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Thaís Pires 1 Abdome – Anatomia, Fisiologia e Semiologia • Abdome LIMITES DA CAVIDADE ABDOMINAL Limite superior → linha circular que passa pela junção xifoesternal e pela apófise espinhosa da 7ª vértebra dorsal – na parede torácica Limite inferior → linha circular que passa pela apófise da 4ª vértebra lombar, cristas ilíacas, espinhas ilíacas anteriores e sínfise púbica Divisão em 4 quadrantes: uma linha vertical e horizontal que se cruzam perpendicularmente na cicatriz umbilical, delimitando os quadrantes SUP ESQ, SUP DIR, INF ESQ, INF DIR / essa divisão permite, ainda, denominações como: ANDAR SUPERIOR E INFERIOR DO ABDOME, HEMIABDOME ESQ E DIR Divisão em 9 quadrantes: 2 linhas horizontais, a linha BI-COSTAL que une os pontos dos rebordos costais representados pelo cruzamento das linhas hemiclaviculares, e a linha BI-ILÍACA que une as espinhas ilíacas anterossuperiores / 2 linhas curvas, as LINHAS COSTAIS, que acompanham as rebordas costais, partindo da base do apêndice xifoide até a linha axilar média / 2 linhas ligeiramente oblíquas que ligam o ponto de cruzamento das hemiclavicular com o rebordo e o tubérculo da púbis → as regiões delimitadas são: HIPOCÔNDRIO ESQ, EPIGÁSTRIO, HIPOCÔNDRIO DIR, FLANCO ESQ, MESOGÁSTRIO, FLANCO DIR, FOSSA ILÍACA ESQ, HIPOGÁSTRIO, FOSSA ILÍACA DIR Anatomia da parede abdominal: pele → tecido celular subcutâneo → aponeurose → músculos → fáscia transversal → tecido extraperitoneal → peritônio Thaís Pires 2 1) Qual a localização e função do estômago? E do intestino delgado? Estômago Uma dilatação sacular do tubo digestivo, localizado entre o ESÔFAGO – DUODENO na cavidade abdominal, logo abaixo do diafragma → cavidade gástrica é dotada de 2 orifícios: CÁRDIA (corresponde a junção com o esôfago) e o PILORO (junção com o duodeno) Divisão - FUNDO, parte situada cranialmente ao plano horizontal, próximo a cárdia – é separado do pericárdio e da pleura pelo diafragma, sendo o seu ponto mais cranial ao nível do 4° EIC esquerdo; CORPO, que é distal ao fundo, de forma semelhante a um triangulo de base pra cima; ANTRO, um canal cilíndrico que termina no piloro Localização – ocupa o EPIGÁSTRIO E O HIPOCÔNDRIO ESQUERDO Irrigação – fornecida por ramos do TRONCO CELÍACO – a artéria gástrica esquerda é originada desse tronco e dirige-se para esquerda-cima e irriga a porção superior direita do estômago – a artéria gástrica direita origina-se da ARTÉRIA HEPÁTICA, segue para a esquerda e irriga a porção inferior direita / o suprimento do fundo é proveniente das artérias gástricas curtas originadas da artéria esplênica Inervação – a simpática é proveniente do PLEXO CELÍACO / a parassimpática provem dos nervos vago direito e esquerdo → ambos os tipos de fibras fazem sinapse com os neurônios INTRAMURAIS em dois plexos: MIENTÉRICO E SUBMUCOSO – contem os neurônios efetores cujas terminações estão em contato com FIBRAS MUSCULARES e CÉLULAS EPITELIAIS Histologia – a parede do estômago é composta por 4 camadas: SEROSA, MUSCULAR, SUBMUCOSA e MUCOSA – lembrando que a muscular possui 3 divisões: longitudinal externa, circular (forma o piloro) e oblíqua interna / a MUCOSA GÁSTRICA é composta por TECIDO EPITELIAL COLUNAR SIMPLES, repleto de pequenas criptas que abrigam a abertura de 3-5 glândulas tubulares → as diferenças entre as glândulas permitem a divisão do estômago em 3 regiões: CÁRDICA – em torno da cárdica, glândulas mucosas que secretam MUCO ÁCIDO; FUNDO E CORPO possuem células mucosas, células parietais (secretam ácido e fator intrínseco), células principais (pepsinogênio), células endócrinas (grânulos de serotonina e outros peptídeos); região PILÓRICA possui células G, que secretam gastrina Função – armazena