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Civil Parte Geral

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2 
 
SUMÁRIO 
1. DIREITO CIVIL E CONSTITUIÇÃO ................................................................................................................ 3 
2. DIVISÃO DA PARTE GERAL ......................................................................................................................... 4 
3. PESSOAS NATURAIS ................................................................................................................................... 5 
4. TUTELA E CURATELA ................................................................................................................................ 22 
AÇÃO DE TUTELA............................................................................................................................................. 27 
AÇÃO DE INTERDIÇÃO E NOMEAÇÃO DE CURADOR ..................................................................................... 34 
5. DIREITOS DA PERSONALIDADE ................................................................................................................ 38 
6. AUSÊNCIA ................................................................................................................................................ 62 
7. PESSOAS JURÍDICAS ................................................................................................................................. 63 
8. DOMICÍLIO ............................................................................................................................................... 77 
9. BENS JURÍDICOS ....................................................................................................................................... 82 
10. FATOS JURÍDICOS ............................................................................................................................... 98 
11. NEGÓCIO JURÍDICO ........................................................................................................................... 109 
AÇÃO DE ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO .............................................................................................. 154 
AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE NEGÓCIO JURÍDICO ..................................................................... 157 
AÇÃO REVOCATÓRIA OU AÇÃO PAULIANA ................................................................................................. 160 
12. ATO ILÍCITO ...................................................................................................................................... 179 
13. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA ........................................................................................................... 194 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
1. DIREITO CIVIL E CONSTITUIÇÃO 
 
Apesar de o Direito Civil ser ramo do direito privado, em razão de ter utilidade 
particular, deve ser interpretado a luz das normas constitucionais. Os ramos do Direito não 
podem ser interpretados de forma isolada e estanque. Há, nesse sentido, a chamada 
constitucionalização do direito privado ou do direito civil. Este processo refere-se a 
aplicação das normas constitucionais na interpretação do direito privado. 
Então, se houver a interpretação das leis civis de acordo com a Constituição e os 
direitos fundamentais haverá a possibilidade da permanente evolução do Direito Civil, 
adaptando-se, dessa maneira, à evolução da sociedade. 
No direito brasileiro, este processo ocorreu, especialmente, a partir da Constituição 
Federal de 1988, quando as normas garantidoras de direitos e garantias fundamentais 
passaram a ser aplicados e respeitados no âmbito civil. Com isto, o direito civil está, 
permanentemente sob a tutela constitucional e os direitos fundamentais, que já eram 
respeitados por parte do Estado, passam a ser, também, no âmbito privado, nas relações 
entre particulares. Exemplo disto são os direitos fundamentais da igualdade, liberdade, 
dignidade, devido processo legal, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
01 
 
4 
 
PA
RT
E 
GE
RA
L
DAS PESSOAS
pessoas naturais
pessoas jurídicas
domicílio
DOS BENS
DOS FATOS 
JURÍDICOS
negócios jurídicos
atos jurídicos lícitos
atos ilícitos
prescrição e decadência
prova 
 
2. DIVISÃO DA PARTE GERAL 
O Código Civil divide a parte geral em três partes. A teoria das pessoas, que trabalha 
com os sujeitos de direitos (pessoas naturais e jurídicas); a teoria dos bens, que se destina 
a estudar os objetos de direitos; e a teoria dos fatos, que são os eventos que criam, 
modificam, conservam, transferem ou extinguem direitos (negócios jurídicos, atos jurídicos 
– lícitos e ilícitos, prescrição e decadência, prova). 
Existe, portanto, uma lógica de estudo. 1) estudam-se as pessoas; 2) estudam-se os 
bens, que são os objetos dos direitos; 3) estuda-se os fatos jurídicos, ou seja, o meio pelo 
qual nascem, modificam-se e extinguem-se os direitos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
02 
 
5 
 
 
3. PESSOAS NATURAIS 
A função do Direito é regular a sociedade e esta última é formada de pessoas. A todo 
direito, corresponde um sujeito, que é, então, o titular. 
É nesse sentido o art. 1.º, CC: “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem 
civil”. 
Somente as pessoas podem ser sujeitos de Direito, sejam elas naturais ou jurídicas. 
Animais e coisas são objetos do Direito, mas não podem ser sujeitos dele. 
A questão, agora, é saber a partir de quando a pessoa pode ser considerada sujeito 
de Direito, ou seja, basta que uma pessoa nasça para que seja assim considerada e, dessa 
forma, adquira personalidade. 
 
3.1. Personalidade/ Aquisição da personalidade jurídica 
Personalidade jurídica é a “aptidão genérica para titularizar direitos e contrair 
obrigações, ou, em outras palavras, é o atributo necessário para ser sujeito de direito”1. A 
partir do momento em que o sujeito tem personalidade, que ele se torna sujeito de direito, 
podendo praticar atos e negócios jurídicos. 
O art. 2.º, CC afirma que a personalidade civil começa com o nascimento com vida, 
mas traz a ressalva de que a lei protege os direitos do nascituro desde a concepção: 
 
Art. 2.º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei 
põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. 
 
Dessa maneira, o marco inicial da personalidade é o nascimento com vida. O 
nascimento ocorre quando a criança é separada do ventre materno, seja por parto natural, 
seja por cesárea. O importante é que a unidade biológica seja desfeita, de forma que mãe 
e filho sejam dois corpos, cada um com uma vida biológica e orgânica própria. 
Mas como saber se houve nascimento com vida? Basta que a criança tenha respirado. 
Se respirou, viveu, mesmo que tenha morrido em seguida. Neste caso, lavra-se o assento 
de nascimento e o de óbito (art. 53, § 2.º, Lei de Registros Públicos). 
 
1 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: parte geral. 18.ed. v.1. 
São Paulo: Saraiva, 2016, p. 132. 
03 
 
6 
 
Qual o motivo de toda essa importância dada ao nascimento com vida, a saber se a 
criança respirou ou não? Traga-se um exemplo para clarificar. 
Ex.: casal João e Maria, casados pelo regime da separação de bens. João falece e 
Maria está grávida. Se o filho de Maria e João nascer com vida, respirar, tornar-se-á 
herdeiro do patrimônio junto com Maria. Assim, se ele falecer em seguida, Maria receberá 
todo o patrimônio, pois é herdeira do filho. Contudo, se a criança não tiver respirado, o 
patrimônio de João será transmitido a Maria e aos pais de João. 
Como é feita a constatação do nascimento com vida? Através de um exame chamado 
docimasia hidrostática de Galeno, que se baseia no princípio de que se o feto respirou, 
inflou de ar seus pulmões. Assim, retirando-se os pulmões do feto que veio a falecer, 
colocando-se em um recipiente com água,se tiver havido respiração, o pulmão flutuará. 
Caso não tenha havido respiração, o pulmão, não tendo recebido ar, estando com as 
paredes alveolares unidas, afundará. Atualmente já existem outras formas de verificar a 
respiração, pois é possível, através de exame microscópio de fragmentos do pulmão 
verificar se possui bolhas de ar ou não. 
 
3.1.1. Nascituro 
Há discussões, com relação aos direitos do nascituro, sobre o fato de que se o Brasil 
adotou a teoria natalista ou concepcionista. 
Nascituro é aquele que está por nascer, ou seja, aquele que está se desenvolvendo 
no ventre materno, que foi concebido, mas não nasceu ainda. 
O art. 2.º, CC protege os direitos do nascituro desde sua concepção. 
Assim, pela teoria natalista, quando a personalidade só é adquirida com o 
nascimento com vida, o nascituro só teria expectativa de direito. Contudo, isto não está 
pacificado na doutrina. 
Há defensores da teoria da personalidade condicional, que entendem que o 
nascituro tem direitos em condição suspensiva, ou seja, possui uma personalidade 
condicional, que surge, com o nascimento com vida. ADEPTOS: Arnold Wald, Serpa Lopes, 
Sílvio Rodrigues, Caio Mario. 
Há, ainda, a teoria concepcionista, que entende que a aquisição da personalidade 
ocorre desde a concepção e, a partir de então, o feto já é sujeito de direitos. Admite-se, 
 
7 
 
neste caso, a fixação de direitos patrimoniais, como o direito a alimentos, p.ex. ADEPTOS: 
Teixeira de Freitas, Clóvis Beviláqua, Limongi França. 
Também não se pode deixar de considerar que existem autores, como Maria Helena 
Diniz e Carlos Roberto Gonçalves, que defendem que a personalidade do nascituro confere 
aptidão unicamente para titularizar direitos personalíssimos (sem qualquer conteúdo 
patrimonial), como, por exemplo, o direito à vida, a uma gestação saudável. Os direitos 
patrimoniais só estariam sujeitos àqueles que tivessem nascimento com vida. 
Tradicionalmente, o Brasil adota a teoria natalista, ainda que a teoria concepcionista 
venha ganhando força, especialmente na jurisprudência do STJ: 
 
