Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE PAULISTA VITOR HUGO ALVES DE ARAUJO PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR III Indústrias Romi S.A. São Paulo 2020 VITOR HUGO ALVES DE ARAUJO PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR III: Indústrias Romi S.A. Projeto Integrado Multidisciplinar III apresentado à Universidade Paulista – UNIP, como parte da avaliação para obtenção do título de Gestor Financeiro. Orientador: Fábio Arten São Paulo 2020 VITOR HUGO ALVES DE ARAUJO PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR III: Indústrias Romi S.A. Projeto Integrado Multidisciplinar apresentado à Universidade Paulista – UNIP, como parte da avaliação para obtenção do título de Gestor Financeiro. Aprovado em: BANCA EXAMINADORA ______________________________/___/_______ Prof. Universidade Paulista – UNIP ______________________________/___/_______ Prof. Universidade Paulista – UNIP ______________________________/___/_______ Prof. Universidade Paulista – UNIP DEDICATÓRIA Dedico este trabalho primeiramente a Deus que meu deu força de vontade para continuar, aos meus pais pelo incentivo, e a todas as pessoas que fizeram parte desta etapa. "O resultado do protecionismo será sempre a redução da produtividade do trabalho humano." Ludwig Von Mises Von Mises foi um economista, membro da escola austríaca de economia. É conhecido principalmente por seu trabalho no campo da praxeologia (estudo dedutivo das ações e escolhas humanas) e sua crítica irrefutável ao Socialismo enquanto sistema econômico. RESUMO O conteúdo deste trabalho foi elaborado com base em pesquisa qualitativa a partir de fontes secundárias sobre a empresa Indústrias Romi, levando em consideração as matérias de fundamentos da gestão financeira, contabilidade e estatística aplicada tendo como base a empresa estudada, que atua no ramo da indústria e comércio de bens de capital, e tem como finalidade demonstrar a importância da gestão financeira na maximização do lucro e gestão do caixa, evitando o risco de insolvência técnica. Através da contabilidade devemos registrar todas as operações comerciais e financeiras no regime de competência, fornecendo informações aos gestores financeiros através de relatórios para a interpretação e tomada de decisão. A estatística aplicada constitui ferramenta essencial dentro da gestão financeira e da contabilidade, bem como no planejamento estratégico de longo prazo. ABSTRACT The content of this work was prepared based on qualitative research from secondary sources on the company Indústrias Romi, taking into account the fundamentals of financial management, accounting and applied statistics based on the studied company, which operates in the industry and commerce in capital goods, and aims to demonstrate the importance of financial management in maximizing profit and cash management, avoiding the risk of technical insolvency. Through accounting, we must record all commercial and financial transactions on an accrual basis, providing information to financial managers through reports for interpretation and decision making. Applied statistics is an essential tool within financial management and accounting, as well as in long-term strategic planning. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Imagem 1 – Diagrama organizacional 14 Imagem 2 – Balanço Patrimonial Ind. Romi. 16 Imagem 3 – DRE Ind. Romi 18 Imagem 4 – Investimentos e despesas com P&D 22 Imagem 5 – Entrada e carteira de pedidos, Ind. Romi 24 Imagem 6 – Desempenho por unidade de negócio, Ind. Romi 25 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Demonstração do regime de caixa e regime de competência 13 Tabela 2 – Demonstração de fluxo de caixa, método indireto (reais Mil) 19 Tabela 3 – Indicadores de rentabilidade 20 Tabela 4 – Indicadores de eficiência 21 Tabela 5 – Indicadores Financeiros (reais Mil) 21 Tabela 6 – Análise do ativo circulante (reais Mil) 21 Tabela 7 – Faturamento anual, Ind. Romi (reais mil) 23 Tabela 8 – Faturamento por região geográfica, Ind. Romi, 1S20 23 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 10 2. CONTEXTO OPERACIONAL .................................................................................................. 11 2.1. Governança Corporativa e administração ...................................................................... 