aplicá-los à rotina organizacional também 
é fundamental. Para desenvolver novos conhecimentos, é essencial entender o 
sistema educacional do país, ressaltando o ensino superior. 
A educação superior no Brasil 
abrange os cursos de graduação nas diferentes áreas profissionais, 
abertos a candidatos que tenham concluído o ensino médio ou 
equivalente e tenham sido classificados em processos seletivos. 
Também faz parte desse nível de ensino a pós-graduação, que 
compreende programas de mestrado e doutorado e cursos de 
especialização. A partir da LDB de 1996, foram criados os cursos 
sequenciais por campo do saber, de diferentes níveis de abrangência, 
que são abertos a candidatos que atendam aos requisitos 
estabelecidos pelas instituições de ensino superior. (Menezes, 2001) 
Em busca de mais competências, você tanto pode dar continuidade a seus 
estudos fazendo novos cursos de graduação, como buscar os cursos de pós-
graduação. No caso de novas graduações, há engenheiros que buscam outros 
cursos de engenharia para poder se enquadrar em diferentes atribuições 
conferidas pelo sistema CONFEA/CREA, de forma a poder assinar projetos de 
diferentes áreas de atribuição. Há também aqueles que buscam se qualificar 
mais na área de gestão e buscam por cursos de Administração, Ciências 
Contábeis ou Economia. 
Em qualquer desses casos, a legislação brasileira prevê a possibilidade 
do aproveitamento de disciplinas já cursadas em outros cursos de graduação, 
 
 
4 
desde que atendam a critérios de conteúdo e de carga horária sendo, portanto, 
equivalentes. Por exemplo, se você cursou Engenharia de Produção e decide 
cursar Engenharia Mecânica, será dispensado de todas as disciplinas já 
realizadas no primeiro curso, em que tenha sido aprovado e que sejam de 
conteúdo igual no segundo curso, como as disciplinas de Cálculo, Física, 
Química, entre outras. Assim, um segundo curso de Engenharia terá um prazo 
de finalização menor em relação ao primeiro curso realizado. O aproveitamento 
de disciplinas vale para qualquer curso de graduação, em qualquer área, a ser 
realizado por você após ser aprovado em disciplinas de outras graduações. 
Figura 1 – Pós-graduação 
 
Fonte: ELENABSL/Shutterstock. 
Você também pode seguir com sua carreira acadêmica fazendo cursos de 
pós-graduação. A pós-graduação no Brasil é dividida em dois ramos distintos: 
lato sensu e stricto sensu. Conforme MEC (2019), 
As pós-graduações lato sensu compreendem programas de 
especialização e incluem os cursos designados como MBA (Master 
Business Administration). Com duração mínima de 360 horas, ao final 
do curso o aluno obterá certificado, e não diplomado. Ademais, são 
abertos a candidatos diplomados em cursos superiores e que atendam 
às exigências das instituições de ensino — art. 44, inciso III, Lei n. 
9.394/1996. As pós-graduações stricto sensu compreendem 
programas de mestrado e doutorado abertos a candidatos diplomados 
em cursos superiores de graduação e que atendam às exigências das 
instituições de ensino e ao edital de seleção dos alunos (art. 44, inciso 
III, Lei n. 9.394/1996). Ao final do curso o aluno obterá diploma. 
A pós-graduação lato sensu é recomendada para aqueles que precisam 
agregar mais conhecimento específico em seu trabalho/profissão. Já a pós-
graduação stricto sensu é recomendada para quem busca uma carreira 
acadêmica, atuando como professor ou em projetos de pesquisa. Vale ressaltar 
que você pode fazer uma pós-graduação em qualquer área, desde que tenha 
 