os alimentos ingeridos, promove a fragmentação dos componentes sólidos e os transfere para o duodeno → a secreção gástrica contribui para FRAGMENTAÇÃO DE PARTÍCULAS + ELIMINAÇÃO DE BACTÉRIAS Thaís Pires 3 Intestino Delgado Divide-se em 3 segmentos: DUODENO, JEJUNO E ÍLEO – duodeno é junto do piloro e termina na flexura duodenojejunal, que é presa ao diafragma pelo ligamento de Treitz → em seu trajeto, o duodeno CONTORNA O PÂNCREAS e recebe o CANAL DE WIRSUNG E O COLÉDOCO, onde desagua suco pancreático e bile → a junção desses dois ductos forma a AMPOLA DE VATER que possui o óstio, chamado de PAPILA DUODENAL / a divisão entre JEJUNO E ÍLEO não é bem definida, terminando o íleo na face medial da transição entre o ceco e o cólon ascendente na FOSSA ILÍACA DIREITA – em toda a extenção, o jejuno-íleo descreve numerosas flexuosidades, que são as ALÇAS INTESTINAIS → o jejuno-íleo é fixado a parede abdominal pelo MESENTÉRIO, um pregueado do peritônio Histologia – na sua luz, o ID apresenta muitas PREGAS, que aumentam consideravelmente a superfície de contato para a absorção dos nutrientes, SENDO MAIS NUMEROSAS NO JEJUNO – na base dessas vilosidades, encontram-se as GLÂNDULAS TUBULARES SIMPLES / no epitélio de revestimento das criptas, encontra-se as células diferenciadas: DE PANETH (secretam defensinas), CALICIFORMES (secretora de muco, lubrificante), ENTEROENDÓCRINAS e CÉLULAS M Absorção – o processo digestivo iniciado pela AMILASE SALIVAR e LIPASE LINGUAL continua no estômago com a participação da SECREÇÃO GÁSTRICA, mas é MÁXIMO no ID com a secreção de ENZIMAS PANCREÁTICAS E BILE Carboidratos – é necessária a despolimerização do amido para os seus monossacarídeos correspondentes – a glicose e galactose são transportadas por um MECANISMO ATIVO MEDIADO POR SÓDIO e a frutose é absorvida por difusão Proteinas – integralmente absorvidas pelo intestino – há transformação do tripsinogênio em tripsina, que ativa outars enzimas proteolíticas do suco pancreático – os aa livres atravessam ativamente a membrana celular acoplados a absorção de sódio Lipídios – emulsificação, lipólise e incorporação a micelas Thaís Pires 4 Água e Eletrólitos – ID, principalmente jejuno e íleo – todo o movimento de absorção e secreção de água é acoplado aos movimentos dos solutos – o SÓDIO é absorvido pelo enterócito por diferentes mecanismos / em condições patológicas, o movimento de água e eletrólitos pode estar invertido, predominando o fluxo no sentido da luz intestinal → diarreia da cólera 2) Qual a importância da flora bacteriana e o pH do intestino delgado? A flora bacteriana do ID é muito MENOS DENSA que a do cólon, sendo particularmente pobre no duodeno e no jejuno, porém aumentando no íleo – nessa flora, predomina GERMES AERÓBIOS, sendo praticamente nulo os anaeróbios estritos no jejuno / Essa baixa densidade é importante para que o processo de absorção de nutrientes ocorra normalmente O pH do conteúdo intraluminal é de 6 a 7,5, em decorrência da neutralização do HCl e das características da secreção pancreática e biliar – esse pH favorece a atividade enzimática digestiva 3) Como avaliar a distensão abdominal, flatulência e dispepsia? Esses sintomas estão presentes em grande número de doenças do intestino delgado, principalmente aquelas que envolvem má absorção A DISPEPSIA envolve sensações desagradáveis, de natureza variada, atribuídas as PORÇÕES PROXIMAIS DO TUBO DIGESTIVO (estômago e duodeno) – inclui eructações, desconforto ou dor localizada no epigástrio, saciedade precoce, plenitude pós-prandial → esses sintomas são produzidos principalmente pelo AUMENTO DO CONTEÚDO LÍQUIDO DO INTESTINO DELGADO, MÁ ABSORÇÃO OU DEFICIÊNCIA NO PERISTALTISMO E EXCESSO DE GASES PELA FERMENTAÇÃO BACTERIANA Importante observar se esses 3 sintomas aparecem isolados ou não, isso porque a associação com DIARREIA e ESTEATORREIA sugere um processo patológico de má absorção global de nutrientes; enquanto a associação com DOR ABDOMINAL intensa e contínua pode indicar obstrução mecânica de algum segmento 4) O que é diarreia? Qual a sua relação com o intestino delgado?