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CARBOIDRATOS Um carboidrato, em sentido estrito, refere-se a qualquer composto constituído de carbono, hidrogênio e oxigênio, estando o hidrogênio e o oxigênio presentes em uma razão de 2:1, à semelhança da água Os carboidratos de maior importância em bioquímica são denominados sacarídeos, um termo derivado da palavra em latim que significa açúcar Os carboidratos poliméricos incluem o amido e o glicogênio, que constituem formas importantes de armazenamento da energia nos vegetais e nos animais, respectivamente. Outros carboidratos possuem funções estruturais, sendo o exemplo mais bem conhecido a celulose, que confere aos vegetais parte de sua rigidez estrutural. A quitina, encontrada no exoesqueleto dos insetos, também é um carboidrato polimérico, assim como vários dos compostos que formam a matriz extracelular em tecidos animais. Os monossacarídeos (açúcares simples) podem ser classificados de acordo com o número de átomos de carbono que eles contêm. Eles também podem ser classificados pelo tipo de grupo carbonila que eles contêm. Os carboidratos com um aldeído como seu grupo funcional carbonila são denominados aldoses, enquanto aqueles com um grupo cetona como seu grupo funcional carbonila são chamados cetoses Por exemplo, o gliceraldeído é uma aldose, enquanto a di-hidroxia-cetona é uma cetose. Os carboidratos que apresentam um grupo carbonila livre recebem o sufixo “-ose” Os monossacarídeos podem se ligar por ligações glicosídicas, criando estruturas maiores. Os dissacarídeos contêm duas unidades de monossacarídeos, os oligossacarídeos contêm de três até cerca de 10 unidades de monossacarídeos, e os polissacarídeos contêm mais de 10 unidades de monossacarídeos, podendo alcançar centenas de unidades de açúcares em sua estrutura. ISÔMEROS E EPÍMEROS Compostos que apresentam a mesma fórmula química, mas estruturas diferentes, são denominados isômeros. Por exemplo, frutose, glicose, manose e galactose são todos isômeros uns dos outros, com a mesma fórmula química, C6 H12O6. Os carboidratos isômeros que diferem na sua configuração ao redor de apenas um determinado átomo de carbono (com exceção do carbono da carbonila). Por exemplo, a glicose e a galactose são epímeros em C-4, pois suas estruturas diferem somente na posição do grupo –OH (hidroxila) no átomo de carbono 4. DISSACARÍDEOS IMPORTANTES INCLUEM A LACTOSE (GALACTOSE + GLICOSE), SACAROSE (GLICOSE + FRUTOSE) E MALTOSE (GLICOSE + GLICOSE). POLISSACARÍDEOS IMPORTANTES INCLUEM O GLICOGÊNIO (PROVENIENTE DE FONTES ANIMAIS) E O AMIDO (FONTES VEGETAIS) RAMIFICADOS E A CELULOSE NÃO RAMIFICADA (FONTE VEGETAL). CADA UM DELES É UM POLÍMERO DE GLICOSE. As ligações que unem os açúcares são denominadas ligações glicosídicas. Essas ligações são formadas por enzimas conhecidas como glicosiltransferases, que utilizam como substrato um nucleotídeo-açúcar (açúcar ativado), como o difosfato de uridina-glicose (UDP-glicose). Os carboidratos podem unir-se por ligações glicosídicas a estruturas que não são carboidratos, como as bases púricas e pirimídicas (como observado em ácidos nucleicos), anéis aromáticos (como observado em esteroides e na bilirrubina), proteínas (como em glicoproteínas e proteo-glicanos) e lipídeos (em glicolipídeos). Se o grupo na porção não carboi-drato da molécula ao qual o açúcar está ligado for um grupo –NH2 , a li-gação é chamada de N-glicosídica. Se o grupo for um grupo –OH, então a ligação é O-glicosídica (Fig. 7.7). (Nota: todas as ligações glicosídicas glicídeo-glicídeo são do tipo O-glicosídicas.) DIGESTÃO DOS CARBOIDRATOS Os principais sítios de digestão dos carboidratos da dieta são a boca e o lúmen intestinal. Essa digestão é rápida e é catalisada por enzimas denominadas glicosídeo-hidrolases (glicosidases) que hidrolisam as ligações glicosídicas. Há poucos monossacarídeos em dietas de origem mista, animal e vegetal. Portanto, são necessárias enzimas para a degradação da maioria dos carboidratos da dieta, principalmente as endoglicosidases, que hidrolisam polissacarídeos e oligossacarídeos, e as dissacaridases, que hidrolisam trissacarídeos e dissacarídeos em seus componentes redutores. Em geral, glicosidases são específicas para a estrutura e para a configuração do resíduo glicosila a ser removido, bem como para o tipo de ligação a ser hidrolisada. Os produtos finais da digestão de carboidratos são os monossacarídeos glicose, galactose e frutose, os quais são absorvidos pelas células (enterócitos) do intestino delgado. AMILASE SALIVAR Os principais polissacarídeos da