12 3. FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA ..................................................................... 13 3.1. Regime de caixa e Regime de competência .................................................................. 13 3.2. Estrutura administrativa ..................................................................................................... 14 4. CONTABILIDADE ...................................................................................................................... 15 4.1. Balanço Patrimonial ........................................................................................................... 15 4.1.1. Ativo .............................................................................................................................. 16 4.1.2. Passivo exigível .......................................................................................................... 16 4.1.3. Patrimônio Líquido ...................................................................................................... 17 4.2. Demonstração do resultado do exercício (DRE) ........................................................... 17 4.3. Demonstração de fluxo de caixa ...................................................................................... 18 4.4. Análise das demonstrações financeiras ......................................................................... 19 4.4.1. Indicadores de liquidez .............................................................................................. 19 4.4.2. Indicadores de rentabilidade ..................................................................................... 20 4.4.3. Indicadores de eficiência ........................................................................................... 21 4.4.4. Indicadores financeiros .............................................................................................. 21 4.4.5. Análise do ativo circulante ........................................................................................ 21 4.4.6. Investimentos .............................................................................................................. 22 5. ESTATÍSTICA APLICADA ....................................................................................................... 23 5.1. Séries estatísticas .............................................................................................................. 23 5.2. Importância da estatística nas empresas ....................................................................... 24 5.3. Estatísticas sobre a Indústrias Romi ............................................................................... 24 CONCLUSÃO .....................................................................................................................................26 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................... 27 10 1. INTRODUÇÃO Após realizar pesquisa qualitativa fiz um estudo de caso na empresa Industrias Romi S.A., uma empresa fundada em 1930 na cidade de Santa Bárbara d’Oeste, hoje listada na Bolsa de Valores de São Paulo com atuação multinacional, tanto na industrialização quanto na comercialização de seus produtos, que são máquinas para a produção de outros bens. Com o uso das técnicas de Gestão Financeira, Contabilidade e Estatística Aplicada, obtive dados em fontes secundárias que me possibilitou acompanhar o crescimento e a atual situação da empresa, com um estudo detalhado em cima das demonstrações contábeis da empresa. 11 2. CONTEXTO OPERACIONAL A Indústrias Romi S.A. é uma empresa aberta, listada na bolsa de valores B3 sob o código ROMI3, foi fundada em 1930 como uma pequena oficina mecânica, no município paulista de Santa Bárbara d’Oeste - SP. A fabricação de máquinas- ferramenta iniciou-se em 1941 e a exportação destes em 1944, também produziu o primeiro automóvel nacional entre 1956 e 1961, e em 1972 a empresa tornou-se uma sociedade anônima de capital aberto. (ROMI, 2020a) É uma empresa de grande porte, inscrita no CNPJ 56.720.428/0001-63 com sede na Avenida Perola Byngton nº 56 na cidade de Santa Bárbara d’Oeste, interior do estado de São Paulo. Atualmente conta com uma capacidade de produção anual de 2.900 máquinas e capacidade de fundição de ferro de 50.000 toneladas por