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1 Júlia Morbeck – @med.morbeck Objetivos 1- Rever a morfofisiologia do estômago; 2- Discutir sobre a microbiologia da Helicobacter pylori; 3- Estudar sobre a epidemiologia, fatores de risco, etiologia, fisiopatologia, manifestações clínicas e diagnóstico da gastrite aguda e crônica; 4- Entender o tratamento da Helicobacter pylori. Estômago ↠ O estômago, que tem o formato da letra J, a parte mais larga do trato digestório, se estende do esôfago até o intestino delgado (duodeno). O estômago situa-se na parte superior esquerda da cavidade peritoneal, nas regiões do hipocôndrio esquerdo, epigástrico e umbilical do abdome (MARIEB, 7ª ed.). ↠ Ele se situa imediatamente inferior ao diafragma e anterior ao baço e ao pâncreas. Sua parte superior é encoberta pelo lado esquerdo do fígado (MARIEB, 7ª ed.). A função principal do estômago é transformar o bolo alimentar em uma massa viscosa (quimo) por meio da atividade muscular e química. A digestão química se deve a: continuação da digestão de carboidratos iniciada na boca; adição de um fluido ácido (HCl) ao alimento ingerido; digestão parcial de proteínas (ação da pepsina); digestão parcial de triglicerídios (lipases gástrica e lingual). O estômago também produz fator intrínseco e hormônios (JUNQUEIRA & CARNEIRO). Uma das funções do estômago é servir como uma câmara de mistura e reservatório de retenção (TORTORA, 14ª ed.). O alimento permanece no estômago por aproximadamente 4 horas (MARIEB, 7ª ed.). ANATOMIA O estômago tem quatro regiões principais: a cárdia, o fundo gástrico, o corpo gástrico e a parte pilórica (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A cárdia circunda a abertura do esôfago ao estômago. A porção arredondada superior e à esquerda da cárdia é o fundo gástrico (TORTORA, 14a ed.). ↠ Inferior ao fundo gástrico está a grande parte central do estômago, o corpo gástrico (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A parte pilórica pode ser dividida em três regiões. A primeira região, o antro pilórico, liga o corpo ao estômago. A segunda região, o canal pilórico, leva à terceira região, o piloro, que por sua vez se conecta ao duodeno (TORTORA, 14ª ed.). O piloro se comunica com o duodeno do intestino delgado por meio de um esfíncter de músculo liso chamado músculo esfíncter do piloro (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A margem medial côncava do estômago é chamada curvatura menor; a margem lateral convexa é chamada curvatura maior (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Outras características do estômago incluem: (GRAY) • A curvatura maior, que é o ponto de fixação do ligamento gastresplênico e do omento maior; • A curvatura menor, que é o ponto de fixação do omento menor; • A incisura cárdica, que é o ângulo superior criado quando o esôfago entra no estômago; • A incisura angular, que é uma curva na pequena curvatura. A estrutura do estômago contribui para a sua grande capacidade de distensão - ele abriga facilmente 1,5 litro de alimento e possui uma capacidade máxima de 4 litros, aproximadamente (MARIEB, 7ª ed.). APG 02 – “É INFECÇÃO OU PREOCUPAÇÃO?” 2 Júlia Morbeck – @med.morbeck IRRIGAÇÃO ↠ A irrigação do estômago inclui: (GRAY) • A artéria gástrica esquerda do tronco celíaco; • A artéria gástrica direita, frequentemente originada na artéria hepática comum; • A artéria gastromental direita da artéria gastroduodenal; • A artéria gastromental esquerda da artéria esplênica; • A artéria gástrica posterior da artéria esplênica (uma variante nem sempre presente). HISTOLOGIA Quando o estômago está vazio, a túnica mucosa forma grandes rugas, as pregas gástricas, que podem ser vistas a olho nu (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A parede do estômago é composta pelas mesmas camadas básicas que o restante do canal alimentar, com certas modificações (TORTORA, 14ª ed.). MUCOSA ↠ A superfície da túnica mucosa é uma camada de células epiteliais colunares simples, chamada células mucosas da superfície (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A túnica mucosa contém a lâmina própria (tecido conjuntivo areolar) e a lâmina muscular da mucosa (músculo liso). As células epiteliais se estendem até a lâmina própria, onde formam colunas de células secretoras chamadas glândulas gástricas (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Várias glândulas gástricas se abrem na base de canais estreitos chamadas criptas gástricas. Secreções de várias glândulas gástricas fluem para cada cripta gástrica e, em seguida, para dentro do lúmen do estômago (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A superfície da mucosa estomacal é pontilhada por milhões de fossetas gástricas em forma de taça, que se abrem nas glândulas tubulares gástricas. As células mucosas superficiais revestem invariavelmente as fossetas, mas as células que revestem as glândulas gástricas variam entre as diferentes regiões do estômago (MARIEB, 7ª ed.). Nas partes pilórica e cárdica, as células das glândulas são principalmente células mucosas. No fundo e no corpo, por outro lado, as glândulas gástricas contêm três tipos de células secretórias: células mucosas do colo, células parietais (oxínticas) e células principais (zimogênicas) (MARIEB, 7ª ed.). 3 Júlia Morbeck – @med.morbeck ↠ As secreções das células mucosa, parietal e principal gástrica formam o suco gástrico, que totaliza 2.000 a 3.000 m l /dia (TORTORA, 14ª ed.). • Células mucosa do colo: Ocorrem nas extremidades superiores, ou colos, das glândulas gástricas e secretam um tipo diferente de muco em relação ao que é secretado pelas células de superfície (MARIEB, 7ª ed.). • Células parietais: Ocorrem principalmente nas regiões intermediárias das glândulas, produzem o ácido clorídrico (HCl) estomacal bombeando íons de hidrogênio e cloro na luz da glândula. As células oxínticas também secretam fator intrínseco, uma proteína necessária para a absorção da vitamina B12 pelo intestino delgado (MARIEB, 7ª ed.). • Células principais: Ocorrem principalmente nas partes basais das glândulas. As células zimogênicas produzem e secretam a proteína enzimática pepsinogênio, que é ativada em pepsina quando encontra ácido na região apical da glândula. As células zigomogênicas também secretam lipase gástrica, que funciona na digestão de gordura (MARIEB, 7ª ed.). Pelo menos dois outros tipos de célula epitelial ocorrem nas glândulas gástricas, mas também se estendem para além dessas glândulas: • Células enteroendócrinas (“endócrinas do intestino”): são células secretoras de hormônio dispersas por todo o epitélio de revestimento e pelas glândulas do tubo digestório. Essas células liberam seus hormônios nos capilares da lâmina própria subjacente. Um desses hormônios, a gastrina, sinaliza as células oxínticas para secretarem HCl quando o alimento entra no estômago. A maioria das células enteroendócrinas que produzem gastrina estão na região pilórica do