 
5 
concluído sua graduação. Você não está limitado a cursos de pós-graduação 
relacionados à engenharia. 
Um último aspecto a ser abordado em relação ao engenheiro de produção 
multidisciplinar diz respeito à possibilidade de atuação profissional como um 
“engenheiro pedagógico” (Abepro, 2019), que busca entender e fazer avançar a 
educação superior em engenharia (graduação, pós-graduação, pesquisa e 
extensão) e suas áreas afins, 
a partir de uma abordagem sistêmica, englobando a gestão dos 
sistemas educacionais em todos os seus aspectos: a formação de 
pessoas (corpo docente e técnico administrativo); a organização 
didático-pedagógica, especialmente o projeto pedagógico de curso; as 
metodologias e os meios de ensino/aprendizagem, [...] que busca 
consolidar estas questões, assim como visa apresentar como 
resultados concretos das atividadesdesenvolvidas, alternativas viáveis 
de organização de cursos para o aprimoramento da atividade docente. 
(Abepro, 2019) 
Caso queira trabalhar na área acadêmica, é importante que o estudante 
de Engenharia de Produção procure atuar desde a graduação em programas de 
iniciação científica e de projetos de pesquisa disponibilizados pela Instituição de 
Ensino Superior (IES). 
TEMA 2 – TENDÊNCIAS TECNOLÓGICAS 
Uma série de novas tecnologias tem invadido a rotina do engenheiro de 
produção: Big Data1, Realidade Virtual e Realidade Aumentada2, Computação 
em Nuvem3, Robôs Autônomos, Simulações, Internet das Coisas (IoT)4, 
Blockchain5, entre outras. 
O engenheiro, em sua rotina de trabalho, já não faz mais cálculos à mão 
ou projetos a lápis no papel, pois todas as funções repetitivas ou mecânicas, que 
não exigem novas soluções, são hoje realizadas por máquinas e softwares, não 
mais por pessoas. Portanto, cabe aos futuros engenheiros de produção se 
incluírem nesse mundo digital, pois as organizações já estão caminhando nesse 
 
1 Big Data é o estudo e análise de grandes conjuntos dados que não podem, pelo seu tamanho, 
ser analisados pelos sistemas tradicionais. 
2 São tecnologias utilizadas em equipamentos eletrônicos. Na realidade virtual, você se sente 
imerso em cenários informatizados. Na realidade aumentada, a tecnologia projeta imagens no 
mundo real. 
3 Serviços de computação e acesso on-line a esses serviços sem a necessidade de instalar 
programas. 
4 Interconexão de objetos com a internet por meio digital. 
5 Tecnologia de segurança de dados. 
 
 
6 
sentido e é natural que as mudanças tecnológicas afetem os mais diversos 
setores da economia — seja hoje, seja num futuro próximo. 
Assim, será parte da rotina do engenheiro de produção trabalhar para 
fazer a conexão entre todas essas novas tecnologias, integrando pessoas, 
sistemas, fornecedores, clientes e outras partes interessadas, e inserindo 
inteligência nos processos produtivos que já sentem os impactos disruptivos do 
uso dessas novas tecnologias. Organizações resistentes às mudanças serão 
organizações que terão produtos com pouco valor agregado a oferecer ao 
mercado. Já as organizações que estão aderindo às inovações tecnológicas têm 
reduzido seus custos (embora possa haver um investimento inicial de impacto 
financeiro relevante), ao elevar a eficiência de seus sistemas de produção, que 
se tornam mais inteligentes, autônomos e customizáveis conforme novas 
tecnologias são agregadas a esses sistemas. 
Figura 2 – Inovações tecnologias na produção 
 
Fonte: SCHARFSINN/Shutterstock. 
Será possível observar que os produtos passarão a ser rastreáveis com 
mais facilidade, o que garantirá o alcance de algumas prioridades competitivas 
da manufatura, tais como qualidade, por meio do desempenho correto do 
produto e de sua conformidade com os padrões estabelecidos; ou desempenho, 
quanto aos prazos de entrega. Além disso, haverá redução de custos na medida 
em que haverá diminuição da quantidade de mão de obra empregada nos 
processos produtivos. 
Por outro lado, ao reduzir a mão de obra humana, aumentará a quantidade 
de softwares e de robotização nos sistemas produtivos. O engenheiro trabalhará 
 