DIREITO CIVIL. ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO. ABORTO. AÇÃO DE 
COBRANÇA. SEGURO OBRIGATÓRIO. DPVAT. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. 
ENQUADRAMENTO JURÍDICO DO NASCITURO. ART. 2º DO CÓDIGO CIVIL DE 
2002. EXEGESE SISTEMÁTICA. ORDENAMENTO JURÍDICO QUE ACENTUA A 
CONDIÇÃO DE PESSOA DO NASCITURO. VIDA INTRAUTERINA. 
PERECIMENTO. INDENIZAÇÃO DEVIDA. 
ART. 3º, INCISO I, DA LEI N. 6.194/1974. INCIDÊNCIA. 
1. A despeito da literalidade do art. 2º do Código Civil - que condiciona a aquisição 
de personalidade jurídica ao nascimento -, o ordenamento jurídico pátrio aponta 
sinais de que não há essa indissolúvel vinculação entre o nascimento com vida e o 
conceito de pessoa, de personalidade jurídica e de titularização de direitos, como 
pode aparentar a leitura mais simplificada da lei. 
2. Entre outros, registram-se como indicativos de que o direito brasileiro confere ao 
nascituro a condição de pessoa, titular de direitos: exegese sistemática dos arts. 1º, 
2º, 6º e 45, caput, do Código Civil; direito do nascituro de receber doação, herança 
e de ser curatelado (arts. 542, 1.779 e 1.798 do Código Civil); a especial proteção 
conferida à gestante, assegurando-se-lhe atendimento pré-natal (art. 8º do ECA, o 
qual, ao fim e ao cabo, visa a garantir o direito à vida e à saúde do nascituro); 
alimentos gravídicos, cuja titularidade é, na verdade, do nascituro e não da mãe (Lei 
n. 11.804/2008); no direito penal a condição de pessoa viva do nascituro - embora 
não nascida - é afirmada sem a menor cerimônia, pois o crime de aborto (arts. 124 
a 127 do CP) sempre esteve alocado no título referente a "crimes contra a pessoa" 
e especificamente no capítulo "dos crimes contra a vida" - tutela da vida humana 
em formação, a chamada vida intrauterina (MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de 
direito penal, volume II. 25 ed. São Paulo: Atlas, 2007, p. 62-63; NUCCI, Guilherme 
de Souza. Manual de direito penal. 8 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012, p. 
658). 
3. As teorias mais restritivas dos direitos do nascituro - natalista e da personalidade 
condicional - fincam raízes na ordem jurídica superada pela Constituição Federal de 
1988 e pelo Código Civil de 2002. O paradigma no qual foram edificadas transitava, 
essencialmente, dentro da órbita dos direitos patrimoniais. Porém, atualmente isso 
não mais se sustenta. Reconhecem-se, corriqueiramente, amplos catálogos de 
direitos não patrimoniais ou de bens imateriais da pessoa - como a honra, o nome, 
imagem, integridade moral e psíquica, entre outros. 
4. Ademais, hoje, mesmo que se adote qualquer das outras duas teorias restritivas, 
há de se reconhecer a titularidade de direitos da personalidade ao nascituro, dos 
quais o direito à vida é o mais importante. Garantir ao nascituro expectativas de 
direitos, ou mesmo direitos condicionados ao nascimento, só faz sentido se lhe for 
 
8 
 
garantido também o direito de nascer, o direito à vida, que é direito pressuposto a 
todos os demais. 
5. Portanto, é procedente o pedido de indenização referente ao seguro DPVAT, com 
base no que dispõe o art. 3º da Lei n. 
6.194/1974. 
Se o preceito legal garante indenização por morte, o aborto causado pelo acidente 
subsume-se à perfeição ao comando normativo, haja vista que outra coisa não 
ocorreu, senão a morte do nascituro, ou o perecimento de uma vida intrauterina. 
6. Recurso especial provido. 
(REsp 1415727/SC, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, 
julgado em 04/09/2014, DJe 29/09/2014) 
 
RECURSO ESPECIAL. DIREITO SECURITÁRIO. SEGURO DPVAT. 
ATROPELAMENTO DE MULHER GRÁVIDA. MORTE DO FETO. DIREITO À 
INDENIZAÇÃO. INTERPRETAÇÃO DA LEI Nº 6194/74. 1 - Atropelamento de 
mulher grávida, quando trafegava de bicicleta por via pública, acarretando a morte 
do feto quatro dias depois com trinta e cinco semanas de gestação. 2 - 
Reconhecimento do direito dos pais de receberem a indenização por danos 
pessoais, prevista na legislação regulamentadora do seguro DPVAT, em face da 
morte do feto. 3 - Proteção conferida pelo sistema jurídico à vida intra-uterina, desde 
a concepção, com fundamento no princípio da dignidade da pessoa humana. 4 - 
Interpretação sistemático-teleológica do conceito de danos pessoais previsto na Lei 
nº 6.194/74 (arts. 3º e 4º). 5 - Recurso especial provido, vencido o relator, julgando-
se procedente o pedido. (STJ, REsp 1120676/SC, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, 
Rel. p/ Acórdão Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, 
julgado em 07/12/2010, DJe 04/02/2011) 
 
Na decisão acima, verifica-se que foi reconhecia a aptidão para ser sujeito de direitos 
do nascituro, independentemente de ter personalidade ou de ser pessoa. Reconhecido, 
neste caso, o direito ao recebimento de seguro DPVAT por morte do nascituro. 
 
DIREITO CIVIL. DANOS MORAIS. MORTE. ATROPELAMENTO. COMPOSIÇÃO 
FÉRREA. AÇÃO AJUIZADA 23 ANOS APÓS O EVENTO. PRESCRIÇÃO 
INEXISTENTE. INFLUÊNCIA NA QUANTIFICAÇÃO DO QUANTUM. 
PRECEDENTES DA TURMA. NASCITURO. DIREITO AOS DANOS MORAIS. 
DOUTRINA. ATENUAÇÃO. FIXAÇÃO NESTA INSTÂNCIA. POSSIBILIDADE. 
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. I - Nos termos da orientação da Turma, o 
direito à indenização por dano moral não desaparece com o decurso de tempo 
(desde que não transcorrido o lapso prescricional), mas é fato a ser considerado na 
fixação do quantum. II - O nascituro também tem direito aos danos morais pela 
morte do pai, mas a circunstância de não tê-lo conhecido em vida tem influência na 
fixação do quantum. III - Recomenda-se que o valor do dano moral seja fixado desde 
logo, inclusive nesta instância, buscando dar solução definitiva ao caso e evitando 
inconvenientes e retardamento da solução jurisdicional. (STJ, REsp 399028/SP, 
Rel. Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TURMA, julgado em 
26/02/2002, DJ 15/04/2002, p. 232) 
 
O STF não tem posição formada. Ora segue a teoria natalista, ora a concecpionista 
(VER JULGAMENTO ADPF 54 – QUAL O ENTENDIMENTOQUE TIVERAM?) No 
julgamento da ADIn 3510 o STF entendeu, pelo relator, Min. Carlos Ayres Britto que o 
 
9 
 
nascituro só tem proteção com a implantação do embrião no útero materno, permitindo, 
assim, a pesquisa com células tronco embrionárias. 
O certo é que ao nascituro são reconhecidos certos direitos, desde que reconhecida 
sua personalidade e, posteriormente, sua capacidade. Sendo assim, possui capacidade 
reduzida. 
Mas o art. 2.º, CC também protege os direitos do natimorto, ou seja, aquele que não 
chegou a nascer com vida (não chegou a respirar). Nesse aspecto, o enunciado 1 das 
Jornadas de Direito Civil prevê que há a proteção do nome, da imagem e da sepultura: 
 
A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne 
aos direitos da personalidade, tais como: nome, imagem e sepultura. 
 
3.2. Capacidade de fato e Capacidade de direito 
As pessoas naturais possuem dois tipos de capacidade: capacidade de direito e 
capacidade de fato. 
Adquirida a personalidade jurídica, toda pessoa passa a ser capaz de direitos e 
obrigações. Dessa forma, passa a ter a capacidade de direito, ou seja, a aptidão que as 
pessoas têm, conferida pelo ordenamento jurídico, para serem titulares de uma situação 
jurídica. 
Assim, toda pessoa tem capacidade de direito. Contudo, nem todos podem exercer 
seus direitos pessoalmente, pois pode faltar a consciência para o exercício de atos de 
natureza privada, em razão de determinadas limitações (orgânicas – idade, p.ex. – ou 
psicológicas – viciados em tóxicos). Estes detêm apenas a capacidade de direito. 
Aqueles que puderem atuar pessoalmente no exercício de seus direitos terão, além 
da capacidade de direito, a capacidade de fato. 
Assim, aqueles que tiverem as duas capacidades – de fato e de direito – terão a 
capacidade civil plena. 
 
10 
 
 
 
Contudo, capacidade é diferente de legitimidade/legitimação. Muitas vezes, uma 
pessoa capaz não é legitimada a praticar determinados atos. 
Ex.: art. 1521, IV, CC – dois irmãos, ainda que capazes, não poderão casar entre si, 
pois não há legitimação. Se não for respeitado esse impedimento, haverá nulidade do 
matrimônio. 
Ex.: art. 1.647, I – atos de alienação, praticados por pessoa casada. Há a necessidade 
de autorização do cônjuge. Se não for respeitada essa legitimação e a alienação for feita 
sem a autorização do cônjuge, o negócio será anulável, dentro do prazo de 2 anos, a contar 
do fim da sociedade conjugal (art. 1.649, CC). 
 
