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Farmacologia da gravidez

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FARMACOLOGIA DA 
GRAVIDEZ 
CONCEITOS IMPORTANTES 
− Toxicidade: capacidade de produzir dano a organismos 
vivos, em condições padronizadas de uso 
− Veneno: agente tóxico de origem animal 
− Droga: substância capaz de modificar ou explorar sistema 
fisiológico ou estado patológico 
− Antídoto: substância capaz de antagonizar efeitos 
tóxicos de substâncias 
RISCO E SEGURANÇA 
− Risco: probabilidade de que uma substância produza um 
efeito adverso ou dano, sob condições especificas de 
uso/exposição 
− Maior toxicidade, não necessariamente, implica maior 
risco 
− Segurança: certeza prática de que o xenobiótico não 
causará danos para o individuo exposto a ela em 
quantidades recomendadas de uso 
− Fatores a serem considerados ao prescrever um 
medicamento: 
• Necessidade de uso 
• Alternativas viáveis 
• Considerar situação econômica 
• Estado de saúde 
• Etc 
AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE E DO RISCO 
− Conhecer condições de uso seguro de substâncias 
químicas é fundamental para a saúde humana e 
ambiental 
− Toda substância pode ser tóxica, mas também 
praticamente toda substância pode ser usada de forma 
segura (condições de exposição adequada) 
− Uma substância toxica produz efeitos adversos em 
concentrações mais baixas 
PERIGO X RISCO 
− Perigo: capacidade de uma substância causar um efeito 
adverso → relacionado a toxicidade 
− Risco: probabilidade de um evento nocivo ocorrer, 
devido à exposição a um agente químico 
• Avaliado quantitativamente → porcentagem 
• Avaliado qualitativamente → comparando 
substâncias 
• A avaliação do risco é baseada em conhecimento 
científico 
− Risco = perigo x exposição 
− Segurança: probabilidade de não ocorrência de efeito 
adverso após exposição a uma dose de agente nocivo em 
quantidades recomendadas 
PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE RISCOS 
− Faz-se levantamento e realização de estudos 
epidemiológicos clínicos e toxicológicos 
• Geralmente se usa estudos observacionais para 
isso, mesmo que eles não sejam os melhores a 
serem usados nesses casos. É antiético fazer 
estudos randomizados, por exemplo 
• Faz-se estudos clínicos com animais também para 
avaliar a toxicidade dos agentes químicos 
− Extrapola-se resultados para predizer e estimar o tipo e a 
extensão dos efeitos do agente químico para a saúde 
humana 
− Analisa-se a exposição dos indivíduos a diferentes 
intensidades, vias e durações 
− Avalia-se a existência ou não do problema de saúde → 
incertezas adicionais 
− A comunicação com a população e agentes de saúde é 
fundamental para o bom entendimento dos riscos. Deve-
se suar linguagens adequadas para cada público 
TERATOLOGIA 
− É o estudo dos fatores que alteram o crescimento e 
desenvolvimento pré-natal 
− Utiliza estudos dos fatores não-genéticos 
− Os teratógenos produzem morte celular, alterações do 
processo de crescimento e desenvolvimento de 
estruturas 
− A teratogenicidade depende do agente químico, dose, 
exposição e genótipo materno e fetal 
− Os fatores teratogênicos podem ser: 
• Agentes infecciosos 
• Agentes físicos, principalmente temperatura e 
radiação 
• Drogas e agentes químicos 
• Fatores metabólicos maternos 
 
− OBS: mudanças fisiológicas durante a gravidez podem 
induzir mudanças farmacocinéticas 
• 
− OBS: O ideal durante a medicação na gestação é 
minimizar, sempre que possível, a exposição da mãe e do 
feto a fármacos; quando necessário, deve-se usar 
fármacos que possuam melhor registro de segurança em 
gestantes, sem efeitos adversos sobre o 
desenvolvimento do feto 
 
 
 
CATEGORIAS DA FDA PARA USO DE FÁRMACOS NA 
GESTAÇÃO (1979) 
− A FDA classifica as drogas de acordo com o seu risco 
durante a gestação 
 