 
7 
lado a lado com robôs participativos, modificando a relação homem-máquina. 
Cada vez mais serão usadas formas mais refinadas de relacionamento, que 
começa com o já usual reconhecimento de comandos por voz, até a leitura de 
sinais cerebrais humanos para interação com as máquinas, avançando e 
modificando as interfaces homem-máquina. A produtividade e, por 
consequência, a vantagem competitiva das organizações será diretamente 
dependente da capacidade de melhorar essas interfaces para otimizar o 
processo produtivo. 
Nesse cenário, o engenheiro de produção estará mais voltado aos 
aspectos estratégicos e menos aos operacionais dos sistemas produtivos. É 
preciso, então, se preparar para entender e trabalhar com mudanças, ser flexível 
e aberto a inovações. Com todas as alterações que já ocorreram e que ainda 
ocorrerão em nossa sociedade, a capacidade de operar com todas as novas 
tecnologias necessárias aos sistemas produtivos e, simultaneamente, lidar com 
as pessoas envolvidas nos processos será um dos maiores desafios para o 
futuro profissional de engenharia de produção. 
TEMA 3 – O ENGENHEIRO COMO GESTOR DE PESSOAS 
Quando você resolve ser um engenheiro, alguns mitos são levados em 
consideração, sem saber, nessa tomada de decisão. Em especial, aquele de que 
você não gosta de pessoas, é antissocial e prefere ficar isolado em frente a seu 
computador a ter de conviver com outros seres humanos. O que ninguém conta 
é que isso é uma farsa. O tempo todo, em especial se você é um engenheiro de 
produção, haverá a necessidade de se relacionar com pessoas, como seu chefe 
(caso seja empregado), seus colegas de trabalho, clientes, fornecedores, entre 
outros. Caso você progrida na carreira, haverá também subordinados. Você não 
terá apenas que conviver com pessoas e trabalhar em equipe, mas também 
comandá-las. 
Na sua rotina diária, o engenheiro precisa, além de seus conhecimentos 
técnicos, entender como gerir pessoas, comunicar-se com elas e liderar 
adequadamente, de forma a obter dessas pessoas eficácia e produtividade. Há 
ainda outros complicadores. Um exemplo é o caso de projetos que terão um ciclo 
de vida. Ao encerrar as atividades do projeto, é necessário planejar como 
desmobilizar todo o pessoal utilizado, mantendo o contato com pessoal 
estratégico que pode ser utilizado em novos projetos. No caso do Brasil, esses 
 
 
8 
complicadores são acrescidos das dificuldades em se lidar com toda a 
complexidade de nossa legislação trabalhista, embora tenha havido uma certa 
flexibilização recentemente. 
Figura 3 – O engenheiro gestor de pessoas 
 
Fonte: STOCKPHOTOVIDEO/Shutterstock. 
Assim, há a necessidade de se capacitar tanto em termos 
comportamentais, quanto em questões mais técnicas relacionadas a recursos 
humanos para poder atuar como um engenheiro líder de pessoas. No quesito 
comportamental, é necessário perceber que cada pessoa é diferente, ou seja, 
tem valores e experiências diferentes que levam a formas diferentes de pensar 
e resolver situações de trabalho. Então, um quesito importante é aprender a gerir 
conflitos, o que exige saber escutar e saber colocar-se no lugar do outro. 
Aprender técnicas de trabalho e de comando de equipes é outro item 
fundamental para o engenheiro gestor de pessoas. Para tanto, ele precisa 
conhecer as pessoas que comporão sua equipe de trabalho e assegurar que 
cada uma delas está fazendo a função que melhor pode desempenhar. Há a 
necessidade de estabelecer com clareza quais os papéis e as responsabilidades 
de cada componente da equipe. Conforme o trabalho vai se desenrolando, 
também é função do líder dar feedback de desempenho para cada pessoa do 
grupo, de forma a reconhecer o bom trabalho e reconduzir ações que não 
estejam em conformidade com o planejado. 
Ainda no âmbito comportamental, é necessário compreender acerca das 
questões de comprometimento, incentivo e motivação das pessoas em relação 
 