ano, as máquinas de marca ROMI são conhecidas em mais de 60 países, em todos os continentes, são treze fábricas, sendo doze no estado de São Paulo e uma na Alemanha, e conta também com 10.500 acionistas. (ROMI, 2020a) Atualmente a empresa tem como objetivo a indústria e comércio de bens de capital em geral, como maquinas-ferramenta, maquinas para plásticos, equipamentos e acessórios industriais, partes e peças em geral, análise de sistemas e elaboração de programas de processamento de dados, e a prestação de serviços relacionados a estas atividades, basicamente, além de fornecer os equipamentos, a Romi busca oferecer a seus clientes uma solução completa, incluindo consultoria. Além de manter participação, como sócia, acionista ou cotista em outras empresas ou empreendimentos comerciais. (ROMI, 2020b) Um fator importante é que o principal produto Romi são de bens de capital, seus clientes são industrias de outros bens, sejam de capital ou de consumo duráveis e não duráveis, então as vendas da companhia está diretamente ligada aos investimentos que seus clientes fazem para aumentar suas respectivas produções, segundo Mankiw (2009, p. 494), “investimento é a compra de bens que serão usados no futuro para produzir mais bens e serviços”, e estes que só acontecem em um cenário macroeconômico estável e de crescimento. E segundo Romi (2020a, p. 21): “A indústria de bens de capital é geralmente uma das primeiras a serem afetadas por crises econômicas e uma das últimas a reagir com a retomada do crescimento econômico. A diminuição dos investimentos realizados no País e a inexistência de crédito de longo prazo em montantes suficientes a custos atrativos poderão afetar 12 adversamente a economia nacional, prejudicando o resultado operacional e condição financeira da Companhia.” 2.1. Governança Corporativa e administração A empresa está listada na bolsa de valores B3 no segmento de listagem “Novo Mercado”, segundo a B3 (2020) o novo mercado é um segmento para empresas que adotam, de forma voluntária, práticas de governança corporativa adicionais ao que é exigido pela legislação brasileira. Ou seja, implica um conjunto de regras que ampliam os direitos dos acionistas e a existência de estruturas de fiscalização e controle. Segundo o IBGC (2020?): “Governança corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas.” A Romi tem em sua estrutura administrativa o conselho de administração, os comitês (de auditoria e riscos, de recursos humanos, imobiliário, de máquinas- ferramenta, de plásticos, de fundidos e usinados), conselho fiscal e diretoria. 13 3. FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA Segundo Almeida (2020), a gestão financeira tem por objetivo principal a maximização dos lucros da organização e gerar riqueza aos sócios. Ou seja, a tarefa do gestor é a administração de recursos (bens e direitos) e obrigações movimentados por todas as áreas da empresa. Uma boa gestão financeira é essencial para qualquer empresa que queira crescer no mercado, pois não basta vender muito e não conseguir administrar os recursos e prazos, sejam de recebimentos ou de pagamento aos fornecedores, pois um descasamento entre os dois pode deixar a empresa com uma necessidade de capital de giro muito elevada, e que caso não tenha esse dinheiro, pode ter que atrasar os fornecedores ou recorrer à bancos, em ambos os casos, ocasiona-se o pagamento de multas e/ou juros, comprometendo a rentabilidade. 3.1. Regime de caixa e Regime de competência Segundo Gitman e Zutter (2017) a ênfase do administrador financeiro está mais voltada para o regime de caixa (que reconhece as receitas e despesas somente quando efetivamente ocorrem as entradas e saídas de caixa), sendo ele quem mantém a empresa solvente, planejando os fluxos de caixa necessários para honrar suas obrigações e adquirir os ativos necessários enquanto evita-se o risco de insolvência técnica, já o contador está mais voltado para o regime de competência (reconhece as receitas no momento da venda e as despesas quando são incorridas). E ainda segundo Gitman e Zutter os contadores se concentram na coleta e apresentação de dados, já os administradores financeiros avaliam as demonstrações contábeis e tomam decisões com base na análise dos retornos e riscos associados. Um exemplo pode ser disposto na tabela a seguir, onde uma empresa fictícia compra um barco a vista pelo valor de R$ 80.000 no dia 05/07 e o revende por R$ 100.000 no dia 10/12 para receber no dia 10/02 do ano seguinte, sendo assim, trocou- se a mercadoria por um direito à ser recebido no futuro, sendo assim, estes seriam os resultados no fim do exercício social (31/12): Tabela 1 – Demonstração do regime de caixa e regime de competência Regime de Caixa Regime de Competência Entradas: R$ 0 Saídas: R$ (80.000) Saldo: R$ (20.000) Receita: R$ 100.000 CMV: R$ (80.000) Lucro líquido: R$ 20.000 Fonte: Adaptada de Gitman e Zutter (2017), elaboração própria. 