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RESUMO OCLUSÃO

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SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO
ELEMENTOS CONSTITUINTES DO APARELHO ESTOMATOGNÁTICO:
Como já vimos, o aparelho estomatognático é uma espécie fisiológica complexa, funcional, perfeitamente definida e integrada por um conjunto heterogêneo de sistemas, órgãos e tecidos cuja biologia e fisiopatologia são absolutamente interdependentes. Dentre os componentes do sistema estomatognático devemos conhecer detalhadamente as seguintes estruturas:
· Articulação temporomandibular (ATM) – a mandíbula fica articulada ao cérebro através de uma articulação dupla bilateral, que se move por meio de movimentos amplos e sincronizados entre as duas articulações. A ATM não suporta forças e tende a manter em posição a mandíbula, que está pendurada na articulação. A ATM tem os movimentos de translação lateral, anteroposterior, rotação e circunvalares.
· Componente neuromuscular – é o “conjunto de musculoesqueléticos, cuja função depende diretamente da ação motora do SNC”. Os músculos principais são os mandibulares, principalmente os levantadores.
· Superfície e pressões oclusais – é a parte da área oclusal dentária que intervém na função oclusal, como ocorre na mastigação, por exemplo, em que constitui superfície triturante ou cortante. Pressão oclusal é a pressão exercida sobre os dentes, sendo determinada pela relação entre força sobre a área oclusal. A superfície oclusal é maior nos molares, enquanto nos caninos e incisivos é inexpressiva; já a pressão oclusal é muito alta no incisivo e menor no molar. No “pré-molar, apresenta pressão relativamente elevada e superfície oclusal relativamente grande, sendo o dente ideal para a trituração”.
· Periodonto – são as estruturas responsáveis pela fixação e sustentação dos dentes, formadas pelo osso alveolar, gengiva marginal, cemento e fibras periodontais (que ligam o dente ao osso alveolar). A parte do periodonto que participa da dinâmica estomatognática é o ligamento periodontal ou as fibras periodontais.
Como todo o corpo, o sistema estomatognático sofre mudanças, e a primeira modificação importante ocorre no primeiro ano de vida, mais precisamente após o 6º mês de vida, quando se observam o alongamento da faringe, mudanças importantes no esqueleto facial e o início da erupção dentária. O amadurecimento do sistema estomatognático modifica o funcionamento da musculatura facial.
O sistema estomatognático possui as funções adaptativas e as funções clássicas. Dentro das funções clássicas, a deglutição e a sucção surgem na vida intrauterina; a respiração acontece no nascimento; e a mastigação e a fala são aprendidas durante o crescimento e desenvolvimento. Neste módulo, falaremos sobre as funções clássicas, começando com a sucção.
OCLUSÃO FUNCIONAL
Mecanismo de neutralização das cargas oclusais
A manutenção da harmonia funcional do sistema estomatognático depende da saúde periodontal. O mecanismo de transmissão e neutralização das forças oclusais é o que determina o estado de normalidade do periodonto de sustentação.
As principais células do ligamento periodontal (LP) são os fibroblastos, que formam as fibras colágenas; no LP, encontram-se também células do osso alveolar e restos epiteliais de Malassez do cemento.
O complexo mecanismo de neutralização e dissipação das cargas oclusais é composto por:
1. Fibras oblíquas do LP.
2. Fluido presente no LP.
3. Propriocepção do LP.
4. Fibras transceptais.
5. Fibras oxitalâmicas do LP.
6. Plexo indiferente de fibras do LP.
7. Substância fundamental amorfa do LP.
8. Vasos sanguíneos do LP.
9. Disposição arquitetural das trabéculas ósseas.
10. Forma das raízes dos dentes.
Dentre esses mecanismos, os principais são as fibras oblíquas do ligamento periodontal e o fluido presente no ligamento periodontal. As fibras do ligamento periodontal dividem-se em:
· Fibras da crista alveolar.
· Fibras horizontais.
· Fibras oblíquas.
· Fibras apicais.
O ligamento periodontal apresenta como um de seus constituintes um líquido ou fluido tissular que se encontra em comunicação com os espaços medulares do osso. O sistema hidráulico do ligamento periodontal funciona da seguinte forma: durante o impacto da carga oclusal, o dente sofre uma intrusão de aproximadamente 0,12 mm, fazendo com que o fluido do LP penetre no osso através das foraminas do osso, o que resulta em aumento da pressão hidrostática nos espaços medulares. Após cessada a força oclusal, ocorre uma pressão hidráulica negativa, que eleva o dente à sua posição novamente. Esse mecanismo também causa força de tração no osso, compensando a força de pressão exercida pela mastigação.
