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FARMACOLOGIA DA GRAVIDEZ CONCEITOS IMPORTANTES − Toxicidade: capacidade de produzir dano a organismos vivos, em condições padronizadas de uso − Veneno: agente tóxico de origem animal − Droga: substância capaz de modificar ou explorar sistema fisiológico ou estado patológico − Antídoto: substância capaz de antagonizar efeitos tóxicos de substâncias RISCO E SEGURANÇA − Risco: probabilidade de que uma substância produza um efeito adverso ou dano, sob condições especificas de uso/exposição − Maior toxicidade, não necessariamente, implica maior risco − Segurança: certeza prática de que o xenobiótico não causará danos para o individuo exposto a ela em quantidades recomendadas de uso − Fatores a serem considerados ao prescrever um medicamento: • Necessidade de uso • Alternativas viáveis • Considerar situação econômica • Estado de saúde • Etc AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE E DO RISCO − Conhecer condições de uso seguro de substâncias químicas é fundamental para a saúde humana e ambiental − Toda substância pode ser tóxica, mas também praticamente toda substância pode ser usada de forma segura (condições de exposição adequada) − Uma substância toxica produz efeitos adversos em concentrações mais baixas PERIGO X RISCO − Perigo: capacidade de uma substância causar um efeito adverso → relacionado a toxicidade − Risco: probabilidade de um evento nocivo ocorrer, devido à exposição a um agente químico • Avaliado quantitativamente → porcentagem • Avaliado qualitativamente → comparando substâncias • A avaliação do risco é baseada em conhecimento científico − Risco = perigo x exposição − Segurança: probabilidade de não ocorrência de efeito adverso após exposição a uma dose de agente nocivo em quantidades recomendadas PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE RISCOS − Faz-se levantamento e realização de estudos epidemiológicos clínicos e toxicológicos • Geralmente se usa estudos observacionais para isso, mesmo que eles não sejam os melhores a serem usados nesses casos. É antiético fazer estudos randomizados, por exemplo • Faz-se estudos clínicos com animais também para avaliar a toxicidade dos agentes químicos − Extrapola-se resultados para predizer e estimar o tipo e a extensão dos efeitos do agente químico para a saúde humana − Analisa-se a exposição dos indivíduos a diferentes intensidades, vias e durações − Avalia-se a existência ou não do problema de saúde → incertezas adicionais − A comunicação com a população e agentes de saúde é fundamental para o bom entendimento dos riscos. Deve- se suar linguagens adequadas para cada público TERATOLOGIA − É o estudo dos fatores que alteram o crescimento e desenvolvimento pré-natal − Utiliza estudos dos fatores não-genéticos − Os teratógenos produzem morte celular, alterações do processo de crescimento e desenvolvimento de estruturas − A teratogenicidade depende do agente químico, dose, exposição e genótipo materno e fetal − Os fatores teratogênicos podem ser: • Agentes infecciosos • Agentes físicos, principalmente temperatura e radiação • Drogas e agentes químicos • Fatores metabólicos maternos − OBS: mudanças fisiológicas durante a gravidez podem induzir mudanças farmacocinéticas • − OBS: O ideal durante a medicação na gestação é minimizar, sempre que possível, a exposição da mãe e do feto a fármacos; quando necessário, deve-se usar fármacos que possuam melhor registro de segurança em gestantes, sem efeitos adversos sobre o desenvolvimento do feto CATEGORIAS DA FDA PARA USO DE FÁRMACOS NA GESTAÇÃO (1979) − A FDA classifica as drogas de acordo com o seu risco durante a gestação • Dificilmente se fazem estudos controlados com fármacos em gestantes, por isso, é raro ter um fármaco na categoria A • A maioria dos fármacos estão concentrados na categoria B • Na categoria C, geralmente, não há muitos estudos mostrando teratogenicidade ou não, devendo-se avaliar o risco-benefício − É importante esclarecer que mesmo drogas sabidamente teratogênicas não afetam a grande maioria dos indivíduos igualmente − O risco de malformações congênitas é de aproximadamente 3% e a exposição a uma teratogênica