• Dificilmente se fazem estudos controlados com 
fármacos em gestantes, por isso, é raro ter um 
fármaco na categoria A 
• A maioria dos fármacos estão concentrados na 
categoria B 
• Na categoria C, geralmente, não há muitos 
estudos mostrando teratogenicidade ou não, 
devendo-se avaliar o risco-benefício 
 
− É importante esclarecer que mesmo drogas sabidamente 
teratogênicas não afetam a grande maioria dos 
indivíduos igualmente 
− O risco de malformações congênitas é de 
aproximadamente 3% e a exposição a uma teratogênica 
aumenta esse risco em cerca de 2% ou no máximo 
duplica-o ou triplica-o 
− Em relação ao uso das drogas durante a amamentação, 
utiliza-se a classificação de Winer 
• S: segura 
• NS: não segura 
• U: sem estudos 
• S?: para drogas em que os estudos são 
conflitantes 
FÁRMACOS / SUBSTÂNCIAS IMPORTANTES DURANTE 
GRAVIDEZ 
ÁCIDO FÓLICO 
− Importante para síntese de ácidos nucleicos 
− Diminui incidência de defeitos no fechamento do tubo 
neural 
• Tubo neural fecha com 4 semanas 
− É suplementado antes e nos primeiros estágios da 
gravidez, reduzindo 50-70% da incidência na gravidez 
− Recomenda-se a ingestão de ~400mcg diárias 
 
 
ÁLCOOL ETÍLICO 
− Considerado um dos maiores problemas de saúde 
publica 
− Frequência e severidade das lesões fetais é dose-
dependente 
− Indicado abstinência de álcool para mulheres gravidas 
− Pode levar a SAF (Síndrome Alcoólica Fetal) 
• A síndrome do álcool fetal (FAS) é identificada por 
alterações das características faciais, 
anormalidades de crescimento da cabeça e do 
corpo e déficits neurológicos 
• OBS: Nem todas as crianças expostas ao álcool no 
útero terão FAS 
• Como essa síndrome pode ter diversos espectros 
e manifestações diferentes, ela é mais bem 
referenciada como distúrbios do espectro do 
álcool fetal (Fetal Alcohol Spectrum Disorders, 
FASD) 
• Os FASDs representam a causa prevenível mais 
comum de deficiência intelectual. Como grupo, 
eles devem responder por até 30% de todas as 
deficiências de desenvolvimento neurológico. 
• Os danos provocados pelo álcool estão 
relacionados à ação específica nas moléculas que 
regulam processos-chave no desenvolvimento, 
como proteínas de adesão celular, álcool 
desidrogenase e catalase 
• Esses danos interferem no desenvolvimento 
precoce dos neurônios serotoninérgicos da linha 
média, interrompem a regulação da sinalização 
para outras estruturas do SNC, alteram os fatores 
tróficos que regulam a neurogênese e a sobrevida 
celular ou provocam morte celular excessiva pelo 
estresse oxidativo ou ativação de proteases 
• Além disso, o álcool pode provocar alterações 
epigenéticas ao longo da vida 
 
