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Fernanda Iachitzki Atenção farmacêutica 1 Serviço farmacêutico clínico na dispensação de medicamentos Sumário ●Princípios da dispensação de medicamentos ●Aspectos legais da dispensação ●Aspectos clínicos da dispensação Legislação LEI n° 5.991, de 17 de dezembro de 1973- Dispõe sobre o Controle Sanitário do Comércio de Drogas, Medicamentos, Insumos Farmacêuticos e Correlatos, e dá outras Providências. ●Dispensação- ato de fornecimento ao consumidor de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, a título remunerado ou não ↳ Aqui não se fala do aconselhamento, somente do fornecimento, até pela época em que essa lei surgiu, em 1973 pouco se falava da área de cuidado farmacêutico LEI n° 13.021, de 8 de agosto de 2014- Dispõe sobre o exercício e a fiscalização das atividades farmacêuticas ●Art. 14. Cabe ao farmacêutico, na dispensação de medicamentos, visando a garantir a eficácia e a segurança da terapêutica prescrita, observar os aspectos técnicos e legais do receituário. Dispensação Serviço farmacêutico clínico Ato privativo do farmacêutico Tem por finalidade propiciar o acesso ao medicamento e o uso adequado Definição: Envolve a análise dos aspectos técnicos e legais do receituário, a realização de intervenções, a entrega de medicamentos e de outros produtos para a saúde ao paciente e ao cuidados, a orientação sobre seu uso adequado e seguro, seus benefícios, sua conservação e descarte, com o objetivo de garantir a segurança do paciente, o acesso e a utilização adequados A dispensação da maneira descrita na definição, exige a formação clínica do farmacêutico, não significa precisar fazer uma pós-graduação em farmácia clínica, apenas a própria formação clínica contida nas nossas diretrizes curriculares. Exige formação clínica do farmacêutico A dispensação da maneira descrita na definição ●Avaliar a prescrição Fernanda Iachitzki ●Correlacionar os medicamentos prescritos/não prescritos com as condições de saúde e características do paciente ●Considerar outros fatores que podem interferir no resultado do tratamento e na segurança do paciente Por que a dispensação é tão importante? É o último contato que o paciente vai ter com o profissional de saúde antes de utilizar o medicamento. É como se fosse a última chance de resolver algum potencial problema, ou verificar uma contraindicação. Elementos mínimos que caracterizam o serviço de dispensação Com relação as Fontes dos dados clínicos, de onde vem esses dados clínicos que eu preciso desse paciente para executar o serviço de dispensação, esses dados vêm da própria receita, pode vir de entrevista com paciente/ cuidador, ou do prontuário. Os parâmetros avaliados pelo farmacêutico são os requisitos técnicos, administrativos e legais da prescrição. Retorno do paciente (follow up), muitas vezes é desnecessário quando estamos fazendo a dispensação do medicamento a não ser que constate que é um paciente elegível para o acompanhamento farmacoterapêutico, aí eu vou chamar ele pra outro serviço, mas o retorno para o serviço de dispensação pode- se considerar desnecessário. Produto (output), Medicamento entregue e paciente informado Quem recebe o produto nem sempre é o paciente, pode ser o cuidador ou representante (comunicação com terceiros) Momento em que o serviço acontece: na própria dispensação Cenários de dispensação Quando nós temos uma prescrição precisamos fazer durante a dispensação do medicamento: -Análise técnica e legal da prescrição ↳Para ver se podemos de fato fornecer o produto que está sendo solicitado nessa receita. -Intervenções ↳Às vezes é necessário fazer contato com o médico, alguma informação não ficou clara, ou faltou alguma informação na prescrição, ou até mesmo a substituição do medicamento por genérico, ou similar equivalente. -Entrega do medicamento -Aconselhamento: forma de uso, benefícios, conservação, descarte Análise técnica e legal da prescrição Deve estar escrita a tinta, por extenso e de modo legível Deve conter ●Nome e endereço do paciente Fernanda Iachitzki ●Nome do medicamento, forma farmacêutica, posologia, apresentação, modo de administração e duração do tratamento ●Data, nome e assinatura do prescritor Para medicamentos sujeitos a controle especial, seguir a portaria n° 344/1998 Problemas relacionados à prescrição ●Erros de medicação -Nome do medicamento -Dose, via de administração e duração do tratamento ●Problemas de ordem legal -Preenchimento incorreto ●Problemas terapêuticos -Contraindicação absoluta -Interações medicamentosas de alto significado clínico -Superdosagem Prescrição de antimicrobianos ●Modelo de receita- em duas vias, contendo o nome completo, idade e sexo do paciente. Caso o prescritor não informe, esses dados podem ser preenchidos pelo farmacêutico responsável pela dispensação. ●Validade da receita- validade em todo o território nacional, em até 10 dias a partir da sua emissão (a data de emissão corresponde ao primeiro dia de validade da receita) Quantidades máximas- não há uma quantidade limite para prescrição e não há um número máximo de substâncias que podem que podem ser prescritas na mesma receita. Receitas de atb podem conter qualquer outra classe de medicamentos exceto aqueles controlados pela Portaria n° 344/1998 Dentro do cenário da dispensação com prescrição, nós podemos ter uma nova prescrição, ou a continuação de uma prescrição antiga. Quando é uma nova prescrição, o primeiro contato do paciente com aquele medicamento, tem que prestar muita atenção no nome do medicamento, posologia, modo de usar e efeito adverso potencial. Quando é um paciente que já está em uso daquele medicamento e esta continuando aquele tratamento, é importante fazer a verificação da efetividade, segurança, uso correto e adesão. Prescrição de qualidade Máximo de efetividade, minimiza riscos e custos e respeita a conveniência e escolha do paciente Detectar e resolver os problemas relacionados às prescrições pode favorecer o sucesso terapêutico e beneficiar o paciente e a comunidade- INTERVENÇÕES Entrega do medicamento e aconselhamento ●Uma das intervenções é a orientação ao paciente representa a complementação da consulta com o prescritor Fernanda Iachitzki Patient counseling, mdication counseling, medicine counseling- abordagem focada no aumento da capacidade do paciente em resolver problemas com