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06 - Habeas Corpus

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Habeas Corpus 
Sumário 
Introdução .................................................................................................................................... 1 
Natureza Jurídica ....................................................................................................................... 2 
Revisão Criminal x Habeas Corpus ..................................................................................... 3 
Cabimento ................................................................................................................................... 3 
Hipóteses que Não se Admite Habeas Corpus ................................................................. 4 
Infrações Punidas Com Pena de Multa e Prestação Pecuniária ................................ 4 
Punições Disciplinares Militares ....................................................................................... 4 
Habeas Corpus Substitutivo de Recurso Ordinário .......................................................... 5 
Hipóteses de Cabimento Exemplificativas do CPP........................................................... 5 
Aplicabilidade do Habeas Corpus na Justiça do Trabalho .............................................. 5 
Jurisprudência Envolvendo Habeas Corpus na Justiça do Trabalho ......................... 6 
Espécies de Habeas Corpus .................................................................................................... 6 
Legitimidade ................................................................................................................................ 7 
Legitimidade Ativa e Paciente .............................................................................................. 7 
Legitimidade Passiva ............................................................................................................. 7 
Competência ............................................................................................................................... 8 
Procedimento .............................................................................................................................. 9 
Habeas Corpus Coletivo ......................................................................................................... 10 
A Teoria/Doutrina Brasileira do Habeas Corpus ................................................................. 12 
Jurisprudência ........................................................................................................................... 13 
Referências ............................................................................................................................... 15 
 
Introdução 
O habeas corpus consiste em uma ação de natureza constitucional que tem como 
objetivo coibir qualquer ilegalidade ou abuso de poder contra a liberdade de locomoção, 
norteada pelos princípios da celeridade, gratuidade e informalidade. No Código de 
Processo Penal (CPP), está previsto a partir do art. 647. 
História no mundo. O writ de habeas corpus remonta à Lei de Habeas Corpus (Habeas 
Corpus Act) de 1679, na Inglaterra, dez anos antes da Revolução Gloriosa. Naquela 
época, a Inglaterra havia adiantado o seu constitucionalismo em cem anos, se 
comparado com a França e os Estados Unidos. A mera reafirmação da Carta Magna 
(1215), no período medieval, não se mostrou suficiente, dando seguimento à celebração 
de outros pactos entre o rei e os súditos. Assim surge o habeas corpus, já na Idade 
Moderna. 
História no Brasil. Sua origem, no Brasil, está no código de processo criminal de 1832, 
vindo a ter assento constitucional com a Constituição de 1891, sendo ação utilizada, 
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naquela época, para a proteção de qualquer direito contra ilegalidades ou abuso de 
poder (doutrina brasileira do habeas corpus, de Ruy Barbosa). Somente depois, seu 
objeto foi reduzido à tutela da liberdade. 
A Constituição de 1988 prevê: 
Art. 5º LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer 
ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade 
de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; 
Natureza Jurídica 
Sua natureza jurídica não é a de recurso, mas sim – tal qual a revisão criminal – a de 
ação autônoma de impugnação, embora esteja no Título II do CPP, que trata de 
recursos. Isso porque os recursos pressupõem a existência de um processo e são 
voltados à impugnação de decisões judiciais não definitivas. 
O habeas corpus pode ser utilizado antes mesmo da existência da relação jurídica 
processual, como também após o trânsito em julgado de sentença condenatória ou 
absolutória imprópria. Assim, não pode ser considerado recurso, embora seja 
comumente usado como sucedâneo recursal. 
Cuidado com isso: o HC é um instrumento de acesso ao Judiciário, podendo ser pedido, 
em seu bojo: revogação da prisão preventiva, relaxamento da prisão, concessão da 
liberdade provisória etc. 
Qual a diferença entre relaxamento da prisão, a revogação da prisão cautelar e a 
liberdade provisória? Esses 3 institutos podem ser o “recheio do HC”. 
Relaxamento de Prisão Revogação da Prisão 
Cautelar 
Liberdade Provisória 
Incide sobre uma prisão 
que seja ilegal. 
Incide sobre uma prisão 
que era legal, mas deixou 
de ser necessária. 
A prisão é legal. 
É cabível em face de 
qualquer prisão. 
É cabível em face da 
prisão temporária ou 
preventiva. 
Antes, era cabível em face 
da prisão em flagrante. 
Com a Lei n. 12.403/11, 
cabe em face de qualquer 
prisão. 
Cuida-se de medida de 
contracautela que substitui 
a prisão em flagrante ou 
uma cautelar autônoma. 
Tem por consequência 
uma liberdade sem 
qualquer vinculação 
(liberdade plena). 
Liberdade plena ou 
cumulação com cautelares 
alternativas à prisão. 
Liberdade plena ou 
cumulação com cautelares 
alternativas à prisão. 
Somente a autoridade 
judiciária pode determinar 
o relaxamento da prisão, 
de ofício ou provocado. 
A revogação da 
preventiva só pode ser 
decretada pela autoridade 
judiciária. Essa 
autoridade, inicialmente, é 
a mesma que decretou a 
prisão cautelar. 
Obviamente, caso o 
magistrado não revogue, 
Pode ser concedida tanto 
pela autoridade policial, 
quanto pelo juiz. 
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poderá se tornar 
autoridade coatora, com o 
ajuizamento de HC ao 
tribunal. 
 
