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REsp n 732 048-AL

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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 732.048 - AL (2005/0039295-9)
 
RELATOR : MINISTRO LUIZ FUX
RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL 
PROCURADOR : NEYDJA MARIA DIAS DE MORAIS E OUTROS
RECORRIDO : USINAS REUNIDAS SERESTA S/A 
ADVOGADO : RAFAEL NARITA DE BARROS NUNES E OUTROS
EMENTA
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DO 
ART. 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA. ART. 183, DO CPC. 
DEVOLUÇÃO DE PRAZO. COMPROVAÇÃO DA JUSTA 
CAUSA EM TEMPO RAZOÁVEL. IMPOSSIBILIDADE.
1. A restituição do prazo processual por justa causa, prevista na norma 
insculpida no art. 183, do CPC, permite, à parte impedida de praticar o 
ato, denunciar o fato e requerer a restituição ou prorrogação do prazo, 
sendo certo que, quanto ao momento de fazê-lo, é cediço na doutrina 
clássica que:
"O Código não disciplina o procedimento a seguir 
para a comprovação da causa do impedimento. Há necessidade 
de procurar preencher o vazio.
Desde logo, cumpre ter em mente que, de regra, 
enquanto durar o impedimento o interessado poderá não estar 
em condições de diligenciar no sentido de alegá-lo. Mas, e 
cessado o impedimento?
Nesse caso, parece que a alegação terá de ser 
produzida incontinenti. À míngua de qualquer outro prazo, 
dever-se-á observar o do art. 185. Logo, cessado o impedimento 
terá o interessado cinco dias para ir pleitear o reconhecimento 
de ter havido justa causa e a correspondente devolução do prazo. 
É preciso considerar, ainda que, impedimento para a prática de 
qualquer ato pode constituir justa causa até determinado 
momento, deixando de sê-lo daí por diante. " (grifou-se) (Moniz 
de Aragão, Comentários ao Código de Processo Civil, Vol. II, pág. 
142/143). 
2. A ofensa ao art. 535 do CPC pressupõe que o Tribunal de origem 
não tenha, nem sucintamente, se pronunciado de forma clara e suficiente 
sobre a questão posta nos autos. Isto porque o magistrado não está 
obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde 
que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a 
decisão. Inexistência de violação.
3. A jurisprudência desta Corte Superior é remansosa no sentido de 
que a parte prejudicada deve requerer e comprovar a justa causa no 
prazo legal para a prática do ato ou em lapso temporal razoável, assim 
entendido até cinco dias após cessado o impedimento, sob pena de 
preclusão, consoante previsão do art. 185, do CPC. (Precedentes: REsp 
623178 / MA, 3ª Turma, Rel. Min. Castro Filho, DJ 03/10/2005; AgRg 
Documento: 645640 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 09/11/2006 Página 1 de 5
 
 
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no Ag 225320 / SP, 6ª Turma, Rel. Min. Fernando Gonçalves, DJ 
07/06/1999; AgRg no RMS 10598 / MG , 5ª Turma, Rel. Min. José 
Arnaldo da Fonseca, DJ 04/10/1999; AgRg no Ag 227282 / SP, 6ª 
Turma, Rel. Min. Fernando Gonçalves, DJ 07/06/1999)
4. In casu, a juntada do mandado de citação e intimação da Fazenda 
Nacional se deu em 10/11/2003 e o pedido de devolução de prazo 
somente ocorreu em 08/01/2004, após o decurso do prazo legal e dos 5 
dias posteriores ao cessamento do impedimento, o qual se deu em 
16/12/2003, uma vez que os autos foram restituídos ao cartório.
5. Recurso especial desprovido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, os Ministros da Egrégia Primeira Turma 
do Superior Tribunal de Justiça acordam, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas, 
por unanimidade, negar provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro 
Relator. Os Srs. Ministros Teori Albino Zavascki, Denise Arruda e Francisco Falcão votaram 
com o Sr. Ministro Relator. 
Ausente, ocasionalmente, o Sr. Ministro José Delgado. 
Brasília, 17 de outubro de 2006. 
MINISTRO LUIZ FUX 
Relator
Documento: 645640 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 09/11/2006 Página 2 de 5
 