3.3. Incapacidades 
As pessoas que não possuem a capacidade de fato têm capacidade limitada e são 
chamadas de incapazes. Não existe incapacidade de direito, já que, conforme o art. 2.º, 
CC todos que nascem com vida adquirem a capacidade de direito (mas não a de fato). 
Dessa maneira, as incapacidades são restrições impostas às pessoas, em condições 
peculiares, que necessitam, em razão dessa condição, de proteção especial. 
Deve-se destacar que o Estatuto da Pessoa com Deficiência, Lei 13.246/2015, 
alterou significativamente a teoria das incapacidades. 
CA
PA
CI
DA
DE
 C
IV
IL
 P
LE
N
A Capacidade de Direito
comum a toda pessoa.
inerente a personalidade
toda pessoa é capaz de 
direitos e deveres
termina com a morte
Capacidade de Fato
relacionada com o exercício 
dos atos da vida civil
nem todas as pessoas 
possuem capacidade de fato
adquire-se com a maioridade 
civil ou emancipação
 
11 
 
3.3.1. Pessoas Absolutamente Incapazes 
 
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil 
os menores de 16 (dezesseis) anos. 
 
A incapacidade absoluta impede que a pessoa exerça por si só o direito. Dessa forma, 
o ato só poderá ser praticado pelo representante legal do absolutamente incapaz. 
O absolutamente incapaz possui direito. Porém, não pode exercê-lo por si próprio. 
São as pessoas que não tem aptidão para praticarem, sozinhas ou por si próprias, os atos 
da vida civil. Significa dizer que possuem capacidade de direito, mas não possuem a 
capacidade de fato ou exercício. 
Nestes casos, o ato jurídico é praticado por outra pessoa (o representante legal), em 
nome do incapaz. Trata-se da REPRESENTAÇÃO. Dessa maneira, o ato é praticado pelo 
incapaz, representado pelo pai ou responsável legal. 
Ex.: Fulano de tal, menor absolutamente incapaz, representado por seus pais, 
Beltrano e Beltrana de Tal. 
A inobservância dessa regra gera a nulidade do ato, nos termos do art. 166, I, CC. 
Como já mencionado, o Estatuto da pessoa com deficiência alterou a teoria das 
incapacidades. Atualmente, não há outra hipótese de incapacidade absoluta que não seja 
em razão da idade (menor de 16 anos). Antes dessa alteração, as pessoas com deficiência 
eram absolutamente incapazes. Agora, não são. As pessoas com deficiência são, via de 
regra, plenamente capazes de exercer atos da vida civil. Não há mais, portanto, interdição 
absoluta. Poderá ocorrer alguma situação de incapacidade relativa (art. 4.º, CC). 
O art. 6.º do Estatuto da pessoa com deficiência (lei 13.146/2015) determina que a 
deficiência não afeta a plena capacidade para gestão do plano familiar e existencial do 
indivíduo: 
Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para: 
I - casar-se e constituir união estável; 
II - exercer direitos sexuais e reprodutivos; 
III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a 
informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar; 
IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória; 
V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e 
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou 
adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. 
 
 
12 
 
Além disto, às pessoas com deficiência é permitida a adoção da tomada de decisão 
apoiada ou o estabelecimento da curatela, conforme art. 84 do Estatuto da pessoa com 
deficiência. 
Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício de sua 
capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas. 
§ 1o Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à curatela, 
conforme a lei. 
§ 2o É facultado à pessoa com deficiência a adoção de processo de tomada de 
decisão apoiada. 
§ 3o A definição de curatela de pessoa com deficiência constitui medida protetiva 
extraordinária, proporcional às necessidades e às circunstâncias de cada caso, e 
durará o menor tempo possível. 
§ 4o Os curadores são obrigados a prestar, anualmente, contas de sua 
administração ao juiz, apresentando o balanço do respectivo ano. 
 
A tomada de decisão apoiada está prevista, também, no art. 1.783-A, CC. Trata-se de 
um processo pelo qual o deficiente pode escolher duas pessoas idôneas e de sua confiança 
para auxiliar nas decisões de atos da vida civil. 
 
3.3.2. Pessoas Relativamente Incapazes 
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os 
exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; 
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua 
vontade; 
IV - os pródigos. 
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação 
especial. 
 
A incapacidade relativa permite que o incapaz realize o ato, desde que esteja assistido 
pelo representante legal. Nesses casos, o próprio indivíduo, relativamente incapaz, pratica 
o ato, sendo assistido pelo representante legal. Trata-se da ASSISTÊNCIA. 
Maiores de 16 anos e menores de 18 anos. 
Aqueles indivíduos que estejam entre os 16 e os 18 anos de vida podem praticar atos 
da vida civil, mas assistidos pelos representantes legais, sob pena de ser anulado o ato. 
Caso seja praticado o ato, poderá ser anulado (art. 171, I, CC), desde que a ação 
seja proposta no prazo de 4 anos a contar do momentoem que cessar a incapacidade (art. 
178, CC). 
 
13 
 
Contudo, existem atos que podem ser praticados pelo relativamente incapaz, mesmo 
sem a assistência do seu representante legal, como p. ex., ser testemunha (art. 228, I, CC), 
aceitar mandato (art. 666, CC), fazer testamento (art. 1.860, § único, CC), casar (art. 1.517, 
CC – necessita de autorização dos genitores). 
Havendo conflito de interesses entre o pai/representante legal e o relativamente 
incapaz, o juiz deverá nomear curador especial (art. 1.692, CC). 
Deve-se observar que o objetivo do Código Civil é estabelecer uma proteção 
diferenciada para os maiores de 16 e menores de 18 anos. 
Dessa forma, caso o relativamente incapaz pratique um ato ocultando sua idade, não 
poderá invocar a idade para eximir-se de obrigação, pois o Código não protege a má-fé. 
Nesse sentido é a disposição do art. 180, CC: 
 
Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma 
obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela 
outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior. 
 
Se, contudo, não houver malícia por parte do relativamente incapaz, o ato será 
anulável, nos termos do art. 171, I, CC: 
 
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio 
jurídico: 
I - por incapacidade relativa do agente; 
 
Mas essa incapacidade, por se tratar de exceção pessoal, só pode ser arguida pelo 
próprio incapaz ou pelo representante legal. Nesses termos, o art. 105, CC: 
 
Art. 105. A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela 
outra em benefício próprio, nem aproveita aos co-interessados capazes, salvo se, 
neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum. 
 
 
Deve-se observar que esse ato pode ser convalidado: 
Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de 
terceiro. 
 
Ébrios habituais e viciados em tóxicos 
Aqueles que sejam viciados em álcool ou tóxicos serão considerados relativamente 
incapazes. Situações de uso de tóxicos ou álcool que seja habitual e reduza a capacidade 
 
14 
 
de discernimento. Os que forem usuários eventuais e que, temporariamente não puderem 
exprimir sua vontade, serão enquadrados o inciso III, do mesmo dispositivo. 
Deverá haver um processo de interdição relativa, com a instituição da curatela, 
analisando se é caso de incapacidade ou não. Neste caso, o processo de interdição e 
curatela está disposto no CPC/2015, no art. 747 e seguintes. 
Especificamente, o art. 753, § 2.º, CPC/2015 dispõe que a perícia a ser realizada no 
processo de interdição, definirá a extensão da mesma, ou seja, para quais atos o interditado 
estará impedido. 
 
Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir a 
vontade 
Aqui enquadram-se todas as pessoas que não possam exprimir sua vontade, seja por 
situação permanente ou transitória. Nesse quadro estão os surdos-mudos, desde que não 
tenham recebido educação adequada e permaneçam isolados. Se tiverem recebido 
educação e puderem, por qualquer forma, exprimir sua vontade, serão capazes. 
Também se encaixam os portadores de mal de Alzheimer. 
Em todos os casos, necessária a interdição, conforme já mencionado. 
Alguns, mais desavisados, podem questionar: e os portadores de síndrome de down, 
são enquadrados como? Em razão do Estatuto da pessoa com deficiência que, sabiamente, 
alterou a teoria das incapacidades, estes indivíduos – até por questões de desenvolvimento 
e estímulo – são, via de regra, plenamente capazes. Eventualmente, pode ser caso de 
tomada de decisão apoiada ou, então, enquadrados como relativamente incapazes por 
força do inciso III, do art. 4.º, CC. Contudo, é situação excepcional. A regra é a capacidade 
plena. 
 
Pródigos 
Pródigo é aquele que dissipa seu patrimônio desvairadamente, aquele que gasta 
imoderadamente, colocando seu patrimônio em risco. Contudo, o pródigo só passará a ser 
considerado relativamente incapaz com a sentença de interdição que lhe qualifique como 
tal. 
A justificativa da interdição do pródigo é o fato de que está permanentemente em risco 
de se submeter a miséria, colocando todo seu patrimônio fora. Sua interdição refere-se tão 
 
15 
 
somente quanto a atos de disposição e oneração do patrimônio. Pode administrar seu 
patrimônio, mas não poderá praticar atos que venham a desfalca-lo. Os demais atos (votar, 
ser jurado, testemunha, etc) poderá praticar. 
 
Situação dos índios 
O art. 4.º, no seu § único traz a normatização com relação aos índios, deixando para 
lei especial a apreciação. O Estatuto do Índio (lei 6.001/73), deixa a responsabilidade, 
quanto a sua proteção, a cargo da FUNAI (Fundação Nacional do Índio). A Lei 6.001/73 
(Estatuto do Índio) considera que o índio que não estiver integrado ficará sob tutela, 
reputando-se nulos todos os atos praticados por eles sem a devida assistência do órgão 
responsável (art. 8.º). Contudo, se o índio demonstrar discernimento, aliado à inexistência 
de prejuízo pelo ato praticado, será considerado plenamente capaz para os atos da vida 
civil. 
Sabe-se que os índios estão constantemente sendo integrados na sociedade 
brasileira, de forma que não há mais justificativa para que sejam considerados incapazes. 
Assim, os índios somente poderão ser considerados incapazes quando restar comprovado 
que não são civilizados e que não possuam discernimento sobre os atos a serem 
praticados. 
 
