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Superior Tribunal de Justiça RECURSO ESPECIAL Nº 732.048 - AL (2005/0039295-9) RELATOR : MINISTRO LUIZ FUX RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL PROCURADOR : NEYDJA MARIA DIAS DE MORAIS E OUTROS RECORRIDO : USINAS REUNIDAS SERESTA S/A ADVOGADO : RAFAEL NARITA DE BARROS NUNES E OUTROS EMENTA PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA. ART. 183, DO CPC. DEVOLUÇÃO DE PRAZO. COMPROVAÇÃO DA JUSTA CAUSA EM TEMPO RAZOÁVEL. IMPOSSIBILIDADE. 1. A restituição do prazo processual por justa causa, prevista na norma insculpida no art. 183, do CPC, permite, à parte impedida de praticar o ato, denunciar o fato e requerer a restituição ou prorrogação do prazo, sendo certo que, quanto ao momento de fazê-lo, é cediço na doutrina clássica que: "O Código não disciplina o procedimento a seguir para a comprovação da causa do impedimento. Há necessidade de procurar preencher o vazio. Desde logo, cumpre ter em mente que, de regra, enquanto durar o impedimento o interessado poderá não estar em condições de diligenciar no sentido de alegá-lo. Mas, e cessado o impedimento? Nesse caso, parece que a alegação terá de ser produzida incontinenti. À míngua de qualquer outro prazo, dever-se-á observar o do art. 185. Logo, cessado o impedimento terá o interessado cinco dias para ir pleitear o reconhecimento de ter havido justa causa e a correspondente devolução do prazo. É preciso considerar, ainda que, impedimento para a prática de qualquer ato pode constituir justa causa até determinado momento, deixando de sê-lo daí por diante. " (grifou-se) (Moniz de Aragão, Comentários ao Código de Processo Civil, Vol. II, pág. 142/143). 2. A ofensa ao art. 535 do CPC pressupõe que o Tribunal de origem não tenha, nem sucintamente, se pronunciado de forma clara e suficiente sobre a questão posta nos autos. Isto porque o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão. Inexistência de violação. 3. A jurisprudência desta Corte Superior é remansosa no sentido de que a parte prejudicada deve requerer e comprovar a justa causa no prazo legal para a prática do ato ou em lapso temporal razoável, assim entendido até cinco dias após cessado o impedimento, sob pena de preclusão, consoante previsão do art. 185, do CPC. (Precedentes: REsp 623178 / MA, 3ª Turma, Rel. Min. Castro Filho, DJ 03/10/2005; AgRg Documento: 645640 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 09/11/2006 Página 1 de 5 Superior Tribunal de Justiça no Ag 225320 / SP, 6ª Turma, Rel. Min. Fernando Gonçalves, DJ 07/06/1999; AgRg no RMS 10598 / MG , 5ª Turma, Rel. Min. José Arnaldo da Fonseca, DJ 04/10/1999; AgRg no Ag 227282 / SP, 6ª Turma, Rel. Min. Fernando Gonçalves, DJ 07/06/1999) 4. In casu, a juntada do mandado de citação e intimação da Fazenda Nacional se deu em 10/11/2003 e o pedido de devolução de prazo somente ocorreu em 08/01/2004, após o decurso do prazo legal e dos 5 dias posteriores ao cessamento do impedimento, o qual se deu em 16/12/2003, uma vez que os autos foram restituídos ao cartório. 5. Recurso especial desprovido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, os Ministros da Egrégia Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça acordam, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas, por unanimidade, negar provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Teori Albino Zavascki, Denise Arruda e Francisco Falcão votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, ocasionalmente, o Sr. Ministro José Delgado. Brasília, 17 de outubro de 2006. MINISTRO LUIZ FUX Relator Documento: 645640 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 09/11/2006 Página 2 de 5 Superior Tribunal de Justiça CERTIDÃO DE JULGAMENTO PRIMEIRA TURMA Número Registro: 2005/0039295-9 REsp 732048 / AL Números Origem: 200380000109351 200405000069640 54619 PAUTA: 05/09/2006 JULGADO: 05/09/2006 Relator Exmo. Sr. Ministro LUIZ FUX Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. AURÉLIO VIRGÍLIO VEIGA RIOS Secretária Bela. MARIA