propósito de melhorar ou manter sua saúde e qualidade de vida (USP;FIP) ↳Através desse aconselhamento a gente vai empoderar o paciente para que ele tenha um aumento da capacidade de resolver problemas relacionados a farmacoterapia e a sua saúde. No Brasil a gente utiliza os termos “aconselhamento de paciente” ou “orientação farmacêutica” que se define como um processo de escuta ativa, individualizado e centrado no cliente. Pressupõe a capacidade de estabelecer uma relação de confiança entre os interlocutores, visando o resgate dos recursos internos da pessoa atendida para que ela mesma tenha a possibilidade de reconhecer-se como sujeito de sua própria saúde e transformação. Níveis de orientação farmacêutica Para fins didáticos, foi elaborado esse quadro com 4 níveis de orientação, vai ficando cada vez mais completo e complexo o nível de informações que a gente vai passando pro paciente Fernanda Iachitzki Atenção farmacêutica 1 Serviço farmacêutico clínico na dispensação de medicamentos Sumário ●Princípios da dispensação de medicamento ●Aspectos legais da dispensação ●Aspectos clínicos da dispensação Aspectos legais da dispensação ●Ato de prescrever Para prescrever o médico tem que terpassado pelo processo do diagnóstico e prognóstico anteriormente a essa prescrição. Diagnostico: Qualificação dada por um médico à enfermidade ou estado fisiológico, com base nos sinais e sintomas que observa Prognóstico: Parecer médico acerca do seguimento e desfecho esperado de uma doença Prescrição: Síntese das informações sobre o tratamento eleito pelo prescritor a partir dessas avaliações. (não precisa necessariamente ser de um medicamento ela pode envolver também aspectos não farmacológicos) A prescrição não permite um entendimento profundo do processo diagnóstico e prognóstico ↳ Por isso é tão importante em alguns casos fazermos a consulta farmacêutica, para tentar entender o que levou o prescritor a fazer tal prescrição Conjunto de informações que nos permite prestar o cuidado adequado ao paciente Principais normas legais Lei n° 5991/1973- dispõe sobre o controle sanitário do comercio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos. Lei n° 9787/1999- estabelece o medicamento genérico, dispõe sobre a utilização de nomes genéricos em produtos farmacêuticos Resolução n° 357/2001 (CFF)- estabelece normas de Boas Práticas de Farmácia RDC n° 58/2014 (ANVISA) -Dispõe sobre as medidas a serem adotadas junto à Anvisa pelos titulares de registro de medicamentos para a intercambialidade de medicamentos similares com o medicamento de referência Fernanda Iachitzki Lei n° 13.732, de 8 de novembro de 2018 Altera a Lei n° 5.991, de 17 de dezembro de 1973 que dispõe sobre o Controle Sanitário de Comércio de Drogas, Medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, para definir que a receita tem validade em todo o território nacional, independentemente da unidade federada em que tenha sido emitida ●Resolução n° 357/2001 (CFF)- Boas Práticas de Farmácia Art. 21- O farmacêutico é responsável pela avaliação farmacêutica do receituário e somente será aviada/dispensada a receita que: I. Estiver escrita a tinta, em português, em letra de forma, clara e legível, observada a nomenclatura oficial dos medicamentos e o sistema de pesos e medidas oficiais do Brasil. A datilografia ou impressão por computador é aceitável; II. Contiver o nome e o endereço residencial do paciente; III. Contiver a forma farmacêutica, posologia, apresentação do método de administração e duração do tratamento; IV. Contiver a data e a assinatura do profissional, endereço do consultório e o número de inscrição no respectivo Conselho Profissional. A prescrição deve ser assinada claramente e acompanhada do carimbo, permitindo identificar o profissional em caso de necessidade; V. A prescrição não deve conter rasuras e emendas Parágrafo único. Deve-se observar o receituário específico e a notificação de receita para a dispensação de medicamentos sujeitos a controle especial. Partes de uma prescrição Tipos de prescrição Notificação A -Listas A1 e A2 (Entorpecentes – Ex. Morfina) e A3 (Psicotrópicos-Ex. Metilfenidato) -Validade após prescrição: 30 dias. Válida em todo o território nacional. Quantidade Máxima/ Receita: 30 dias de tratamento. Limitado a 5 ampolas por medicamento injetável. -Quantia maior: justificativa CID. Notificação B -Listas B1 (Psicotrópicas- Ex. Clonazepam) -Validade após prescrição: 30dias. Válida em todo o território nacional. Quantidade Máxima/ Fernanda Iachitzki Receita: 60 dias de tratamento. Limitado a 5 ampolas por medicamento injetável. -Quantia maior: justificativa com CID -Listas B2 (Anorexígenas- Ex. Sibutramina) -Validade após prescrição: 30 dias. Válida em todo o território nacional. Quantidade Máxima/ Receita: 30 dias de tratamento Notificação C -C2 (retinoides de uso sistêmico- Ex. Isotretinoína) e C3 (imunossupressores- Ex. Talidomida) -Validade após prescrição: 30 dias. Válida em todo território nacional. Quantidade Máxima/ Receita: 30 dias de tratamento/ 15 dias para Talidomida. Limitado a 5 ampolas por medicamento injetável. Receita de controle especial (listas C1 – Ex. Amitriptilina; e C5 – Ex. Testosterona) -Validade após prescrição: 30 dias. Válida em todo o território nacional. Quantidade Máxima/ Receita: 60 dias de tratamento/ até 6 meses para antiparkinsonianos e anticonvulsivanted. Limitado a 5 ampolas por medicamento injetável. -Quantia maior: justificativa com CID Para saber a qual lista o medicamento pertence pode usar o site da ANVISA, lá também pode-se verificar as substâncias que entram e saem das listas. Intercambialidade Substituição do medicamento de referência pelo genérico -Intercambialidade (Resolução RDC no 58/2014 da Anvisa) Fernanda Iachitzki O medicamento referência é intercambiável com genéricos e similar equivalente (da lista da ANVISA). Genérico e Similar equivalente não são intercambiáveis, e nem similar equivalente com similar equivalente. O farmacêutico deverá indicar a substituição efetuada na prescrição, apor seu carimbo, nome e número de inscrição no CRF, datar e assinar NORMAS RESOLUÇÃO- RDC N° 16, DE 2 DE MARÇO DE 2007 Aprova o Regulamento Técnico para Medicamentos Genéricos VI- Critérios para prescrição e dispensação de medicamentos genéricos 2. Dispensação 2.. 