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1 DIREITO DE SUPERFÍCIE EM IMÓVEIS TERRITORIAIS URBANOS. SURFACE RIGHT IN URBAN PROPERTIES. Matheus Henrique Bueno 1 Guilherme Helfenberger Galino Cassi2 Resumo: Diante da necessidade de ampliação dos polos urbanos e com o aumento da desigualdade social, surge o direito de superfície como ferramenta para proporcionar que um terceiro empreenda ou faça morada em terreno alheio. A legislação referente ao tema, porém é conflitante, visto que o Código Civil e o Estatuto da Cidade apresentam disposições aparentemente distintas em relação à aquisição e à destinação da superfície, aos prazos de cessão e à extinção do direito e suas consequências, O presente trabalho, mediante revisão bibliográfica e uso do método lógico-dedutivo, tem por objetivo expor os principais conceitos acerca do direito de superfície, bem como solucionar os conflitos apontados. Palavras-Chave: Direito de superfície. Direitos reais. Direitos reais sobre coisa alheia. Abstract: Given need for expansion of the urban poles and with social inequality, arrives the surface right as tool for provide a third party undertake or make address in foreign land. The legislation related to the theme, yet, is conflicting, since the Civil Code and the City Statute shows provisions apparently opposite to acquisition and destination of surface, assignment deadlines and right extinction and its consequences. The present work, upon bibliographic review and use of logical- deductive method, aims expose the main concepts about surface right, as well as solve the pointed conflicts. Keywords: Surface right. Real rights. Real rights about other's things. 1. INTRODUÇÃO O Direito de Superfície, instituto originário do Direito Romano, em sua essência, busca cumprir a função social da propriedade, cedendo a superfície do solo para um terceiro edificar ou realizar plantação, onde esse terá o domínio útil do imóvel, estabelecendo propriedades distintas entre o proprietário e o superficiário, cabendo aos contratantes determinar regras acerca do uso e gozo. Disciplinado pelo Código Civil e Estatuto da Cidade, apresenta diversos conflitos, entre eles o tempo de concessão, a cessão onerosa ou gratuita, utilização de subsolo e espaço aéreo, e a responsabilidade tributária da superfície. 1 Bacharelando em Direito pelo Centro Universitário UniDomBosco. 2 Doutor e Mestre em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Especialista em Direito Civil e Empresarial pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Advogado e professor universitário. 2 O desenvolvimento teórico deste trabalho se divide em capítulos secundários e terciários, no primeiro encontra-se o conceito e distinção de direitos reais, pessoais ou obrigacionais, caracterizando ambos, esta explicação inicial possui objetivo de delimitar o direito de superfície, e a diferença entre os direitos. No segundo subcapítulo encontra-se a construção histórica do direito de superfície, permeando pela enfiteuse, a incidência do foro e laudêmio, bem como, diferenças e semelhanças entre a enfiteuse à superfície. No terceiro objetiva-se a conceituar o direito de superfície de forma geral, e a luz do Código Civil e Estatuto da Cidade, explanando algumas diferenças de ambos os institutos objetos deste estudo. O quarto capítulo trata da forma de constituição da cessão de superfície, requisitos, limites e incidência do imposto de transmissão de bens imóveis, frisando a possibilidade de aquisição por usucapião. Por conseguinte, o quinto capítulo expende acerca das formas de extinção, trabalhando a hipótese de extinção pelo advento do termo de concessão, pelo descumprimento das obrigações contratuais assumidas e por onerosidade excessiva. No sexto traz uma comparação ao direito de superfície brasileira com o de outros três países, sendo eles Portugal, França e Argentina, todos de constituição civil law. O subcapítulo sete explana o cotejo entre o Estatuto da Cidade e o Código Civil, sendo as divergências, quanto à aplicação temporal, a utilização do subsolo e do espaço aéreo, a concessão gratuita ou onerosa, a responsabilidade dos encargos e tributos e a transferência da concessão e alienação. Neste contexto, este artigo possui o intuito de apresentar o direito de superfície, suas nuances e lacunas no ordenamento jurídico pátrio. Entendendo como funciona, é possível se aplicar de forma mais abrangente e com melhor qualidade. O método do silogismo utilizado nesta pesquisa faz com se extraia a essência do conteúdo de melhor forma. 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 DIREITO PESSOAL OU OBRIGACIONAL E DIREITO REAL Para melhor compreensão sobre a natureza do Direito de Superfície, vale conceituar a distinção entre os direitos reais e pessoais, os quais estão dispostos no Código Civil (Lei Federal nº 10.406/2002), e se diferem no seguinte: 3 Flávio Tartuce elucida o direito obrigacional como sendo: [...] relação jurídica transitória, existente entre um sujeito ativo, denominado credor, e outro sujeito passivo, o devedor, e cujo objeto consiste em uma prestação situada no âmbito dos direitos pessoais, positiva ou negativa. Havendo o descumprimento ou inadimplemento obrigacional, poderá o credor satisfazer-se no patrimônio do devedor.3 Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho lecionam que se trata de um “conjunto de normas e princípios jurídicos reguladores das relações patrimoniais entre um credor (sujeito ativo) e um devedor (sujeito passivo) a quem incumbe o dever de cumprir, espontânea ou coativamente, uma prestação de dar, fazer ou não fazer”.4 Os direitos reais estão elencados no Código Civil, e apresentam-se em numerus clausus, isto é, não exemplificativo, assim não permitindo interpretação diversa. Segundo o artigo 1.225 do Código Civil: Artigo 1.225. São direitos reais: I - a propriedade; II - a superfície; III - as servidões; IV - o usufruto; V - o uso; VI - a habitação; VII - o direito do promitente comprador do imóvel; VIII - o penhor; IX - a hipoteca; X - a anticrese; XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; XII - a concessão de direito real de uso; e XIII - a laje. (grifo nosso) Carlos Roberto Gonçalves conceitua os direitos reais, como sendo “[...] o poder jurídico, direto e imediato, do titular sobre a coisa, com exclusividade e contra todos”5. 3 TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: Volume Único. 4. ed. Rio de Janeiro: Método, 2018, p. 301. 4 GAGLIANO, Pablo Stolze. FILHO, Rodolfo Pamplona. Manual de Direito Civil: Volume Único. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 205. 5 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil 2: Contratos em Espécie e Direito das Coisas. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 379. 