− O álcool pode produzir, na mãe, alterações 
hemodinâmicas sistêmicas (aumento da pressão arterial, 
frequência cardíaca, hipóxia, acidose), alterações no 
sistema endócrino (aumento de cortisol, hormônio 
adrenocorticotrófico, vasopressina), aumento da 
reatividade vascular e, ainda, alterações na circulação 
placentária, como alteração da circulação placentária, 
angiogênese e remodelação vascular 
− OBS: o álcool é considerado de categoria X se usado em 
grandes quantidades na gestação 
TABAGISMO 
− Interfere no crescimento fetal 
− Diminuição do peso, comprimento e PC no recém-
nascido 
− Pode levar a aborto, nati ou neomortalidade e 
prematuridade, além de gravidez ectópica, baixo peso ao 
nascer, placenta prévia, descolamento de placenta, entre 
outros defeitos 
− Também leva a diminuição do desenvolvimento 
intelectual 
− O fumo é considerado droga das categorias X na 
gestação e U na lactação 
COCAÍNA 
− Esse alcaloide tem efeito anestésico tópico, vaso· 
constritor local e estimulante do SNC, por meio de ação 
simpaticomimética via dopamina 
− Metabolismo: a cocaína é metabolizada no plasma e no 
fígado, pela colinesterase hepática, em metabólicos 
solúveis em água e depois excretada na urina. O feto não 
tem altos níveis de colinesterase e por isso, é mais 
sensível aos efeitos deletérios da cocaína 
− Consequências: 
• O uso de cocaína durante a gestação foi associado 
ao descolamento prematuro de placenta, 
trabalho de parto prematuro, abortamento, 
restrição de crescimento fetal e malformações 
fetais 
• Pode haver crises hipertensivas e convulsões e o 
feto pode sofrer de síndromede abstinência pela 
retirada da droga após o nascimento 
RETINÓIDES E VITAMINA A 
− Altas doses de vitamina A são associadas a 
malformações. 
− A isotretinoína é um isômero da vitamina A e esta 
associada a altas taxas de abortamento e malformação 
fetal 
• As principais malformações são: cegueira, 
hidrocefalia, defeitos craniofaciais, 
cardiovasculares, entre outros 
• É considerada categoria X na gravidez e NS na 
lactação 
− O período mais sensível na gravidez, quando há uso 
dessas drogas, é da 2-5 semana de concepção 
− O efeito cumulativo dessas drogas, ao longo de semanas 
e meses, leva a um maior risco de malformação após 
parada do uso do fármaco. 
CORTICOIDES 
− Os corticoides são derivados do hormônio cortisol. 
Depois que atravessam a membrana plasmática, se ligam 
a receptores citoplasmáticos que os conduzem até o 
núcleo celular. No núcleo, eles se ligam a segmentos 
específicos do DNA, aumentando ou diminuindo a 
transcrição de moléculas especificas ligadas à modulação 
da inflamação 
− Seu uso é associado ao aumento do risco de 
malformações: fenda palatina 
− É de categoria D no primeiro trimestre 
− Indicação: 
• Fetos entre 24-34 semanas de gestação e com 
risco de parto prematuro 
− Profilaxia: sindrome da dificuldade respiratória do 
recém-nascido 
− Uso: pré-natal: administras IM na gestante → efeitos em 
24 horas 
BETAMETASONA / DEXAMETASONA 
− Ajuda no amadurecimento do pulmão fetal em gestações 
prematuras 
− Estudos experimentais mostraram aumento dos 
pneumócitos tipo II e produção de surfactante 
 
