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Fundamentos Historico-Teorico-Metodolgicos do Servio Social (60 e 80) - (UniFatecie)

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Prévia do material em texto

Fundamentos Histórico-
Teórico-Metodológicos do 
Serviço Social (60 e 80)
Professora Esp. Irení Alves de Oliveira
EduFatecie
E D I T O R A
Reitor
Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino 
Prof. Ms. Daniel de Lima
Diretor Financeiro
Prof. Eduardo Luiz 
Campano Santini
Diretor Administrativo 
Prof. Ms. Renato Valença Correia
Secretário Acadêmico 
Tiago Pereira da Silva
Coord. de Ensino, Pesquisa e 
Extensão - CONPEX
Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza
Coordenação Adjunta de Ensino 
Prof.ª Dra. Nelma Sgarbosa 
Roman de Araújo
Coordenação Adjunta de 
Pesquisa 
Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme
Coordenação Adjunta de 
Extensão 
Prof. Esp. Heider Jeferson 
Gonçalves 
Coordenador NEAD - Núcleo de 
Educação a Distância 
Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
Web Designer
Thiago Azenha
Revisão Textual
Kauê Berto
Projeto Gráfico, Design
e Diagramação
André Dudatt
UNIFATECIE Unidade 1 
Rua Getúlio Vargas, 333, 
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 2 
Rua Candido Berthier Fortes, 
2177, Centro Paranavaí-PR 
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 3 
Rua Pernambuco, 1.169, 
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 4 
BR-376 , km 102, 
Saída para Nova Londrina 
Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
www.unifatecie.edu.br/site/
As imagens utilizadas neste 
livro foram obtidas a partir do 
site ShutterStock
https://orcid.org/0000-0001-5409-4194
2021 by Editora EduFatecie 
Copyright do Texto © 2021 Os autores 
Copyright © Edição 2021 Editora EduFatecie
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva 
dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora EduFatecie. Permitido 
o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a 
possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
EQUIPE EXECUTIVA
Editora-Chefe 
Prof.ª Dra. Denise 
Kloeckner Sbardeloto
Editor-Adjunto 
Prof. Dr. Flávio Ricardo 
Guilherme
Assessoria Jurídica 
Prof.ª Dra. Letícia 
Baptista Rosa
Ficha Catalográfica 
Tatiane Viturino de 
Oliveira
Zineide Pereira dos 
Santos
Revisão Ortográ-
fica e Gramatical
Prof.ª Esp. Bruna 
Tavares Fernades
Secretária
Geovana Agostinho 
Daminelli
Setor Técnico 
Fernando dos Santos 
Barbosa
Projeto Gráfico, 
Design e 
Diagramação
André Dudatt
www.unifatecie.edu.br/
editora-edufatecie
edufatecie@fatecie.edu.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP 
O48f Oliveira, Irení Alves de 
 Fundamentos histórico-teórico-metodológicos do Serviço 
 Social (60 e 80) / Irení Alves de Oliveira. Paranavaí: EduFatecie, 
 2021. 
 138 p. : il. Color. 
 ISBN 978-65-87911-37-3 
1. Serviço social. 2. Fundamentos do serviço social. I. Faculdade
de Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná - UniFatecie. II. Núcleo de
Educação a Distância III. Título.
 CDD : 23 ed. 361.3 
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 
https://doi.org/10.33872/edufatecie.formsociocultural.2019
AUTORA
Professora Irení Alves de Oliveira 
●	 Especialista	em	Docência	no	Ensino	Superior	(2016)
●	 Tecnóloga	em	Marketing	(2016)
●	 Bacharel	em	Serviço	Social	(2015)
●	 Pós-Graduanda	em	Design	Thinking	e	Criatividade	nas	Organizações	
●	 Professora	Formadora	EAD	
●	 Supervisora	Acadêmica	de	Estágio	
													Link	do	Currículo	na	Plataforma	Lattes:	http://lattes.cnpq.br/6087805875284804
Assistente	Social.	Supervisora	Acadêmica	com	programa	de	treinamento	e	acom-
panhamento	de	equipe	de	supervisores	acadêmicos	e	Professora	formadora	da	disciplina	
de	estágio	supervisionado	curricular	obrigatório.
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Seja	muito	bem-vindo(a)!	
Caro(a)	aluno(a),	é	com	imensa	satisfação	que	apresento	a	disciplina	de	Funda-
mentos	Históricos,	Teóricos	e	Metodológicos	do	Serviço	Social:	década	de	60	e	80	e	convido	
você	a	se	apropriar	dos	conteúdos	que	serão	abordados	ao	longo	das	quatro	unidades,	em	
que	serão	destacados	assuntos	relevantes,	tanto	neste	processo	formativo	quanto	quando	
estiver	atuando	como	assistente	social.	
A	construção	deste	material	tem	como	objetivo	destacar	a	formação	e	o	trabalho	
profissional	na	contemporaneidade,	preparando	você	para	entender	sobre	o	projeto	profis-
sional	e	o	assistente	social	na	luta	de	classes.
Desta	forma,	na	Unidade	I	você	irá	estudar	três	pontos	importantes	sobre	o	trabalho	
do	assistente	social	e	destaco	que	no	primeiro	ponto,	 logo	no	início,	são	abordados	três	
aspectos	 relevantes	 que	 possibilitarão	 a	 reflexão	 sobre	 o	 trabalho	 que	 os	 profissionais	
precisam	desenvolver	e	sobre	a	questão	social	mediante	ao	mercado	de	trabalho.	Também	
serão	apresentados	o	trabalho	e	o	Serviço	social,	bem	como	o	processo	de	trabalho	que	
todos	estão	inseridos.	Por	fim	serão	apresentadas	as	mudanças	sociais	ou,	como	abordado	
por	Iamamoto,	as	transformações	societárias	que,	de	certa	forma,	ampliaram	o	mercado	de	
trabalho	para	os	assistentes	sociais.	
Já	na	Unidade	II	será	destacado	sobre	a	formação	profissional,	serão	abordadas	
algumas	reflexões	iniciais	na	contemporaneidade,	destacando	os	desafios	que	a	categoria	
enfrentou	ao	reconstruir	o	projeto	de	 formação.	Entre	os	anos	1960	a	1980,	a	profissão	
passou	por	um	processo	de	 ruptura	com	a	prática	conservadora	enraizada	nas	práticas	
profissionais,	 necessitando	 rever	 o	 projeto	 de	 formação.	 Durante	 esse	 percurso	 houve	
conquistas,	mas	também	dilemas	que	são	relevantes	para	que	se	possa	entender	todos	os	
fatos	históricos	que	envolvem	o	projeto	de	formação	profissional;	atualmente	destacam-se	
algumas	exigências	e	perspectivas	sobre	a	 formação.	É	evidente	que	nesse	percurso	o	
debate	sobre	os	 temas	abordados	no	movimento	de	 reconceituação	 foi	 importante	para	
entender	a	política	de	prática	acadêmica	que	foi	muito	bem	apresentada	no	método	de	BH.	
Na	sequência,	será	estudado	na	Unidade	III	que,	para	entender	o	projeto	profissão,	
foi	preciso	buscar	a	concepção	de	mundo,	entendendo	as	quatros	notas	e	os	tipos	de	con-
cepção.	Você	deve	estar	se	perguntando	o	porquê	de	estudar	isso.	Ora,	caro(a)	aluno(a),	
o Serviço	Social	por	si	só	traz	uma	bagagem	histórica	que	fundamenta	as	bases	teóricas	e
metodológicas	da	profissão.	Para	entender	tudo	que	está	ao	redor	da	profissão,	é	preciso
entender	o	contexto	histórico	e	a	concepção	de	mundo	sobre	o	processo	histórico	que	tem
o ser	humano	como	ponto	principal.	 Fique	 tranquilo(a),	 pois	 esse	assunto	está	descrito
na	primeira	parte	da	unidade.	Depois	estudará	sobre	a	crítica	que	Marx	fez	em	seu	livro	o
Capital	-	volume	01	sobre	a	economia	política	que	envolve	a	relação	capital	X	trabalho.	Em
seguida	entenderá	o	conceito	de	trabalho	e	práxis,	de	forma	separada.	Por	fim,	o	projeto
profissional	e	o	motivo	da	emancipação	humana	ser	considerada	para	além	do	direito	e	da
cidadania	burguesa.
E	em	nossa	Unidade	IV	entenderá	sobre	o	termo	“quefazer	profissional”,	porque	e	
quando	surgiu	esta	dúvida	e	como	o	fazer	profissional	é	realizado	atualmente.	Em	seguida	
serão	apresentados	os	quatro	projetos	considerados	importantes.	O	primeiro	é	o	que	funda-
menta	as	bases	teóricas,	éticas,	políticas	e	metodológicas	da	profissão	e,	por	este	motivo,	
foram	escolhidas	as	dimensões	ético-política	e	teórico-metodológico	frente	aos	diferentes	
projetos.	Para	finalizar,	destacamos	quatros	pontos	importantes	para	refletir	sobre	alguns	
questionamentos,	com	a	finalidade	de	encontrar	respostas	sobre	a	profissão.	
Espero	 que	 o	 conteúdo	 desta	 apostila	 contribua	 no	 seu	 crescimento	 enquanto	
futuro(a)	assistente	social.	
Bons estudos e até a próxima. 
Prof.ª	Irení	Alves	de	Oliveira		
SUMÁRIO
UNIDADE	I	...................................................................................................... 4
O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
UNIDADE	II	...................................................................................................33
Formação Profissional na ContemporaneidadeUNIDADE	III	.................................................................................................. 67
O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na 
Sociedade do Capital
Professora Esp. Irení Alves de Oliveira
UNIDADE	IV	................................................................................................ 103
O Assistente Social na Luta de Classes
4
Plano de Estudo:
● O	Serviço	Social	na	Contemporaneidade;
● Trabalho	e	Serviço	Social:	o	redimensionamento	da	profissão	ante	as
transformações	societárias	recentes;
● Demandas	e	respostas	da	categoria	profissional	aos	projetos	societários.
Objetivos da Aprendizagem:
● Contextualizar	o	Serviço	Social	na	contemporaneidade,
	entendendo	as	mudanças	e	os	desafios	profissional;		
● Compreender	o	termo	trabalho	e	o	Serviço	Social	e	o	redimensionamento
da	profissão	ante	as	transformações	societárias	recentes;	
● Destacar	as	principais	demandas	e	respostas	no	que	se	refere
	a	categoria	profissional	aos	projetos	societários.	
UNIDADE I
O Trabalho Profissional na 
Contemporaneidade
Professora Esp. Irení Alves de Oliveira
5UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
INTRODUÇÃO
Caro(a)	 aluno(a),	 nesta	 primeira	 unidade	 você	 irá	 se	 debruçar	 sobre	 o	 trabalho	
profissional	 do	assistente	 social	 na	 contemporaneidade.	Para	entender	 esse	assunto,	 é	
preciso	dividir	em	três	tópicos,	sendo	eles:	o	Serviço	Social	na	contemporaneidade;	Traba-
lho	e	Serviço	Social:	o	redimensionamento	da	profissão	ante	as	transformações	societárias	
recentes;	e	as	demandas	e	respostas	da	categoria	profissional	aos	projetos	societários,	em	
que	serão	explanados	temas	importantes,	referentes	ao	fazer	profissional.	
Portanto,	na	primeira	parte	você	estudará	sobre	os	desafios	que	o	assistente	social	
vivencia	cotidianamente;	aqui	serão	destacados	três	aspectos	reflexivos	sobre	a	profissão,	
levando	a	busca	do	entendimento	sobre	a	questão	social	e	o	mercado	de	trabalho.	É	ne-
cessário	fazer	um	breve	resgate	histórico	sobre	a	origem	do	termo	“questão	social”	para	
entender	as	desigualdades	sociais	no	Brasil	e,	assim,	compreender	o	mercado	de	trabalho	
profissional,	principalmente	do	assistente	social.	Afinal,	foi	por	meio	dos	problemas	sociais	
que	houve	a	ampliação	de	diversos	campos	de	atuação,	porém	também	propiciou	as	mu-
danças	nos	campos	de	atuação	e	o	surgimento	de	grandes	desafios	no	fazer	profissional.	