4 O direito real possui relação direta de pessoa com o patrimônio, ou coisa, e o titular deste direito faz jus ao uso e gozo da coisa, conforme conceitua Cleyson de Moraes Mello: O direito real é uma relação social qualificada pelo Direito composta de um sujeito ativo (proprietário, usufrutuário etc.), um sujeito passivo (toda a sociedade, com exclusão do sujeito ativo) e um objeto. Todas as pessoas possuem o dever jurídico de abstenção, ou seja, de não violar, perturbar ou invadir o direito daquele. (grifo nosso)6 O disposto demonstra a oponibilidade erga omnes aos direitos reais, bem como denota Paulo Nader: “Os direitos reais apresentam caráter absoluto, erga omnes, pois valem contra todas as pessoas. Em relação a eles a coletividade possui dever negativo ou omissivo, devendo respeitá-los na forma da lei.”7 Para Paulo Nader, os direitos reais podem recair sobre coisa própria, do latim jus in re propria, encontrando-se o direito de propriedade, e sobre coisa alheia, do latim jus in re aliena, onde encontra-se presente os direitos de fruição. Permitindo seu titular a tirar proveito direto e imediato do objeto, como direito de fruição tem-sea superfície, as servidões, o usufruto, o uso e a habitação.8 Os direitos reais possuem algumas características, são elas: direito de sequela, diante disso, o titular do direito é investido de imperar o seu direito em todos os lugares9. Publicidade, vez que todos os atos realizados sobre direitos reais devem ser publicizados, na situação de direito real imobiliário, tem-se o registro, perante o Cartório de Registro de Imóveis. Elasticidade em razão da possibilidade de desmembramento dos poderes, como uso e gozo, e da consolidação como sendo a reunificação dos direitos ante desmembrados, ambos atuam em conjunto, porém de forma oposta.10 Com base no preceituado, extrai-se que os direitos pessoais ou obrigacionais possuem relação entre indivíduos, sendo um deles credor e o outro devedor, caso não haja o cumprimento da obrigação atinge-se o patrimônio do devedor, para que se satisfaça a obrigação, influindo assim nos direitos reais do devedor. 6 MELLO, Cleyson de Morae s. Direito das Coisas. 2.ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2017, p. 36. 7 NADER, Paulo. Curso de Direito Civil, Vol. 4: Direito das Coisas. 7.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 42. 8 Ibidem, p. 41. 9 Ibidem, p. 42. 10Ibidem, p. 43. 5 É importante destacar as diferenças de ambos institutos, onde os direitos pessoais possuem relação entre pessoas, sendo eles sujeito ativo e sujeito passivo, um credor e um devedor, os direitos reais possuem relação de pessoas e coisas, as quais podem ocorrer de forma direta, sem qualquer intermédio de outra pessoa, possuem apenas um sujeito ativo, sendo o passivo a coletividade. Os direitos reais devem ser publicizados, conforme exposto em uma situação imobiliária, onde deve haver o registro do direito, no Cartório de Registro de Imóveis, outrossim, os direitos pessoais coadunam com o princípio da autonomia privada, valendo assim o contrato celebrado entre as partes. Direitos reais possuem a característica erga omnes, em verdade é um direito absoluto, Flávio Tartuce explana que os direitos pessoais possuem efeitos inter partes, ou seja o pactuado produz efeitos apenas para os contratantes11. Os direitos reais possuem rol taxativo conforme cinge o artigo 1.225 do Código Civil, não cabendo interpretação diversa, ao que tange os direitos pessoais esses não possuem numerus clausus, e sim um rol exemplificativo, cabendo assim diversas interpretações da norma. Conforme doutrina Sílvio de Salvo Venosa, os direitos reais possuem direito de sequela, ou seja caráter absoluto, onde seu titular pode perseguir, ir buscar o objeto de seu direito onde e com quer esteja, não sendo possível isto nos direitos pessoais, pois para satisfação de um descumprimento contratual, não é possível determinar quais bens garantiam a satisfação do crédito.12 Entretanto é transparente que o direito real possui caráter permanente e os pessoais apenas caráter transitório. Sílvio de Salvo Venosa salienta que o direito real deve ser individualizado no seu nascimento, pois de outro modo não é possível o exercício do direito de sequela, em contraponto os direitos pessoais devem ser determinados de forma exaustiva.13 11 TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: Volume Único. 4. ed. Rio de Janeiro: Método, 2018, p. 301. 12 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direitos Reais. 13.ed. São Paulo: Atlas, 2013, p. 7. 13 Idem. 6 2.2 HISTÓRICO DO DIREITO REAL DE SUPERFÍCIE O direito de superfície está elencado no rol de direitos reais, previsto especificamente no artigo 1.225, II, do Código Civil. Neste mesmo diploma há um título dedicado a este direito, que compreende dos artigos 1.369 ao 1.377, bem como a Lei 10.257/2001, denominada Estatuto da Cidade, com previsão do tema nos artigos 21 a 24. O instituto do direito de superfície teve origem no direito romano clássico, em meados da década de 500, ao final do período clássico, sendo inicialmente aplicado no período pós-clássico, aplicando-se somente na época do imperador Justiniano.14 Carlos Roberto Gonçalves leciona que tal instituto surgiu na necessidade prática de se permitir edificação sobre bens públicos, permanecendo o solo em poder do Estado. 15 A primeira previsão sobre o instituto ocorreu na legislação do Reino de Portugal, no Brasil somente com a Lei Pombalina de 1773, porém, não possuía a denominação de superfície, garantindo da mesma forma o direito de plantar e construir em imóvel alheio16. A lei de Pombalina permaneceu em vigor mesmo após a Proclamação da Independência do Brasil. Em 20 de Outubro de 1823, fora promulgada uma nova legislação, esta prevendo que o império seria regido pelas ordenações, leis e decretos promulgados pelos reis de Portugal, enquanto um novo Código não fosse organizado17. Com o advento do Código Civil de 1916, promulgado sob a Lei Federal nº 3.071/1916, idealizado por Clóvis Beviláqua, a concessão da superfície ainda não possuía previsão, contudo, existia a figura da enfiteuse, instituto muito semelhante. 14 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direitos Reais. 13.ed. São Paulo: Atlas, 2013, p. 7. 15 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro 5. 10.ed. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 450. 16 Idem. 17 Art. 1º As Ordenações, Leis, Regimentos, Alvarás, Decretos, e Resoluções promulgadas pelos Reis de Portugal, e pelas quaes o Brazil se governava até o dia 25 de Abril de 1821, em que Sua Magestade Fidelissima, actual Rei de Portugal, e Algarves, se ausentou desta Côrte; e todas as que foram promulgadas daquella data em diante pelo Senhor D. Pedro de Alcantara, como Regente do Brazil, em quanto Reino, e como Imperador Constitucional delle, desde que se erigiu em Imperio, ficam em inteiro vigor na pare, em que não tiverem sido revogadas, para por ellas se regularem os negocios do interior deste Imperio, emquanto se não organizar um novo Codigo, ou não forem especialmente alteradas. 