Buscar

Artigo Machismo estrutural e o feminicidio

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

16
JÉSSICA SOUZA DOS REIS
O MACHISMO ESTRUTURAL E OS CRIMES DE VIOLÊNCIA DE GÊNERO: 
Uma análise sobre os crimes de feminicídio no Brasil correlacionando com o filme: Eu não sou um homem fácil.
Artigo apresentado ao Centro Universitário Jorge Amado,
Matéria: Direito Penal III
Orientadora: Prof.ª Natalia Petersen
Salvador
2019
Resumo
Este artigo busca analisar a influência do Machismo estrutural e a sua relação como os crimes de violência de gênero em especial o crime de feminicidio, correlacionando com o filme eu não sou um homem fácil.
O machismo estrutural tem sua história construída desde os tempos mais antigos impactando assim na evolução social onde atinge diretamente a figura feminina em seu papel social, profissional e familiar, um fator determinante para ocorrência desses crimes. O princípio da isonomia é garantido constitucionalmente e o estado não pode se abster de proteger e promover a igualdade de gêneros, até os dias atuais já ocorreram inúmeras mudanças afim de promover essa igualdade entre elas se destaca a Lei Maria da Penha que tem o propósito de promover uma proteção mais eficiente para as mulheres e tratar com maior rigor os crimes de feminicidio. Finalizamos o trabalho evidenciando o papel do Estado e da sociedade no combate a esses crimes.
Palavras-chave: Machismo estrutural; violência de gênero; direito das Mulheres; Lei Maria da Penha; Legislação; Feminicidio.
SUMÁRIO
 1.0) - INTRODUÇÃO..............................................................................................04
 2.0) - BREVE CONTEXTO HISTORICO SOBRE O MACHISMO ESTRUTURAL.........................................................................................................04
3.0) - OS REFLEXOS DA DESIGUALDADE DE GENERO NO AMBITO 
SOCIAL, FAMILIAR E PROFISSIONAL..................................................................05
3.1 - Âmbito social...................................................................................................05
3.2 - Âmbito Familiar................................................................................................05
3.3 - Âmbito Profissional..........................................................................................06
4.0) - COORELAÇÃO ENTRE O FILME EU NÃO SOU UM HOMEM FACIL E O MACHISMO ESTRUTURAL....................................................................................06
4.1 - Sobre o filme...................................................................................................06
4.2 - Aspectos do filme e a relação com a vida real............................................... 07
5.0) - A INFLUENCIA DO MACHISMO ESTRUTURAL SOBRE OS CRIMES DE FEMINICIDIO..........................................................................................................07
5.1 – O que é feminicidio?..........................................................................................07
6.0) - DIRETRIZES PARA O COMBATE AO FEMINICÍDIO..................................09
6.1 - A atuação do estado......................................................................................11
6.2 - A atuação do Ministério Publico.....................................................................12
6.3 - O papel da sociedade....................................................................................14
7.0) - CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................15
8.0 - REFERENCIAS..............................................................................................16
9.0 
1.0 ) – INTRODUÇÃO:
Este Artigo busca evidenciar a influência do Machismo estrutural sobre os crimes de feminicídio baseado no filme: Eu não sou um homem fácil.
A sociedade contemporânea vem se destacando por inúmeras conquistas advindas de muitas lutas contra os crimes de discriminação, entre eles se destacam os crimes de violência de gênero, que atualmente tem tido uma grande atenção do poder público e da sociedade na luta pelo combate a esses crimes.
Esse artigo está organizado em cinco tópicos: No primeiro introduzimos o conteúdo histórico a respeito do tema, no segundo fizemos uma análise sobre os reflexos da desigualdade de gênero nos âmbitos, social familiar e profissional. No terceiro tópico fizemos uma correlação do filme eu não sou um homem fácil com o machismo estrutural, no quarto falamos sobre a influência do machismo estrutural sobre os crimes de feminicídio, e no quinto trataremos sobre as principais diretrizes para o combate a esse crime.
A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, enriquecida com alguns artigos publicados na internet.