Revisão Criminal x Habeas Corpus 
Habeas Corpus Revisão Criminal 
Pressupõe constrangimento ou risco de 
constrangimento à liberdade de 
locomoção. 
Tecnicamente, se o delito não 
comporta pena privativa de liberdade, 
teoricamente não é cabível habeas 
corpus (ex.: usuário de drogas). 
Pressupõe decisão condenatória ou 
absolutória imprópria com trânsito em 
julgado. 
No HC, não há uma fase de dilação 
probatória, devendo a prova ser pré-
constituída. 
Comporta uma fase de dilação 
probatória. 
Dispõe o art. 621 do CPP que uma das 
hipóteses de revisão criminal ocorre 
quando surge prova nova capaz de 
inocentar ou autorizar a diminuição da 
pena. 
Pode ser usado antes e durante 
processo, e até mesmo depois do 
trânsito em julgado, mas desde que 
subsista constrangimento à liberdade de 
locomoção. 
Havendo a morte do paciente durante o 
processo, ocorrerá a perda do objeto do 
HC. 
Pode ser ajuizada se houver o trânsito em 
julgado, inclusive após o cumprimento 
da pena ou a morte do indivíduo (art. 
623 do 
CPP). 
Havendo a morte do paciente durante o 
processo, será nomeado um curador 
(art. 631 do CPP). 
 
Cabimento 
O HC somente é cabível se alguém estiver sofrendo ou sob ameaça de violência ou 
coação em sua liberdade de locomoção, em razão de constrangimento legal. 
Ele exige, portanto, uma violência física ou moral (coação) atual ou iminente. É 
relevante, portanto, que haja atos concretos com essas finalidades, não sendo 
cabível a medida para combater situações hipotéticas. 
É exigido ainda que tal situação derive de uma ilegalidade ou de abuso de poder. Há 
abuso de poder, por exemplo, quando alguém fica sujeito a uma prisão temporáriapor 
prazo superior ao legal. 
Não cabe HC contra lei em tese (STJ, AgRg no HC 215.050/AC, DJ 2011). Justamente 
por isso, não é o instrumento idôneo para se conseguir salvo-conduto em favor de 
motorista que não quer se submeter ao teste do bafômetro, invocando a vedação à 
autoincriminação (STJ, HC 140.861/SP, DJ 2010). 
Os tribunais superiores possui jurisprudência admitindo o HC em diversos casos 
ampliativos, pois, em tese, podem resultar em uma condenação/prisão. Assim, cabe 
HC: 
 Contra instauração de inquérito policial, bem como indiciamento; 
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 Para os casos de autorização judicial de quebra de sigilos (ex.: sigilo bancário) - 
CF. STF, HC 79.191/SP, DJ 1999; 
 Na hipótese de a parte aceitar proposta de suspensão condicional do processo 
e sujeição ao período de prova, o que não gera renúncia ao interesse de impetrar 
HC para discutir a justa causa (Info 557 STJ); 
 Para impugnar medidas cautelares de natureza criminal diversas da prisão (Info 
888 STF) 
Hipóteses que Não se Admite Habeas Corpus 
 Quando já cumprida a pena de liberdade (Súmula 695/STF); 
 Para impugnar a mera perda do cargo; 
 Para impugnar a apreensão de veículos; 
 Para pedido de reabilitação (já que ele pressupõe o cumprimento da pena); 
 Para extrair cópias de processos; 
 Para visitar detento (Info 871 STF); 
 Para visita intima (Info 887 STF); 
 Para impeachment (Info 830 STF); 
 Para discutir perda/suspensão de direitos políticos; 
 Para discutir custas processuais (Súmula n. 395 do STF); 
 Para discutir a suspensão do direito de dirigir veículo automotor (Info 550 STJ); 
 Para discutir a reparação civil fixada em sentença condenatória; 
 Não cabe habeas corpus para discutir tipificação dos fatos (Info 702 STF); 
 Não cabe habeas corpus para rediscutir dosimetria (STF HC 110152/MS); 
 Não cabe habeas corpus para reexame dos pressupostos de admissibilidade 
dos recursos (Info 810 STF); 
 Nos casos em que a pena cominada não seja privativa de liberdade, o correto é 
o ajuizamento da ação de mandado de segurança. 
Infrações Punidas Com Pena de Multa e Prestação Pecuniária 
Hoje, tranquilamente, é sabido que não cabe HC quando a pena é de multa. O art. 51 
do CP não mais autoriza a conversão de pena de multa em pena privativa de liberdade 
(sendo cabível apenas a cobrança da dívida pela Fazenda). 
 Súmula 693/STF: “Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena 
de multa ou relativo a processo em curso por infração penal em que a pena 
pecuniária seja a única cominada”. 
Mas atenção, pois é cabível impetração de HC quanto à condenação a pena de 
prestação pecuniária, pois, diferentemente da multa, ela pode ser convertida a pena 
privativa de liberdade. 
Punições Disciplinares Militares 
Dispõe o art. 142, § 2º, da CR que “não caberá HC em relação a punições disciplinares 
militares”. No mesmo sentido, dispõe o art. 647 do CPP. 
Trata-se da impossibilidade de se analisar o mérito de referidas punições, não 
abrangendo, entretanto, os pressupostos de legalidade da punição disciplinar, que 
podem ser objeto de apreciação pelo Poder Judiciário, entre eles 
 Hierarquia; 
 Poder disciplinar; 
 Ato ligado à função; 
 Pena suscetível de ser aplicada disciplinarmente 
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Habeas Corpus Substitutivo de Recurso Ordinário 
É muito comum a impetração de HC como substitutivo de recurso. Até pouco tempo 
atrás, era pacífico que o cabimento de recurso, mesmo que com efeito suspensivo, não 
impediria o HC, desde que demonstrada sua imprescindibilidade. 
Atualmente, tanto a 1ª Turma do STF quanto o STJ reconhecem a inadequação do HC 
quando possível recurso ordinário, evitando-se a sobrecarga do Judiciário e a 
banalização do instituto, salvo na hipótese de ilegalidade manifesta. Ex.: o STJ já 
entendeu inadequado o HC em substituição ao agravo contra a inadmissibilidade 
de recurso especial (STJ, 5ª Turma, HC 165.156/MS, DJ 2011). 
Hipóteses de Cabimento Exemplificativas do CPP 
Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se 
achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua 
liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar. 
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal: 
I - quando não houver justa causa -- "Justa causa" aqui é um conceito 
vago, amplíssimo. 
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a 
lei; 
III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-
lo; 
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação; 
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que 
a lei a autoriza; 
VI - quando o processo for manifestamente nulo; 
VII - quando extinta a punibilidade. 
 