aumenta esse risco em cerca de 2% ou no máximo duplica-o ou triplica-o − Em relação ao uso das drogas durante a amamentação, utiliza-se a classificação de Winer • S: segura • NS: não segura • U: sem estudos • S?: para drogas em que os estudos são conflitantes FÁRMACOS / SUBSTÂNCIAS IMPORTANTES DURANTE GRAVIDEZ ÁCIDO FÓLICO − Importante para síntese de ácidos nucleicos − Diminui incidência de defeitos no fechamento do tubo neural • Tubo neural fecha com 4 semanas − É suplementado antes e nos primeiros estágios da gravidez, reduzindo 50-70% da incidência na gravidez − Recomenda-se a ingestão de ~400mcg diárias ÁLCOOL ETÍLICO − Considerado um dos maiores problemas de saúde publica − Frequência e severidade das lesões fetais é dose- dependente − Indicado abstinência de álcool para mulheres gravidas − Pode levar a SAF (Síndrome Alcoólica Fetal) • A síndrome do álcool fetal (FAS) é identificada por alterações das características faciais, anormalidades de crescimento da cabeça e do corpo e déficits neurológicos • OBS: Nem todas as crianças expostas ao álcool no útero terão FAS • Como essa síndrome pode ter diversos espectros e manifestações diferentes, ela é mais bem referenciada como distúrbios do espectro do álcool fetal (Fetal Alcohol Spectrum Disorders, FASD) • Os FASDs representam a causa prevenível mais comum de deficiência intelectual. Como grupo, eles devem responder por até 30% de todas as deficiências de desenvolvimento neurológico. • Os danos provocados pelo álcool estão relacionados à ação específica nas moléculas que regulam processos-chave no desenvolvimento, como proteínas de adesão celular, álcool desidrogenase e catalase • Esses danos interferem no desenvolvimento precoce dos neurônios serotoninérgicos da linha média, interrompem a regulação da sinalização para outras estruturas do SNC, alteram os fatores tróficos que regulam a neurogênese e a sobrevida celular ou provocam morte celular excessiva pelo estresse oxidativo ou ativação de proteases • Além disso, o álcool pode provocar alterações epigenéticas ao longo da vida − O álcool pode produzir, na mãe, alterações hemodinâmicas sistêmicas (aumento da pressão arterial, frequência cardíaca, hipóxia, acidose), alterações no sistema endócrino (aumento de cortisol, hormônio adrenocorticotrófico, vasopressina), aumento da reatividade vascular e, ainda, alterações na circulação placentária, como alteração da circulação placentária, angiogênese e remodelação vascular − OBS: o álcool é considerado de categoria X se usado em grandes quantidades na gestação TABAGISMO − Interfere no crescimento fetal − Diminuição do peso, comprimento e PC no recém- nascido − Pode levar a aborto, nati ou neomortalidade e prematuridade, além de gravidez ectópica, baixo peso ao nascer, placenta prévia, descolamento de placenta, entre outros defeitos − Também leva a diminuição do desenvolvimento intelectual − O fumo é considerado droga das categorias X na gestação e U na lactação COCAÍNA − Esse alcaloide tem efeito anestésico tópico, vaso· constritor local e estimulante do SNC, por meio de ação simpaticomimética via dopamina − Metabolismo: a cocaína é metabolizada no plasma e no fígado, pela colinesterase hepática, em metabólicos solúveis em água e depois excretada na urina. O feto não tem altos níveis de colinesterase e por isso, é mais sensível aos efeitos deletérios da cocaína − Consequências: • O uso de cocaína durante a gestação foi associado ao descolamento prematuro de placenta, trabalho de parto prematuro, abortamento, restrição de crescimento fetal e malformações fetais • Pode haver crises hipertensivas e convulsões e o feto pode sofrer de síndromede abstinência pela retirada da droga após o nascimento RETINÓIDES E VITAMINA A − Altas doses de vitamina A são associadas a malformações. − A isotretinoína é um isômero da vitamina A e esta associada a altas taxas de abortamento e malformação fetal • As principais malformações são: cegueira, hidrocefalia, defeitos craniofaciais, cardiovasculares, entre outros • É considerada categoria X na gravidez e NS na lactação − O período mais sensível na gravidez, quando há uso dessas drogas, é da 2-5 semana de concepção − O