2.0) - BREVE CONTEXTO HISTORICO SOBRE O MACHISMO ESTRUTURAL:
A estrutura social da humanidade traz em seu contexto histórico o homem como centro e a mulher com um papel secundário, viviam encarregados de apenas cuidar da família e dos deveres domésticos, não podiam trabalhar fora, e serviam para gerar filhos, o homem tinha total poder para solucionar todos os conflitos em seu âmbito familiar com total autoridade sobre seus filhos e esposa, suas decisões eram superiores perante o estado no seio familiar, o poder era mantido de forma hierárquica onde os homens mais velhos possuíam maior autoridade perante os mais novos e também sobre sua esposa, essa relação permaneceu durante muitos anos e hoje ainda existem algumas características tanto no meio social quanto familiar e profissional
Segundo PARODI E GAMA (2010 p. 33)
Na Roma antiga a autonomia da vontade prevalecia sobre o Estado, em questões de familiaridade, com repudio extremo a interferência estatal nas relações de afeto. Mas com a ascensão católica, a igreja não prescindiu de acumular funções estatais e clericas exercendo exacerbado controle sobre a vida privada. A vida dos cidadãos passou a pertencer ao Estado-Igreja, e juntamente com ela as possibilidades de felicidade e realização afetivas.
Logo quando a corte portuguesa chegou ao Brasil, trouxe consigo vários aspectos culturais advindos da Roma antiga, entre eles o casamento, que era tratado como um negócio afim de fomentar interesses tradicionais e comerciais, as noivas carregavam consigo o seu dote e ao se casar obedecia às regras impostas pelo seu marido onde o homem era o patriarca e exercia o poder legitimo sobre suas esposas e filhos.
3.0) - OS REFLEXOS DA DESIGUALDADE DE GENERO NO AMBITO SOCIAL, FAMILIAR E PROFISSIONAL:
Primeiro precisamos entender o que se define como gênero, que é a distinção entre o sexo biológico masculino e feminino tendo como base questões morais e culturais o que torna a desigualdade de gênero uma pressão moral e social presente no dia a dia.
3.1 - Âmbito social:
A mulher ainda ocupa uma posição submissa com relação ao homem, visto que houve uma grande evolução cultural que se iniciou a partir do século XIX com lutas e reivindicações por melhores condições de trabalho e igualdade social no tratamento político-jurídico entre homens e mulheres. Que estão a cada dia conquistando seu lugar no espaço, buscando uma sociedade sem discriminação com liberdade social e o livre arbítrio
3.2 - Âmbito familiar:
É no ciclo familiar que se inicia o processo de inclusão social, são os pais que exercem a maior influência sobre os filhos, principalmente na fase da infância. Período que começa a distinção relacionada ao gênero em que os pais passam a introduzir na educação dos seus filhos certas diferenças entre os meninos e as meninas onde as meninas a partir de certas idades começam a aprender os afazeres domésticos e o menino tem liberdade para brincar nas ruas, e dessa forma as crianças passam a perceber essa distinção e o seu comportamento gira em torno dessa educação advinda da família.
 Os pais esperam que evoluam e venham a agir conforme o seu papel social ditado desde a infância 
3.3 - Âmbito profissional:
Com o passar dos anos as mulheres vieram se desvinculando dessa imposição social de submissão e passaram a buscar formas de tratamento igualitário entre homens e mulheres, a partir do séculoXIX a mão de obra feminina foi incorporada a indústria, porém a desigualdade e as péssimas condições de trabalho foram motivos de muitos protestos culminando em várias revoluções.
 Apesar dos avanços conquistados, as mulheres ainda vivem em situações desiguais no mercado de trabalho, sofrendo descriminações e recebendo salários inferiores comparados aos homens que ocupam a mesma função, além de ocupar em menor número cargos de gerenciamento e chefia.
4.0) - COORELAÇAO ENTRE O FILME EU NÃO SOU UM HOMEM FACIL E O MACHISMO ESTRUTURAL:
4.1- sobre o filme:
O protagonista do filme é um homem altamente machista, que tem as mulheres como mero objeto, em certo dia ao andar pela calçada esbarra em um poste e cai desmaiado ao acorda se depara com um mundo em que os papeis entre homens e mulheres são invertidos, onde o feminismo é predominante. Ele fica impressionado ao descobrir que na empresa onde trabalha é uma mulher que ocupa o cargo de chefia, passando a ser empregado pessoal dela, uma mulher que explora sexualmente os homens agindo como se fosse ele de forma inversa, dessa forma ele passa a se incomodar ao ser visto como objeto sexual. O filme mostra a dificuldade em aceitar as diferenças e um mundo onde os homens são vítimas de discriminação e preconceitos.