Aplicabilidade do Habeas Corpus na Justiça do Trabalho 
O habeas corpus, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à jurisdição 
trabalhista, passa a ser julgada pela Justiça do Trabalho. 
Na seara trabalhista, era muito utilizado na hipótese do depositário infiel, ou seja, 
quando o depositário não guardava os bens submetido à sua custodia. 
Entretanto, diante da Súmula Vinculante n.º 25 do STF, não subsiste mais a 
possibilidade da prisão civil do depositário infiel, cabendo apenas nos casos de 
inadimplemento de obrigações alimentícias. 
Apesar do suposto esvaziamento do remédio constitucional na seara trabalhista em 
razão da SV 25, a doutrina entende que será cabível o habeas corpus no caso de ato 
de autoridade judiciária trabalhista (em razão do descumprimento de uma ordem 
judicial) e contra ato de particular que esteja, ilegalmente ou em abuso de poder, 
restringindo a liberdade de outrem, como o empregador que mantém empregado no 
ambiente de trabalho durante o movimento grevista, ou, também, no caso de trabalho 
escravo. 
Apesar de possui competência para jogar HC, a Justiça do Trabalho não possui 
competência para processar e julgar ações penais (ADI 3.684). 
O TST amplia consideravelmente as hipóteses de cabimento do HC, autorizando o seu 
manejo para a proteção da autonomia da vontade contra ilegalidade ou abuso de 
poder praticados nas relações de trabalho, objetivando assegurar o livre exercício do 
trabalho. 
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A competência funcional para o julgamento do habeas corpus dependerá da 
autoridade coatora: 
Coautor Órgão Competente 
Juiz da Vara do Trabalho TRT 
Desembargador do TRT TST 
Ato praticado por quem não faça parte 
do judiciário trabalhista 
Vara do Trabalho 
 
Jurisprudência Envolvendo Habeas Corpus na Justiça do Trabalho 
2018 – Gustavo Scarpa x Fluminense Football Club: Liminar de HC concedida pelo 
Ministro do TRT Alexandre Belmonte em favor do jogador Gustavo Scarpa, liberando-o 
do seu vínculo com o Fluminense, em razão de dívidas trabalhistas, envolvendo FGTS, 
13º Salário, férias: 
 "Manter atleta aprisionado a um contrato deteriorado pela mora contumaz atenta 
contra os princípios da boa e da liberdade de trabalho, este com assento 
constitucional, mormente quando texto expresso de lei o liberta. Interpretação 
sobre o princípio da imediatidade capaz de levar ao absurdo, corresponde a 
verdadeira imposição de suportabilidade de condições de trabalho atentatórias 
da dignidade da pessoa humana. O alvará de soltura da prisão contratual se 
impõe nessas circunstâncias". (...) “Portanto, basta o atraso por prazo superior 
a três meses, para caracterizar a mora contumaz. E a caracterização do atraso 
abrange férias, décimo terceiro salário, salário e demais verbas salariais, além 
do direito de imagem". 
2012 – Oscar x São Paulo Futebol Clube: Liminar de HC concedida pelo Ministro do 
TST Guilherme Caputo Bastos em favor do jogador de futebol Oscar para que possa 
exercer livremente a sua profissão, participando de jogos e treinamentos em qualquer 
localidade e para qualquer empregador – Posteriormente houve acordo entre as partes 
(Oscar, São Paulo e Internacional, clube que Oscar assinou após conseguir o HC): 
 “Jamais se poderá impor ao trabalhadoro dever de empregar sua mão de obra 
a empregar ou em local que não deseje, sob pena de grave ofensa aos princípios 
da liberdade e da dignidade da pessoa humana e da autonomia da vontade, em 
todo dos quais é construído todo o ordenamento jurídico pátrio”. 
Espécies de Habeas Corpus 
 Preventivo: Pressupõe ameaça concreta à liberdade de locomoção. Caso se 
consiga a ordem, o paciente será beneficiado com o chamado salvo-conduto 
(significa que o paciente pode andar sem ser molestado). Cuidado: não se 
admite HC preventivo contra uma lei em tese, por mais que ela seja 
inconstitucional. 
O ajuizamento de HC preventivo pode se deparar, no curso da demanda, com a 
efetivação da ameaça à liberdade de locomoção. Em tal caso, o HC preventivo 
se transmuda em liberatório, mercê do princípio da fungibilidade que permeia a 
compreensão da demanda. 
 
 Repressivo/Liberatório: Neste caso, já há um constrangimento. Logo, o 
caminho não é o salvo-conduto, mas sim um alvará de soltura. 
 
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 Profilático (Noberto Avena): Destina-se a suspender atos processuais ou 
medidas que possam importar prisão futura com aparência de legalidade, mas 
contaminada por ilegalidade anterior. Ex.: HC para impugnar decisão de 
improcedência de exceção de incompetência. 
 