7 2.2.1 Enfiteuse A enfiteuse possuía previsão até a promulgação do Código Civil de 2002, seu conceito estava disposto no artigo 678 do Código Civil de 1916, e foi extinta, dando lugar ao direito de superfície, Orlando Gomes explana que: A enfiteuse é o direito real limitado que confere a alguém, perpetuamente, os poderes inerentes ao domínio, com a obrigação de pagar ao dono da coisa uma renda anual. Denomina-se também emprazamento, aforamento ou prazos, sendo mais conhecida, entre nós, pela penúltima designação.18 Aponta Orlando Gomes, que as partes são denominadas de senhorio e enfiteuto ou foreiro, sendo o senhorio o titular do domínio direto, e o enfiteuto ou foreiro o titular do domínio útil.19 A principal característica da enfiteuse é que a mesma possui caráter perpétuo, quando limitado era considerado arrendamento e como tal era regido. O enfiteuto ou foreiro deveria realizar ao senhorio pagamentos anuais a título de renda, o qual se denomina de foro, Caio Mário da Silva Pereira aduz que o foro anual deve ser invariável, e que o enfiteuto possui o domínio útil do imóvel bem como o senhorio a nua propriedade20. Há também a figura do laudêmio que se caracteriza em um pagamento de 2,5% sobre o valor do bem alienado, o artigo 686 do Código Civil de 1916 trata que sempre que se realizar a transferência do domínio útil, seja ele por venda ou dação em pagamento, o senhorio direto, que não usar da opção, terá o direito de receber do alienante o laudêmio, que poderá ser ajustado no título de aforamento. O artigo 692 do extinto Código Civil de 1916 tratava das hipóteses de extinção da enfiteuse, o artigo possuía um rol taxativo, determinando que a extinção se dava pela deterioração do prédio aforado, quando o bem não possuía valor de um foro e um quinto deste, quando o foreiro deixar de pagar o foro de 3 anos consecutivos, onde o senhorio deverá indenizá-lo pelas benfeitorias consideradas necessárias, e em última hipótese por falecimentodo enfiteuto, quando não houverem herdeiros, salvo assim o direito dos credores. 18 GOMES, Orlando. Direitos Reais. 21.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012, p. 279. 19 Idem. 20 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: Volume IV, Direitos Reais. 21.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012, p. 223 8 Com o advento do Código Civil de 2002, restou-se revogada e proibida a constituição de novas enfiteuses, conforme dispõe o artigo 2.038 do Código Civil de 2002: “Fica proibida a constituição de enfiteuses e subenfiteuses, subordinando-se as existentes, até sua extinção, às disposições do Código Civil anterior, Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916, e leis posteriores.” Com essa proibição de novas constituições enfiteuticas, adveio também o impedimento de cobrança de laudêmio ou prestações análogas na transmissão do bem aforado, o qual se refletia sobre o valor das construções ou plantações. A enfiteuse se difere do direito de superfície principalmente ao que se tange o tempo de concessão, onde a enfiteuse tem-se prazo perpétuo, já o direito de superfície, pode ser por tempo indeterminado e determinado, outra divergência é de que na figura da enfiteuse há o pagamento anual do foro e o laudêmio na situação de alienação, bem como, a superfície pode ser cedida a título gratuito ou oneroso, seguindo o disposto no Estatuto da Cidade existe a responsabilidade do pagamento de tributos, algo que também era previsto para a enfiteuse. 2.3 CONCEITO DE DIREITO DE SUPERFÍCIE Para conceituar o direito de superfície é importante que se conceitue os sujeitos dessa relação, assim são eles o concedente e o concessionário, ou superficiário, onde o concedente é o titular da nua propriedade e o concessionário ou superficiário o beneficiário, ou o titular do direito real de superfície. Francisco Eduardo Loureiro utiliza das palavras de José de Oliveira Ascenção (1995, p.525, apud LOUREIRO, 2010, p. 142) para dizer que o direito de superfície é o direito real de ter coisa própria incorporada em terreno alheio, ou seja, é o direito de plantar ou construir em terreno de um terceiro, onde se permite romper a isonomia entre o solo e construções e ou plantação.21 A propriedade superficiária é dotada de direito real sobre coisa alheia, possui caráter autônomo por ter características próprias e se distingue de propriedade resolúvel, pois a nua propriedade pode ser determinada ou indeterminada e grava imóvel alheio. 21 GODOY, Cláudio Luiz Bueno de. et al. Código Civil Comentado: doutrina e jurisprudência. 4. ed. Barueri: Manole, 2010, p. 142. 9 Silvio de Salvo Venosa leciona que a função social do direito de superfície se traduz não só para quem constrói ou planta, mas também para quem mantém ou conclui construção existente ou plantação em terreno de outrem.22 Trata-se de uma ampla utilização do imóvel e não apenas do solo para plantar ou edificar. A terceira Jornada de Direito Civil concluiu em seu enunciado número 249 que a propriedade superficiária pode ser autonomamente objeto de direitos reais de gozo e garantia cujo prazo não exceda a duração da concessão da superfície, não se lhe aplicando o artigo 1.474. Traduz-se que pode o concessionário hipotecar tal parte a ele concedida, sem qualquer intervenção da concedente, limitando-se ao tempo em que tal direito foi concedido, ademais, o artigo 1.373 contempla o direito de preempção ou preferência, que em caso de alienação do imóvel ou do direito de superfície, o superficiário ou o proprietário possui o direito de preferência, em igualdade de condições. 2.3.1 Conceito à luz do Estatuto da Cidade O estatuto da cidade regra as propriedades superficiárias em âmbito urbano, o qual pode ser constituído por tempo determinado ou indeterminado, constituída por escritura pública registrada na matrícula do imóvel junto ao cartório de registro de imóveis, quando por tempo determinado deve se prezar o princípio da razoabilidade, pois uma concessão determinada para um longo período pode se tornar vitalícia, desnaturando assim o caráter do prazo determinado. A concessão abrange a utilização do solo, subsolo e o espaço aéreo relativo ao terreno, salvo forma diversa expressa no contrato, bem como deve respeitar a legislação urbanística.23 O Estatuto trata, que a concessão pode se dar de forma gratuita ou onerosa, cabendo às partes convencionarem sobre o pagamento ou a cessão gratuita, cabendo ao concessionário arcar com tributos e encargos que incidam sobre o imóvel. 24 22 VENOSA, Sílvio de Salvo. Código Civil Interpretado. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 1371. 23 BRASIL. Lei n° 10.257 de 10 de julho de 2011. Estatuto da Cidade. 24 Idem. 10 Pode a superfície ser transferida a terceiros, obedecendo ao disposto do contrato de concessão firmado, caso ocorra a morte do superficiário tal direito se transmite aos seus herdeiros. 25 2.3.2 Conceito à luz do Código Civil O Código Civil teoriza que a concessão deve ser por tempo determinado, levando em consideração a razoabilidade para que não se torne perpétuo, desfigurando a natureza do direito, trata que é vedado a utilização do subsolo, desde que esse não seja a finalidade da concessão, é omisso quanto a utilização do uso do espaço aéreo, entendendo assim que este também é vedado, podendo a concessão ser onerosa ou gratuita, quando onerosa podem as partes convencionarem a forma de pagamento “à vista” ou parceladamente, sendo esta última considerada prestação de trato diferido, o codex trata que o concessionário responde por encargos e tributos inerentes a superfície concedida, e por se tratar de direito real cabe a transferência a terceiros, e quando por morte do superficiário passará aos herdeiros, ademais o legislador contemplou que não poderá o concedente estipular a nenhum título o pagamento pela transferência. 