 
ANTIMICROBIANOS 
− Penicilinas e cefalosporinas (inibidores da síntese da 
parede celular) costumam ser consideradas seguras 
(categoria B) 
− Quinolonas (inibidores da enzima bacteriana DNA 
topoisomerase II (girase de DNA) e da DNA 
topoisomerase IV → necessárias para a replicação, 
transcrição, reparo e recombinação do DNA 
microbiano) → evitadas por terem risco de malformação 
das cartilagens 
− Sulfonamidas ( inibidoras competitivas da enzima 
bacteriana sintetase de dihidroperoato – usada para 
síntese de ácido fólico, precursor de DNA e RNA) – pode 
levar a kernicterus (teórico) → categoria D no fim das 
gestações 
• Podem provocar hiperbilirrubinemia se forem 
utilizadas próximo ao termo 
• As sulfonamidas são consideradas drogas das 
categorias C e durante a gestação e categoria U na 
lactação. Recomenda-se não utilizar próximo ao 
parto, por causa do potencial de toxicidade no 
neonato 
− Tetraciclina (inibidora da síntese proteica bacteriana) e 
doxicilina → pode levar a malformações esqueléticas 
• As tetraciclinas atravessam a barreira placentária 
e se depositam nos ossos e dentes, nos locais de 
ativação da calcificação 
• São drogas das categorias D durante a gestação e 
S na lactação 
− Metronidazol (tem propriedades citotóxicas (de vida 
curta), interage com o DNA, inibindo a síntese do ácido 
nucléico, causando a morte da célula) → evitar o uso 
sistêmico no primeiro trimestre, pois é considerado 
categoria X 
− Aminoglicosídeos (ligam-se ao ribossoma bacteriano, 
inibindo irreversivelmente a síntese proteica) → 
ototoxiddade e nefrotoxiddade 
• Estreptomicina e gentamicina → é de categoria D 
e esta associada a ototoxicidade e nefrotoxicidade 
• A estreptomicina é considerada droga da 
categoria D na gestação 
ANTIFÚNGICOS 
− Os antifúngicos de uso tópico costumam ser utilizados e 
não apresentam muitos riscos 
• Clotrimazol, miconazol, nistatina 
− Em 2011 FDA incluiu fluconazol na categoria D, embora 
dose única de 150mg não pareça ser teratogênica, 
− Griseofulvina (inibe a função dos microtubulos e 
consequentemente rompe o arranjo do fuso mitótico, 
inibindo a mitose) 
• Estudos em animais relatam anomalias do SNC e 
do sistema esquelético. É considerada droga das 
categorias C e durante a gestação e NS na lactação 
• Deve-se preferir outros antifúngicos 
− Fluconazol (inibe a biossíntese de ergosterol, presente 
na membrana celular fúngica): Os dados são limitados e 
demostraram teratogênese associada ao uso contínuo de 
400 mg ou mais diariamente no primeiro trimestre. 
− Itraconazol (inibe a biossíntese de ergosterol, presente 
na membrana celular fúngica): Como a teratogênese do 
fluconazol demonstrou ser dose-dependente, 
recomenda-se não utilizar o itraconazol durante a 
organogênese 
HORMÔNIOS 
− Entre 9 e 14 semanas, os testículos secretam andrógenos, 
e o feto do sexo masculino desenvolve o fenótipo da 
genitália externa masculina 
− Os ovários não secretam andrógenos e, portanto, o feto 
do sexo feminino continua desenvolvendo o fenótipo 
feminino, que se completa até 20 semanas 
− Entre 7 e 12 semanas, os tecidos genitais femininos 
podem responder à exposição exógena de andrógenos e 
podem levar à masculinização. Os tecidos continuam a 
responder à exposição hormonal até 20 Semanas 
− A exposição a hormônios também afeta áreas do cérebro 
relacionadas a identidade de gênero, comportamento 
sexual, níveis de agressividade, entre outros aspectos 
− Andrógenos 
• Podem levar a hiperplasia congênita das adrenais, 
em razão da deficiência congênita de 21-
hidroxilase. que impede a formação dos 
precursores do cortisol 
• O acúmulo de andrógenos provoca a 
masculinização da genitália externa feminina e o 
crescimento anormal da genitália masculina 
• Os andrógenos são considerados drogas das 
categorias X na gestação e NS na lactação 
 