14 3.2. Estrutura administrativa A estrutura administrativa está organizada da seguinte forma: Imagem 1 – Diagrama organizacional Fonte: ROMI (2014) Não está incluído no diagrama organizacional os comitês que foram mencionados no capítulo anterior, sendo eles os comitês (de auditoria e riscos, de recursos humanos, imobiliário, de máquinas-ferramenta, de plásticos, de fundidos e usinados), conselho fiscal e diretoria. Estando o CEO subordinado ao conselho de administração da empresa, composto por membros eleitos pelos acionistas para supervisionar as operações da empresa, a diretoria executa as estratégias aprovadas pelo conselho de administração. (ROMI, 2019b) 15 4. CONTABILIDADE A contabilidade estuda e pratica as funções de orientação, controle e registro dos fatos contábeis. Ela tem como objeto o patrimônio das pessoas físicas e jurídicas, sejam elas com ou sem fins lucrativos. (SANTOS, 2020) Segundo Marion (2008, p. 26) “A contabilidade é o instrumentoque fornece o máximo de informações uteis para a tomada de decisão.” E segundo Siqueira (et. al, 2009) a contabilidade por muitos anos foi vista como um sistema de informações tributárias, porém na atualidade ela é vista como como um instrumento gerencial que fornece informações necessárias para a tomada de decisão, pois com o aumento da complexidade das empresas, precisa-se de cada vez mais informações para controlar o processo produtivo e tomar decisões em nível estratégico e operacional. A contabilidade tem muita importância nas empresas, pois os fatos econômicos precisam ser precisamente registrados em suas respectivas contas patrimoniais e de resultado, para que ao final do exercício se apure se houve lucro ou prejuízo. Nas empresas abertas ela ganha ainda mais importância, pois estas são obrigadas pela lei 6.404/76 a divulgar publicamente seus resultados trimestrais e anuais (e nestes encontram-se o balanço patrimonial e da demonstração de resultado do exercício). 4.1. Balanço Patrimonial O balanço patrimonial demonstra, quais eram os ativos (bens e direitos), os passivos (obrigações para com terceiros) e o patrimônio líquido (obrigações com os sócios) em determinada data, Marion (2008) destaca o balanço patrimonial como o mais importante relatório gerado pela contabilidade. 16 Imagem 2 – Balanço Patrimonial Ind. Romi. Fonte: Romi, 2020b 4.1.1. Ativo Segundo Marion (2008) e Santos (2020) o ativo é o conjunto de bens e diretos controlado pela empresa, sendo dividido em circulante e não circulante, no circulante encontram-se os saldos de caixa e equivalentes, e outros direitos que serão recebidos antes do término do exercício social subsequente. Já o não circulante são direitos que só serão recebidos após o término do exercício social subsequente e outros bens com menos liquidez. Os itens do ativo estão em ordem decrescente de liquidez, sendo os primeiros itens os bens mais líquidos, como dinheiro no caixa, saldo em contas-corrente, valores a receber de clientes e estoques. Os bens que são usados para a atividade fim da empresa (móveis, equipamentos, ferramentas) estão no ativo não circulante, na conta imobilizado. 4.1.2. Passivo exigível Segundo Marion (2008) o passivo exigível representa o endividamento da empresa. O passivo também é dividido entre circulante e não circulante, sendo o passivo circulante às obrigações que deverão ser pagas até o término do exercício social subsequente, e o não circulante são as obrigações que deverão ser pagas após este, ou seja, é disposto de forma decrescente de exigibilidade, estando em primeiro as 17 contas que vão vencer primeiro, seguido das contas de maior prazo de vencimento. (SANTOS, 2020) Ainda segundo Marion (2008) o nome “passivo exigível” busca dar uma ênfase ao aspecto de exigibilidade. 