26 2.4 FORMA DE CONSTITUIÇÃO A cessão se constitui por meio de escritura pública conforme disposição do artigo 108 do Código Civil, in verbis: Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País. A escritura deve ser levada ao registro no cartório de registro de imóveis, para que se inclua na matrícula a concessão de superfície, caso não ocorra o registro fica o superficiário sem garantia do exercício de seus direitos superficiários. Conforme preleciona Pablo Stolze, as palavras dele: 25 BRASIL. Lei n° 10.257 de 10 de julho de 2011. Estatuto da Cidade. 26 BRASIL. Código Civil. Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. 11 Não basta, pois, a inscrição no Cartório de Notas. A escritura pode até ser lavrada neste último, mas o seu registro há que ser feito, invariavelmente, no Cartório Imobiliário. Somente a partir daí, o direito real estará devidamente constituído. Sua utilidade, em nosso entendimento, vai além da seara do Direito Privado. 27 Respeitando o princípio disposto no artigo 1.227 do Código Civil, os direitos reais só serão constituídos quando este for levado a registro no Cartório de Registro de Imóveis. 28 O registro ficará com uma determina área, ou sua totalidade com reserva para o superficiário, até que se encerre o prazo ou ocorra uma das hipóteses de extinção. O artigo 1.372 do Código Civil, bem como, o artigo 21, § 5º do Estatuto da Cidade trata que pode se adquirir também por morte do superficiário, ou seja, é transferido aos herdeiros, Carlos Roberto Gonçalves alude que pode também ser adquirido por ato de ultima vontade, em termos o testamento, devendo este também ser registrado na respectiva matrícula imobiliária. 29 Há possibilidade de constituição por cisão, este permitido com base no enunciado nº250 do Conselho da Justiça Federal30, e existem duas formas, são elas: Por cisão ordinária, onde o objeto da concessão não traz obrigação do superficiário em realizar melhoras na construção ou plantação e por cisão qualificada, se acordado entre as partes cabe ao superficiário o dever de realizar melhoras no implante, sendo ela construção ou plantação. Dispõe o artigo 156 da Constituição Federal que a realização da constituição do direito real de superfície pode ensejar em cobrança de Imposto de Transmissão de Bens Imóveis, cabendo a cada comarca determinar sobre as alíquotas e a aplicação. 31 27 GAGLIANO, Pablo Stolze. FILHO, Rodolfo Pamplona. Manual de Direito Civil: Volume Único. 1. Ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 1057. 28 Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código. 29 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil 2: Contratos em Espécie e Direito das Coisas. 4.ed. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 741. 30 AGUIAR JÚNIOR, Ministro Ruy Rosado de. Jornadas de direito civil I, III, IV e V: enunciados aprovados. Brasília: Conselho Nacional de Justiça, 2012, p.46. 31 Artigo 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: I - propriedade predial e territorial urbana; II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição; 12 Existe a possibilidade de aquisição da propriedade também por usucapião, porém pouco tratado pela doutrina, bem como pela legislação, ademais Pedro Pontes de Azevedo preleciona que existem duas possibilidades fáticas para verificar a aquisição por meio da usucapião, sendo elas: a) a aquisição do direito de superfície em si, aquele relativo à possibilidade de construir ou plantar em solo alheio; e b) a aquisição da propriedade superficiária, aquela que se dá sobre os bens objeto da acessão, de modo separado da titularidade do imóvel em si.32 Nesta senda nada impede que a aquisição do direito se dê por usucapião. Devendo ser observado os pressupostos da usucapião, como os prazos dispostos no artigo 1.238 e seguintes do Código Civil, Azevedo assevera que não se faz necessário a observância de qualquer requisito específico, bastando que se observem as regras comuns da usucapião da propriedade.33 Carlos Roberto Gonçalves defende a possibilidade da usucapião apenas na modalidade ordinária, aduzindo dificuldade quanto a aplicação da usucapião extraordinária: A maior dificuldade, que praticamente inviabiliza a sua ocorrência, concerne à usucapião extraordinária, uma vez que, se determinada pessoa exerce a posse de certa edificação com o animus rem sibi habendi, desde que satisfeitos os demais requisitos da usucapião, adquirirá necessariamente o domínio do trato de terra sobre o qual assenta dita edificação, tornando-se, dessa maneira, proprietário do todo, não se caracterizando logicamente propriedade separada, superficiária, mantida sobre o solo de outrem.34 Nesta seara, defende a possibilidade de aquisição ordinária: Pode, no entanto, dar-se a aquisição do aludido direito pela usucapião ordinária, na hipótese, por exemplo, de sua concessão ter sido feita anteriormente a non domino. Nesse caso, o concessionário adquire o direito de superfície contra o senhor do solo, desde que haja conservado a posse na qualidade de superficiário pelo tempo necessário, demonstrando ser portador de boa-fé.35 32 AZEVÊDO, Pedro Pontes de. Usucapião da Propriedade Possível em Terras Públicas: o direito de superfície e à moradia em áreas de exclusão social. Curitiba: Juruá, 2016, p.160. 33 Ibidem, p.161. 34 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil 2: Contratos em Espécie e Direito das Coisas. 4.ed. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 742. 35 Idem. 13 Para aquisição por usucapião extraordinária, destarte para situação da propriedade que foi adquirida de modo irregular, sem formação de justo título, que foi exercida pelo superficiário e aceita pelo proprietário, portanto, seria apenas necessário observar intervalo de tempo previsto em lei. Na usucapião ordinária tem- se a situação em que o título do proprietário que transaciona com o superficiário não detém validade, desta forma, havendo título e boa-fé, desde que exercendo a propriedade superficiária por um longo período, qual seja 10 anos, sem qualquer outro requisito, ou cinco anos, a depender da existência de registro do contrato e efetivação de moradia, bem como, investimentos de cunho social ou econômico, o fundieiro terá reconhecida a usucapião superficiária. 36 Mesmo não existindo previsão legal, seguindo o pensamento de Pedro Pontes de Azevedo, não é cândido alegar que o absentismo de regra específica positivada, impeça a ocorrência da usucapião de outros direitos reais para além da propriedade. 37 Neste pensamento, Pedro P. de Azevedo invoca Roberto Paulino de Albuquerque Junior (2006, p.58, apud AZEVEDO, 2016, p.167), que defende o que segue: Essa lacuna parece ser preenchida satisfatoriamente pela ideia de que, sendo os direitos reais limitados compostos a partir da limitação do domínio, mediante destacamento dos poderes que o integram, deve-se aplicar a esses direitos reais limitados, que nada mais são do que relações jurídicas reais criadas a partir do domínio, os mesmos princípios que o regem, inclusive quanto às formas de aquisição.38 Defende ainda o autor que: Se é possível usucapir a propriedade plena, não há, portanto, como se olvidar a legalidade da usucapião da propriedade superficiária. Seria contraditório e afetaria toda a lógica do sistema jurídico se negar validade a essa hipótese. Nas hipóteses concretas, basta aplicar-se, quando não houver norma específica, as regras gerais aplicáveis à usucapião enquanto forma originária de aquisição da propriedade.39 36 AZEVÊDO, Pedro Pontes de. Usucapião da Propriedade Possível em Terras Públicas: o direito de superfície e à moradia em áreas de exclusão social. Curitiba: Juruá, 2016, p.166. 