estômago (MARIEB, 7ª ed.). Existem diversos tipos de células enteroendócrinas. As células ECL (semelhantes à enterocromafina) produzem histamina, que estimula a secreção de ácido pelas células parietais. As células contendo gastrina (células G) secretam gastrina, e as células contendo somatostatina (células D) secretam somatostatina, que inibe a secreção de gastrina e insulina (SEELY, 10ª ed.). Células -tronco não diferenciadas: elas se situam por todo o estômago, na junção das glândulas gástricas e das fossetas gástricas. Essas células se dividem permanentemente, substituindo o epitélio de revestimento inteiro de células secretoras de muco a cada 3 -7 dias. Essa substituição rápida é vital, pois essas células conseguem sobreviver por apenas alguns dias no ambiente hostil do estômago (MARIEB, 7ª ed.). SUBMUCOSA ↠ A tela submucosa do estômago é composta por tecido conjuntivo areolar (TORTORA, 14ª ed.). MUSCULAR ↠ A túnica muscular tem três camadas de músculo liso (em vez das duas encontradas no esôfago e nos intestinosdelgado e grosso): (TORTORA, 14ª ed.). • uma camada longitudinal externa; • uma camada circular média; • fibras oblíquas internas. As fibras oblíquas estão limitadas principalmente ao corpo gástrico. SEROSA ↠ É composta por epitélio escamoso simples (mesotélio) e tecido conjuntivo areolar; a porção da túnica serosa que recobre o estômago é parte do peritônio visceral (TORTORA, 14ª ed.). FISIOLOGIA ↠ O estômago possui funções motoras e secretoras: FUNÇÕES MOTORAS • Enchimento gástrico: Conforme o alimento entra no estômago, as rugas achatam-se e o volume do estômago aumenta até 20 vezes. Essa expansão permite que estômago acomode grandes quantidades de alimento com pequeno aumento da sua pressão interna, até que o estômago atinja sua capacidade máxima (SEELY, 10ª ed.). • Mistura do conteúdo gástrico: O alimento ingerido é minuciosamente misturado com as secreções das glândulas gástricas para formar o quimo. Alguns minutos depois de o alimento entrar no estômago, ondas de peristaltismo passam pelo estômago a cada 15 a 25 s. Poucas ondas peristálticas são observadas na região do fundo gástrico, que tem principalmente uma função de armazenamento (TORTORA, 14ª ed.). Cada onda peristáltica move o conteúdo gástrico do corpo gástrico para baixo para dentro do antro pilórico, em um processo conhecido como propulsão. O óstio pilórico normalmente permanece quase, mas não completamente, fechado. Como a maior parte das partículas de alimento no estômago inicialmente são demasiadamente grandes para passar através do estreito óstio pilórico, elas são forçadas para trás para o corpo gástrico, em um processo conhecido como retropulsão (TORTORA, 14ª ed.). 4 Júlia Morbeck – @med.morbeck Ocorre então outra rodada de propulsão, movendo as partículas de alimentos de volta para o antro pilórico. Se as partículas de alimento continuam sendo demasiadamente grandes para passar através do óstio pilórico, a retropulsão ocorre novamente e as partículas são comprimidas de volta para o corpo gástrico. Em seguida, ocorre ainda outra rodada adicional de propulsão, e o ciclo continua se repetindo (TORTORA, 14ª ed.). O resultado líquido destes movimentos é que o conteúdo gástrico é misturado ao suco gástrico, por fim sendo reduzido a um líquido com consistência de sopa chamado quimo. Uma vez que as partículas de alimento no quimo são suficientemente pequenas, elas podem passar através do óstio pilórico, em um fenômeno conhecido como esvaziamento gástrico (TORTORA, 14ª ed.). • Esvaziamento gástrico: O tempo que o alimento permanece no estômago depende de diversos fatores, incluindo o tipo e o volume de alimento (SEELY, 10ª ed.). O esvaziamento gástrico é um processo lento: apenas aproximadamente 3 ml de quimo se movem através do óstio pilórico de cada vez (TORTORA, 14ª ed.). Se o estômago esvaziar muito rapidamente, a eficiência da digestão e da absorção fica reduzida, e o conteúdo ácido gástrico que entra no duodeno pode danificar o seu revestimento. Entretanto, se a taxa de esvaziamento é muito baixa, o conteúdo altamente ácido pode danificar a parede do estômago e reduzir a taxa em que os nutrientes são ingeridos e absorvidos (SEELY, 10ª ed.). SECREÇÕES GÁSTRICAS ↠ As células mucosas da superfície e as células mucosas do colo secretam um muco alcalino e viscoso que cobre a superfície das células epiteliais, formando uma camada de 1 a 1,5 mm de espessura. Essa espessa camada de muco lubrifica e protege as células epiteliais da parede do estômago contra o efeito danoso do quimo ácido e da pepsina. A irritação da mucosa do estômago estimula a secreção de um grande volume de muco (SEELY, 10ª ed.). ↠ A digestão enzimática das proteínas também começa no estômago. A única enzima proteolítica (que digere proteína) no estômago é a pepsina, que é secretada pelas células principais gástricas. A pepsina rompe certas ligações peptídicas entre os aminoácidos, fragmentando uma cadeia proteica de muitos aminoácidos em fragmentos peptídicos menores. A pepsina é mais efetiva no ambiente ácido do estômago (pH 2); torna-se inativa em um pH mais alto (TORTORA, 14ª ed.). ↠ As células parietais nas glândulas gástricas da região pilórica secretam fator intrínseco e uma solução concentrada de ácido clorídrico (SEELY, 10ª ed.). SECREÇÃO DE HCL Uma de suas principais funções é matar as bactérias que são ingeridas com quase tudo que colocamos em nossas bocas. Entretanto, algumas bactérias patogênicas podem evitar essa digestão pelo ácido estomacal, pois possuem um revestimento que permite que resistam aos ácidos estomacais (SEELY, 10ª ed.). ↠ Os íons hidrogênio são derivados do dióxido de carbono e da água, que entram na célula parietal pela sua superfície serosa, o lado oposto ao lúmen da fovéola gástrica. Uma vez no interior da célula, a anidrase carbônica catalisa a reação entre o dióxido de carbono e a água para formar ácido carbônico (SEELY, 10ª ed.). ↠ Algumas moléculas de ácido carbônico dissociam-se para formar H+ e HCO3- (íon bicarbonato). Os íons hidrogênio são, então, ativamente transportados pela superfície mucosa da célula parietal para o lúmen do estômago por uma bomba de troca H+-K+, muitas vezes chamada de bomba de prótons (SEELY, 10ª ed.). ↠ A bomba move o H+ por transporte ativo contra um abrupto gradiente de concentração, e o Cl- difunde-se 5 Júlia Morbeck – @med.morbeck das células por meio de canais iônicos na membrana plasmática. A difusão do Cl- para a glândula gástrica equilibra o H+ positivamente carregado, reduzindo a quantidade de energia necessária para transportar o H+ tanto contra o gradiente de concentração quanto contra o gradiente elétrico (SEELY, 10ª ed.). O resultado líquido é a secreção de HCl pela célula (SILVERTHON, 7ª ed.). ↠ Os íons bicarbonato movem-se no sentido absortivo, das células parietais para o líquido extracelular. Durante esse processo, o HCO3- é trocado por Cl- por um antiporte, que está localizado na membrana