 
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA TURMA
 
 
Número Registro: 2005/0039295-9 REsp 732048 / AL
Números Origem: 200380000109351 200405000069640 54619
PAUTA: 05/09/2006 JULGADO: 05/09/2006
Relator
Exmo. Sr. Ministro LUIZ FUX
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. AURÉLIO VIRGÍLIO VEIGA RIOS
Secretária
Bela. MARIA DO SOCORRO MELO
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL
PROCURADOR : NEYDJA MARIA DIAS DE MORAIS E OUTROS
RECORRIDO : USINAS REUNIDAS SERESTA S/A
ADVOGADO : RAFAEL NARITA DE BARROS NUNES E OUTROS
ASSUNTO: Tributário - Contribuição - Social - COFINS
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na 
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
Adiado o julgamento por indicação do Sr. Ministro Relator.
 Brasília, 05 de setembro de 2006
MARIA DO SOCORRO MELO
Secretária
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RECURSO ESPECIAL Nº 732.048 - AL (2005/0039295-9)
 
RELATÓRIO
O EXMO. SR. MINISTRO LUIZ FUX (Relator): Trata-se de recurso especial 
interposto pela FAZENDA NACIONAL, com fulcro na alínea "a", do permissivo constitucional, contra 
acórdão prolatado em sede de agravo de instrumento pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região, 
assim ementado:
PROCESSUAL CIVIL. PRAZO. DEVOLUÇÃO. PEDIDO 
EXTEMPORÂNEO. IMPOSSIBILIDADE.
1. Não se mostra razoável a devolução de prazo processual, em que o 
pedido nesse sentido tenha sido feito apenas quando o mesmo já havia 
decorrido.
2. Agravo de instrumento provido e inominado prejudicado.
Noticiam os autos que USINAS REUNIDAS SERESTA S/A interpôs agravo de 
instrumento contra decisão que deferiu o pedido da União para devolução do prazo, por inteiro, para 
contestar e interpor agravo de instrumento. Transcreve-se excerto da decisão, verbis:
"(...) Procede a argumentação da União. Realmente, 
verifica-se a partir das fls. 228 que, procedida a juntada do mandado 
de citação e intimação da ré em 10/11/2003, foram os autos conclusos 
(cf. fl. 231), em virtude da petição de fl. 229/230, da autora. Por essa 
razão, os autos somente foram remetidos à Fazenda Nacional em 
12/12/2003, que os recebeu em 16/12/2003. Logo, durante 
praticamente metade do prazo de contestação, os autos permaneceram 
conclusos, impedindo, assim, o exercício do direito de defesa por parte 
da ré."
O TRF da 5ª Região, por unanimidade, deu provimento ao agravo, em aresto cuja 
ementa encontra-se retro-transcrita, e do qual extraem-se os seguintes excertos, litteris:
"(...) Com efeito, verifica-se que a recorrida foi intimada 
acerca da decisão que deferiu a medida antecipatória em 10 de 
novembro de 2003 (fl. 41 v), podendo ter apresentado o recurso até o 
dia 01 de dezembro de 2003. Ocorre que, em virtude de pedido feito 
pela autora, ora agravante, os autos não foram disponibilizados à 
Fazenda Nacional, impedindo-a de promover naquele momento a sua 
defesa recursal.
Nada obstante, a ré, ora agravada, somente protocolou o 
pedido para devolução dos prazos em 08 de janeiro de 2004 (fls. 
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53/54), quando o lapso de tempo para interposição de eventual 
irresignação já estava bastante ultrapassado. Era imprescindível que 
essa pretensão fosse apresentada ao juízo a quo dentro do limite 
temporal de que dispunha legalmente, ou seja, até 1º de dezembro de 
2003.
Na verdade, não se mostra razoável a devolução do prazo 
processual, em que o pedido nesse sentido tenha sido feito apenas 
quando o mesmo já havia decorrido."
Foram opostos embargos declaratórios pela Fazenda, alegando, em suma, omissão 
quanto à análise dos fatos relativos às datas da prática dos atos processuais questionados, bem como 
erro na atribuição da data de 10/11/2003 como o dia da intimação da decisão concessiva de tutela ao 
contribuinte, quando, em verdade, a Fazenda somente fora intimada em 30/10/2003. Os embargos 
foram rejeitados por unanimidade.Irresignado, o ente fazendário interpôs o presente recurso especial, alegando violação 
dos arts. 183, e 535, I e II, do CPC, nos seguintes termos:
a) o julgamento do agravo restou contraditório, porquanto considerou que a citação da 
União deu-se em 10/11/2003, quando, na verdade, nesta data realizou-se a intimação da autora, ora 
agravante, o que vem a influir de forma definitiva na contagem do prazo;
b) a devolução de prazo recursal à Fazenda perpetrada pelo Juízo singular estava 
correta, posto que houve justa causa a impedir a prática do ato processual, nos termos do art. 183, do 
diploma processual;
c) a justa causa residiu no fato de que, durante praticamente metade do prazo para 
contestação, os autos permaneceram conclusos, impedindo o exercício do direito de defesa pela ré;
d) a União foi citada e intimada em 31/10/2003 (fl. 42 v) e apenas teve acesso aos autos 
em 16/12/2003, de molde que a petição de devolução do prazo, protocolada em 08/01/2004, era 
tempestiva, considerando o recesso forense ocorrido no período de 20/12/2001 a 06/01/2004;
e) ademais, o art. 183, do CPC não exige que a petição de requerimento da devolução 
do prazo seja protocolizada no prazo originalmente assinalado.
Foi interposto recurso extraordinário.
Foram apresentadas contra-razões ao apelo nobre, argüindo a impossibilidade de 
apreciação da data de intimação pessoal da recorrente, em sede de recurso especial, face à incidência 
da Súmula 07/STJ, impossibilitando a determinação do termo inicial para a contagem do prazo, com 
vistas à certificação acerca da tempestividade do agravo de instrumento da Fazenda, cujo seguimento 
fora também negado. 
O recurso especial recebeu crivo positivo de admissibilidade na instância de origem.
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Usinas Reunidas Seresta, em petição de fls. 161/164, informou a perda de objeto do 
presente recurso, porquanto o processo principal já teria sido sentenciado, com julgamento inclusive do 
seu recurso de apelação , o qual fora desprovido.
Intimada a manifestar-se acerca do eventual incidente, a Fazenda argumentou de forma 
inconclusiva, limitando-se a aduzir que, litteris:
"(...) Com efeito, observe-se pelo andamento de fls. 
162/164, que o Tribunal Regional Federal da 5ª Região julgou 
procedente Apelação da União e rejeitou o recurso da autora, 
determinando a incidência da multa moratória no caso dos autos. 
Destarte, pode-se afirmar que foi revogada a liminar deferida em 
primeiro grau de jurisdição, a qual versava, justamente, sobre a 
referida multa.
No entanto, a Autora, em segunda instância, interpôs 
Embargos de Declaração, não havendo como verificar se o teor do 
referido recurso possui relação de pertinência com os termos da 
liminar outrora deferida. Assim, não se pode afirmar, de forma 
inequívoca, que o recurso da Fazenda Nacional perdeu o objeto."
É o relatório.
 