4.2 - Aspectos do filme e a relação com a vida real: 
O empoderamento feminino destacado no filme traz uma reflexão bastante relevante sobre as desigualdades de gênero, mostrando uma visão ampla do que geralmente ocorre com as mulheres na sociedade atual, por inúmeras discriminações sofridas nos aspectos sociais, profissionais e no meio familiar também desencadeando consequências morais e psicológicas que culminam em traumas, ocasionando problemas de saúde que chegam ao ponto de influenciar no convívio coletivo como é o caso da depressão, doença gravíssima que quando acomete o indivíduo poderá trazer consequências drásticas, ao ponto da pessoa pôr fim a própria vida cometendo suicídio. 
O machismo estrutural ainda se encontra muito predominante na sociedade, as mulheres ainda prevalecem como gênero ‘frágil’, ou seja, continuam com o espaço reduzido, porém no decorrer dos anos alcançaram inúmeras conquistas em meio ao universo masculino. Tem se verificado uma grande evolução com muitas alterações normativas, regulamentando e organizando a sociedade possibilitando a efetivação de alguns princípios garantidos constitucionalmente como o da dignidade da pessoa humana e da igualdade.
5.0) - A INFLUENCIA DO MACHISMO ESTRUTURAL SOBRE OS CRIMES DE FEMINICIDIO:
5.1 - O que é feminicidio?
São crimes praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, ou seja, desprezando, menosprezando, desconsiderando a dignidade da vítima, dando a mulher um tratamento diferente do que é dado ao sexo masculino, como se tivessem menos direitos.
O termo surgiu como uma qualificadora do crime de homicídio previsto no art. 121 do código penal, para que estatisticamente pudesse identificar com maior precisão as mortes de mulheres por razões de gênero e assim provocar as instituições e a sociedade para uma intensificação no combate à impunidade penal desses agentes, protegendo os direitos das mulheres e estimulando a criação de políticas públicas para a prevenção desse tipo de crime. 
Através de muitas lutas e resistência as mulheres estão conseguindo alcançar a igualdade de gênero, uma luta diária que não cessa, sempre em busca de mais autonomia. O governo tem contribuído para a diminuição dessa desigualdade influenciando a sociedade através de programas federais para que todos tenham consciência a discriminação ainda é existente. 
Durante muitos anos as mulheres sofreram mediante submissão, imposições sociais e culturais, nos dias atuais surgiram várias mudanças na legislação que vieram a transformar esses atos de violência e discriminação em leis positivadas. 
A violência gênero atinge todas as classes em diferentes níveis sociais e econômicos. Contudo, pode se afirmar que qualquer mulher pode ser vítima de violência, crimes que ultrapassam as relações pessoais e atingem dimensões elevadas, impondo a necessidade de políticas públicas para seu enfrentamento.
Sujeitos presentes no crime:
· Sujeito ativo: geralmente é uma pessoa intima podendo ser marido, filho, sogro, pai ou outros parentes ou pessoas que vivam na mesma casa.
· Sujeito Passivo: Ocorre sempre contra a mulher, vítima de violência doméstica e familiar, sendo o homem o sujeito ativo, ou seja, o agressor podendo esse ser parente colateral, descendente ou ascendente. 
Segundo GRECO (2016. P.44)
 Com todo respeito as posições em contrário entendemos que o único critério que traduz com segurança necessária exigida pelo direito e em especial o direito penal, é o critério que podemos denominar jurídico. Assim somente aquele que for portador de um registro oficial (certidão de nascimento, documento de identidade) em que figure expressamente, o seu sexo feminino que poderá ser considerado sujeito passivo do feminicídio.
Aqui pode ocorrer que a vítima tenha nascido com o sexo masculino havendo tal fato constado expressamente de seu registro de nascimento, no entanto, posteriormente, ingressando com uma ação judicial, vê sua pretensão de mudança de sexo atendida, razão pela qual, por conta de uma determinação do poder judiciário, seu registro original vem a ser modificado passando a constar, agora, como pessoa do sexo feminino. Somente a partir desse momento é que poderá, segundo nossa posição, ser considerada como sujeito passivo do feminicídio
A pratica do feminicídio não ocorre apenas no âmbito familiar ou das relações domesticas, mas podendo ocorrer em espaços públicos, locais onde impera o crime organizado, O cenário das violências nem sempre é no âmbito familiar, como ocorre com a exploração sexual, o tráfico de mulheres. A violência contra a mulher geralmente vem acompanhada por outras formas de sofrimento como a violência sexual, vários tipos de tortura, a mutilação, o cárcere privado. 
6.0 - DIRETRIZES PARA O COMBATE AO FEMINICIDIO
Presente na CF / 88 no artigo 226 refere-se nominalmente à violência, ao tratar da família e da proteção de seus membros. No § 8 deste mesmo artigo, prevê que “O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações”.