3.4. Modos de suprimento das incapacidades (representação e assistência) 
A incapacidade absoluta é suprida através da representação pelos pais ou 
representantes legais. Se o absolutamente incapaz praticar atos sem a devida 
representação o ato será nulo. Dessa forma, no caso da representação, é o representante 
quem pratica o ato, no interesse do incapaz. 
A representação (legal ou voluntária) está disciplinada nos arts. 115 a 120 do CC. 
Contudo, deve-se ter em mente que existem dois tipos de representação diferentes: a 
representação legal e a representação voluntária (aquela que ocorre através de mandato – 
procuração) – art. 115, CC. A representação voluntária – mandato – será tratada nos 
negócios jurídicos. 
O suprimento da incapacidade relativa, por sua vez, se dá pela assistência, ou seja, 
o relativamente incapaz pratica o ato jurídico em conjunto com o assistente, sob pena de 
nulidade. 
 
16 
 
3.5. Cessação da incapacidade 
A incapacidade cessa quando desaparecem os motivos que a determinam. Quando a 
causa da incapacidade é a idade, desaparece pela maioridade ou pela emancipação. 
 
3.5.1. Maioridade 
Nos termos do art. 5.º, CC, a incapacidade cessa aos 18 anos, quando a pessoa passa 
a estar habilitada para praticar todos os atos da vida civil. A menoridade cessa, dessa forma, 
no primeiro momento do dia em que o indivíduo perfaz os 18 anos, ou seja, se o nascimento 
ocorreu em 29 de fevereiro de ano bissexto, completa a maioridade no dia 1.º de março. 
Ex.: nasceu em 05/10. Completa a maioridade em 05/10. 
O critério é etário e não há diferença entre o homem e a mulher. Contudo, essa 
capacidade civil não pode ser confundida com a capacidade eleitoral ou a capacidade para 
o casamento, previstas em dispositivos especiais, nem mesmo com a maioridade penal. 
Com a maioridade, os jovens passam a responder civilmente pelos danos causados 
a terceiros, ficando autorizados a praticar todos os atos da vida civil, sem a necessidade de 
assistência de seu representante legal. 
 
3.5.2. Emancipação 
Mas a capacidade plena também pode ser antecipada, em razão da autorização dos 
representantes legais do menor ou do juiz ou, ainda, pela ocorrência de fato que a lei atribui 
força para tanto. Trata-se dos casos de emancipação. 
A emancipação é, portanto, uma forma de aquisição da capacidade civil antes da 
idade legal. É a antecipação da aquisição da capacidade de fato (exercício da capacidade 
civil porsi próprio). 
Nos termos do art. 5.º, § único, a incapacidade cessará: 
 
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento 
público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, 
ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; 
II - pelo casamento; 
III - pelo exercício de emprego público efetivo; 
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; 
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de 
emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos 
tenha economia própria. 
 
 
17 
 
Deve-se observar que se trata de aquisição de capacidade para fins civis. Mas o 
indivíduo não deixa de ser menor, ou seja, segue sendo aplicado o Estatuto da Criança e 
do Adolescente. Nesse sentido, o enunciado 530 da Jornada de Direito Civil: 
 
A emancipação, por si só, não elide a incidência do Estatuto da Criança e do 
Adolescente. 
 
Sendo assim, mesmo emancipado, não pode retirar carteira de motorista, ou entrar 
em locais proibidos ou, então, ingerir bebida alcóolica. 
A emancipação, uma vez realizada, é definitiva, irretratável e irrevogável, salvo por 
ocorrência de vício de vontade (todos os negócios jurídicos ou atos praticados podem ser 
anulados em razão de vício de vontade). Neste sentido, o enunciado 397 das Jornadas de 
Direito Civil: 
A emancipação por concessão dos pais ou por sentença do juiz está sujeita à 
desconstituição por vício de vontade. 
 
Pela redação do § único do art. 5.º,CC, a emancipação, conforme a causa ou origem, 
pode ser de três espécies: voluntária, judicial e legal. 
 
a) Emancipação voluntária: Ocorre pela concessão dos pais, quando estes, em conjunto 
(ou, um deles, na falta do outro), concedem, mediante escritura pública, 
independentemente de homologação judicial, a emancipação para o filho que tenha 
completado 16 anos. A emancipação é ato irrevogável, de forma que os pais não podem, a 
posteriori, arrependerem-se de ter emancipado o filho. Contudo, respondem pelos danos 
causados pelo filho que emanciparam. Deve ser registrada no Cartório do Registro Civil, 
nos termos do art. 107, § 1.º, Lei 6.015/73. 
 
b) Emancipação judicial: A emancipação judicial é aquela concedida pelo juiz, nos casos 
em que o menor está sob tutela, sendo ouvido o tutor, se o menor contar com 16 anos 
completos. Pode ser, também, nos casos em que um dos genitores concordar e o outro não 
com a emancipação. Deve ser registrada no Cartório do Registro Civil, nos termos do art. 
107, § 1.º, Lei 6.015/73. 
 
 
18 
 
c) Emancipação legal: A emancipação legal é aquela que advém da disposição legal. 
Trata-se dos casos previstos nos incisos II, III, IV e V, CC, ou seja, em razão de casamento, 
emprego público, constituição de empresa ou colação de grau em curso superior. Dispensa 
o registro no Cartório de Registro Civil, produzindo efeitos independentemente desse 
registro. 
CASAMENTO: O homem e a mulher podem casar a partir dos 16 anos de idade, 
desde que autorizados pelos pais ou representantes legais, nos termos do art. 1.517, 
CC. Dessa forma, caso haja o casamento de menor de 18 anos, adquire, este 
indivíduo, a capacidade civil plena, pois não faria sentido que, após casados, os 
cônjuges permanecessem sob o poder familiar, já que constituíram um novo núcleo 
familiar. Também deve-se considerar que há uma situação excepcional em que é 
permitido o casamento de menores de 16 anos, que é a hipótese do art. 1.520, CC, 
desde que autorizado judicialmente. Dessa maneira, não se deve desconsiderar que 
há, uma situação excepcionalíssima de aquisição da maioridade, via emancipação 
legal, em razão de casamento em caso de gravidez. Nesses casos, mesmo que haja 
a dissolução do casamento pelo divórcio, o emancipado não retorna a situação 
anterior de incapacidade civil. No caso de anulação ou nulidade do casamento, caso 
tenha sido contraído de boa-fé (casamento putativo), persiste a maioridade. Se tiver 
sido contraído de má-fé, retorna a situação de incapacidade (anulação retroage a data 
da celebração e é como se o casamento jamais tivesse existido). 
EXERCÍCIO DE EMPREGO PÚBLICO EFETIVO: Havendo a nomeação de 
caráter efetivo em cargo ou emprego público efetivo (independentemente se celetista 
ou estatutário, desde que não seja cargo em comissão), o agente adquire plena 
capacidade civil, emancipando-se. Contudo, essa disposição está esvaziada de 
conteúdo, já que é difícil algum cargo ou emprego público efetivo antes dos 18 anos 
de idade. 
COLAÇÃO DE GRAU EM CURSO SUPERIOR: Essa hipótese também é 
bastante rara de ocorrer, pois o próprio período de estudo anterior (1.º e 2.º grau) é 
extenso. Normalmente, quando o estudante cola grau, já é maior de idade. 
ESTABELECIMENTO CIVIL OU COMERCIAL, OU EMPREGO QUE O MENOR 
TENHA ECONOMIA PRÓPRIA: Trata-se, também, de uma hipótese remota, pois é 
difícil que alguém com 16 anos estabelecer-se comercialmente. 
 
19 
 
 
 
3.6. Personalidade/Extinção da personalidade/Morte 
O art. 6.º, CC define que a extinção da personalidade natural se dá com a morte, 
presumindo-se esta quanto aos ausentes, quando autorizada a abertura da sucessão 
definitiva. O art. 7.º, CC, por sua vez, estabelece os casos de declaração da morte sem 
decretação da ausência: 
Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, 
quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão 
definitiva. 
Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: 
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; 
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado 
até dois anos após o término da guerra. 
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá 
ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença 
fixar a data provável do falecimento. 
 
A morte divide-se, portanto em (o aprofundamento dessas situações será feito no 
direito sucessório): 
EM
AN
CI
PA
ÇÃ
O
Natural 18 anos
Parental vontade dos pais - escritura pública
Judicial sentença 
Legal 
casamento, exercício de emprego 
público efetivo, colação de grau em 
curso superior, independência 
econômica
 
20 
 
 
 
3.7 Registro Civil - Pessoa natural 
Registro Civil é o local onde se encontra a história da vida de uma pessoa. É a 
perpetuação de seus dados pessoais. Trata-se de anotação feita por pessoa autorizada 
(Registrador Civil) de dados pessoais e fatos jurídicos de maior relevância na vida de 
alguém. Sua função é dar autenticidade, segurança, eficácia e publicidade a tais dados. 
O Registro Civil está disciplinado no Código Civil e na Lei dos Registros Públicos. O 
art. 9.º, CC determina os atos que serão registrados no Registro Público: 
 
Art. 9º Serão registrados em registro público: 
I - os nascimentos, casamentos e óbitos; 
II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz; 
III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa; 
IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida. 
 