Já	na	segunda	parte	será	estudada	a	origem	o	termo	“trabalho”.	Esse	é	um	ponto	
importante	para	compreender	o	Serviço	Social	na	sociedade	e	como	a	profissão	está	inse-
rida	e	inscrita	na	divisão	social	e	técnica	do	trabalho	através	da	prática	profissional.	A	partir	
desse	entendimento,	o	processo	de	trabalho	passa	a	fazer	parte	da	vida	do	homem	em	meio	
a	sociedade.	Assim,	você	 irá	entender	o	processo	de	trabalho	do	assistente	social,	para	
depois	compreender	sobre	o	redimensionamento	da	profissão	antes	das	transformações	
societárias,	que	se	voltam	para	as	mudanças	no	mercado	de	trabalho	profissional.	
E,	 por	 fim,	 a	 terceira	 parte	 abordará	 as	 demandas	 profissionais	 no	 âmbito	 das	
relações	entre	o	Estado	e	a	sociedade.	Serão	destacados	alguns	pontos	reflexivos	con-
siderados	 pela	 grande	 autora	 Iamamoto,	 como	 ocultos	 no	 VII	 Congresso	 Brasileiro	 de	
Assistentes	Sociais,	que	aconteceu	em	1992,	no	estado	de	São	Paulo,	enfatizando	que	os	
profissionais	precisam	compreender	as	condições	de	trabalho	ao	buscar	respostas	para	o	
fazer	profissional.	
Espero que tenha um excelente estudo! 
6UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
1. O SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
No	contexto	contemporâneo,	a	revolução	tecnológica	acabou	estabelecendo	novos	
padrões	de	produção	e	gestão,	tendo,	por	trás	de	todo	esse	avanço,	a	grande	hegemonia,	
conhecida	como	capital	financeiro.	Com	 isso,	houve	um	aumento	do	desemprego,	além	
de	gerar	o	subemprego.	Nesse	aspecto,	a	acumulação	de	capital	não	se	configura	como	
sinônimo	de	equidade	e	sim	das	diversas	expressões	da	questão	social.	De	um	lado	temos	
a	concentração	do	lucro	e	poder,	do	outro,	o	pauperismo	e	a	luta	pela	sobrevivência.
Mediante	a	esse	cenário,	os	assistentes	sociais	são	desafiados	diariamente	nos	
mais	diversos	campos	de	atuação.	Primeiro,	pelo	aumento	da	demanda	voltada	para	os	
serviços	sociais;	segundo,	pela	diminuição	dos	recursos,	principalmente	na	esfera	pública,	
criando	padrões	cada	vez	mais	rigorosos	sobre	a	possibilidade	da	população	ter	acesso	
aos	direitos.	
Isso	nos	leva	a	refletir	sobre	três	aspectos	acerca	da	profissão.
Primeiro,	para	entender	o	Serviço	Social	na	contemporaneidade	é	necessário	 li-
bertar-se	da	visão	interna	e	centralizadora	que	aprisiona	muitos	profissionais.	Para	isso,	é	
necessário	ampliar	os	horizontes,	observando	as	mudanças	do	cotidiano	na	relação	entre	
Estado	e	a	sociedade;	não	perdendo	as	características	da	profissão	e,	ao	mesmo	tempo,	
rompendo	 com	 o	 pensamento	 conservador	 e	 endógeno.	Ou	 seja,	 no	 aspecto	 de	 ajuda	
na	forma	evolutiva	da	caridade	e	da	filantropia	baseado	nas	obras	de	Tomás	de	Aquino	e	
Vicente	de	Paula	(MONTANÕ,	2007).	
7UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
Segundo,	entender	a	profissão	nos	dias	atuais	e	as	mudanças	na	sociedade,	princi-
palmente	no	âmbito	do	trabalho,	mas	especificamente	na	estrutura	de	produção	refletida	na	
nova	forma	de	organização	e	gestão	do	trabalho.	O	Serviço	Social	é	uma	profissão	espe-
cializada	e	inscrita	na	divisão	social	e	técnica	do	trabalho,	compreende	que	os	assistentes	
sociais	têm	um	Código	de	Ética	Profissional,	sendo	considerado	um	profissional	autônomo	
e	qualificado.		
Terceiro,	considerar	o	Serviço	Social	como	 trabalho	é	o	mesmo	que	 favorecer	a	
produção	e	 reprodução	da	vida	social.	Antunes	 (2006)	destaca	que	a	satisfação	no	 tra-
balho	não	está	 voltada	para	as	 relações	 sociais	 e	 sim	na	necessidade	da	produção	de	
objetos,	constituindo	a	materialidade	e	subjetividade	das	classes	que	vivem	do	trabalho.	Ao	
confirmar	a	primazia	do	trabalho	na	sociedade	e	ao	indagar	o	papel	do	Serviço	Social	no	
processo	de	produção	e	reprodução	da	vida	social,	existe	um	ponto	de	partida	e	um	norte.	
Porém	essa	não	é	a	prioridade	do	mercado,	mas	sim	privilegiar	a	distribuição	de	riquezas	
dentro	do	sistema	capitalista,	considerado	o	“portador	de	valor-trabalho	e	de	mais-valia.	O	
trabalho	é,	pois,	uma	atividade	que	se	inscreve	na	esfera	da	produção	e	reprodução	da	vida	
material”	(IAMAMOTO,	2012,	p.	25).	
Em	síntese,	um	dos	maiores	desafios	enfrentados	pelos	assistentes	sociais	atual-
mente	é	interpretar	a	realidade	e	desenvolver	um	trabalho	criativo,	capaz	de	preservar	os	
direitos	a	partir	das	demandas	que	surgem	no	cotidiano.	Em	qualquer	situação	é	preciso	
ser	um	profissional	com	objetivos	claros,	não	apenas	um	executor	de	tarefas.	É	olhar	para	
além	da	profissão,	 rompendo	com	qualquer	visão	rotineira	e	burocrática	que	envolve	os	
profissionais	de	Serviço	Social,	entendendo	que	a	questão	social	é	o	seu	objeto	de	trabalho	
nos	diversos	espaços	sócio-ocupacionais	no	mercado	de	trabalho	que	está	inserido.		
1.1 Questão Social e o Mercado de Trabalho
Caro(a)	 aluno(a),	 acredito	 que	 já	 tenha	 estudado	 em	 outras	 disciplinas	 sobre	 a	
questão	social,	pois	bem,	vamos	recapitular	sua	origem.	De	acordo	com	Castel	(1998),	o	
termo	questão	social	foi	mencionado	pela	primeira	vez	no	ano	de	1831	no	jornal	legitimista	
8UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
La Quotidienne.	Chamou	a	atenção	do	governo	francês	ao	enfatizar	a	necessidade	de	en-
tender	além	do	poder	do	capitalismo,	destacando	que	existia	uma	“questão	social”	carente	
buscando	por	respostas	emergentes.	Ou	seja,	o	Estado	precisava	atender	o	pauperismo	que	
a	classe	trabalhadora	estava	vivenciando	em	decorrência	do	processo	de	industrialização.	
Mas	por	que	foi	preciso	recapitular	a	origem	do	termo	questão	social?	
Ora,	caro(a)	aluno(a),	 terem	mente	a	origem	do	termo	“questão	social”	 faz	toda	
a	 diferença,	 primeiro	 porque	 o	 processo	 de	 industrialização	 ocasionou	 o	 pauperismo	 e	
empobrecimento	da	classe	operária,	gerando	diversos	problemas	sociais.	Isso	chamou	a	
atenção	da	classe	burguesa	e	do	Estado,	que	precisava	de	algum	mecanismo	para	atender	
as	necessidades	emergentes	da	classe	operária,	para	continuar	vendendo	a	sua	força	de	
trabalho.	O	segundo	motivo	é	que	a	questão	social	se	tornou	o	objetivo	do	trabalho	do	as-
sistente	social,	e,	para	analisar	as	suas	variações,	principalmente	na	atualidade,	é	preciso	
entender	a	origem	e	o	contexto	em	que	a	questão	social	passou	a	ser	reconhecida	pelo	
Estado,	classe	operária	e	burguesia.	
Com	isso,	entender	a	questão	social	é	captar	as	múltiplas	formas	de	pressão	social,	
decifrando	a	realidade	do	cotidiano,	pois	pensar	nos	problemas	sociais	na	contemporanei-
dade	pode	ser	um	desafio.	A	globalização	econômica	reproduz	o	pauperismo	nas	diversas	
formas	ao	longo	da	existência	do	ser	social.
Sobre	 a	 questão	 social	 no	Brasil,	 Iamamoto	 (2009)	 destaca	 que	 a	 transição	 do	
capitalismo	competitivo	para	o	monopolista	não	foi	estruturada	por	uma	burguesia	com	forte	
tendência	para	a	democracia	e	o	nacionalismo,	marcando	o	país	com	um	sistema	restrin-
gido	e	oligárquico.	Com	isso,	a	desigualdade	social	aumenta	a	ponto	de	ser	considerada	
indissociável	do	sistema	capitalista,	incorporando	múltiplas	expressões	da	questão	social	
que	se	enraizaram	na	sociedade.
Segundo	Piana	(2009),	a	questão	social	no	Brasil	deve	ser	considerada	como	algo	
grave,	pois	atinge	todos	os	setores	e	camadas	sociais	e	está	constantemente	ameaçada	
pela	pobreza	e	exclusão.	Isso	porque	a	realidade	da	atual	política	salarial	aumenta	esse	
problema,	principalmente	ao	construir	uma	sociedade	coesa	e	clara	por	meio	das	relações	
democráticas	e	interdependentes.
Partindo	 desta	 lógica,	Arcoverde	 (2000)	 enfatiza	 que	 a	 questão	 social	 no	Brasil	
assume	diversas	formas	e	possui	características	orgânicas	relacionadas	à	desigualdade	e	
injustiça	social	referente	à	organização	do	trabalho	e	da	cidadania.	Isso	se	deu	por	meio	
do	atual	modelo	de	produção	e	reprodução	que	o	país	adotou	com	o	processo	escravista,	
industrial,	Fordista-Taylorismo	e	a	reorganização	produtiva.
9UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
Dessa	forma,	a	expressão	“questão	social”	passa	a	ser	resultado	da	relação	entre	
produção	e	reprodução	social	causada	pela	concentração	da	riqueza.	O	assistente	social	
tem	a	missão	de	decifrar	as	diversas	formas	da	desigualdade	social	na	atualidade	e	dar	
transparência	 às	 iniciativas	 que	 visam	 a	 restauração	 ou	 enfrentamento	 imediato.	 É	 um	
profissional	capacitado	a	formular	e	implementar	propostas	por	meio	das	políticas	sociais	
nos	órgãos	públicos	e/ou	privados	nos	mais	diversos	espaços	sócio-ocupacionais.
Mas	acredito	que	você	agora	deve	estar	se	perguntando,	o	que	a	questão	social	
tem	a	ver	com	o	mercado	de	trabalho	profissional?	
	Pois	bem,	para	entender	o	mercado	de	trabalho	profissional,	especificamente	do	
Serviço	Social,	é	preciso	ter	em	mente	que	o	objeto	(questão	social)	que	deu	base	para	a	
profissão	foi	resultado	das	demandas	ocasionadas	pela	sociedade	capitalista,	formando	a	
opressão	por	meio	da	produção	e	reprodução	material.	Para	atender	os	problemas	sociais,	
foi	necessário	que	profissionais	capacitados	pudessem	atuar	nos	espaços/serviços	promo-
vidos	pelo	Estado	para	atender	os	interesses	da	burguesia.	
Antes	da	década	de	1980,	a	maior	concentração	da	atuação	profissional	estava	
voltada	aos	serviços	promovidos	pelo	Estado;	após	essa	década	houve	uma	ampliação	nos	
campos	de	atuação,	tanto	público	quanto	privado.	Veja	a	seguir	alguns	espaços	sócio-ocu-
pacionais	dos	dias	atuais.
FIGURA 2 - ALGUNS CAMPOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL 
Fonte:	a	autora.		
10UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
Conhecer	alguns	dos	espaços	de	atuação	profissional	é	importante	e	relevante	à	
categoria,	principalmente	para	você,	caro(a)	aluno(a),	que	está	no	processo	de	formação	
profissional.	Então,	 te	convido	a	pesquisar	na	 internet	e	estudar	os	campos	de	atuação	
apresentados	para	entender	o	que	o	assistente	social	faz,	ou	seja,	as	habilidades	e	com-
petências	e	os	instrumentos	de	trabalho	utilizados	nesses	espaços	de	atuação.	Ah,	e	fica	à	
vontade	para	pesquisar	os	demais	campos	de	atuação	que	aqui	não	foram	mencionados,	
mas	que	podem	te	auxiliar	e	dar	um	norte	quanto	a	escolha	do	espaço	que	pretende	atuar.					
