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Aula 15 Helicobacter pylori 1 🧫 Aula 15: Helicobacter pylori Bactéria gram-negativa flagelada e de morfologia helicoidal; habitante do estômago, está associada ao quadro de úlceras (gástricas ou intestinais) e é considerada um carcinógeno de classe 1 (adenocarcinoma gástrico, MALT* linfoma e linfoma não hodgkin); coloniza metade da população mundial e, normalmente, o desenvolvimento da doença se dá após uma colonização longeva seguida de uma inflamação crônica/de baixo grau - que cria as circunstâncias necessárias ao desenvolvimento da doença; transmissão fecal- oral ou oral-oral (mecanismo não plenamente definido) - estando relacionado, pois, ao baixo nível socioeconômico, à ausência de serviços sanitários, à habitações superpovoadas e à países subdesenvolvidos; a aquisição do MO geralmente ocorre ao longo da infância; o desenvolvimento da doença depende da virulência da cepa, da genética do hospedeiro e de condições ambientais *Mucosa Associated Lymphoid Tissue - Tecido linfóide associado à mucosa 💡 Adenocarcinoma é um tipo de câncer que se origina nos tecidos glandulares, formados por células com capacidades de secretar substâncias para o organismo. 💡 O linfoma não Hodgkin LNH é um tipo de câncer que tem origem nas células do sistema linfático e que se espalha de maneira não ordenada. Existem mais de 20 tipos diferentes de linfoma não-Hodgkin. Aula 15 Helicobacter pylori 2 💡 Há 3 tipos de glândulas que são encontradas no estômago: cárdicas, gástricas e pilóricas, nomeadas de acordo com a região em que são encontradas. Essas glândulas produzem as enzimas digestivas e as secreções mucosas do estômago. As glândulas gástricas do fundo / corpo têm o importante papel de produzir suco gástrico digestivo, enquanto que as glândulas cárdicas e pilóricas produzem predominantemente secreções mucosas que protegem o estômago dos efeitos severos do ácido digestivo e previnem a autodigestão do estômago. Os sintomas da infecção por H. pylori incluem indigestão e dor ou desconforto no abdômen superior. Frequentemente, os médicos fundamentam o diagnóstico com base nos resultados de um exame de ar exalado e um exame do estômago realizado com a utilização de um tubo flexível para visualização (endoscopia digestiva alta). O tratamento é com antibióticos e um inibidor da bomba de prótons. Como a bactéria combate a acidez estomacal e o peristaltismo gástrico? Quais são os danos decorrentes da colonização pela bactéria em questão? Aula 15 Helicobacter pylori 3 Como sabemos, a Helicobacter pylori coloniza metade da população mundial e, na majoritária parte dessas pessoas, os danos são mínimos - uma inflamação gástrica persistente, porém de baixo grau e que é comumente assintomática. Essa gastrite superficial pode durar a vida toda. Todavia, 10% dos indivíduos portadores podem desenvolver gastrite ou úlceras duodenais ou, então, um quadro de gastrite atrófica - quando a Helicobacter pylori leva à destruição da barreira protetora que reveste a mucosa do estômago , permitindo que o suco gástrico a agrida e ocasione a sua inflamação. Praticamente todas as pessoas com infecção pelo H. pylori apresentam inflamação gástrica (gastrite), que pode afetar todo o estômago ou apenas sua parte inferior (antro). Às vezes, a infecção pode causar gastrite erosiva e até mesmo uma úlcera no estômago (gástrica). A bactéria H. pylori contribui para a formação de úlceras ao elevar a produção de ácido (pelo aumento da produção de gastrina e pela diminuição de somatostatina - hormônio liberado pelo pâncreas em retroalimentação negativa, com o objetivo de reduzir a acidez estomacal), afetando as defesas normais do estômago contra o ácido gástrico e produzindo toxinas. A infecção por H. pylori de longo prazo aumenta o risco de a pessoa desenvolver câncer de estômago (uma vez que a gastrina inibe a apoptose). Detalhe os mais importantes FV da bactéria. Evidências recentes demonstram que cepas da H. pylori apresentam diversidade genotípica, cujos produtos acionam o processo inflamatório por meio de mediadores que, por sua vez, levam a diferentes graus de resposta inflamatória do hospedeiro e a diferentes destinos patológicos. Alguns genótipos mais virulentos já são bem descritos, como os genes vacA e cagA e as Ilhas de Patogenicidade. A ilha de patogenicidade (presente em cerca de 6090% das cepas mundiais de H. pylori) é um sistema de secreção que permite com que a bactéria injete moléculas efetoras próprias na célula hospedeira e module, assim, as vias do metabolismo desta. Nesse efeito de 'seringa', a bactéria pode estimular a expressão de proto-oncogenes (e aumentar, com isso, o risco para desenvolvimento de um câncer estomacal) ou potencializar os https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-digestivos/gastrite-e-%C3%BAlcera-p%C3%A9ptica/gastrite https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-digestivos/gastrite-e-%C3%BAlcera-p%C3%A9ptica/gastrite#v21357057_pt https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-digestivos/gastrite-e-%C3%BAlcera-p%C3%A9ptica/%C3%BAlcera-p%C3%A9ptica https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-digestivos/tumores-do-sistema-digestivo/c%C3%A2ncer-de-est%C3%B4mago Aula 15 Helicobacter pylori 4 danos da inflamação ao tecido (provocando úlceras pépticas, por exemplo). Ainda, a bactéria consta do gene cagA, que determina a produção da proteína cagA - um antígeno altamente imunogênico. Assim, ao ser introjetada na célula hospedeira, a cagA altera uma série de vias metabólicas normais e provoca, com isso, o rearranjo do citoesqueleto celular, alterações morfológicas importantes e a ruptura de junções celulares. Esses processos estimulam uma ampla resposta do sistema imune do organismo hospedeiro, levando ao agravo do caso. Por fim, a H. pylori consta com a VacA (vacuolating cytotoxin A - cujo gene está presente em todas as cepas da bactéria em questão), toxina capaz de induzir a vacuolização da célula e a interrupção de funções endossomais/lisossomais (o que afeta a apoptose e imunomodulação). Por essas razões, a VacA está fortemente associada aos processos oncogênicos.
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