plasmática, e o Cl- subsequentemente se move para o interior da célula. Isso resulta em pH sanguíneo elevado nas veias que transportam o sangue do estômago, a chamada maré alcalina (SEELY, 10ª ed.). A secreção de HCl pelas células parietais pode ser estimulada por várias fontes: a acetilcolina (ACh) liberada pelos neurônios parassimpáticos, a gastrina secretada pelas células secretoras de gastrina e a histamina, que é uma substância parácrina liberada pelos mastócitos na lâmina própria das proximidades (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A acetilcolina e a gastrina estimulam as células parietais a secretar mais HCl na presença de histamina. Em outras palavras, a histamina atua sinergicamente, melhorando os efeitos da acetilcolina e da gastrina. Os receptores das três substâncias estão presentes na membrana plasmática das células parietais (TORTORA, 14ª ed.). Aproximadamente 2 a 3 L de secreções gástricas são produzidos diariamente (SEELY, 10ª ed.). Helicobacter pylori ↠ O Helicobacter pylori é uma bactéria Gram negativa, microaerófila e espiralada, em forma de S ou em bastonete curvo, que mede cerca de 3 a 5 μ de comprimento por 0,5 μ de largura, tem parede celular externa lisa e possui de quatro a seis flagelos unipolares embainhados e com bulbo terminal (SIQUEIRA, 2007). ↠ Possui um genoma circular constituído de 1.667.867 pares de bases de DNA. A análise de suas 1590 sequências indica que o microrganismo possui sistemas bem desenvolvidos pela motilidade, homeostase do ferro e para restrição e modificação do DNA, revelando uma diversidade significativa em muitas sequências gênicas, incluindo as que codificam a urease, o flagelo, a proteína vacuolizante (vac A) e a citotoxina associada ao gene A (cag A), os quais são considerados importantes fatores de virulência (GUIMARÃES et. al., 2008).TRANSMISSÃO: Várias pesquisas sobre o modo de transmissão de H. pylori estão sendo desenvolvidas, e 6 Júlia Morbeck – @med.morbeck pode-se dizer que esta é uma das áreas mais estudadas, discutidas e controvertidas. As vias de infecção mais aceitas atualmente incluem a fecal-oral e a oral-oral (SIQUEIRA, 2007). EPIDEMIOLOGIA: Observa-se que a infeção é significativamente menos prevalente nos países industrializados, em todas as faixas etárias. Nos países em desenvolvimento, 80% dos indivíduos podem estar infetados aos 20 anos de idade, enquanto a prevalência é de 20% a 50% nos países industrializados. A taxa de infeção pela HP nos países industrializados diminuiu substancialmente nas últimas décadas. Este fenómeno é mais notório nos países industrializados e pode ser explicado pela melhoria das condições e práticas de higiene (SOUSA, 2013). A mortalidade associada à infeção pela HP não é conhecida ao certo mas parece ser mínima, aproximadamente 2,4% de toda a população infetada e deve-se às complicações associadas à infeção, tais como a perfuração da úlcera gástrica, linfoma de MALT e cancro gástrico (SOUSA, 2013). FATORES DE VIRULÊNCIA ↠ As variações genômicas das cepas podem ser responsáveis pela codificação de diferentes fatores de virulência, capazes de determinar diversos tipos de lesão no hospedeiro (LADEIRA et. al., 2003). ADERÊNCIA ↠ O H. pylori tem um tropismo pela mucosa gástrica, aderindo à célula epitelial e, às vezes, penetrando entre elas. A adesão parece atuar na patogênese através da lesão direta da célula, facilitando para que os produtos tóxicos produzidos pela bactéria sejam liberados nas proximidades da célula epitelial e atuando na estimulação da produção de citocinas pela célula epitelial (SIQUEIRA, 2007). ↠ A bactéria, na fase precoce de colonização, necessita atravessar a camada de muco que protege o epitélio gástrico. Tal camada é formada por um gel viscoelástico que confere proteção química e mecânica ao revestimento epitelial, inclusive contra bactérias. No entanto lipases e proteases sintetizadas pelo H. pylori degradam a camada de muco, facilitando a progressão da bactéria. Além disso, o H. pylori move-se facilmente devido à morfologia em espiral e aos flagelos e, assim, atravessa a camada de muco, estabelecendo íntimo contato com as células epiteliais de revestimento. Outras enzimas, sintetizadas pela bactéria, tais como superóxido dismutase, catalase e arginase, conferem proteção contra a atividade lítica de macrófagos e neutrófilos, impedindo uma resposta eficaz do hospedeiro (LADEIRA et. al., 2003). UREASE ↠ Com alta atividade urease. Ela coloniza preferencialmente o antro gástrico (nicho ecológico). Em razão da atividade da urease, ela desdobra a ureia em CO2 + H2O criando um ambiente que a protege contra a agressão ácido-péptica, garantindo sua sobrevivência (QUILICI et. al., 2019). ↠ A bactéria tem uma potente atividade ureásica que participa da colonização gástrica, permitindo sua sobrevivência em um meio ácido. A urease hidrolisa a uréia, presente no estômago, em amônia e CO2. A amônia tem atividade citotóxica, aumentando a permeabilidade da célula epitelial para prótons (SIQUEIRA, 2007). ↠ A enzima urease, que é uma proteína de alto peso molecular (500 a 600KDa), atua promovendo a hidrólise da uréia, presente em condições fisiológicas no suco gástrico, levando à produção de amônia. Esta atua como receptor de íons H+, gerando pH neutro no interior da bactéria, o que confere ao H. pylori resistência à acidez gástrica. Desta maneira, a bactéria fica protegida dos efeitos deletérios do pH ácido do estômago. A urease compreende 6% do total de proteínas sintetizadas pela bactéria, o que representa grande investimento energético motivado pela sua ação essencial como fator de colonização (LADEIRA et. al., 2003). FONTE: SOUSA, 2013 7 Júlia Morbeck – @med.morbeck Enzimas degradativas ↠ A produção de proteases A e fosfolipases leva à degradação das membranas das células epiteliais e do complexo lipídico-glicoprotéico da camada de muco, aumentando a solubilidade do mesmo, acarretando danos à mucosa gástrica (GUIMARÃES et. al., 2008). FATORES DO HOSPEDEIRO ↠ A resposta imune adequada consiste em eliminar o agente agressor sem comprometer a integridade e a função do órgão envolvido. Durante a infecção pelo H. pylori há predomínio de células Th1, enquanto as Th2 estão praticamente ausentes. Isto resulta em resposta imune inadequada, que não consegue eliminar o microrganismo (LADEIRA et. al., 2003). ↠ Além disso, células Th1 induzem a produção de anticorpos e citocinas, que contribuem para o aumento do processo inflamatório, com consequentes danos às células do hospedeiro (LADEIRA et. al., 2003). O H. pylori produz citocinas inflamatórias responsáveis pela gastrite ativa, que pode evoluir para gastrite atrófica (GA), metaplasia intestinal (MI) e displasia (cascata de Pelayo Correa). GA e MI são consideradas lesões pré-cancerosas. Nos indivíduos com gastrite não atrófica predominante antral observa-se diminuição da somatostatina e aumento da gastrina, o que resulta em produção ácida aumentada e maior risco