DO SOCORRO MELO AUTUAÇÃO RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL PROCURADOR : NEYDJA MARIA DIAS DE MORAIS E OUTROS RECORRIDO : USINAS REUNIDAS SERESTA S/A ADVOGADO : RAFAEL NARITA DE BARROS NUNES E OUTROS ASSUNTO: Tributário - Contribuição - Social - COFINS CERTIDÃO Certifico que a egrégia PRIMEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: Adiado o julgamento por indicação do Sr. Ministro Relator. Brasília, 05 de setembro de 2006 MARIA DO SOCORRO MELO Secretária Documento: 645640 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 09/11/2006 Página 3 de 5 Superior Tribunal de Justiça RECURSO ESPECIAL Nº 732.048 - AL (2005/0039295-9) RELATÓRIO O EXMO. SR. MINISTRO LUIZ FUX (Relator): Trata-se de recurso especial interposto pela FAZENDA NACIONAL, com fulcro na alínea "a", do permissivo constitucional, contra acórdão prolatado em sede de agravo de instrumento pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região, assim ementado: PROCESSUAL CIVIL. PRAZO. DEVOLUÇÃO. PEDIDO EXTEMPORÂNEO. IMPOSSIBILIDADE. 1. Não se mostra razoável a devolução de prazo processual, em que o pedido nesse sentido tenha sido feito apenas quando o mesmo já havia decorrido. 2. Agravo de instrumento provido e inominado prejudicado. Noticiam os autos que USINAS REUNIDAS SERESTA S/A interpôs agravo de instrumento contra decisão que deferiu o pedido da União para devolução do prazo, por inteiro, para contestar e interpor agravo de instrumento. Transcreve-se excerto da decisão, verbis: "(...) Procede a argumentação da União. Realmente, verifica-se a partir das fls. 228 que, procedida a juntada do mandado de citação e intimação da ré em 10/11/2003, foram os autos conclusos (cf. fl. 231), em virtude da petição de fl. 229/230, da autora. Por essa razão, os autos somente foram remetidos à Fazenda Nacional em 12/12/2003, que os recebeu em 16/12/2003. Logo, durante praticamente metade do prazo de contestação, os autos permaneceram conclusos, impedindo, assim, o exercício do direito de defesa por parte da ré." O TRF da 5ª Região, por unanimidade, deu provimento ao agravo, em aresto cuja ementa encontra-se retro-transcrita, e do qual extraem-se os seguintes excertos, litteris: "(...) Com efeito, verifica-se que a recorrida foi intimada acerca da decisão que deferiu a medida antecipatória em 10 de novembro de 2003 (fl. 41 v), podendo ter apresentado o recurso até o dia 01 de dezembro de 2003. Ocorre que, em virtude de pedido feito pela autora, ora agravante, os autos não foram disponibilizados à Fazenda Nacional, impedindo-a de promover naquele momento a sua defesa recursal. Nada obstante, a ré, ora agravada, somente protocolou o pedido para devolução dos prazos em 08 de janeiro de 2004 (fls. Documento: 645640 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 09/11/2006 Página 4 de 5 Superior Tribunal de Justiça 53/54), quando o lapso de tempo para interposição de eventual irresignação já estava bastante ultrapassado. Era imprescindível que essa pretensão fosse apresentada ao juízo a quo dentro do limite temporal de que dispunha legalmente, ou seja, até 1º de dezembro de 2003. Na verdade, não se mostra razoável a devolução do prazo processual, em que o pedido nesse sentido tenha sido feito apenas quando o mesmo já havia decorrido." Foram opostos embargos declaratórios pela Fazenda, alegando, em suma, omissão quanto à análise dos fatos relativos às datas da prática dos atos processuais questionados, bem como erro na atribuição da data de 10/11/2003 como o dia da intimação da decisão concessiva de tutela ao contribuinte, quando, em verdade, a Fazenda somente fora intimada em 30/10/2003. Os embargos foram rejeitados por unanimidade.Irresignado, o ente fazendário interpôs o presente recurso especial, alegando violação dos arts. 183, e 535, I e II, do CPC, nos seguintes termos: a) o julgamento do agravo restou contraditório, porquanto considerou que a citação da União deu-se em 10/11/2003, quando, na verdade, nesta data realizou-se a intimação da autora, ora agravante, o