É a manifestação mais comum as doenças do ID, sendo conceituada como o AUMENTO DO TEOR LÍQUIDO DAS FEZES, frequentemente associado com o aumento do número das evacuações e do volume fecal em 24h Diarreia Osmótica - aumento da pressão OSMÓTICA no lúmen intestinal – o acúmulo de substâncias não absorvíveis pode determinar o retardo da absorção de água e eletrólitos Diarreia Secretora - aumento da secreção de água e eletrólitos pela mucosa intestinal – diarreia por enterotoxinas, como coli e cólera Diarreia Exsudativa - aumento da permeabilidade da mucosa intestinal – alterações inflamatórias, neoplásicas e isquêmicas resultam na passagem anormal de líquidos para o lúmen Diarreia Motora - alteração da motilidade do intestino delgado – hipertireoidismo e diarreia funcional, que aumentam a velocidade do trânsito intestinal Thaís Pires 5 Duração do processo diarreico; volume; consistência; aspecto das fezes; frequência das evacuações; 5) O que é esteatorreia? Qual sua etiopatogenia? Aumento da quantidade de gorduras excretadas nas fezes – em uma dieta de 100g de gorduras/dia, geralmente elimina-se 7g nas fezes e, geralmente, o maior consumo de lipídios não acarreta na elevação da gordura fecal / A esteatorreia pode ser decorrente de vários mecanismos relacionados a MÁ ABSORÇÃO EXCLUSIVA DOS COMPONENTES LIPÍDICOS DA DIETA Pode ser inaparente, porém geralmente está associada ao aumento do volume das fezes → a DIARREIA ASSOCIADA A ESTEATORREIA costuma cessar após o período de jejum completo O aumento de teor de gorduras pode induzir modificações nas fezes, passando a serem volumosas, brilhantes, lustosas, clareadas, podendo flutuar na água 6) Quais as causas de hemorragia do intestino delgado? Em geral, o relato de MELENA sugere que a hemorragia se originou no ID, pois há tempo para digestão do sangue – esse sangramento provoca o aumento do teor líquido das fezes / mais raramente a hemorragia digestiva se traduz por ENTERORRAGIA, que é a liberação de sangue vivo pelas fezes MELENA X ENTERORRAGIA 7) Qual a localização do intestino grosso? Quais segmentos são fixos? Dividido em: Ceco – localizado na FID apoiado no assoalho osteomuscular da região e é INTEIRAMENTE REVESTIDO PELO PERITÔNIO – é um órgão MÓVEL, podendo causar VOLVULO CECO / Possui a válvula ileocecal em sua junção com o íleo terminal Apêndice Vermiforme – localizada na extremidade distal do ceco Cólons ascendente e descendente – o ascendente vai desde o ceco até a flexura hepática, comunicando-se com o cólon transverso, que, por sua vez, comunica-se pela flexura esplênica com o cólon descendente até o cólon sigmoide → esses possuem tênias longitudinais que fixam-se a parede abdominal, tornando essas estruturas fixas Cólon Transverso – ocupa o hipocôndrio esquerdo, epigástrio e hipocôndrio direito 8) O que é peritônio? Qual a diferença entre diarreia e disenteria? Caracteriza-se a diarreia pelo número aumentado de ejeções, diminuição da consistência fecal e, as vezes, restos alimentares DISENTERIA é uma síndrome na qual ALÉM DA DIARREIA COM CÓLICAS as fezes são MUCOSSANGUINOLENTAS, geralmente acompanhada de tenesmo após evacuação!!!!!! Thaís Pires 6 9) Qual a importância dos seguintes sinais e sintomas no exame clínico de um paciente? Obstipação intestinal, sangramento anal, prurido anal, distensão abdominal, náuseas e vômitos, anemia e emagrecimento Obstipação Intestinal – o ritmo intestinal varia de indivíduo para indivíduo, considerando-se normal desde 3 EVACUAÇÕES/DIA ou 1 EVACUAÇÃO/2 DIAS – quando as fezes ficam retidas por mais de 48h, significa que há OBSTIPAÇÃO OU CONSTIPAÇÃO INTESTINAL → é importante avaliar a consistência das fezes ao sair (mais duras, ressecadas ou em cíbalos) / A progressão fecal depende de vários fatores, como a composição das fezes (fibras), atividade dos plexos intramurais Sangramento Anal – a maioria das vezes é causado por hemorroidas – pode ser doença diverticular difusa dos cólons, pólipos, processos inflamatórios – pensar em sangramentos no TGI alto, geralmente sendo sangramento mais escuro, melena Prurido Anal – manifestação clínica de diversas condições, como MÁ HIGIENE ANAL, ENTEROBÍASE, DOENÇAS ANORRETAIS CUTANEAS (eczema, dermatites), DOENÇAS SISTÊMICAS (diabetes) Distensão Abdominal – aumento do volume do ventre, podendo traduzir ascite, meteorismo, fecaloma, neoplasias – essa distensão depende da dificuldade do trânsito nos cólons 10) O que é o fígado? Qual a sua função? Quais suas características macro e microscópicas? Estende-se do hipocôndrio direito ao esquerdo – Limite superior no 5° EI direito, lobo direito recoberto pelo pulmão, pleura e diafragma até a 8ª costela → essa face é chamada de NUA, enquanto a restante é recoberta pela cápsula de Glisson / é mantido no lugar pelo ligamentos, pedículos vasculares e pela pressão negativa supradiafragmática Vascularização – sangue venoso provém da veia porta, formada pelas veias MESENTÉRICA E ESPLÊNICA (70% do oxigênio) e o sangue arterial é suprido pela ARTÉRIA HEPÁTICA (30% do oxigênio) / a drenagem sanguínea é feita pelas VEIAS HEPÁTICAS DIREITA E ESQUERDA, que desembocam na CAVA Vias Biliares extra-hepáticas e vesícula – do fígado, emergem os ductos heáticos D e E que convergem para o DUCTO HEPÁTICO COMUM – esse junta-se com o DUCTO CÍSTICO da vesícula e forma o DUCTO COLÉDOCO / Mais a frente, o colédoco pode ou não unir- se ao DUCTO PANCREÁTICO formando a AMPOLA DE VATER que se abre na luz duodenal por meio da PAPILA DUODENAL Microanatomia – a estrutura funcional do fígado é o LÓBULO HEPÁTICO, que possui em seu centro a veia central circundada pelas trabéculas ou colunas de hepatócitos, cujos ANGULOS SÃO OS ESPAÇO PORTA 11) Quais os sinais e sintomas que acometem o paciente com problemas hepáticos? Thaís Pires 7 Icterícia – coloração amarelada da pele e mucosas, devido a impregnação dos tecidos por pigmentos biliares – só se consegue detectar icterícia qiando os níveis de bilirrubina são maiores de 2mg/dL / em pessoas normais, a pele pode até estar um pouco amarelada, mas não pigmenta a ESCLERÓTICA – cenoura, mamão, antimaláricos Investigar o tempo de duração, intensidade e evolução da icterícia 12) Como examinar a vesícula biliar? Geralmente não é palpável fisiologicamente, só em condições patológicas – para palpar, é necessário que ocorra aumento de tensão no seu interior por dificuldade de escoamento do conteúdo, o que a distende Sinal de Courvoisier – vesícula palpável em pct ictérico – sugestivo de neoplasia maligna geralmente na cabeça do pâncreas Sinal de Murphy – dor a compressão do rebordo costal direito no ponto cístico durante a inspiração → ponto de palpação da vesícula: interseção da borda externa do reto abdominal com a cartilagem costal 13) O que é colestase? Alteração da secreção biliar hepatocelular – geralmente representa um obstáculo ao fluxo biliar, dificultando ou impedindo a chegada da BILE AO DUODENO = colestase mecânica que pode ser extra ou intra-hepática / há a colestase decorrente de causas metabólicas 14) Qual é a circulação porta? Quais órgãos estão envolvidos? Quais as complicações das alterações dessa