A propriocepção do ligamento periodontal é formada pelas terminações nervosas sensitivas, que são órgãos especializados distribuídos por todo o corpo humano para a transformação de estímulos internos e externos em impulsos nervosos.
Os receptores são classificados em três grupos:
· Externorreceptores – respondem a estímulos como contato, temperatura, discriminação, tátil, visão e audição.
· Interreceptores – relacionam-se com as vísceras e percebem a fome, a dor visceral e a sede.
· Proprioceptores – relacionam-se com a sensação de posição e movimento do corpo.
Os proprioceptores do LP apresentam sensibilidade tão delicada que podem perceber espessuras da ordem de fração de milímetros.
As fibras transceptais fazem parte do tecido conjuntivo supra-alveolar e estendem-se no cemento cervical de um dente até o cemento do dente adjacente; além disso, são responsáveis pela manutenção do ponto de contato e proteção da papila.
As fibras oxitalâmicas localizam-se abaixo do epitélio juncional na região cervical e são inseridas no cemento radicular, estendendo-se até o osso alveolar. Elas possuem as seguintes funções:
· Proporcionar sustentação ao feixe vascular do LP.
· Prevenir e/ou dissipar cargas oclusais excessivas aplicadas aos dentes, que poderão obliterar por pressão os vasos sanguíneos do LP.
· Responder fisiologicamente, aumentando em número e espessura quando o dente entrar em hiperfunção oclusal.
O plexo indiferente das fibras do ligamento periodontal é um conjunto de fibras de menor diâmetro que se dispõem ao redor das fibras principais do LP. Essas fibras apresentam-se em maior quantidade em áreas de grande pressão oclusal, apresentando um aspecto mais denso e colagênico.
A substância fundamental amorfa, do ligamento periodontal, preenche os interstícios entre as células, fibras, vasos, nervos e outros componentes identificáveis do LP e proporciona o meio adequado para migração celular e difusão de nutrientes e produtos do metabolismo entre vasos sanguíneos e células.
Os vasos sanguíneos do LP originam-se na gengiva e, no processo alveolar, os vasos sanguíneos participam com um sistema amortecedor hidráulico, que proporciona elasticidade ao LP durante o impacto oclusal.
A disposição arquitetural das trabéculas ósseas, responsável pela flexibilidade do tecido ósseo, que lhe confere características de resiliência, colabora conjuntamente com outros elementos no mecanismo de transmissão e neutralização de forças oclusais porque admite a absorção de pressão.
A morfologia radicular influencia a quantidade do cemento intrarradicular. Os dentes cilíndricos são melhores para eliminação de forças que os cônicos, e os multirradiculados com raízes divergentes também são mais indicados.
TRAUMA OCLUSAL
Trauma de oclusão é a denominação usada para descrever as alterações patológicas dos tecidos que ocorrem o periodonto em consequência da força oclusal excessiva produzida pela ação dos músculos da mastigação. A lesão tecidual associada ao trauma de oclusão pode ser dividida em tipos primário e secundário.
Trauma primário refere-se à reação tecidual (dano) provocada em volta de um dente com estrutura periodontal normal.
Trauma secundário está relacionado a situações em que as forças oclusais (normais ou excessivas) causam dano a um periodonto comprometido.
O trauma de oclusão é reversível; no entanto, não significa que ele sempre se corrija e tenha significado clínico temporário ou limitado.
Quando submetida a trauma oclusal,ocorrem alterações periodontais sob efeito do trauma de oclusão, que, por sua vez, acontece em três estágios:
· Lesão.
· Alteração.
· Remodelação.
O dano tecidual ocorre por força oclusal excessiva.
Estágio I – Lesão
A pressão excessiva estimula a reabsorção óssea com evidente espessamento do espaço do LP, e as principais alterações consistem em compressão das fibras do ligamento periodontal.
Estágio II – Regeneração
Os tecidos lesados são removidos, e novas células e fibras do tecido conjuntivo, osso e cemento são formadas na tentativa de restaurar o periodonto lesado.