efeito cumulativo dessas drogas, ao longo de semanas e meses, leva a um maior risco de malformação após parada do uso do fármaco. CORTICOIDES − Os corticoides são derivados do hormônio cortisol. Depois que atravessam a membrana plasmática, se ligam a receptores citoplasmáticos que os conduzem até o núcleo celular. No núcleo, eles se ligam a segmentos específicos do DNA, aumentando ou diminuindo a transcrição de moléculas especificas ligadas à modulação da inflamação − Seu uso é associado ao aumento do risco de malformações: fenda palatina − É de categoria D no primeiro trimestre − Indicação: • Fetos entre 24-34 semanas de gestação e com risco de parto prematuro − Profilaxia: sindrome da dificuldade respiratória do recém-nascido − Uso: pré-natal: administras IM na gestante → efeitos em 24 horas BETAMETASONA / DEXAMETASONA − Ajuda no amadurecimento do pulmão fetal em gestações prematuras − Estudos experimentais mostraram aumento dos pneumócitos tipo II e produção de surfactante ANTIMICROBIANOS − Penicilinas e cefalosporinas (inibidores da síntese da parede celular) costumam ser consideradas seguras (categoria B) − Quinolonas (inibidores da enzima bacteriana DNA topoisomerase II (girase de DNA) e da DNA topoisomerase IV → necessárias para a replicação, transcrição, reparo e recombinação do DNA microbiano) → evitadas por terem risco de malformação das cartilagens − Sulfonamidas ( inibidoras competitivas da enzima bacteriana sintetase de dihidroperoato – usada para síntese de ácido fólico, precursor de DNA e RNA) – pode levar a kernicterus (teórico) → categoria D no fim das gestações • Podem provocar hiperbilirrubinemia se forem utilizadas próximo ao termo • As sulfonamidas são consideradas drogas das categorias C e durante a gestação e categoria U na lactação. Recomenda-se não utilizar próximo ao parto, por causa do potencial de toxicidade no neonato − Tetraciclina (inibidora da síntese proteica bacteriana) e doxicilina → pode levar a malformações esqueléticas • As tetraciclinas atravessam a barreira placentária e se depositam nos ossos e dentes, nos locais de ativação da calcificação • São drogas das categorias D durante a gestação e S na lactação − Metronidazol (tem propriedades citotóxicas (de vida curta), interage com o DNA, inibindo a síntese do ácido nucléico, causando a morte da célula) → evitar o uso sistêmico no primeiro trimestre, pois é considerado categoria X − Aminoglicosídeos (ligam-se ao ribossoma bacteriano, inibindo irreversivelmente a síntese proteica) → ototoxiddade e nefrotoxiddade • Estreptomicina e gentamicina → é de categoria D e esta associada a ototoxicidade e nefrotoxicidade • A estreptomicina é considerada droga da categoria D na gestação ANTIFÚNGICOS − Os antifúngicos de uso tópico costumam ser utilizados e não apresentam muitos riscos • Clotrimazol, miconazol, nistatina − Em 2011 FDA incluiu fluconazol na categoria D, embora dose única de 150mg não pareça ser teratogênica, − Griseofulvina (inibe a função dos microtubulos e consequentemente rompe o arranjo do fuso mitótico, inibindo a mitose) • Estudos em animais relatam anomalias do SNC e do sistema esquelético. É considerada droga das categorias C e durante a gestação e NS na lactação • Deve-se preferir outros antifúngicos − Fluconazol (inibe a biossíntese de ergosterol, presente na membrana celular fúngica): Os dados são limitados e demostraram teratogênese associada ao uso contínuo de 400 mg ou mais diariamente no primeiro trimestre. − Itraconazol (inibe a biossíntese de ergosterol, presente na membrana celular fúngica): Como a teratogênese do fluconazol demonstrou ser dose-dependente, recomenda-se não utilizar o itraconazol durante a organogênese HORMÔNIOS − Entre 9 e 14 semanas, os testículos secretam andrógenos, e o feto do sexo masculino desenvolve o fenótipo da genitália externa masculina − Os ovários não secretam andrógenos e, portanto, o feto do sexo feminino continua desenvolvendo o fenótipo feminino, que se completa até 20 semanas − Entre 7 e 12 semanas, os tecidos genitais femininos podem responder à exposição exógena de andrógenos e podem levar à masculinização. Os tecidos continuam a responder à exposição