de úlcera duodenal. A bactéria migrando para o corpo provoca inflamação com consequente pangastrite, que, evoluindo para atrofia, resulta no comprometimento da secreção ácida (hipocloridria). Indivíduos com esse fenótipo correm maior risco de apresentar úlcera gástrica, lesões pré-cancerosas avançadas e câncer gástrico (QUILICI et. al., 2019). O Helicobacter pylori (H. pylori) coloniza a mucosa gástrica dos seres humanos, desencadeando um processo infamatório agudo (gastrite aguda) e, posteriormente, inflamação crônica, caracterizada como gastrite crônica (ZATERKA; EISIG., 2016). O H. pylori também é considerado uma bactéria carcinogênica. O câncer gástrico se desenvolve em cerca de 3% das pessoas infectadas por essa bactéria (TORTORA et. al., 2017). Gastrite ↠ Gastrite é definida como inflamação do revestimento do estômago associada à lesão da mucosa gástrica. O estudo da gastrite é difícil porque, mesmo com alterações acentuadas da mucosa, ela é, na maioria das vezes, assintomática e sem aspectos radiológicos, gastroscópicos ou sorológicos específicos (ZATERKA; EISIG., 2016). ↠ O Sistema Sydney Atualizado reconhece três modelos morfológicos: gastrite aguda, gastrite crônica e formas especiais (ZATERKA; EISIG., 2016). GASTRITE AGUDA A gastrite é um processo inflamatório da mucosa. Quando há a presença de neutrófilos, a lesão é conhecida como gastrite aguda. Quando células inflamatórias são raras ou estão ausentes, o termo gastropatia é aplicado; ele inclui um conjunto diverso de distúrbios, marcado por lesão ou disfunção gástrica. Agentes que causam a gastropatia incluem AINEs, álcool, bile e lesões por estresse (ROBBINS & COTRAN). Em virtude da falta de correlação entre sintomas característicos e a inflamação microscópica, muitas vezes, seu diagnóstico é efetuado durante procedimento endoscópico realizado em busca de outras patologias. A queixa mais comum é o desconforto na região epigástrica, embora sejam relatados sintomas como náusea, vômito, perda de apetite e, em condições com maior gravidade, sangramentos ou dor abdominal aguda, decorrente da necrose das paredes gástricas ou gastrites flegmonosas (QUILICI et. al., 2019). ETIOLOGIA E FATORES DE RISCO ↠ Gastrites agudas podem ser causadas por inúmeros agressores, como medicamentos (principalmente anti- inflamatórios e ácido acetilsalicílico), álcool, infecções (bacterianas, virais, fúngicas), hipoperfusão gástrica (choque hipovolêmico), radiação ou traumas mecânicos (QUILICI et. al., 2019). MECANISMOS DE LESÃO E PROTEÇÃO GÁSTRICA A luz gástrica possui um pH próximo de 1, mais do que um milhão de vezes mais ácido do queo sangue. Esse ambiente hostil contribui para a digestão, mas também tem o potencial de danificar a mucosa gástrica (ROBINS & COTRAN). Múltiplos mecanismos têm evoluído para proteger a mucosa gástrica. A mucina, secretada pelas células foveolares da superfície, forma uma camada fina de muco e fosfolipídios que evita que partículas grandes de alimento toquem diretamente o epitélio. A camada de muco também promove a formação de uma camada “inerte” de fluido sobre o epitélio que protege a mucosa e tem pH neutro, como resultado da secreção do íon bicarbonato pelas células epiteliais da superfície (ROBINS & COTRAN). Sob o muco, uma camada contínua de células epiteliais gástricas forma uma barreira física que limita a retrodifusão de ácido e o vazamento de outros materiais luminais, incluindo a pepsina, na lâmina própria. A substituição completa das células foveolares da superfície, a cada 3 a 7 dias, é essencial para a manutenção da camada epitelial e para a 8 Júlia Morbeck – @med.morbeck secreção do muco e bicarbonato dessas células. Nas áreas do estômago em que há secreção de ácido, uma “onda alcalina” capilar é gerada conforme as células parietais secretam o ácido clorídrico na luz gástrica e bicarbonato nos vasos sanguíneos. Além de fornecer bicarbonato, o rico suprimento vascular da mucosa libera oxigênio e nutrientes enquanto remove o ácido que foi retrodifundido na lâmina própria (ROBINS & COTRAN). A gastropatia, gastrite aguda e gastrite crônica podem ocorrer como consequência da perda de um desses mecanismos protetores: (ROBINS & COTRAN). • Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) inibem a síntese de prostaglandinas E2 e I2 dependente da ciclo-oxigenase (COX), as quais estimulam quase todos os mecanismos de defesa relatados, incluindo o muco, o bicarbonato e a secreção de fosfolipídios, fluxo sanguíneo da mucosa e restituição epitelial, enquanto reduz a secreção de ácido. Apesar de a COX-1 ter um papel mais importante do que a COX-2, ambas as isoenzimas contribuem para a proteção da mucosa. Portanto, enquanto o risco de lesão gástrica induzida por AINE é maior com inibidores não seletivos, como por exemplo a aspirina, ibuprofeno e naproxeno, a inibição de COX-2 seletiva, como no caso do celecoxibe, também pode resultar em gastropatia ou gastrite. • A lesão gástrica que ocorre nos pacientes urêmicos e naqueles infectados com H. pylori secretor de urease pode ser decorrente da inibição dos transportadores gástricos de bicarbonato pelos íons amônio. • A redução da secreção de mucina e de bicarbonato tem sido sugerida como um fator que explica o aumento da suscetibilidade de adultos mais velhos em relação à gastrite. • A queda na liberação de oxigênio pode concorrer para uma incidência aumentada de gastrite aguda em altas atitudes. • A ingestão de químicos agressivos, particularmente ácidos ou bases, tanto acidentalmente quanto por uma tentativa de suicídio, também resulta em lesão gástrica grave, predominantemente como resultado da lesão direta da mucosa epitelial e das células estromais. Danos celulares diretos também contribuem para a gastrite induzida pelo consumo excessivo de álcool, AINEs, terapia radioativa e quimioterapia. Agentes que inibem a síntese de DNA ou o aparelho mitótico, incluindo os utilizados na quimioterapia, podem causar danos generalizados na mucosa devido à renovação epitelial insuficiente. IMPORTANTE: Em geral, a gastrite aguda é um distúrbio autolimitado, com recuperação e cicatrização completas dentro de alguns dias depois da eliminação da condição ou do agente desencadeante (PORTH, 10ª ed.). CLASSIFICAÇÃO ↠ Embora raramente observadas em biopsias gástricas de rotina, as gastrites agudas são classificadas em três grupos: gastrite aguda por Helicobacter pylori (H. pylori), gastrite supurativa ou flegmonosa aguda e gastrite aguda hemorrágica ou gastrite erosiva aguda (DANI; PASSOS, 2011). As gastrites agudas frequentemente são subdivididas como erosivas, com variantes superficiais a hemorrágicas, e não erosivas, principalmente nas ocasionadas por agentes infecciosos (QUILICI et. al., 2019). GASTRITE AGUDA POR H. PYLORI Adquirido por via oral, o microrganismo penetra na camada de muco e se multiplica em contato íntimo com as células epiteliais do estômago. O epitélio responde com depleção de mucina, esfoliação