Por sua vez, o art. 10, CC trata das averbações em registros públicos: 
Art. 10. Far-se-á averbação em registro público: 
I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, 
a separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal; 
II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação; 
 
M
O
RT
E
Real
Presumida
sem decretação de 
ausência
art. 7.º, CC
provável a morte de 
quem estava em perigo 
de vida;
desaparecido ou 
prisioneiro de guerra não 
encontrado até dois anos 
após o término da guerra.
com decretação de 
ausência
art. 6.º + art. 22, CC
alguém que desaparece 
sem dar notícias
três fases: curadoria dos bens 
do ausente + sucessão 
provisória + sucessão definitiva 
(neste momento considera-se a 
morte)Comoriência 
art. 8.º, CC
mortesimultânea
 
21 
 
Averbação é anotação feita à margem do registro para informar sobre alguma 
alteração ocorrida no estado jurídico do registrado. Nesse sentido, o casamento é 
registrado e o divórcio, averbado. 
Todo nascimento deve ser levado a registro no local onde ocorreu o parto ou no lugar 
da residência dos pais, no prazo de 15 dias ou, no prazo de até 3 meses quando o local do 
parto ou da residência for distante mais de 30 km da sede do cartório. 
 
Art. 50. Todo nascimento que ocorrer no território nacional deverá ser dado a 
registro, no lugar em que tiver ocorrido o parto ou no lugar da residência dos pais, 
dentro do prazo de quinze dias, que será ampliado em até três meses para os 
lugares distantes mais de trinta quilômetros da sede do cartório. 
§ 1º Quando for diverso o lugar da residência dos pais, observar-se-á a ordem 
contida nos itens 1º e 2º do art. 52. 
§ 2º Os índios, enquanto não integrados, não estão obrigados a inscrição do 
nascimento. Este poderá ser feito em livro próprio do órgão federal de assistência 
aos índios. 
§ 3º Os menores de vinte e um (21) anos e maiores de dezoito (18) anos poderão, 
pessoalmente e isentos de multa, requerer o registro de seu nascimento. 
§ 4° É facultado aos nascidos anteriormente à obrigatoriedade do registro civil 
requerer, isentos de multa, a inscrição de seu nascimento. 
§ 5º Aos brasileiros nascidos no estrangeiro se aplicará o disposto neste artigo, 
ressalvadas as prescrições legais relativas aos consulados. 
 
O registro de nascimento do indivíduo compete, pela ordem legal (art. 52, LRP): 
 
Art. 52. São obrigados a fazer declaração de nascimento: 
1º) o pai ou a mãe, isoladamente ou em conjunto, observado o disposto no § 2o do 
art. 54; 
2º) no caso de falta ou de impedimento de um dos indicados no item 1o, outro 
indicado, que terá o prazo para declaração prorrogado por 45 (quarenta e cinco) 
dias; 
3º) no impedimento de ambos, o parente mais próximo, sendo maior achando-se 
presente; 
4º) em falta ou impedimento do parente referido no número anterior os 
administradores de hospitais ou os médicos e parteiras, que tiverem assistido o 
parto; 
5º) pessoa idônea da casa em que ocorrer, sendo fora da residência da mãe; 
6º) finalmente, as pessoas (VETADO) encarregadas da guarda do menor. 
§ 1° Quando o oficial tiver motivo para duvidar da declaração, poderá ir à casa do 
recém-nascido verificar a sua existência, ou exigir a atestação do médico ou parteira 
que tiver assistido o parto, ou o testemunho de duas pessoas que não forem os pais 
e tiverem visto o recém-nascido. 
§ 2º Tratando-se de registro fora do prazo legal o oficial, em caso de dúvida, poderá 
requerer ao Juiz as providências que forem cabíveis para esclarecimento do fato. 
 
Deve-se observar que a Lei nº 13.484, de 2017 prevê, uma alteração no art. 54 da lei 
dos registros públicos, no que diz respeito ao local da naturalidade do indivíduo, que será 
o município do nascimento ou o de residência de sua genitora: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13484.htm#art1
 
22 
 
 
§ 4º A naturalidade poderá ser do Município em que ocorreu o nascimento ou do 
Município de residência da mãe do registrando na data do nascimento, desde que 
localizado em território nacional, e a opção caberá ao declarante no ato de registro 
do nascimento. 
 
 
 
4. TUTELA E CURATELA 
A tutela, assim como a curatela, faz parte do chamado “direito assistencial”, no 
estudo das relações familiares. A base de sustentação destes dois institutos é a 
solidariedade familiar. 
4.1 Conceito: TUTELA X CURATELA 
Apesar de as vezes serem tratados como sinônimos, tutela e curatela são institutos 
jurídicos diferentes e autônomos, mas que possuem uma finalidade comum: proporcionar 
a representação legal e a administração de sujeitos incapazes de praticar atos 
jurídicos. 
A diferença fundamental entre ambas é a de que, enquanto a TUTELA refere-se à 
menoridade legal (indivíduos menores de 18 anos não emancipados, não sujeitos ao poder 
familiar), a CURATELA destina-se àquelas pessoas que são incapazes de gerir sua vida, 
pessoas estas, devidamente interditadas. Conceitos baseados nas alterações trazidas pelo 
CPC/2015 e pelo Estatuto da Pessoa Portadora de Deficiência, Lei 13.146/2015. 
 
4.2 Tutela – art. 1.728 e ss., CC e art. 759 e ss. CPC/2015 
A tutela é a representação legal de indivíduo menor de idade, seja absolutamente ou 
relativamente incapaz, em razão da falta de seus pais (falecimento, ausência ou perda do 
poder familiar). Art. 1.728, CC. 
Seu grande objetivo é a administração dos bens patrimoniais do menor. 
 
4.2.1Tutores 
O art. 1.729, CC estabelece que os pais têm o direito de nomear tutor, através de 
testamento ou outro documento público. Isto porque, o tutor será a pessoa responsável pela 
formação e pela administração do patrimônio dos infantes cujos pais não mais existem. 
04 
 
23 
 
Se o testamento contiver a nomeação de mais de um tutor, entende-se haver uma 
ordem de preferência, de forma que a tutela será deferida àquela pessoa primeiro nomeada, 
sendo que os demais serão substitutos. Art. 1.733, §1.º, CC. 
Se, contudo, os pais não tiverem feito a nomeação, o art. 1.731 estabelece a ordem 
de preferência na indicação dos tutores: 
 
Art. 1.731. Em falta de tutor nomeado pelos pais incumbe a tutela aos parentes 
consangüíneos do menor, por esta ordem: 
I - aos ascendentes, preferindo o de grau mais próximo ao mais remoto; 
II - aos colaterais até o terceiro grau, preferindo os mais próximos aos mais remotos, 
e, no mesmo grau, os mais velhos aos mais moços; em qualquer dos casos, o juiz 
escolherá entre eles o mais apto a exercer a tutela em benefício do menor. 
Este rol não é absoluto, cabendo ao juiz analisar a situação que maior benefício trará 
para a criança ou adolescente. 
Além disto, aos irmãos, será nomeado um só tutor e, no caso de não haver tutor 
indicado pelos pais e, ainda, não sendo possível nomear tutor que seja parente 
consanguíneo da criança ou adolescente, o tutor nomeado deve residir no mesmo local em 
que os tutelados. 
 
4.2.2 Espécies 
São três as formas de tutela: 
a) Testamentária: regulada pelos arts. 1.729 e 1.730, CC, quando o tutor será 
nomeado pelos pais, em conjunto. Enquanto vivos os pais podem – no exercício do poder 
familiar – deixarem testamento nomeando tutor aos filhos menores de idade. Esta 
nomeação pode ser feita através de testamento ou de qualquer outro documento público 
ou particular – qualquer documento, desde que as assinaturas dos pais estejam com firma 
reconhecida pelo Tabelionato. 
b) Legítima: é a tutela que se estabelece quando não há a nomeação de tutor por 
parte dos pais. Está indicada no art. 1.731, CC, sendo estabelecida a ordem de preferência 
– esta ordem não é absoluta, devendo ser observado o melhor interesse da criança e do 
adolescente. 
c) Dativa: esta é a tutela que ocorre quando não há a nomeação de tutor pelos pais 
e não há a possibilidade de ser nomeado nenhum dos parentes do menor de idade 
 
24 
 
indicados pelo art. 1.731 (ou porque não existem ou porque são inidôneos). Está prevista 
no art. 1.732, CC. 
 
4.2.3 Incapacidade para o exercício da tutela 
Não é qualquer pessoa que pode exercer a tutela. Assim, em razão da grande 
responsabilidade a ser assumida, além da capacidade civil (maioridade), também é exigida 
capacidade especial, de forma que o art. 1.735, CC estabelece os casos daqueles que não 
poderão ser tutores, sendo, portanto, excluídos da tutela: 
 
Art. 1.735. Não podem ser tutores e serão exonerados da tutela, caso a exerçam: 
I - aqueles que não tiverem a livre administração de seus bens; 
II - aqueles que, no momento de lhes ser deferida a tutela, se acharem constituídos 
em obrigação para com o menor, ou tiverem que fazer valer direitos contra este, e 
aqueles cujos pais, filhos ou cônjuges tiverem demanda contra o menor; 
III- os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tiverem sido por estes 
expressamente excluídos da tutela; 
IV - os condenados por crime de furto, roubo, estelionato, falsidade, contra a família 
ou os costumes, tenham ou não cumprido pena; 
V - as pessoas de mau procedimento, ou falhas em probidade, e as culpadas de 
abuso em tutorias anteriores; 
VI - aqueles que exercerem função pública incompatível com a boa administração 
da tutela. 
 