− Estrógenos 
• A maioria dos estrógenos não afeta o 
embrião/feto 
• Dietilestilbestrol: malformações de corpo e colo 
uterino, adenose vaginal, defeito das tubas 
uterinas, criptorquidia, hipoplasia testicular, 
entre outros 
o É de categoria X na gestação e NS na lactação 
− Progestágenos 
• Os progestágenos formalmente contraindicados 
na gestação (categoria X) e lactação (categoria NS) 
são: noretindrona, norgestrel, noretinodrel, 
levonorgestrel e medroxiprogesterona 
PATOLOGIAS INFLUENCIADAS/ 
PROVOCADAS/FREQUENTE S NA GRAVIDEZ QUE 
PODEM REQUERER USO DE FÁRMACOS 
CONSTIPAÇÃO NA GRAVIDEZ 
− Comum na gravidez 
• Tratamento não farmacológico: aumento da 
ingestão de fibra e água; Exercício físico 
− Tratamento farmacológico: 
• Laxante: docusato (amolecedores do bolo fecal) 
• Lactulose, sorbitol, bisacodil são aceitáveis (uso 
ocasional) 
o Lactulose: é um acidificante no cólon (parte 
do intestino grosso), o que resulta no 
aumento quantidade de água no conteúdo 
do cólon. Isso aumenta a motilidade 
intestinal e melhora a consistência das fezes 
o Bisadodil – aumenta motilidade da mucosa 
intestinal, estimulando a defecação 
− Deve ser evitado: 
• Óleo de rícino (possui propriedades emolientes e 
estimulantes da mucosa intestinal) – pode causar 
contrações uterinas 
• Óleo mineral: diminui absorção de vitaminas 
solúveis em gordura 
REFLUXO GASTROESOFÁGICO 
− Ocorre em 50-80% das mulheres 
− Terapia: 
• Deve-se buscar modificar a dieta e estilo de vida 
antes de pensar em introduzir terapia 
medicamentosa 
• Refeições com porções pequenas e frequentes 
• Evitar cafeína, evitar comer 3 horas antes de 
dormir 
• Elevar cabeceira da cama, entre outros 
− Tratamento farmacológico: 
• Antiácidos (alumínio, cálcio, magnésio – reduzem 
acidez intestinal, ao neutralizar parte do ácido 
clorídrico) – TTO complementar 
o Evitar o bicarbonato de sódio 
• Anti-histamínicos H2: primeira escolha → mais 
usado: ranitidina 
• Pacientes refratários a essa terapia: lansoprazol 
e metoclopramida 
o Lansoprazol: inibidor da bomba de 
prótons (H+, K+) ATPase 
o Metoclopramida: age antagonizando a 
dopamina, neurotransmissor que freia a 
liberação de acetilcolina nas 
terminações nervosas. Deste modo, 
com a dopamina bloqueada, ocorre uma 
maior motilidade e esvaziamento 
gástrico 
• Os inibidores da bomba de prótons costumam ser 
evitados, pois são medicamentos mais novos e 
não tem tantos estudos quanto ao seu uso na 
gravidez 
NÁUSEAS E VÔMITOS 
− 80% apresentam esse sintoma 
− Terapia: 
• Vitamina B6 (Piridoxina) 
o Modulaa formação e degradação de 
neurotransmissores envolvidos 
• Gengibre 
o Inibe receptores de 5-HT 
o Pertence a categoria A 
• Dimenidrinato (Dramin) 
o Anti-histamínico H1 
o Categoria B 
• Metoclorpramida (Plasil) 
o Antagonista dopaminérgico 
o Categoria B 
• Ondansetrona (Vonau) 
o Antagonista de receptores serotoninérgicos 
5-HT3 
o Categoria B 
o Tem informações limitadas sobre eficácia e 
segurança 
o Não deve ser a primeira escolha 
• Os anti-histamínicos H1 não mostraram 
associação com malformações congênitas 
• Meclizina tem categoria B na gestação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ECLÂMPSIA 
− Estudos mostram que aspirina em baixas doses previnem 
morbidade e mortalidade da pré-eclâmpsia (60-
150mg/dia a partir de 12-16 semanas até o parto) 
− A suplementação de cálcio ajuda a prevenir transtornos 
hipertensivos segundo estudos 
FÁRMACOS CARDIOVASCULARES 
 
− Atenolol 
• Classificação D na gestação 
• Pode levar a hipoglicemia neonatal e bradicardia 
− Metoprolol, carvediol, propranolol, diuréticos, nitratos 
→ categoria C 
− Inibidores da ECA 
• Podem ter efeito hipotensor e levar a hipoperfusão 
no feto, provocando hipoperfusão renal, anúria, 
oligoâmnio, hipoplasia pulmonar e restrição do 
crescimento 
• É de categoria D na gestação e S na lactação → uso 
desaconselhado 
− Antagonistas dos receptores de angiotensina II 
• Essas drogas são classificadas nas categorias C no 
primeiro trimestre da gestação e D no segundo e 
terceiro trimestres. 
• Levam as mesmas alterações que os inibidores da 
ECA 
− Metildopa 
• Análogo da DOPA: alfa-metildopa 
• Agonista de receptores alfa2 
• Efeitos adversos: sonolência, sedação, boca seca 
• Pindolol e metildopa são os fármacos de escolha 
→ categoria B 
− Diuréticos 
• Os diuréticos não são normalmente 
recomendados na gestação por poderem levar a 
hipovolemia, que pode ter repercussão no 
crescimento fetal 
• Entretanto, nas gestantes com hipertensão 
arterial crônica, a continuação do uso pré-
gestacional em doses baixas não parece oferecer 
riscos 
 
 
 