A Lei 13.104/2015, que altera o art. 121 do Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para prever o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio, e o art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, para incluir o feminicídio no rol dos crimes hediondos.
As Diretrizes Nacionais foram criadas para aprimorar a desde a investigação policial até o julgamento dos crimes de feminicídio de modo a evidenciar as razões de gênero como causas dessas mortes. No intuito de mostrar que as desigualdades estruturantes das relações de gênero são causas que resultam nessas mortes, o estado mostra seu empenho aprimorando a legislação com o objetivo de atuar em concordância com as obrigações nacionais e internacionais assumidas pelo governo brasileiro.
Segundo, PARODI E GAMA (2010 p.57)
A Lei n° 11.340/2006 foi mais incisiva e, de forma mais racional, vai amenizar o problema tão grave da violência doméstica familiar. Objetivamente, a pena máxima foi triplicada, passou de um ano de detenção para três anos; ao revés a pena mínima foi reduzida de seis meses para três meses. Com isso, extinguiram – se as penas pecuniárias, seja na forma de pagamento de cestas básicas ou multas. Mas não foi somente isso, já que o criminoso pode ser preso em flagrante ou ter prisão preventiva decretada.
Preventivamente, visando proteger a mulher agredida, bem como seus filhos, o agressor pode ser compelido a deixar a casa. Uma vez condenado, o agressor deve comparecer aos programas de recuperação e reeducação.
De acordo com a Lei n° 11.340/2006, a violência contra a Mulher é “qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão ousofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial”.
As diretrizes devem ser aplicadas em todas as situações que envolva violência contra a mulher para que ocorra uma investigação eficaz dessas mortes, mesmo em casos de suicídio ou mortes acidentais, em casos mais antigos como em desaparecimentos e em todos os casos recentes. Proporcionando uma investigação mais ampla dos fatos, verificando todos os indícios que possam levar a um feminicidio.
No Brasil já foram criadas inúmeras ações no combate a violência contra a mulher entre essas medidas do governo temos o ligue 180, que recebe denúncias de violência contra a mulher e encaminha para outros serviços se necessário, temos também a lei do feminicídio sancionada em março de 2015 que torna mais severa a punição aos crimes praticados contra a mulher. Foi criada a casa da Mulher Brasileira com intuito de oferecer um atendimento humanizado as vítimas de violência onde elas encontram apoio psicossocial, alojamento de passagem, presença de delegacias Ministério Público entre outros órgãos. Também se destaca o serviço oferecido pela Rede Brasil Mulher laçada em dezembro de 2017, que tem a participação da sociedade, empresários e organizações públicas, com objetivo viabilizar ações para impulsionar o desenvolvimento social do país afim de garantir uma melhor qualidade de vida com o mínimo de desigualdade e assegurando a dignidade da Mulher.
6.1 A atuação do Estado 
O Estado deve garantir para a vítima a proteção dos seus direitos, à verdade, à responsabilização do agressor e à reparação integral. As vítimas sobreviventes e vítimas indiretas devem ter o conhecimento sobre as medidas protetivas e a possibilidade de solicitá-las no decorrer do processo, cabendo ao seu representante legal ou o promotor de justiça requerer as medidas cabíveis nos moldes da Lei Maria da Penha, também tem o direito a assistência, em situações que as exponham e que precisem relembrar os fatos do crime. O Estado também é garantidor da reparação causado pelo impacto da violência na vida das vítimas sobreviventes, propondo formas para a manutenção do seu sustento, condições de vida e desenvolvimento. Medidas adotadas na perspectiva de gênero, com promoção de garantias que venha a reequilibrar a vida dessas mulheres tanto financeira como no aspecto psicológico afim de promover a autoconfiança para superar a violência sofrida. 
E quando ocorre culpa do serviço, ou falta do serviço o estado tem a obrigação de indenizar, em reparação aos danos causados a vítima sobrevivente ou indiretas, devido ao serviço prestado não funcionar, funcionar mal ou atrasado nesse sentido temos como exemplos a morosidade da investigação policial, ou em casos de falhas nas medidas protetivas de urgência.
