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Resumo Trabalho de Parto e Assitência

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Resumo – Prova Maternidade (por Duda) 
Fases clínicas do parto 
Parturição 
O parto é caracterizado por contrações das fi-
bras miometriais, responsáveis por causar a dila-
tação cervical e a expulsão do feto. Antes do início 
dessas contrações, o útero sofre modificações fi-
siológicas e bioquímicas locais, além do aumento 
da frequência de contrações indolores (de Brax-
ton Hicks), até o verdadeiro trabalho de parto ser 
deflagrado. 
A quiescência é a primeira fase. Ela é caracte-
rizada por relativa resposta a agentes que deter-
minam a contractilidade uterina. Inicia-se com a 
implantação do zigoto e perdura por quase toda a 
gestação. Apresenta apenas poucas contrações, 
que não modificam a estrutura cervical nem cau-
sam dilatação do colo uterino. 
A segunda fase chama-se ativação e é a res-
ponsável por preparar o útero e o canal cervical 
para o trabalho de parto (6 a 8 semanas). Resulta 
em algumas modificações cervicais e na descida 
do fundo uterino. 
A estimulação é dividida em dilatação, expul-
são e dequitação. Seu fenômeno mais importante 
são as contrações uterinas efetivas, que, para 
adequado trabalho de parto, devem possuir fre-
quência regular de 2 a 5 contrações a cada 10 mi-
nutos, intensidade entre 20 e 60mmHg e duração 
de 30 a 90 segundos. 
A última e quarta fase é a involução, consis-
tindo no retorno ao estado pré-gravídico (após de-
quitação). Ocorre contração persistente que pro-
move a involução uterina. 
Fases clínicas do parto 
A dilatação inicia-se com as primeiras contra-
ções dolorosas, que causam a modificação da 
cérvix, e termina com a dilatação completa do 
colo uterino (10 cm). A modificação da cérvix cau-
sada por esse estágio consiste em dois processos 
distintos: o esvaecimento cervical e a dilatação 
propriamente dita. Em primíparas, ocorre primeiro 
o esvaecimento cervical de cima para baixo se-
guida da dilatação do orifício externo. Já em mul-
típaras, esses eventos ocorrem simultaneamente. 
 
O esvaecimento ou apagamento do canal cer-
vical é a incorporação do colo à cavidade uterina, 
que resulta na formação de um degrau ao centro 
da abóbada cervical. Esse é um processo ativo 
que culmina de alterações químicas, como a fra-
gmentação e redisposição das fibras de colágeno 
e a alteração na concentração de glicosaminogli-
canas. 
Próximo ao termo, há aumento do infiltrado in-
flamatório no canal cervical, causando mudanças 
locais que promovem a maturação cervical e a lise 
das fibras de colágeno. A progesterona possui 
ação anti-inflamatória, o que pode ter relação 
com seu efeito inibidor sobre o esvaecimento cer-
vical. Desse mesmo modo, drogas antiprogeste-
rona, como a RU-486, causam esvaecimento cer-
vical em qualquer época da gestação. 
A dilatação do orifício externo do colo busca 
ampliar o canal de parto e completar a continui-
dade entre útero e vagina. Conforme a dilatação 
cervical progride, cria-se um espaço entre o polo 
cefálico e as membranas ovulares, a bolsa das 
águas. 
2 
 
 
Essa bolsa é uma coleção de líquido amniótico 
com função de auxiliar as contrações uterinas no 
deslocamento do istmo. Ela se forma no polo in-
ferior do ovo no decorrer do trabalho de parto e 
sua rotura causa saída parcial do líquido quando 
há pelo menos 6 cm de dilatação (rotura opor-
tuna). Sua rotura pode ser ainda precoce (no início 
do trabalho de parto, com menos de 6 cm) ou tar-
dia (8 cm ou mais de dilatação). 
É chamado de nascimento de feto empelicado 
quando há rotura contemporânea à expulsão do 
feto. Quando ocorre rotura das membranas ovula-
res antes do trabalho de parto é chamada de am-
niorrexe prematura – o termo “bolsa rota” está er-
rado, pois a bolsa das águas forma-se apenas du-
rante o trabalho de parto. 
A dilatação é compreendida em uma fase la-
tente e um fase ativa. Na fase latente, ocorrem 
contrações mais eficazes, porém sem determinar 
modificações significativas na dilatação cervical. 
Esse período dura cerca de 8 horas, sendo que a 
evolução e a duração da dilatação dependem das 
modificações que ocorrem nas duas semanas que 
precedem o parto. É considerada prolongada se 
superior a 20 horas em primíparas e 14 horas em 
multíparas. 
 
A fase ativa tem início com 4 centímetros de di-
latação cervical, durando cerca de 6 horas em pri-
míparas e 3 horas em multíparas. Ela é subdividida 
em 3 estágios: na aceleração, a velocidade de di-
latação começa a se modificar e a curva sobre; na 
dilatação ou aceleração máxima, ela passa de 2 a 
3 centímetros para 8 a 9; e a desaceleração pre-
cede a dilatação completa. 
Diagnóstico do trabalho de parto: contrações 
uterinas com pelo menos 2 a cada 10 minutos, mí-
nimo de 2 centímetros de dilatação e presença de 
esvaecimento e/ou modificações progressivas 
do colo uterino. 
Na expulsão, o feto é expelido do útero pelo 
canal de parto em decorrência tanto das contra-
ções uterinas quanto das contrações voluntárias 
dos músculos abdominais (puxos). Nela ocorre a 
maioria dos fenômenos mecânicos do parto. O ca-
nal de parto está formado quando o canal cervical 
totalmente dilatado e a vagina são uma única ca-
vidade. Inicia-se com a dilatação completa e ter-
mina com a saída do feto. 
Com a dilatação completada, o útero encon-
tra-se imobilizado pela ação de contenção dos li-
gamentos largos lateralmente, do redondo supe-
riormente e do uterossacro posteriormente. A re-
sultante da força das contrações miometriais con-
verge sobre o orifício interno do colo uterino, con-
tra o qual a apresentação fetal é impelida. 
A descida do polo cefálico descreve uma curva 
logarítmica, possuindo uma fase pélvica e uma 
perineal. Na primeira, há dilatação completa do 
colo uterino e apresentação acima do plano +3 de 
De Lee. Na segunda, a cabeça encontra-se ro-
dada e em plano inferior ao +3 de De Lee. 
 