3. Nos casos de prescrição com a Denominação Comum Brasileira (DCB) ou a Denominação Comum Internacional (DCI), somente será permitida a dispensação do medicamento de referência ou de genéricos correspondentes; RESOLUÇÃO- RDC N° 17, DE 2 DE MARÇO DE 2007 Dispõe sobre o registro de Medicamento Similar e dá outras providências ↳Este Regulamento é composto por cinco partes: I. Das Medidas Antecedentes ao Registro de Medicamento Similar II. Do Registro III. Das Medidas do Pós-Registro IV. Da Renovação de Registro de Medicamento Similar V. Medicamentos que não serão aceitos como similares RESOLUÇÃO- RDC N°51, DE 15 DE AGOSTO DE 2007 Altera o item 2.3, VI, do Anexo I, da Resolução RDC nº 16, de 2 de março de 2007 e o Anexo da Resolução RDC nº 17, de 2 de março de 2007 • Art. 1º O item 2.3, do item VI, do Anexo I, da Resolução RDC nº 16, de 2 de março de 2007, passa a vigorar com a seguinte redação: "2.3 O medicamento genérico somente será dispensado se prescrito pela Denominação Comum Brasileira (DCB) ou, na sua falta, pela Denominação Comum Internacional (DCI), podendo ser intercambiável com o respectivo medicamento referência." • Art. 2º O item 2.3, do item VI, do Anexo I, da Resolução RDC nº 16, de 2 de março de 2007, passa a vigorar acrescido do seguinte item: Fernanda Iachitzki "2.3.1 O medicamento de referência poderá ser dispensado quando prescrito pelo seu nome de marca ou pela respectiva Denominação Comum Brasileira (DCB) ou, na sua falta, pela Denominação Comum Internacional (DCI), podendo ser intercambiável com o medicamento genérico correspondente." Altera o item 2.3, VI, do Anexo I, da Resolução RDC nº 16, de 2 de março de 2007 e o Anexo da Resolução RDC nº 17, de 2 de março de 2007 • Art. 3º O Anexo da Resolução RDC nº 17, de 2 de março de 2007, passa a vigorar acrescido dos seguintes itens: VI. Critérios para prescrição e dispensação de medicamentos similares. - 2. Dispensação − 2.1. O medicamento similar poderá ser dispensado quando prescrito pelo seu nome de marca ou pela respectiva Denominação Comum Brasileira (DCB) ou, na sua falta, pela Denominação Comum Internacional (DCI) correspondente. RESOLUÇÃO- RDC N°53, DE 30 DE AGOSTO DE 2007 Altera os itens 1.2 e 2.1, ambos do item VI, do Anexo da Resolução RDC nº 17, de 2 de março de 2007 Art. 1º Altera os itens 1.2. e 2.1., ambos do item VI, do Anexo, da Resolução RDC nº 17, de 2 de março de 2007, que passam a vigorar com a seguinte redação: • "1.2. As aquisiçõesde medicamentos, sob qualquer modalidade de compra, assim como as prescrições médicas e odontológicas de medicamentos, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS, adotarão obrigatoriamente a Denominação Comum Brasileira (DCB) ou, na sua falta, a Denominação Comum Internacional (DCI)." • "2.1. A dispensação de medicamentos no âmbito do SUS será feita mediante a apresentação de receituário emitido em conformidade com o disposto na Lei n.º 9.787, de 1999, e observará a disponibilidade de produtos no serviço farmacêutico das unidades de saúde." NORMAS – DESTAQUES A Resolução RDC 53/07 item 2.1 determina que para o Serviço Público a dispensação observará a disponibilidade de produtos no serviço farmacêutico das unidades de saúde, não sendo necessário seguir as determinações quanto à intercambialidade. Dessa forma é possível que um medicamento similar seja dispensado em substituição ao medicamento genérico caso este não esteja disponível na unidade de saúde. A RDC 53/07 revogou de maneira tácita os itens (1.2 e 2.1 do item VI, do Anexo da Resolução RDC nº 17, de 2 de março de 2007) publicados na Resolução RDC nº 51 de 15 de agosto de 2007 (que previam a possibilidade de dispensação de medicamentos similares em caso de prescrição pela DCB ou DCI), conforme esclarecimentos da Assessoria Técnica da Anvisa ao CRF-SP na época da publicação dessas resoluções. Assim, as farmácias e drogarias privadas devem seguir o disposto no item 2.3 da Resolução RDC nº 16/07, não sendo permitida Fernanda Iachitzki a dispensação do medicamento similar em casos de prescrição com a DCB ou DCI. 2.3. Nos casos de prescrição com a Denominação Comum Brasileira (DCB) ou a Denominação Comum Internacional (DCI), somente será permitida a dispensação do medicamento de referência ou de genérico correspondentes; Situação clínica Na farmácia privada, prescrição contendo a DCB do medicamento. Quais o farmacêutico poderia dispensar? Para ser dispensado o similar tem que ter o nome da marca na receita. (nesse caso os que não constam na lista da ANVISA) Situação clínica Na farmácia privada, prescrição contendo o nome referência do medicamento. Quais o farmacêutico poderia dispensar? Aspectos clínicos da dispensação Aspectos terapêuticos que interferem na adesão -Objetivo do tratamento -Complexidade do regime terapêutico -Interações medicamentosas e contraindicações Nas situações urgentes, ou que impedem a dispensação, deve-se utilizar o contato telefônico procurando manter um diálogo de alto nível, centrado no problema do paciente Objetivos do tratamento - O farmacêutico deve compreender a fisiopatologia da doença, a fim de reconhecer claramente o objetivo terapêutico proposto e poder orientar o paciente com exatidão As vezes para compreender os objetivos do tratamento é necessário conversar com o paciente, fazendo perguntas do tipo “Sabe pq vai utilizar esse medicamento?” ou “Já usa esse medicamento a bastante tempo ou é a primeira vez?” Exemplo: Prescrição de enalapril 5 mg- paciente alega que não tem hipertensão e por isso não quer utilizar o medicamento ↳ O enalapril além de ser utilizado para hipertensão, nessa dose é cardioprotetor para pacientes com insuficiência cardíaca congestiva Objetivos gerais do tratamento -Cura de uma doença (ex. infecção) -Controle de uma doença (ex. hipertensão) -Alívio de sintomas (ex. cefaleia, congestão nasal, cuidados paliativos) -Prevenção de doenças (ex. vacinas, diabetes- período pré- patogênico, IAM) -Normalização de exame laboratorial (ex. vitamina D, hemoglobina) Fernanda Iachitzki Regime terapêutico – instruções ao paciente Uma das funções do farmacêutico é diminuir a complexidade da farmacoterapia do paciente para melhorar a adesão e a qualidade de vida do paciente. -Dose prescrita -Frequência e horários de administração -Duração total do tratamento -Instruções adicionais |(ex. uso com alimento, preparo do medicamento, partição do comprimido) Todo regime terapêutico