O	surgimento	de	novos	campos	de	atuação	é	simplesmente	pelo	fato	da	sociedade	
capitalista	ter	evoluído,	fazendo	surgir	as	novas	expressões	da	questão	social	e	a	necessi-
dade	da	atuação	do	assistente	social.	Porém	é	preciso	entender	que	as	mudanças	no	mer-
cado	de	trabalho,	de	certa	forma,	desafiam	a	todos	os	cidadãos	diariamente,	principalmente	
os	assistentes	sociais.	Conhecer	essas	mudanças	faz	toda	a	diferença	para	não	se	tornar	
um	profissional	estagnado,	pois	é	preciso	progredir	e	evoluir,	analisando	a	necessidade	da	
sociedade.	
FIGURA 3 - MUDANÇAS NO MERCADO DE TRABALHO
Para	entender	melhor	sobre	as	mudanças	no	mercado	de	trabalho,	vamos	analisar	
alguns	pontos	apresentados	por	Iamamoto	(2012).	Primeiro	o	serviço	público:	existe	um	re-
cuo	das	responsabilidades	e	ações	do	Estado	na	esfera	social,	refletindo	na	deterioração	do	
orçamento	e	prestação	de	serviços	sociais	públicos.	Isso	implica	na	resolução	dos	problemas	
sociais,	transferindo-os	para	a	sociedade	civil,	onde	as	grandes	empresas	econômicas	pas-
sam	a	se	preocupar	e	intervir	nas	questões	sociais	numa	perspectiva	de	“filantropia	corpora-
tiva”,	por	meio	das	Organizações	da	Sociedade	Civil	(OSC),	conhecida	como	Organizações	
não-governamentais	(ONG).	
11UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
Neste	aspecto	as	OSC	são	consideradas	como	um	campo	amplo	para	os	assistentes	
sociais,	assumindo	a	responsabilidade	das	políticas	públicas	e	sociais	no	país,	porém	neces-
sitam	de	uma	série	de	parcerias	para	se	manter	no	mercado.	Como	uma	forma	de	fiscalizar	
os	serviços	prestados	para	a	sociedade,	o	Estado	atua	muitas	vezes	como	mantenedora	dos	
repasses	por	meio	das	verbas	públicas,	o	que	chama	a	atenção	da	autora	supracitada,	enfa-
tizando	a	distinção	entre	o	serviço	público	e	estatal.	Com	isso,	temos	serviços,	considerados	
públicos,	que	acabam	sendo	terceirizados	pelas	entidades,	criadas	por	pessoas	que	buscam	
minimizar	os	problemas	sociais	por	meio	de	serviços	socioassistenciais.			
No	que	se	refere	à	Previdência	Social	após	a	reforma,	a	solução	de	problemas	sociais	
foi	de	encontro	com	a	perspectiva	da	privatização,	o	que	compromete	a	universalização	dos	
direitos	sociais	garantidos	pela	Constituição.	O	governo	reduziu	os	benefícios	para	pessoas	
com	 renda	mínima	de	5	 a	 10	 anos	e	 transferiu	 uma	 valiosa	 participação	no	mercado	de	
seguro	social	para	o	setor	privado,	que	é	o	quinto	maior	mercado	de	previdência	privada	do	
mundo.	Com	isso,	os	serviços	passam	a	ser	fragmentados	pelos	padrões	comerciais,	tendo	o	
Estado	como	responsável	pelo	atendimento	ao	setor	dos	mais	pobres	e	excluídos.	
Outra	mudança	no	mercado	de	trabalho	profissional	é	no	âmbito	empresarial,	que	
contrata	o	assistente	social	para	eliminar	as	 tensões,	criando	comportamento	de	produ-
ção	para	a	redução	do	absenteísmo,	atuando	no	relacionamento	interpessoal	na	área	de	
trabalho.	Nesse	aspecto	é	preciso	ficar	atento(a)	para	não	cair	nas	armadilhas	da	visão	
endogenista,	atendendo	as	necessidades	da	sociedade	capitalista.	
Caro(a)	 aluno(a),	 essas	 mudanças	 no	 mercado	 de	 trabalho	 são	 uma	 forma	 de	
atender	aos	interesses	da	sociedade	capitalista	e	do	Estado.	Esse	processo	segue	desde	
o surgimento	da	profissional,	o	fato	é	o	que	os	assistentes	sociais	precisam	saber,	enquan-
to	profissionais	regulamentados	por	um	Código	de	Ética	e	com	um	Projeto	Ético	Político
(assunto	para	a	terceira	unidade),quais	são	as	atitudes	que	precisam	tomar	mediante	as
situações	cotidianas.	Será	que	o	assistente	social	precisa	decifrar	a	realidade	apresentada
pela	sociedade,	compreendendo	que	as	mudanças	são	um	meio	e	não	um	fim;	que	cabe
somente	ao	assistente	social	lutar	pelos	direitos	sociais,	garantindo	o	seu	espaço	no	mer-
cado	de	trabalho.
É	importante	destacar	que	a	atuação	profissional	junto	aos	Movimentos	Sociais	além	
de	ser	uma	competência	profissional	está	prevista	a	na	Lei	que	regulamenta	a	profissão	(Lei	
nº	8.662/1993),	no	art.	04	inciso	IX,	“prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em 
matéria relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, políticos e 
sociais da coletividade”	(	CFESS,	1993,	p.	45).	Assim	como	previsto	no	Código	de	Ética	do/a	
Assistente	Social	em	relação	às	entidades	da	categoria	e	demais	Organizações	da	Sociedade	
Civil,	a	qual	constituiu	no	art.	12	-	b	como	um	direito	do	assistente	social	em	“apoiar e/ou par-
ticipar dos movimentos sociais e organizações populares vinculados à luta pela consolidação 
e ampliação da democracia e dos direitos de cidadania”.	(CFESS,	1993,	p.	34).
Um	outro	serviço	que	o	assistente	social	pode	e	deve	atuar	são	no	campo	da	asses-
soria	e	consultoria,	a	qual	também	está	previsto	na	Lei	que	regulamenta	a	profissão	no	art.	
04	inciso	-VIII,	a	qual	consiste	como	competência	do	assistente	social		“prestar	assessoria	e	
consultoria	a	órgãos	da	administração	pública	direta	e	indireta,	empresas	privadas	e	outras	
entidades”	(	CFESS,	1993,	p.	45).	
“Assim,	definimos	assessoria/consultoria	como	aquela	ação	que	é	desenvol-
vida	por	um	profissional	com	conhecimento	na	área,	que	 toma	a	realidade	
como	objeto	de	estudo	e	detém	uma	intenção	de	alteração	da	realidade.	O	
assessor	não	é	aquele	que	intervém,	deve,	sim,	propor	caminhos	e	estraté-
gias	ao	profissional	ou	à	equipe	que	assessora	e	estes	têm	autonomia	em	
acatar	ou	não	suas	proposições.	Portanto,	o	assessor	deve	ser	alguém	estu-
dioso,	permanentemente	atualizado	e	com	capacidade	de	apresentar	clara-
mente	suas	proposições.”	(BRAVO	&	MATOS,	2014,	p.	31).	
Caro(a)	aluno(a)	se	analisar	a	diferença	entre	assessoria	e	consultoria	é	minima,	
mas	ambas	são	importantes	e	faz	a	diferença	no	fazer	profissional,	principalmente	porque	
tanto	a	consultoria	que	é	mais	pontual	como	a	assessoria	que	remete	a	ideia	de	assistir	
estão	ligadas,	devendo	considerar	que	não	podem	ser	compreendidas	como	sinônimo	de	
supervisão,	ação	extensionista	e	não	é	um	trabalho	precarizado	e/ou	temporário.	Deve-se	
entender	 que	 se	 trata	 de	 uma	 atribuição	 privativa	 do	 assistente	 social	 e	 que	 cabe	 aos	
profissionais	conhecer	e	se	aprofundar	tanto	o	como,	onde	e	quando	realizar	uma	asses-
soria	e	consultoria.	Mas,	fique	 tranquilo	certamente	você	 irá	se	aprofundar	nestas	áreas	
de	atuação,	o	 importante	é	entender	que	esses	espaço	sócio-ocupacionais	 foram	e	são	
fundamentais	para	a	atuação	profissional	e	por	meio	deles	outros	locais	de	trabalhos	foram	
e	estão	surgindo.		
13UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
2. TRABALHO E SERVIÇO SOCIAL: O REDIMENSIONAMENTO DA PROFISSÃO
ANTE AS TRANSFORMAÇÕES SOCIETÁRIAS RECENTES
Caro(a)	aluno(a),	desde	a	sua	origem,	o	trabalho	tornou-se	fundamental	na	vida	do	
homem	em	meio	a	sociedade.	Com	a	ascensão	do	capitalismo	esse	conceito	foi	modifican-
do,	dando	espaço	para	a	produção	e	reprodução	de	mercadorias.	Dessa	forma,	tivemos	
a	divisão	de	classes	–	de	um	lado	temos	o	sistema	capitalista	e	a	busca	pelo	aumento	de	
lucro;	do	outro	os	trabalhadores,	que	vendem	a	força	de	trabalho	para	a	sua	sobrevivência	
–,	gerando	problemas	sociais	que	foram	as	consequências	desse	cenário,	como	o	paupe-
rismo	e	a	luta	de	classes.	
Nessa	perspectiva	é	que	surge	o	Serviço	Social,	uma	profissão	inscrita	na	divisão	
social	e	técnica	do	trabalho.	Ao	longo	de	sua	existência	passou	por	grandes	mudanças	e	
conquistas	 na	 categoria	 profissão,	 principalmente	 no	 processo	 de	 trabalho	mediante	 às	
transformações	societárias,	exigindo	dos	profissionais	que	repensassem	no	fazer	profissio-
nal,	algo	que	os	assistentes	sociais	precisam	realizar	constantemente,	analisando	os	fatos	
ocorridos	na	sociedade	para	entender	o	contexto	atual.
Dessa	forma,	vamos	analisar,	a	seguir,	o	termo	trabalho	e	seu	processo	em	relação	
ao	Serviço	Social.
14UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
2.1 O Trabalho e Serviço Social
O	 termo	 “trabalho”	originou-se	da	busca	do	homem	em	atender	às	suas	neces-
sidades.	De	 acordo	 com	Marx	 (1989)	 o	 trabalho	 consiste	 na	 ação	 do	 homem	em	meio	
à	natureza	e	ao	modificá-la,	modifica	a	si	mesmo,	ou	seja,	o	 trabalho	é	algo	produzido	
pelo	próprio	homem,	com	a	finalidade	de	modificar	a	natureza	e,	assim,	atender	às	suas	
necessidades,	considerado	como	a	categoria	fundante	do	mundo	e	a	base	dos	homens	em	
qualquer	sociedade.
No	entanto,	o	sentido	do	 trabalho	mudou-se	com	a	sociedade	capitalista.	Lessa	
(2007)	destaca	que	o	trabalho	passou	a	ser	usado	para	produzir	mercadorias	por	meio	da	
exploração	da	força	de	trabalho.	Nessa	perspectiva	não	é	reconhecido	como	uma	forma	
de	 realização	humana,	mas	como	uma	 forma	de	sobrevivência	por	meio	da	produção	e	
reprodução	a	partir	do	modo	de	trabalho.
É	nessa	perspectiva	que	o	Serviço	Social	 se	originou,	ou	seja,	para	atender	as	
necessidades	 emergentes	 da	 classe	 trabalhadora	 em	prol	 dos	 interesses	 da	 sociedade	
capitalista.	Porém,	com	o	passar	dos	anos,	a	categoria	repensou	na	prática	profissional,	
isso	aconteceu	a	partir	do	Movimento	de	Reconceituação	e	dos	seminários	(Araxá,	Teresó-
polis,	Sumaré	e	Alto	da	Boa	Vista)	e	dos	Congressos	que	reuniram	diversos	profissionais,	
conquistando	o	reconhecimento	do	Serviço	Social	como	uma	profissão	inscrita	e	inserida	
na	divisão	social	e	técnica	do	trabalho,	atuando	na	perspectiva	liberal	e	autônoma	regida	
por	um	Código	de	Ética	que	regulamenta	a	profissão.	
Devemos	ter	em	mente	que,	assim	como	a	sociedade	capitalista	mudou	a	forma	
de	trabalho,	a	prática	profissional	do	assistente	social	também	sofreu	mudanças,	principal-
mente	com	a	variação	das	expressões	da	questão	social.	A	exigência	de	analisar	a	prática	
profissional	no	contexto	das	relações	de	trabalho	é	porque	o	assistente	social	também	vende	
15UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
a	sua	força	de	trabalho,	mantendo	uma	relativa	independência	na	definição	de	prioridades	
e	estilos	de	trabalho,	e	seu	controle	sobre	suas	próprias	atividades	é	diferente	daquelas	em	
que	está	engajado,	por	exemplo,	os	trabalhadores	da	linha	de	produção.