 Trancativo: Objetiva o trancamento de inquérito policial ou processo penal. 
Para a doutrina majoritária, as hipóteses de HC "profilático" ou "trancativo" 
representam classificação concursal inútil, pois já enquadradas nas hipóteses 
anteriores. 
Obs.: o uso do HC para trancar investigação preliminar ou processo penal é excepcional. 
A jurisprudência traz os seguintes parâmetros: 
Trancamento de Investigação Preliminar Trancamento de Processo Penal 
Causas: 
• Manifesta atipicidade formal ou material 
da conduta; 
• Causa extintiva da punibilidade; 
• Instauração de IPL em crime de ação 
penal privada ou condicionada à 
representação, sem prévio requerimento 
do ofendido. 
Causas: 
• Manifesta atipicidade formal ou material 
da conduta; 
• Causa extintiva da punibilidade; 
• Ausência de pressupostos processuais 
ou condições da ação; 
• Ausência de justa 
 
Legitimidade 
Legitimidade Ativa e Paciente 
No HC, as figuras do paciente (beneficiário) e do impetrante (quem ajuíza o HC) podem 
não coincidir. O legitimado ativo é aquele que pede a concessão da ordem de habeas 
corpus em favor de alguém, que pode ser ele mesmo. 
Essa legitimação é irrestrita: qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira, 
bem como o MP, pode pedir HC em favor de qualquer pessoa física, em substituição 
processual. 
Nesse sentido, dispõe o art. 654 o CPP: "Art. 654. O habeas corpus poderá ser 
impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério 
Público". 
 Pessoa jurídica pode impetrar HC, ainda que não esteja regularmente 
constituída. Não poderá, contudo ser paciente de HC, pois não possui liberdade 
de locomoção. 
 O Ministério Público tem legitimidade para impetrar HC, tendo em vista sua 
função de guardião da ordem jurídica. Contudo, no caso de réu solto, é vedado 
ao MP ajuizar HC para conseguir medida que favorece a acusação (STF, 1ª 
Turma, HC 91.510/RN, DJ 2008). 
 O Habeas Corpus é gratuito e o impetrante não precisa ter capacidade 
postulatória. Pode ser uma criança ou outro incapaz. Não é necessária a 
impetração por advogado (art. 1º, §1º, EOAB), nem mesmo a sua atuação na 
fase recursal. 
Legitimidade Passiva 
Muito se discute se a parte ré, no HC, é a autoridade coatora ou a pessoa jurídica a que 
está vinculada. A mesma discussão existe no MS. 
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Sem embargo, prevalece que o legitimado passivo é a pessoa responsável pela 
violência ou coação, que pode ser o delegado de polícia (ao instaurar um IPL abusivo 
ou efetuar prisão em flagrante abusiva, por exemplo), o membro do MP (ao requisitar 
um IPL abusivamente) o juiz (ao prender indevidamente) etc. O detentor do preso, ou 
seja, aquele que apenas cumpre a ordem, não é autoridade coatora. 
Até mesmo o particular pode ser autoridade coatora, pois a Constituição não exige que 
a coação ou violência advenha de autoridade pública. Ex.: diretor de hospital que 
impede paciente de deixar o hospital. 
Competência 
A análise da competência para processar e julgar HC deve partir da leitura da 
Constituição da República e Constituições Estaduais, pois há muitas hipóteses de 
competência originária. 
Como regra geral, a competência leva em consideração as pessoas do paciente e da 
autoridade coatora. À luz do regramento existente, Há três regramentos básicos: 
1º - O HC contra ato de autoridade coatora que possui foro por prerrogativa de função 
é julgado pelo Tribunal competente para processar e julgar os crimes praticados por ela. 
Ex.: cabe ao STF processar e julgar HC que tenha o Procurador-Geral da República 
como autoridade coatora. 
2º - Se a autoridade coatora for órgão jurisdicional, a competência será do Tribunal 
imediatamente superior. 
3º - A princípio, não se admite o HC per saltum. Ou seja, para que seja processado e 
julgado por uma instância superior, é necessário que a instância inferior, que possui 
competência, tenha esgotado o julgamento do HC, salvo em situações teratológicas ou 
de manifesta ilegalidade. 
Nesse sentido, dispõe o enunciado n. 691 da Súmula do STF: "Não compete ao 
Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão 
do relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar". 
Se a competência é do STJ e o ministro relator indefere a liminar em HC, é necessário 
recorrer via agravo regimental no próprio STJ, não sendo possível, em regra, impetrar 
HC no STF contra esse indeferimento monocrático. Essa regra, contudo, é flexibilizada, 
nos casos de ilegalidade flagrante e teratologia. 
STF – a) Julga o habeas corpus, sendo paciente o Presidente da República, o Vice- 
Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros, o Procurador-
Geral da República, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército 
e da Aeronáutica, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da 
União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente; b) julga o habeas 
corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for 
autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do 
Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma 
única instância (art. 102, I, "d" e "i"); 
STJ – a) Julga o habeas corpus, quando o coator ou paciente for: Governadores dos 
Estados e do Distrito Federal, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos 
Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do 
Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais 
e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os 
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do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais; b) quando o coator for 
tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do 
Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral (art. 105, I, 
"c"); 
