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Interações medicamentosas em odontologia


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Interações medicamentosas 
 
São modificações na intensidade e na duração da resposta de um fármaco devido à ingestão simultânea de 
outro fármaco, álcool ou determinados alimentos. Podem ser interações farmacocinéticas ou 
farmacodinâmicas. Interações farmacocinéticas: um medicamento interfere na absorção, distribuição, 
metabolismo ou excreção do outro fármaco. Interações farmacodinâmicas: quando ocorrem nos locais de ação 
dos fármacos (dois fármacos podem atuar no mesmo local, um atrapalha o efeito do outro). 
O dentista deve saber qual fármaco o paciente está utilizando e como eles podem interagir com qualquer medicação 
que venha a ser prescrita pelo dentista. O dentista deve familiarizar-se com as interações comuns: fármacos mais 
prescritos em odontologia e ter acesso (e consultar) a uma fonte de informações atualizadas sobre interações dos 
fármacos. 
Existem interações positivas (sinérgicas) ou negativas. Algumas interações são a potencialização (um medicamento 
potencializa o efeito do outro, combinação de dois fármacos que não apresentam atividade comum resultando em 
uma resposta maior que o normal), somação (resposta aumentada com fármacos que apresentam efeitos similares), 
antagonismo (um fármaco diminui a resposta clínica de outro fármaco) e interações inesperadas (ocorre reação não 
observada quando os fármacos são administrados isoladamente). 
 
Interação com vasoconstritores adrenérgicos 
Com quem a adrenalina (epinefrina) pode interagir: 
- Cocaína: paciente com risco de complicações cardiovasculares (possui sangue mais espesso e tem mais riscos de 
formar trombos). Nesses pacientes, caso seja injetado anestésico nos vasos sanguíneos há risco de aumento brusco da 
pressão arterial e taquicardia, fibrilação ventricular, infarto do miocárdio, eventual parada cardíaca e óbito. 
- Derivados de anfetaminas: são o femproporex, anfepramona e mazindol. Usados como moderadores de apetite 
(regimes de emagrecimento), tem efeito similar ao da cocaína, mas em menor grau. Liberam mais catecolaminas. Caso 
seja injetado anestésico nos vasos sanguíneos há risco de taquicardia e aumento brusco da pressão arterial. 
- Antidepressivos: usados para tratamento de depressão mental ou desordens obsessivo-compulsivas, além de 
ansiedade, pânico, estresse pós-traumático etc. São divididos em antidepressivos tricíclicos e não tricíclicos. Os 
antidepressivos tricíclicos (imipramina, amitriptililina) inibem a recaptação da serotonina e da noradrenalina na fenda 
sináptica, por isso, o paciente já está com adrenalina aumentada no corpo, devemos evitar esses vasoconstritores, 
pois tem um risco, mesmo que baixo, de aumento brusco da pressão arterial. Já os antidepressivos não tricíclicos 
(fluoxetina, sertralina, paroxetina, citalopram) impedem apenas a recaptação da serotonina, não interfere com a 
adrenalina. 
- Betabloqueadores não seletivos (propranolol, nadolol, pindolol, sotalol): adrenalina em excesso pode causa 
vasoconstrição com aumento da pressão arterial, mais problemático para não-seletivos (todos receptores beta da 
pessoa estão bloqueados, se ligarão em ação livre nos receptores alfa). 
 
Interação com ansiolíticos 
 
Benzodiazepínicos (diazepan, lorazepan, alprazolam, midazolam), devemos evitar o uso com fármacos 
depressores do SNC (hipnóticos, hipnoanalgésicos, neurolépticos e anticonvulsivantes) e com pacientes 
com uso crônico de álcool (paciente deve ficar 24h antes e depois sem usar álcool) pelo risco de depressão 
pronunciada do SNC. 
 