No dia 14 de maio de 2019 foi sancionada pelo Presidente Jair Bolsonaro e publicada no Diário Oficial da União alterações na Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340), de 7 de agosto de 2006. De acordo com o texto “verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência”. “Essa medida pode ser tomada pelo juiz; pelo delegado de polícia, quando o município não for sede de comarca; ou pelo policial, quando não houver delegado disponível no momento da denúncia. ” A autoridade judicial será notificada em vinte e quatro horas e terá o mesmo tempo para a “manutenção ou revogação. ” “Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida protetiva de urgência, não será concedida liberdade provisória ao preso. ”
Segundo o texto, “as medidas protetivas de urgência serão registradas em banco de dados mantido e regulamentado pelo Conselho Nacional de Justiça, garantido o acesso do Ministério Público, da Defensoria Pública e dos órgãos de segurança pública e de assistência social, com vistas à fiscalização e à efetividade das medidas protetivas”.
6.2 - O Ministério Público e a aplicação da Lei Maria da Penha nos crimes de feminicídio
 A Lei Maria da Penha prevê em seus artigos 25 e 26 a atuação do Ministério Público, consta no Art. 25 “O Ministério Público intervirá, quando não for parte, nas causas cíveis e criminais decorrentes da violência doméstica e familiar contra a mulher”. Sendo um dos legitimados ativos, ao lado da própria vítima, para requerer as medidas protetivas cabíveis nos art. 22 e 24 da referida lei, podendo tais medidas serem requisitadas quando da investigação dos delitos, como forma de garantir a integridade física e mental das vítimas sobreviventes e vítimas indiretas. Nos casos de crimes tentados, o promotor de justiça poderá complementar o requerimento de medidas protetivas na Delegacia de Polícia afim de proporcionar uma melhor proteção para a vítima sobrevivente ou indireta podendo requerer outras medidas protetivas adequadas e cabíveis previstas na legislação em vigor, para garantir a segurança das vítimas sobreviventes, indiretas e testemunhas.
Nos casos de feminicídios consumados as medidas protetivas podem ser requeridas para a proteção das vítimas indiretas, havendo registros de que estejam em risco. O promotor de justiça deve atuar na criminalização do agressor, mas também o encaminhamento da vítima sobrevivente e vítimas indiretas para assistência na rede de atendimento, assumindo um papel de mera importância no intuito de promover campanhas educativas com a finalidade de levar para as vítimas a informação sobre a Lei Maria da Penha e também sobre o feminicidio para que tenham conhecimento sobre as medidas de prisão aplicáveis aos casos de violência doméstica e familiar, como ocorre a prisão cautelar do agressor. 
O representante do Ministério Público poderá requerer a prisão preventiva do agressor em caso de descumprimento de medidas protetivas anteriormente deferidas, conforme art. 42 da Lei 11340/06 com o acréscimo do inciso III ao artigo 313 do Código de Processo Penal: segundo o qual “será admitida a decretação da prisão preventiva: se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência” nas medidas de reparação em todos os casos de mortes violentas de mulheres por razões de gênero, sejam tentadas ou consumadas, o Ministério Público poderá atuar para dar efetividade ao direito das vítimas diretas e indiretas a ter reparação pelos danos sofridos.
 Como procedimento, poderá formular o requerimento de reparação de danos materiais, morais e psicológicos às vítimas sobreviventes e às vítimas indiretas, que deverá ser pago pelo agressor, conforme sentença condenatória fixada deve providenciar que sejam juntados aos autos documentos que comprovem os gastos médicos da vítima sobrevivente e de seus familiares em decorrência do crime, além da oitiva dos profissionais que fizeram o atendimento médico da vítima sobrevivente, para que seja avaliada a extensão do dano e o ressarcimento adequado. O promotor de justiça em todas as fases do processo deverá agir e forma a não tolerar teses da defesa que visam desqualificar a vítima e sua conduta social com o fim de proteger a memória da vítima direta, sobrevivente ou não. 
É fundamental que todos os profissionais envolvidos em cada etapa – delegado de polícia, promotores de justiça, defensores públicos e juízes fiquem atentos ao surgimento de ameaças e violações de direitos contra as vítimas sobreviventes e vítimas indiretas. Devem ser aplicadas as estratégias de prevenção cabíveis e os planos de segurança que possam ser implementados, incluindo a aplicação de medidas protetivas de urgência nos casos enquadrados na Lei Maria da Penha, e se necessário a inclusão em programa de proteção de testemunhas.
Quando ocorre culpa do serviço, ou falta do serviço o Estado tem a obrigação de indenizar, em reparação aos danos causados a vítima sobrevivente ou indiretas, devido ao serviço prestado não funcionar,funcionar mal ou atrasado nesse sentido temos como exemplos a morosidade da investigação policial, ou em casos de falhas nas medidas protetivas de urgência. 