celular e alterações regenerativas sinciciais. As bactérias aí assestadas liberam diferentes agentes quimiotáticos que penetram através do epitélio lesado e induzem a migração de polimorfonucleares para a lâmina própria e epitélio (DANI; PASSOS, 2011). Os produtos bacterianos também ativam os mastócitos e, através de sua degranulação, há liberação de outros ativadores inflamatórios que aumentam a permeabilidade vascular, a expressão de moléculas de adesão de leucócitos nas células endoteliais e também contribuem para uma maior migração de leucócitos (DANI; PASSOS, 2011). O H. pylori estimula o epitélio gástrico a produzir uma potente citocina, a interleucina-8, cuja produção é potencializada pelo fator de necrose tumoral e pela interleucina-1 liberados pelos macrófagos em resposta à lipopolissacáride bacteriana. Nos poucos casos de infecção aguda estudados, parece haver igual envolvimento do antro e corpo gástricos. Nesta fase, ocorre pronunciada hipocloridria e ausência de secreção de ácido ascórbico para o suco gástrico. A secreção ácida retorna ao normal após várias semanas, e a secreção de ácido ascórbico para o suco gástrico persiste reduzida enquanto durar a gastrite crônica (DANI; PASSOS, 2011). ↠ Esta fase aguda é de curta duração. Com exceção de algumas crianças que eliminam espontaneamente a bactéria, a resposta imune é incapaz de eliminar a infecção e, após 3 a 4 semanas, ocorre um gradual aumento de células inflamatórias crônicas. Como consequência, a gastrite neutrofílica aguda dá lugar a uma gastrite ativa crônica (DANI; PASSOS, 2011). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ↠ Embora a primoinfecção por H. pylori passe despercebida pela maioria dos pacientes, às vezes, após um período de incubação variável de 3 a 7 dias, alguns indivíduos desenvolvem um quadro clínico caracterizado por dor ou mal estar epigástrico, pirose, náuseas, vômitos, flatulência, sialorreia, halitose, cefaleia e astenia (DANI; PASSOS, 2011). ↠ Os sintomas tendem a permanecer por 1 a 2 semanas. As anormalidades macroscópicas são extremamente variáveis à endoscopia, desde pequeno enantema até erosões, úlceras ou, mesmo, lesões pseudotumorais (DANI; PASSOS, 2011). ↠ Na maioria dos pacientes, as alterações concentram- se fundamentalmente no antro, podendo, às vezes, 9 Júlia Morbeck – @med.morbeck comprometer também o corpo gástrico. Embora o quadro clínico seja autolimitado, evoluindo sem sintomas, ou com sintomas persistindo por até 2 semanas, na quase totalidade dos casos a infecção, se não tratada, permanece indefinidamente e se acompanha sempre de quadro histológico de gastrite crônica (DANI; PASSOS, 2011). DIAGNÓSTICO ↠ O diagnóstico laboratorial da infecção aguda pode ser feito através de histologia, testes respiratórios com carbono 13 ou 14, cultura e teste da urease (DANI; PASSOS, 2011). ↠ A sorologia também pode ser usada, embora, em pacientes recentemente infectados, possam ocorrer resultados falso-negativos (DANI; PASSOS, 2011). TESTES SOROLÓGICOS A pesquisa de anticorpos anti-H. pylori no soro pode ser realizada por vários métodos, mas a técnica de ELISA é a preferida, graças à sua simplicidade e baixo custo. A detecção desses anticorpos não significa a presença de uma infecção ativa por H. pylori. Após a erradicação da bactéria, os indivíduos podem manter os anticorpos anti--H. pylori durante vários anos, mesmo não estando infectados (ZATERKA; EISIG., 2016). Editorial publicado no British Medical Journal,recomenda que o teste sorológico deve ser substituído pelo teste respiratório quando se pretende tomar a decisão de erradicar ou não a bactéria. Os autores desse editorial alertam que o teste sorológico apresenta pelo menos quatro vezes mais resultados falso-positivos do que os testes respiratórios ou de antígeno fecal (ZATERKA; EISIG., 2016). TESTES RESPIRATÓRIOS O teste respiratório com ureia contendo carbono marcado (14C, fracamente radioativo ou 13C, isótopo estável não radioativo) é considerado “padrão-ouro” para diagnóstico e, especialmente, para o controle da erradicação do H. pylori. (ZATERKA; EISIG., 2016) . A enzima urease, produzida em grande quantidade pelo H. pylori, é responsável pelo desdobramento da ureia marcada com 13C ou 14C, liberando CO2, que é rapidamente absorvido pela mucosa gástrica e exalado pelos pulmões. O CO2 marcado é detectado no ar expirado por espectrômetro de massa ou por equipamentos de menor custo, como os analisadores por infravermelho (ZATERKA; EISIG., 2016). Requer pessoal treinado para colher adequadamente pelo menos duas amostras do ar expirado: uma antes da ingestão de ureia, e outra, 20 minutos depois (ZATERKA; EISIG., 2016). O teste respiratório com 14C, por ser radioativo, não deve ser utilizado em crianças e mulheres grávidas. Na rotina clínica, o teste com ureia 13C é o preferido, porque não tem contraindicação, sendo realizado em adultos e crianças acima de 6 anos (ZATERKA; EISIG., 2016). Os inibidores de acidez do estômago e os antimicrobianos podem ocasionar resultados falso-negativos, devendo ser suspensos, no mínimo, 2 e 4 semanas, respectivamente, antes da realização do teste (III Consenso Brasileiro do H. pylori) (ZATERKA; EISIG., 2016). EXAMES HISTOLÓGICOS O exame histológico permite a identificação da bactéria e, também, avaliar o tipo e a intensidade da inflamação da mucosa gástrica, a presença ou não de atrofia, metaplasia ou displasia (ZATERKA; EISIG., 2016). A coloração mais utilizada é a hematoxilina-eosina (HE), que é um método simples e rotineiro nos laboratórios de patologia. Como a sensibilidade desse método para identificar o H. pylori não é adequada, nos casos duvidosos deve-se empregar a coloração de Giemsa ou de carbol-fucsina .12 (ZATERKA; EISIG., 2016). O III Consenso Brasileiro do H. pylori recomenda, no mínimo, uma amostra do antro e uma do corpo gástrico para realização do teste da urease e/ou exame histológico (ZATERKA; EISIG., 2016). TESTE DA UREASE Haja vista a facilidade, rapidez, baixo custo e eficiência, o teste da urease pode ser considerado o recurso mais importante dos endoscopistas para o diagnóstico da presença do H. pylori, na prática diária. O fragmento da mucosa gástrica é colocado em frasco contendo ureia e vermelho fenol como indicador de pH. Graças à grande produção da enzima urease pelo H. pylori, a ureia é desdobrada em CO2 e amônia, aumentando o pH e mudando a cor da solução, de amarela para avermelhada (ZATERKA; EISIG., 2016). O teste é considerado positivo quando a mudança de cor aparece em até 24 horas (ZATERKA; EISIG., 2016). O III Consenso Brasileiro sobre H. pylori recomendou que os fragmentos para o teste da urease (antro e corpo) devem ser colocados no mesmo frasco (ZATERKA; EISIG., 2016). 