hormonal até 20 Semanas − A exposição a hormônios também afeta áreas do cérebro relacionadas a identidade de gênero, comportamento sexual, níveis de agressividade, entre outros aspectos − Andrógenos • Podem levar a hiperplasia congênita das adrenais, em razão da deficiência congênita de 21- hidroxilase. que impede a formação dos precursores do cortisol • O acúmulo de andrógenos provoca a masculinização da genitália externa feminina e o crescimento anormal da genitália masculina • Os andrógenos são considerados drogas das categorias X na gestação e NS na lactação − Estrógenos • A maioria dos estrógenos não afeta o embrião/feto • Dietilestilbestrol: malformações de corpo e colo uterino, adenose vaginal, defeito das tubas uterinas, criptorquidia, hipoplasia testicular, entre outros o É de categoria X na gestação e NS na lactação − Progestágenos • Os progestágenos formalmente contraindicados na gestação (categoria X) e lactação (categoria NS) são: noretindrona, norgestrel, noretinodrel, levonorgestrel e medroxiprogesterona PATOLOGIAS INFLUENCIADAS/ PROVOCADAS/FREQUENTE S NA GRAVIDEZ QUE PODEM REQUERER USO DE FÁRMACOS CONSTIPAÇÃO NA GRAVIDEZ − Comum na gravidez • Tratamento não farmacológico: aumento da ingestão de fibra e água; Exercício físico − Tratamento farmacológico: • Laxante: docusato (amolecedores do bolo fecal) • Lactulose, sorbitol, bisacodil são aceitáveis (uso ocasional) o Lactulose: é um acidificante no cólon (parte do intestino grosso), o que resulta no aumento quantidade de água no conteúdo do cólon. Isso aumenta a motilidade intestinal e melhora a consistência das fezes o Bisadodil – aumenta motilidade da mucosa intestinal, estimulando a defecação − Deve ser evitado: • Óleo de rícino (possui propriedades emolientes e estimulantes da mucosa intestinal) – pode causar contrações uterinas • Óleo mineral: diminui absorção de vitaminas solúveis em gordura REFLUXO GASTROESOFÁGICO − Ocorre em 50-80% das mulheres − Terapia: • Deve-se buscar modificar a dieta e estilo de vida antes de pensar em introduzir terapia medicamentosa • Refeições com porções pequenas e frequentes • Evitar cafeína, evitar comer 3 horas antes de dormir • Elevar cabeceira da cama, entre outros − Tratamento farmacológico: • Antiácidos (alumínio, cálcio, magnésio – reduzem acidez intestinal, ao neutralizar parte do ácido clorídrico) – TTO complementar o Evitar o bicarbonato de sódio • Anti-histamínicos H2: primeira escolha → mais usado: ranitidina • Pacientes refratários a essa terapia: lansoprazol e metoclopramida o Lansoprazol: inibidor da bomba de prótons (H+, K+) ATPase o Metoclopramida: age antagonizando a dopamina, neurotransmissor que freia a liberação de acetilcolina nas terminações nervosas. Deste modo, com a dopamina bloqueada, ocorre uma maior motilidade e esvaziamento gástrico • Os inibidores da bomba de prótons costumam ser evitados, pois são medicamentos mais novos e não tem tantos estudos quanto ao seu uso na gravidez NÁUSEAS E VÔMITOS − 80% apresentam esse sintoma − Terapia: • Vitamina B6 (Piridoxina) o Modulaa formação e degradação de neurotransmissores envolvidos • Gengibre o Inibe receptores de 5-HT o Pertence a categoria A • Dimenidrinato (Dramin) o Anti-histamínico H1 o Categoria B • Metoclorpramida (Plasil) o Antagonista dopaminérgico o Categoria B • Ondansetrona (Vonau) o Antagonista de receptores serotoninérgicos 5-HT3 o Categoria B o Tem informações limitadas sobre eficácia e segurança o Não deve ser a primeira escolha • Os anti-histamínicos H1 não mostraram associação com malformações congênitas • Meclizina tem categoria B na gestação ECLÂMPSIA − Estudos mostram que aspirina em baixas doses previnem morbidade e mortalidade da pré-eclâmpsia (60- 150mg/dia a partir de 12-16 semanas até o parto) − A suplementação de cálcio ajuda a prevenir transtornos hipertensivos segundo estudos FÁRMACOS CARDIOVASCULARES − Atenolol • Classificação D na gestação • Pode levar a hipoglicemia neonatal e bradicardia − Metoprolol, carvediol, propranolol, diuréticos, nitratos → categoria C − Inibidores da ECA • Podem ter efeito hipotensor e levar a hipoperfusão no feto, provocando hipoperfusão renal, anúria, oligoâmnio, hipoplasia