Estágio III – Remodelação
O periodonto é remodelado a fim de criar uma relação estrutural na qual as forças não sejam mais lesivas para os tecidos.
A resposta do periodonto ao trauma de oclusão – quando um dente sadio é submetido a forças unilaterais, sofrendo inclinação no sentido dessas forças – é gerar duas áreas de pressão e duas áreas de tensão.
As alterações que ocorrem na zona de pressão do trauma oclusal são:
1. Aumento a vascularização na região.
2. Aumento da permeabilidade vascular.
3. Trombose vascular e desorganização das células dos feixes de fibras colágenas.
4. Reabsorção óssea do osso alveolar, que pode ser:
a. Direta (forças não muito intensas).
b. Indireta (forças de grande intensidade).
Na zona oposta à zona de pressão, há uma zona de tensão devido às fibras do ligamento periodontal, onde haverá uma neoformação óssea.
No trauma oclusal em zonas com doença periodontal, as estruturas periodontais podem ser divididas em duas zonas:
· Zona de irritação – é composta pela gengiva marginal e pela papila interdental, não sendo afetada pela força oclusal; nesta área, a inflamação gengival é causada pela presença de placa bacteriana.
· Zona de codestruição – é composta pelo periodonto de sustentação (ligamento periodontal e osso alveolar), que, por sua vez, suporta o trauma de oclusão.
Pela exposição a essas duas frentes, os feixes de fibras entre as duas zonas podem ser destruídos ou reorientados desordenadamente.
DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR (DTM)
A disfunção temporomandibular (DTM) é um termo amplo, que engloba uma série de condições multifatoriais de dor crônica e disfunções (com ou sem dores) na região orofacial, caracterizadas por sinais e sintomas associados à dor e distúrbios funcionais e estruturais do sistema estomatognático, especialmente as articulações temporomandibulares (ATMs), músculos da mastigação e estruturas associadas. Os sinais e sintomas mais frequentes das DTMs são dores localizadas na musculatura mastigatória, nas ATMs e/ou na área pré-auricular, bem como limitação e/ou assimetria nos movimentos mandibulares e sons articulares (estalidos e crepitações). As DTMs são classificadas em desordens musculares, desordens articulares e ambas.
A DTM é um problema de saúde pública na população adulta em geral, tendo apresentado índices de prevalência que variam entre 3,7% e 12%. A maioria dessa população é composta por mulheres em idade fértil, e isso tem sido relacionado a fatores biológicos, hormonais, psicológicos e sociais. Parte dos indivíduos portadores de sinais e sintomas de DTM apresenta um quadro de relativa simplicidade de resolução, e as desordens tendem à autorresolução. No entanto, alguns indivíduos apresentam uma composição mais complexa de componentes que interfere no curso natural de evolução e controle, com histórico de relatos de aparecimento, exacerbação e remissão dos sintomas dolorosos em diferentes períodos da vida.
A International Association for the Study of Pain (IASP) define dor como “uma experiência sensorial e emocional desagradável associada com danos reais e potenciais dos tecidos ou descrita nos termos de tais danos”. As discussões sobre a interdependência dos aspectos psicológicos e de saúde no controle do paciente visam apresentar as variáveis de maior importância, que contribuem para os diversos transtornos mentais que podem acompanhar as DTMs. A relação entre fatores psicológicos e DTM é multidirecional. O estado atual da mentalidade pode ser um efeito, mas também uma causa do surgimento, continuação ou exacerbação da DTM, o que dificulta a avaliação correta. Isso demonstra a necessidade de compreender as características físicas e psicológicas de um paciente individual.
As investigações dos modelos de evolução dos processos de dor de longa duração sugerem fortemente que os fatores psicológicos sejam os maiores agentes de cronificação das DTMs com dor. Ansiedade, depressão, capacidade de enfretamento da dor e estresse são apontados como fatores seriamente envolvidos no seu desenvolvimento e progressão.
As DTMs são com frequência acompanhadas por dores de cabeça recorrentes e dores em região cervical, apresentando forte incidência e grande quantidade de sinais e sin¬tomas associados, tais como espasmo muscular, dor reflexa, dificuldade de movimentação articular, crepitação, cefaleia e distúrbios auditivos.