10 Júlia Morbeck – @med.morbeck Outros microrganismos produtores da urease, como Helicobacter heilmannii, podem apresentar teste da urease positivo. A contaminação da biópsia com saliva poderia também ocasionar resultado falso-positivo, porque bactérias da "ora bucal podem produzir urease (ZATERKA; EISIG., 2016). CULTURA Permite a correta identificação da bactéria. É caro, demorado e necessita de condições especiais para a sua realização. Os fragmentos de biópsia devem ser inoculados imediatamente em meio apropriado e mantidos até o máximo de 5 horas a 4°C. As amostras são homogeneizadas e semeadas em placas contendo meio de cultura (ZATERKA; EISIG., 2016). GASTRITE SUPURATIVA OU FLEGMONOSA AGUDA ↠ É uma entidade rara, às vezes também presente em pacientes pediátricos, que se caracteriza por infecção bacteriana da muscularis mucosa e submucosa do estômago, com infiltração de células plasmáticas, linfócitos e polimorfonucleares (DANI; PASSOS, 2011). ↠ Na maioria dos casos descritos, a inflamação não ultrapassa a cárdia e o piloro, sendo a mucosa gástrica relativamente pouco acometida (DANI; PASSOS, 2011). O quadro costuma se instalar como complicação de doença sistêmica ou septicemia, tendo sido descrita após empiema, meningite e endocardite pneumocócica, entre outras (DANI; PASSOS, 2011). ↠ Quando causada por agentes formadores de gás, é denominada gastrite enfisematosa. Muitas vezes, podem- se observar alguns fatores predisponentes, como cirurgia gástrica prévia, hipocloridria, câncer gástrico, úlcera gástrica e gastrite (DANI; PASSOS, 2011). Na maioria dos casos descritos até hoje, foram isolados germes gram- positivos, especialmente Streptococcus spp., embora Pneumococcus spp., Staphylococcus spp., Proteus vulgaris, Escherichia coli e Clostridium welchii também já tenham sido identificados (DANI; PASSOS, 2011). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ↠ A evolução clínica é rápida, com dor epigástrica, náuseas e vômitos purulentos, constituindo sintomas comumente observados. Outras vezes, podem-se encontrar sinais de irritação peritoneal. A visualização de gás na submucosa gástrica na radiografia simples de abdome sugere a possibilidade de germes formadores de gás, tipo Clostridium welchii (DANI; PASSOS, 2011). DIAGNÓSTICO ↠ O diagnóstico clínico é muitas vezes difícil. Com frequência, o diagnóstico é feito através de laparotomia exploradora ou, mesmo, na necropsia (DANI; PASSOS, 2011). ↠ Leucocitose com desvio para a esquerda é quase sempre descrita, sendo a amilase normal. O estudo radiológico do estômago revela espessamento das pregas gástricas com redução da distensibilidade antral. Sendo a mucosa gástrica habitualmente poupada, a biopsia convencional pode não definir o diagnóstico, sendo necessário o uso de procedimentos especiais para se obter material da submucosa gástrica (DANI; PASSOS, 2011). GASTRITE AGUDA HEMORRÁGICA ↠ As lesões agudas da mucosa gastroduodenal ou úlceras de estresse se iniciam nas primeiras horas após grandes traumas ou doenças sistêmicas graves e acometem as regiões proximais do estômago. Ocasionalmente, podem também envolver o antro gástrico, duodeno ou esôfago distal (DANI; PASSOS, 2011). ↠ São caracterizadas por múltiplas lesões hemorrágicas, puntiformes, associadas a alterações da superfície epitelial e edema. Como complicação clínica, a gastrite aguda pode exteriorizar-se por hemorragia digestiva alta (DANI; PASSOS, 2011). ↠ A sua patogenia não é bem conhecida, sendo os mecanismos mais aceitos aqueles relacionados com alterações nos mecanismos defensivos da mucosa gastroduodenal (DANI; PASSOS, 2011). Endoscopias realizadas dentro de 72 h após trauma cranioencefálico ou queimaduras extensas mostram anormalidades agudas da mucosa gástrica em mais que 75% dos pacientes, e, na metade dos casos, existem evidências endoscópicas de sangramento recente ou em atividade (DANI; PASSOS, 2011). Apesar disso, um percentual mínimo de pacientes apresentará evidências hemodinâmicas consequentes à perda aguda de sangue. Estudos epidemiológicos estimam que 1,5 a 8,5% dos pacientes internados em unidades de terapia intensiva apresentam sangramento gastrintestinal visível, podendo, entretanto, acometer até 15% daqueles que não recebem tratamento profilático adequado. É hoje aceito que pacientes internados em unidades de terapia intensiva e que apresentem alto risco para o desenvolvimento de lesões agudas da mucosa gastroduodenal devam receber tratamento profilático (DANI; PASSOS, 2011). Artigo: profilaxia das úlceras associadas ao estresse.As úlceras da mucosa gastroduodenal que aparecem após graves insultos - como queimaduras, choque séptico e grandes traumatismos, por exemplo -, têm sido chamadas de úlceras associadas ao estresse ou, mais genericamente, de doença mucosa associada ao estresse (DMAE). São conhecidas desde a Antiguidade e apesar de relacionarem-se com altos índices de morbidade e mortalidade, 11 Júlia Morbeck – @med.morbeck esquemas de profilaxia no intuito de minimizar seus riscos, só foram introduzidos recentemente. Os inibidores da bomba de prótons (IBP) têm desempenhado um papel importante nesse cenário (POMPILIO; CECCONELLO., 2010). GASTRITE CRÔNICA ↠ Após a infecção aguda, a maioria das gastrites evolui para gastrite crônica ativa, que é caracterizada histologicamente por células mononucleares, predominantemente de linfócitos, plasmócitos e macrófagos (ZATERKA; EISIG., 2016). ↠ A gastrite crônica (GC) é uma condição inflamatória da mucosa gástrica que pode afetar diferentes regiões do estômago e exibir graus diferentes de lesões da mucosa. Seu maior fator causal, o H. pylori, tem um longo período latente de infecção subclínica, durante o qual causa inflamação e dano da mucosa. A presença do H. pylori no estômago está sempre associada com lesão tecidual e achados histológicos de gastrite crônica ativa (ZATERKA; EISIG., 2016). CLASSIFICAÇÃO ↠ O Sistema Sydney teve a intenção de ser uma diretriz prática para indicar quais das aparências morfológicas da gastrite nos espécimes de biópsias são importantes e devem ser observadas e como essas alterações deveriam ser graduadas e relatadas para que expressassem, de maneira compreensível, o tipo e o grau das lesões da mucosa gástrica (ZATERKA; EISIG., 2016). ↠ O Sistema Sydney apresenta duas divisões: histológica e endoscópica (ZATERKA; EISIG., 2016). GASTRITE CRÔNICA ASSOCIADA AO H. PYLORI ↠ O H. pylori é hoje considerado o principal agente etiológico em mais de 95% das gastrites crônicas (DANI; PASSOS, 2011). ↠ O antro é tipicamente a primeira região a ser acometida, podendo às vezes predominar o comprometimento do corpo ou, mesmo, de todo o órgão (pangastrite) (DANI; PASSOS, 2011). A distribuição do H. pylori no estômago é importante, pois parece ser um indicador do padrão de evolução da gastrite. Assim, indivíduos com gastrite predominantemente antral terão secreção gástrica normal ou elevada graças à manutenção de mucosa oxíntica íntegra e poderão ter um risco aumentado para úlcera duodenal. Indivíduos com gastrite acometendo de forma predominante o corpo do estômago terão secreção ácida reduzida, em consequência da destruição progressiva da mucosa