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AO JUÍZO DA ____ VARA DO TRABALHO DE RECIFE/PE Processo Nº XXX CURSO PRÉ-VESTIBULAR, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por seu representante constituído, conforme procuração anexa, apresentar: CONTESTAÇÃO, com fulcro no art. 847, CLT Em face da Reclamação Trabalhista apresentada por JOSÉ DOS ANJOS, igualmente qualificado, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos. I - PRELIMINARES DE DEFESA I.I - DA INDEVIDA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA Pelo que se percebe dos fatos citados na inicial, o autor declarou não poder arcar com as custas processuais para receber os benefícios da Assistência Judiciária Gratuita. Porém, vale ressaltar que a Lei 13.467/17 que instituiu a Reforma Trabalhista, ao dar nova redação ao Art. 790 da CLT, estabeleceu critérios mais objetivos à concessão da Gratuidade de Justiça: “§ 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. § 4º O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo.” Sendo assim, o benefício da justiça gratuita somente será concedido quando evidenciado que o salário é igual ou inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do RGPS (o que em 2020 é o valor de R$ 2.440,42), ou diante da demonstração de insuficiência de recursos para pagamento das custas do processo. No presente caso, não há qualquer prova dos requisitos acima citados, ao contrário, há inúmeras evidências de que o Reclamante tem condições de arcar com as custas, tais como as fotos o perfil do “INSTAGRAM” do Reclamante (acostadas aos autos), postadas durante o feriado prolongado da independência, aonde o mesmo viajou com sua família para a cidade de Natal/RN, ficando hospedado em Hotel na praia de Ponta Negra, cujas diárias têm preço médio de R$ 500,00, conforme pesquisa nos principais portais de venda de pacotes turísticos, também anexada aos autos em epígrafe. Logo, deve ser negada a concessão da gratuidade de justiça, conforme precedentes jurisprudenciais sobre o tema: “GRATUIDADE DA JUSTIÇA - Necessidade de comprovação de insuficiência de recursos - Não demonstração - Precedentes do STF e STJ - Recurso desprovido. (TJ-SP 21850862020178260000 SP 2185086- 20.2017.8.26.0000, Relator: Alcides Leopoldo e Silva Júnior, 2ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 18/01/2018).” “GRATUIDADE DE JUSTIÇA – Impugnação – Revogação do benefício – Existência de sérios indícios de capacidade econômica – Agravante que não juntou qualquer documento que demonstrasse a sua situação financeira atual – Declaração de pobreza que tem veracidade relativa, podendo ceder às provas produzidas pela parte contrária – Agravante que ostenta aparente conforto financeiro, não tendo feito contraprova às provas apresentadas pela agravada. Agravo desprovido. (TJ-SP - AI: 21287087820168260000 SP 2128708- 78.2016.8.26.0000, Relator: José Marcos Marrone, Data de Julgamento: 30/11/2016, 23ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 02/12/2016.” Diante do exposto e conforme os registros da rede social supracitada anexos, pleiteia-se a negativa de concessão do benefício da Justiça Gratuita ao reclamante. II - MÉRITO DA CONTESTAÇÃO A Reclamada impugna todos os fatos articulados na inicial, esperando a IMPROCEDÊNCIA DA RECLAMAÇÃO PROPOSTA, pelos seguintes motivos: II.I - DA AUSÊNCIA DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO O reclamante aduz em sua inicial que trabalhou como prestador de serviços de manutenção de equipamentos elétricos e eletrônicos, do 02/01/2019 a 02/01/2020, tendo uma suposta jornada de trabalho de segunda a sábado, das 08:00h às 17:00h, com intervalo intrajornada de 1 hora e salário mensal de R$ 2.000,00 (Dois mil reais) e que foi demitido imotivadamente no dia 02/01/2020. Ocorre que o reclamante foi contratado mediante vínculo de prestação de serviços como autônomo, pois o mesmo era um microempresário individual, para prestar serviço de manutenção de equipamentos eletro - eletrônicos quando surgissem eventuais problemas com os mesmos, sendo remunerado de acordo com o serviço realizado, ou seja, sem jornada ou salários fixos. Diante disso, é forçoso afirmar que o reclamante não produziu qualquer prova a sustentar a relação de emprego que alegou na exordial, vez que as atividades narradas não cumpriram os requisitos necessários para reconhecimento do vínculo empregatício, previstos no art. 3º da CLT, a saber: pessoalidade, habitualidade, onerosidade e subordinação. Tratando-se de pressupostos cumulativos para que se estabeleça o liame