A DTM, por ser uma patologia complexa, requer um tratamento baseado em um correto diagnóstico, estabelecido a partir de informações sobre possíveis fatores etiológicos e por meio do levantamento de sinais e sintomas para cada paciente. Dentre os diversos tratamentos, incluem-se termoterapia, eletro¬terapia, ultrassom, iontoforese, alguns agentes analgésicos e laser de baixa potência – este último quando há presença de dor, restrições de movimentos mandibulares, inflamação do tecido e instabilidade articular.
São propostas diferentes opções de tratamento para essa síndrome, incluindo intervenções farmacológicas e não farmacológicas. Os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) e medicamentos narcóticos têm sido utilizados para controle de sintomas. Métodos não farmacológicos incluem terapias manuais, massagem, técnicas de pulverização e alongamento e métodos de injeção. Outros incluem compressão isquêmica, laserterapia e agulhamento seco.
 
BIOMECÂNICA DA ATM
Aspectos anatômicos
A ATM é uma articulação composta ginglemoidal e artroidal. Suas superfícies articulares são: disco articular, eminência articular, fossa mandibular e côndilo.
A parte posterior da eminência articular e o côndilo (polo medial mais volumoso e posterior) são envoltos por fibrocartilagem, tecido extremamente resistente.
O disco articular também é composto por fibrocartilagem, sendo mais fino na zona intermediária. Ele é avascular e não inervado, por exceção da borda periférica.
Os ligamentos participantes dessa articulação são: esfenomandibular e estilomandibular (acessórios), temporomandibular, cápsula articular (evita a separação das superfícies) e os discais ou colaterais (prendem o disco ao côndilo).
A nutrição e lubrificação da ATM são feitas pelo líquido sinovial, o qual é produzido pela membrana sinovial. A renovação nutricional desse líquido é feita pela zona retrodiscal.
Fazem parte da zona trilaminar:
· feixes superiores: elásticos que retornam o disco nos movimentos de fechamento;
· feixes inferiores: colágenos;
· zona interlaminar: onde se localizam vasos e nervos.
A inervação da ATM é feita pelo trigêmeo V/3 (auriculotemporal, massetérico e temporal profundo), e a irrigação, pela artéria temporal superior e pela meníngea média e maxilar.
Biomecânica da ATM
A ATM pode ser dividida basicamente em dois sistemas articulares. O primeiro envolve o chamado complexo côndilo-disco. A conexão de ligamentos entre essas duas estruturas, principalmente os ligamentos discais, determina que tal complexo seja responsável pelos movimentos rotacionais da articulação. O outro sistema articular é o complexo côndilo-disco articulando com a fossa articular, que se responsabiliza pelos movimentos de translação, em que o côndilo deixa a fossa mandibular.
Para a saúde funcional da ATM e desses sistemas que a compõem, faz-se necessário que as superfícies articulares estejam sempre em contato, determinando, assim, certa estabilidade. Esta é promovida essencialmente pela chamada pressão interarticular, caracterizada pela intensidade com que o côndilo pressionará o disco, valendo ressaltar que essa pressão variarácircunstancialmente. Assim, dependendo da situação apresentada, a pressão interarticular pode aumentar ou diminuir.
O espaço entre as superfícies dá-se de maneira inversamente proporcional à pressão interarticular. Assim, quanto maior a pressão, menor o espaço. Portanto, percebe-se que a morfologia peculiar do disco é essencial para a manutenção dessa estabilidade, pois, por apresentar três regiões com espessuras distintas, pode se rotacionar e se interpor entre as superfícies de maneira precisa.
Os movimentos de rotação do disco são determinados pelas estruturas nele inseridas, como a lâmina retrodiscal superior e as fibras do músculo pterigóideo lateral superior. Para descrever suas ações, devemos analisar duas situações: abertura e fechamento normal da boca e mordidas fortes.
Quando o sistema estomatognático se encontra em repouso, o tônus do músculo pterigóideo lateral é superior à tração elástica exercida pelas fibras da lâmina retrodiscal superior. Dessa forma, o côndilo é mantido em posição mais anterior e medial. Quando ocorre abertura, o disco acompanhará o movimento de translação, tracionando as fibras elásticas inseridas nele. Esse tracionamento acabará por infligir ao disco uma posição mais posterior. Durante o fechamento, o músculo pterigóideo lateral superior se ativará, posicionando o disco em posição mais anterior novamente.