4.1.3. Patrimônio Líquido Ao final da contabilização dos ativos e do passivo, é auferido qual é o patrimônio líquido, que pode ser positivo, nulo ou negativo. Segundo Santos (2020), um patrimônio líquido positivo ocorre quando os bens e direitos da empresa são superiores às suas obrigações, já a situação negativa é quando os bens e direitos da empresa são inferiores às suas obrigações, e a situação nula ocorre quando, os bens e direitos são iguais às obrigações. O patrimônio líquido é a parcela do patrimônio da empresa que cabe aos sócios ou acionistas, as fontes do patrimônio líquido são os investimentos realizados pelos sócios e os lucros obtidos. (Santos, 2020) 4.2. Demonstração do resultado do exercício (DRE) Segundo Santos (2020) A DRE é um demonstrativo contábil que demonstra o resultado do exercício passado, em função do tempo entre um balanço patrimonial e outro, e é nela que se aufere o resultado do exercício pelo regime de competência, que pode ser positivo (lucro) ou negativo (prejuízo). 18 Imagem 3 – DRE Ind. Romi Fonte: Romi, 2020b Segundo Reis et al.: “A DRE representa uma formação dinâmica do resultado líquido do começo ao fim do trimestre, sendo usada para medir a eficiência do desempenho econômico, uma vez que permite uma análise dos resultados ligados diretamente à operação da empresa.” Segundo (Santos) a DRE deve seguir esta estrutura: 4.3. Demonstração de fluxo de caixa Segundo Santos (2020) e Reis et al. (2018) a demonstração de fluxo de caixa, ou simplesmente DFC, é um demonstrativo contábil que calcula a variação das disponibilidades (caixa, bancos e aplicações financeiras de liquidez imediata) durante o exercício social, servido aos gestores e interessados às informações sobre as 19 origens e os destinos dos recursos, ou seja, como a empresa gera seu caixa e como faz a alocação do mesmo. E ainda segundo Marion (2008), existem operações na apuração do resultado que não afetam o caixa quando ocorrem, daí a importância da demonstração de fluxo de caixa. Ainda segundo Santos (2020) a DFC deve ser estruturada conforme as atividades, sendo elas: • Fluxo de caixa de operações – Referente às operações principais da empresa, como recebimentos de vendas e pagamento das compras e despesas. • Fluxo de caixa de investimentos – Referente à investimentos de longo prazo aumento/diminuição de ativos de vida útil longa, tais como: venda de participação societária, venda de imobilizado, pagamento à vida para compra de máquinas, ferramentas, imóveis etc. • Fluxo de caixa de financiamentos – Referente a captação de recursos próprios e de terceiros, e a remuneração destes recursos, tais como: integralização do capital em dinheiro, recebimento de empréstimos e financiamentos, pagamento de empréstimos e financiamentos, pagamento de juros e pagamentos de dividendos. Tabela 2 – Demonstração de fluxo de caixa, método indireto (reais Mil) Descrição da conta 01/01/2020 à 30/06/2020 Caixa líquido atividades operacionais -924 Caixa líquido atividades de investimento -8.428 Caixa líquido atividades de financiamento 8.442 Variação cambial s/ disponibilidades -9.186 Aumento (redução) de disponibilidades -10.096 Elaboração própria, adaptada de ROMI, 2020b 4.4. Análise das demonstrações financeiras Uma das tarefas do gestor financeiro é a interpretação dos dados gerados pela contabilidade, analisando por meio de índices e indicadores a saúde financeira da empresa, tanto no curto quanto no longo prazo. Essa análise também é feita por terceiros externos, como investidores, que fazem a análise das demonstrações contábeis para fazer a decisão de se tornar, ou não, acionista da empresa. Através dos dados da DRE e do balanço patrimonial podemos compilar indicadores e interpretá-los. 4.4.1. Indicadores de liquidez 20 O capital circulante líquido, também chamado de liquidez corrente, é obtido pela subtração do ativo circulante pelo passivo circulante, em 06/2020 seu saldo foi de R$ 388.271 mil O índice de liquidez é obtido dividindo o ativo circulante pelo passivo circulante, em 06/2020 o índice era de 1,79 ou 179%. Segundo Santos (2020) e Reis et al. (2018) A interpretação destes dois índices é, quanto maiores, melhor, o índice de liquidez em 1,79 indica que a empresa não está em insolvência técnica (que ocorre quando o índice é menor que 1), e, por estar bem maior que 1, indica uma excelente posição de solvência no curto prazo, com capacidade de honrar seus compromissos assumidos. A liquidez seca é obtida pela divisão das disponibilidades + títulos a receber pelo passivo circulante (OLIVEIRA, 2015), em 06/2020 a liquidez seca era de 0,60 ou 60%, este índice demonstra a liquidez de curtíssimo prazo, pois excluir os estoques da fórmula, já que estes demoram para serem vendidos e convertidos em dinheiro. 