dieta são de origem vegetal (amido, composto por amilase e amilopectina) e animal (glicogênio). Durante a mastigação, a amilase salivar atua brevemente sobre o amido e o glicogênio da dieta, de maneira aleatória, hidrolisando algumas ligações, celulose- os humanos não produzem esta última. Dessa forma, somos incapazes de digerir a celulose – um carboidrato de origem vegetal que contém ligações glicosídicas . A digestão dos carboidratos cessa temporariamente no estômago, porque a elevada acidez inativa a amilase salivar. AMILASE PANCREÁTICA Quando o conteúdo ácido do estômago atinge o intestino delgado, ele é neutralizado pelo bicarbonato secretado pelo pâncreas, e a amilase pancreática continua o processo de digestão do amido. DISSACARIDASES INTESTINAIS O processo final da digestão ocorre principalmente no epitélio mucoso do duodeno e jejuno superior, e inclui a ação de várias dissacaridases METABOLISMO E GLICÓLISE Metabolismo é a palavra usada para descrever as reações químicas que ocorrem nos seres vivos. Essas reações são divididas tradicionalmente em dois grupos amplos: Catabolismo: é a parte do metabolismo responsável pela degradação dos compostos para gerar energia Anabolismo: refere-se às reações bioquímicas que formam moléculas maiores a partir de menores As vias, em sua maior parte, podem ser classificadas como catabólicas (de degradação) ou anabólicas (de síntese). As vias catabólicas quebram moléculas complexas, como proteínas, polissacarídeos ou lipídeos, produzindo uma pequena variedade de moléculas mais simples, como dióxido de carbono, amônia e água. As vias anabólicas formam produtos finais complexos a partir de precursores simples, como a síntese de um polissacarídeo, o glicogênio, a partir de glicose. Diferentes vias também podem formar interseções, estabelecendo uma rede integrada de reações químicas com propósitos definidos. O metabolismo é a soma de todas as mudanças químicas que ocorrem em uma célula, um tecido ou no organismo. VIAS CATABÓLICAS As reações catabólicas têm o propósito de capturar a energia química, obtida da degradação de moléculas combustíveis, ricas em energia, formando trifosfato de adenosina (ATP, do inglês adenosine triphosphate). A energia para a formação de ATP é gerada pela degradação de moléculas complexas, que ocorre em três estágios. As vias catabólicas são geralmente oxidativas e necessitam de coenzimas oxidadas, como nicotinamida-adenina-dinucleotídeo [NAD+].) O catabolismo também permite que moléculas da dieta (ou moléculas nutrientes armazenadas nas células) sejam convertidas em blocos constitutivos necessários para a síntese de moléculas complexas. O catabolismo é, então, um processo convergente, ou seja, uma ampla variedade de moléculas é transformada em poucos produtos finais. 1. Hidrólise de moléculas complexas. No primeiro estágio, moléculas complexas são quebradas em seus blocos constitutivos. Por exemplo, proteínas são degradadas em aminoácidos; polissacarídeos, em monossacarídeos; e gorduras (triacilgliceróis), em ácidos graxos livres e glicerol. 2. Conversão dos blocos constitutivos em intermediários mais simples. No segundo estágio, esses blocos constitutivos diversossão posteriormente degradados em acetil-coenzima A (CoA) e em uma pequena variedade de outras moléculas simples. Parte da energia é capturada como ATP, porém essa quantidade é pequena se comparada com a energia produzida durante o terceiro estágio do catabolismo. 3. Oxidação da acetil-coenzima A. O ciclo do ácido cítrico ou ciclo do ácido tricarboxílico (ou ciclo de Krebs [CK]) a via final comum da oxidação de moléculas combustíveis que produzem acetil-CoA. A oxidação de acetil-CoA gera grandes quantidades de ATP via fosforilação oxidativa, à medida que os elétrons fluem do NADH e do FADH2 ([O2 (flavina-adenina-dinucleotídeo) para o oxigênio. ANABOLISMO Ao contrário do catabolismo, o anabolismo é um processo divergente, no qual poucos precursores biossintéticos (como os aminoácidos) formam uma ampla variedade de produtos poliméricos ou complexos (como as proteínas). As reações anabólicas são endergônicas, isto é, necessitam de energia, via de regra, fornecida pela hidrólise do ATP, produzindo difosfato de adenosina (ADP, do inglês adenosine diphosphate) e fosfato inorgânico (Pi). (Nota: as reações catabólicas geram energia [são exergônicas].) Com frequência, as reações anabólicas envolvem reduções químicas em que o poder redutor é, geralmente, fornecido pelo doador de elétrons NADPH (NADH fosforilado; ver pág. 147).
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