37 Idem. 38 Ibidem, p. 167. 39 Ibidem, p.168. 14 Desta forma, evidente, a possibilidade de aplicação da usucapião sobre a superfície ora concedida, independente se de forma onerosa ou gratuita, bem como com prazo determinado ou indeterminado, apesar de pouco utilizado o instituto se mostra muito relevante. 2.5 FORMAS DE EXTINÇÃO O Estatuto da Cidade, em seu artigo 23, dispõe que há duas possibilidades de extinção da concessão superficiária, sendo ela por advento do termo ou pelo descumprimento das obrigações contratuais assumidas pelo superficiário. Evidente que ao fim do termo, tal direito encontra-se extinto, mormente, Silvio de Salvo Venosa, expõe que no pacto de constituição por prazo determinado entende-se que o instituto se prorroga por prazo indeterminado, em caso de não manifestação das partes. A melhor solução é entender que no silêncio das partes o contrato passa a vigorar por prazo indeterminado, assim como o direito real. O caráter de permanência dos direitos reais não permite outra solução. Assim, haverá necessidade de notificação para a extinção do negócio, com prazo razoável [...]40 O artigo 24, § 2º, do Estatuto da Cidade, ressalta a necessidade da averbação da extinção do aludido termo, caso contrário, este permanecerá gerando efeitos erga omnes. Cristiano C. de Farias e Nelson Rosenvald tratam que: [...] extinta a concessão por averbação de seu cancelamento no Cartório do Registro Imobiliário, o proprietário ingressa na condição de titular da propriedade plena, adquirindo as acessões edificadas pelo superficiário – ou resgatando-as no caso de superfície por cisão – sem indenização a este,se nada constou no contrato.41 Alude-se também a possibilidade de extinção decorrente de sentença em processo no qual a matéria vem sendo discutida.42 40 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direitos Reais. 13.ed. São Paulo: Atlas, 2013, p. 448. 41 FARIAS, Cristiano Chaves de. ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil 5 – Reais. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015, p. 530. 42 Idem. 15 Tendo-se em vista que a superfície resulta em desmembramento da propriedade, quando esta for extinta ocorre o remembramento, voltando ao status quo ante. Amplas são as possibilidades de extinção advindas do contrato, dentre elas estão a hipótese de destinação diversa da superfície pelo superficiário, se nada for executado no solo, se houver falta de pagamento do solarium e dos tributos e se houver desapropriação do imóvel. Venosa aduz que: A superfície pode ser rescindida igualmente, por exemplo, se o imóvel é deixado em estado de abandono, permitindo o superficiário sua deterioração ou se o superficiário não edifica ou planta o que prometeu. Outras infrações contratuais podem ocorrer, cujo exame da gravidade dependerá do caso concreto. O Estatuto da Cidade menciona expressamente que o direito de superfície extingue-se pelo advento do termo e ''pelo descumprimento das obrigações contratuais assumidas pelo superficiário". Apesar de ser um direito real, a concessão será sempre regida pela dicção contratual.43 Nesta seara contratual, pode-se resolver o contrato ao qual concede a superfície, também por onerosidade excessiva, conforme pressuposto do artigo 478 do Código Civil, quando, por óbvio, a prestação se tornar onerosamente excessiva a uma das partes, destarte, com excessiva vantagem a outra. 2.6 DIREITO COMPARADO A fim de comparar nosso instituto, optou-se por Portugal, França e Argentina, países cujo regime jurídico seja civil law, bem como, não possuam regime socialista, aproximando-se do regime jurídico brasileiro. 2.6.1. Direito de Superfície na República Portuguesa O direito de superfície está presente no Código Civil Português, disposto do artigo 1.524 ao artigo 1.542, dividido em quatro capítulos. O primeiro capítulo é inaugurado com a disposição de que é possível construir ou manter, bem como executar obras ou fazer plantações em terreno alheio, de forma perpétua ou 43 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direitos Reais. 13.ed. São Paulo: Atlas, 2013, p. 448. 16 temporária, posteriormente, disciplina-se que é defeso a construção ou a manutenção de obra no subsolo, exceto se este for o objeto da concessão, há também a tratativa de que é permitido a construção sobre outro edifício, constituindo assim condomínio, garantindo também o direito as servidões caso necessário, ao que tange o direito constituído pelo estado este é regrado por legislação especial, aplicando subsidiariamente o artigo 1.527 do aludido código. A constituição da superfície em Portugal pode ser realizada por contrato, testamento ou usucapião, podendo resultar em alienação de obras ou árvores existentes no imóvel, na constituição podem as partes convencionar o preço da determinada superfície, devendo esta ser paga apenas em dinheiro, podendo ser paga em uma única prestação ou de forma anual, de forma perpétua ou temporária, assistindo ao proprietário o direito exigir o triplo das prestações caso ocorra atraso do pagamento. No direito português existe a previsão do direito de preferência, ademais, o que se mostra bem exauriente são as formas de extinção, que possuem seis possibilidades e são elas: [...] a) Se o superficiário não concluir a obra ou não fizer a plantação dentro do prazo fixado ou, na falta de fixação, dentro do prazo de dez anos; b) Se, destruída a obra ou as árvores, o superficiário não reconstruir a obra ou não renovar a plantação, dentro dos mesmos prazos a contar da destruição; c) Pelo decurso do prazo, sendo constituído por certo tempo; d) Pela reunião na mesma pessoa do direito de superfície e do direito de propriedade; e) Pelo desaparecimento ou inutilização do solo; f) Pela expropriação por utilidade pública.44 Podendo também ser extinta caso se descumpra alguma das diretrizes acordadas no contrato, ou por meio de alguma condição resolutiva. Estabelece o artigo 1.537 que a falta de pagamento das prestações anuais durante vinte anos enseja em extinção da obrigação de pagar, ademais, o superficiário não adquire a propriedade do solo, excetuando caso haja usucapião a seu favor. 44 REPÚBLICA PORTUGUESA. Código Civil: Decreto Lei nº 47.344, de 25 de novembro de 1966, artigo 1.536. 17 Evidente, que o direito de superfície brasileiro possui similitude com o direito de superfície português, pois deriva deste, principalmente ao que tange a forma de constituição e prazos, porém o direito português não expressa a possibilidade de constituição gratuita, outrossim, permite que as partes deliberem da forma como bem entendem. No código português existe previsão de aquisição da superfície por usucapião, já no brasileiro não existe tal previsão expressa. 2.6.2 Direito de Superfície na República Francesa O Código Civil Francês não contempla o direito de superfície, porém, conforme leciona Ricardo-César Pereira Lima: Inexiste, até hoje, no direito francês, uma regulamentação genérica do direito de superfície. Os juristas afirmam que sua legalidade não pode ser seriamente contestada, chegando a essa conclusão através da interpretação do artigo 533 do Código Civil Francês. 