Tendo	a	linguagem	como	instrumento	básico	de	trabalho,	as	atividades	desenvol-
vidas	pelos	assistentes	sociais	estão	intimamente	relacionadas	à	sua	teoria,	metodologia,	
conhecimentos	técnicos	e	formação	moral	e	política.	Suas	atividades	dependem	da	capa-
cidade	de	ler	e	monitorar	os	processos	sociais,	construindo	os	relacionamentos	e	vínculos	
no	âmbito	do	trabalho.	
Cabe	 destacar	 aqui,	 caro(a)	 aluno(a),	 que	 a	 autonomia	 relativa	 dos	 assistentes	
sociais	se	deve	ao	natural,	este	tipo	de	especialização	do	trabalho	é	para	trabalhar	com	
indivíduos	em	sociedade,	não	com	coisas	inertes,	eles	interferem	na	reprodução	material	e	
social	do	trabalho	por	meio	da	prestação	de	serviços	sociais.	Seu	trabalho	está	localizado	
principalmente	no	campo	do	pensamento	político,	exigindo	que	os	profissionais	exerçam	as	
funções	de	controle	quanto	à	ideologia	dominante	da	classe	subordinada,	cujos	campos	de	
trabalho	são	interceptados	por	tensões	e	interesses	de	classe.	
É	 possível	mudar	 o	 significado	 de	 seu	 comportamento	 para	 uma	 direção	 social	
diferente	da	direção	esperada	pelo	empregador,	como	no	sentido	de	estabelecer	a	cidada-
nia	para	todos;	a	realização	da	sociedade,	os	direitos	políticos;	a	formação	de	uma	cultura	
pública	 democrática	 e	 o	 desenvolvimento	 da	 esfera	 pública.	 Isso	 decorre	 das	 própriascaracterísticas	contraditórias	das	relações	sociais	que	constituem	a	sociedade	capitalista.	
Entre	eles,	atualmente,	existem	interesses	sociais	diametralmente	opostos	que	se	refratam	
no	âmbito	 institucional,	definem	as	 forças	sociais	e	políticas	que	 lutam	pela	hegemonia,	
definem	o	consenso	de	classe	e	estabelecem	uma	forma	de	controle	social	a	ele	vinculado.
Embora	a	existência	do	processo	de	alienação	envolvendo	mão	de	obra	contratada	
não	possa	ser	eliminada,	é	na	referida	dimensão	política	na	prática	profissional	que	se	abre	
a	possibilidade	de	neutralizar	a	alienação	dessa	atividade.	Para	os	trabalhadores,	 isso	é	
um	esforço	e	um	grande	desperdício	de	energia,	porque	o	trabalho	é	uma	mercadoria	indi-
visível	para	os	trabalhadores.	Tomar	posse	da	dimensão	criativa	e	as	condições	subjetivas	
do	trabalho	vão	interferir	na	direção	social	do	seu	trabalho	e	essa	é	uma	luta	que	deve	ser	
realizada	todos	os	dias.	
De	acordo	com	Iamamoto	(2012),	devido	às	suas	qualificações	profissionais,	o	as-
sistente	social	possui	 relativa	autonomia	 teórica,	 técnica	e	ética	política	na	realização	das	
atividades,	mas	estas	dependem	dos	meios	e	 recursos	para	a	sua	realização,	não	sendo	
propriedade	do	assistente	social	porque	está	envolvido	no	trabalho.	Alguns	dos	meios	e	condi-
16UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
ções	necessários	são	alienados,	sendo	os	métodos	e	as	condições	de	realização	do	trabalho,	
por	exemplo,	as	diretrizes	estipuladas	pelas	políticas	sociais	públicas	ou	empresariais.
Mas	é	importante	entender	que	as	relações	de	poderes	institucionais	e	as	priori-
dades	políticas	são	estabelecidas	pela	instituição	que	o	profissional	presta	o	serviço,	já	a	
mobilização	humana	e	a	pressão	social	são	condições	externas.	Cabe	ao	assistente	social	
compreender	esses	fatores,	tendo	em	mente	que	as	políticas	sociais	e	as	expressões	da	
questão	social	relacionadas	na	área	de	trabalho	não	podem	ser	consideradas	como	algo	
externo,	pois	se	tratam	das	atribuições	profissional,	devendo	estar	claro	no	momento	da	
atuação	para	não	tomar	para	si	o	que	de	fato	não	faz	parte	da	prática	profissional.
2.2 O Processo de Trabalho e o Serviço Social 
O	processo	de	trabalho	é	a	combinação	entre	os	meios	onde	o	homem	se	estabelece	
e	a	força	produzida	pelo	seu	trabalho.	Para	chegar	a	esse	processo,	o	homem	precisa	trans-
formar	uma	determinada	matéria,	seja	ela	bruta	ou	natural,	tendo	um	resultado	favorável,	de	
forma	que	alcance	a	conversão	do	produto	para	a	satisfação	humana	(OLIVEIRA,	2001).
Marx	(1989)	salienta	que	o	processo	de	trabalho	é	uma	atividade	exclusivamente	
executada	pelo	homem,	com	a	finalidade	de	transformar	seu	objeto	de	trabalho,	adaptando	
uma	matéria	natural	à	necessidade	humana,	transformando	a	sua	forma	original	na	satisfa-
ção	plena	de	outro	homem.	Nesse	aspecto,	o	processo	de	trabalho	passa	por	três	estágios,	
primeiro:	a	atividade	realizada	tem	propósito,	segundo:	um	objeto,	e	terceiro:	os	meios	em	
que	deverá	acontecer	todo	o	processo	de	trabalho.
Para	Duarte	(1995),	o	processo	de	trabalho	só	alcança	uma	finalidade	a	partir	do	
resultado,	ou	seja,	por	meio	do	produto	produzido	pela	mão	do	homem,	que	além	de	satisfa-
17UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
zer	a	necessidade	humana	cria	um	determinado	valor	de	uso	em	que	o	trabalho	objetiva	na	
produção	de	uma	mercadoria.	Consequentemente,	o	objeto	de	trabalho	está	petrificado	na	
força	humana	e	nos	resultados	atingidos.	Esse	conceito	se	dá	por	meio	do	trabalho,	criado	
pela	produção	de	um	ou	mais	homens,	a	fim	de	atender	a	uma	determinada	necessidade.
No	processo	de	trabalho	as	atividades	realizadas	significam	alterar	os	objetos	de	
trabalho	que	são	projetados	para	atingir	seus	objetivos.	Nesse	sentido,	o	processo	sai	no	
produto,	que	é	considerado	como	uma	espécie	de	valor	de	uso.	Quando	o	processo	de	
trabalho	gera	o	valor	de	uso	do	produto	outros	valores	de	trabalho	são	inseridos	como	ma-
teriais	de	produção	e	os	produtos	têm	o	mesmo	valor	de	uso	e	constituem	os	materiais	de	
produção	da	obra.	Portanto,	o	produto	não	é	apenas	o	resultado,	mas	também	a	condição	
do	processo	de	trabalho.
O	processo	de	trabalho	se	configura	em	dois	tipos:	o	simples,	que	são	atividades	
baseadas	no	objetivo	ou	trabalho	em	si,	seus	objetos	no	ambiente;	e	o	abstrato,	que	reflete	
no	valor	de	troca	ou	no	preço	das	mercadorias,	tendo	o	sistema	capitalista	como	o	detentor	
de	todo	o	processo	de	trabalho.	
REFLITA
Qualquer	processo	de	trabalho	implica	uma	matéria-prima	ou	objeto	sobre	o	qual	incide	
a	ação	do	sujeito,	ou	seja,	o	próprio	trabalho	que	requer	meios	ou	instrumentos	para	que	
possa	ser	efetivado.	Em	outros	termos,	todo	processo	de	trabalho	implica	uma	matéria-
-prima	ou	objeto	sobre	o	qual	incide	a	ação;	meios	ou	instrumentos	de	trabalho	que	po-
tenciam	a	ação	do	sujeito	e	objeto;	e	a	própria	atividade,	ou	seja,	o	trabalho	direcionado
a	um	fim,	que	resulta	em	um	produto.
Fonte:	Iamamoto	(2012,	p.	61).
No	que	se	refere	ao	processo	de	trabalho	do	Assistente	Social,	pode	considerar	
que	está	ligada	à	divisão	social	e	técnica	do	trabalho	e	na	atuação	do	profissional	na	presta-
ção	dos	serviços	sociais.	Segundo	Iamamoto	(2012),	o	processo	de	trabalho	do	Assistente	
Social	foi	definido	após	a	reafirmação	da	proposta	de	currículo	mínimo	do	curso	de	Serviço	
Social,	composto	por	200	oficinas	locais,	regionais	e	nacionais,	realizadas	pela	Associação	
18UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
Brasileira	de	Ensino	e	Pesquisa	em	Serviço	Social	(ABEPSS).	Tendo	o	entendimento	que	a	
atuação	do	Assistente	Social	faz	parte	do	processo	de	trabalho	constituído	historicamente	
na	sociedade	de	forma	coletiva,	porém	com	características	particulares	de	que	o	serviço	
ofertado	nos	espaços	de	trabalho	devem	ser	particulares	aos	assistentes	sociais.	
Para	pensar	no	processo	de	 trabalho	do	Assistente	Social,	é	preciso	considerar	
esta	dupla	determinação:	 a	do	 valor	 de	uso	e	do	 valor,	 ou	 seja,	 como	um	processo	de	
produção	de	produto	ou	determinação	da	qualidade	do	serviço	e	o	processo	influente	ao	
nível	da	produção	ou	distribuição	de	valor	ou	mais-valia.	Devendo	considerar	que	o	trabalho	
do	assistente	social	na	esfera	pública	nem	sempre	 teve	conexão	de	 forma	direta	com	o	
trabalho	e	produção	de	valor,	o	que	nos	chama	a	atenção	para	entender	o	processo	de	tra-
balho	nos	diversos	espaços	sócio-ocupacionais.	Ou	seja,	na	política	de	assistência	social	
o processo	de	trabalho	não	está	ligado	diretamente	na	produção	de	valor,	ao	contrário	das
empresas	em	que	é	explícita,	no	processo	de	trabalho,	a	atuação	frente	à	reprodução	da
força	de	trabalho.
Mas	é	 importante	compreender	que	o	processo	de	 trabalho	do	assistente	social	
se	constitui	pelo	objeto	de	trabalho,	ou	seja,	as	expressões	da	questão	social	e	o	meio	de	
trabalho,	bem	como	os	instrumentos	utilizados	nos	diversos	espaços	de	atuação	–	que,	de	
certa	forma,	viabilizam	os	direitos	sociais	gerando	efeito	na	sociedade.	
Portanto,	com	base	nesse	entendimento,	pode-se	considerar	que	o	Serviço	Social	
é	uma	profissão	especializada	e	inserida	no	processo	de	trabalho,	que	presta	serviço	ao	
empregador.	De	 certa	 forma,	 também	vende	a	 sua	 força	de	 trabalho,	mas	deve	 ter	 em	
mente	que	a	prestação	de	serviço	deve	ser	privativa,	ou	seja,	executada	somente	por	um	
assistente	social	que	se	apropria	de	habilidades	e	competências	privativas.	
19UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
2.3 Redimensionamento da Profissão Antes das Transformações Societárias 
Para	entender	as	profundas	mudanças	sociais	ou	as	transformações	societárias,	é	
necessário	considerar	a	crise	do	capital,	e,	para	entender	esse	contexto,	vamos	nos	apro-
fundar	nos	estudos	de	Netto	(2012).	Ele	destaca,	no	texto	Crise do capital e consequências 
societárias,	que	a	crise	do	capital	surgiu	na	década	de	1970	e	redesenhou	a	imagem	do	
capitalismo	 contemporâneo,	 apresentando	 novas	 características.Segundo	 o	 autor,	 as	
mudanças	tiveram	relação	com	o	mundo	do	trabalho	produzindo	falsas	conclusões	no	que	
se	 refere	 ao	 fim	 da	 classe	 trabalhadora	 e	 o	 fim	 do	 proletariado.	No	 entanto,	 embora	 a	
transformação	 esteja	 intrinsecamente	 relacionada	 à	 produção,	 ela	 envolve	 a	 sociedade	
como	um	todo.