6.3 - O papel da sociedade
A sociedade atual tem tido cada vez mais conhecimento sobre seus direitos e cobrando do estado politicas publicas mais eficientes em todas as esferas sociais, buscando um tratamento igualitário afim de disseminar todas as formas de discriminação e preconceitos. A cada dia surgem novos casos de violência contra a mulher, porém o estado tem atuado de forma efetiva, fazendo com que as mulheres tenham o seu reconhecimento merecido perante a sociedade nos aspectos familiar, social e profissional. Devemos ressaltar a importância da educação no seio familiar, incumbe ao pai, à mãe educar as crianças desde o berço, ensinando a igualdade entre homens e mulheres (igualdade de gênero). A sociedade deve continuar a em propagá-los. 
Segundo GRECO, (2016 p. 39)
Sob a ótica de uma necessária e diferenciada proteção a mulher, o Brasil editou o decreto 1.973, em 1° de agosto de 1996, promulgando a convenção interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher, concluída em Belém do para, em 09 de junho de 1994.
Em 07 de agosto de 2006 foi publicada a Lei 11.340, criando mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, estabeleceu medidas de assistência e proteção as mulheres em situação de violência doméstica e familiar, nos termos exposto no artigo 1° da mencionada Lei.
Em 09 de março de 2015, indo mais além, fruto do projeto de Lei do senado n° 8.305/2014, foi publicada a Lei 13.104, que criou, como modalidade de homicídio qualificado, o chamado feminicídio, que ocorre quando uma mulher vem a ser vítima de homicídio simplesmente por razões de sua condição de sexo feminino.
7.0) – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vale ressaltar que as preconcepções sobre o papel que as mulheres devem desempenhar no âmbito de uma sociedade patriarcal condicionam, sem dúvida, a resposta que os juízes e jurados dão aos fatos que causam a morte violenta de mulheres por razões de gênero ou sua tentativa. Por fim, dar visibilidade à discriminação, à opressão, à desigualdade e à violência sistemática contra a mulher, que em sua forma mais extrema culmina com a morte, divulgando o conceito de feminicídio e fazendo constar das peças processuais, desde a denúncia, até em pedidos de prisão, alegações finais, recursos perante os tribunais superiores e principalmente, nos debates perante o Tribunal do Júri, e na ata de julgamento, requisitando-se inclusive que conste da sentença condenatória, a denominação feminicídio.
As vítimas precisam de acompanhamento e proteção, portanto, existe uma necessidade de evolução para que se construa uma nova consciência social, com empenho jurídico e político para se conquistar de fato os direitos tão perseguidos pelas mulheres.
8.0) – REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
CAMPOS, Carmen, Hein. Lei maria da penha. Comentada em uma perspectiva jurídico-feminista. Editora lumen Juris, Rio de Janeiro, 2011
GRECO, Rogerio. Curso De Direito Penal, Parte Especial. Vol. II. 13ª Edição, Rio de 
Janeiro. Editora Ímpetos. 2016
MENEGHEL. Stela Nazareth, PORTELLA. Ana Paula, Feminicídios: conceitos, tipos e cenários. 
Disponível em :<https://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232017000903077.> Acesso em 14 de maio de 2019
PARODI, Ana Cecilia. GAMA, Ricardo Rodrigues. Lei Maria da Penha, Comentários a Lei n° 11.340/2006, 1ª edição, Campinas São Paulo. Russell editores. 2010.
ROMANO. Giovana, Bolsonaro sanciona proteção facilitada para mulheres vítimas de violência Disponivel em:< https://veja.abril.com.br/politica/bolsonaro-sanciona-protecao-facilitada-para-mulheres-vitimas-de-violencia/.> Acesso em 15 de maio de 2019
ROUSEFF. Dilma, GOMES. Nilma Lino, MENICUCCI. Elionara, Diretrizes Nacionais feminicídio, investigar, processar julgar com perspectiva de Gênero as mortes violentas de mulheres. Brasília DF, 2016. Disponível em: <http://www.onumulheres.org.br/wpcontent/uploads/2016/04/diretrizes_feminicidio.pdf.> Acesso em 15 de maio de 2019.
FONSECA. Maria Fernanda Soares. Et.al. O feminicídio como uma manifestação das relações de poder entre os gêneros. Disponível em: <https://periodicos.furg.br/juris/article/viewFile/7680/5330.> Acesso em: 14 de maio de 2019

Continue navegando