SUPLEMENTAÇÃO COM SULFATO DE MAGNÉSIO 
 
− O sulfato de magnésio é: 
• Categoria C 
• Indicado em casos de pré-eclâmpsia → previne 
convulsões 
• Pode-se usar IM ou IV 
• Contraindicações: 
o Insuficiência renal 
o Bloqueio cardíaco ou dano miocárdico 
o Depressão respiratória 
TROMBOEMBOLISMO 
− O tromboembolismo é mais incidente em mulheres 
acima de 35 anos 
− Fatores de risco: 
• Obesidade, histórico familiar 
− Terapia: 
• Uso de heparina de baixo peso molecular é 
tratamento 
• Uso associado: trombocitopenia 
− Cumarínicos (varfarina) 
• Os anticoagulantes cumarínicos tem baixo peso 
molecular e, por isso, atravessam a membrana 
placentária 
• Tem categoria X e pode levar a embriopatias e 
síndromes hemorrágicas no feto 
• Pode levar a ossificação prematura, alterações 
nas vertebras e ossos, hipoplasia nasal, entre 
outros 
− A heparina não-fracionada e heparina de baixo peso 
molecular tem categoria C 
• A heparina de baixo peso molecular é segura para 
o feto, pois é composta por moléculas grandes 
que não atravessam a placenta e pode ser 
administrada ambulatorialmente 
• É a droga de escolha para efeito anticoagulante 
durante gestação 
• A enoxaparina é droga das categorias B na 
gestação e S na lactação 
• A heparina tem sua ação anticoagulante a partir 
da inativação de fatores de coagulação no fígado 
− Ácido acetilsalicílico (inibidor irreversível da ciclo-
oxigenase, importante na produção de PGD) em doses 
baixas tem categoria C 
 
 
CONVULSÕES – EPILEPSIA - ANTICONVULSIVANTES 
− O risco de malformações em gestantes usuárias dessas 
drogas é de 4-8% 
− Fatores de risco: doses elevadas e politerapia 
• Evita-se usar combinação de fármacos para 
controle das convulsões → recomenda-se 
monoterapia para diminuir a exposição do feto 
aos fármacos 
− Ácido fólico ainda mais necessário para pessoas que 
usam anticonvulsivantes 
• Anticonvulsivantes estão associados a defeitos no 
fechamento do tubo neural e o ácido fólico ajuda 
a diminuir a incidência dessas malformações 
− Fármacos: 
• Lamotrigina (inibição dos canais de sódio e 
possivelmente de cálcio voltagem dependente. 
Deste modo a lamotrigina previne a liberação de 
aminoácidos excitatórios particularmente o 
glutamato): tem preferência no TTO durante 
gestação. Essa droga diminui a ação da di-
hidrofolato redutase (faz a síntese de ácidos 
nucleicos e proteínas). É considerada droga das 
categorias C na gestação e S na lactação 
• Valproado (aumenta a neurotransmissão 
GABAérgica, pois aumenta a liberação de GABA 
e inibe sua degradação) é o mais associado à 
malformações, principalmente defeitos no tubo 
neural, dismorfiscos faciais, microcefalia, entre 
outros. É considerada droga das categorias D na 
gestação e S na lactação 
• Fenitoína ( estabiliza a membrana neuronal para 
a despolarização por diminuir o fluxo do íon 
sódio nos neurônios no estado de repouso ou 
durante a despolarização): As malformações 
associadas à utilização dessa droga constituem a 
síndrome da fenitoína fetal, caracterizada por: 
restrição de crescimento, atraso no 
desenvolvimento, defeitos cardíacos, alterações 
craniofaciais, etc. → deve ser usada somente se 
benefício for maior que risco 
• Carbamazepina (bloqueia canais de Na+ na 
membrana dos neurônios): as alterações são as 
mesmas que na fenitoína. É de categoria D na 
gestação e S na lactação. É um fármaco de 
segunda escolha no tratamento de convulsões na 
gestação 
− As malformações mais comuns são os defeitos faciais e 
cardíados 
− O mecanismo de teratogênese dessas drogas parece 
estar relacionado ao efeito direto na membrana celular, 
acúmulo de radicais livres, alterações no metabolismo do 
folato e da vitamina K 
 
 
 
 
 
 
 