que vem a influir de forma definitiva na contagem do prazo; b) a devolução de prazo recursal à Fazenda perpetrada pelo Juízo singular estava correta, posto que houve justa causa a impedir a prática do ato processual, nos termos do art. 183, do diploma processual; c) a justa causa residiu no fato de que, durante praticamente metade do prazo para contestação, os autos permaneceram conclusos, impedindo o exercício do direito de defesa pela ré; d) a União foi citada e intimada em 31/10/2003 (fl. 42 v) e apenas teve acesso aos autos em 16/12/2003, de molde que a petição de devolução do prazo, protocolada em 08/01/2004, era tempestiva, considerando o recesso forense ocorrido no período de 20/12/2001 a 06/01/2004; e) ademais, o art. 183, do CPC não exige que a petição de requerimento da devolução do prazo seja protocolizada no prazo originalmente assinalado. Foi interposto recurso extraordinário. Foram apresentadas contra-razões ao apelo nobre, argüindo a impossibilidade de apreciação da data de intimação pessoal da recorrente, em sede de recurso especial, face à incidência da Súmula 07/STJ, impossibilitando a determinação do termo inicial para a contagem do prazo, com vistas à certificação acerca da tempestividade do agravo de instrumento da Fazenda, cujo seguimento fora também negado. O recurso especial recebeu crivo positivo de admissibilidade na instância de origem. Documento: 645640 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 09/11/2006 Página 5 de 5 Superior Tribunal de Justiça Usinas Reunidas Seresta, em petição de fls. 161/164, informou a perda de objeto do presente recurso, porquanto o processo principal já teria sido sentenciado, com julgamento inclusive do seu recurso de apelação , o qual fora desprovido. Intimada a manifestar-se acerca do eventual incidente, a Fazenda argumentou de forma inconclusiva, limitando-se a aduzir que, litteris: "(...) Com efeito, observe-se pelo andamento de fls. 162/164, que o Tribunal Regional Federal da 5ª Região julgou procedente Apelação da União e rejeitou o recurso da autora, determinando a incidência da multa moratória no caso dos autos. Destarte, pode-se afirmar que foi revogada a liminar deferida em primeiro grau de jurisdição, a qual versava, justamente, sobre a referida multa. No entanto, a Autora, em segunda instância, interpôs Embargos de Declaração, não havendo como verificar se o teor do referido recurso possui relação de pertinência com os termos da liminar outrora deferida. Assim, não se pode afirmar, de forma inequívoca, que o recurso da Fazenda Nacional perdeu o objeto." É o relatório. Documento: 645640 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 09/11/2006 Página 6 de 5 Superior Tribunal de Justiça RECURSO ESPECIAL Nº 732.048 - AL (2005/0039295-9) EMENTA PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA. ART. 183, DO CPC. DEVOLUÇÃO DE PRAZO. COMPROVAÇÃO DA JUSTA CAUSA EM TEMPO RAZOÁVEL. IMPOSSIBILIDADE. 1. A restituição do prazo processual por justa causa, prevista na norma insculpida no art. 183, do CPC, permite, à parte impedida de praticar o ato, denunciar o fato e requerer a restituição ou prorrogação do prazo, sendo certo que, quanto ao momento de fazê-lo, é cediço na doutrina clássica que: "O Código não disciplina o procedimento a seguir para a comprovação da causa do impedimento. Há necessidade de procurar preencher o vazio. Desde logo, cumpre ter em mente que, de regra, enquanto durar o impedimento o interessado poderá não estar em condições de diligenciar no sentido de alegá-lo. Mas, e cessado o impedimento? Nesse caso, parece que a alegação terá de ser produzida incontinenti. À míngua de qualquer outro prazo, dever-se-á observar o do art. 185. Logo, cessado o impedimento terá o interessado cinco dias para ir pleitear o reconhecimento de ter havido justa causa e a correspondente devolução do prazo. É preciso considerar, ainda que, impedimento para a prática de qualquer ato pode constituir justa causa até determinado momento, deixando de sê-lo daí por diante. " (grifou-se) (Moniz de Aragão, Comentários ao Código de Processo Civil, Vol. II, pág. 142/143). 