circulação? Circulação que tem como objetivo recolher o sangue de TODOS as vísceras abdominais, exceto dos rins e suprarrenais, e encaminhá-lo ao FÍGADO PELA VEIA PORTA → no fígado, a porta se ramifica até os sinusoides, para onde o sangue passa para as veias centrolobulares e para as veia CAVA 15) Qual o mecanismo de formação da ascite? Líquido na cavidade abdominal Ascite por DIMINUIÇÃO DA PRODUÇÃO DE ASCITE – lesão do hepatócito, queda da pressão coloidosmótica Ascite por HIPERTENSÃO PORTAL – aumento da pressão hidrostática, provocando a transudação de líquido Ascite por VOLUME PLASMÁTICO – apesar de ser maior nos cirróticos, é ineficaz, uma vez que os barorreceptoresestimulam a diminuição da PA, aumentando a produção de aldosterona Ascite por RETENÇÃO DE SÓDIO Ascite por RETENÇÃO DE ÁGUA – estimulada pela diminuição da prostaglandina PGE2, que é antagonista do antidiurético Thaís Pires 8 Semiologia EXAME FÍSICO DO ABDOME (EFA) – Inspeção → Ausculta → Percussão → Palpação (percussão orienta a palpação) ➔ Inspeção Abdominal – necessário uma boa iluminação + desnudamento da área corporal / deve-se investigar na inspeção formas e volume do abdome, cicatriz umbilical, veias superficiais, cicatrizes da parede abdominal e movimentações, além da inspeção da pele (manchas, coloração, estrias....) 1) Forma e volume do abdome Variam de acordo com a idade, sexo, estado de nutrição do pct – podem ser normal, globoso, ventre de batráquio, pendular ou ptótico, avental e escavado - Normal/Atipico: compreende grandes variações de acordo com cada indivíduo - Globoso ou Protuberante: possui o diâmetro AP > LL / Observado na gravidez avançada, ascite - Ventre de Batráquio: possui diâmetro LL > AP / Ascite em fase de regressão - Pendular ou Ptótico: pct em pé, as vísceras causam uma pressão na parte inferior do abdome, produzindo uma protusão nesse local / Comum em períodos de FLACIDEZ puerperal - Avental: quando em pé, a parede abdominal pende como um avental sobre as coxas do pct / encontrado em pcts com obesidade elevada, com acúmulo de TECIDO ADIPOSO - Escavado: parede abdominal retraída / comum em pessoas muito emagrecidas 2) Cicatriz Umbilical Geralmente apresenta forma plana ou levemente retraída / Caso haja uma protusão, pode ser indicativo ou de hérnia umbilical ou de acúmulo de líquido nessa região 3) Abaulamentos ou Retrações localizadas Em condições normais, é comum uma proeminência na região média e inferior / Abaulamentos ou retrações em regiões específicas do abdome o tornam assimétrico, indicando anormalidade / Principais causas de assimetria: hepatomegalia, esplenomegalia, útero gravídico, tumores / Para a identificação dessas anormalidades, é fundamental o entendimento da PROJEÇÃO NORMAL DAS VÍSCERAS Hérnias – umbilical, inguinal, epigástrica e incisionais 4) Veias Superficiais Geralmente, o padrão venoso da parede abdominal é POUCO PERCEPTÍVEL – quando estão perceptíveis, podem indicar circulação colateral Thaís Pires 9 Cabeça de Medusa –– SINUSOIDAL, i.e., no hepatócito - cirrose Veia Cava Inferior – PÓS SINUSOIDAL (sinusoide = leito venoso do fígado), i.e., na VEIA HEPÁTICA DIREITA OU ESQUERDA - trombose/compressão das veias hepáticas sem saber a origem = SÍNDROME DE BUDD-CHIARI Teleangectasia – hipogonadismo Obs: Insuficiência Hepática – distúrbio que lesiona o fígado – icterícia, cansaço, fraqueza, perda de apetite, ascite, sangramentos, hematomas 5) Cicatrizes da parede abdominal Existem cicatrizes características de cirurgias no abdome Flanco Direito: Colecistectomia Flanco Esquerdo: Colectomia Fossa Ilíaca Direita: Apendicectomia, herniorrafia Fossa Ilíaca Esquerda: Herniorrafia Hipogástrio: Histerrectomia Linha Média: Laparotomia Região Lombar: Nefrectomia Linha