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RECURSO ESPECIAL Nº 732.048 - AL (2005/0039295-9)
 
 
EMENTA
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DO 
ART. 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA. ART. 183, DO CPC. 
DEVOLUÇÃO DE PRAZO. COMPROVAÇÃO DA JUSTA CAUSA 
EM TEMPO RAZOÁVEL. IMPOSSIBILIDADE.
1. A restituição do prazo processual por justa causa, prevista na norma 
insculpida no art. 183, do CPC, permite, à parte impedida de praticar o ato, 
denunciar o fato e requerer a restituição ou prorrogação do prazo, sendo certo 
que, quanto ao momento de fazê-lo, é cediço na doutrina clássica que:
"O Código não disciplina o procedimento a seguir para a 
comprovação da causa do impedimento. Há necessidade de procurar 
preencher o vazio.
Desde logo, cumpre ter em mente que, de regra, enquanto 
durar o impedimento o interessado poderá não estar em condições de 
diligenciar no sentido de alegá-lo. Mas, e cessado o impedimento?
Nesse caso, parece que a alegação terá de ser produzida 
incontinenti. À míngua de qualquer outro prazo, dever-se-á observar o 
do art. 185. Logo, cessado o impedimento terá o interessado cinco dias 
para ir pleitear o reconhecimento de ter havido justa causa e a 
correspondente devolução do prazo. É preciso considerar, ainda que, 
impedimento para a prática de qualquer ato pode constituir justa 
causa até determinado momento, deixando de sê-lo daí por diante. " 
(grifou-se) (Moniz de Aragão, Comentários ao Código de Processo Civil, 
Vol. II, pág. 142/143). 
2. A ofensa ao art. 535 do CPC pressupõe que o Tribunal de origem não 
tenha, nem sucintamente, se pronunciado de forma clara e suficiente sobre a 
questão posta nos autos. Isto porque o magistrado não está obrigado a rebater, 
um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentos 
utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão. Inexistência de 
violação.
3. A jurisprudência desta Corte Superior é remansosa no sentido de que a 
parte prejudicada deve requerer e comprovar a justa causa no prazo legal para 
a prática do ato ou em lapso temporal razoável, assim entendido até cinco dias 
após cessado o impedimento, sob pena de preclusão, consoante previsão do 
art. 185, do CPC. (Precedentes: REsp 623178 / MA, 3ª Turma, Rel. Min. 
Castro Filho, DJ 03/10/2005; AgRg no Ag 225320 / SP, 6ª Turma, Rel. Min. 
Fernando Gonçalves, DJ 07/06/1999; AgRg no RMS 10598 / MG , 5ª Turma, 
Rel. Min. José Arnaldo da Fonseca, DJ 04/10/1999; AgRg no Ag 227282 / SP, 
6ª Turma, Rel. Min. Fernando Gonçalves, DJ 07/06/1999)
4. In casu, a juntada do mandado de citação e intimação da Fazenda 
Nacional se deu em 10/11/2003 e o pedido de devolução de prazo somente 
ocorreu em 08/01/2004, após o decurso do prazo legal e dos 5 dias posteriores 
ao cessamento do impedimento, o qual se deu em 16/12/2003, uma vez que os 
autos foram restituídos ao cartório.
Documento: 645640 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 09/11/2006 Página 7 de 5
 