Além	do	crescente	grau	de	autonomia	controlado	pelo	Estado,	a	desregulamen-
tação	das	atividades	financeiras	também	tem	levado	a	fluxos	extraordinários	no	tempo	e	
no	espaço	e,	no	campo	da	produção,	esse	fluxo	permite	a	formação	de	capital,	uma	rede	
produtiva	capaz	de	conversão	rápida.
Isso	tem	impacto	na	cooperação	com	a	economia	do	trabalho	vivo,	aumentando	a	com-
posição	orgânica	do	capital	e	implicando	no	crescimento	do	trabalho	excedente.	Na	verdade,	
o chamado	“mercado	de	trabalho”	sofreu	uma	reorganização	completa	e	todas	as	inovações
levaram	às	precárias	condições	de	vida	de	um	grande	número	de	vendedores	de	mão	de	obra,
a	ordem	do	capital	é	uma	ordem	do	desemprego,	geralmente	aceita	na	informalidade.
Segundo	o	autor	supracitado,	as	mudanças	em	curso	têm	interferido	na	estrutura	
de	classes	da	sociedade	burguesa,	que	mudou	com	o	desaparecimento	das	antigas	classes	
e	estratos	sociais.	Mudanças	que	aparecem	no	plano	das	metas	econômicas	de	classe	e	
suas	relações,	como	as	mudanças	no	plano	subjetivo	da	ideologia.	Devido	a	esse	proces-
so	de	divisão	social	e	tecnológica	do	trabalho,	a	classe	trabalhadora	passou	por	grandes	
transformações.	Essa	mudança	também	afetou	os	níveis	médio	e	tradicional	da	burguesia.	
20UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
Outro	aspecto	que	chama	a	atenção	do	autor	é	o	imediatismo	como	realidade,	o	
que	desqualifica	a	distinção	entre	aparência	e	essência,	ou	seja,	a	realidade	e	sua	comple-
xidade	de	forma	curta.	Mediante	a	essas	informações	pode-se	considerar	que	o	movimento	
pós-moderno	se	desenvolveu	e	se	tornou	um	sintoma	das	mudanças	em	curso	na	socieda-
de,	o	que	corresponde	à	própria	estrutura	obsessiva	das	mercadorias.
No	que	se	refere	ao	Serviço	Social,	Iamamoto	(2012)	enfatiza	que	os	assistentes	
sociais	no	órgão	público,	que	é	considerado	o	setor	que	mais	contrata,	têm	vivenciado	o	
emprego	instável,	como	redução	de	licitações	públicas,	demissão	de	funcionários	instáveis			
e	exercício	de	contenção	salário,	falta	de	incentivos	à	carreira,	terceirização,	acompanhado	
de	instabilidade,	emprego	temporário,	perda	de	direitos.	O	que	nos	chama	a	atenção	quanto	
às	mudanças	no	mercado	de	trabalho	(assunto	abordado	na	primeira	parte	desta	unidade)	
no	setor	público.	
De	acordo	com	a	análise	de	Cardoso	(2016),	face	a	esse	enquadramento	e	face	
à	tendência	de	alteração	do	perfil	do	mercado	de	trabalho,	a	atuação	profissional	dos	as-
sistentes	sociais	adota	uma	nova	configuração	e	isso	gerou	demandas	por	meio	do	fluxo	
de	capital	na	crise	e	da	reorganização	política	das	classes	subordinadas	que	enfrentam	
empregos	instáveis			e	dispersos.	Com	isso,	a	demanda	por	trabalho	profissional	surge	no	
setor	estatal	e	privado.	Nessas	duas	áreas,	a	nova	imagem	do	mercado	de	trabalho	ocupa-
cional	apresenta	uma	visão	de	redução	da	demanda	por	ocupações	do	setor	público	e	um	
aumento	no	setor	privado.	
21UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
3. DEMANDAS E RESPOSTAS DA CATEGORIA PROFISSIONAL
AOS PROJETOS SOCIETÁRIOS
O	ponto	de	partida	para	entender	as	demandas	profissionais	no	âmbito	das	relações	
entre	o	Estado	e	a	sociedade	é	que	a	prática	profissional	não	tem	o	poder	milagroso	de	se	
manifestar,	sendo	compreendida	através	da	história	da	sociedade	que	faz	parte.	Portanto,	
expor	a	prática	profissional	cotidiana	é	inseri-la	no	quadro	das	relações	sociais	básicas	da	
sociedade,	é	entendê-la	no	tenso	jogo	das	relações	entre	classes	sociais,	entre	classes	e	
o Estado	brasileiro.
Nesse	aspecto,	considerar	a	primazia	da	produção	social	é	entender	que	o	papel	
básico	da	produção	da	vida	real,	ou	seja,	a	produção	de	indivíduos	sociais	engajados	em	
atividades	de	trabalho	estabelecidas	são	formas	de	compreender	as	demandas	estabele-
cidas	nas	sociedades	que	compõem	uma	personalidade	social,	como	expresso	no	mundo	
capitalista	hoje,	também	registra	os	princípios	básicos	da	exclusão	social	política	e	aliena-
ção.	Com	 isso,	para	entender	a	demanda	profissional	é	 importante	 realizar	uma	análise	
histórica	considerada	como	a	chave	da	resolução	dos	problemas	sociais.	
22UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
3.1 Demandas Profissionais: Uma Análise a Partir Do VII Congresso 
Brasileiro de Assistentes Sociais
Caro(a)	aluno(a),	no	intuito	de	explanar	sobre	as	demandas	profissionais,	é	no	viés	
de	análise	da	Iamamoto	(2012)	é	que	vamos	nos	aprofundar	em	alguns	temas	abordados	
no	VII Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais,	que	aconteceu	em	1992,	no	estado	de	
São	Paulo,	sendo	promovido	pelo	Conselho	Federal	de	Serviço	Social	 -	CFESS,	ANAS,	
ABEPSS	 	e	SESSUNE,	nos	dias	25	e	28	de	maio,	 tendo	como	 tema	 “O	Serviço	Social	
e	os	desafios	da	modernidade	 -	 os	Projetos	Sócio-Políticos	em	confronto	na	 sociedade	
contemporânea” (DIAS,	2019).
Primeiro	ponto	a	ser	abordado	é	sobre	a	profissão	ter	um	olhar	voltado	mais	para	
o Estado	e	menos	para	a	sociedade,	com	 isso	destaca-se	que	a	 reflexão	sobre	o	 fazer
profissional	acaba	 tendo	prioridade	na	 intervenção	do	Estado	por	meio	das	políticas	so-
ciais	extraindo	os	efeitos	na	sociedade,	no	entanto	é	preciso	entender	que	 	as	políticas
sociais	acaba	sendo	 importante	para	a	atuação	profissional,	o	que	deixa	como	 reflexão
que	o	Estado	não	explica	a	sociedade,	visto	que	os	fundamentos	do	Estado	encontra-se
na	própria	sociedade	civil	e,	neste	ponto,	é	importante	ter	um	olhar	para	a	sociedade	e	aos
movimentos	das	classes	sociais.
Segundo,	é	sobre	o	escopo	que	pode	ser	atribuído	às	demandas	profissionais,	ou	
seja,	a	consideração	dos	processos	e	mercados	de	trabalho	do	país.	Portanto,	por	exemplo,	
se	não	analisamos	as	mudanças	que	ocorrem	no	processo	de	trabalho	e	as	peculiaridades	
do	mercado	de	trabalho	urbano	e	rural,	como	explicar	as	demandas	advindas	da	sociedade	
às	quais	atuamos?
23UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
Terceiro,	a	análise	das	ações	realizadas	pelo	Estado	em	que	a	política	acaba	sendo	
determinação	da	economia,	quando	entramos	na	análise	de	direitos	sociais	e	política	so-
cial,	isentamos	o	capital,	no	máximo,	ela	só	pode	ser	vista	da	perspectiva	da	distribuição	da	
riqueza	social.	Reconhecer	que	a	sociedade	capitalista	e	sua	desigualdade	são	“naturais”,	
ao	analisar	as	necessidades	profissionais	parece	ser	essencial	manter	uma	aliança	profun-
da	entre	economia	e	política.
Quarto	e	último	ponto,	é	a	propensão	de	considerar	a	sociedade	brasileira	com	uma	
perspectiva	urbana,	dificilmente	em	um	debate	da	categoria,	o	processo	social	da	agricultura	
parece	estar	relacionado	a	essa	questão	e	as	cidades	correm	o	risco	de	aparecer	no	antigo	
dualismo	urbano	e	rural.	Essa	preocupação	acabou	sendo	baseada	no	compromisso	com	
a	proteção	agrícola	e	urbana	enraizada	na	sociedade	brasileira,	tentando	entender	onde	o	
Estado	e	a	sociedade	capitalista	estão	expandindo	a	reprodução	do	capital	como	a	aquisição	
da	propriedade	da	terra,	se	apropriando	das	terras	e	provocando	o	afastamento	dos	trabalha-
dores	que	lutam	pela	terra,	alterando	as	relações	de	trabalho	até	no	âmbito	rural.	
A	partir	desses	pontos	reflexivos,	pode-se	notar	que	há	uma	consistente	relação	
com	 o	 processo	 de	 precarização	 enraizada	 em	 nossa	 sociedade,	 levando	 o	 trabalho	 a	
um	status	de	falência,	simplesmente	pelo	fato	de	haver	mudanças	no	mundo	do	trabalho,	
alterando	as	suas	relações	e,	consequentemente,	aumentando	as	demandas	no	processo	
de	trabalho	do	assistente	social.	Essa	alteração	está	mudando	o	modo	de	vida	da	classe	
trabalhadora,	que	busca	pelo	serviço	do	assistente	social	devido	ao	estilo	de	vida	ter	so-
frido	alteração	e	muitas	vezes	vivenciando	a	pobrezaextrema.	Outro	ponto	reflexivo	a	ser	
considerado	é	que	o	Estado,	em	nome	do	capital,	não	só	interveio	na	agricultura,	mas	em	
vários	departamentos	de	produção.	Mudou	o	trabalho	e	o	estilo	de	vida	dos	trabalhadores	
da	indústria	urbana	e	secundária.	
24UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
3.2 As Condições de Trabalho e Respostas Profissionais 
A	 pressão	 da	 população	 usuária	 sobre	 a	 demanda	 dos	 serviços	 está	 cada	 vez	
maior,	isso	devido	ao	aumento	da	pauperização	e	a	falta	de	recurso	em	algumas	instituições	
prestadoras	de	serviços	sociais,	que	acaba	 inviabilizando	o	 trabalho	dos	assistentes	so-
ciais,	principalmente	nos	serviços	mais	necessitados,	como	a	saúde;	educação;	habitação	
e	entre	outros.	Isso	aumenta	o	processo	de	seleção	em	relação	aos	atendimentos,	o	que	
torna	os	direitos	sociais	pouco	acessíveis.	
Mediante	a	essa	restrição	quanto	à	capacidade	de	atendimento,	o	profissional	do	
Serviço	Social	se	vê	cada	vez	mais	restringido	na	atuação,	executando	um	trabalho	bu-
rocrático,	com	uma	visão	de	favoritismo,	em	que	tanto	o	empregador	quanto	o	usuário	do	
serviço	acabam	tendo	a	visão	“moça	boazinha”.	Com	isso	o	assistente	social	acaba	tendo	
dificuldade	em	exercer	o	seu	trabalho	enquanto	profissional	capacitado	e	especializado.	
Para	 entender	 sobre	 a	 restrição	 quanto	 à	 capacidade	 no	 atendimento,	 a	 autora	
Iamamoto	(2012)	destaca	que,	antes,	os	critérios	em	relação	à	provisão	de	cesta	básica	
era	o	desemprego,	no	entendo	como	esse	fator	tem	aumentado	muito	nos	últimos	anos	e	
o valor	dos	alimentos	também	aumentaram,	acabou	tendo	outros	critérios	quanto	ao	rece-
bimento	do	benefício,	e	um	deles	é	a	pobreza	extrema.	Com	isso	pode-se	considerar	que
os	direitos	dos	trabalhadores	estão	se	tornando	invisíveis;	fora	os	profissionais	que	ficam
impossibilitados	de	trabalhar	pela	falta	de	recursos.	Nesse	tipo	de	situação	fica	evidente
o anseio	em	 relação	ao	papel	do	assistente	social	mediante	a	dificuldade	de	planejar	e
executar	propostas	de	trabalho.