4.4.2. Indicadores de rentabilidade O retorno sobre patrimônio (ROE) é obtido pela divisão de lucro líquido de um ano contábil pelopatrimônio líquido, o retorno sobre ativo (ROA) é obtido pela divisão do lucro líquido do ano contábil pelo ativo total, e o retorno sobre capital investido (ROIC) é a divisão do lucro operacional do ano contábil pelo patrimônio líquido + empréstimos (REIS, 2019). Ao fim do ano de 2019 a empresa obteve um lucro líquido de R$ 129.910 mil, um lucro operacional de R$ 104.493 mil, um ativo total de 1.367.241 mil, um patrimônio líquido de R$ 757.284 mil e um saldo devedor referente a financiamentos de R$ 114.500 mil (ROMI, 2019a), Tabela 3 – Indicadores de rentabilidade Descrição Romi Concorrentes 1 Retorno sobre patrimônio (ROE) 17,15% 7,2% Retorno sobre ativo (ROA) 9,50% 5,8% Retorno sobre capital investido (ROIC) 11,98% Sem dados Elaboração própria, fonte: Romi (2019a) e Avdeev & co (2020). 1 AVDEEV & CO (2020). Com base nos dados da empresa de consultoria e auditoria Avdeev & Co referentes a indústria e comércio de maquinário e equipamentos de computadores de empresas internacionais listadas em bolsas de valores. 21 4.4.3. Indicadores de eficiência Segundo Reis et al. (2018) a margem bruta é o resultado da divisão do lucro bruto pela receita líquida, a margem líquida é a divisão do lucro líquido pela receita líquida e a margem EBIT é a divisão da EBIT pela receita líquida. Tabela 4 – Indicadores de eficiência Descrição 2T19 1T20 2T20 Margem bruta 25,8% 29,1% 28,1% Margem Líquida -2,6% 24,6% 5,8% Margem EBIT -1% 2,8% 5,3% Margem EBTIDA 4% 8% 9,8% Elaboração própria, fonte: ROMI, 2020b 4.4.4. Indicadores financeiros Segundo Reis et al. (2018) a alavancagem é a dívida dividida pelo EBITDA, e indica quantas gerações de caixa operacional estão comprometidas com agentes financeiros. Já a conversão de caixa se dá pelo fluxo de caixa de operações dividido pelo EBITDA e mede a capacidade da empresa de converter EBITDA em fluxo de caixa. Tabela 5 – Indicadores Financeiros (reais Mil) Descrição 31/12/2019 Total de Vencimentos 114.500 EBITDA 138.400 Alavancagem 0,82x Caixa gerado nas operações 99.061 Conversão de caixa 0,715 Elaboração própria, Fonte: ROMI (2019a) 4.4.5. Análise do ativo circulante É interessante observar que, apesar da DRE referente a janeiro de 2020 até junho de 2020 apontar um lucro consolidado de 52.176 mil, a demonstração de fluxo de caixa demonstrou uma saída de 924 mil, e as disponibilidades reduziram-se em 10.096 mil. Ou seja, aqui vemos o exemplo demonstrado por Marion (2008) de que existem operações na apuração do resultado que não afetam o caixa no momento em que ocorrem. Tabela 6 – Análise do ativo circulante (reais Mil) Descrição 4T19 1T20 2T20 Disponibilidades 148,49 168,73 138,23 Estoques 344,88 416,53 416,00 Contas a Receber 237,45 245,39 272,20 Elaboração própria, fonte: ROMI 2020b, 2019a. 22 A partir desta tabela podemos observar que, entre o balanço do 4T19 e 2T20 houve um aumento de 20,62% nos estoques e 14,63% nas contas a receber, ao mesmo tempo em que as disponibilidades se reduziram em 6,90%. Com isso podemos interpretar que a empresa está vendendo mais a prazo e aumentando a quantidade de mercadorias no estoque, muito provavelmente devido a pandemia no Covid-19 que afetou bem mais o balanço do 2T20. 