pulmonar e restrição do crescimento • É de categoria D na gestação e S na lactação → uso desaconselhado − Antagonistas dos receptores de angiotensina II • Essas drogas são classificadas nas categorias C no primeiro trimestre da gestação e D no segundo e terceiro trimestres. • Levam as mesmas alterações que os inibidores da ECA − Metildopa • Análogo da DOPA: alfa-metildopa • Agonista de receptores alfa2 • Efeitos adversos: sonolência, sedação, boca seca • Pindolol e metildopa são os fármacos de escolha → categoria B − Diuréticos • Os diuréticos não são normalmente recomendados na gestação por poderem levar a hipovolemia, que pode ter repercussão no crescimento fetal • Entretanto, nas gestantes com hipertensão arterial crônica, a continuação do uso pré- gestacional em doses baixas não parece oferecer riscos SUPLEMENTAÇÃO COM SULFATO DE MAGNÉSIO − O sulfato de magnésio é: • Categoria C • Indicado em casos de pré-eclâmpsia → previne convulsões • Pode-se usar IM ou IV • Contraindicações: o Insuficiência renal o Bloqueio cardíaco ou dano miocárdico o Depressão respiratória TROMBOEMBOLISMO − O tromboembolismo é mais incidente em mulheres acima de 35 anos − Fatores de risco: • Obesidade, histórico familiar − Terapia: • Uso de heparina de baixo peso molecular é tratamento • Uso associado: trombocitopenia − Cumarínicos (varfarina) • Os anticoagulantes cumarínicos tem baixo peso molecular e, por isso, atravessam a membrana placentária • Tem categoria X e pode levar a embriopatias e síndromes hemorrágicas no feto • Pode levar a ossificação prematura, alterações nas vertebras e ossos, hipoplasia nasal, entre outros − A heparina não-fracionada e heparina de baixo peso molecular tem categoria C • A heparina de baixo peso molecular é segura para o feto, pois é composta por moléculas grandes que não atravessam a placenta e pode ser administrada ambulatorialmente • É a droga de escolha para efeito anticoagulante durante gestação • A enoxaparina é droga das categorias B na gestação e S na lactação • A heparina tem sua ação anticoagulante a partir da inativação de fatores de coagulação no fígado − Ácido acetilsalicílico (inibidor irreversível da ciclo- oxigenase, importante na produção de PGD) em doses baixas tem categoria C CONVULSÕES – EPILEPSIA - ANTICONVULSIVANTES − O risco de malformações em gestantes usuárias dessas drogas é de 4-8% − Fatores de risco: doses elevadas e politerapia • Evita-se usar combinação de fármacos para controle das convulsões → recomenda-se monoterapia para diminuir a exposição do feto aos fármacos − Ácido fólico ainda mais necessário para pessoas que usam anticonvulsivantes • Anticonvulsivantes estão associados a defeitos no fechamento do tubo neural e o ácido fólico ajuda a diminuir a incidência dessas malformações − Fármacos: • Lamotrigina (inibição dos canais de sódio e possivelmente de cálcio voltagem dependente. Deste modo a lamotrigina previne a liberação de aminoácidos excitatórios particularmente o glutamato): tem preferência no TTO durante gestação. Essa droga diminui a ação da di- hidrofolato redutase (faz a síntese de ácidos nucleicos e proteínas). É considerada droga das categorias C na gestação e S na lactação • Valproado (aumenta a neurotransmissão GABAérgica, pois aumenta a liberação de GABA e inibe sua degradação) é o mais associado à malformações, principalmente defeitos no tubo neural, dismorfiscos faciais, microcefalia, entre outros. É considerada droga das categorias D na gestação e S na lactação • Fenitoína ( estabiliza a membrana neuronal para a despolarização por diminuir o fluxo do íon sódio nos neurônios no estado de repouso ou durante a despolarização): As malformações associadas à utilização dessa droga constituem a síndrome da fenitoína fetal, caracterizada por: restrição de crescimento, atraso no desenvolvimento, defeitos cardíacos, alterações craniofaciais, etc. → deve ser usada somente se benefício for maior que risco • Carbamazepina (bloqueia canais de Na+ na membrana dos neurônios): as alterações são as mesmas que na fenitoína. É de categoria D na gestação e S na lactação. É um fármaco de segunda escolha no tratamento de convulsões na gestação − As