oxíntica. Estima-se que a gastrite crônica do corpo gástrico, associada a atrofia acentuada, eleva de três a quatro vezes o risco de carcinoma gástrico, do tipo intestinal (DANI; PASSOS, 2011). Embora a progressão da atrofia e da metaplasia, associadas ao H. pylori, possa trazer outras consequências fisiopatológicas como a úlcera péptica, o ponto de maior interesse está localizado, hoje, no desenvolvimento do câncer gástrico. Entre elas, a mais importante é o adenocarcinoma tipo intestinal que, de acordo com muitos, poderia ser colocado como a etapa final da sequência evolutiva anteriormente descrita, em um número significativo de pacientes (DANI; PASSOS, 2011). Metaplasia intestinal no estômago se refere à reposição progressiva do epitélio gástrico pelo epitélio tipo intestinal, ou seja, por um epitélio neoformado que apresenta características bioquímicas e morfológicas (tanto à microscopia óptica como à eletrônica) do epitélio intestinal, tanto do delgado como do cólon (DANI; PASSOS, 2011). Infecção pelo H. pylori Gastrite crônica Atrofia glandular Metaplasia intestinal 12 Júlia Morbeck – @med.morbeck GASTRITE ATRÓFICA METAPLÁSTICA ↠ O uso do termo “metaplásco” é recomendado para as duas variantes da gastrite atrófica: gastrite atrófica metaplásica autoimune (GAMA) e gastrite atrófica metaplásica ambiental (PORTH, 10ª ed.). ↠ A gastrite atrófica autoimune representa menos de 10% dos casos de gastrite crônica e consiste em uma forma difusa de inflamação gástrica limitada ao corpo e ao fundo do estômago, com pouco ou nenhum acometimento do antro. Esse tipo de gastrite é causado por autoanticorpos dirigidos contra os componentes das células parietais das glândulas gástricas e o fator intrínseco. A atrofia das glândulas e da mucosa do estômago resulta na supressão da produção de ácido. Nos casos mais graves, a produção de fator intrínseco é bloqueada, resultando em deficiência de vitamina B12 e anemia perniciosa. Em muitos casos, esse tipo de gastrite crônica está associado a outros distúrbios autoimunes, inclusive tireoidite de Hashimoto, doença de Addison e tireoidopatia de Graves (PORTH, 10ª ed.). A gastrite autoimune é assintomática do ponto de vista gastrintestinal, advindo sintomas hematológicos e/ou neurológicos na ocorrência de anemia perniciosa. Em decorrência da acloridria, com a consequente elevação do pH gástrico, tem sido descrita uma maior suscetibilidade desses pacientes a infecções entéricas por bactérias, vírus e parasitos (DANI; PASSOS, 2011). O diagnóstico da gastrite crônica autoimune do corpo é eminentemente histopatológico (DANI; PASSOS, 2011). ↠ Gastrite atrófica multifocal é um distúrbio de etiologia desconhecida que acomete o antro e as áreas adjacentes do estômago. Essa doença é mais comum que a gastrite autoimune e é encontrada com mais frequência na raça caucasoide que nas demais raças. Esse tipo de gastrite é especialmente comum na Ásia, na Escandinávia e em regiões da Europa e América Latina. Como também ocorre com a gastrite autoimune, a gastrite atrófica multifocal está associada à redução da secreção de HCl, porém acloridria e anemia perniciosa não são incomuns (PORTH, 10ª ed.). A dificuldade de classificação na forma atrófica ocorre em situações nas quais ambos os processos inflamatórios são concomitantes, em vista de condições de progressão, sendo, dessa forma, progressão dinâmica da atrofia (QUILICI et. al., 2019). Há, também, argumentos contra o sistema Sydney quanto à consideração de que a inflamação de camadas da superfície seriam gastrites superficiais que se tornariam atróficas à medida que alcançassem camadas mais profundas da própria mucosa (QUILICI et. al., 2019). Com tais considerações, buscou-se uma nova classificação que se baseasse em evidências de diferentes tipos de gastrites atróficas, gastrites crônicas de antro associadas a úlceras gástricas e duodenais, além da eventual coexistência das gastrites atróficas difusas de corpo e as multifocais. Assim, em 1994, 22 patologistas de diferentes países reuniram-se em Houston, Estados Unidos, para elaboração de consenso, enfatizando a diferença entre gastrites atróficas e não atróficas, divididas em três grupos, como: agudas, crônicas e especiais (QUILICI et. al., 2019). FORMAS ESPECIAIS GASTRITES QUÍMICAS: Terminologia adotada no lugar de designações encontradas em outras classificações, como gastrites reativas, gastrite de refluxo ou gastrite tipo C. Engloba os achados observados no refluxo biliar, em associação com certas drogas ou sem relação causal evidente, porém com aspectos histológicos comuns, constando de hiperplasia foveolar, edema, vasodilatação, fibrose ocasional e escassez de componente inflamatório (DANI; PASSOS, 2011). COMPLICAÇÕES CÂNCER GÁSTRICO ↠ A gastrite crônica é uma condição pré-cancerosa e parece estar particularmente relacionada ao carcinoma gástrico do tipo intestinal. A prevalência de gastrite com alterações atróficas avançadas, metaplasias e alterações epiteliais displásicas, é mais comum que o esperado em pacientes com carcinoma gástrico do tipo intestinal e precede por anos a formaçãode carcinomas clinicamente evidentes (ZATERKA; EISIG., 2016). ↠ A inflamação gástrica de longa duração induzida pelo H. pylori frequentemente conduz à gastrite atrófica, que é considerada o primeiro passo importante na histogênese do câncer gástrico. Sua distribuição é geralmente multifocal e frequentemente associada à perda glandular e intestinalização da mucosa gástrica (ZATERKA; EISIG., 2016). DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA ↠ Em muitos estudos, antigos e recentes, o encontro de gastrite é mais comum que o esperado em pacientes com úlcera duodenal (UD) e úlcera gástrica (UG). A 13 Júlia Morbeck – @med.morbeck gastrite parece, também, preceder a úlcera, sugerindo que ela é um fator de risco real para a doença ulcerosa, em vez de ser uma consequência desta, como admitido anteriormente (ZATERKA; EISIG., 2016). ↠ O papel da gastrite na doença ulcerosa é complexo: ela pode aumentar ou diminuir o risco de úlcera, dependendo do seu grau e do tipo topográfico. Gastrite e atrofia do antro tendem a aumentar o risco de úlcera péptica, enquanto a gastrite com atrofia do corpo tende a diminuí-lo (ZATERKA; EISIG., 2016). ↠ As úlceras gástricas ocorrem em mucosa enfraquecida por uma infecção de longa duração pelo H. pylori. Quanto mais severa é a gastrite, maior a possibilidade de haver diminuição das defesas da mucosa, o que permite a ocorrência da lesão produzida pelo ácido (ZATERKA; EISIG., 2016). PÓLIPOS GÁSTRICOS ↠ São tumores mucosos ou epiteliais benignos, circunscritos, que podem ser sésseis, pedunculados ou semipedunculados. Estão presentes entre 1 e 2% da população geral, sendo mais frequentes acima dos 50 anos, e são representados principalmente pelos pólipos hiperplásicos e os pólipos adenomatosos (DANI; PASSOS, 2011). Tratamento da Helicobacter pylori ↠ Ao início, foram utilizados como padrão esquemas