2. A ofensa ao art. 535 do CPC pressupõe que o Tribunal de origem não tenha, nem sucintamente, se pronunciado de forma clara e suficiente sobre a questão posta nos autos. Isto porque o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão. Inexistência de violação. 3. A jurisprudência desta Corte Superior é remansosa no sentido de que a parte prejudicada deve requerer e comprovar a justa causa no prazo legal para a prática do ato ou em lapso temporal razoável, assim entendido até cinco dias após cessado o impedimento, sob pena de preclusão, consoante previsão do art. 185, do CPC. (Precedentes: REsp 623178 / MA, 3ª Turma, Rel. Min. Castro Filho, DJ 03/10/2005; AgRg no Ag 225320 / SP, 6ª Turma, Rel. Min. Fernando Gonçalves, DJ 07/06/1999; AgRg no RMS 10598 / MG , 5ª Turma, Rel. Min. José Arnaldo da Fonseca, DJ 04/10/1999; AgRg no Ag 227282 / SP, 6ª Turma, Rel. Min. Fernando Gonçalves, DJ 07/06/1999) 4. In casu, a juntada do mandado de citação e intimação da Fazenda Nacional se deu em 10/11/2003 e o pedido de devolução de prazo somente ocorreu em 08/01/2004, após o decurso do prazo legal e dos 5 dias posteriores ao cessamento do impedimento, o qual se deu em 16/12/2003, uma vez que os autos foram restituídos ao cartório. Documento: 645640 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 09/11/2006 Página 7 de 5 Superior Tribunal de Justiça 5. Recurso especial desprovido. VOTO O EXMO. SR. MINISTRO LUIZ FUX (Relator): Preliminarmente, verifica-se que a alegada violação do artigo 535, do CPC, não restou configurada, uma vez que o Tribunal de origem, embora sucintamente, pronunciou-se de forma clara e suficiente sobre a questão posta nos autos. Saliente-se, ademais, que o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão, como de fato ocorreu na hipótese dos autos. Neste sentido, os seguintes precedentes da Corte: "AÇÃO DE DEPÓSITO. BENS FUNGÍVEIS. ARMAZÉM GERAL. GUARDA E CONSERVAÇÃO. ADMISSIBILIDADE DA AÇÃO. PRISÃO CIVIL. CABIMENTO. ORIENTAÇÃO DA TURMA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. INOCORRÊNCIA. RECURSO ESPECIAL. ENUNCIADO N. 7 DA SÚMULA/STJ. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PROCESSO EXTINTO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO. APLICAÇÃO DO § 4º DO ART. 20, CPC. EQÜIDADE. RECURSO DO BANCO PROVIDO. RECURSO DO RÉU DESACOLHIDO. (...) III - Não padece de fundamentação o acórdão que examina suficientemente todos os pontos suscitados pela parte interessada em seu recurso. E não viola o art. 535-II o aresto que rejeita os embargos de declaração quando a matéria tida como omissa já foi objeto de exame no acórdão embargado. (...)" (REsp 396.699/RS, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ 15/04/2002) "PROCESSUAL CIVIL. DECISÃO UNA DE RELATOR. ART. 557, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. INTELIGÊNCIA A SUA APLICAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO NO ACÓRDÃO RECORRIDO. MATÉRIA DE CUNHO CONSTITUCIONAL EXAMINADA NO TRIBUNAL "A QUO". (...) 3. Fundamentos, nos quais se suporta a decisão impugnada, apresentam-se claros e nítidos. Não dão lugar, portanto, a obscuridades, dúvidas ou contradições. O não acatamento das argumentações contidas no recurso não implica em cerceamento de defesa, posto que ao julgador cabe apreciar a questão de acordocom o que ele entender atinente à lide. 4. Não está obrigado o Juiz a julgar a questão posta a seu exame conforme o pleiteado pelas partes, mas, sim com o seu livre convencimento, utilizando-se dos fatos, provas, jurisprudência, aspectos pertinentes ao tema e da legislação que entender aplicável ao caso. (...) 