 
 
Interação com anti-inflamatórios não esteróides (AINES) 
Como diclofenaco, naproxeno, nimesulida, ibuprofeno, cetoprofeno. Interagem com anticoagulantes como 
heparina sódica, enoxaparina e varfarina. Os AINES têm alto grau de ligação às proteínas plasmáticas e 
competem com os *anticoagulantes (potencializam os efeitos dos anticoagulantes), aumentando o risco de 
hemorragia durante ou após procedimento cirúrgico odontológico. 
Os AINES também diminuem a agregação plaquetária, pois são inibidores da síntese de tromboxanos das plaquetas, 
por isso, tem possível interação adversa com *antiagregantes plaquetários: clopidogrel (alternativo à aspirina) – 
usados na prevenção do infarto do miocárdio e do tromboembolismo cerebral. Estudo clinico mostrou que paciente 
que usava o AINES naproxeno junto com clopidogrel teve aumento de sangue oculto nas fezes (devemos ter precaução 
no uso desta associação de fármacos). Portanto, pacientes que fazem uso de anticoagulantes e antiagregantes 
plaquetário devem evitar uso de AINES associados, quando possível, devemos empregar fármacos alternativos como 
corticosteróides ou dipirona. 
Também é recomendado evitar AINES com alguns *anti-hipertensivos como: inibidores da enzima conversora de 
angiotensina (ECA): captopril, enalapril, fosinopril e lisinopril/Diuréticos: furosemida e hidroclorotiazida/Β-
bloqueadores: propranolol, nadolol, metoprolol e atenolol. Os AINES inibem a produção de prostaglandinas renais 
podendo interferir negativamente na homeostasia renal e provocar aumento da pressão arterial. É preferível uso de 
corticosteróides de ação prolongada em dose única. 
 
Interação com antibióticos 
O álcool pode atrapalhar absorção do antibiótico, aumentar excreção do antibiótico e diminuir nível 
plasmático do antibiótico. O álcool aumenta o ácido clorídrico no estomago, dando maior chances de 
vomito, aumenta diurese (urina) que diminui efeito do antibiótico. O Metronidazol, ampicilina, cefalosporinas 
(cefalexina, cefadroxila, cefradina) de grupamento nitrogênio inibem a enzima acetaldeído desidrogenase que causam 
o “efeito dissulfiram” dando reações desagradáveis por ser toxico ao organismo, dá menos efeito ao antibiótico. A 
azitromicina tem atividade hepatotóxica, que são maiores para usuários de álcool. Colocar no corpo da receita: “NÃO 
ingerir bebidas alcoólicas por até 48 h após o término do tratamento pelo risco de efeitos tóxicos”. 
Para usuários de varfarina, o antibiótico também é um problema, aumenta a atividade anticoagulante (hemorragia), 
evitar principalmente a eritromicina, claritromicina ou metronidazol que aumentam o efeito da varfarina. 
Também há interação com contraceptivos orais, o antibiótico pode diminuir o efeito do anticoncepcional, o com mais 
interação é a rifampicina (não receitada na odontologia) e um pouco menos com penicilinas, tetraciclinas, 
cefalosporinas, eritromicina e metronidazol. Podemos usar termo de esclarecimento avisando só risco. 
Também afeta o carbonato de lítio (usado em transtornos bipolares), devemos evitar receitar o metronidazol. 
 
Interação com analgésicos 
 1) Paracetamol: não deve ser recomendado para pacientes com potencial hepatotóxico ou para usuários crônicos de 
álcool etílico (danos graves ao fígado). Não deve ser receitado com outros fármacos hepatotóxico (por precaução) 
como a eritromicina, clavulanato de potássio (clavulin) e nimesulida. Não deve ser receitado de modo algum com o 
anticoagulante *varfarina, pelo aumento do efeito anticoagulante, pois predispõe o paciente a hemorragias. 
2) Dipirona: pode potencializar a ação do álcool etílico, reduzir a ação da ciclosporina (imunossupressor) e pode 
potencializar reações adversas da clorpromazina (antipsicótico). Se o paciente usa bloqueadores de canais de cálcio: 
nifedipina, verapamil, amlodipina, nitrendipina, diltiazem ou antagonistas da angiotensina II: losartan, valasartan, 
telmisartan não há problema de usar AINES, pois o mecanismo de ação desses medicamentos não depende da síntese 
de prostaglandinas renais. AINES também não é recomendado para hipertensos não controlados. Os AINES interagem 
com medicamentos hipoglicemiantes orais para controle da diabetes, pois ambos competem por ligação com as 
proteínas do sangue, podemos indicar cetoprofeno (Profenid) 100 mg – 12/12 h por 3 dias ou corticosteroides.