A duração da expulsão é determinada pela 
proporção cefalopélvica e pela eficiência contrátil 
3 
 
do útero e da musculatura abdominal. Dura cerca 
de 30 minutos em multíparas e 60 minutos em pri-
míparas. É considerado prolongado se superior a 
3 horas com analgesia e a 2 horas sem em primí-
paras e se superior a 2 hora com e 1 hora sem 
analgesia em multíparas. 
A dequitação, também chamada de secunda-
mento ou dequitadura, é o período em que o útero 
expele a placenta e as membranas após o nasci-
mento do feto. Após o deslocamento de seu leito 
uterino, em virtude do menor volume uterino após 
a expulsão fetal e das contrações uterinas vigoro-
sas e indolores, a placenta desce através do canal 
de parto e é expelida pela rima vulvar. 
No deslocamento central, que é mais fre-
quente, a primeira face a ser visualizada na rima é 
a fetal. Caso haja sangramento, esse ocorre pos-
terior à expulsão da placenta. Já no deslocamento 
marginal ou periférico, menos comum, a primeira 
face a ser visualizada é a materna, havendo esco-
amento de sangue antes da total expulsão. 
Ocorre de 10 minutos a 1 hora após o parto, 
sendo fisiológico até no máximo de 20 a 30 minu-
tos, acontecendo em 80% dos casos nos primeiros 
10 minutos. 
 
A primeira hora pós-parto, indevidamente 
chamada de 4º período de Greenberg, ocorre 
imediatamente após a dequitação, sendo a pri-
meira hora do puerpério. Compreende a estabili-
zação dos sinais vitais maternos e a hemostasia 
uterina. Apresenta eventos de miotamponamento 
e de trombotamponamento, indiferença mioute-
rina e contração uterina fixa que a segue. 
A diminuição do volume uterino causa angula-
ção das artérias e consequente diminuição da 
perfusão uterina. A contração do útero (ligaduras 
vivas ou globo vivo de Pinard) gera oclusão dos 
vasos miometriais, caracterizando o miotampona-
mento. O trombotamponamento é a segunda linha 
de defesa contra hemorragia e consiste na forma-
ção nos grandes vasos placentários. 
Chama-se indiferença miouterina o estado de 
contração e relaxamento das fibras miometriais na 
primeira hora pós-parto. Isso permite o enchi-
mento e o esvaziamento de sangue no interior do 
útero. A hemostasia
depende do trombotampo-
namento. Esse estado pode ser prolongado em 
grandes multíparas ou em caso de distensão ex-
cessiva do útero, como gestações múltiplas, fetos 
macrossômicos e polidrâmnio. 
A contração uterina fixa ocorre com o fim 
desse período, cerca de 1 hora depois. O aumento 
do tônus mantém a hemostasia pós-parto, le-
vando ao retorno do útero ao estado pré-graví-
dico. 
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Mecanismo do parto 
É o conjunto de movimentos e fenômenos ati-
vos e passivos do feto durante sua passagem pelo 
canal de parto. Ele depende da relação entre as 
características de forma e tamanho da pelve ma-
terna e as do produto conceptual. As contrações 
uterinas são a força motriz do trabalho de parto. 
As apresentações cefálicas fletidas com varie-
dade de posição anterior são as mais comuns e as 
com melhores características para a progressão 
do mecanismo de parto. Os outros tipos de apre-
sentação fetal são considerados anômalos, pois 
são causas de parto distócico, no qual há bloqueio 
físico à passagem do feto pela bacia. Entretanto, 
eles não são necessariamente impedimento para 
o parto vaginal. A distocia pode ser resultante de 
mais de um fator (contrações, bacia e feto), desse 
modo, a apresentação fetal é limitante, mas nem 
sempre determinante de um parto de difícil pro-
gressão. 
A situação longitudinal é a única condição pos-
sível de descrever o mecanismo de parto. Situa-
ções transversais e todas as apresentações cór-
micas impossibilitam o parto vaginal, sendo ne-
cessário outro tipo de abordagem. 
4 
 
Relações útero-fetais 
Atitude 
Depende da disposição dos membros e da co-
luna vertebral. Na maioria das vezes, há flexão ge-
neralizada durante toda gestação e parto, ge-
rando aspecto oval com extremidades cefálica e 
pélvica. Em situações anômalas, pode haver ex-
tensão da coluna vertebral com deflexão do polo 
cefálico, gerando apresentações defletidas de 1º, 
2º e 3º grau. A ausência persistente de flexão de to-
dos os membros é anormal e pode indicar sofri-
mento fetal grave por perda de tônus muscular. 
Situação 
É a relação entre o maior eixo da cavidade ute-
rina e o maior eixo fetal. Existem três possibilida-
des: longitudinal, transversal e oblíqua. 
Apresentação 
É a região fetal que ocupa a área do estreito 
superior (1ª passagem óssea materna) e nela vai 
se insinuar. Para existir apresentação, o volume da 
região fetal deve ser capaz de encontrar obstá-
culo na sua passagem pelo canal pelvigenital. Em 
virtude disso, não há apresentação antes do 6º 
mês gestacional, uma vez que o diâmetro é muito 
inferior ao da bacia. 
Com situação longitudinal, existem as apre-
sentações cefálica e pélvica. Já com situação 
transversal, têm-se as apresentações córmica 
(dorso anterior ou posterior) e dorsal1 (superior ou 
inferior). Na gestação a termo, a situação longitu-
dinal é muito mais frequente. 
Denomina-se procidência ou prolapso quando 
uma parte fetal menor, como um membro, se an-
tepõe à apresentação durante o trabalho de parto. 
A laterocidência, ou apresentação composta, por 
sua vez é quando a pequena parte fetal desce ao 
lado e junto a um dos polos fetais. 
A atitude fisiológica da cabeça fetal é flexio-
nada, com o mento aconchegado ao esterno, que 
compreende a apresentação cefálica fletida, de 
vértice ou de occipício. Entretanto, a cabeça pode 
estar em extensão ou defletida, determinada em 
graus variados: 
 