malformações mais comuns são os defeitos faciais e cardíados − O mecanismo de teratogênese dessas drogas parece estar relacionado ao efeito direto na membrana celular, acúmulo de radicais livres, alterações no metabolismo do folato e da vitamina K DOR, FEBRE E INFLAMAÇÃO − Os AINES (inibem COX) podem ser usados no início da gestação, mas são contraindicados após a 37° semana • O paracetamol (acetominofeno) costuma ser a droga de escolha e é segura durante a gestação − Muitos estudos já relacionaram o uso de paracetamol com: • Redução da produção de testosterona no feto humano, podendo levar a problemas no desenvolvimento sexual • Risco de déficit de hiperatividade e espectro autista − O uso de ácido acetilsalicílico (inibidor irreversível da COX) no terceiro trimestre próximo ao termo, pode apresentar sangramento excessivo na mãe e no feto • Doses altas no terceiro trimestre também podem levar ao fechamento do ducto arterioso • Pode haver gastroquise e atresia de intestino − Os analgésicos são classificados nas categorias D, quando utilizados em dose completa no primeiro e terceiro trimestres e S na lactação − Os anti-inflamatórios não hormonais, como ibuprofeno (inibe cox 1 e 2), naproxeno (forte inibidor da cox-1) e cetoprofeno (inibe cox 1 e 2), não são considerados teratogênicos; entretanto, quando utilizados no terceiro trimestre, podem levar ao fechamento precoce do ducto arterioso • Esses anti-inflamatórios são classificados como drogas das categorias B na gestação e S na lactação DOR AGUDA OU CRÔNICA – OPIOIDES − Os opioides são agonistas dos receptores mí (μ) no SNC − Os mais comumente usados são: morfina, codeína, oxicodona e hidrocodona • Esses agentes não foram associados a anomalias congênitas; entretanto, a maioria dos neonatos nascidos de mães em uso crônico dessas drogas apresenta síndrome da abstinência caracterizada por irritabilidade, tremor, disfunção gastrintestinal, depressão respiratória, febre, sucção pobre e convulsões • Se for usado em altas doses próximos ao parto, podem levar a depressão respiratória no recém- nascido • O uso crônico leva a síndrome de abstinência no recém-nascido − Essas drogas são das categorias B na gestação e S na lactação DEPRESSÃO E ANSIEDADE − Tem alta prevalência em mulheres em idade fértil − Os benzodiazepínicos (potencializam a ação inibitória do GABA) são de classe D − Os ISRS(inibidores seletivos da recaptação de serotonina) e ADT são classe C e não parecem provocar malformações, exceto paroxetina • ADT – antidepressivos tricíclicos realizam bloqueio de recaptura de monoaminas, principalmente norepinefrina (NE) e serotonina (5-HT), em menor proporção dopamina (DA) − O fármaco de escolha é a fluoxetina (ISRS) – classe C − IMAO (inibidores da monoaminoxidase - MAO) devem ser evitados pois levam a crise hipertensiva − Os fármacos mais recentes têm poucos estudos sobre seu uso na gravidez − A serotonina pode ajudar na migração neural de neurônios e isso pode levar a algum tipo de deficiência intelectual/neural ESQUIZOFRENIA/PSICOSE − Antipsicóticos típicos ( bloqueiam os receptores dopaminérgicos D2): haloperidol e clorpromazina em doses baixas → categoria C − Antipsicóticos atípicos (bloqueiam receptores dopaminérgicos D2 e serotoninérgicos): dados limitados na literatura → categoria C TRANSTORNO BIPOLAR − Estabilizadores de humor: lítio (risco, ainda que baixo, de malformações cardíacas e tem risco de toxicidade do recém-nascido) → categoria D • Lítio: interfere no metabolismo do inositol trifosfato, responsável pela liberação do cálcio de seus depósitos intracelulares, possivelmente através da inibição de enzimas na rota de formação do inositol − Recebe as mesmas recomendações anteriores sobre anticonvulsivante e antipsicóticos atípicos ANESTÉSICOS GERAIS − Todos os fármacos usados para anestesia geral atravessam a placenta − Eles não demonstraram teratogênese e são de classificação C na gestação − O mais seguro é adiar procedimentos cirúrgicos, se possível, durante a gestação ANESTÉSICOS LOCAIS − Não foram descritas malformações associadas − Pertencem às categorias B na gestação e S na lactação
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