 
9 
ao trabalho. É preciso entender que a motivação é uma questão interna de cada 
pessoa. Assim, não é possível motivar ninguém, mas é possível incentivar e criar 
condições de trabalho que favoreçam o comprometimento das pessoas. Uma 
equipe comprometida será mais produtiva, menos sujeita a erros. 
Há também o aspecto mais técnico da gestão de pessoas, habitualmente 
tratado por um gestor de recursos humanos, que diz respeito à folha de 
pagamento, contratação, demissão, entre outros aspectos. O engenheiro 
normalmente não é responsável por esses aspectos, mas deve conhecer os 
trâmites, pois, como gestor de pessoas, auxiliará o responsável na decisão de 
contratação ou demissão, de premiações quando do cumprimentode metas, de 
advertências ou penalizações quando do descumprimento de normas, entre 
outras situações de rotina trabalhista. 
Pode-se observar que esse papel do engenheiro de produção, como 
gestor de pessoas, é realmente importante para qualquer empresa, já que, por 
meio de suas ações e exemplos, a equipe de trabalho ou projeto sob sua 
responsabilidade deverá ser proativa e trazer soluções criativas, inovadoras e 
eficazes às situações problemas que surgem no processo produtivo. O 
engenheiro deve levar em consideração que as pessoas constituem o capital 
humano da organização. Sem elas e seu conjunto dos conhecimentos e 
habilidades para desenvolver, não haverá valor econômico agregado à 
organização. 
TEMA 4 – INDÚSTRIA 4.0 E SOCIEDADE 5.0 
A forma de produzir vem se modificando significativamente, em especial 
por conta da inserção de alta tecnologia na indústria. Por alta tecnologia, 
entende-se aquela considerada de ponta, ou seja, relacionada às mais recentes 
inovações tecnológicas que possam ser utilizadas em processos produtivos. 
Essa transição de processos produtivos analógicos em processos altamente 
informatizados e automatizados nas indústrias tem sido denominada de Indústria 
4.0. Uma combinação de sistemas ciber-físicos, a Internet das Coisas e a 
Internet dos Sistemas tornaram possível a Indústria 4.0 e a fábrica inteligente. 
Esse conceito surge na Alemanha, em 2011, quando o governo alemão 
decide incentivar o uso de alta tecnologia em sua indústria, não somente em 
grandes organizações, mas também em pequenas e médias empresas. A 
Alemanha entende que esse caminho é estratégico para seu desenvolvimento 
 
 
10 
socioeconômico. Assim, em 2013, é criado o Industrie 4.0 Working Group, cujo 
objetivo era apresentar ao governo alemão recomendações para a implantação 
do conceito de Indústria 4.0. 
Interessante ressaltar que, embora as políticas e programas elaborados 
pelo governo alemão estejam voltadas ao financiamento de sistemas ciber-
físicos, entende-se que as pessoas é que são estratégicas no processo e a 
tecnologia vem para auxiliar o desenvolvimento do trabalho, melhorando o 
ambiente e a segurança na execução das tarefas e aumentando a eficiência e a 
produtividade do trabalhador. Nessa nova indústria, o trabalhador será 
direcionado a atividades de alto valor agregado e não realizará mais tarefas 
repetitivas e operacionais. Essa situação exigirá capacitação de mão de obra 
para essa nova forma de produzir. 
No Brasil, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços decidiu 
instituir, em 2017, um grupo de trabalho para trazer à sociedade uma proposta 
acerca da Indústria 4.0 para o país. A ideia é que esse grupo de trabalho — o 
GTI 4.0 — elabore premissas sobre como fomentar o aumento da 
competitividade da indústria nacional por meio dos avanços produzidos pela 
Indústria 4.0. 
Figura 4 – A Indústria 4.0 
 
Fonte: ZAPP2PHOTO/Shutterstock. 
O nome Indústria 4.0 é elaborado pensando na evolução da sociedade ao 
longo da história. Assim, nossa sociedade teria passado, ao longo de 20 séculos, 
pelo primeiro estágio, de caça e coleta, no qual o homem começa a se relacionar 
e a modificar a natureza ao seu redor, de forma a atender melhor às suas 
necessidades, iniciando a criação e o cultivo para sua subsistência. O segundo 
 