1 Extremamente mais raras. 
o 1º grau de deflexão: bregma como ponto de 
referência fetal no centro da área do estreito 
superior (apresentação de bregma). 
o 2º grau de deflexão: glabela como ponto de 
referência fetal (apresentação de fronte). 
o 3º grau de deflexão: mento como ponto de 
referência fetal (apresentação de face). 
Nas apresentações pélvicas, a atitude fisioló-
gica do polo pélvico (apresentação pélvica com-
pleta) é com as coxas fletidas e aconchegadas no 
abdome e com as pernas fletidas junto a elas. 
Existem ainda: 
o Modo de nádegas (ou agripina): membros in-
feriores estirados e rebatidos de encontro à 
parede ventral do feto. 
o Modo de joelhos ou de pés: pequenas partes 
fetais não são capazes de comprimir o colo 
uterino durante o trabalho de parto – são pro-
cidências, procúbitos. 
Posição e variedade de posição 
A posição fetal é a relação do dorso fetal com 
o lado materno, podendo ser esquerda (1ª posi-
ção) ou direita (2ª posição). A finalidade em deter-
minar a posição fetal é buscar a melhor localiza-
ção para a ausculta cardíaca fetal durante o traba-
lho de parto, que costuma ser ipsilateral ao seu 
lado do dorso. A exceção são as apresentações 
cefálicas defletidas em 3º grau, nas quais os bati-
mentos são mais nítidos na face anterior do tronco 
do concepto. 
 
5 
 
São utilizadas 3 letras como nomenclatura de-
finidora de apresentação, posição e variedade de 
posição fetais. A primeira letra2 diz respeito ao 
ponto de referência da apresentação fetal, a se-
gunda3 refere-se ao lado materno para o qual está 
voltado o ponto de referência fetal (posição) e a 
terceira4 é a variedade de posição, ou seja, con-
forme o feto esteja voltado para o ponto de refe-
rência óssea da bacia materna (rotação do feto). 
Apresentação 
Ponto de 
reparo 
Ponto de 
referência 
Linha de 
orientação 
Cefálica fletida 
Fontanela 
lambdoide 
Occipício S. sagital 
Cefálica defle-
tida de 1º grau 
Ângulo poste-
rior da fonta-
nela bregmá-
tica 
Bregma 
S. sagitome-
tópica 
Cefálica defle-
tida de 2º grau 
Raiz do nariz ou 
glabela 
Naso S. metópica 
Cefálica defle-
tida de 3º grau 
Mento Mento Linha facial 
Pélvica Cóccix Sacro S. interglúteo 
O toque vaginal durante o trabalho de parto 
busca identificar a variedade de posição, que con-
siste na relação entre pontos de reparo5 maternos 
e fetais. Para determinar corretamente a varie-
dade de posição, é necessário diferenciar a fonta-
nela lambdoide (Y) e a fontanela bregmática (lo-
sango). 
 
 
2 O (occipício), B (bregma), N (naso), M (mento), S (sacro) ou A 
(acrômio). 
3 D (direita) ou E (Esquerda), a última sendo geralmente mais 
frequente. 
Apresentação cefálica fletida 
Em termos gerais, divide-se o mecanismo de 
parto em 6 tempos. Essa divisão é puramente di-
dática, uma vez que esses tempos se sobrepõem 
continuamente. 
Insinuação 
É a passagem do maior diâmetro da parte fetal 
apresentada pelo estreito superior. Nas apresen-
tações cefálicas, o maior diâmetro é o biparietal, 
enquanto nas pélvicas é o bitrocantérico. Na mai-
oria das mulheres, quando a parte fetal apresen-
tada está insinuada, o ponto de referência ósseo 
fetal está no nível das espinhas isquiáticas mater-
nas (plano 0 de De Lee ou 3º plano de Hodge). São 
exceções as mulheres com pelve muito rasa ou 
muito profunda. 
 
A presença de insinuação indica que o estreito 
superior é adequado à passagem do feto. Nessas 
apresentações, ela varia conforme o tipo de bacia, 
porém em 60% das vezes o feto orienta-se de tal 
forma a direcionar a sutura sagital no diâmetro 
transverso. 
A cabeça fetal inicia em atitude indiferente ou 
semifletida, oferecendo o diâmetro occipitofrontal 
4 A (anterior – eminência ileopectínea), T (transversa – extre-
midade do plano transverso), P (posterior ou púbis – sinostose 
sacroilíaca) ou S (sacro – materno). 
5 Pontos de reparo são acidentes ósseos reais; pontos de refe-
rência são convenções para nomear os pontos de reparo. 
6 
 
(cerca de 12cm). Com o prosseguimento das con-
trações, há exagero da flexão, oferecendo diâme-
tros menores, como suboccipitofrontal (10,5 cm) e 
o suboccipitobregmático (9,5 cm). Desse modo, a 
articulação entre a cabeça e a coluna cervical fun-
cional como alavanca (Teoria de Zweifel). Em pri-
migestas, a insinuação ocorre 15 dias antes do 
parto. Em multíparas, ela pode ocorrer a qualquer 
momento, desde antes do trabalho de parto até
após a dilatação completa. 
 
Assinclitismo e sinclitismo 
A articulação da cabeça com a coluna vertebral 
do feto é bastante móvel, permitindo também o 
movimento de flexão lateral do polo cefálico. Du-
rante a insinuação, um dos ossos parietais atra-
vessará o estreito superior antes do outro. 
 