 
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5. Recurso especial desprovido.
VOTO
O EXMO. SR. MINISTRO LUIZ FUX (Relator): Preliminarmente, verifica-se que 
a alegada violação do artigo 535, do CPC, não restou configurada, uma vez que o Tribunal de origem, 
embora sucintamente, pronunciou-se de forma clara e suficiente sobre a questão posta nos autos. 
Saliente-se, ademais, que o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos 
pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão, como 
de fato ocorreu na hipótese dos autos. Neste sentido, os seguintes precedentes da Corte:
"AÇÃO DE DEPÓSITO. BENS FUNGÍVEIS. ARMAZÉM GERAL. GUARDA 
E CONSERVAÇÃO. ADMISSIBILIDADE DA AÇÃO. PRISÃO CIVIL. 
CABIMENTO. ORIENTAÇÃO DA TURMA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO 
JURISDICIONAL. INOCORRÊNCIA. RECURSO ESPECIAL. ENUNCIADO 
N. 7 DA SÚMULA/STJ. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PROCESSO 
EXTINTO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO. APLICAÇÃO DO § 4º DO 
ART. 20, CPC. EQÜIDADE. RECURSO DO BANCO PROVIDO. 
RECURSO DO RÉU DESACOLHIDO.
(...)
III - Não padece de fundamentação o acórdão que examina 
suficientemente todos os pontos suscitados pela parte interessada em seu 
recurso. E não viola o art. 535-II o aresto que rejeita os embargos de 
declaração quando a matéria tida como omissa já foi objeto de exame no 
acórdão embargado.
(...)" (REsp 396.699/RS, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ 
15/04/2002)
"PROCESSUAL CIVIL. DECISÃO UNA DE RELATOR. ART. 557, DO 
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. INTELIGÊNCIA A SUA APLICAÇÃO. 
INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO NO ACÓRDÃO RECORRIDO. MATÉRIA 
DE CUNHO CONSTITUCIONAL EXAMINADA NO TRIBUNAL "A QUO".
(...)
3. Fundamentos, nos quais se suporta a decisão impugnada, 
apresentam-se claros e nítidos. Não dão lugar, portanto, a obscuridades, 
dúvidas ou contradições. O não acatamento das argumentações contidas 
no recurso não implica em cerceamento de defesa, posto que ao julgador 
cabe apreciar a questão de acordocom
o que ele entender atinente à lide.
4. Não está obrigado o Juiz a julgar a questão posta a seu exame 
conforme o pleiteado pelas partes, mas, sim com o seu livre 
convencimento, utilizando-se dos fatos, provas, jurisprudência, aspectos 
pertinentes ao tema e da legislação que entender aplicável
ao caso.
(...)
9. Agravo regimental não provido." (AGA 420.383, Rel. Min. José Delgado, 
Documento: 645640 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 09/11/2006 Página 8 de 5
 