empregatício, conforme entendimento jurisprudencial abaixo: “VÍNCULO DE EMPREGO. INEXISTÊNCIA. O reconhecimento do vínculo de emprego está adstrito à presença de todos os elementos de que trata o art. 3º da CLT, a saber, prestação de serviços por pessoa física com pessoalidade, onerosidade, não eventualidade e subordinação. Ausente qualquer dos pressupostos tipificadores da relação empregatícia, impõe-se indeferir o pedido de reconhecimento do vínculo de emprego. (TRT12 - ROT - 0001818- 53.2017.5.12.0059, Rel. LILIA LEONOR ABREU, 6ª Câmara, Data de Assinatura: 30/10/2019).” Dessa forma, é necessário afirmar que na prestação dos serviços pelo Reclamante à Reclamada NÃO HAVIA: a) SUBORDINAÇÃO E HABITUALIDADE, pois o reclamante gozava de total autonomia na execução de suas tarefas, nem recebia diretrizes na execução da prestação dos serviços, tendo total liberdade para prestar os serviços nos horários em que achava mais adequado. Isso fica comprovado pelas diversas Ordens de serviço emitidas (anexas) com horários e dias bem diversificados, demonstrando que não havia uma jornada de trabalho estabelecida e monitorada pela reclamada e que ele era contratado para o conserto dos equipamentos conforme os problemas surgissem; b) PESSOALIDADE, já que os serviços eram executados pelo reclamante, como também pelo empregado dele, segundo comprovam algumas das ordens de serviço supracitadas, assinadas pelo empregado do reclamante, como por exemplo, nos dias 15/02, 26/04, 17/04, 13/06, 09/08, todos em 2019, somente a título de amostragem. Ainda nessa seara, destacamos o pensamento do ilustre doutrinador Sérgio Pinto Martins, ao tratar sobre o tema afirma que: “O obreiro exerce sua atividade com dependência ao empregador, por quem é dirigido. O empregado é, por conseguinte, um trabalhador subordinado, dirigido pelo empregador. O trabalhador autônomo não é empregado justamente por não ser subordinado a ninguém, exercendo com autonomia suas atividades e assumindo os riscos de seu negócio”. (MARTINS, Sergio Pinto – DIREITO DO TRABALHO, 31. Ed. – São Paulo: Atlas, 2015).” Resta claro, portanto, a ausência de alguns dos requisitos necessários para a configuração do vínculo empregatício, não merecendo prosperar a pretensão do reclamante de existência de vínculo no período citado na sua peça inicial. II.II - DAS VERBAS RESCISÓRIAS Tendo em vista as razões expostas no item anterior, fica claro que o reclamante não faz jus ao pagamento das parcelas rescisórias, pois NÃO HÁ VÍNCULO EMPREGATÍCIO entre as partes, em face da ausência de todos os requisitos da relação de emprego previstos nos art. 3° da CLT. Além disso, o conjunto de provas trazidas aos autos pelo reclamante não traz elementos suficientes para a caracterizaçãodo vínculo de emprego alegado por ele. Por outro lado, a reclamada acosta ao processo provas irrefutáveis de que o reclamante era apenas um prestador de serviços que eventualmente consertava os equipamentos da empresa quando havia a necessidade desses serviços, por conseguinte, e em vista da inexistência de vínculo empregatício, não há obrigação pelo pagamento de verbas rescisórias requeridas pelo reclamante na inicial: a) saldo de salário; b) aviso prévio indenizado; c) férias vencidas + 1/3; d) FGTS acrescido multa de 40%; e) a disponibilização de guias do seguro desemprego. Em todo caso, CONTESTA o valores atribuídos na inicial, devendo, na remota possibilidade de ser https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43 reconhecido o vínculo por este Douto Juízo, que os mesmos sejam apurados em sede de liquidação de sentença. II.III - DAS HORAS EXTRAS E SEUS REFLEXOS Contesta-se a jornada apontada na inicial por não se coadunar com a realidade, bem como as horas extras requeridas com os reflexos em DSR, aviso prévio, férias e o acréscimo constitucional, FGTS e multa de 40%, haja vista o reclamante realizar serviços autônomos em horários que ele próprio determinava, sem qualquer controle da Reclamada, conforme já citado e comprovado por ordens de serviço anexas aos autos. Dessa forma, inexistem quaisquer valores a serem pagos pela reclamada a título de horas extras ou reflexos referentes à mesma. II.III - DO NÃO CABIMENTO DAS MULTAS DOS ARTS. 467 E 477, §§ 6° e 8° DA CLT A CLT, de forma expressa, ao preconizar sobre o cabimento de multas pelo não pagamento de VERBAS INCONTROVERSAS dispõe: “Art. 467 - Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinquenta por cento.” “Art. 477 - Na extinção do contrato de trabalho, o empregador deverá proceder à anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, comunicar a dispensa aos órgãos competentes e realizar o pagamento das verbas rescisórias no prazo e na forma estabelecidos neste artigo.” “§8º - Sem prejuízo da aplicação da multa prevista no inciso II do caput do art. 634 - A, a inobservância ao disposto no § 6º sujeitará o infrator ao pagamento da multa em favor do empregado, em valor equivalente ao seu salário, exceto quando, comprovadamente, o empregado der causa à mora.” Dos supracitados dispositivos extraímos que, tais multas são cabíveis quando os valores requeridos pelo reclamante são INCONTROVERSOS E RESULTADO DE UMA RELAÇÃO EMPREGATÍCIA, o que NÃO É O CASO, uma vez que o que se discute principalmente nessa lide é o vínculo de emprego entre o reclamante e a reclamada. Desta forma, não há que se falar no pagamento das aludidas multas, por se tratarem de verbas controvertidas e sem vínculo de emprego provado, conforme decisões: “MULTA DO ART. 467 DA CLT. Diante da inexistência de verbas incontroversas, não há que se falar em multa do art. 467 da CLT. A presença de controvérsia em torno do vínculo empregatício é suficiente para afastar a multa prevista no art. 467 da CLT (TRT-2, 1000702-48.2017.5.02.0002, Rel. ANA CRISTINA LOBO PETINATI - 5ª Turma - DOE 21/08/2018).” “VÍNCULO DE EMPREGO. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT. É indevida a multa do artigo 477, § 8º, da CLT, em caso de vínculo de emprego reconhecido em juízo, em razão da controvérsia. Aplicação do entendimento da Tese Prevalecente nº 2, deste E. TRT. (TRT- 2, 1000047-33.2019.5.02.0026, Rel. SONIA MARIA FORSTER DO AMARAL - 2ª Turma - DOE 27/09/2019).” Motivos pelos quais devem conduzir ao indeferimento do pleito. IV - DA IMPUGNAÇÃO AOS DOCUMENTOS JUNTADOS Por fim, impugnam-se todos os documentos juntados na inicial, pelos mesmos se mostrarem manifestamente insuficientes a provar suas alegações. Logo, requer o recebimento e acolhimento da presente defesa, para que sejam julgados totalmente improcedentes os pedidos ventilados na Reclamatória Trabalhista, razão pela qual necessária a conclusão que o reclamante não faz jus aos pedidos dispostos pelo Reclamante. V - DAS PROVAS A fim de demonstrar o seu direito a reclamada pretende instruir seus argumentos com as seguintes provas: a) OITIVA DE TESTEMUNHAS, já que as mesmas têm conhecimento da forma como se dava a prestação de serviços pelo reclamante; b) APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS abaixo indicados e já acostados aos autos. Trata-se de provas necessárias ao contraditório e à ampla defesa, conforme dispõe o Art. 369 do CPC que diz: “As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz.” Por esse motivo, a reclamada pretende instruir o presente processo com as provas acima indicadas, sob pena de nulidade do mesmo. VI - DOS PEDIDOS Diante de todo o exposto, em sede de CONTESTAÇÃO, requer: 1) O ACOLHIMENTO NA ÍNTEGRA destas razões, para fins de julgar TOTALMENTE IMPROCEDENTE a Reclamação Trabalhista proposta; 2) A produção de todas as provas admitidas em direito; 3) A condenação do reclamante ao pagamento de sucumbência e honorários advocatícios, nos termos dos arts. 791-A e 790-B da CLT. Nestes termos, Pede deferimento. Recife, 30 de setembro de 2020. Advogado OAB n°. XXX DOCUMENTOS ACOSTADOS Procuração do advogado da reclamada; Fotos do perfil do Instagram do reclamante; Pesquisa da internet sobre média de preço de diárias de hotel; 5 (cinco) Ordens de serviço de manutenção de computadores assinadas pelo reclamante com dias e horários diversos; 5 (cinco) Ordens de serviço de manutenção de computadores assinadas pelo empregado do reclamante em 15/02, 26/04, 17/04, 13/06, 09/08 de 2019. ROL DE TESTEMUNHAS 1) Matheus Luna (Estudante que frequentou o curso); 2) Jefferson Silva (Outro MEI que também prestava serviços para o curso); 3) Cláudio Silva (Ex - porteiro do curso). I.I - DA INDEVIDA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA Pelo que se percebe dos fatos citados na inicial, o autor declarou não poder arcar com as custas processuais para receber os benefícios da Assistência Judiciária Gratuita. II - MÉRITO DA CONTESTAÇÃO II.I - DA AUSÊNCIA DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO II.III - DO NÃO CABIMENTO DAS MULTAS DOS ARTS. 467 E 477, §§ 6 e 8 DA CLT IV - DA IMPUGNAÇÃO AOS DOCUMENTOS JUNTADOS Por fim, impugnam-se todos os documentos juntados na inicial, pelos mesmos se mostrarem manifestamente insuficientes a provar suas alegações. VI - DOS PEDIDOS
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