4.4.6. Investimentos No setor em que a empresa atua, os investimentos são muito importantes, tanto para o desenvolvimento de novas tecnologias para manter seus produtos competitivos no mercado, quanto para o aumento da eficiência, produtividade e automação de seus parques fabris. Os investimentos são essenciais para a empresa se manter competitiva e gerar lucros futuros, sendo os gastos com pesquisa e desenvolvimento (P&D) essenciais para a empresa manter-se competitiva tecnologicamente. Imagem 4 – Investimentos e despesas com P&D Elaboração própria, fonte: ROMI, 2020a, 2020b, 2019a. R$ 26.664 R$ 32.667 R$ 8.428 R$ 17.379 R$ 20.470 R$ 10.544 2018 2019 2020* Ind. Romi - Investimentos (reais Mil) Caixa líquido de atividades de investimento Despesas com pesquisa e desenvolvimento * 2020 acumulado até o segundo trimestre 23 5. ESTATÍSTICA APLICADA Segundo Silva e Melo (2012) a estatística pode ser descrita como uma metodologia desenvolvida para a coleta, classificação, apresentação, análise e interpretação de dados e posterior utilização para tomada de decisões. E ainda segundo McCleave et al. (2009) a estatística está em todos os lugares, com aplicações quase ilimitadas na administração e economia, além de estamos convivendo com ela diariamente, sejam nos números de média de passe de bola em um jogo de futebol, ou nos números de desemprego, vendas no comércio, descrições numéricas dos fatos etc. 5.1. Séries estatísticas Segundo Silva e Melo (2012, p. 19) “uma série estatística define-se como qualquer tabela na qual haja distribuição de um conjunto de dados estatísticos em função da época, do local ou da espécie.” E pode ser homógrada ou heterógrada, homógrada é uma série onde há variação discreta ou descontínua na variável descrita, e heterógrada são aquelas nas quais o fenômeno apresenta subdivisões. Entre as séries homógradas destacam-se duas subdivisões, temporal e geográfica. • Série temporal: os dados são observados de acordo com a época (variável) enquanto a espécie é um elemento fixo (SILVA e MELO, 2012), exemplo: Tabela 7 – Faturamento anual, Ind. Romi (reais mil) Ano Faturamento 2015 606.632 2016 586.917 2017 672.873 2018 743.463 2019 765.505 Elaboração própria, fonte: Statusinvest (2020) • Série geográfica: apresenta como elemento variável o fator geográfico (variável) em uma época fixa (SILVA e MELO, 2012), exemplo: Tabela 8 – Faturamento por região geográfica, Ind. Romi, 1S20 Região Porcentagem do total Brasil 56% Europa 28% Ásia 12% 24 Estados Unidos 3% América Latina 1% Elaboração própria, fonte: ROMI (2020c) 5.2. Importância da estatística nas empresas Segundo (estatística) a estatística é importante para controle de qualidade, previsões e outros estudos com base em indicadores para tomar decisões. Por exemplo, qual investimento trará o maior retorno por ação, qual investimento terá um prazo de retorno menor, ou, se mil peças foram produzidas e eu analisar a qualidade de 100 delas em busca de uma quantidade de efeitos, através da inferência estatística, como poderei calcular o índice de defeitos nas 900 peças que não passaram pelo controle de qualidade? São questões que podem ser respondidas através dos métodos estatísticos 5.3. Estatísticas sobre a Indústrias Romi A indústrias Romi usa muito a estatística, não só porque a empresa está envolvida com automação de seus parques fabris e no fornecimento de produtos com alta tecnologia agregada, mas também em seu departamento de relações com investidores, onde a empresa fornece muitos dados na apresentação trimestral de resultados, a seguir: Imagem 5 – Entrada e carteira de pedidos, Ind. Romi Fonte: ROMI (2020c) 25 Imagem 6 – Desempenho por unidade de negócio, Ind. Romi Fonte: Romi (2020c) A apresentação destas estatísticas busca fornecer aos stakeholders o máximo de informações sobre o negócio e a situação da empresa, buscando também não fornecer informações que sejam sensíveis aos concorrentes, como segredos comerciais e outros tipos de informações, dessa forma, ajuda o investidor de longo prazo na tomada de decisão de investimento. 26 CONCLUSÃO A partir do estudo na empresa Romi em fontes secundárias, concluo que a empresa é financeiramente sólida, que não corre risco de insolvência técnica e que vem dando lucros crescentes, mesmo no cenário adverso da pandemia do COVID-19, e como observado anteriormente, a empresa tem bons indicadores e segue às boas práticas de governança corporativa. É notável quea empresa se apresenta competitiva, não só no Brasil como também nos mercados internacionais, com anos de história e grande know-how acumulado no setor em que atua, investindo constantemente em melhorias e tecnologia. A tendência que se mostra é que a empresa seguirá seu crescimento, já que grande parte de seus lucros são reinvestidos em suas operações, fábricas e P&D, o que levará a um bom desempenho de suas ações na bolsa de valores. Um outro ponto positivo é que a empresa agrega serviços