TRF – julga HC quando a autoridade coatora for juiz federal (art. 108, I, "d") ou membros 
do Ministério Público da União de primeira instância (membros do MPF, MPT, MPM e 
MPDFT). A competência originária para casos em que membros do MP de primeira 
instância sejam autoridade coatora não está prevista expressamente. Contudo, como o 
HC pode resultar no reconhecimento da prática de um crime, prevalece, no STJ e no 
STF, a competência originária de tribunal (STF, RMS 27.872/DF, DJe 2010; STJ, REsp 
336.857/DF, DJ 2005); 
TJ – Julgará HC quando a autoridade coatora ou paciente for autoridade diretamente 
sujeita a sua jurisdição, conforme disciplina da Constituição Estadual; 
Turma Recursal – Dispõe o enunciadon. 690 da Súmula do STF que compete 
originariamente ao STF o julgamento de HC contra decisão de Turma Recursal de 
Juizados Especiais Criminais. Segundo o próprio STF, tal enunciado está 
ultrapassado, entendendo-se atualmente que a competência é do TJ (já que quem 
compõe a Turma Recursal é o juiz de primeiro grau). Se, contudo, a autoridade coatora 
for Juiz singular do Juizado Especial Criminal, a competência é da Turma Recursal: 
A Súmula 690/STF não mais prevalece a partir do julgamento pelo 
Pleno do HC 86834/SP, relatado pelo Rel. Ministro Marco Aurélio (DJ 
em 9.3.2007), no qual foi consolidado o entendimento de que compete 
ao Tribunal de Justiça ou ao Tribunal Regional Federal, conforme 
o caso, julgar habeas corpus impetrado contra ato praticado por 
integrantes de Turmas Recursais de Juizado Especial." (ARE 
676275 AgR, Relator Ministro Gilmar Mendes, Segunda Turma, 
julgamento em 12.6.2012, DJe de 1.8.2012). 
Procedimento 
Na ação de HC, não é necessário que o impetrante seja advogado. Qualquer pessoa, 
física ou jurídica, pode ajuizá-lo sem que precise seguir uma forma definida de recolher 
custas processuais. Ou seja: não é exigível ao impetrante a capacidade postulatória. 
Demais disso, o HC pode ser impetrado pelo próprio MP, ou mesmo ex officio, 
excepcionando o princípio da inércia de jurisdição. 
A forma de propositura do HC é livre e a petição deverá conter apenas os requisitos do 
art. 654, §1º, do CPP: 
Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, 
em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Público. 
§ 1º A petição de habeas corpus conterá: 
a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência 
ou coação e o de quem exercer a violência, coação ou ameaça; 
b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples 
ameaça de coação, as razões em que funda o seu temor; 
c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não 
souber ou não puder escrever, e a designação das respectivas 
residências. 
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Convém ressaltar que o procedimento não comporta instrução probatória. O 
procedimento é bastante próximo do mandado de segurança, que exige a configuração 
de direito líquido e certo, mediante prova pré-constituída. Em outras palavras, é exigida 
prova documental já juntada com a petição inicial. 
Parte da doutrina acrescenta que, em situações excepcionalíssimas, seria possível a 
inquirição de testemunhas no procedimento do HC. 
Por óbvio, cabe medida liminar no seu procedimento, desde que presentes os requisitos 
da urgência e plausibilidade jurídica. 
Recebida a petição, o juiz poderá, se necessário, determinar a apresentação do preso, 
designando dia e hora. Tal medida, contudo, não ocorre com frequência. 
Além disso, a autoridade coatora será intimada para prestar informações escritas (art. 
662): 
Art. 662. Se a petição contiver os requisitos do art. 654, § 1o, o 
presidente, se necessário, requisitará da autoridade indicada como 
coatora informações por escrito. Faltando, porém, qualquer daqueles 
requisitos, o presidente mandará preenchê-lo, logo que Ihe for 
apresentada a petição. 
Em seguida, o MP terá vista dos autos, para parecer. Essa previsão só consta no 
Decreto-lei n. 552/69 (art. 1º, §2º), relativo a feitos de competência originária de tribunal, 
mas também tem sido aplicada aos processos de primeira instância. Em sendo a ação 
penal privada, também o querelante deve intervir (STF, Pet 423 AgR/SP, DJ 1992). 
No que se refere à coisa julgada no HC, prevalece o regime secundum eventum 
probationis, em razão da sua cognição não exauriente. Assim, a denegação da ordem 
não impede o ajuizamento de novo HC, com base em prova nova. 
Habeas Corpus Coletivo 
Em 2018, o julgamento do HC nº 143.641 pelo Supremo Tribunal Federal (STF) atraiu 
fortemente as atenções do cenário jurídico. Dita ação foi impetrada por advogados 
membros do Coletivo de Advogados em Direitos Humanos (CADHu) diretamente no 
STF, em benefício de "todas as mulheres submetidas à prisão cautelar no sistema 
penitenciário nacional, que ostentem a condição de gestantes, de puérperas ou de mães 
com crianças com até 12 anos de idade sob sua responsabilidade, e das próprias 
crianças". 
Como amici curiae (art. 138, do CPC) participaram as defensorias públicas de diversos 
estados e o Instituto de Defesa do Direito de Defesa – Márcio Thomaz Bastos (IDDD), 
figurando a Defensoria Pública da União como impetrante, após determinação do 
ministro relator, Ricardo Lewandowski. 
É importante notar, de início, que os pacientes do aludido HC consistem em um grupo, 
uma coletividade. Quanto a isso, a primeira pergunta que deve ser feita é: afinal, é 
cabível a figura do habeas corpus coletivo, ou seja, que tenha por paciente uma 
coletividade? 
À luz das contribuições teóricas de autores como de Antonio Gidi e Mafra Leal, 
entendesse por ação coletiva aquela proposta por um legitimado extraordinário (ou 
substituto processual), em defesa de um direito naturalmente ou acidentalmente 
11 
 