 
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DJ 29/04/2002)
O ponto nodal da atual controvérsia reside na legalidade da devolução do prazo para 
contestar e recorrer à Fazenda Nacional, tendo em vista que o respectivo requerimento ultrapassou o 
prazo legal para a prática do ato, mesmo havendo justa causa, qual seja, a conclusão dos autos ao juízo.
Deveras, a norma insculpida no art. 183, do CPC, permite, à parte impedida de praticar 
o ato processual, denunciar o fato e requerer a restituição ou prorrogação do prazo. 
Quanto ao momento de fazê-lo, destaca-se a lição de MONIZ DE ARAGÃO, litteris:
"O Código não disciplina o procedimento a seguir para a 
comprovação da causa do impedimento. Há necessidade de procurar 
preencher o vazio.
Desde logo, cumpre ter em mente que, de regra, enquanto 
durar o impedimento o interessado poderá não estar em condições de 
diligenciar no sentido de alegá-lo. Mas, e cessado o impedimento?
Nesse caso, parece que a alegação terá de ser produzida 
incontinenti. A míngua de qualquer outro prazo, dever-se-á observar o 
do art. 185. Logo, cessado o impedimento terá o interessado cinco dias 
para ir pleitear o reconhecimento de ter havido justa causa e a 
correspondente devolução do prazo. É preciso considerar, ainda que, 
impedimento para a prática de qualquer ato pode constituir justa 
causa até determinado momento, deixando de sê-lo daí por diante. " 
(grifou-se) (Comentários ao Código de Processo Civil, Vol. II, pág. 
142/143).
Outrossim, a jurisprudência desta Corte Superior é remansosa no sentido de que a parte 
prejudicada deve requerer e comprovar a justa causa no prazo legal para a prática do ato ou em lapso 
temporal razoável, assim entendido até cinco dias após cessado o impedimento, sob pena de preclusão, 
consoante previsão do art. 185, do CPC.
Nesse sentido, confiram-se os seguintes precedentes:
RECURSO ESPECIAL - DEVOLUÇÃO DE PRAZO PARA RECURSO - 
COMPROVAÇÃO DA JUSTA CAUSA EM PRAZO RAZOÁVEL. 
PRECLUSÃO AFASTADA.– REAPRECIAÇÃO PROBATÓRIA - 
INADMISSIBILIDADE - SÚMULA 7/STJ.
I – A justa causa impeditiva de prática de ato pela parte deve ser 
alegada no prazo para aquele exercício, ou em interstício razoável. 
Precedentes.
II - O reconhecimento, pelo aresto recorrido, da justa causa deu-se com 
base no quadro fático dos autos. Destarte, no âmbito do recurso especial, 
a reapreciação do acervo probatório que lastreou o acórdão vergastado 
encontra óbice no enunciado 7 da Súmula do Superior Tribunal de 
Justiça.
Recurso não conhecido. (REsp 623178 / MA, 3ª Turma, Rel. Min. Castro 
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Filho, DJ 03/10/2005)
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. INTEMPESTIVIDADE. 
FORÇA MAIOR NÃO COMPROVADA. IMPOSSIBILIDADE DE 
COMPLEMENTAÇÃO DO INSTRUMENTO NA INTERPOSIÇÃO DO 
REGIMENTAL. SÚMULA Nº 07/STJ. JURISPRUDÊNCIA PACÍFICA.
1 - A comprovação da justa causa deve ser realizada durante a vigência 
do prazo ou até cinco dias após cessado o impedimento, sob pena de 
preclusão.
2 - A colação de peças na oportunidade da interposição do agravo 
regimental (CPC, art. 545) não produz efeito de suprir a irregularidade 
decorrente da não adoção dessa providência em tempo oportuno .
3 - A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial. 
Súmula nº 07/STJ.
4 - Não se conhece de recurso especial quando a orientação do Tribunal 
se firmou no mesmo sentido da decisão recorrida.
5 - Agravo regimental desprovido. (AgRg no Ag 225320 / SP, 6ª Turma, 
Rel. Min. Fernando Gonçalves, DJ 07/06/1999)
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EM MANDADO DE 
SEGURANÇA. RECURSO INTEMPESTIVO. ALEGAÇÃO DE "FORÇA 
MAIOR". FALTA DE COMPROVAÇÃO.
Em casos excepcionais se admite recurso interposto fora do prazo. 
Existindo justa causa ou motivo de força maior, deve o mesmo ser 
alegado "durante a vigência do prazo ou até cinco dias após cessado o 
impedimento, sob pena de preclusão" (Agravo Regimental no Agravo de 
Instrumento nº 228602/SP, DJ 07.06.99). 
In casu, além de não ter sido obedecido tal preceito, não se fez a devida 
comprovação da alegada "força maior", inexistindo substabelecimento 
do advogado anteriormente constituído, vindo a ser juntado um fac-símile 
da procuração para este advogado somente um mês depois de 
protocolado o recurso.
Agravo desprovido. (AgRg no RMS 10598 / MG , 5ª Turma, Rel. Min. José 
Arnaldo da Fonseca, DJ 04/10/1999)
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. INTEMPESTIVIDADE. 
FORÇA MAIOR NÃO COMPROVADA. IMPOSSIBILIDADE DE 
COMPLEMENTAÇÃO DO INSTRUMENTO NA INTERPOSIÇÃO DO 
REGIMENTAL. JURISPRUDÊNCIA PACÍFICA.
1 - A comprovação da justa causa deve ser realizada durante a vigência 
do prazo ou até cinco dias após cessado o impedimento, sob pena de 
preclusão.
2 - A colação de peças na oportunidade da interposição do agravo 
regimental (CPC, art. 545) não produz efeito de suprir a irregularidade 
decorrente da não adoção dessa providência em tempo oportuno.
3 - Não se conhece de recurso especial quando a orientação do Tribunal 
se firmou no mesmo sentido da decisão recorrida.
4 - Agravo regimental desprovido. (AgRg no Ag 227282 / SP, 6ª Turma, 
Documento: 645640 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 09/11/2006 Página 10 de 5
 