aos seus produtos, atuando na comercialização direta de seus próprios produtos e também na prestação de serviços, consultoria e assistência técnica, desta forma, isso permite que a Romi forneça a seus clientes uma solução completa para os problemas destes, prestando uma ajuda com profissionais altamente qualificados, desta forma, agrega mais valor ao produto e fideliza o cliente. O único ponto negativo é o setor em que a empresa atua, pois, o setor de bens de capital é o primeiro a ser afetado por crises econômicas e o ultimo a se recuperar, já que as vendas da empresa dependem da formação bruta de capital fixo das outras empresas, ou seja, a decisão de investimentos dos outros agentes econômicos. 27 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AVDEEV & CO. ROE (Return on equity), after tax - breakdown by industry. Kaliningrado, 2020. Disponível em: https://www.readyratios.com/sec/ratio/roe/. Acesso em: 21 set. 2020. ALMEIDA, Ailton Galdino de. Fundamentos da gestão financeira. Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, São Paulo, ed. 2, 2012. 148 p. B3. Segmentos de listagem. São Paulo, 2020. Disponível em: http://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-servicos/solucoes-para- emissores/segmentos-de-listagem/novo-mercado/. Acesso em: 31 ago. 2020. GITMAN, Lawrence J.; ZUTTER, Chad J. O papel da administração financeira. In: GITMAN, Lawrence J.; ZUTTER, Chad J. Princípios de Administração Financeira. 14. ed. São Paulo: Editora Pearson, 2017. cap. 1, ISBN 9788543006741. E-book. IBGC. O que é governança corporativa?. [S. l.], 2020?. Disponível em: https://www.ibgc.org.br/conhecimento/governanca-corporativa. Acesso em: 1 set. 2020. MARION, José Carlos. Contabilidade básica. 9. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2008. 265 p. ISBN 9788522451678. MANKIW, N. Gregory. Introdução à Economia. 5. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2009. 872 p. ISBN 978852210705. MCCLEAVE, James T. et al. Estatística, dados e pensamento estatístico: Estatística em ação. In: MCCLEAVE, James T. et al. Estatística aplicada a administração e economia. 10. ed. São Paulo: Pearson Education, 2009. cap. 1, p. 1-23. ISBN 9788576051862. OLIVEIRA, Anselmo José de. Gestão financeira aplicada a micro e pequenas empresas. 1. ed. Belo Horizonte: [s. n.], 2015. E-book (131 p.). ROMI. Formulário de Referência 2020. Santa Barbara d'Oeste, 2020a. Disponível em: https://www.romi.com/wp-content/uploads/2020/05/FR-2020.pdf. Acesso em: 28 ago. 2020. ROMI. Informações Trimestrais Individuais e Consolidadas 2T20. Santa Barbara d‘Oeste, 30 jun. 2020b. Disponível em: https://www.romi.com/wp- content/uploads/2020/05/ITR_2T20.pdf. Acesso em: 28 ago. 2020. ROMI. Apresentação de Resultados 2T20. Santa Barbará d‘Oeste, 2020c. Disponível em: https://www.romi.com/wp-content/uploads/2020/05/Apres.-Call-2T20- PT-1.pdf. Acesso em: 24 set. 2020. 28 ROMI. Demonstrações Financeiras Anuais 4T19. Santa Barbará d‘Oeste, 2019a. Disponível em: https://www.romi.com/wp- content/uploads/2019/04/Dem_finan_4T19.pdf. Acesso em: 21 set. 2020. ROMI. Estatuto Social - Romi. Santa Barbara d‘Oeste, 19 mar. 2019b. Disponível em: https://www.romi.com/investidores/governanca-corporativa/estatuto-social/. Acesso em: 27 set. 2020. REIS, Tiago; TOSETTO, Jean. Guia Suno de contabilidade para investidores: conceitos contábeis fundamentais para quem investe na bolsa. 1. ed. Paulínia: Editora Vivalendo, 2018. 104 p. SANTOS, Edson Mota dos. Contabilidade. Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, São Paulo, 2020. 120 p. SILVA, Edwin F. F.; MELO, Wesley Cândido de. Estatística Aplicada. Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, São Paulo, ano XVII, ed. 2, 2012. 112 p. STATUSINVEST. INDÚSTRIAS ROMI - ROMI3. [S. l.], 2º Trimestre 2020. Disponível em: https://statusinvest.com.br/acoes/romi3. Acesso em: 26 out. 2020. SIQUEIRA, Renata Carreira de; SANTOS, Vilma da silva; VELLOSO, Viviane Fushimi; QUINTAIROS, Paulo César Ribeiro; OLIVEIRA, Edson Aparecida de Araújo Querido. Aplicação da contabilidade gerencial no processo de tomada de decisão nas empresas. Encontro latino americano de iniciação científica, [S. l.], ano XIII, 2009. Disponível em: http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2009/anais/arquivos/0878_1279_01.pdf. Acesso em: 12 ago. 2020.
Compartilhar