No assinclitismo posterior (A), a sutura sagital se 
aproxima da pube e o parietal posterior desce até 
ultrapassar o promontório materno (obliquidade 
Litzmann). No anterior (C), a sutura sagital está 
mais próxima do sacro e o parietal anterior encon-
tra-se mais baixo (obliquidade de Näegele). 
Durante o trabalho de parto, há um momento (“ali-
nhamento”) em que o parietal insinuado ultra-
passa o ponto de referência da bacia óssea e, com 
o aumento da área abaixo do estreito superior, é 
possível mover lateralmente o polo cefálico. Isso 
traz a sutura sagital à mesma distância entre o pú-
bis e o promontório, e a cabeça fica em sinclitismo 
(B) nesse momento. 
Em jovens primíparas, a cabeça fetal mostra-se 
mais frequentemente em assinclitismo posterior 
em decorrência das contrações uterinas e da 
prensa abdominal. Com a progressão fetal, há mu-
danças sucessivas de assinclitismo posterior a an-
terior, facilitando a descida. Nas multíparas com 
musculatura abdominal flácida, o útero perma-
nece em anteroversão, favorecendo o assincli-
tismo anterior. 
Moderados graus de assinclitismo são normais 
durante o trabalho de parto vaginal. Em casos de 
desproporção cefalopélvica, ele é acentuado du-
rante todo o período de descida e pode impedir a 
rotação interna, causando distocia de rotação. 
São mecanismos de insinuação a flexão, o assin-
clitismo e o cavalgamento. Esse último visa dimi-
nuir as dimensões do polo cefálico: os maciços 
frontal e occipital se locam por baixo dos parietais 
e a borda interna de um deles se sobrepõe à outra. 
Descida 
Também chamada de progressão, a descida é 
o 2º tempo do mecanismo de parto e trata-se da 
passagem do polo cefálico do estreito superior 
para o inferior. Enquanto a descida está ocor-
rendo, a insinuação pode não ter ocorrido ainda e 
a rotação está acontecendo concomitantemente. 
O esquema de De Lee é composto de planos ditos 
em centímetros a partir das espinhas isquiáticas: 
insinuada no plano 0 e baixa em +4 ou +5, já aflo-
rando na vulva. 
O canal de parto possui a forma de “J”. Em pri-
míparas, a descida não ocorre até a cervicodilata-
ção completa, mesmo que a insinuação possa 
ocorrer antes do desencadeamento do trabalho 
de parto. Multíparas, por sua vez, apresentam usu-
almente a descida antes da insinuação. 
Um ou mais fatores podem contribuir com a 
descida, sendo eles a contração uterina, a contra-
ção dos músculos abdominais, a pressão do lí-
quido amniótico e a extensão do ovoide fetal. 
Rotação interna 
Tem por objetivo coincidir o diâmetro antero-
posterior com o maior diâmetro da bacia materna, 
isso porque no estreito superior o maior diâmetro 
é o transverso e no inferior é o anteroposterior. 
Durante a descida, há rotação para colocar o polo 
cefálico sob o púbis, realizando o movimento de 
espira. Desse modo, a sutura sagital fica orientada 
na direção do maior diâmetro do estreito inferior, 
isto é, o anteroposterior. 
7 
 
A rotação normalmente traz o ponto de refe-
rência fetal para frente, junto ao púbis (rotação an-
terior ou púbica). Excepcionalmente, roda-o para 
trás (rotação posterior ou sacra), sendo mais co-
mum em variedades de posição anterior. Isso faz 
com que o ponto de referência fetal fique na re-
gião sacral da bacia materna, tornando o despren-
dimento cefálico mais difícil e moroso. 
Nas apresentações cefálicas fletidas, há maior 
flexão da cabeça fetal no sentido anteroposterior 
e da coluna vertebral lateralmente. A importância 
da integridade dos músculos perineais se prova 
pela maior incidência de variedades e rotações 
posteriores em multíparas. 
Com exceção de fetos muito pequenos, a rota-
ção interna é essencial para que ocorra ultimação 
do parto. Os principais fatores que impedem a 
ocorrência de rotação interna são contrações de 
baixa intensidade, ausência de flexão cefálica e fe-
tos grandes. A analgesia peridural diminui a força 
da musculatura abdominal e relaxa a musculatura 
pélvica, predispondo às rotações incompletas. 
Desprendimento cefálico 
Ocorre com a descida final da cabeça fetal em 
posição occipitopúbica. Como o polo cefálico está 
em flexão, é necessário que ocorra movimento de 
deflexão ou extensão da cabeça para ocorrer ex-
teriorização do maciço frontal. Dessa forma, o di-
âmetro suboccipitobregmático (9,5 cm) ocupa o 
diâmetro anteroposterior do estreito inferior e a 
fronte do feto rechaça o cóccix, aumentando esse 
diâmetro de 9 para 11 cm, o que se denomina re-
tropulsão coccígea. 
 
Por meio de duas forças antagônicas (contra-
ção uterina e resistência perineal), o feto é impul-
sionado para baixo e para fora do canal de parto. 
Ao vencer tal resistência, a cabeça fetal desfere 
movimento abrupto de extensão. Ocorre, por-
tanto, a exteriorização do bregma, da fronte, do 
nariz e do mento do feto, sucessivamente. 
O desprendimento cefálico em posição occipi-
tossacra é lento, podendo necessitar auxílio do 
fórcipe. A flexão cefálica acentua-se para que haja 
desprendimento do occipício com posterior de-
flexão do polo cefálico na direção do dorso ma-
terno, o que resulta no desprendimento do ma-
ciço frontofacial 
. 
Rotação externa 
Também chamada de “movimento de restitui-
ção”, faz com que o occipício se volte para o lado 
materno que ocupava no interior do canal de 
parto. A sutura sagital apresenta-se em sentido 
transversal ao fim desse tempo e as espáduas ro-
dam, trazendo o diâmetro biacromial para o diâ-
metro anteroposterior do estreito inferior. 
Desprendimento do ovoide córmico 
Trata-se da exteriorização das cinturas esca-
pular e pélvica do feto. Após a rotação das espá-
duas, o ombro anterior fixa-se no subpúbis e des-
prende-se por movimento de abaixamento. De-
pois, o ombro posterior desprende-se por movi-
mento de elevação e completa-se a expulsão da 
cintura escapular. Após isso, o resto do ovoide é 
prontamente expelido, sem maior resistência. 
 