45 Orlando Gomes aduz que: O Código francês foi muito prudente na enumeração e disciplina dos direitos reais na coisa alheia. Explica-se o cuidado do legislador. Na época em que foi elaborado, a reação contra os ônus que gravavam a propriedade estava ainda muito acesa. A Revolução os extinguira. Havia o temor de que recrudescessem. Essa preocupação de eliminar todos os vestígios da ordem econômica substituída levou o legislador ao extremo de não qualificar o uso e o usufruto como servidões pessoais. A enfiteuse e o direito de superfície foram banidos.46 Embora não disciplinado ele é aplicado por meio de construção doutrinária e jurisprudencial, tendo que as construções, plantações e obras presumem ser de titularidade do proprietário do terreno sobre o qual tenha sido erguido ou cultivadas benfeitorias, caso não seja provado o contrário, conforme disposição de Ricardo- César: “Entende a doutrina francesa, bem como os tribunais gauleses, estes desde 1861, que na aludida ressalva si le contraire n’est prouvé (se o contrário não for provado) está implícito o direito de superfície.”47 45 LIRA, Ricardo Cesar Pereira. O Moderno Direito de Superfície: ensaio de uma teoria geral. Rio de Janeiro: EMERJ, 1979, p.32. 46 GOMES, Orlando. Direitos Reais. 21.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012, p. 408. 47 LIRA, Ricardo Cesar Pereira. Op. cit., p.32. 18 Portanto, aduz-se que ocorre, aplicação por analogia e por norma mais benéfica, sendo aplicado de forma bem distinta ao direito pátrio brasileiro, onde se possui previsão legal e mesmo assim existem diversas lacunas. 2.6.3 Direito de Superfície na República Argentina Na argentina, o Código Civil, prevê o direito de superfície no rol dos direitos reais, ademais apenas para imóveis rurais e com intuito de reflorestamento ou silvicultura, devendo este ser constituído por ato solene, qual seja, escritura pública, e posteriormente levado a registro ao registro imobiliário, podendo ser concedido por prazo máximo de cinquenta anos, sendo assim, não é admitido a possiblidade de concessão por prazo indeterminado ou perpétuo, porém, admite-se a concessão onerosa ou gratuita, devendo ser acordado em contrato. Assiste a possibilidade de transmissão, ademais, o adquirente deve respeitar o direito do superficiário, ficando assim impedido o proprietário de estabelecer direitos reaisde gozo ou garantia, existe também a previsão ao que tange o período de caducidade, sendo este de três anos caso não se inicie novas plantações, bem como, se prevê indenização por enriquecimento do proprietário, dado pela valoração do imóvel. 48 Se mostrando bem distinto ao direito de superfície brasileiro, onde é possível se constituir a acessão de superfície de imóveis urbanos e rurais, permitindo a instituição por prazo indeterminado e sem previsão de indenização por enriquecimento como no direito argentino. 2.7 COTEJO DO ESTATUTO DA CIDADE E CÓDIGO CIVIL É cristalino que o estatuto da cidade disciplina o tema em âmbito urbano, por ser lei especial possui eficácia superior ao Código Civil, mesmo sendo instituído anteriormente, ademais, percebe-se que ela permeia apenas sob os polos urbanos, fazendo com que o Código Civil trate das relações em imóveis rurais, e suprir lacunas do aludido estatuto, além disto, existem diversas divergências acerca do tema. 48 ANDRADE, Marcus Vinícius dos Santos. Superfície à Luz do Código Civil e do Estatuto da Cidade. Curitiba: Juruá, 2009, p.70. 19 2.7.1 Aplicação Temporal O Código Civil em seu artigo 1.369 determina que a concessão deve ser exercida por tempo determinado, há interpretação de que tal previsão existe para que a cessão não se torne perpétua, de outro lado o Estatuto da Cidade disciplina que pode haver a concessão tanto por tempo determinado, quanto por indeterminado. Cabendo assim aos imóveis urbanos o acordo entre as partes. Carlos Roberto Gonçalves defende que: Não se justifica, realmente, a permissão para que seja indefinida a duração dos direitos reais imobiliários de uso e gozo que implicam desmembramento do domínio. Deve ficar a critério dos contratantes a estipulação de prazo que atenda aos seus interesses.49 Conquanto o Código Civil permita apenas a constituição por tempo determinado, podem as partes convencionar, o que melhor atenda suas necessidades, e estipular prazos, que via de regra, se tornem perpétuos. Ademais, Silvio de Salvo Venosa discorre que, a admissão do prazo indeterminado é inconveniente, sobretudo porque o Estatuto da Cidade não disciplina o prazo razoável de resilição.50 Sendo assim, segundo Venosa: “Temos dois tratamentos diversos para o mesmo instituto em nosso ordenamento. De qualquer forma, quando o direito de superfície for concedido por prazo indeterminado, devem as partes se acautelar prevendo um prazo razoável para a denúncia vazia.”51 2.7.2 Utilização do Subsolo e Espaço Aéreo. O parágrafo primeiro do artigo 21 do Estatuto da Cidade trata que a concessão da superfície abrange o solo, subsolo e o espaço aéreo, atendendo a legislação urbanística municipal, por vez, o Código Civil destoa ao que tange o subsolo, dispondo que a concessão é apenas do solo, do subsolo apenas quando 49 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil 2: Contratos em Espécie e Direito das Coisas. 4.ed. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 740 50 IX SIMPÓSIO NACIONAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL, 2010, Curitiba. ANAIS DO IX SIMPÓSIO NACIONAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL. Curitiba: ABDConst, 2011, p. 125. 51 Idem. 20 for objeto da concessão, por derradeiro não há previsão contrária a utilização do espaço aéreo. Tendo assim, que analisar se a utilização é essencial ao direito constituído, pois pela propria denominação, cede-se apenas a superfície. Venosa dispõe que: “É claro que as fundações para a edificação devem ser consideradas necessárias para o exercício do direito. Da mesma forma, se foi contratada a construção de garagens ou pavimentos no subsolo, essa utilização deve ser admitida.”52 2.7.3 Concessão Gratuita ou Onerosa Ambos os institutos disciplinam a gratuidade ou onerosidade da concessão, o Código Civil trata do disposto artigo 1.370, e disciplina que caso onerosa podem as partes estipular se o pagamento ocorrerá apenas uma vez ou de forma parcelada, o artigo 21, §2º do Estatuto da Cidade versa sobre a onerosidade e a gratuidade, ademais, não prevê como deverá ser realizado o pagamento caso oneroso seja, cabendo assim a interpretação do Código Civil ou o estipulado em contrato entre as partes. A doutrina de Carlos Roberto Gonçalves expende que o solarium ou cânon superficiário é a importância paga periodicamente, ou de uma só vez, pelo concessionário ao concedente, na superfície remunerada.53 Resta salientar que há lacunas sobre a onerosidade, cabendo buscar o entendimento na doutrina. Contudo Flávio Tartuce trata que para realização de pagamentos parcelados, deve-se indicar o preço global, as palavras dele: No caso do pagamento parcelado da remuneração, parece ter razão o entendimento que aponta pela necessidade, em regra, de indicação do preço global da concessão, o que está em sintonia com a eticidade[...].54 52 IX SIMPÓSIO NACIONAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL, 2010, Curitiba. ANAIS DO IX SIMPÓSIO NACIONAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL. Curitiba: ABDConst, 2011, p. 126. 