 
11 
estágio está relacionado ao surgimento da agricultura, em que o homem deixa 
de ser nômade, passa a ter seu próprio espaço de cultivo, inicia as trocas de 
produtos e todo esse cenário propicia o surgimento de pequenas cidades. O 
terceiro estágio diz respeito à criação de máquinas e ao surgimento das fábricas, 
ao longo da Revolução Industrial, que transformam a vida das pessoas, 
tornando-as cada vez mais urbanas e dependentes dessa sociedade industrial. 
Assim, um próximo momento da sociedade seria o quarto, levando então 
à ideia de denominá-lo de Indústria 4.0, ou seja: 
As três primeiras revoluções industriais trouxeram a produção em 
massa, as linhas de montagem, a eletricidade e a tecnologia da 
informação, elevando a renda dos trabalhadores e fazendo da 
competição tecnológica o cerne do desenvolvimento econômico. A 
quarta revolução industrial, que terá um impacto mais profundo e 
exponencial, se caracteriza, por um conjunto de tecnologias que 
permitem a fusão do mundo físico, digital e biológico. (Indústria 4.0, 
2019) 
Com a transformação do setor produtivo, advinda da implantação das 
tecnologias propostas pela Indústria 4.0, começam a surgir mudanças na 
sociedade como um todo, em um processo de avanços que acaba por afetar a 
todos nós. Esse efeito, que transborda da indústria, está relacionado ao uso de 
tecnologias como Big Data, Inteligência Artificial e Internet das Coisas (IoT) não 
somente para a produção, mas também para a criação de soluções relacionadas 
a todo o tipo de necessidades humanas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
Figura 5 – Smart City 
 
Fonte: MONICAODO/Shutterstock. 
Surge então, como proposta, construir um modelo de organização social, 
a Sociedade 5.0, em que essas tecnologias são utilizadas para fornecer o que 
for necessário para estabelecer o bem-estar para qualquer pessoa, em qualquer 
hora e lugar. A proposta surge no Japão, como um projeto de governo para a 
criação de uma smart society, ou seja, uma sociedade composta por sistemas 
híbridos, na qual pessoas e máquinas trabalham integradas para construir uma 
sociedade mais inteligente. Um primeiro passo para a construção de uma smart 
society é o planejamento de smart cities, ou seja, cidades totalmente conectadas, 
nas quais mundo físico e ciberespaço se integram em harmonia. 
TEMA 5 – DESENHO UNIVERSAL 
Além das preocupações técnicas, cabe ao engenheiro conectar-se a um 
mundo que exige maior acessibilidade e inclusão a todas as pessoas, de forma 
que possa abranger a toda a diversidade humana ao realizar um projeto. Esse 
parece um pensamento utópico, mas a ideia é que efetivamente se possam criar 
produtos acessíveis a todo o tipo de pessoas, sem que o produto esteja sujeito 
às suas características individuais específicas. 
 
 
13 
Conforme Carletto e Cambiaghi (2016, p. 10) os produtos universais 
deveriam, portanto, adaptar-se a uma larga escala 
de preferências e de habilidades individuais ou sensoriais dos usuários. 
A meta é que qualquer ambiente ou produto poderá ser alcançado, 
manipulado e usado, independentemente do tamanho do corpo do 
indivíduo, sua postura ou sua mobilidade. 
O desenho universal seria realizado para toda as pessoas, e não somente 
àquelas que dele dependem. 
Dessa forma, o desenho universal preconiza que se evite a necessidade 
de projetar ambientes e produtos especiais para pessoas com deficiências, já 
que qualquer pessoa apresentará, ao longo de sua vida, situações de limitação, 
seja pela sua idade, pelo seu tamanho, por uma enfermidade, por ser gestante, 
por segurança, entre outras variadas situações. “Portanto, a normalidade é que 
os usuários sejam muito diferentes e que deem usos distintos aos previstos em 
projetos” (Carletto; Cambiaghi, 2016, p. 11). 
Figura 6 – Desenho universal 
 
Fonte: VSTOCK24/Shutterstock. 
O conceito de Desenho Universal surgiu com mais força na década de 
1990 por causa da necessidade de dois grupos distintos: 
O primeiro composto por pessoas com deficiência que não sentiam 
suas necessidades contempladas nos espaços projetados e 
construídos. O segundo formado por arquitetos, engenheiros, 
urbanistas e designers que desejavam maior democratização do uso 
dos espaços e tinham uma visão mais abrangente da atividade 
projetual. (Governo do Estado de São Paulo, 2010, p. 14) 
Dentre esses profissionais, um grupo de arquitetos norte-americanos 
define, na década de 1990, critérios para que os projetos atendessem a um maior 
 