Vertebral: Laminectomia 6) Movimentação Abdominal Os movimentos abdominais possíveis de serem encontrados são: MOV. RESPIRATÓRIOS, PULSAÇÕES e MOV PERISTÁLTICOS VISÍVEIS i) Movimentos Respiratórios: possuem diferenças quanto ao sexo, sendo a respiração masculina predominantemente TORACOABDOMINAL, enquanto a feminina é TORÁCICA / Afecções abdominais podem abolir em processos de rigidez, justificando a importância da avaliação desse item no EFA ii) Pulsações: mais visíveis e palpáveis em abdomes de indivíduos magros, representando, geralmente, a pulsação da aorta abdominal / Afecções, como hipertrofia do VD, podem ocasionar pulsações na região epigástrica iii) Movimentos Peristálticos Visíveis/ Ondas Peristálticas: Importante diferenciar PERISTALTISMO NORMAL E ANORMAL, sendo o primeiro melhor visualizado em indivíduos magros, já o segundo é característico de obstruções intestinais. As ondas peristálticas podem ser AUMENTADAS com manobras provocativas! (1) SINAL DE KUSSMAUL = PATOLÓGICO - Movimentos Peristálticos Visíveis – pseudobstrução ou obstrução (2) Síndrome de Koening – pseudobstrução intestinal + movimentos peristálticos visíveis (3) Movimentos Peristálticos Exacerbados = PERISTALTISMO DE LUTA – em um estágio terminal, após o peristaltismo de luta, o intestino pode entrar em ÍLEO PARALÍTICO!!! iv) Diástase de reto abdominal ➔ Ausculta Abdominal Pulsação, Sopro e Ruídos Hidroaéreos Iniciar pelos RUÍDOS HIDROAÉREOS para não serem alterados por outros fatores! Thaís Pires 10 Procura-se por ruídos hidroaéreos de localização VARIÁVEL e de aparecimento IMPREVISÍVEL decorrentes da movimentação dos líquidos e gases do TGI – em caso de obstrução intestinal, eles podem tornar-se mais INTENSOS em função do aumento do peristaltismo, sendo denominados BORBORIGMOS → geralmente, são ouvidos até 8 RUÍDOS a cada 15 SEGUNDOS Na ausculta abdominal, além dos ruídos hidroaéreos, podem ser ouvidos os sopros sistólicos ou sistodiastólicos indicativos de estreitamento da luz de um vaso! Auscultar na AORTA ABDOMINAL e ARTÉRIAS RENAIS – aneurisma segmentar da aorta causa sopro, estenose das artérias renais causa sopro! Aorta – EPIGÁSTRIO abaixo do apêndice xifoide Artérias Renais – logo abaixo do local de ausculta da aorta A ausculta deve ser feita nos 4 quadrantes, em sentido horário, ouvindo-os por 8 segundos ➔ Percussão Abdominal Tem como objetivo a DELIMITAÇÃO HEPÁTICA, PESQUISA DE ASCITE e a AVALIAÇÃO DA SONORIDADE DO ABDOME (tipicamente timpânico) !!! Dentre os sons obtidos no abdome, tem-se: TIMPANISMO, HIPERTIMPANISMO, SUBMACICEZ, MACICEZ / O som TIMPÂNICO é resultado de ar dentro de um órgão oco, estando presente em quase todo o abdome, mas possuindo maior nitidez no ESPAÇO DE TRAUBE!! – as variações quanto ao timbre do som timpânico são decorrentes da quantidade de ar presente na víscera, sendo em casos patológicos, denominado HIPERTIMPANISMO / A menor quantidade de ar ou superposição de uma víscera maciça sobre uma alça intestinal origina o som SUBMACIÇO / A ausência de ar em uma víscera ou a presença de ascite origina um som MACIÇO 1) Delimitação do Fígado Tamanho fígado: No eixo LONGITUDINAL - 6-12 cm na linha hemiclavicular e 4-8 cm na linha medial É obtida pela percussão do hemitórax direito ao nível da linha hemiclavicular desde a clavícula até o 4º-5º EI, desviando para a lateral (fugir das cartilagens costais) → os sons obtidos são: claro pulmonar, inicialmente, e, ao nível do 5º ou 6º EI percebe-se SUBMACICEZ, delimitando a BORDA SUPERIOR DO FÍGADO / A continuação da percussão para dentro, baixo ou fora percebe-se som MACIÇO Patologicamente – timpânico em abcesso, sobreposição de alças e pneumoperitônio (Sinal de Jobert) → obs: caso a percussão cause DOR no fígado, pode