Apresentação cefálica defletida 
A apresentação cefálica fletida ocorre em 
95,5% das gestantes. Com o exame interno, isto é, 
toque vaginal com a cérvix dilatada, é possível 
identificar apresentações pélvicas e defletidas, 
que possuem superfície mais macia e irregular. 
Em caso de colo uterino impérvio, o uso de ultras-
sonografia é imprescindível. 
8 
 
Apresentações cefálicas defletidas geral-
mente derivam de cefálicas fletidas, sendo que a 
cabeça de semiflexão não evolui para flexão 
(pressão axial) quando há impedimento à descida 
do occipício. Causas disso são bacias viciadas, 
contração ineficiente, anomalias de conformação 
da cabeça fetal e modificações na forma uterina 
(fundo desviado). 
As apresentações defletidas de 3º grau são 
mais frequentes e derivam de variações occipito-
posteriores. Um determinado grau de deflexão 
pode evoluir para um grau maior à medida que as 
contrações se sucedem. 
Cefálica defletida de 1o grau 
 
Etiologia: é desconhecida. São fatores de risco 
a multiparidade, desproporção cefalopélvica, bra-
quicefalia fetal, bacias muito amplas e feto pe-
queno. 
Diagnóstico: realizado intraparto por meio do 
toque vaginal, através da identificação da linha de 
orientação sagitometópica e da fontanela breg-
mática. O diagnóstico diferencial é feito om as va-
riedades occipitoposteriores, nas quais se identifi-
cam a lambda e a linha sagital. 
Mecanismo de parto: o diâmetro anteroposte-
rior de insinuação é o occipitofrontal (12 cm). 
Dessa forma, há acentuado grau de moldagem 
cefálica e essas apresentações solicitam intensa-
mente da vagina, que pode lacerar devido à dis-
tensão. A cabeça desprende-se em dois tempos, 
primeiro flete e libera o occipício e depois deflete 
e libera a fronte e a face. Existem maiores riscos 
para a gestante
e o feto, logo, deve-se estar pre-
parado para o parto por via abdominal. 
É uma apresentação relativamente frequente, 
possuindo chance de evolução para parto vaginal, 
desde que a bacia seja ginecoide e a vitalidade fe-
tal esteja assegurada. Recomenda-se evitar o 
parto vaginal instrumentalizado e o uso indiscrimi-
nado de ocitócitos. 
Cefálica defletida de 2o grau 
 
Etiologia: possui os mesmos fatores de risco 
que as de 1º grau, acrescendo-se feto volumoso, 
pequeno ou morto, dolicocefalia, polidrâmnio e 
placenta prévia. A não ser em fetos muito peque-
nos ou macerados, são apresentações extrema-
mente raras. Não é possível sua evolução para o 
parto vaginal, que, para ocorrer, a apresentação 
deve ser transitória, evoluindo para fletida ou de-
fletida de 1º ou 3º grau. O parto é distócico na 
quase totalidade dos casos. 
Diagnóstico: feito por meio do toque vaginal, 
através da identificação da sutura metópica (linha 
de orientação) e da glabela ou raiz do nariz (ponto 
de referência). 
Mecanismo de parto: trata-se da apresenta-
ção cefálica que apresenta o maior diâmetro, o 
occipitomentoniano, de 13 a 13,5 cm, logo, não é 
capaz de realizar a insinuação do polo cefálico. É 
mais provável que a apresentação evolua para as 
formas fletidas ou defletida de 3º grau do que 
para um mecanismo próprio dessa apresentação. 
A rotação é custosa e muitas vezes a cabeça fetal 
permanece em variedade transversa. O hipomó-
clio (alavanca) é representado pela glabela locali-
zada abaixo da sínfise púbica. 
Cefálica defletida de 3o grau 
 
Etiologia: possivelmente relacionadas a fato-
res que predisponham à extensão e/ou impeçam 
a flexão cervical, como hidrocefalia acentuada, tu-
mores cervicais anteriores, excesso de líquido 
amniótico e rotura intempestiva das membranas 
9 
 
ovulares. Dos fatores materno, o mais importante 
é a multiparidade, pois a flacidez da musculatura 
abdominal faz com que o dorso fetal fique pen-
dente. 
Diagnóstico: realizado por meio do toque va-
ginal, através da identificação da linha facial (linha 
de orientação) e do mento (ponto de referência). 
Na maioria das vezes, a variedade é mentoanterior 
(60%), sendo que as posteriores e transversas cos-
tumam evoluir para mentoanterior. 
Mecanismo de parto: a insinuação ocorre por 
um aumento da deflexão e, conforme progride, a 
deflexão aumenta e ocorre substituição do diâ-
metro mentoretrobregmático (anteroposterior) 
pelo submentobregmático. Com a menor exten-
são dos diâmetros insinuados, o parto costuma 
não apresentar dificuldades. 
As variedades mentoanteriores possuem descida 
curta, pois representa apenas a altura da sínfise 
púbica, uma vez que o mento está sob ela. Nas 
mentoposteriores, é necessário que ocorra rota-
ção complementar de descida (90°). Isso porque a 
distância entre mento e manúbrio é menor que al-
tura do sacro, logo, a cabeça não pode descer 
sem rodar, por mais que se distenda o pescoço, 
sem rotação não há ultimação do parto. 
A rotação interna busca trazer o mento para frente 
e, ao seu término, o diâmetro submentobregmá-
tico está coincidindo com o diâmetro anteropos-
terior do estreito inferior. Por fim, a cabeça roda 
externamente e o mento retorna para o lado de 
antes. 
Fenômenos plásticos do polo cefálico 
Consistem no cavalgamento ósseo e na bossa se-
rossanguínea. O primeiro é importante na insinua-
ção e na descida, enquanto o segundo é conse-
quente ao mecanismo de parto e tem valor no di-
agnóstico de parto distócico. 
Cavalgamento ósseo do polo cefálico 
Objetiva reduzir os diâmetros cefálicos, uma por-
ção se ajusta abaixo da outra, sendo mais fre-
quente os ossos frontal e occipital sob os parietais 
e um parietal sob o outro. A craniossinostrose (fu-
são precoce dos ossos) causa impossibilidade de 
ocorrência desse fenômeno, podendo impedir o 
parto vaginal. 
Bossa serossanguínea 
Forma-se por transudação dos vasos presentes 
entre a derme e o periósteo do crânio ou da face 
fetal, com instalação de infiltração local decor-
rente da pressão negativa no centro do canal va-
ginal. Para que a pressão interfira na filtração plas-
mática, a bolsa das águas precisa estar rota. 
Localiza-se no vértice da apresentação fetal. 
Quanto mais prolongado for o trabalho de parto, 
maior será a bossa. O diagnóstico diferencial é 
feito com cefaloematoma, causado pela rotura de 
vasos e extravasamento sanguíneo entre o pe-
riósteo e o osso craniano. 
Apresentações pélvicas 
A ocorrência dessas apresentações é inversa-
mente proporcional à idade gestacional. O parto 
pélvico por via vaginal é pouco frequente, ocor-
rendo em casos de feto malformado ou morto, 
preferência da gestante e fase avançada de tra-
balho de parto na admissão. Existem 3 tipos: 
o Completa: 5 a 10%, flexão generalizada. 
o No modo de nádegas, agripina: 50 a 70%. 
o Incompleta: 10 a 40%, um ou ambas as co-
xas estendidas, com um ou ambos os joe-
lhos ou pés no estreito superior. 
 