 
14 
número de usuários. Esse grupo definiu os sete princípios do Desenho Universal, 
que são: uso equitativo; 
 uso flexível; 
 uso simples e intuitivo; 
 informação de fácil percepção; 
 tolerância ao erro (segurança); 
 esforço físico mínimo; 
 dimensionamento de espaços para acesso; 
 uso abrangente. 
Carletto e Cambiaghi (2016, p. 12-16) explicam cada um dos sete 
princípios da seguinte forma: 
O princípio do uso equitativo (igualitário ou equiparável) diz respeito 
aos espaços, objetos e produtos que podem ser utilizados por pessoas 
com diferentes capacidades, tornando os ambientes iguais para todos. 
O princípio do uso flexível (adaptável) está relacionado ao design de 
produtos ou espaços que atendem pessoas com diferentes habilidades 
e diversas preferências, sendo adaptáveis para qualquer uso. 
O princípio do uso simples e intuitivo (óbvio) refere-se a projetos de 
fácil entendimento para que uma pessoa possa compreender, 
independentemente de sua experiência, conhecimento, habilidades de 
linguagem, ou nível de concentração. 
O princípio da informação de fácil percepção (conhecido) faz referência 
àquelas informações necessárias que são transmitidas de forma a 
atender as necessidades do receptador, seja ela uma pessoa 
estrangeira, com dificuldade de visão ou audição. 
O princípio da tolerância ao erro (segurança) é previsto para minimizar 
os riscos e possíveis consequências de ações acidentais ou não 
intencionais. 
O princípio do esforço físico mínimo relaciona-se ao produto para ser 
usado eficientemente, com conforto e com o mínimo de fadiga. 
O princípio do dimensionamento de espaços para acesso e uso 
abrangente estabelece dimensões e espaços apropriados para o 
acesso, o alcance, a manipulação e o uso, independentemente do 
tamanho do corpo (obesos, anões etc.), da postura ou mobilidade do 
usuário (pessoas em cadeira de rodas, com carrinhos de bebê, 
bengalas etc.). 
Para que o Desenho Universal possa ser cumprido de forma adequada na 
sociedade, criaram-se uma série de leis e de normas de forma a garantir as 
especificações necessárias e que as mesmas sejam cumpridas. No Brasil, a 
publicação do Decreto Federal n. 5.296/2004, complementado pelo Decreto n. 
 
 
15 
10.014/2019, deu ao Desenho Universal força de lei, estabelecendo normas 
gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas 
portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. Assim, o desenho 
universal passa a ser, a partir de 2004, uma determinação que deve ser 
cumprida, para a garantia do direito de todos os cidadãos brasileiros. 
Operacionalizando a lei, uma série de normas técnicas foram criadas ao 
longo do tempo de forma a gerar os parâmetros necessários ao atendimento dos 
princípios do desenho universal no momento em que profissionais estejam 
criando seus projetos. Um exemplo é a NBR 9050, norma relativa à 
acessibilidade a edificações mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. No 
Brasil, tais normas ficam sob a responsabilidade da ABNT (Associação Brasileira 
de Normas Técnicas). 
Quando você estiver realizando um projeto, deverá se preocupar com a 
questão do desenho universal, não apenas para cumprir com a lei, mas também 
porque, além de garantir a acessibilidade a todos, traz a vantagem de reduzir 
custos e preço por não exigir adaptações. As soluções de engenharia sempre 
devem seguir esse caminho, resolver os problemas, serem eficientes, 
produtivas, conformes e de custo adequado. 
FINALIZANDO 
Você pôde conhecer nessa aula um pouco sobre o futuro próximo do 
engenheiro de produção ao entender que essa profissão exige conhecimentos 
multidisciplinares, dentre eles o conhecimento do uso de novas tecnologias 
produtivas, mas também de como trabalhar com pessoas e liderá-las. Tudo isso 
no cenário da Indústria 4.0 e da Sociedade 5.0, bem como da preocupação de 
inclusão e acessibilidade por meio do conceito de Desenho Universal. 
 
 
 
16 
REFERÊNCIAS 
CARLETTO, A. C.; CAMBIAGHI, S. Desenho Universal: um conceito para 
todos. 2016. Disponível em: <https://www.maragabrilli.com.br/wp-
content/uploads/2016/01/universal_web-1.pdf>. Acesso em: 9 dez. 2019. 
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Desenho Universal: habitação de 
interesse social. 2010. Disponível em 
<http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Cartilhas/manual-desenho-
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