coletivo, apta à produção de uma decisão final cujos efeitos são extensíveis a uma 
comunidade ou coletividade. 
Ao disciplinar, junto com a Lei da Ação Civil Pública (Lei nº 7.347/1985), o microssistema 
processual coletivo, o Código de Defesa do Consumidor (CDC) deixou claro que "[p]ara 
a defesa dos direitos e interesses protegidos por este código são admissíveis todas as 
espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela." (art. 83). 
Sendo o habeas corpus uma ação destinada à proteção do direito à liberdade de 
locomoção ("sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou 
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder", na dicção 
do art. 5º, LXVIII, da Constituição), a literalidade do texto caminha no sentido do 
reconhecimento da sua impetração na modalidade coletiva. Esse é, aliás, um ponto 
bastante relevante do processo coletivo: é possível conceber o seu manejo para os mais 
diversos tipos de ação (ação monitória coletiva, ação possessória coletiva etc.). 
A rigor, portanto, diante do princípio da atipicidade das ações coletivas previsto no art. 
83 do CDC, carece de sentido a afirmação de que não é cabível o HC coletivo, por 
ausência de previsão legal. 
Nesse sentido, ao julgar o HC nº 143.641, a Segunda Turma do STF decidiu pelo 
cabimento da figura processual, invocando, por analogia, o art. 12 da Lei nº 
13.300/2016 (Lei do Mandado de Injunção Coletivo) para a definição da 
legitimidade ativa, assegurada ao Ministério Público, partido político com 
representação no Congresso Nacional, organização sindical, entidade de classe 
ou associação (para a defesa dos direitos de seus membros ou associados) e 
defensorias públicas. 
No âmbito da Primeira Turma, por outro lado, é possível encontrar decisão monocrática 
do ministro Alexandre de Moraes, negando seguimento liminarmente em habeas corpus 
coletivo, por ausência de indicação, de maneira individualizada, do específico 
constrangimento ilegal sofrido pelos pacientes (HC nº 148.459). 
Na oportunidade, registrou que não seria possível o ajuizamento de HC coletivo 
diretamente ao STF, como "sucedâneo de ações específicas de controle concentrado 
de constitucionalidade", pois isso suprimiria "a necessária análise individualizada pelo 
juiz competente da situação de cada preso". 
Dizer o Direito:1 
O habeas corpus se presta a salvaguardar a liberdade. Assim, se o bem jurídico 
ofendido é o direito de ir e vir, quer pessoal, quer de um grupo determinado de 
pessoas, o instrumento processual para resgatá-lo é o habeas corpus, individual ou 
coletivo. 
A ideia de admitir a existência de habeas corpus coletivo está de acordo com a 
tradição jurídica nacional de conferir a maior amplitude possível ao remédio heroico 
(doutrina brasileira do habeas corpus). 
Apesar de não haver uma previsão expressa no ordenamento jurídico, existemdois 
dispositivos legais que, indiretamente, revelam a possibilidade de habeas corpus 
coletivo. Trata-se do art. 654, § 2º e do art. 580, ambos do CPP. 
O art. 654, § 2º estabelece que compete aos juízes e tribunais expedir ordem de 
habeas corpus de ofício. O art. 580 do CPP, por sua vez, permite que a ordem 
 
1 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível a impetração de habeas corpus coletivo. Buscador Dizer o Direito, 
Manaus. Disponível em: 
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/cffb6e2288a630c2a787a64ccc67097c>. Acesso em: 
20/07/2018 
12 
 
concedida em determinado habeas corpus seja estendida para todos que se 
encontram na mesma situação. 
Assim, conclui-se que os juízes ou Tribunais podem estender para todos que se 
encontrem na mesma situação a ordem de habeas corpus concedida individualmente 
em favor de uma pessoa. 
Existem mais de 100 milhões de processos no Poder Judiciário, a cargo de pouco 
mais de 16 mil juízes, exigindo do STF que prestigie remédios processuais de 
natureza coletiva com o objetivo de emprestar a máxima eficácia ao mandamento 
constitucional da razoável duração do processo e ao princípio universal da 
efetividade da prestação jurisdicional. 
Diante da inexistência de regramento legal, o STF entendeu que se deve aplicar, 
por analogia, o art. 12 da Lei nº 13.300/2016, que trata sobre os legitimados para 
propor mandado de injunção coletivo. 
Assim, possuem legitimidade para impetrar habeas corpus coletivo: 
1) o Ministério Público; 
2) o partido político com representação no Congresso Nacional; 
3) a organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e 
em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano; 
4) a Defensoria Pública. 
STF. 2ª Turma.HC 143641/SP. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/2/2018 
(Info 891). 
 
A Teoria/Doutrina Brasileira do Habeas Corpus2 
Capitaneada pelo eminente jurista Ruy Barbosa, entre o final do século XIX e início do 
XX, a “doutrina brasileira do habeas corpus” advogava que o referido remédio 
constitucional não se prestava apenas para enfrentar situações que envolvesse 
restrição ou ameaça de restrição à liberdade de locomoção, mas também para ocasiões 
em que o paciente fosse submetido à coação ou constrangimento à liberdade individual. 
Interessante anotar que essa aplicação ampliativa era uma construção DOUTRINÁRIA, 
já que o texto constitucional vigente à época (Constituição de 1891) era peremptória em 
apontar que “dar-se-á habeas corpus sempre que o indivíduo sofrer ou se achar em 
iminente perigo de sofrer violência ou coação, por ilegalidade ou abuso de poder”. 
Não havendo outro remédio constitucional para resguardar com a mesma eficácia e 
rapidez do habeas corpus os outros direitos, o próprio Supremo Tribunal Federal 
admitiu, em alguns precedentes, a utilização extensiva do habeas corpus. Exemplo 
muito bem selecionado por Renato Brasileiro indica um caso em que o STF concedeu 
HC para reintegrar funcionários públicos e para determinar publicação de discursos pela 
imprensa (vide STF, HC 3,536, de maio de 1914). 
Naquele momento em que a “doutrina brasileira do habeas corpus”, nitidamente de 
amplo caráter liberal, crescia em sua aplicação e incomodava os governantes da 
ocasião, houve a reforma de 1926 pondo uma “pá de cal” em sua aplicação, já que o 
texto constitucional passou a restringir expressamente que o habeas corpus somente 
para retirar alguém da prisão ilegal ou para evitar ameaça ilegal de prisão. A partir dessa 
reforma constitucional o writ of habeas corpus não mais poderia ser instrumento 
tutelador de todos os direitos líquidos, certos e incontestáveis, mas restrito às hipóteses 
de liberdade de locomoção. 
 