exige da paciente aprendizagem, disciplina e cumprimento de uma rotina, que determinarão certo grau de complexidade. Precisamos avaliar a adequação da dose diária do paciente, quanto do medicamento ele está utilizando por dia, se está adequada ou não. Pode estar insuficiente, adequada ou até acima. Também disposição e capacidade do paciente em cumprir o regime, o quanto ele está disposto a tomar o medicamento. Simplificando o regime terapêutico - Agrupar medicamentos que possam ser usados conjuntamente -Organizar horários -Instruir claramente sobre as orientações adicionais Interações medicamentosas -Interações medicamento-medicamento (p. ex. anlodipino e sinvastatina) -Interações medicamento-alimento (p. ex. varfarina e vegetais verde escuros; orlistat e vitaminas lipossolúveis) -Interações medicamento-doença (p. ex. betabloqueadores em asmáticos) Avaliar relevância clínica e gravidade Contraindicações -Relativas (p.ex. AINEs para hipertensos) -Absolutas (alergias; critério de Beers para medicamentos potencialmente inadequados em idosos; categoria X para gestantes) Dispensação Mesmo dispondo de todas as informações clínicas sobre o diagnóstico, o prognostico e a gravidade do quadro clínico do paciente, é preciso que o farmacêutico compreenda as consequências da não dispensação do medicamento, que privam o paciente do benefício, tanto quanto as consequências da dispensação, que expõe o paciente ao risco Fernanda Iachitzki Fernanda Iachitzki Atenção farmacêutica 1 Manejo de problema de saúde autolimitado Sumário Conceitos e definição de semiologia e anamnese farmacêutica Seleção da terapia ou intervenção ao individuo Elaboração e orientação da prescrição Avaliação de resultados e documentação Hierarquia de necessidades de Maslow -5 Categorias de necessidades humanas Para chegar na prestação do serviço é necessário entender de onde veio o processo no manejo de problema de saúde autolimitado, Maslow elaborou essa pirâmide tratando das necessidades humanas além da necessidade de saúde. Na base as necessidades fisiológicas, necessárias para a sobrevivência como: respiração, comida, água, sexo, sono, homeostase, excreção. Acima das necessidades fisiológicas estão as necessidades de segurança envolvendo segurança do corpo, do emprego, de recursos, da moralidade, da família, da saúde, da propriedade. Acima das necessidades de segurança estão as necessidades de amor ou relacionamento envolvendo amizade, família, intimidade sexual. Acima temos as necessidades referentes a estima contendo a auto-estima, confiança, conquista, respeito dos outros, respeito aos outros. E acima da estima as necessidades referentes a realização pessoal incluindo moralidade, criatividade, espontaneidade, solução de problemas, ausência de preconceito, aceitação dos fatos. Um indivíduo só sente o desejo de satisfazer a necessidade de um próximo estágio se a do nível anterior estiver sanada. De acordo com Maslow “Se você planeja ser qualquer coisa menos do que aquilo que você é capaz, provavelmente você será infeliz todos os dias de sua vida.” De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência de afecções e enfermidades”. Fernanda Iachitzki Necessidade em saúde Quando falamos de necessidade em saúde, temos 4 eixos 1. Garantia de acesso a tecnologias Tecnologias que melhorem e prolonguem a vida, dentro dessas tecnologias se encontram os medicamentos e outros produtos para saúde como os de higiene por exemplo. 2. Necessidade de vinculo com profissional e equipe de saúde Em quenós temos o estabelecimento de uma relação continua no tempo, pessoal e intransferível, calorosa 3. Necessidade de autonomia e autocuidado Satisfação de suas necessidades da forma mais ampliada possível, eu deixo de assumir a completa responsabilidade por esse paciente, e nós vamos compartilhar essa responsabilidade pela saúde do individuo. Então individuo também é responsável pela sua saúde. 4. Necessidade de boas condições de vida Determinantes socias de saúde, uma cidade saudável, uma atenção integral, o acesso aos cuidados, acesso ao sistema de saúde. Queremos atingir um estado de bem-estar social e para isso precisamos promover saúde sempre levando em consideração as inter- relações das dimensões individuais e coletivas. Então é um conjunto de ações envolvidas na promoção da saúde que vão fazer com que o indivíduo atinja o bem-estar social Autocuidado É um comportamento do individuo que atua de maneira autônoma para estabelecer e mantes a própria saúde, prevenir e lidar com as doenças. Trata-se de um amplo conceito, que inclui: ↳Higiene (geral e pessoal) ↳Alimentação (tipo e qualidade dos alimentos ingeridos) ↳Estilos de vida (atividade desportivas, lazer, etc.) ↳Fatores ambientais (condições de vida, hábitos sociais, etc) ↳Fatores socioeconômicos (níveis de renda, níveis culturais, etc;) ↳Automedicação “A automedicação é a escolha e o uso de medicamentos, feitos pelos indivíduos, para tratar distúrbios e sintomas autorreconhecíveis.” “A automedicação é um elemento do autocuidado.” Os medicamentos envolvidos na automedicação são os Medicamentos Isentos de Prescrição Fernanda Iachitzki Medicamentos isentos de prescrição Medicamentos isentos de prescrição são medicamentos disponíveis ao autosserviço em farmácias e drogarias e que, dessa forma, não necessitam de prescrição médica para que sejam dispensados Quais são os critérios que um medicamento tem que atender para ser um MIP? 1. O MIP deve ser indicado para o tratamento de doenças não graves e com evolução lenta ou inexistente; 2. O MIP deve possuir reações adversas com casualidades conhecidas, baixo potencial de toxicidade e de interações medicamentosas; 3. O MIP deve ser utilizado por um curto período ou pelo tempo previsto em bula no caso de medicamentos de uso preventivo (não existe, “MIPs de uso continuo”); 4. O MIP deve ser de fácil manejo pelo paciente, cuidador ou mediante orientação pelo farmacêutico; 5. O MIP deve apresentar baixo potencial de risco ao paciente; 6. O MIP não deve possuir potencial de gerar dependência química ou psíquica; RDC N° 98, DE 1° DE AGOSTO DE 2016 Dispõe sobre os critérios e procedimentos para o enquadramento de medicamentos como isentos de prescrição e o reenquadramento como medicamentos sob prescrição e dá outras providências. LMIP- Lista de Medicamentos Isentos de Prescrição São considerados