9. Agravo regimental não provido." (AGA 420.383, Rel. Min. José Delgado, Documento: 645640 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 09/11/2006 Página 8 de 5 Superior Tribunal de Justiça DJ 29/04/2002) O ponto nodal da atual controvérsia reside na legalidade da devolução do prazo para contestar e recorrer à Fazenda Nacional, tendo em vista que o respectivo requerimento ultrapassou o prazo legal para a prática do ato, mesmo havendo justa causa, qual seja, a conclusão dos autos ao juízo. Deveras, a norma insculpida no art. 183, do CPC, permite, à parte impedida de praticar o ato processual, denunciar o fato e requerer a restituição ou prorrogação do prazo. Quanto ao momento de fazê-lo, destaca-se a lição de MONIZ DE ARAGÃO, litteris: "O Código não disciplina o procedimento a seguir para a comprovação da causa do impedimento. Há necessidade de procurar preencher o vazio. Desde logo, cumpre ter em mente que, de regra, enquanto durar o impedimento o interessado poderá não estar em condições de diligenciar no sentido de alegá-lo. Mas, e cessado o impedimento? Nesse caso, parece que a alegação terá de ser produzida incontinenti. A míngua de qualquer outro prazo, dever-se-á observar o do art. 185. Logo, cessado o impedimento terá o interessado cinco dias para ir pleitear o reconhecimento de ter havido justa causa e a correspondente devolução do prazo. É preciso considerar, ainda que, impedimento para a prática de qualquer ato pode constituir justa causa até determinado momento, deixando de sê-lo daí por diante. " (grifou-se) (Comentários ao Código de Processo Civil, Vol. II, pág. 142/143). Outrossim, a jurisprudência desta Corte Superior é remansosa no sentido de que a parte prejudicada deve requerer e comprovar a justa causa no prazo legal para a prática do ato ou em lapso temporal razoável, assim entendido até cinco dias após cessado o impedimento, sob pena de preclusão, consoante previsão do art. 185, do CPC. Nesse sentido, confiram-se os seguintes precedentes: RECURSO ESPECIAL - DEVOLUÇÃO DE PRAZO PARA RECURSO - COMPROVAÇÃO DA JUSTA CAUSA EM PRAZO RAZOÁVEL. PRECLUSÃO AFASTADA.– REAPRECIAÇÃO PROBATÓRIA - INADMISSIBILIDADE - SÚMULA 7/STJ. I – A justa causa impeditiva de prática de ato pela parte deve ser alegada no prazo para aquele exercício, ou em interstício razoável. Precedentes. II - O reconhecimento, pelo aresto recorrido, da justa causa deu-se com base no quadro fático dos autos. Destarte, no âmbito do recurso especial, a reapreciação do acervo probatório que lastreou o acórdão vergastado encontra óbice no enunciado 7 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça. Recurso não conhecido. (REsp 623178 / MA, 3ª Turma, Rel. Min. Castro Documento: 645640 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 09/11/2006 Página 9 de 5 Superior Tribunal de Justiça Filho, DJ 03/10/2005) PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. INTEMPESTIVIDADE. FORÇA MAIOR NÃO COMPROVADA. IMPOSSIBILIDADE DE COMPLEMENTAÇÃO DO INSTRUMENTO NA INTERPOSIÇÃO DO REGIMENTAL. SÚMULA Nº 07/STJ. JURISPRUDÊNCIA PACÍFICA. 1 - A comprovação da justa causa deve ser realizada durante a vigência do prazo ou até cinco dias após cessado o impedimento, sob pena de preclusão. 2 - A colação de peças na oportunidade da interposição do agravo regimental (CPC, art. 545) não produz efeito de suprir a irregularidade decorrente da não adoção dessa providência em tempo oportuno . 3 - A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial. Súmula nº 07/STJ. 4 - Não se conhece de recurso especial quando a orientação do Tribunal se firmou no mesmo sentido da decisão recorrida. 5 - Agravo regimental desprovido. (AgRg no Ag 225320 / SP, 6ª Turma, Rel. Min. Fernando Gonçalves, DJ 07/06/1999) AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. RECURSO INTEMPESTIVO. ALEGAÇÃO DE "FORÇA MAIOR". FALTA DE COMPROVAÇÃO. Em casos excepcionais se admite recurso interposto fora do prazo. Existindo justa causa ou motivo de força maior, deve o mesmo ser alegado "durante a vigência do prazo ou até cinco dias após cessado o impedimento, sob pena de preclusão" (Agravo Regimental no Agravo de Instrumento nº 228602/SP, DJ 07.06.99). In casu, além de não ter sido obedecido tal preceito, não se fez a devida comprovação da alegada "força maior", inexistindo substabelecimento do advogado anteriormente constituído, vindo a ser juntado um fac-símile da procuração para este advogado somente um mês depois de protocolado o recurso. Agravo desprovido. (AgRg no RMS 10598 / MG , 5ª Turma, Rel. Min. José Arnaldo da Fonseca, DJ 04/10/1999) PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. INTEMPESTIVIDADE. FORÇA MAIOR NÃO COMPROVADA. IMPOSSIBILIDADE DE COMPLEMENTAÇÃO DO INSTRUMENTO NA INTERPOSIÇÃO DO REGIMENTAL. JURISPRUDÊNCIA PACÍFICA. 