2 Professor Pedro Coelho. Disponível em: <https://www.facebook.com/Profpedrocoelho/posts/%E2%80%9Cdoutrina-
brasileira-do-habeas-corpus%E2%80%9D:/334101903595121/> 
13 
 
Essa fórmula foi repetida em todas as demais constituições que trouxeram a previsão 
do habeas corpus, inclusive é o que se denota do texto desenhado no artigo 5º, LXIX 
da Constituição de 1988. 
Com a previsão também de outros remédios constitucionais (MS, Habeas Data...), não 
há mais sentido em insistir na doutrina brasileira do habeas corpus. 
Jurisprudência 
 A superveniência de sentença condenatória que mantém a prisão 
preventiva prejudica a análise do habeas corpus que havia sido impetrado 
contra o título originário da custódia. Se, após o habeas corpus ser impetrado 
contra a prisão preventiva, o juiz ou Tribunal prolata sentença/acórdão 
condenatório e mantém a prisão anteriormente decretada, haverá uma alteração 
do título prisional e, portanto, o habeas corpus impetrado contra prisão antes do 
julgamento não deverá ser conhecido. STF. Plenário. HC 143333/PR, Rel. Min. 
Edson Fachin, julgado em 11 e 12/4/2018 (Info 897). 
 Relator pode determinar, de forma discricionária, que HC seja julgado pelo 
Plenário do STF (e não pela Turma). Essa possibilidade encontra-se prevista no 
art. 6º, II, “c” e no art. 21, XI, do RI/STF. Para fazer isso, o Relator precisa 
fundamentar essa remessa? É necessário que o Relator apresente uma 
justificativa para que o caso seja levado ao Plenário? NÃO. STF. Plenário. HC 
143333/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 11 e 12/4/2018 (Info 897). 
 É cabível habeas corpus contra decisão judicial transitada em julgado? 1ª) SIM. 
Foi o que decidiu a 2ª Turma no RHC 146327/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, 
julgado em 27/2/2018 (Info 892). 2ª) NÃO. É a posição majoritária no STF e 
no STJ. Vale ressaltar que se houver alguma ilegalidade flagrante, o Tribunal 
poderá conceder a ordem de ofício. STF. 2ª Turma. RHC 146327/RS, Rel. Min. 
Gilmar Mendes, julgado em 27/2/2018 (Info 892). 
 O art. 28 da LD não prevê a possibilidade de o condenado receber pena privativa 
de liberdade. Não havendo ameaça à liberdade de locomoção, não cabe 
habeas corpus. Em suma, o habeas corpus não é o meio adequado para 
discutir crime que não enseja pena privativa de liberdade. STF. 1ª Turma.HC 
127834/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, 
julgado em 05/12/2017 (Info 887). 
 Não cabe habeas corpus para o STF contra decisão monocrática do Ministro do 
STJ que negou o pedido da defesa formulado em ação cautelar (medida 
cautelar) proposta com o objetivo de conferir efeito suspensivo ao recurso 
especial. Incide, no caso, o óbice previsto na Súmula 691 do STF. STF. 1ª 
Turma. HC 138633/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de 
Moraes, julgado em 8/8/2017 (Info 872). 
 Em regra, não cabe habeas corpus para o STF contra decisão monocrática do 
Ministro do STJ que não conhece ou denega habeas corpus que havia sido 
interposto naquele Tribunal. É necessário que primeiro o impetrante exaure 
(esgote), no tribunal a quo (no caso, o STJ), as vias recursais ainda cabíveis (no 
caso, o agravo regimental). Exceção: essa regra pode ser afastada em casos 
excepcionais, quando a decisão atacada se mostrar teratológica, flagrantemente 
ilegal, abusiva ou manifestamente contrária à jurisprudência do STF, situações 
nas quais o STF poderia conceder de ofício o habeas corpus. STF. 2ª Turma. 
HC 143476/RJ, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Ricardo 
Lewandowski, julgado em 6/6/2017 (Info 868). 
14 
 