medicamentos isentos de prescrição aqueles cujos grupos terapêuticos e indicações terapêuticas estão descritos na Lista de Medicamentos Isentos de Prescrição (LMIP) *Essa lista só da os grupos, para saber o nome do medicamento procurar na lista CMED. Cuidado farmacêutico Processo de cuidado Fernanda Iachitzki Manejo de problema de saúde autolimitado Conceito: Serviço pelo qual o farmacêutico acolhe uma demanda relativa a problema de saúde autolimitado, identifica a necessidade de saúde, prescreve e orienta quanto a medidas não farmacológicas, medicamentos e outros produtos com finalidade terapêutica, cuja dispensação não exija prescrição médica e, quando necessário, encaminha o paciente a outro profissional ou serviço de saúde. Termos relacionados: indicação farmacêutica, automedicação responsável, indicación farmacêutica, automedicación responsable, managemente of minor illness e responsible self medication Legislação RESOLUÇÃO N° 586 DE AGOSTO DE 2013 Regula a prescrição farmacêutica e dá outras providências. Art. 6°- O farmacêutico poderá prescrever medicamentos cuja dispensação exija prescrição médica, desde que condicionado à existência de diagnostico prévio e apenas quando estiver previsto em programas, protocolos, diretrizes ou normas técnicas, aprovados para uso no âmbito de instituições de saúde ou quando da formalização de acordos de colaboração com outros prescritores ou instituições de saúde. Caso clínico Sofia, 37 anos de idade, vai à farmácia com queixa de tosse, coriza e dor de cabeça, com inicio há 3 dias. Não apresenta febre (temperatura de 36,7°C- você mediu). Aparentemente parece ser um resfriado. Como manejar esse caso? Começa com a anamnese Método clínico Anamnese Coleta de dados, identificação da farmacoterapia, plano de cuidado e retorno Avaliação dos sinais e sintomas É importante avaliar o tempo para saber se é um caso crônico, pq nesse caso tenho que fazer o encaminhamento, se for agudo eu posso manejar na farmácia mesmo. Fernanda Iachitzki Situações especiais e precauções (podem requerer um encaminhamento) Plano de cuidado O plano de cuidado contempla tanto terapia farmacológica, quanto não farmacológica e encaminhamento a outro profissional ou serviço de saúde e/ou outras intervenções relativas ao cuidado Para elaborar o plano de cuidado contemplando tanto terapia farmacológica como a não farmacológica ou até mesmo o encaminhamento temos que verificar qual é a indicação clínica, sinais e/ou sintomas que justificam a escolha da terapia farmacológica. Qual é o objetivo terapêutico, o que eu pretendo atingir com o uso do medicamento (cura, alivio, prevenção de uma complicação, entre outros. Meta terapêutica, parâmetros para mensuração, frequência e forma de avaliação dos resultados, em termos de efetividade e segurança, como avaliar isso? Por exemplo, se é um paciente que apresenta febre, qual a temperatura que ele tem que atingir com o uso do medicamento?. Via de administração, conforme necessidade de local ou velocidade de inicio de ação, ciclo de vida, preferências pessoais, crenças. Classe farmacológica e princípio ativo, a gente vai escolher de acordo com a segurança, efetividade e conveniência e relação custo- benefício para o alcance dos objetivos terapêuticos pretendidos (pensar no acesso, o medicamento pode ser maravilhoso, mas as vezes o paciente não vai poder pagar). O medicamento em si que a gente vai escolher, nome do medicamento ou formulação, concentração/dinamização e forma farmacêutica. Regime terapêutico, qual vai ser a dose, frequência de administração do medicamento e duração do tratamento e instruções adicionais quando tiver necessidade. Orientações -Como seguir o plano de cuidado -Como utilizar corretamente os medicamentos e a terapia não farmacológica -Quais são os efeitos esperados, e quanto tempo aguardar para que eles ocorram -O que fazer, caso os sinais e/ou sintomas não melhorem com as medidas adotadas -Reações adversas a medicamentos e as interações medicamentosas relevantes -Informações relativas ao armazenamento do medicamento e de outros produtos relacionados à saúde Fernanda Iachitzki Manejo da tosse-algoritimo Fernanda Iachitzki Atenção farmacêutica 1 Revisão da farmacoterapia e conciliação de medicamentos Sumário • Revisão da farmacoterapia -Indicação clínica -Regime terapêutico -Interações -Otimização da posologia -Reações adversas Conciliação de medicamentos nos diferentes níveis de assistência Revisão da farmacoterapia “Identificar problemas relacionados à farmacoterapia está para o cuidado farmacêutico assim como o diagnóstico a doença está para a medicina” ↳ Essa etapa é importantíssima na nossa conversa como paciente (coração e alma do método clínico) e para identificar os problemas temos que saber tudo que o paciente está utilizando, medicamentos prescritos e não prescritos, outras alternativas um chá ou um fitoterápico algo que muitas vezes o paciente não considera como medicamento. Serviço pelo qual o farmacêutico faz uma análise estruturada e crítica sobre os medicamentos utilizados pelo paciente, com os objetivos de minimizar a ocorrência de problemas relacionados à farmacoterapia, melhorar a adesão ao tratamento e os resultados terapêuticos, bem como reduzir o desperdício de recursos (CFF,2016). Quais pacientes são elegíveis para esse serviço? Normalmente quem passa por esse serviço são os pacientes com condições crônicas, em uso de múltiplos medicamentos de uso continuo pq são os mais suscetíveis a ter problemas com a farmacoterapia. Então esse serviço é direcionado a esse tipo de paciente, mas nada impede de pacientes que não tenham doenças crônicas solicitarem também. Procedimento realizado pelo farmacêutico voltado a pacientes portadores de condições crônicas, em uso de múltiplos medicamentos de uso contínuo Revisão e ajustes na farmacoterapia, em contato direto com o paciente ou não Revisar os medicamentos em uso pelo paciente é necessário para a detecção e resolução de problemas Fernanda Iachitzki Recomendações ao paciente ou ao médico Tipos de revisão da farmacoterapia 1. Revisão das prescrições Objetivo: Avaliar questões técnicas da prescrição, incluindo custo-efetividade. Não necessariamente o paciente precisa estar presente e nem precisa listar todos os medicamentos prescritos, não prescritos ou terapêuticas alternativas. Os principais pontos avaliados são: erros de medicação, contraindicações, custo do tratamento, discrepâncias. ↳ Custo-efetividade: terapias efetivas e acessíveis ao paciente (ele pode pagar pelo tratamento?) Eficácia: resultados do tratamento em condições de mundo ideal, resultados de ensaios clínicos randomizados, aqueles estudos bem controlados em que eu tenho 100% de adesão pq o pesquisador foi lá e deu o medicamento para o participante do estudo Efetividade: se refere aos resultados do tratamento em condições de mundo real, levando em consideração a variabilidade dos participantes do estudo, leva em consideração a falta de adesão. Eficiência: leva em consideração o custo do tratamento, o acesso a ele. 2. Revisão da adesão terapêutica Objetivo: Avaliar o comportamento do paciente no uso dos medicamentos. O paciente precisa estar presente, e todos os medicamentos prescritos, não prescritos e terapêuticas alternativas devem ser listados. Os principais pontos avaliados são: Experiencia de medicação, complexidade da farmacoterapia, discrepâncias. 3. Revisão clínica (mais completa) Objetivo: Avaliação entre o uso de medicamentos e resultados terapêuticos de forma abrangente. O paciente precisa estar presente, e todos os medicamentos prescritos, não prescritos e terapêuticas alternativas devem ser listados. Os principais pontos avaliados são: Necessidade, efetividade e segurança de cada tratamento. Revisão estruturada da medicação -Necessidade -Adesão -Efetividade -Segurança -Custo-efetividade Farmacoterapia ideal Avalia-se: Necessidade ↳ O paciente utiliza todos os medicamentos que necessita ↳ O paciente não utiliza medicamento desnecessário Adesão terapêutica ↳ O paciente compreende e é capaz de cumprir o regime posológico ↳ O paciente concorda e adere ao tratamento numa postura ativa Efetividade ↳ O paciente apresenta a resposta esperada à medicação ↳ O regime posológico está adequado ao alcance das metas terapêuticas Segurança ↳ A farmacoterapia não produz novos problemas de saúde ↳ A farmacoterapia não agrava problemas de saúde pré-existentes Nem todas as abordagens provem do meio farmacêutico, mas todas tem por objetivo fornecer um raciocínio clinico sistemático e Fernanda Iachitzki reprodutível, que permita realizar a melhor avaliação clínica possível. ↳ Métodos explícitos: Consistem geralmente em listas de medicamentos ou situações clínicas padronizadas envolvendo a farmacoterapia que podem levar a eventos adversos. ↳ Métodos implícitos: Abordagens que dependem da avaliação intrínseca do profissional, de seu acesso às informações do paciente, de sua competência e de suas habilidades clínicas; são mais abrangentes e não se limitam a alguns medicamentos ou condições de saúde, mas podem ser aplicados a qualquer paciente, em qualquer momento de seu processo de cuidado e qualquer nível social Métodos explícitos -Critério de Beers -STOPP/ START (Screening Tool of Older Person’s Prescriptions/ Screening Tool to Alert doctor to Right Treatment) Listas de medicamentos inadequados em idosos Quando pensamos em pacientes idosos, pela própria fisiologia é mais suscetível a efeitos adversos a medicamentos pq se pensarmos os órgãos já trabalharam muitos anos e não estão no auge da sua forma, por isso são pacientes mais suscetíveis a efeitos adversos e também as próprias ações terapêuticas dos medicamentos. Então muitas vezes o paciente idoso requer algum ajuste de dose, é muito melhor usar as menores doses possíveis no idoso do que um medicamento na dose máxima. Temos na literatura esses critérios, para facilitar a escolha das terapias em pacientes idosos. No critério de Beers, tem uma série de tabelas com medicamentos que devem ou ser usados com cautela, ou serem evitados. Tabela de medicamentos potencialmente inapropriados: Na tabela vai ter a classe, e o “racional”, ou seja, a justificativa para evitar esses medicamentos, e qual é a recomendação, qualidade da evidência que gerou essa informação, e força de recomendação. Tabela de medicamentos potencialmente inapropriados devido a interações medicamento-doença, pq podem exacerbar a doença. Fernanda Iachitzki Tabela de medicamentos potencialmente inapropriados devido a interações medicamento-medicamento Tabela de medicamentos que devem ser evitados ou ter a dose reduzida Ferramenta STOPP/START Tem a lista do STOP que são os medicamentos potencialmente inapropriados E a lista START que tem os medicamentos apropriados. Métodos implícitos Envolve a consulta (a conversa com o paciente), nos critérios de Beers e STOP/START eu não preciso estar conversando com o paciente, somente dos dados de prontuário ou prescrições. Mas para os métodos implícitos preciso de uma entrevista com o paciente. ●Dáder ●PWDT ●MAI ●NO TEARS (mnemônico) Método Dáder- processo sistemático de perguntas sobre o estado do paciente contendo uma lista ordenada de todos os problemas de saúde e seus respetivos tratamentos medicamentosos (um ou mais medicamentos para cada problema de saúde) *Estado situacional é como se fosse uma foto da condição clínica do paciente, e esse estado situacional muda bastante inserir e retirar medicamento. Aplicando esse método: Situações como não adesão ao tratamento, interações medicamentosas ou erros de medicação não surgem diretamente nas perguntas de avaliação do tratamento, mas são consideradas causas possíveis de problemas de efetividade ou segurança da farmacoterapia Método Dáder- Premissas: 1. Cada farmacoterapia deve ser necessária ao paciente- um medicamento é necessário quando o paciente apresenta uma doença, uma condição clínica, ou um fator de risco que justifique seu uso. 2. Uma vez que a farmacoterapia seja necessária, avalia-se a sua efetividade- considera-se uma farmacoterapia efetiva quando esta alcança o objetivo terapêutico proposto, conforme a condição de saúde do paciente 3. Após avaliação da efetividade, independentemente do resultado, avalia-se a segurançade cada medicamento em uso- um medicamento inseguro será aquele que produzir ou agravar um problema de saúde do paciente. Fernanda Iachitzki 4. A última etapa consiste em verificar se existe algum problema de saúde não tratado no paciente, que não esteja relacionado a outro problema da farmacoterapia e que deva ser tratado com medicamentos Método Pharmacotherapy Workup (PWDT)- a base do modelo está na ideia de que todo paciente apresenta necessidades relacionadas