1 - A comprovação da justa causa deve ser realizada durante a vigência do prazo ou até cinco dias após cessado o impedimento, sob pena de preclusão. 2 - A colação de peças na oportunidade da interposição do agravo regimental (CPC, art. 545) não produz efeito de suprir a irregularidade decorrente da não adoção dessa providência em tempo oportuno. 3 - Não se conhece de recurso especial quando a orientação do Tribunal se firmou no mesmo sentido da decisão recorrida. 4 - Agravo regimental desprovido. (AgRg no Ag 227282 / SP, 6ª Turma, Documento: 645640 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 09/11/2006 Página 10 de 5 Superior Tribunal de Justiça Rel. Min. Fernando Gonçalves, DJ 07/06/1999) No caso sub examen, o acórdão recorrido assentou que, verbis: "(...) Com efeito, verifica-se que a recorrida foi intimada acerca da decisão que deferiu a medida antecipatória em 10 de novembro de 2003 (fl. 41 v), podendo ter apresentado o recurso até o dia 01 de dezembro de 2003. Ocorre que, em virtude de pedido feito pela autora, ora agravante, os autos não foram disponibilizados à Fazenda Nacional, impedindo-a de promover naquele momento a sua defesa recursal. Nada obstante, a ré, ora agravada, somente protocolou o pedido para devolução dos prazos em 08 de janeiro de 2004 (fls. 53/54), quando o lapso de tempo para interposição de eventual irresignação já estava bastante ultrapassado. Era imprescindível que essa pretensão fosse apresentada ao juízo a quo dentro do limite temporal de que dispunha legalmente, ou seja, até 1º de dezembro de 2003. Na verdade, não se mostra razoável a devolução do prazo processual, em que o pedido nesse sentido tenha sido feito apenas quando o mesmo já havia decorrido." Com efeito, extrai-se da decisão de primeiro grau que, conquanto tenha sido intimada pessoalmente em 10/11/2003, em decorrência da conclusão dos autos ao juízo, a Fazenda Nacional os recebeu em 16/12/2003, vale dizer, durante praticamente metade do prazo de contestação. Destarte, não merece reparo o acórdão objurgado, porquanto verifica-se que, in casu, a juntada do mandado de citação e intimação da Fazenda Nacional se deu em 10/11/2003 e que o pedido de devolução de prazo somente ocorreu em 08/01/2004, após o decurso do prazo legal e dos 5 dias posteriores ao cessamento do impedimento, que se deu em 16/12/2003. Ex positis, NEGO PROVIMENTO ao recurso especial. Documento: 645640 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 09/11/2006 Página 11 de 5 Superior Tribunal de Justiça CERTIDÃO DE JULGAMENTO PRIMEIRA TURMA Número Registro: 2005/0039295-9 REsp 732048 / AL Números Origem: 200380000109351 200405000069640 54619 PAUTA: 05/09/2006 JULGADO: 17/10/2006 Relator Exmo. Sr. Ministro LUIZ FUX Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI Subprocuradora-Geral da RepúblicaExma. Sra. Dra. CÉLIA REGINA SOUZA DELGADO Secretária Bela. MARIA DO SOCORRO MELO AUTUAÇÃO RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL PROCURADOR : NEYDJA MARIA DIAS DE MORAIS E OUTROS RECORRIDO : USINAS REUNIDAS SERESTA S/A ADVOGADO : RAFAEL NARITA DE BARROS NUNES E OUTROS ASSUNTO: Tributário - Contribuição - Social - COFINS CERTIDÃO Certifico que a egrégia PRIMEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Teori Albino Zavascki, Denise Arruda e Francisco Falcão votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, ocasionalmente, o Sr. Ministro José Delgado. Brasília, 17 de outubro de 2006 MARIA DO SOCORRO MELO Secretária Documento: 645640 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 09/11/2006 Página 12 de 5
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