Deve-se investigar, na admissão, a presença 
de fator predisponente para evitar complicações 
inerentes a esses fatores. É de difícil identificação 
no exame de palpação, sendo necessário ultras-
som complementar para confirmação. Opta-se por 
cesárea eletiva geralmente, a fim de diminuir da-
nos durante trabalho de parto e parto. Todavia, 
essa opção também reduz as chances de versão 
cefálica espontânea, que pode ocorrer até após 
40 semanas em 20% dos casos. 
São algumas regras para a decisão pela via va-
ginal o peso do concepto de 2,5 a 3,499 kg e a 
10 
 
idade gestacional superior a 36 semanas. É o 
parto das dificuldades crescentes, pois apresenta 
cintos de distocia (cintura pélvica, cintura escapu-
lar e cabeça fetal) com diâmetros cada vez maio-
res. A cabeça não sofre compressões por tempo su-
ficiente para haver moldagem óssea. 
Versão cefálica externa 
A manobra de modificação de apresentação 
fetal córmica ou pélvica para cefálica apresenta 
sucesso em 2/3 dos casos, reduzindo a taxa de ce-
sárea de 83 para 37%. Ela é recomendada em 
apresentações pélvicas após o termo (37 sema-
nas), o mais próximo do parto possível, até o início 
do trabalho de parto. Não é necessário utilizar to-
colíticos. 
Contraindicações: gestação múltipla, pre-
sença de oligâmnio, alteração da vitalidade fetal, 
restrição do crescimento fetal, presença de pla-
centa prévia e malformações uterinas. 
Cuidados antes e durante o procedimento: 
certificar-se da apresentação fetal (US), avaliar a 
vitalidade fetal, localizar inserção placentária (evi-
tar manipulação), garantir que não há vício pélvico, 
suspender o procedimento se a paciente tiver dor 
intensa, sangramento genital ou houver grande 
resistência, monitorar o feto durante a manobra e 
realizar o procedimento em ambiente hospitalar 
capacitado para parto de urgência (complicação). 
 
 
Realiza-se elevação delicada do polo pélvico e 
apreensão dos dois polos, reforçando a flexão ce-
fálica. Então desloca-se a pelve fetal para cima e 
a cabeça para baixo. De uma a duas horas depois, 
faz-se avaliação da vitalidade fetal e pode ser 
dada alta hospitalar. Se realizada no início do tra-
balho de parto, faz-se a amniotomia, se a altura da 
apresentação assim o permitir, pois facilita o pro-
cesso de insinuação do polo cefálico. 
Mecanismo de parto 
Os tempos diferem das apresentações cefáli-
cas devido à ordem de desprendimento das ex-
tremidades fetais: insinuação, descida e rotação 
do polo pélvico, desprendimento das espáduas e 
desprendimento da cabeça. Durante a insinuação, 
o diâmetro bitrocantérico ocupa um dos oblíquos 
do estreito superior e o diâmetro sacrotibial (pél-
vicas completas) ou sacropúbico (agripinas) 
ocupa o diâmetro oblíquo perpendicular. O ponto 
de referência fetal é o sacro e a linha de orienta-
ção é o sulco interglúteo. 
A rotação interna é sempre de 45°, sendo que 
o diâmetro bitrocantérico vai de 12 a 9,5 cm por 
acomodação dos tecidos moles, ocupando o diâ-
metro anteroposterior do estreito inferior. Desta 
forma, o hipomóclio dessas
apresentações é a re-
gião imediatamente acima da crista ilíaca. O qua-
dril anterior se desprende primeiro e, em seguida, 
o posterior. 
Quando o parto é assistido, o diâmetro biacro-
mial insinua-se em um dos diâmetros oblíquos e 
os braços desprendem-se junto ao tórax. No parto 
não assistido, o tronco pende por ação da gravi-
dade e ocorre rotação e consequente desprendi-
mento do diâmetro biacromial alinhado ao diâme-
tro transverso da bacia materna. 
Nas apresentações pélvicas, a cabeça se apre-
senta fletida. A rotação interna loca o suboccipício 
por baixo da pube, ele então rechaça o cóccix pela 
região frontal e desprende-se (na ordem: mento, 
face e fronte). 
Assistência ao parto pélvico 
Nas primíparas, recomenda-se fazer episioto-
mia tardiamente. Se o polo pélvico chegar à vulva, 
não se tem necessariamente as condições para 
um parto vaginal, pois o colo poderá estar com di-
latação menor que a total, o que é frequente nas 
pélvicas incompletas. Estando a cabeça fletida e 
os braços juntos ao tórax, o feto nasce bem e não 
são necessárias manobras assistenciais. 
A manobra recomendada para o sucesso da 
expulsão fetal é a de Thiessen, impedindo o des-
prendimento da pelve por 2 ou 3 contrações 
(pressionar o períneo). O aumento da pressão in-
terna promove dilatação completa da cérvix e 
condensação do ovoide fetal. Com a realização 
11 
 
em seguida de episiotomia, expulsão fetal ocorre 
em bloco. 
- Manobra de Bracht 
Adota-se atitude passiva, sem executar tração al-
guma, apenas orientando o feto. Uma vez o polo 
pélvico expulso, as mãos do parteiro abarcam-no, 
com os últimos 4 dedos aplicados sobre a região 
sacrococcígea de cada lado da coluna vertebral e 
os polegares mantendo as coxas aconchegadas. 
Nessa posição, soergue-se o feto em torno do pú-
bis da mãe. Isso evita a extensão dos braços. 
No momento oportuno, faz-se a alça no cordão. 
Por último, o feto é rebatido progressivamente so-
bre o abdome da mãe e a cabeça também se des-
prende de modo espontâneo. 
 