53 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil 2: Contratos em Espécie e Direito das Coisas. 4.ed. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 741 54 TARTUCE, Flávio. Direito Civil: direito das coisas - vol. 4. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017, p. 231. 21 Tartuce expende também sobre quando não é possível a determinação de preço global, ipsis literis: Eventualmente, caso tal fixação não seja possível, é possível a estipulação de um preço estimativo, “até porque, dento da pretensão de usar o direito de superfície como vetor facilitador para atingir a função social da propriedade, não vemos óbice em que o preço (ou parte do mesmo) seja pago através de participação do proprietário nos frutos (naturais ou civis) que o superficiário colha a partir da implantação do direito de superfície”55 De acordo ao exposto extrai-se que pode o superficiário utilizar da propriedade para cumprir os pagamentos da mesma, utilizando-a de forma comercial ou colhendo os frutos ali presentes, os quais incorporam a cessão superficiária. 2.7.4 Responsabilidade ao que Tange os Encargos e Tributos Conjuntamente os diplomas disciplinam o tema, no Código Civil há disposição no artigo 1.371 e no Estatuto da Cidade o artigo 21 §3º, ambos expendem a quanto a responsabilidade tributária em face do superficiário. Entendendo por encargos, tudo que não se configure tributos, como taxa de condomínio, energia, água e saneamento, visto que há desfrute destes bens, por parte do superficiário. No artigo 1.371 do Código Civil, tem-se a previsão de que o superficiário responderá pelos encargos e tributos que incidirem sobre o imóvel. Andrade, portanto, leciona que: “Ora, o imóvel compõe as duas propriedades, a do solo e a da superfície. O limite da responsabilização do superficiário está correto, porque além de proprietário das construções ou plantações, ocupa o solo, utilizando-o.”56 Em contrapartida, o artigo 21 § 3º, dispõe que o superficiário deverá responder integralmente pelos encargos e tributos que incidirem sobre a propriedade superficiária, levando em consideração a sua parcela de ocupação efetiva. Em atenção ao dispositivo da lei, de acordo com Marcus Andrade: [...] o Estatuto da Cidade não se refere a imóvel, estabelecendo a diferença das propriedades, que formam o seu conjunto ao mencionar a superficiária 55 TARTUCE, Flávio. Direito Civil: direito das coisas - vol. 4. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017, p. 231. 56 ANDRADE, Marcus Vinícius dos Santos. Superfície à Luz do Código Civil e do Estatuto da Cidade. Curitiba: Juruá, 2009, p. 152. 22 e a do solo. Pela redação de seu texto, o superficiário responde pelos encargos e tributos referentes à propriedade superficiária e, proporcionalmente, à sua ocupação, ou melhor, ao seu uso efetivo da área, na pressuposição de que parte dela poderápermanecer sob utilização do proprietário do solo.57 Destaca o Estatuto da Cidade que pode o contrato dispor o contrário, onde o Código Civil não contempla essa possibilidade, caso haja essa disposição contrária, o seu cumprimento terá como base o direito obrigacional. 2.7.5 Transferência da Concessão e Alienação Ambos os diplomas legais, tratam de mesma forma a transferência e a alienação, dispondo que pode se transferir a terceiros e quando houver a morte do superficiário aos seus herdeiros, quando a terceiros deve-se obedecer os termos do contrato ao qual foi concedida a superfície, de mesmo modo, ao advento do termo, quando em caráter temporário, a superfície é restituída ao nu-proprietário. Tem-se pacificado o entendimento de que se transfere a superfície aos herdeiros, quando a concessão for levada a registro público, não cabendo assim, em contratos particulares. Na transferência por causa mortis, existe o dever de recolhimento do imposto de transmissão causa mortis e doação, o qual incide sobre o valor venal da quota parte objeto da concessão de superfície. A jurisprudência do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, do relator Desembargador João Egmont, nos demonstra tal entendimento: PROCESSO CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE INVENTÁRIO E PARTILHA. DIREITO DE SUPERFÍCIE. TRANSMISSIBILIDADE. CÓDIGO CIVIL E ESTATUTO DA CIDADE (ART. 21). COMPROVAÇÃO. ESCRITURA PÚBLICA. 1. Agravo de instrumento tirado contra interlocutória proferida em sede de inventário e partilha, que determinou a exclusão de bem denominado Chácara Menino Jesus 123, Setor P Norte - Ceilândia/DF, diante da informação, prestada pela TERRACAP, quanto à impossibilidade da escrituração do imóvel em nome do espólio de Odilon Alves, haja vista não ter sido firmado contrato de concessão de uso junto à extinta Fundação Zoobotânica do Distrito Federal. 2. Destarte, uma das principais marcas do direito de superfície é sua transmissibilidade, por ato inter vivos, oneroso ou gratuito, ou causa mortis. 2.1 Todavia, apesar de o direito de superfície, entendido como sendo direito real de ter construção ou plantação em solo alheio, ser passível de transmissão aos herdeiros, por morte do superficiário (artigo 1.372 do CCB), a forma legal de instituição do referido instituto é por 57 ANDRADE, Marcus Vinícius dos Santos. Superfície à Luz do Código Civil e do Estatuto da Cidade. Curitiba: Juruá, 2009, p. 152. 23 meio de escritura pública (arts. 21 do Estatuto da Cidade e 1.369 do CC/2002). 2.2 No mesmo sentido, o artigo 21, da Lei 10.257/2001(Estatuto da Cidade), prescreve que "o proprietário urbano poderá conceder a outrem o direito de superfície do seu terreno, por tempo determinado ou indeterminado, mediante escritura pública registrada no cartório de registro de imóveis". 3. Inviável cogitar-se de transmissibilidade, aos herdeiros, de direito de superfície não instituído regularmente por meio de instrumento público, em razão de o imóvel seja objeto de parcelamento irregular. 4. Agravo improvido.58 Ao que tange a alienação ressalta-se que pode ser objeto de alienação o imóvel em seu inteiro teor, bem como, apenas a superfície ora concedida, em ambos os casos, assiste-se direito de preferência ao proprietário e ao superficiário em iguais condições, conforme denota o artigo 22 do Estatuto da Cidade e o artigo 1.373 do Código Civil. Bem como, o enunciado nº 510 da I Jornada de Direito Civil, orienta que: Ao superficiário que não foi previamente notificado pelo proprietário para exercer o direito de preferência previsto no artigo 1.373 do CC é assegurado o direito de, no prazo de seis meses, contado do registro da alienação, adjudicar para si o bem mediante depósito do preço. 59 Contudo, Flávio Tartuce alude que caso tal preferência não seja respeitada não se prevê quaisquer consequências, cabendo então, a aplicação doutrinária, das quais se formam três correntes de pensamento, são elas: A primeira, defendida por Pablo Stolze Gagliano, Silvio de Salvo Venosa, Jones Figueiredo Alves e Mário Luiz Delgado: [...] o fundieiro ou superficiário preterido somente pode pleitear perdas e danos da outra parte, o que é aplicação da cláusula de preferência da compra e venda (arts. 513 a 520 do CC/2002). Subsume-se o artigo 518 do CC, pelo qual: “Responderá por perdas e danos o comprador, se alienar a coisa sem ter dado ao vendedor ciência do preço e das vantagens que por ele lhe oferecem. Responderá solidariamente o adquirente, se tiver procedido de má-fé”.60 A segunda vertente a qual possui como defensores Maria Helena Diniz e Marco Aurélio Bezerra de Melo, trata que deve-se aplicar, por analogia, o artigo 33 58 BRASIL. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios. Acórdão nº 781.347. Apelado: SUELI ALEXANDRE E SILVA e OUTROS. Relator: Desembargador João Egmont. Distrito Federal, 23 abr. 2014. 59 AGUIAR JÚNIOR, Ministro Ruy Rosado de. Jornadas de direito civil I, III, IV e V: enunciados aprovados. Brasília: Conselho Nacional de Justiça, 2012, p.72. 60 TARTUCE, Flávio. Direito Civil: direito das coisas - vol. 4. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017, p. 232. 24 da Lei de Locação, sendo assim, cabendo alienação da coisa mediante o depósito do preço ou perdas e danos. 61 A terceira, com o maior número de defensores, sendo eles Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald, Rodrigo Reis Mazzei, Gustavo Tepedino, Maria Celina Bodin de Moraes e Heloísa Helena Barboza, preleciona que: [...] aplica-se o artigo 504 do CC/2002, que trata do direito de preferência ou prelação legal a favor do condômino no condomínio de coisa indivisível. A aplicação por analogia está fundada na proximidade real entre os institutos, o que não ocorre nos caminhos percorridos pelas correntes anteriores. O prazo decadencial para a ação de adjudicação da coisa é de 180 dias, a contar da ciência da alienação realizada ao terceiro. 62 Cabendo a análise dos fatos e fundamentos para melhor decidir qual corrente aplicar. CONSIDERAÇÕES FINAIS Dado o exposto, conclui-se que, existe um conflito aparente de normas, onde o Código Civil e o Estatuto da Cidade disciplinam o mesmo tema. O Estatuto da Cidade, lei especial com objetivo de desenvolvimento urbano, juntamente com a concessão do direito real de uso e a transferência do direito de construir, possui eficácia superior a norma geral, sendo esta última aplicada em caráter residual. Não resta dúvidas que o Código Civil se aplica aos imóveis rurais e aos urbanos apenas quando não houver plano urbanístico. Nos imóveis considerados urbanos, deve-se observar o Estatuto da Cidade, e na omissão, o Código Civil. O conflito surge a partir do tempo de concessão, onde o Estatuto da Cidade prevê a possibilidade de concessão por prazo determinado e indeterminado, não obstante, o Código Civil prevê apenas a concessão com prazo determinado, para que a cessão não se torne perpétua, cabendo então, nos imóveis urbanos, o acordo contratual. Ao que tange o objeto, tem-se o Estatuto da Cidade, com a previsão de que pode se realizar a concessão do solo, subsolo e espaço aéreo do imóvel, de outro 61 Idem. 62 TARTUCE, Flávio. Direito Civil: direito das coisas - vol. 4. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017, p. 232. 25 lado, o Código Civil, prevê a impossibilidade de concessão do subsolo, salvo se este for objeto da concessão, sendo omisso ao espaço aéreo. Outro conflito é quanto aos encargos e tributos, onde a responsabilidade sempre correrá por conta do superficiário. O Estatuto da Cidade prevê que o superficiário responde integralmente pelos tributos e encargos incidentes sobre a propriedade superficiária, ou seja, de sua parcela de efetiva ocupação, onde o Código Civil evidencia que o superficiário responderá sobre o imóvel, não fazendo alusão se é apenasa parte concessionada, cabendo novamente, o acordo inter partes. Por regra, a cessão de superfície pode ser transferida a terceiros, e por morte do superficiário, aos herdeiros. O Código Civil veda a convenção de valores a título de transferência, já o Estatuto da Cidade, nada versa, portanto, entende-se que há permissibilidade para estipulação de valores a fim de ocorrer a transferência a terceiros. Sendo cristalino que a aplicação de um ou outro diploma, será definido conforme localização do imóvel, e a finalidade almejada com a concessão, em suma, a mais importante ao definir a aplicação da lei. REFERÊNCIAS ANDRADE, Marcus Vinícius dos Santos. Superfície à Luz do Código Civil e do Estatuto da Cidade. Curitiba: Juruá, 2009. AZEVÊDO, Pedro Pontes de. Usucapião da Propriedade Possível em Terras Públicas: o direito de superfície e à moradia em áreas de exclusão social. Curitiba: Juruá, 2016. BARBOSA, Diana Coelho. Direito de Superfície: à luz do estatuto da cidade. Curitiba: Juruá, 2001. BRASIL. Código Civil. Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. _______. Constituição Federal de 1988 _______. Lei n° 10.257 de 10 de julho de 2011. Estatuto da Cidade. COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil: Direito das Coisas – Direito Autoral. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. FARIAS ,Cristiano Chaves de. ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil 5 – Reais. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015. 26 FIUZA, César. Direito Civil: curso completo. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016. GAGLIANO, Pablo Stolze. FILHO, Rodolfo Pamplona. Manual de Direito Civil: Volume Único. 1. Ed. São Paulo: Saraiva, 2017. GODOY, Cláudio Luiz Bueno de. et al. Código Civil Comentado: doutrina e jurisprudência. 4. ed. Barueri: Manole, 2010. GOMES, Orlando. Direitos Reais. 21.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil 2: Contratos em Espécie e Direito das Coisas. 4.ed. São Paulo: Saraiva, 2016. _______. Direito Civil Brasileiro 5. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. GORAYB, Rima. 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Rio de Janeiro: Forense, 2017. _______. Manual de Direito Civil: Volume Único. 4. ed. Rio de Janeiro: Método, 2018. _______. Manual de Direito Civil: Volume Único. 8. ed. Rio de Janeiro: Método, 2018. VENOSA, Sílvio de Salvo. Direitos Reais. 13.ed. São Paulo: Atlas, 2013. 27 _______. Direitos Reais. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2015. _______. Código Civil Interpretado. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011. 28 AGRADECIMENTOS Primeiramente, a minha família, em especial meus pais, pelo amor e incentivo, que em nenhum momento mediram esforços para que meu sonho se tornasse realidade, que em momentos de dificuldade e desespero me incentivaram e me deram forças a seguir em frente e buscar pelo conhecimento. A minha irmã Mayne que sempre ao meu lado está. A minha saudosa namorada, Pamela, minha grande companheira que nos momentos mais difíceis e nos mais alegres, estava ao meu lado me encorajando a buscar o melhor e superar desafios. Existem pessoas que realmente fazem a diferença na nossa vida, que nos servem de exemplo, de força e perseverança, essas pessoas, minha tia Vaudete, e minha avó Orilina, e igual gratidão por meu tio Cilso. Faço consideração aos meus colegas e amigos do curso, os quais tive a honra de dividir parte do meu tempo e compartilhar conhecimentos, inclusive para a elaboração deste artigo. Por derradeiro, ao meu orientador Prof. Dr. Guilherme Helfenberger Galino Cassi, grande mestre, que me auxiliou de forma grandiosa na elaboração deste artigo, indicando a melhor maneira de desenvolver, bem como, indicando bibliografias e materiais para o enriquecimento do trabalho. A todos meu sincero e eterno agradecimento!
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