 Não é cabível HC em face de decisão monocrática de Ministro do STF. STF. 
Plenário. HC 105959/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. 
Edson Fachin, julgado em 17/2/2016 (Info 814). STF. Plenário. HC 115787/RJ, 
Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/5/2017 (Info 
865). 
 Não cabe habeas corpus para reexame dos pressupostos de 
admissibilidade de recurso interposto no STJ. STF. 2ª Turma. HC 
138944/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 21/3/2017 (Info 858). É possível que o Ministro Relator do STJ ou do STF decida monocraticamente o 
habeas corpus nas hipóteses autorizadas pelo regimento interno? • Precedente 
divulgado no Info 857: NÃO. Cabe ao colegiado o julgamento de habeas corpus. 
• Posição amplamente majoritária no STF: SIM. O Ministro Relator pode 
decidir monocraticamente habeas corpus nas hipóteses autorizadas pelo 
regimento interno, sem que isso configure violação ao princípio da colegialidade. 
Nesse sentido: STF. 1ª Turma. HC 137265 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, 
julgado em 07/03/2017; STF. 2ª Turma. HC 131550 AgR, Rel. Min. Gilmar 
Mendes, julgado em 15/12/2015. STF. 1ª Turma. HC 120496/MS, Rel. Min. 
Marco Aurélio, julgado em 14/3/2017 (Info 857). 
 A intimação pessoal da Defensoria Pública quanto à data de julgamento de 
habeas corpus só é necessária se houver pedido expresso para a 
realização de sustentação oral. STF. 2ª Turma. HC 134.904/SP, Rel. Min. Dias 
Toffoli, julgado em 13/9/2016 (Info 839). 
 Não se admite habeas corpus para se questionar nulidade cujo tema não 
foi trazido antes do trânsito em julgado da ação originária e tampouco 
antes do trânsito em julgado da revisão criminal, sob pena de transformar 
o writ em sucedâneo da revisão criminal. STF. 1ª Turma. RHC 124041/GO, 
rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 
30/8/2016 (Info 837). 
 Não cabe HC para se discutir se houve dolo eventual ou culpa consciente 
em homicídio praticado na direção de veículo automotor. STF. 1ª Turma. HC 
131029/RJ, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado 
em 17/5/2016 (Info 826). STF. 2ª Turma. HC 132036/SE, Rel. Min. Cármen 
Lúcia, julgado em 29/3/2016 (Info 819). 
 É admissível a interposição de recurso ordinário para impugnar acórdão 
de Tribunal de Segundo Grau concessivo de ordem de habeas corpus na 
hipótese em que se pretenda questionar eventual excesso de medidas 
cautelares fixadas por ocasião de deferimento de liberdade provisória. STJ. 
5ª Turma. RHC 65974-SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 
10/3/2016 (Info 579). 
 O julgamento pelo STF de HC impetrado contra decisão proferida em recurso 
especial não afasta, por si só, a competência do STJ para processar e julgar 
posterior revisão criminal. STJ. 3ª Seção. RvCr 2877-PE, Rel. Min. Gurgel de 
Faria, julgado em 25/2/2016 (Info 578). 
 Cabe habeas corpus para apurar eventual ilegalidade na fixação de medida 
protetiva de urgência consistente na proibição de aproximar-se de vítima 
de violência doméstica e familiar. STJ. 5ª Turma. HC 298499-AL, Rel. Min. 
Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 1º/12/2015 (Info 574). 
 A proibição da “reformatio in pejus”, princípio imanente ao processo penal, 
aplica-se ao “habeas corpus”, cujo manejo jamais poderá agravar a situação 
jurídica daquele a quem busca favorecer. STF. 2ª Turma. HC 126869/RS, Rel. 
Min. Dias Toffoli, julgado em 23/6/2015 (Info 791). 
15 
 
 É desnecessária a prévia discussão acerca de matéria objeto de habeas corpus 
impetrado originariamente no STJ, quando a coação ilegal ou o abuso de poder 
advierem de ato de TRF no exercício de sua competência penal originária. Ao 
fazer essa exigência, o STJ está impondo para o habeas corpus o requisito do 
“prequestionamento”, que somente é aplicável nos casos de recurso especial ou 
recurso extraordinário. STF. 1ª Turma. RHC 118622/ES, Rel. Min. Roberto 
Barroso, julgado em 17/3/2015 (Info 778). 
 Admite-se a intervenção de terceiros no processo de habeas corpus? • Regra: 
NÃO. • Exceção: em habeas corpus oriundo de ação penal privada, admite-se a 
intervenção do querelante no julgamento do HC, uma vez que ele tem interesse 
jurídico na decisão. STJ. 5ª Turma. RHC 41527-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, 
julgado em 3/3/2015 (Info 557). 
 Segundo o STF, o HC não é o instrumento processual adequado a postular o 
direito de exercer a autodefesa técnica, uma vez que não está em jogo a 
liberdade de locomoção do paciente. STF. 2ª Turma. HC 122382/SP, Rel. Min. 
Cármen Lúcia, julgado em 5/8/2014 (Info 753). 
 A pessoa, sem ter capacidade postulatória, impetra um HC e este é negado. 
Essa mesma pessoa poderá ingressar com recurso contra a decisão? Para se 
interpor o recurso contra a decisão denegatória do HC, a capacidade postulatória 
também é dispensada? • STF: SIM (posição levemente majoritária no STF). • 
STJ: NÃO (posição pacífica no STJ). STF. 2ª Turma. HC 141316 AgR, Rel. Min. 
Dias Toffoli, julgado em 05/05/2017. STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 69.183/AM, 
Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 10/10/2017. STJ. 6ª Turma. RHC 42925/ES, 
Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 08/05/2014. 
 
Referências 
LORDELO, João Paulo. Habeas Corpus (base desse material). Disponível em: 
<https://www.joaolordelo.com/single-post/2018/04/06/Habeas-Corpus---An%C3%A1lise-total>; 
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado – 21 Ed. – São Paulo: Saraiva 2017; 
SARAIVA, Renato, LINHARES, Aryanna. Processo do Trabalho para Concursos Públicos – 14 
Ed. rev., atual. e ampl. – Salvador: JusPodivm, 2018; 
MIESSA, Élisson. Processo do Trabalho para os concursos de Analista do TRT, TST e do MPU 
– 7 Ed – ver., atual. – Salvador: JusPodivm, 2018; 
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: 
<https://www.buscadordizerodireito.com.br>.

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