Nas apresentações pélvicas de nádegas, é reali-
zada a manobra de Pinard, que as transforma em 
pélvica completa. Nela, toma-se a perna fetal an-
terior, imprimindo os dedos indicador e médio na 
face posterior do joelho fetal e o polegar na face 
anterior da coxa, realizando compressão do cavo 
poplíteo. Há flexão da perna, alcançando-se o pé. 
 
- Anormalidades do MdP nas a. pélvicas 
Jamais tracionar o feto, de forma a impedir ou mi-
nimizar as deflexões que dificultariam sua expul-
são. Caso já existam, deve-se corrigi-las. As prin-
cipais anormalidades são a rotação de dorso, na 
qual a cabeça acompanha e deflete, e a deflexão 
dos braços. 
Nessa última, há aumento da extensão do diâme-
tro biacromial e os braços somam seu volume ao 
da cabeça derradeira, tornando impossível a sa-
ída, a não ser às custas de manobras especiais. 
Isso ocorre por assistências defeituosas, trações 
excessivas e/ou contração uterina deficiente. 
Na deflexão da cabeça derradeira, a cabeça de-
flete, impacta sobre o promontório materno e não 
há possibilidade de descer e desprender-se, a 
menos que haja rotação complementar de des-
cida. 
- Manobras para desprendimento das espáduas 
As espáduas costumam desprender-se com faci-
lidade no parto pélvico se for mantida a posição 
fisiológica de flexão. A deflexão das espáduas 
ocorre quase sempre pela tração do feto por ma-
nobra intempestiva. 
- Manobra CLÁSSICA: usada 
em casos de resistência do 
desprendimento com os 
braços flexionados. Faz-se a 
apreensão de um dos bra-
ços fetais (anterior ou poste-
rior), aplicando-se os dedos 
indicador e médio no úmero 
e o polegar na axila, tracio-
nando o braço pela face an-
terior do tórax fetal. 
- Manobra de DEVENTER-MÜLLER: baseia-se em 
movimentos pendulares de abaixamento e eleva-
ção do corpo fetal para encaixar o ombro anterior 
no subpúbis e desprendê-lo em seguida com au-
xílio digital. A elevação seguinte possibilita expul-
são do ombro posterior. 
 
- Manobra de PAJOT: indicada em caso deflexão 
dos braços combinada a deslocamento para face 
anterior ou posterior da cabeça fetal. 
12 
 
 
- Desprendimento das espáduas nas ROTAÇÕES 
POSTERIORES DO DORSO: nessas situações, não 
se recomendam as manobras em que se realizam 
rotação axial do feto. Deve-se apreender os mem-
bros inferiores do feto com uma das mãos, abai-
xando-se o tronco fetal para facilitar o acesso an-
terior ao canal vaginal com a outra mão. 
- Manobras para desprendimento da cabeça 
O desprendimento cefálico é o tempo mais difícil 
e arriscado do mecanismo de parto pélvico, sendo 
causa frequente de asfixia perinatal. A manobra 
mais utilizada é a de Bracht. 
- Manobra de LIVERPOOL: deve-se pender o 
corpo fetal por 20 segundos, até que o polo cefá-
lico desça e seja possível visualizar a raiz da nuca. 
Depois, segura-se o feto pelos pés e traciona-se o 
corpo fetal, direcionando para o ventre materno. 
Desse modo, ocorre desprendimento cefálico. 
- Manobra de McROBERTS: recomendada em ca-
sos de distocia biacromial. Consiste em realizar hi-
perflexão da coxa materna, de forma a aumentar 
a amplitude dos estreitos médio e inferior da ba-
cia. 
- Manobra de MAURICEAU: apreende-se o corpo 
fetal com uma das mãos sobre o dorso e os dedos 
indicador e médio locados em torno da região 
cervical. A outra mão é posicionada no ventre fe-
tal, com os dedos indicador e médio na base da 
língua. 
 
Nessa disposição, realiza-se tração delicada por 
meio da flexão do tronco do feto para baixo e traz-
se o mento de encontro ao esterno. Uma vez visu-
alizado o couro cabeludo, deve-se levantar o 
corpo fetal em direção ao ventre materno para 
ocorrer desprendimento cefálico. 
Manobra de CHAMPETIER-RIBES: indicada para 
casos em que o polo cefálico ultrapassou o es-
treito superior. São necessários dois auxiliares, 
além do obstetra. O 1º auxiliar realiza compressão 
abdominal suprapúbica, no sentido do estreito in-
ferior, enquanto o 2º segura o feto pelos pés, rea-
lizando leve tração, e o obstetra apreende o feto 
como na manobra de Mauriceau. 
Depois, o 2º auxiliar 
eleva o corpo do feto, 
direcionando sua 
face lateral para o 
ventre materno, e o 
obstetra imprime 
pressão na base late-
ral do crânio de baixo 
para cima. Desse 
modo, há indução de 
assinclitismo poste-
rior – parietal encaixa 
na porção côncava da curvatura do sacro. Em se-
guida, faz-se o exato oposto, causando desloca-
mento do parietal anterior para o subpúbis. 
Apresentações córmicas 
Derivam de situação transversa, isto é, o maior 
eixo fetal é perpendicular ao maior eixo materno. 
Apresentam as variedades dorsoanterior, poste-
rior, superior e inferior. 
 