Essa	realidade	instável,	principalmente	no	serviço	público,	os	profissionais	não	de-
vem	fazer	parte	e/ou	deixar-se	abater.	Não	devemos	criar	impasses	ou	desilusões	do	fazer	
25UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
profissional,	pelo	contrário,	os	profissionais	precisam	superar	a	posição	fatalista	e	aquelas	
visões	 idealizadas.	Nessa	 perspectiva,	 a	 realidade	 se	 torna	 um	obstáculo	 e	 isso	 acaba	
tornando	o	trabalho	impossível	e	o	motivo	é	porque	se	tem	uma	visão	da	realidade	ideal,	
que	nem	sempre	condiz	com	a	história	atual.	Ou	seja,	tornando	impossível	os	processos	
econômicos,	políticos	e	culturais	que	o	constituem,	nomeadamente	seus	desafios	espor-
tivos	e	oportunidades	de	emprego	e	às	vezes,	acaba	sendo	esquecido	que	as	mudanças	
nesta	estrutura	não	dependem	apenas	do	fazer	profissional.	
Cabe	destacar	que	essa	não	é	a	única	maneira	possível	em	relação	à	prática	profis-
sional,	existem	outras	forças	sociais	e	políticas	a	que	podemos	nos	unir,	como	profissionais	
e	cidadãos.	Essas	forças	advém	da	luta	pelos	direitos	sociais	já	conquistados	e	a	busca	
pela	participação	dos	usuários	e	das	Organizações	da	Sociedade	Civil.	
Nós,	assistentes	sociais,	 temos	dado	 respostas	 importantes	a	esse	 respeito,	 ou	
seja,	da	direção	do	nosso	campo	de	trabalho.	Tendo	em	vista	a	história	e	a	conexão	estru-
tural	do	nosso	trabalho	sob	assistência	pública	é	decisivo	o	papel	em	garantir	os	direitos	
já	 conquistados	 pela	 Constituição	 Federal,	 de	 1988.	 Demonstrando,	 assim,	 não	 estar	
imobilizado,	mas,	acreditando	ser	possível	exercitar	nossa	cidadania,	zelando	pelo	apro-
fundamento	e	consolidação	do	processo	democrático,	cujo	rumo	depende,	decisivamente,	
das	manifestações	por	parte	da	sociedade	civil.
SAIBA MAIS
“O	discurso	que	trata	a	assistência	como	um	direito	partícipe	do	processo	de	constitui-
ção	da	cidadania,	enfatizando	a	sua	função	redistributiva	de	renda,	tem	sido	repetido,	de	
forma	inconseqüente	e	superficial,	por	vezes	usado	como	um	passe	de	mágica,	capaz	
de	‘livrar’	o	Serviço	Social	do	estigma	da	pobreza,	atribuindo	um	verniz	mais	‘moderno’	
à	profissão.	Esse	discurso,	ao	abstrair	do	debate	a	 realidade	da	vida	do	público	que	
tem	sido	alvo	das	políticas	assistenciais	-	carente	de	condições	mínimas	de	defesa	da	
própria	vida	-	pode	ser	fonte	de	ilusões	e	de	desvios	de	rota,	colocando	em	xeque	as	
pretensões	e	resultados	anunciados”.
Fonte:	Iamamoto	(2012,	p.	162	-	163).	
26UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
Caro(a)	aluno(a),	como	mencionado	anteriormente,	pode	causar	a	subdivisão	entre	
política	e	economia	na	análise	de	políticas	sociais	para	o	reino	da	distribuição	de	riqueza,	
levando	a	desigualdade	na	produção,	o	que	torna	os	direitos	vistos	somente	no	âmbito	da	
política.	Resultando	em	provisões	para	medidas	baseadas	em	desvios	críticos	do	sistema	
ao	implementar	políticas	públicas	de	assistência,	ou	seja,	se	ajudar	obtenha	tratamento	“sa-
tisfatório”	por	parte	do	país	a	partir	dos	seguintes	métodos:	por	meio	da	alocação	racional	
e	eficaz	de	recursos	é	possível	realizar	uma	avaliação	equilibrada	da	gestão	da	pobreza	
e	pelo	conjunto	de	medidas	própria	e	burocrática	da	administração,	que	pode	conduzir	a	
realização	a	cidadania	e	a	política	social	e	por	si	só	não	bastam	para	torná-la	efetiva.
É	importante	destacar	que	o	debate	sobre	a	assistência	merece	ser	aprofundado	
para	 que	 ser	 capaz	 de	 se	 concentrar	 em	 propostas	 não	 imaginárias	 que	 reconhecem	
limitações	estruturais	de	qualquer	política	de	ajuda	em	um	país	de	alta	concentração	de	
terra	e	capital	não	signifique	a	exclusão	social	de	grande	parte	da	população	e	o	direito	
básico	de	sobreviver.	
27UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a)	aluno(a),	chegamos	ao	fim	desta	unidade	e	espero	que	os	estudos	apreendidos	
tenham	auxiliado	quanto	ao	entendimento	do	trabalho	profissional	na	contemporaneidade,	pois	
se	trata	de	um	assunto	que	deve	ser	discutido	constantemente	pela	categoria	profissional.	As	
mudanças	na	sociedade	implicam	no	fazer	profissional	e	ter	o	entendimento	dessas	mudanças	
é	o	que	faz	a	diferença	no	momento	da	atuação	nos	diversos	campos	de	atuação.	
Para	que	os	assuntos	sejam	fixados	vamos	fazer	alguns	resgates	dos	principais	
pontos	abordados	nesta	unidade,	mas	quero	aqui	deixar	o	convite	para	que	busque	outras	
fontes	de	pesquisas	e	leia	o	livro	da	autora	Iamamoto:	O serviço Social na Contempora-
neidade: trabalho e formação profissional,	 pois,	 além	de	ser	um	 livro	 importante	para	a	
categoria	profissional,	foi	por	meio	dele	que	extrai	o	conteúdo	desta	unidade.	Acredito	ser	
de	grande	relevância	para	o	seu	processo	de	formação.		
Pois	bem,	na	primeira	parte	da	unidade	foram	apresentados	três	aspectos	reflexivos	
que	considero	importantes	e	que	devem	sempre	acompanhar	você	no	momento	da	atua-
ção,	principalmente	por	ter	estudado	nas	disciplinas	de	Fundamentos	Históricos	Teóricos	
Metodológicos	do	Serviço	Social	sobre	a	origem	da	profissão,	a	qual	destaca	a	trajetória	
dos	profissional,	principalmente	na	relação	conservadora	com	base	da	igreja	católica	e	o	
rompimento	desta	doutrina	avanço	a	uma	profissão	com	bases	teóricas	mais	precisas.	
E	ao	analisar	toda	a	trajetória	e	entendo	que	nos	dias	atuais	o	Serviço	Social	é	con-
siderado	uma	profissão	liberal	regida	por	um	Código	de	Ética	Profissional	e	com	um	Projeto	
Ético	Político	que	auxilia	os	profissionais	no	momento	da	atuação	para	que	não	tenha	uma	
postura	conservadora,	executando	tarefas	rotineiras	e	para	isso	preciso	ter	compreensão	
do	fazer	profissional	para	que	consiga	realizar	o	trabalho	rompendo	com	a	visão	endógena	
enraizado	na	profissão.		
Entender	que	a	profissão	não	é	sinônimo	de	“ajuda”	é	o	que	irá	fazer	a	diferença	
no	momento	da	atuação	profissional.	Mesmo	que	o	mercado	de	trabalho	profissional	passe	
por	mudanças	e	os	campos	de	atuação	sejam	ampliadosdevido	às	diversas	demandas	ad-
vindas	da	sociedade	e,	consequentemente,	surjam	as	burocracias,	é	preciso	ter	em	mente	
que	o	fazer	profissional	depende	de	nós	para	fazer	a	diferença	na	sociedade.
28UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
LEITURA COMPLEMENTAR
(...)
O	Movimento	de	Reconceituação	no	Brasil	pode	ser	entendido	como	um	conjunto	
de	características	novas	que	o	Serviço	Social	articulou,	rearranjando	suas	tradições	e	sua	
assunção	do	contributo	de	tendências	do	pensamento	social	contemporâneo,	procurando	
investir-se	da	instituição	de	natureza	profissional,	dotada	de	legitimidade	prática,	com	res-
postas	às	demandas	sociais,	à	sua	sistematização	e	validação	teórica,	mediante	a	remissão	
às	teorias	e	disciplinas	sociais	(NETTO,	1994).	
Foi	 também	um	processo	 global	 que	 envolveu	 toda	 a	 profissão	 em	decorrência	
da	laicização,	implicando	a	construção	de	um	pluralismo	profissional,	porém	sem	atenuar	
as	contradições	do	cariz	comum	às	suas	vertentes.	O	esforço	de	validação	teórica	Netto	
(1994)	procurou	dar	fundamento	sistemático	a	todos	os	componentes	do	processo	profis-
sional	(análises,	diagnósticos	etc.)	e	recorreu	a	um	elenco	de	fontes	teóricas,	ideológicas	
e	culturais	para	operar	aquela	fundamentação.	Para	além	do	esforço	de	validação	teórica,	
cabe	destaque,	no	Movimento	de	Reconceituação	do	Serviço	Social	brasileiro,	a	instaura-
ção	do	pluralismo	teórico,	 ideológico	e	político	questionando	a	exclusividade	da	tradição	
positivista.	Tal	questionamento	foi	possível	em	face	do	momento	conjuntural.	
O	processo	de	declínio	da	ditadura	civil-militar	abre	 fendas	significadas	a	outras	
duas	vertentes	que,	no	Seminário	de	Sumaré,	 realizado	pelo	CBCISS,	no	período	entre	
20	e	24	de	novembro	de	1978,	se	encontra	numa	situação	de	abertura,	com	certeza	for-
çada	 (considerando	 a	 pressão	 de	 profissionais	 que	 estavam	havia	 tempos	 na	 luta	 pela	
redemocratização	da	sociedade	brasileira	e	pela	superação	não	só	do	tradicionalismo	na	
profissão,	mas	 também	do	conservadorismo),	 para	a	 introdução,	explícita	do	marxismo,	
que	em	tempos	de	chumbo	não	podia	sequer	ser	nomeado	e	seus	adeptos,	reunidos	em	
uma	pequena	vanguarda	que	catalisou	o	chumbo	repressivo	desse	período	e	que	manteve	
altiva	a	relevância	do	pensamento	de	Marx	na	e	para	a	profissão.	
Esse	processo	não	ocorreu	sem	problemas,	e	vários	estudos	já	foram	realizados	a	
respeito	da	aproximação	e	apropriação	do	marxismo	pelo	Serviço	Social.	Cabe	destacar	o	
estudo	realizado	por	Netto	(1994).	
O	Seminário	de	Sumaré	(1978),	realizado	sob	o	apagar	das	luzes	da	hegemonia	
burguesa,	manifestou-se	principalmente	 (não	mais	exclusivamente)	por	meio	da	 tese	de	
livre-docência	de	Ana	Augusta	de	Almeida	(1978),	depois	publicada,	e	apontou	uma	“nova	
29UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
proposta”	para	o	Serviço	Social.	Na	dialética	entre	continuidade	e	ruptura	com	o	passado	
profissional,	percebeu-se,	nessa	perspectiva,	que	apesar	de	apresentar	elementos	renova-
dores,	ainda	ponderava	a	herança	profissional	de	cunho	religioso	e	conservador	do	lastro	
do	Serviço	Social	europeu.	
E	isso	num	momento	em	que	posturas	conservadoras	encontravam	grandes	difi-
culdades	de	cristalização	na	(auto)representação	profissional,	em	face	de	dois	importantes	
elementos	 que	 rechaçam	 qualquer	 tentativa	 de	 resgate	 do	 tradicionalismo:	 a	 laicização	
profissional	e	a	crescente	ponderação	de	tendências	católicas	de	cunho	anticapitalista.	
No	 entanto,	 existiam	 núcleos	 no	 Serviço	 Social	 que	 estavam	 interessados	 num	
empreendimento	restaurador.	Tais	núcleos	deveriam	operar	com	o	fito	de	resistir	às	modifica-
ções	trazidas	pela	proposta	modernizadora	e	de	aproveitar	o	insuperável	lastro	conservador,	
associado	aos	novos	dilemas	prático-operacionais	não	resolvidos	por	aquela	perspectiva.	
Por	outro	lado,	procedia	também	aproveitar	o	clima	sociocultural	em	que	dimensões	
psicológicas	e	 individuais	ganham	destaque	na	trama	das	relações	sociais,	permitindo	o	
resgate	das	tradicionais	práticas	face to face,	além	de	neutralizar	as	vertentes	que	recorriam	
aos	influxos	do	pensamento	crítico-dialético.	A	nova	roupagem	do	conservadorismo	exigia	
e	valorizava	a	elaboração	 teórica	para	as	práticas	profissionais,	criticando	os	substratos	
recolhidos	das	Ciências	Sociais.	