No caso de mordidas fortes, ocorre uma diminuição da pressão interarticular no lado ipsilateral da mordida; por tal razão, ocorrerá igualmente um aumento do espaço interarticular. Para não ocorrer a separação das superfícies desse lado, o músculo será ativado, tracionando o disco para uma posição mais anterior, fazendo com que o côndilo se relacione com a parte posterior, mais espessa do disco.
À medida que for ocorrendo a intercuspidação, a pressão interarticular voltará a aumentar, diminuindo o espaço entre as superfícies. Nesse caso, o disco será rotacionado de forma que o côndilo repouse sobre sua zona intermediária. Portanto, percebe-se que a ATM faz parte se um processo complexo do sistema estomatognático, cuja funcionalidade depende intrinsecamente da ação limitadora dos ligamentos e posicionadora do músculo, assim como de seus demais componentes.
DESORDENS TEMPOROMANDIBULARES (DTM): FATORES ETIOLÓGICOS
Embora os sinais e sintomas de DTM sejam comuns, não há uma única etiologia que justifique todos os sinais e sintomas. A etiologia das DTMs é complexa e multifatorial, o que quer dizer que um único fator sozinho não é capaz de gerar uma DTM. Os fatores etiológicos das DTMs podem ser classificados em três grupos: os fatores que aumentam o risco de DTM são chamados fatores predisponentes, pois aumentam o risco do paciente vir a desenvolver uma DTM no futuro; os fatores que ocasionam o início de DTM são chamados fatores desencadeantes, sendo os responsáveis pelo surgimento dos primeiros sintomas do paciente; e os fatores que interferem na cura ou aumentam a progressão de DTM são chamados fatores perpetuantes. Após o surgimento dos sintomas para a disfunção, o caso tende para uma autorresolução, e esse processo pode ser interrompido caso surja algum fator perpetuante que prolongue os sintomas da DTM de forma indeterminada, fazendo que o paciente necessite de tratamento para o controle da DTM.
A identificação adequada dos fatores corretos é a base para o sucesso do tratamento das DTMs. Existem cinco fatores principais associados à DTM:
· trauma;
· estresse emocional;
· fontes de estímulo à dor profunda;
· atividades parafuncionais;
· condição oclusal.
No início do desenvolvimento dos estudos das DTMs, a odontologia acreditava que os fatores oclusais eram os que mais contribuíam para as DTMs; entretanto, recentemente, estudos argumentam que os fatores oclusais desempenham pouco ou nenhum papel na DTM. A relação entre fatores oclusais e DTM é um assunto extremante crítico para a odontologia.
O trauma das estruturas faciais pode levar a desordens funcionais no sistema mastigatório; além disso, tem um impacto maior na desordem intracapsular que nas desordens musculares. Ele pode ser dividido em dois tipos gerais:
· Macrotrauma – qualquer força súbita que pode resultar em alterações estruturais (ex.: golpe direto na face).
· Microtrauma – qualquer força pequena repentinamente aplicada às estruturas por um longo período (ex.: bruxismo ou apertamento).
No estresse, os centros emocionais do cérebro têm uma influência na função muscular. O estresse afeta o corpo ativando o eixo hipotalâmico-pituitário-adrenal (HPA), que, por sua vez, prepara o corpo para responder através do sistema nervoso autônomo. O efeito final dos reflexos do eixo HPA é um aumento da tonicidade muscular.
Estresse é uma força motivadora que nos impele a desempenhar uma tarefa e obtermos sucesso. Existem dois mecanismos de liberação do estresse:
1. O mecanismo externo de liberação é representado por atividades como:
· gritar;
· esbravejar;
· bater;
· jogar ou quebrar objetos;
· exercícios físicos.
2. O mecanismo interno é aquele que a pessoa libera internamente e que desenvolve uma desordem psicofisiológica.
· síndrome do colo irritável;
· hipertensão;
· arritmias cardíacas;
· asma;
· aumento da tonicidade muscular da cabeça e do pescoço.
O estresse emocional também pode influenciar a atividade ou a tonicidade simpática do indivíduo. A atividade simpática pode aumentar o tônus muscular e, consequentemente, produzir uma condição de dor muscular. A exposição prolongada a agentes estressantes emocionais sobrecarrega o sistema nervoso autônomo de maneira crônica, comprometendo a capacidade do indivíduo de se adaptar e até mesmo combater as doenças.
Um estímulo de dor profunda pode excitar centralmente o tronco encefálico, produzindo uma resposta muscular conhecida como cocontração protetora.