de tratamentos de 7 dias com utilização de inibidor de bomba de prótons (IBP) em suas dosagens plenas, 2 vezes/dia, amoxicilina 1 g a cada 12 horas e claritromicina 500 mg a cada 12 horas (QUILICI et. al., 2019). ↠ Pacientes que relatavam alergia a penicilina tinham substituição da amoxicilina pelo metronidazol, e naqueles com resistência à claritromicina, ou mesmo alérgicos à penicilina, a proposta terapêutica era utilização de tetraciclina, metronidazol, sal de bismuto e IBP em regimes de 10 dias (QUILICI et. al., 2019). Com o tempo, o índice de resistência a alguns desses medicamentos, particularmente metronidazol e claritromicina, ultrapassaram taxas que permitiam sua utilização (QUILICI et. al., 2019). ↠ Assim, foram propostas terapêuticas baseadas em percentuais de resistência aos antimicrobianos comumente utilizados, com decisões de que qualquer esquema terapêutico deve ser de 14 dias, com número necessário para tratar (NNT) variando de 3 a 12, visto que os tratamentos anteriormente recomendados (de 7 a 10 dias) apresentavam insucesso de até 50% na erradicação, enquanto 14 dias de utilização dos esquemas permitiriam índices de erradicação próximos a 95% (QUILICI et. al., 2019). ↠ Nesse grupo de pacientes, a gente vai precisar entrar com antibiótico para matar os microrganismos, mas também algum fármaco para reduzir a secreção gástrica, aliviando os sintomas. Diante disso, o IV Consenso Brasileiro com relação à infecção por H. pylori determina que o tratamento de primeira linha para esses pacientes deve ser composto por 3 fármacos: (SANARFLIX). ↠ Caso o paciente seja alérgico à amoxilina, podemos substituí-la por levofloxacina. Mas além disso, algumas alternativas para esse esquema terapêutico são as seguintes: (SANARFLIX). ↠Uma vez tendo administrado essa terapia inicial e o paciente volte, a gente segue para o retratamento e aí a nossa decisão terapêutica vai ser diferente. Poderemos optar por 2 esquemas: 14 Júlia Morbeck – @med.morbeck ANTIBIÓTICOS AMOXICILINA: As penicilinas interferem na última etapa da síntese da parede bacteriana (transpeptidação ou ligações cruzadas), resultando em exposição da membrana osmoticamente menos estável. Então pode ocorrer lise celular, seja pela pressão osmótica, seja pela ativação de autolisinas. Esses antibacterianos são bactericidas e atuam de modo tempo-dependente. As penicilinas são eficazes somente contra microrganismos em crescimento rápido, que sintetizem a parede celular de peptidoglicano. (WHALEN et. al., 6ª ed.). CLARITROMICINA: Os macrolídeos se ligam irreversivelmente a um local na subunidade 50S do ribossoma bacteriano, inibindo, assim, etapas de translocação na síntese de proteínas. Eles também podem interferir em outras etapas, como a transpeptização. Geralmente considerados bacteriostáticos, os macrolídeos podem ser bactericidas em dosagens mais elevadas (WHALEN et. al., 6ª ed.). METRONIDAZOL: O metronidazol pertence à classe dos nitroimidazólicos, sendo utilizado como agente antiparasitário e antibiótico para organismos anaeróbios. É administrado como uma pró-droga, ou seja, precisa ser metabolizada (modificada) para conseguir agir, sendo que essa metabolização ocorre de maneira local no sítio de ação da droga. Esse medicamento age de forma local através do dano oxidativo ao DNA celular, que ocorre quando elétrons são doados pelos microrganismos susceptíveis para a molécula de metronidazol, havendo então a liberação de radicais livres (SANAR). TETRACICLINA: As tetraciclinas entram nos microrganismos suscetíveis por difusão passiva e também por um mecanismo proteico de transporte dependente de energia próprio da membrana citoplasmática interna da bactéria. As tetraciclinas se concentram no interior das células dos microrganismos suscetíveis. Elas se ligam reversivelmente à subunidade 30S do ribossoma bacteriano. Essa ação impede que o RNA transportador (RNAt) se ligue ao complexo RNA mensageiro (RNAm)- ribossoma, inibindo, assim, a síntese de proteínas da bactéria. As tetraciclinas são antimicrobianos bacteriostáticos eficazes contra uma ampla variedade de microrganismos, incluindo bactérias gram-positivas e gram-negativas, protozoários, espiroquetas, micobactérias e espécies atípicas (WHALEN et. al., 6ª ed.). LEVOFLOXACINA: As fluoroquinolonas entram na bactéria através de canais de porina e exibem efeitos antimicrobianos na DNA-girase (topoisomerase bacteriana II) e topoisomerase bacteriana IV. A inibição da DNA-girase resulta em relaxamento do DNA superespiralado, promovendo quebra da fita de DNA. A inibição da topoisomerase IV impacta a estabilização cromossomal durante a divisão celular, interferindo com a separação do DNA recém-replicado (WHALEN et. al., 6ª ed.). SUBCITRATO DE BISMUTO: antissecretor. O Subcitrato de bismuto parece exercer um efeito citoprotector, revestindo a mucosa gástrica e adsorvendo-se à pepsina, reduzindo os danos às ulcerações da mucosa. Segundo alguns autores, também poderia estimular a produção de prostaglandinas, muco e bicarbonato. Além disso, foi sugerido um certo efeito inibitório sobre o H. pylori, provavelmente impedindo a aderência da bactéria, e uma ação antiácido. 15 Júlia Morbeck – @med.morbeck Referências TORTORA, Gerard J. Princípios de anatomia e fisiologia / Gerard J. Tortora, Bryan Derrickson; tradução Ana Cavalcanti C. Botelho... [et al.]. – 14. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. MARIEB, E.; WILHELM, P.; MALLATT, J. Anatomia humana. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em: Minha Biblioteca, (7ª edição). Grupo A, 2017. REGAN, J.; RUSSO, A.; VVANPUTTE, C. Anatomia e Fisiologia de Seely, 10ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. QUILICI, Flávio A.; SANTANA, Nelma Pereira de; GALVÃO-ALVES, José. A gastroenterologia no século XXI: manual do residente da Federação Brasileira de Gastroenterologia.Editora Manole, 2019. ZATERKA; EISIG. Tratado de Gatroenterologia da graduação à pós-graduação, 2ª edição. Atheneu, 2016. TORTORA, Gerard J.; FUNKE, Berdell R.; CASE, Christine L. Microbiologia. Grupo A, 2017. DANI, Renato; PASSOS, Maria do Carmo F. Gastroenterologia Essencial, 4ª edição. Grupo GEN, 2011. KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul; ASTER, Jon. Robbins & Cotran Patologia - Bases Patológicas das Doenças. Grupo GEN, 2016. NORRIS, Tommie L. Porth - Fisiopatologia. Grupo GEN, 2021. WHALEN et. al. Farmacologia ilustrada, 6ª edição. Artmed, 2016. SIQUEIRA et. al. Aspectos gerais nas infecções por Helicobacter pylori: revisão, v.39, n. 1, p. 9-13, 2007. LADEIRA et. al. Biopatologia do Helicobacter pylori. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, v. 39, n. 4, 2003. GUIMARÃES et. al. Helicobacter pylori: fatores relacionados à sua patogênese. Revista Paraense de Medicina, v. 22, n. 1, 2008. SOUSA, F. R. C. Infecção por Helicobacter pylori – da epidemiologia ao tratamento. Dissertação de mestrado. 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