Em	síntese,	tratava-se	da	rejeição	dos	padrões	teórico-metodológicos	da	tradição	
positivista	considerados	inadequados	para	apreender	a	existência	humana.	A	explicação	do	
“pensamento	causal”	deveria	ser	substituída	pela	compreensão,	através	de	uma	vinculação	
com	o	pensamento	fenomenológico.	Os	valores	da	“Reatualização	do	Conservadorismo”	
eram	os	cristãos,	e	os	objetivos	constituíam	um	 repúdio	às	práticas	ajustadoras,	dando	
prioridade	à	“transformação	social”,	pela	via	exclusiva	do	indivíduo	(NETTO,	1994).	
O	Seminário	de	Sumaré	(assim	como	o	IV	Seminário	de	Teorização	do	Serviço	Social	
realizado	em	Alto	da	Boa	Vista,	entre	os	dias	5	e	9	de	novembro	de	1984)	teve	um	número	
representativamente	menor	de	profissionais,	em	face	dos	seminários	de	Araxá	e	Teresópolis	
(CBCISS,	1980).	Os	conferencistas	e	os	temas	das	conferências	em	Sumaré	também	pos-
suíam	uma	característica	diferenciada	e	que	até	então	não	tinham	tido	espaço	de	debate	no	
interior	da	profissão,	desde	as	primeiras	manifestações	do	Movimento	de	Reconceituação.	
O	 seminário	 foi	 dividido	 em	 três	 direções	 teóricas	 e	metodológicas:	 positivismo,	
fenomenologia	e	a	“dialética”.	Houve	aqui	um	novo	direcionamento.	A	modernização	da	pro-
fissão	não	era	mais	referendada	numa	única	vertente,	sendo	que	a	vertente	modernização	
conservadora	participou	desse	seminário	com	pouca	expressão.	
30UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
O	caminho	para	elucidar	essa	abertura	teórica	oferecida	pelo	CBCISS	consistiu	na	
movimentação	e	rearticulação	dos	assistentes	sociais	em	face	do	relaxamento	da	opressão,	
característica	do	Estado	burguês	nesse	período,	tendo	em	vista	a	política	de	reforma	do	
próprio	governo	militar,	autocrático	e	burguês.	
O	segmento	resistente,	questionador	e	de	vanguarda	da	profissão	denunciava	a	
direção	modernizadora	e	conservadora	em	suas	posições	e	formulações.	Por	esse	motivo,	
é	patente	a	inflexão	do	CBCISS,	inaugurando	a	interlocução	plural,	motivada	pelo	envol-
vimento	da	profissão	no	debate	e	no	enfrentamento	político,	pressionando	por	mudanças	
na	conjuntura	brasileira,	ao	empurrar	para	a	frente	a	busca	da	autonomia	da	democracia	
brasileira	e	de	marcar	posição	na	recusa	do	desalento	da	perspectiva	modernizadora.
(...)	
Fonte:	Aquino	(2019,	p.	572	-	574).		
31UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO 01
Título:	O	Serviço	Social	na	Contemporaneidade:	Trabalho	e	for-
mação	profissional.
Autor:	Marilda	Villela	Iamamoto.	
Editora:	Cortez.
Sinopse:	Este	livro	comporta	uma	nova	e	inquietante	agenda	de	
questões	 para	 o	 trabalho	 e	 para	 a	 formação	profissional	 do	 as-
sistente	social.	O	Serviço	Social	sente	hoje	os	 impactos	de	uma	
nova	conjuntura,	que	lhe	coloca	o	desafio	de	repensar	a	formação	
profissional	em	tempos	de	novas	demandas	e	de	investimentos.
LIVRO 02
Título:	O	Serviço	Social:	Direitos	Sociais	e	Competências	Profis-
sionais.
Autor:	Autores	diversos.	
Editora:	Editado	pelo	CFESS	e	ABEPSS.	
Sinopse:	este	 livro	reúne	textos	que	abordam	uma	temática	es-
sencial	ao	trabalho	dos(as)	assistentes	sociais	e	para	a	formação	
de	estudantes	de	Serviço	Social	e,	certamente,	será	uma	referên-
cia	obrigatória	nos	debates	sobre	as	competências	e	atribuições	
profissionais	 no	 âmbito	 das	 políticas	 sociais	 e	 na	 realização	 de	
direitos.
FILME/VÍDEO
Título:	À	Procura	da	felicidade
Ano:	2006
Sinopse:	Em	À	Procura	da	Felicidade,	Chris	Gardner	(Will	Smith)	
é	 um	 pai	 de	 família	 que	 enfrenta	 sérios	 problemas	 financeiros.	
Apesar	de	 todas	as	 tentativas	em	manter	a	 família	unida,	Linda	
(Thandie	 Newton),sua	 esposa,	 decide	 partir.	 Chris	 agora	 é	 pai	
solteiro	e	precisa	cuidar	de	Christopher	(Jaden	Smith),	seu	filho	de	
apenas	5	anos.	Ele	tenta	usar	sua	habilidade	como	vendedor	para	
conseguir	um	emprego	melhor,	que	lhe	dê	um	salário	mais	digno.	
Chris	consegue	uma	vaga	de	estagiário	numa	importante	corretora	
de	ações,	mas	não	recebe	salário	pelos	serviços	prestados.	Sua	
esperança	é	que,	ao	fim	do	programa	de	estágio,	ele	seja	contra-
tado	e	assim	tenha	um	futuro	promissor	na	empresa.	Porém	seus	
problemas	 financeiros	 não	 podem	 esperar	 que	 isto	 aconteça,	 o	
que	faz	com	que	sejam	despejados.	Chris	e	Christopher	passam	a	
dormir	em	abrigos,	estações	de	trem,	banheiros	e	onde	quer	que	
consigam	um	refúgio	à	noite,	mantendo	a	esperança	de	que	dias	
melhores	virão.
32UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
WEB
Caro(a)	aluno(a),	o	VII	Congresso	Brasileiro	de	Assistentes	Sociais	que	aconteceu	
em	1992	foi	um	marco	para	a	categoria.	Mesmo	com	o	áudio	baixo,	vale	a	pena	assistir.	
Link:	https://www.youtube.com/watch?v=WM7b34IIEGg
33
Plano de Estudo:
● A	formação	profissional	na	contemporaneidade.
● O	debate	contemporâneo	da	reconceituação	do	Serviço	Social:	ampliação
e	aprofundamento	do	marxismo.
● Política	de	Prática	Acadêmica:	o	método	BH.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer	a	evolução	da	contabilidade	e	seus	fundamentos	históricos;
● Conceituar	a	contabilidade,	seu	objetivo	e	suas	áreas	de	aplicação;
● Identificar	os	aspectos	legais	da	contabilidade;
● Compreender	as	características	da	informação	e	quem	as	utiliza.
UNIDADE II
Formação Profissional na 
Contemporaneidade
Professora Esp. Irení Alves de Oliveira
34UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
INTRODUÇÃO
Caro(a)	aluno(a),	esta	é	a	segunda	unidade	da	apostila,	que	 irá	estudar	sobre	o	
processo	 formativo	contemporâneo.	Para	a	sua	compreensão,	o	assunto	 foi	dividido	em	
três	partes,	 explanando	sobre	a	 formação	profissional	 na	 contemporaneidade;	 o	debate	
contemporâneo	 da	 reconceituação	 do	 Serviço	 Social:	 ampliação	 e	 aprofundamento	 do	
marxismo;	e	a	política	de	prática	acadêmica:	o	método	BH.	
Nesta	unidade	abordarei	assuntos	e	temas	importantes	para	entender	o	processo	
formativo	em	Serviço	Social.	Para	isso	utilizarei	como	base	principal	o	livro	Serviço Social 
na Contemporaneidade: trabalho e formação profissional,	de	Marilda	Villela	Iamamoto,	e,	
como	forma	de	direcionar	você	para	a	leitura	e	entendimentos,	destacarei	alguns	pontos	
importantes	ao	longo	das	próximas	páginas.	
Na	primeira	parte	você	irá	estudar	sobre	a	reformulação	do	currículo	mínimo	por	
meio	 dos	 debates	 advindos	 da	 categoria,	 destacando	 os	 desafios	 encontrados	 para	 a	
reconstrução	 do	 projeto	 de	 formação,	 as	 conquistas	 e	 dilemas	 nos	 anos	 de	 1980	 e	 as	
exigências	e	perspectivas	do	projeto	de	formação	profissional	na	contemporaneidade.	
Já	na	segunda	parte	será	abordado	o	processo	 formativo	profissional	a	nível	da	
herança	marxista,	que	esteve	em	consonância	com	o	Movimento	de	Reconceituação	con-
siderado	como	um	legado	profissional;	destacando	o	início	da	formação	em	Serviço	Social,	
os	motivos	que	levaram	esse	movimento	na	categoria,	tendo	como	ênfase	o	Movimento	de	
Reconceituação	no	Brasil	e	a	perspectiva	crítica	dialética	que	levou	a	vários	debates	por	
meio	dos	Congressos.	Nesta	parte	será	destacado	o	III	Congresso	Brasileiro	de	Serviço	
Social,	que	aconteceu	no	ano	de	1979,	conhecido	como	Congresso	da	Virada.	A	partir	dos	
temas	abordados	é	necessário	repensar	no	processo	formativo.	
Por	fim,	a	terceira	parte,	em	que	será	realizada	uma	análise	sobre	a	prática	aca-
dêmica	da	Faculdade	de	Serviço	Social	de	Juiz	de	Fora;	por	meio	das	resoluções	sobre	as	
Diretrizes	Curriculares	do	curso	de	Serviço	Social,	saiu	na	frente	e	se	fez	necessário	um	
movimento	por	meio	dos	professores	e	alunos	para	entender	as	diretrizes	e	a	matriz	curricu-
lar	do	processo	formativo.	Assim,	buscou-se	aprofundar	nos	fundamentos	e	as	dimensões	
da	política	e	prática	acadêmica	para	entender	o	processo	formativo	na	contemporaneidade.
	Desejo uma boa leitura!
35UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
1. A FORMAÇÃO PROFISSIONAL NA CONTEMPORANEIDADE
Caro(a)	aluno(a),	para	pensar	a	 formação	profissional	nos	dias	atuais,	é	preciso	
refletir	sobre	 temas	discutidos	na	atualidade,	além	de	pesquisar	e	decifrar	as	novas	de-
mandas	que	envolvem	o	Serviço	Social.	Mas	é	necessário	que	os	profissionais	busquem	
se	aprofundar	em	teorias	e	informações	para	subsidiar	a	criação	de	propostas	no	ato	da	
atuação	profissional,	sendo	capaz	de	elaborar	programas,	projetos	e	formular	e	implemen-
tar	as	políticas	sociais	para	atender	as	necessidades	da	sociedade.	
Para	entender	as	discussões	da	categoria	acerca	da	formação	profissional	na	con-
temporaneidade,	é	preciso	ter	em	mente	que	houve	uma	reformulação	no	currículo	a	partir	
de	um	crítico	debate	envolvendo	as	unidades	de	ensino,	por	meio	dos	professores,	alunos	
e	profissionais,	dirigido	pela	Associação	Brasileira	de	Ensino	em	Serviço	Social	(ABEPSS).	
O	objetivo	foi	a	construção	e	implementação	de	um	novo	projeto	de	formação	profissional	
que	atribuísse	as	três	dimensões	–	ensino,	pesquisa	e	extensão	–;	o	intuito	era	incorporar	
o Serviço	Social	no	meio	acadêmico.
De	acordo	com	a	Iamamoto	(2012),	a	proposta	do	debate	foi	dar	continuidade	ao	
processo	formativo,	rompendo	com	qualquer	visão	endógena	que	enfraquece	a	categoria,	
preservando	 os	 avanços	 já	 conquistados	 e	 identificando	 as	 mudanças	 no	 mercado	 do	
trabalho,	principalmente	nas	relações	entre	o	Estado	e	a	sociedade.	Com	isso,	a	 forma-
ção	 profissional	 se	manifesta	 a	 partir	 de	 novas	 tendências	 e	 condições	 decorrentes	 do	
processo	social,	contribuindo	em	relação	à	construção	de	respostas	consideradas	sólidas	
36UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
que	antecipam	as	particularidades	das	diversas	expressões	da	questão	social	no	mundo	da	
sociedade	capitalista.	Esse	é	um	dos	requisitos	para	garantir	a	atualização	da	profissão,	e	é	
a	condição	de	que	sua	sociedade	necessita,	ou	seja,	a	continuidade	de	sua	reprodução	no	
mercado	de	trabalho	capitalista	e	a	ampliação	de	seu	espaço	profissional.