A atividade da musculatura pode ser dividida em dois tipos básicos:
· funcional;
· parafuncional.
Hiperatividade muscular é o aumento da atividade muscular acima do necessário para a função. Essas atividades parafuncionais podem ser divididas em dois grupos gerais:
· atividade diurna;
· atividade noturna.
Atividade parafuncional diurna é aquela realizada durante o dia, geralmente sem que o indivíduo tenha consciência, como: apertar e ranger os dentes, morder a língua, ter hábitos posturais, etc.
A atividade parafuncional noturna é composta de episódios únicos (apertamento) e contrações rítmicas (bruxismo) realizados inconscientemente durante o sono.
A maioria das atividades funcionais consiste em contrações rítmicas e bem controladas e no relaxamento dos músculos envolvidos na função mandibular. A atividade parafuncional geralmente resulta em contração muscular mantida por longos períodos. Os reflexos neuromusculares estão presentes durante as atividades funcionais, protegendo as estruturas odontológicas de serem danificadas.
Cada paciente possui uma capacidade de adaptabilidade diferente, tendo, portanto, seu próprio sistema biológico, que pode tolerar certo grau de variação do ideal. O sucesso clínico é diretamente relacionado a como o paciente pode se adaptar às alterações feitas pelo clínico. Fatores que influenciam são provavelmente vinculados a problemas inatos, como:
· variabilidade genética;
· resistência do hospedeiro;
· fatores biológicos (dieta, hormônios, entre outros);
· sono;
· condicionamento físico;
· fatores demográficos (idade, sexo, entre outros);
Se um fator se tornar mais significativo, ele pode exceder a adaptabilidade e fazer com que os sintomas apareçam. Em algumas instâncias, pode haver uma alteração na adaptabilidade do paciente; se a adaptabilidade for reduzida, fatores etiológicos menos significativos podem se tornar influentes.
CLASSIFICAÇÃO DAS DTMS
As disfunções temporomandibulares (DTM) são definidas como um conjunto de condições musculoesqueléticas e neuromusculares que envolvem as articulações temporomandibulares (ATM), os músculos mastigatórios e as estruturas associadas. São condições altamente prevalentes no mundo todo, sendo as mulheres mais afetadas que os homens. Embora sejamcondições principalmente observadas entre adultos jovens (com 20 a 50 anos de idade), estudos recentes vêm apontando que crianças e adolescentes são frequentemente afetados. Seus principais sintomas são dores (muscular e articular), limitações funcionais e sons articulares.
O diagnóstico da DTM é essencialmente clínico e deve incluir anamnese e exame físico cuidadosos. Eventualmente, exames de imagem como tomografia e ressonância magnética podem ser necessários para o diagnóstico de alterações articulares.
O DC/TMD é também constituído por dois eixos: o eixo I é composto pelos diagnósticos (mialgia, mialgia local, dor miofascial, dor miofascial com espalhamento, dor miofascial com dor referida, artralgia e cefaleia atribuída à DTM); o eixo II incorporou novos instrumentos já validados para avaliação do comportamento perante a dor, estado psicológico e funcionamento psicossocial. O eixo II pode ser aplicado em sua versão resumida ou completa.
O DC/TMD tem sido amplamente utilizado e se mostra como o melhor critério de diagnóstico para DTM ao longo das últimas décadas. Certamente, o uso do DC/TMD em pesquisas ao redor do mundo deverá gerar a necessidade de revisões futuras.
O raciocínio clínico para levar a um diagnóstico final segue um processo de dedução, que inclui: memória de conhecimento clínico adquirido por treinamento formal e exposição a diferentes condições e procedimentos clínicos.
O processo de diagnóstico começa com a anamnese, que é o ponto-chave inicial para criar um banco de dados do paciente. Em seguida, forma-se o diagnóstico diferencial, que é uma lista de possibilidades, classificadas da mais provável para a menos. A confirmação do diagnóstico é obtida através da procura de sinais específicos da doença – conhecidos como sinais patognomônicos – ou quando não for possível com testes que possuam objetivos e critérios de diagnósticos precisos.
De acordo com o DC/TMD, as DTMs podem ser classificadas como:
· mialgia;
· mialgia local;
· dor miofascial com espalhamento;
· dor miofascial referida;
· artralgia;
· cefaleia atribuída à DTM.

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