 
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Rel. Min. Fernando Gonçalves, DJ 07/06/1999)
No caso sub examen, o acórdão recorrido assentou que, verbis:
"(...) Com efeito, verifica-se que a recorrida foi intimada 
acerca da decisão que deferiu a medida antecipatória em 10 de 
novembro de 2003 (fl. 41 v), podendo ter apresentado o recurso até o 
dia 01 de dezembro de 2003. Ocorre que, em virtude de pedido feito 
pela autora, ora agravante, os autos não foram disponibilizados à 
Fazenda Nacional, impedindo-a de promover naquele momento a sua 
defesa recursal.
Nada obstante, a ré, ora agravada, somente protocolou o 
pedido para devolução dos prazos em 08 de janeiro de 2004 (fls. 
53/54), quando o lapso de tempo para interposição de eventual 
irresignação já estava bastante ultrapassado. Era imprescindível que 
essa pretensão fosse apresentada ao juízo a quo dentro do limite 
temporal de que dispunha legalmente, ou seja, até 1º de dezembro de 
2003.
Na verdade, não se mostra razoável a devolução do prazo 
processual, em que o pedido nesse sentido tenha sido feito apenas 
quando o mesmo já havia decorrido."
Com efeito, extrai-se da decisão de primeiro grau que, conquanto tenha sido intimada 
pessoalmente em 10/11/2003, em decorrência da conclusão dos autos ao juízo, a Fazenda Nacional os 
recebeu em 16/12/2003, vale dizer, durante praticamente metade do prazo de contestação.
Destarte, não merece reparo o acórdão objurgado, porquanto verifica-se que, in casu, a 
juntada do mandado de citação e intimação da Fazenda Nacional se deu em 10/11/2003 e que o pedido 
de devolução de prazo somente ocorreu em 08/01/2004, após o decurso do prazo legal e dos 5 dias 
posteriores ao cessamento do impedimento, que se deu em 16/12/2003.
Ex positis, NEGO PROVIMENTO ao recurso especial. 
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA TURMA
 
 
Número Registro: 2005/0039295-9 REsp 732048 / AL
Números Origem: 200380000109351 200405000069640 54619
PAUTA: 05/09/2006 JULGADO: 17/10/2006
Relator
Exmo. Sr. Ministro LUIZ FUX
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI
Subprocuradora-Geral da RepúblicaExma. Sra. Dra. CÉLIA REGINA SOUZA DELGADO
Secretária
Bela. MARIA DO SOCORRO MELO
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL
PROCURADOR : NEYDJA MARIA DIAS DE MORAIS E OUTROS
RECORRIDO : USINAS REUNIDAS SERESTA S/A
ADVOGADO : RAFAEL NARITA DE BARROS NUNES E OUTROS
ASSUNTO: Tributário - Contribuição - Social - COFINS
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na 
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso especial, nos termos do voto 
do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Teori Albino Zavascki, Denise Arruda e Francisco Falcão votaram 
com o Sr. Ministro Relator. 
Ausente, ocasionalmente, o Sr. Ministro José Delgado.
 Brasília, 17 de outubro de 2006
MARIA DO SOCORRO MELO
Secretária
Documento: 645640 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 09/11/2006 Página 12 de 5

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