Nesse	aspecto,	os	requisitos	de	formação	profissional	devem	estar	ligados	ao	mer-
cado	de	trabalho,	detectando	os	problemas	sociais	e	expressando	as	necessidades	postas	
na	sociedade,	principalmente	as	tendências	no	processo	de	acumulação	capitalista	e	política	
governamental.	É	importante	que	as	contradições	e	dificuldades	decorrentes	das	desigualda-
des	e	as	lutas	de	classes	sejam	pontos	de	discussões	e	o	meio	para	entender	os	aspectos	da	
exploração	e	dominação	do	capital,	buscando	respostas	acerca	do	fazer	profissional.	
Desse	modo,	a	formação	profissional	passa	a	ser	a	condição	para	a	manutenção	da	
sobrevivência	do	Serviço	Social	e,	assim	como	qualquer	outra	profissão,	se	torna	inscrita	
na	divisão	social	e	técnica	do	trabalho.	A	reprodução	depende	de	sua	utilidade	social,	ou	
seja,	de	sua	capacidade	de	atender	as	necessidades	da	sociedade	sendo	esta	a	fonte	de	
suas	demandas	(IAMAMOTO,	2004).		
Foi	a	partir	destas	reflexões	que	a	formação	profissional	precisou	de	uma	reformu-
lação	que	pudesse	ser	consistente	com	o	novo	estado	da	demanda	profissional	no	mercado	
de	 trabalho,	 detectando	 e	 entendendo	 	 as	 necessidades	 da	 sociedade;	 precisando	 de	
profissionais	competentes	para	responder	de	forma	crítica	e	criativa	aos	desafios	trazidos	
por	profundas	mudanças	no	processo	de	produção	e	no	país,	principalmente	no	impacto	
na	formação	das	classes	sociais,	o	que	de	certa	forma	apresenta-se	com	um	desafio	na	
reconstrução	do	projeto	da	formação	profissional.	
37UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
1.1 Os Desafios na Reconstrução do Projeto de Formação Profissional
Vivenciamos	 grandes	 transformações	 no	 mundo	 contemporâneo,	 entre	 essas	
modificações	 temoso	modelo	de	produção	e	acumulação	capitalista	que	 traz	profundas	
alterações	na	sociedade	e	uma	reestruturação	no	governo	e	nas	relações	com	a	classe	
trabalhadora.	Essas	 transformações	 são	 iminentes,	 acompanhado	 a	 um	 claro	 ajuste	 de	
fundos	 públicos,	 favorecendo	 a	 sociedade	 capitalista,	 sendo	 propícios	 à	 reprodução	 do	
trabalho,	retraindo	os	investimentos	governamentais	para	a	seguridade	social	e	o	emprego.	
Esse	processo	reflete	na	reorganização	da	política	industrial	e	neoliberal	caracterizada	pelo	
modelo	de	regulação	econômica	internacional	fordista/keynesiana,	como	mostrar	refração	
clara	no	processo	de	trabalho	(IAMAMOTO,	2012).	
Caro(a)	aluno(a),	é	por	meio	desse	contexto	que	se	pode	entender	o	debate	em	
todos	os	campos	culturais	pós-modernismo	que	começou	na	década	de	1970.	Observado	
no	mundo	contemporâneo,	o	enfrentamento	da	crise	e	o	próprio	processo	de	acumulação	
capitalista,	que	a	autora	destaca	como	as	mudanças	no	mundo	do	trabalho,	apresentando	
novos	desafios	e	considerando	a	formação	profissional	de	assistentes	sociais	como	algo	
importante.
Nas	palavras	de	Harvey	(1992)	a	dificuldade	em	conter	as	contradições	inerentes	
ao	 capitalismo	 é	 entendida	 como	 a	 rigidez	 do	 capital	 fixo,	 ou	 seja,	 este	 sistema	 acaba	
tendo	o	controle	do	trabalho	e	do	mercado,	com	isso	tem-se	o	aumento	nos	indicadores	em	
relação	a	produtividade	e	a	elevação	da	taxa	de	lucro	do	capital,	além	do	apoio	do	Estado	
que	por	sua	vez	 reduz	os	 fundos	fiscais	para	apoiar	o	chamado	 “estado	de	bem-estar”,	
sendo	responsável	por	fornecer	e	implementar	comportamentos	sociais	que	podem	corrigir	
a	exclusão	social	e	as	condições	para	o	bem	coletivo,	legitimando	o	próprio	Estado.	
Desta	forma,	Iamamoto	(2012)	destaca	que	é	preciso	buscar	reverter	o	efeito	desse	
processo	que	acaba	causando	diversos	problemas	sociais,	em	outras	palavras,	é	o	mo-
mento	de	racionalizar	a	produção	e	a	industrialização,	analisando	os	ajustes	estruturais	e	
38UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
fortalecendo	o	trabalho,	questionando	sobre	a	produção	e	o	consumo	em	massa	advinda	
pelo	padrão	 fordista,	que	 traz	não	apenas	a	mudança	 tecnológica,	mas	a	 introdução	de	
novas	linhas	de	produtos,	mercados	e	liquidez	regional	de	capital,	tendo	funcionários	fáceis	
de	controlar,	a	consolidação	de	capital	e	medidas	destinadas	a	acelerar	o	turnover.
Para	 Harvey	 (1992),	 a	 flexibilidade	 do	 fluxo	 de	 trabalho;	 mercado	 de	 trabalho;	
produtos	e	métodos	de	consumo	são	características	do	departamento	de	produção,	novo	
método	 de	 fornecimento	 de	 serviços	 financeiros,	 novos	mercados,	 especialmente	 altas	
taxas	de	juros	para	fortalecer	negócios,	tecnologia	e	inovação	organizacional.	Com	isso,	a	
acumulação	flexível	envolve	mudanças	rápidas	e	o	desenvolvimento	desequilibrado	entre	
departamentos	e	regiões,	criando	um	extenso	movimento	para	o	emprego,	bem	como	novas	
indústrias	subdesenvolvidas.	
Neste	aspecto,	Tapia	(1994)	destaca	que	as	grandes	empresas	acabaram	estabe-
lecendo	um	processo	horizontal	com	um	modelo	mais	enxuto,	que	criou	uma	rede	ao	seu	
redor	com	pequenas	médias	e	um	processo	mais	mecanizado.	Esse	formato	estabelecido	
em	muitas	empresas,	principalmente	de	médio	e	grande	porte,	acarretou	o	processo	de	
exclusão	da	mão-de-obra	qualificada	e,	consequentemente,	gerou	o	desemprego	e	a	pre-
carização	nas	relações	de	trabalho.	A	partir	dessas	estruturas	implantadas	na	sociedade,	
a	partir	do	sistema	capitalista,	é	que	há	grandes	implicações	na	construção	estrutural	no	
mundo	do	trabalho.	
SAIBA MAIS
O	processo	de	transformações,	que	vêm	ocorrendo	no	“mundo	do	trabalho”,	altera	subs-
tancialmente	a	demanda	de	qualificação	de	profissionais	de	Serviço	Social,	 tornando	
necessário	que	adquiram	uma	centralidade	no	processo	de	formação	profissional,	por-
que	têm	uma	centralidade	na	contemporaneidade	da	vida	social	
Fonte:	Iamamoto	(2012,	p.	180).	
O	 desenvolvimento	 da	 formação	 profissional	 permite	 que	 os	 assistentes	 sociais	
compreendam	criticamente	a	tendência	atual	de	expansão	capitalista	e	sua	influência	nas	
mudanças	de	funções	tradicionalmente	atribuídas	à	indústria	e	tipo	treinamento	necessário	
39UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
para	produção	e	nova	modernização,	bem	como	as	 formas	de	gestão	do	 trabalho.	 Isso	
ilustra	a	mudança	nas	condições	de	trabalho	e	vida	dos	colaboradores	considerado	como	
alvo	dos	serviços	profissionais,	bem	como	as	demandas	alocadas	no	ambiente	empresarial,	
por	exemplo.	
É	 evidente	 que	esses	 fatores	 são	 considerados	 como	desafios	na	 reconstrução	
do	projeto	de	formação	profissional,	que	deve	estar	claro	quanto	às	mudanças	referem-se	
à	conversão	da	atuação	no	campo	da	política	social,	por	meio	do	ajuste	nas	diretrizes	e	
ações	governamentais	para	responder	uma	crise	compatível	com	os	padrões	neoliberais	
das	organizações	internacionais,	especialmente	do	fundo	monetário	internacional.	
De	acordo	com	Chauí	(1995),	a	declaração	neoliberal	se	encaixa	como	uma	luva	
na	política	brasileira	revivida	aos	preceitos	da	privatização,	considerada	como	uma	tradição	
autoritária	exclusiva	do	estado.	Com	 isso,	 temos	uma	sociedade	hierárquica	na	qual	há	
uma	 relação	 de	 controle	 quanto	 aos	 direitos	 sociais,	 o	 que	 pode	 caracterizar	 como	um	
desafio	na	reconstrução	da	formação	profissional.	Não	ter	entendimento	quanto	aos	pontos	
tratados	até	aqui	pode	gerar	dificuldades	no	momento	da	atuação.	
1.2 Conquistas e Dilemas no Projeto Profissional nos Anos 1980
Caro(a)	aluno(a),	considerando	o	debate	sobre	 formação	profissional	na	década	
de	1980	é	que	 irei	apresentar	as	principais	conquistas	e	os	problemas	enfrentados	pela	
categoria.	Para	entender	esses	pontos,	aprofundarei	nas	teorias	da	Iamamoto,	uma	grande	
referência	para	compreender	o	processo	formativo.
Iamamoto	 (2012,	 p.	 185)	 destaca	 que	 “os	 rumos	 assumidos	 pelo	 amplo	 debate	
efetuado	na	década	de	1980	apontaram,	ainda,	para	o	privilégio	-	ainda	que	a	não	exclusivi-
dade	-	de	uma	teoria	social	crítica,	desveladora	dos	fundamentos	da	produção	e	reprodução	
da	questão	social”.	Ou	seja,	desenvolver	um	perfil	que	pudesse	configurar	as	habilidades	
40UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
técnicas	e	políticas	em	resposta	do	fazer	profissional	de	forma	mais	eficaz	e	competente,	
reunindo	forças	sociais	para	defender	cabalmente	a	democracia.
A	primeira	conquista	a	ser	destacada	é	sobre	a	base	do	processo	formativo	que	tem	
afirmado	a	necessidade	de	orientar	a	formação	profissional	para	estabelecer	uma	imagem	
profissional	com	habilidades	teóricas	e	críticas,	adotando	um	método	consistente	em	rela-
ção	ao	enfrentamento	dos	problemas	sociais	enraizados	na	sociedade	fundamentada	em	
teorias	de	grandes	filósofos.	
A	outra	conquista	foi	a	construção	de	um	novo	Código	de	Ética	Profissional,	que	
está	em	vigor	até	os	dias	atuais,	interligado	ao	processo	de	formação	profissional	dos	as-
sistentes	sociais.	Dentro	das	discussões	sobre	a	formação	profissional	também	se	encontra	
como	eixo	necessário	o	contexto	histórico,	teórico	e	metodológico	do	Serviço	Social	que	
tem	como	base	explicar	o	processo	constitutivo	da	profissão.	Tem	como	objetivo	principal	a	
compreensão	da	relação	entre	o	Estado,	a	sociedade	e	o	mundo	do	trabalho.	
Cabe	destacar	que	a	história	social	é	considerada	algo	determinante	para	a	trajetória	
do	Serviço	Social,	expressamente	ligado	à	prática	e	à	teórica,	Entende-se	que	a	profissão	está	
condicionada	à	totalidade,	principalmente	nas	variantes	relações	que	envolvem	a	produção/
reprodução	da	vida	social,	que,	de	certa	forma,	acaba	sistematizando	as	ações	profissionais.	
Em	relação	aos	dilemas	enfrentados	pela	categoria,	refere-se	primeiramente	ao	dis-
tanciamento	sobre	as	bases	teóricas	sistemáticas	e	metodológicas	que	envolvem	a	prática	
profissional	 cotidianamente.	Como	 destacado	 por	Martinelli	 (1993),	 o	 anseio	 de	 trabalhar

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