indicar abcesso hepático = SINAL DE TORRES HOMEM 2) Pesquisa de Ascite Grande Volume – x > 1500 mL – aspecto globoso do abdome, aumento da resistência abdominal e cicatriz abdominal torna-se plana ou protusa – PERCUSSÃO POR PIPAROTE → o paciente em DECÚBITO DORSAL, ou ele ou um auxiliar coloca a borda cubital da mão sobre a LINHA MEDIANA do abdome, exercendo uma ligeira pressão – o examinador coloca-se do lado direito do pct e repousa a mão sobre o FLANCO OPOSTO, então golpeia-se com o indicador a FACE LATERAL DO HEMIABDOME DIREITO → caso haja líquido suficiente, a mão esquerda captará as ondas líquidas Médio Volume – Semicírculo de Skoda Pequeno Volume – x < 500 mL – mais difícil a localização e utiliza-se o pct EM PÉ para fazer o piparote – MACICEZ MÓVEL - inicialmente, percute-se o abdome em decúbito dorsal (macicez nos flancos e timpanismo na pare média) – já em decúbito lateral DIR, percute-se novamente e, em caso de ascite, encontra-setimpanismo no flanco esquerdo e macicez no direito, sendo o resultado oposto no decúbito lateral ESQ !!! 3) Avaliação da Sonoridade do Abdome Thaís Pires 11 Em decúbito DORSAL, diferencia-se os sons timpânico e maciço pela COMPARAÇÃO DE ÁREAS HOMÓLOGAS 4) Percussão do Baço Percutir o espaço de TRAUBE – Do 6º E.I. ao 10º E.I. – linha axilar média até a hemiclavicular → semilua 5) Percussão do Rim Punho-percussão – positividade é GIORDANO ➔ Palpação Abdominal Em decúbito DORSAL, utiliza-se a técnica da palpação com a mão espalmada – Tem como objetivo: AVALIAR O ESTADO DA PAREDE ABDOMINAL, DA SENSIBILIDADE ABDOMINAL E RECONHECER CONDIÇÕES ANATÔMICAS DAS VISCERAS – a palpação deve ser sistemática, seguido a ordem: SUPERFICIAL, PROFUNDA, FÍGADO, BAÇO Atenção: caso haja uma região dolorosa, deixa-la por ÚLTIMO!!! 1) Palpação Superficial Importante para ADAPTAR O PCT AO EXAME FÍSICO - Avaliação da SESNIBILIDADE, RESISTÊNCIA DA PAREDE, CONTINUIDADE, PULSAÇÕES E REFLEXO CUTÃNEO-ABDOMINAL i) Sensibilidade – palpar de leve o abdome ou roçar algum objeto pontiagudo na procura por PONTOS DOLOROSOS: gástrico (xifoidiano e epigástrico), cístico (sinal de Murphy), apendicular (Ponto de McBurney e Sinal de Blumberg), esplênico e ureterais ii) Resistência – a resistência é, geralmente, de um músculo contraído, sendo importante, em casos de contração, diferenciar a voluntária da involuntária! iii) Continuidade – Ao encontrar áreas de menor resistência, palpar com as polpas e, posteriormente, pedir por contrações para avaliar DIÁSTASE ou HÉRNIAS iv) Pulsações – podem ser visíveis ou palpáveis 2) Palpação Profunda Investiga-se órgãos, massas palpáveis ou tumorações – em caso de identificação de massas, avalia-se localização, forma e volume, sensibilidade, consistência e mobilidade Palpação do Fígado – inicialmente, em decúbito DORSAL, observa-se a inspiração e a expiração do pct, coloca- se a mão esquerda na loja renal direita e, NA INSPIRAÇÃO, comprime-se a região do flanco direito e hipocôndrio direito Mathieu – de costas para a cabeça do pct, mão em garra, embaixo do rebordo costal Lemos-Torres - levanta o dorso com a mão esquerda – palpa na ordem: CIMA-DENTRO-CIMA Pinça Bimanual Alterações Semiológicas – SINAL DE MURPHY – parada brusca da inspiração profunda no ponto cístico (encontro do rebordo costal – reto abdominal) Palpação do Baço – no QSE, o pct em DLD, manobra de Schuster, com a perna direita estendida e a esquerda fletida e o ombro esquerdo elevado Thaís Pires 12 Palpação do Rim – talvezzz borda inferior do direito Blumberg – dor a descompressão do ponto de McBurney (apendicite – rovsing, psoas, obturador e Blumberg) Hemorragia RETROPERITONEAL – sinal de cullen e grey-turner – pâncreas, rins
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