4.2.4 Escusa da tutela 
Em se tratando de um múnus público, via de regra, a tutela não pode ser recusada, 
especialmente nos casos do art. 1.731, quando há parentesco com o tutelado. Contudo, 
toda regra admite exceções e, neste caso, o art. 1.736 traz elencadas sete situações que 
podem, em razão da natureza, atrapalhar o exercício da tutela. 
Art. 1.736. Podem escusar-se da tutela: 
I - mulheres casadas; 
II - maiores de sessenta anos; 
III - aqueles que tiverem sob sua autoridade mais de três filhos; 
IV - os impossibilitados por enfermidade; 
V - aqueles que habitarem longe do lugar onde se haja de exercer a tutela; 
VI - aqueles que já exercerem tutela ou curatela; 
VII - militares em serviço. 
 
Em regra, quem é parente do menor não pode se escusar, exceto se preencher 
alguma dessas situações elencadas. 
 
25 
 
Se, porém, não houver parentesco com o menor, há a possibilidade de recusa, se 
houver algum parente em condições de exercê-la, nos termos do art. 1.737,CC. 
O procedimento para a escusa é através de simples petição ao magistrado que o 
nomeou, no prazo de 5 dias, nos termos do art. 760, CPC/2015. O prazo inicia antes de 
aceitar o encargo, da data da intimação para prestar compromisso e, depois de entrar no 
exercício do encargo, da data em que sobrevier o motivo da escusa. 
 
4.2.5 Exercício da tutela 
O exercício da tutela importa em uma responsabilidade grande por parte do tutor, 
que ultrapassa os atos de mera administração de bens. O tutor assume toda a 
responsabilidade com relação a educação, alimentação e criação do tutelado. Nesse 
sentido, os arts. 1.740 e 1.747 do Código Civil estabelecem os atos que o tutor pode 
praticar, com relação ao tutelado, independentemente de autorização judicial: 
 
Art. 1.740. Incumbe ao tutor, quanto à pessoa do menor: 
I - dirigir-lhe a educação, defendê-lo e prestar-lhe alimentos, conforme os seus 
haveres e condição; 
II - reclamar do juiz que providencie, como houver por bem, quando o menor haja 
mister correção; 
III - adimplir os demais deveres que normalmente cabem aos pais, ouvida a opinião 
do menor, se este já contar doze anos de idade. 
 
Art. 1.747. Compete mais ao tutor: 
I - representar o menor, até os dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-lo, 
após essa idade, nos atos em que for parte; 
II - receber as rendas e pensões do menor, e as quantias a ele devidas; 
III - fazer-lhe as despesas de subsistência e educação, bem como as de 
administração, conservação e melhoramentos de seus bens; 
IV - alienar os bens do menor destinados a venda; 
V - promover-lhe, mediante preço conveniente, o arrendamento de bens de raiz. 
 
Deve-se atentar, contudo, para o fato de que o tutor não é pai. É certo que o tutelado 
deve obediência ao tutor, mas este último não tem a possibilidade de disciplinar o menor 
de idade. Neste caso, há a necessidade de atuação judicial, pois o tutor não exerce o poder 
familiar. 
O tutor também não tem a obrigação de sustentar o menor. Seu sustento sairá de 
parte de seus bens, devendo o juiz fixar as quantias que lhe pareçam suficientes e 
necessárias. Art. 1.746, CC. 
 
26 
 
Existem outros atos que exigem para sua concretização, a atuação/interferência do 
juiz. São aqueles que, normalmente, envolvem o patrimônio do tutelado: 
 
Art. 1.748. Compete também ao tutor, com autorização do juiz: 
I - pagar as dívidas do menor; 
II - aceitar por ele heranças, legados ou doações, ainda que com encargos; 
III - transigir; 
IV - vender-lhe os bens móveis, cuja conservação não convier, e os imóveis nos 
casos em que for permitido; 
V - propor em juízo as ações, ou nelas assistir o menor, e promover todas as 
diligências a bem deste, assim como defendê-lo nos pleitos contra ele movidos. 
Parágrafo único. No caso de falta de autorização, a eficácia de ato do tutor depende 
da aprovação ulterior do juiz. 
 
4.2.6 Responsabilidade e prestação de contas 
O tutor assume uma grande responsabilidade no exercício da tutela. Em razão disso, 
há um rigor na fiscalização de suas atividades, nos termos do art. 1.752 e, mais do que isto, 
há a exigência de prestação de contas do exercício da tutela. Esta prestação de contas não 
poderá ser dispensada sequer pelos pais que eventualmente tenham instituído a tutela. 
 
Art. 1.755. Os tutores, embora o contrário tivessem disposto os pais dos tutelados, 
são obrigados a prestar contas da sua administração. 
Art. 1.756. No fim de cada ano de administração, os tutores submeterão ao juiz o 
balanço respectivo, que, depois de aprovado, se anexará aos autos do inventário. 
Art. 1.757. Os tutores prestarão contas de dois em dois anos, e também quando, 
por qualquer motivo, deixarem o exercício da tutela ou toda vez que o juiz achar 
conveniente. 
Parágrafo único. As contas serão prestadas em juízo, e julgadas depois da 
audiência dos interessados, recolhendo o tutor imediatamente a estabelecimento 
bancário oficial os saldos, ou adquirindo bens imóveis, ou títulos, obrigações ou 
letras, na forma do § 1o do art. 1.753. 
 
4.2.7 Cessação 
A tutela terminará com o término da incapacidade. Nestes termos, o art. 1.763: 
 
Art. 1.763. Cessa a condição de tutelado: 
I - com a maioridade ou a emancipação do menor; 
II - ao cair o menor sob o poder familiar, no caso de reconhecimento ou adoção. 
 
Art. 1.764. Cessam as funções do tutor: 
I - ao expirar o termo, em que era obrigado a servir; 
II - ao sobrevir escusa legítima; 
III - ao ser removido. 
 
 
27 
 
AÇÃO DE TUTELA 
ATENÇAO: a peça estruturada abaixo é um modelo básico de ação de tutela. Destaca-se que cada ação deve ser 
estruturada de acordo com o caso apresentado e os dados devem ser adaptados ao enunciado fornecido pela banca 
examinadora. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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30 
 
4.3 Curatela – art. 1.767 e ss., CC e art. 747 e ss. CPC/2015 
A curatela visa a proteção de uma pessoa maior, mas que padeça de alguma 
incapacidade ou de alguma circunstância que impeça a sua livre e consciente manifestação 
de vontade. 
Em razão do Estatuto da Pessoa com Deficiência – lei 13.146/2015 –, a curatela só 
incide para os maiores relativamente incapazes, que são os ébrios habituais (alcoólatras), 
viciados em tóxicos, pessoas que por causa transitória ou definitiva não puderem exprimir 
sua vontade e os pródigos. 
 
4.3.1 Curador 
Para ser curador de alguém é necessário que a pessoa tenha capacidade para os 
atos da vida civil. Assim, em tese, qualquer cidadão pode ser curador de outrem. Contudo, 
não é admissível que qualquer indivíduo, aleatoriamente, seja nomeado curador. Há uma 
previsão de ordem legal no art. 1.775, CC: 
Art. 1.775. O cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato, é, de 
direito, curador do outro, quando interdito. 
§1o Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a mãe; na falta 
destes, o descendente que se demonstrar mais apto. 
§ 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais remotos. 
§ 3o Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, compete ao juiz a escolha do 
curador. 
 
Esse rol, contudo, não é vinculativo do juiz, ou seja, ele poderá escolher o curador 
atentando para o melhor interesse do curatelado. 
Pode, ainda, haver a nomeação de dois curadores, nos termos do art. 1.775-A, CC,nos casos de pessoa com deficiência. 
 
4.3.2 Pessoas sujeitas à curatela 
Estão sujeitas a curatela as pessoas que não possuem capacidade civil, com 
exceção dos menores de idade, que estão sujeitos à tutela. Nestes termos, o art. 1.767, 
CC, dispõe: 
Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela: 
I - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua 
vontade; 
II - (Revogado); 
III - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art123
 
31 
 
IV - (Revogado); 
V - os pródigos. 
 
A curatela será deferida durante o curso do processo de interdição (arts. 747 e ss., 
CPC/2015), que terá natureza declaratória, com eficácia ex tunc, de forma que o magistrado 
apenas declarará uma situação já existente. 
 
4.3.3 Prestação de contas 
O art. 1.783, CC estabelece que quando o curador for o cônjuge e o regime de bens 
do casamento for o da comunhão universal de bens não haverá a obrigatoriedade de 
prestação de contas, salvo por determinação judicial. 
Dessa forma, o curador deve periodicamente prestar contas ou todas as vezes em 
que for instado a tal mister, assim como o tutor. 
 
4.3.4 Cessação da curatela 
Ao contrário da tutela que é temporária, a curatela tem um ânimo definitivo. Todavia, 
ocorrerá o término da curatela por impossibilidade material da continuidade por parte do 
curador (por exemplo, se estiver doente) ou na hipótese de negligência, prevaricação ou 
incapacidade superveniente (aplicação analógica do art. 1.766, CC). 
Também cessa a curatela pelo falecimento do curador ou do curatelado. 
 