aos medicamentos e que a responsabilidade do farmacêutico é avaliar criticamente, a todo o momento, se essas necessidades se encontram atendidas. Esse método baseia-se em uma avaliação sistemática de cada medicamento/ tratamento em uso pelo paciente em relação a sua 1. Indicação 2. Efetividade 3. Segurança 4. Adesão ao tratamento Avalia-se a farmacoterapia primeiro e depois o comportamento do paciente (adesão) Método MAI (Medication Appropriateness Index; Indice de Adequação dos Medicamentos) - foi desenvolvido como um método padrão para avaliação de múltiplos elementos de uma prescrição, de modo a identificar casos em que a prescrição contenha medicamentos desnecessários, inefetivos, prejudiciais, inviáveis e/ou muito caros que contribuam para maior morbidade, internações e despesas para os pacientes Método MAI- avalia a prescrição quanto a possíveis problemas relacionados aos medicamentos segundo 10 critérios essenciais: 1. Indicação (sinal, sintoma, doença ou condição para prescrição 2. Efetividade (produção de resultado benéfico) 3. Dose (total de medicamentos tomados em 24 horas 4. Administração (instruções para uso correto de um medicamento) 5. Comodidade/praticidade (facilidade do tratamento em ser usado ou colocado em prática) 6. Interações medicamento-medicamento 7. Interação medicamento-doença 8. Duplicidade terapêutica 9. Duração (período de tempo e tratamento) 10. Custo (custo de um medicamento em comparação com outros agentes de igual eficácia e segurança) Método MAI Segue uma escala de 3 pontos: ↳ 1 = uso apropriado do medicamento ↳ 1 = uso limitadamente apropriado do medicamento ↳ 1 = uso inapropriado do medicamento ↳ 9 = não sei Para cada um dos 10 critérios essências vai se atribuir uma pontuação A pontuação total por paciente é obtida pela soma da pontuação de cada um dos Fernanda Iachitzki elementos analisados para cada medicamento- quanto mais alta a pontuação obtida na escala de 1 a 3, mais inapropriada é a prescrição. Apesar de fácil e útil para revisar um grande número de medicamentos utilizados pelo paciente, o método apresenta algumas desvantagens: ↳Não inclui na escala a presença de RAM (exceto aquelas provocadas por interações) ↳Não inclui a presença de problema de saúde não tratado, qualidade de vida e não adesão ao tratamento ↳Tempo despendido para revisar cada medicamento é de aproximadamente 10 minutos, o que pode impossibilitar a aplicação em locais muito movimentados Método NO TEARS- propõe abranger necessidade e indicações clínicas, perguntas abertas, testes e monitoração, evidências e diretrizes, eventos adversos, redução do risco e prevenção e simplificação e conveniência. A ferramenta pode ser aplicada em uma consulta de 10 minutos e apresenta um sistema flexível que pode ser adaptado ao estilo de consulta do profissional de saúde N- Necessidade e indicações ↳ O paciente sabe por que usa este medicamento? Ainda precisa toma-lo? O tratamento é por quanto tempo? A dose é adequada? O diagnóstico está confirmado? Não é melhor um tratamento não farmacológico? O- Open (perguntas abertas) ↳Dar ao paciente a chance de expressar seu ponto de vista sobre o tratamento: “É comum para muitas pessoas não tomar todos os comprimidos. Isso ocorre com você?”; “Vamos acordar o que tomar regularmente?”; “Você acha que seus medicamentos funcionam?” T- Testes e monitoração ↳Avaliar o controle da doença. Alguma doença está sendo subtratada? Dar orientação sobre a monitorização apropriada conforme diretrizes ou linhas-guia. Considerar diretrizes clínicas brasileiras ou protocolos da instituição, do estado, município ou Ministério da Saúde. E- Evidência e diretrizes ↳Houve alguma mudança nas diretrizes de tratamento desde o início da terapia? A linha- guia atual desaconselha a prescrição de algum dos medicamentos em uso? A- Adverso (eventos adversos) ↳O paciente apresenta alguma reação adversa? O paciente vem utilizando medicamentos alternativos ou por automedicação? Verificar interações, duplicidades e contraindicações. Verifique a existência de “cascata iatrogênica” (interpretação de reações adversas como novos problemas). R- Redução do risco e prevenção ↳Se o tempo permitir, realizar testes de rastreamento. Quais são os riscos do paciente? A farmacoterapia encontra-se otimizada de modo a reduzir esses riscos? S- Simplificação e conveniência ↳O tratamento pode ser simplificado? O paciente sabe quais são os tratamentos mais importantes? Considerar a possibilidade de substituição de vários medicamentos em baixas doses por um único medicamento em dose mais alta. Apresentar possibilidades de trocas de medicamentos que melhorem a Fernanda Iachitzki relação custo-efetividade do tratamento (p.ex. genéricos). Revisão da farmacoterapia com foco na adesão ao tratamento -Serviços focados na adesão do paciente ao tratamento -Avaliação do conhecimento, habilidade, altitude, capacidade de gestão e adesão ao tratamento pelo paciente -Avaliação das preocupações, necessidade, expectativas e experiencias do paciente com o tratamento -Técnicas diversas, como educação e aconselhamento, calendários, dispositivos, organizadores, pictogramas, recursos facilitadores, consultas domiciliares Pensando na adesão, como a gente convence o paciente a fazer o tratamento? Quando temos atitudes do prescritor e percepção do paciente separados o paciente não vai ser aderente pq ele ta só recebendo a informação e o prescritor não está preocupado se o paciente está concordando ou não, e o paciente tem que entender e concordar. Quando tem uma troca de informações entre prescritor e paciente e ele entende a importância daquilo mesmo que ele não goste, vai acabar concordando e dai sim aderindo ao tratamento. Capacidade de gestão de medicamentos Constructos -Autonomia -Conhecimento -Habiilidade Instrumentos -Instrumentos que utilizam os medicamentos do paciente -Instrumentos que utilizam atividades simuladas de medicamentos MedTake (Teste de Conhecimento da Terapia) 1. Abrir o recipiente e simular a tomada da primeira dose do dia/ identificar o medicamento 2. Descrever a indicação 3. Descrever os alimentos e líquidos que ingere concomitantemente 4. Descrever o regime posológico Instrumentos que utilizam os medicamentos do paciente SM Task – Self-Medication Task – o sujeito é convidado a ler em voz alta os rótulos de três medicamentos dispensados, abrir