DOR, FEBRE E INFLAMAÇÃO 
− Os AINES (inibem COX) podem ser usados no início da 
gestação, mas são contraindicados após a 37° semana 
• O paracetamol (acetominofeno) costuma ser a 
droga de escolha e é segura durante a gestação 
− Muitos estudos já relacionaram o uso de paracetamol 
com: 
• Redução da produção de testosterona no feto 
humano, podendo levar a problemas no 
desenvolvimento sexual 
• Risco de déficit de hiperatividade e espectro 
autista 
− O uso de ácido acetilsalicílico (inibidor irreversível da 
COX) no terceiro trimestre próximo ao termo, pode 
apresentar sangramento excessivo na mãe e no feto 
• Doses altas no terceiro trimestre também podem 
levar ao fechamento do ducto arterioso 
• Pode haver gastroquise e atresia de intestino 
− Os analgésicos são classificados nas categorias D, quando 
utilizados em dose completa no primeiro e terceiro 
trimestres e S na lactação 
− Os anti-inflamatórios não hormonais, como ibuprofeno 
(inibe cox 1 e 2), naproxeno (forte inibidor da cox-1) e 
cetoprofeno (inibe cox 1 e 2), não são considerados 
teratogênicos; entretanto, quando utilizados no terceiro 
trimestre, podem levar ao fechamento precoce do ducto 
arterioso 
• Esses anti-inflamatórios são classificados como 
drogas das categorias B na gestação e S na 
lactação 
DOR AGUDA OU CRÔNICA – OPIOIDES 
− Os opioides são agonistas dos receptores mí (μ) no SNC 
− Os mais comumente usados são: morfina, codeína, 
oxicodona e hidrocodona 
• Esses agentes não foram associados a anomalias 
congênitas; entretanto, a maioria dos neonatos 
nascidos de mães em uso crônico dessas drogas 
apresenta síndrome da abstinência caracterizada 
por irritabilidade, tremor, disfunção 
gastrintestinal, depressão respiratória, febre, 
sucção pobre e convulsões 
• Se for usado em altas doses próximos ao parto, 
podem levar a depressão respiratória no recém-
nascido 
• O uso crônico leva a síndrome de abstinência no 
recém-nascido 
− Essas drogas são das categorias B na gestação e S na 
lactação 
DEPRESSÃO E ANSIEDADE 
− Tem alta prevalência em mulheres em idade fértil 
− Os benzodiazepínicos (potencializam a ação inibitória 
do GABA) são de classe D 
− Os ISRS(inibidores seletivos da recaptação de 
serotonina) e ADT são classe C e não parecem provocar 
malformações, exceto paroxetina 
• ADT – antidepressivos tricíclicos realizam 
bloqueio de recaptura de monoaminas, 
principalmente norepinefrina (NE) e serotonina 
(5-HT), em menor proporção dopamina (DA) 
− O fármaco de escolha é a fluoxetina (ISRS) – classe C 
− IMAO (inibidores da monoaminoxidase - MAO) devem 
ser evitados pois levam a crise hipertensiva 
− Os fármacos mais recentes têm poucos estudos sobre seu 
uso na gravidez 
− A serotonina pode ajudar na migração neural de 
neurônios e isso pode levar a algum tipo de deficiência 
intelectual/neural 
ESQUIZOFRENIA/PSICOSE 
− Antipsicóticos típicos ( bloqueiam os receptores 
dopaminérgicos D2): haloperidol e clorpromazina em 
doses baixas → categoria C 
− Antipsicóticos atípicos (bloqueiam receptores 
dopaminérgicos D2 e serotoninérgicos): dados limitados 
na literatura → categoria C 
TRANSTORNO BIPOLAR 
− Estabilizadores de humor: lítio (risco, ainda que baixo, de 
malformações cardíacas e tem risco de toxicidade do 
recém-nascido) → categoria D 
• Lítio: interfere no metabolismo do inositol 
trifosfato, responsável pela liberação do cálcio de 
seus depósitos intracelulares, possivelmente 
através da inibição de enzimas na rota de 
formação do inositol 
− Recebe as mesmas recomendações anteriores sobre 
anticonvulsivante e antipsicóticos atípicos 
ANESTÉSICOS GERAIS 
− Todos os fármacos usados para anestesia geral 
atravessam a placenta 
− Eles não demonstraram teratogênese e são de 
classificação C na gestação 
− O mais seguro é adiar procedimentos cirúrgicos, se 
possível, durante a gestação 
ANESTÉSICOS LOCAIS 
− Não foram descritas malformações associadas 
− Pertencem às categorias B na gestação e S na lactação

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