4.4 Processo de interdição 
Para que alguém seja posto sob curatela, precisa passar por um processo de 
interdição, cujo procedimento está previsto no art. 747 e ss. do CPC/2015. 
A interdição pode ser promovida por: 
 
Art. 747. A interdição pode ser promovida: 
I - pelo cônjuge ou companheiro; 
II - pelos parentes ou tutores; 
III - pelo representante da entidade em que se encontra abrigado o interditando; 
IV - pelo Ministério Público. 
Parágrafo único. A legitimidade deverá ser comprovada por documentação que 
acompanhe a petição inicial. 
 
Na inicial deve estar especificado o motivo e os fatos que demonstrem a 
incapacidade do interditando para administrar seus bens (art. 749, CPC/2015). Havendo 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art123
 
32 
 
necessidade, o juiz pode nomear curador provisório (art. 749, § único, CPC/2015), contudo, 
deverá haver laudo médico para provar as alegações do autor (art. 750, CPC/2015). 
O juiz ouvirá o interditando em audiência ou, na impossibilidade de deslocamento, 
no local onde se encontrar (art. 751, § 1.º, CPC/2015), utilizando-se dos meios tecnológicos 
necessários para a entrevista. 
O interditando pode (e deve) defender-se, no prazo de 15 dias (art. 752, CPC/2015). 
Haverá intervenção do MP como fiscal da lei (art. 752, § 1.º, CPC/2015). 
Após este prazo de defesa, haverá a produção de prova, com perícia no interditando 
(art. 753, CPC/2015). O laudo deve indicar os atos para os quais há incapacidade. Trata-
se, portanto, de uma interdição relativa, já que os interditandos são sempre relativamente 
incapazes. 
Uma vez que se tenha o laudo e todas as provas, o juiz sentenciará. Na sentença, o 
juiz obedecerá alguns requisitos: 
 
Art. 755. Na sentença que decretar a interdição, o juiz: 
I - nomeará curador, que poderá ser o requerente da interdição, e fixará os limites 
da curatela, segundo o estado e o desenvolvimento mental do interdito; 
II - considerará as características pessoais do interdito, observando suas 
potencialidades, habilidades, vontades e preferências. 
§ 1o A curatela deve ser atribuída a quem melhor possa atender aos interesses do 
curatelado. 
§ 2o Havendo, ao tempo da interdição, pessoa incapaz sob a guarda e a 
responsabilidade do interdito, o juiz atribuirá a curatela a quem melhor puder 
atender aos interesses do interdito e do incapaz. 
§ 3o A sentença de interdição será inscrita no registro de pessoas naturais e 
imediatamente publicada na rede mundial de computadores, no sítio do tribunal a 
que estiver vinculado o juízo e na plataforma de editais do Conselho Nacional de 
Justiça, onde permanecerá por 6 (seis) meses, na imprensa local, 1 (uma) vez, e no 
órgão oficial, por 3 (três) vezes, com intervalo de 10 (dez) dias, constando do edital 
os nomes do interdito e do curador, a causa da interdição, os limites da curatela e, 
não sendo total a interdição, os atos que o interdito poderá praticar autonomamente. 
 
Se o interdito se recuperar, poderá levantar a interdição e a curatela, nos termos do 
art. 756, CPC/2015. 
 
4.5 Tomada de decisão apoiada 
O art. 1.783-A prevê a tomada de decisão apoiada: 
Art. 1.783-A. A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a pessoa com 
deficiência elege pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas, com as quais mantenha 
vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de 
 
33 
 
decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações 
necessários para que possa exercer sua capacidade. (Incluído pela Lei nº 
13.146, de 2015) (Vigência) 
§ 1º Para formular pedido de tomada de decisão apoiada, a pessoa com deficiência 
e os apoiadores devem apresentar termo em que constem os limites do apoio a ser 
oferecido e os compromissos dos apoiadores, inclusive o prazo de vigência do 
acordo e o respeito à vontade, aos direitos e aos interesses da pessoa que devem 
apoiar. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
§ 2º O pedido de tomada de decisão apoiada será requerido pela pessoa a ser 
apoiada, com indicação expressa das pessoas aptas a prestarem o apoio previsto 
no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
§ 3º Antes de se pronunciar sobre o pedido de tomada de decisão apoiada, o juiz, 
assistido por equipe multidisciplinar, após oitiva do Ministério Público, ouvirá 
pessoalmente o requerente e as pessoas que lhe prestarão apoio. (Incluído pela Lei 
nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
§ 4º A decisão tomada por pessoa apoiada terá validade e efeitos sobre terceiros, 
sem restrições, desde que esteja inserida nos limites do apoio 
acordado. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
§ 5º Terceiro com quem a pessoa apoiada mantenha relação negocial pode solicitar 
que os apoiadores contra-assinem o contrato ou acordo, especificando, por escrito, 
sua função em relação ao apoiado. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 
2015) (Vigência) 
§ 6º Em caso de negócio jurídico que possa trazer risco ou prejuízo relevante, 
havendo divergência de opiniões entre a pessoa apoiada e um dos apoiadores, 
deverá o juiz, ouvido o Ministério Público, decidir sobre a questão. (Incluído pela Lei 
nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
§ 7º Se o apoiador agir com negligência, exercer pressão indevida ou não adimplir 
as obrigações assumidas, poderá a pessoa apoiada ou qualquer pessoa apresentar 
denúncia ao Ministério Público ou ao juiz. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 
2015) (Vigência) 
§ 8º Se procedente a denúncia, o juiz destituirá o apoiador e nomeará, ouvida a 
pessoa apoiada e se for de seu interesse, outra pessoa para prestação de 
apoio. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
§ 9º A pessoa apoiada pode, a qualquer tempo, solicitar o término de acordo 
firmado em processo de tomada de decisão apoiada. (Incluído pela Lei nº 
13.146, de 2015) (Vigência) 
§ 10. O apoiador pode solicitar ao juiz a exclusão de sua participação do processo 
de tomada de decisão apoiada, sendo seu desligamento condicionado à 
manifestação do juiz sobre a matéria. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 
2015) (Vigência)§ 11. Aplicam-se à tomada de decisão apoiada, no que couber, as disposições 
referentes à prestação de contas na curatela. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 
2015) (Vigência) 
 
A tomada de decisão apoiada visa o auxílio da pessoa com deficiência para a 
celebração de atos mais complexos – casos dos contratos. Trata-se de um processo judicial 
no qual a pessoa com deficiência elege duas pessoas, de sua confiança, para lhe auxiliar 
nos atos da vida civil. Com a nomeação dos apoiadores, toda decisão tomada por pessoa 
portadora de deficiência será válida e produzirá efeitos, nos limites do apoio acordado (art. 
1.783-A, § 4.º, CC). 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127
 
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AÇÃO DE INTERDIÇÃO E NOMEAÇÃO DE CURADOR 
ATENÇAO: a peça estruturada abaixo é um modelo básico de ação de interdição e nomeação de curador. Destaca-se 
que cada ação deve ser estruturada de acordo com o caso apresentado e os dados devem ser adaptados ao enunciado 
fornecido pela banca examinadora. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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5. DIREITOS DA PERSONALIDADE 
Ao lado dos direitos patrimoniais, existem direitos, não menos importantes, que estão 
fora do comércio e encontram-se inseridos na personalidade do indivíduo. Os direitos da 
personalidade, também chamados de liberdades públicas têm proteção especial por parte 
do Estado. São tutelados tanto pelo Direito Público, como também, pelo Direito Privado. 
São direitos inerentes e ligados à pessoa humana e a sua dignidade, de forma perpétua e 
permanente. Dentre estes direitos destacam-se a vida, liberdade, nome, próprio corpo, 
imagem e honra. 
O enunciado 274 das Jornadas de Direito Civil prevê que: 
 
Os direitos da personalidade, regulados de maneira não-exaustiva pelo Código Civil, 
são expressões da cláusula geral de tutela da pessoa humana, contida no art. 1º, 
inc. III, da Constituição (princípio da dignidade da pessoa humana). Em caso de 
colisão entre eles, como nenhum pode sobrelevar os demais, deve-se aplicar a 
técnica da ponderação. 
 
Pode-se dizer que são direitos da personalidade: vida e integridade físico-psíquica, 
nome da pessoa (natural ou jurídica), imagem (imagem-retrato e imagem-atributo), honra 
(subjetiva e objetiva) e intimidade. Essa proteção dos direitos da personalidade encontra-
se, tanto no Código Civil, como, também, na Constituição Federal de 1988, que prevê, no 
seu art. 5. º, X: 
“X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua 
violação”. 
 
O Código Civil destinou um capítulo especial para a proteção dos direitos da 
personalidade – art. 11 a art. 21, CC. Esse rol, contudo, é exemplificativo, conforme dispõe 
o enunciado 274 das Jornadas de Direito Civil. 
Esses direitos tratam-se, portanto, de direitos que “têm por objeto os atributos físicos, 
psíquicos e morais da pessoa em si e em suas projeções sociais” (GAGLIANO e 
PAMPLONA FILHO, p. 184). 
 
 
 
05 
 
39 
 
5.1 Natureza 
Quanto a natureza jurídica desses direitos, a maior parte da doutrina entende que, por 
se tratarem de direitos inatos ao ser humano, cabe ao Estado apenas reconhecê-los e 
sancioná-los no âmbito do direito positivo, de forma que o indivíduo possa proteger tais 
direitos contra arbítrios do poder público ou de particulares. 
No caso do Brasil, esses direitos, além de serem protegidos no âmbito do Direito Civil, 
também tem uma proteção constitucional, conforme visto (art. 5.º, X, CF), o que lhes confere 
um status diferenciado – direito subjetivo (possibilidade de exigir respeito) + direito objetivo 
(vinculação a todos, dever de não infringir). 
 