cada frasco, e planejar a administração semanal ▪ Seis pontos são gerados ↳Precisão de leitura ↳Velocidade de abertura do frasco ↳Sucesso de abertura do frasco ↳Erros nos horários da medicação Fernanda Iachitzki ↳Erros na dosagem O paciente vai receber um dispositivo para organizar a administração semanal Promoção da adesão à farmacoterapia Estratégias que focam na aquisição de competências (conhecimento, habilidades de autocuidado) Intervenções simples para tratamentos de curta duração e intervenções complexas para tratamentos de longa duração melhoram adesão e desfechos clínicos Programas de automonitoramento ou autocuidado Regimes simplificados de dose Lembretes, dicas e/ou organizadores, materiais Educação sobre doenças e manejo de medicamentos Em idosos intervenções farmacêuticasque otimizam uso de medicamentos ❖ Etiquetas recordatórias ❖ Porta-comprimidos ❖ Quadro posológico ❖ Panfletos educativos ❖ Agenda celular ❖ Aplicativos: Hora do remédio; MediSafe ❖ Material educativo impresso Conciliação de medicamentos Serviço pelo qual o farmacêutico elabora uma lista precisa de todos os medicamentos (nome ou formulação, concentração/dinamização, forma farmacêutica, dose, via de administração e frequência de uso, duração do tratamento) utilizados pelo paciente, conciliando as informações do prontuário, da prescrição, do paciente, de cuidadores, entre outras. Este serviço é geralmente prestado quando o paciente transita pelos diferentes níveis de atenção ou por distintos serviços de saúde, com o objetivo de diminuir as discrepâncias não intencionais (CFF, 2016). Termos relacionados: reconciliação, medication reconciliation, reconciliación de los medicamentos, conciliación de la medicación e conciliación farmacoterapéutica Na conciliação de medicamentos temos um processo formal no qual se cria uma lista completa e acurada de todos os medicamentos usados no período pré- admissão para cada paciente, e se compara com as prescrições de admissão, transferência e/ou alta com essa lista criada Verificar discrepâncias na lista que são levadas para atenção do médico responsável pelo paciente e, se for apropriado, mudanças são realizadas nas prescrições – qualquer mudança nas prescrições deve ser documentada Para isso é necessária uma boa comunicação, para saber por onde esse paciente passou, por isso eu preciso ter o registro muito bem feito, prontuário bem preenchido. Fernanda Iachitzki Comunicação Por que fazer a conciliação? →Erros de medicação estão entre as maiores causas de danos em pacientes hospitalares (Campbell, 2007) →Discrepâncias entre medicamentos pré- admissão e internação variam de 30 a 70% (Cornish, 2005) →Cerca de 12% dos pacientes apresentam eventos adversos a medicamentos até a segunda semana do pós-alta (Forster, 2003) →46% dos erros de medicação ocorrem na admissão ou na alta (Bates, 1997) →Eventos adversos a medicamentos estão associados com 20% dos danos ou mortes na área de saúde e são resultado de um sistema mal desenhado (Leape, 1991) →O alto índice de erros de medicação está associado a pobre transmissão de informações na transição da assistência (Gouvêa, 2010) Por que o Farmacêutico fazendo conciliação de medicamentos? →Peça chave no serviço ↳Performance do farmacêutico em relação a outros profissionais ↳Conhecimento em relação ao processo de uso dos medicamentos ↳Crescimento para a clínica do profissional farmacêutico (contato direto com o paciente) ↳Aumenta o número de pontos de controle Como fazer a conciliação? A – COLETAR Best Possible Medication History ↳Melhor histórico possível que a gente conseguir da medicação do paciente B – COMPARAR Cruzar as informações LISTA PRÉ-ADMISSÃO X PRESCRIÇÃO DE ADMISSÃO C – COMUNICAR ↳Comunicar e registrar as discrepâncias encontradas ↳Discutir ↳Registrar as justificativas e mudanças realizadas Uma forma de coletar é o Best Possible Medication History, vai incluir alergias a medicamentos, quais os medicamentos em uso (nome do medicamento, frequência de uso), perguntar se o paciente vai sempre a mesma farmácia, e perguntar sobre over the conter que são os MIP’s então se existe medicamentos que o paciente toma e não estão na prescrição. Também vitaminas, minerais e suplementos ver se o paciente toma e como ele toma., se ele utiliza medicamentos otológicos, oftalmológicos ou intranasais, outras formas farmacêuticas, Fernanda Iachitzki antibióticos (se utilizou nos últimos 3 meses), e o fechamento para concluir a entrevista. Exemplo: Carlos, 70 anos, 85kg, 1,65m. História prévia de tabagismo, hipertensão, hipotireoidismo e hiperplasia prostática benigna. Internou há 2 dias por IAM. Conciliação realizada pelo farmacêutico Fontes de informação para realizar a conciliação: -Paciente -Familiares -Prontuário -Prescrições Discrepâncias Observa-se o uso de duas estatinas, duplicidade no caso do AAS, duplicidade de anti-hipertensivos. Como a prescrição hospitalar é a mais recente utiliza-se está eliminando as discrepâncias e duplicidades Benefícios para o paciente/cuidador ↳Diminui o risco de EM ↳Torna-o mais participativo no cuidado ↳Melhora desfechos clínicos ↳Adquire conhecimento sobre o uso seguro de medicamentos ↳Melhora a comunicação com a equipe ↳Melhora o entendimento sobre questões do sistema de saúde ↳Dá mais autonomia no processo de assistência Benefícios para a equipe de saúde ↳Melhora a segurança e a qualidade no processo de medicação ↳Entende o tamanho, a complexidade e a importância da Conciliação Medicamentosa ↳Visualiza a influência de fatores não médicos que afetam a habilidade do paciente em utilizar seus medicamentos Fernanda Iachitzki ↳Melhora a prática de assistência centrada no paciente ↳Assegura as melhores práticas clínicas recomendadas Benefícios para a instituição de saúde ↳Melhora a segurança relacionada a medicamentos ↳Aumenta o número de sistemas capazes de barrar erros ↳Aumenta a eficácia personalizada ↳Ouve diretamente seus “Clientes” ↳Gera uma cultura interna de assistência centrada no paciente ↳Melhora a satisfação do cliente e da equipe ↳Atinge os requisitos regulatórios exigidos Uma boa prática clínica deve basear-se nas necessidade específicas dos pacientes, nas melhores evidências disponíveis e na experiência do profissional para a tomada de decisões que maximizem as chances de benefícios ao paciente.
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