5.2 Titularidade 
Os direitos da personalidade são próprios dos seres humanos. Contudo, como já 
discutido, também protege o nascituro que, embora não tenha personalidade jurídica, 
detém proteção, desde a concepção, dos seus direitos da personalidade (art. 2.º, CC). 
Não se pode excluir, contudo, as pessoas jurídicas desta proteção, pois, nos termos 
do art. 52, CC, aplica-se “às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da 
personalidade”. Dessa forma, as pessoas jurídicas também têm a faculdade de exigir 
respeito e proteção quanto à sua imagem (intimidade, vida privada e honra, não é possível 
em razão das particularidades de tais direitos), podendo ser requerida indenização pela 
violação a tal direito. Este entendimento consubstancia-se na redação da súmula 227 do 
STJ, que diz que: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.” Tenham cuidado com o 
enunciado 268 das Jornadas de Direito Civil, que diz que não pode a pessoa jurídica ser 
titular de direitos da personalidade. Este enunciado contraria o que determina a súmula 227 
do STJ. Esta súmula é que poderá ser cobrada no Exame da OAB, por ser a posição 
majoritária. 
 
5.3 Características 
Os direitos da personalidade são ligados à pessoa humana, representando seus 
direitos íntimos e fundamentais. São qualidades que se agregam ao homem e, portanto, 
intransmissíveis e irrenunciáveis. art. 11, CC traz algumas das características dos direitos 
da personalidade: Contudo,existem outras características: 
• Inato: inerente, pertencente desde o nascimento. 
 
40 
 
• Absolutos: os autores falam que os direitos da personalidade são absolutos, 
sendo uma forma de materialização da oponibilidade erga omnes. 
Apesar dessa característica, deve-se ressaltar que os direitos da personalidade 
podem ser restringidos, dependendo da situação. 
Os enunciados das Jornadas de Direito Civil dispõe sobre essa possibilidade 
de relativização ou limitação voluntária dos direitos da personalidade. 
Enunciado n.º 4: “O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer 
limitação voluntária, desde que não seja permanente nem geral”. 
Significa dizer, portanto, que em cada caso concreto deverá ser feito um 
sopesamento a fim de verificar se é ou não necessária a relativização do direito 
da personalidade. 
Ex.: biografias não autorizadas. Podem ser publicadas, embora sem 
autorização, referente a pessoas públicas. Relativização dos direitos da 
personalidade em nome a vedação da censura. 
Enunciado n.º 139: “Os direitos da personalidade podem sofrer limitações, 
ainda que não especificamente previstas em lei, não podendo ser exercidos 
com abuso de direito de seu titular, contrariamente à boa-fé objetiva e aos bons 
costumes”. 
Ex.: proteção da intimidade e vida privada é relativizada quando há uma 
exposição desse direito. Top less em praia pública – relativização da 
intimidade. 
Ex.: art. 15, CC. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de 
vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. Um paciente, a beira da 
morte, necessita de cirurgia. A intervenção trará alto risco, gerando dúvidas se 
o médico deve ou não realizar o procedimento. Isso gera uma série de 
discussões, pois há resoluções do Conselho Federal de Medicina que 
autorizam o médico a suspender o tratamento de pacientes terminais, de 
doenças incuráveis quando assim for de sua vontade (ortotanásia). Contudo, 
decisões judiciais já foram contrárias a essa prática. 
Há, ainda, o Enunciado 528, das Jornadas de Direito Civil, que autoriza o 
chamado testamento vital ou biológico, que nada mais é do que uma 
autorização para a prática da suspensão do tratamento médico: 
 
41 
 
“É válida a declaração de vontade expressa em documento autêntico, também 
chamado "testamento vital", em que a pessoa estabelece disposições sobre o 
tipo de tratamento de saúde, ou não tratamento, que deseja no caso de se 
encontrar sem condições de manifestar a sua vontade”. 
De igual modo, há, também a situação de paciente que, em razão de sua 
crença religiosa, não permita submissão a tratamento médico. No caso de este 
paciente estar sob risco real e iminente de morte, pode ser dispensada a 
autorização para a realização de cirurgia. Significa dizer, então que, nestes 
casos, o médico pode salvar a vida, mesmo sem a autorização do paciente ou 
familiar. Trata-se de um conflito entre o direito a vida e o direito a liberdade 
religiosa. Deve-se utilizar a técnica da ponderação, neste caso. Há quem diga 
que, pela ponderação, deve prevalecer a vida. Outros dirão que a vontade do 
paciente deve ser respeitada. Neste sentido, o enunciado 403 das Jornadas de 
Direito Civil: 
“O Direito à inviolabilidade de consciência e de crença, previsto no art. 5º, VI, 
da Constituição Federal, aplica-se também à pessoa que se nega a tratamento 
médico, inclusive transfusão de sangue, com ou sem risco de morte, em razão 
do tratamento ou da falta dele, desde que observados os seguintes critérios: a) 
capacidade civil plena, excluído o suprimento pelo representante ou assistente; 
b) manifestação de vontade livre, consciente e informada; e c) oposição que 
diga respeito exclusivamente à própria pessoa do declarante.” 
• Generalidade: são outorgados a todas as pessoas, pelo simples fato de 
existirem. 
• Extrapatrimonialidade: ausência de conteúdo patrimonial direto, ou seja, os 
direitos, em si, não possuem valor patrimonial, ainda que, havendo lesão, 
possa haver indenização pecuniária (mas, neste caso, em razão do dano 
causado). 
• Indisponibilidade: significa que tais direitos não podem, por vontade do 
indivíduo, mudar de titular. Abrange tanto a intransmissibilidade 
(impossibilidade de modificação de titular gratuita ou onerosa, ou seja, não é 
possível ceder tal direito a outrem), como a inalienabilidade (não podem ser 
 
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alienados), a inacessibilidade (não podem ser objeto de cessão), e a 
intransacionabilidade (não podem sofrer transação ou compromisso de 
arbitragem). É permitida, contudo, a cessão de uso da imagem, por exemplo, 
(famoso que autoriza a utilização de sua imagem em outdoors). Isso significa 
que há uma parcela dos direitos da personalidade, que se relaciona a direitos 
patrimoniais, que pode ser passível de disposição (direitos de imagem, direitos 
autorais, cessão de partes do corpo para fins científicos ou altruísticos – art. 
14, CC). 
• Irrenunciabilidade: trata-se da impossibilidade voluntária do abandono, de 
abdicar, de forma que ninguém pode renunciar direitos da personalidade. 
Exemplo: contrato de namoro. Este contrato é nulo, pois seria uma forma de 
pessoas que vivem em união estável renunciarem aos direitos dela 
decorrentes. A união estável envolve direitos existenciais de personalidade. 
Ademais, é uma espécie de fraude a lei imperativa, o que conduz a nulidade 
absoluta do documento firmado (art. 166, VI, CC). 
Outro exemplo seriam os reality shows (Big Brother Brasil), onde o participante 
renuncia a qualquer direito de buscar indenização por danos morais em 
decorrência da exibição de sua imagem. Tal contrato também é nulo, pois não 
é possível a renúncia a direitos da personalidade, a teor dos arts. 11 e 166, VI, 
CC. Nestes casos é possível, inclusive, que se utilize das medidas previstas no 
art. 12, CC para fazer cessar a exibição das imagens que violem a moral do 
participante. 
• Imprescritibilidade: não se extinguem pelo não uso, de forma que não há 
prazo para o seu exercício. Salienta-se que esta imprescritibilidade é quanto 
ao direito em si, não quanto ao exercício do direito de reparação quanto a dano 
moral pela violação do direito da personalidade (honra, p.ex.). 
O exercício do direito a reparação de danos se sujeita a prazos prescricionais 
– 3 anos, no caso, nos termos do art. 206, § 3.º, V, CC. 
Contudo, existem decisões do STJ que reconhecem a imprescritibilidade do 
pleito de reparação de danos: “É pacífico o entendimento no Superior Tribunal 
de Justiça segundo o qual as ações de indenização por danos morais e 
materiais decorrentes de atos de violência ocorridos durante o Regime Militar 
 
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são consideradas imprescritíveis, independentemente dos legitimados ad 
causam.” 
“Como é cediço, a prescritibilidade é a regra, só havendo falar em 
imprescritibilidade em hipóteses excepcionalíssimas, como no tocante às 
ações referentes ao estado das pessoas. Somente alguns direitos subjetivos, 
observada sua envergadura e especial proteção, não estão sujeitos a prazos 
prescricionais, como na hipótese de ações declaratórias de nulidades 
absolutas, pretensões relativas a direitos da personalidade e ao patrimônio 
público”. (EDcl no AgRg no REsp 1229068/RJ, Rel. Ministro LUIS FELIPE 
SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 06/10/2015, DJe 16/10/2015) 
• Impenhorabilidade: em razão de serem inerentes à pessoa e dela 
inseparáveis, não podem ser penhoráveis, pois a função da penhora é a venda 
judicial para satisfação de um crédito. Contudo, esta indisponibilidade é quanto 
ao direito em si (vedação da penhora do direito à imagem), mas não se refere 
a penhora dos direitos patrimoniais resultantes do exercício deste direito (a 
cessão de uso da imagem gera um ressarcimento patrimonial e, este, pode ser 
penhorado). O art. 832, CPC/2015 determina que estão a salvo da execução 
os bens que a lei considere impenhoráveis ou inalienáveis. Neste caso, 
enquadram-se

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