São apresentações com baixa incidência, ocor-
rendo em cerca de 0,3% das gestações, mais fre-
quentes conforme menor for a idade gestacional. 
Possuem os mesmos fatores predisponentes que 
as pélvicas, sendo os de maior prevalência a mul-
tiparidade, a prematuridade e a rotura prematura 
das membranas ovulares. 
13 
 
É comum a presença de pequenas partes fe-
tais no colo uterino e vagina. O prolapso de cordão 
é acidente frequente, uma vez que a parte fetal 
não ocupa todo o estreito superior. 
No exame interno com o colo uterino pérvio, 
toca-se o gradeado costal e uma das espáduas 
fetais. Na palpação abdominal, observa-se os po-
los cefálico e pélvico paralelos e situados um em 
cada fossa ilíaca. 
Nomenclatura 
Classifica as variações das apresentações cór-
micas com três letras. A primeira é sempre A (de 
acrômio), a segunda indica o lado do acrômio fetal 
(D de direito, E de esquerdo) e a terceira indica a 
orientação do dorso (A de anterior, P de posterior). 
Mecanismo de parto 
O parto é inerentemente distócico. Na maior 
parte das vezes, ocorre encravamento fetal. Por 
via vaginal, se o feto já não estiver morto, o óbito 
é inexorável. 
São complicações no parto dessas apresenta-
ções prolapso de cordão, asfixia neonatal, hiper-
tonia, atonia, rotura uterina, endometrite e óbito 
materno.
Em caso de feto vivo, a indicação de ce-
sárea é mandatória. A versão interna pélvica é re-
servada para feto morto. 
--------------------------------------------------- 
 
 
Assistência ao 
Trabalho de parto 
O trabalho de parto é um processo fisiológico 
que tem por objetivo expulsar o feto da cavidade 
uterina. A preparação para o parto tem início no 
pré-natal, com a abordagem psicológica do casal 
e de toda a família do concepto. Desse modo, vá-
rios focos de ansiedade podem ser dirimidos an-
 
6 Só é liberado pelo bebê ao nascimento ou se ele passa por al-
gum estresse/sofrimento durante a vida uterina. 
tes que se inicie o trabalho de parto e o parto pro-
priamente dito. Gestantes devem ser informadas 
sobre todos os procedimentos que irão enfrentar. 
Diagnóstico de trabalho de parto 
Uma das definições mais difundidas é “a pre-
sença de contrações uterinas rítmicas capazes de 
promover a dilatação e o esvaecimento cervical”. 
Outra é “a presença de contrações uterinas doloro-
sas acompanhadas de perda de tampão mucoso 
(rolha de Schröeder), rotura precoce de membranas 
e/ou esvaecimento cervical”. 
Avaliação inicial da parturiente 
Os cuidados iniciais dispensados à parturiente 
envolvem a anamnese dirigida à verificação da 
existência de doença prévia ou diagnosticada du-
rante o pré-natal, o exame físico inicial e a avalia-
ção da vitalidade fetal. Deve-se realizar aborda-
gem quanto à possibilidade de colonização pelo 
estreptococo do grupo B, com profilaxia necessá-
ria em casos positivos e com risco potencial. 
Exame físico inicial 
Consiste no exame físico geral materno, com 
verificação da pressão arterial, frequência cardí-
aca, temperatura e peso; no exame físico especial 
e no exame físico obstétrico. Nesse último se ava-
liam o padrão das contrações uterinas, a palpação 
obstétrica, o exame vaginal e a vitalidade fetal. 
Seu principal objetivo é avaliar o feto, o canal de 
parto e a dinâmica uterina. 
A avaliação vaginal deverá ter por meta averi-
guar as seguintes condições: 
o Integridade das membranas ovulares: em 
caso de rotura, é importante observar as ca-
racterísticas do líquido amniótico (presença 
ou não de mecônio6); em caso de membrana 
íntegra, deve-se proceder a amnioscopia 
para visualização indireta do líquido amnió-
tico e exclusão de presença de mecônio. 
o Sangramento vaginal: presença, quantidade. 
o Colo uterino: dilatação cervical (0 a 10 cm), 
esvaecimento cervical, tipo de apresentação, 
variedade de posição 7e altura em relação 
aos planos de De Lee. 
7 Relação entre o ponto de referência materno e o ponto de re-
ferência fetal. 
14 
 
o Pelve materna: pelvimetria. 
Cardiotocografia na admissão 
Não traz benefício ao prognóstico fetal e asso-
cia-se a um maior número de cesáreas, não sendo 
recomendada. 
Exames laboratoriais 
É feito o tipo sanguíneo ABO e fator Rh para 
profilaxia anti-D no pós-parto. O teste rápido para 
HIV é realizado em gestantes sem rastreamento 
adequado prévio. Se positivo, deverá ser iniciada 
a profilaxia da eventual transmissão vertical com 
antirretroviral. Só há confirmação ou exclusão do 
diagnóstico após o nascimento. 
Preparo da paciente 
Não há evidências de que a utilização de ene-
mas e de tricotomia perineal seja benéfica. 
Assistência ao 1o período 
Atividades como andar e sentar-se em cadeira 
confortável são associadas a maior conforto da 
paciente durante o período de dilatação. 
Postura da parturiente 
No trabalho de parto, a posição em decúbito 
lateral associa-se a um melhor padrão de condi-
ções uterinas. Ou seja, proporciona contrações 
com menor frequência e de maior intensidade. 
Analgesia 
Deve respeitar o limiar da dor, que é individual, 
sempre buscando o conforto à parturiente. 
Controle materno 
Os sinais vitais (FC, PA e TAx) devem ser avali-
ados a cada 4 horas em gestantes de baixo risco. 
Casos em que se observa rotura de membranas 
podem necessitar de avaliações de temperatura e 
frequência cardíaca a intervalos menores. 
Síndromes hipertensivas exigem avaliação da 
PA com maior frequência. Pacientes com DM ne-
cessitam de controle por meio de glicemia capilar, 
para se evitar tanto a hipo quanto a hiperglicemia 
durante o trabalho de parto. 
 
 
Alimentos e fluidos intravenosos 
A justificativa para o jejum está na demora do 
esvaziamento gástrico, que é peculiar nas gestan-
tes. Desse modo, faz-se pausa alimentar durante 
o trabalho de parto, garantindo por meio de flui-
dos intravenosos que a paciente receba aporte 
calórico adequado. Em caso de sensação de fome 
causando desconforto à parturiente, pode-se ofe-
recer alimento que produzam poucos resíduos, 
como líquidos adocicados, gelatinas e sorvetes de 
fruta. 
As manutenções rotineiras de acesso venoso 
deverão ocorrer apenas quando se fizerem ne-
cessárias: casos de administração de antibióticos, 
induções de trabalho de parto, trabalhos de parto 
prolongados e quando se utiliza analgesia. 
Assistência obstétrica 
Faz-se constante avaliação clínica da parturi-
ente e dá-se especial atenção às contrações ute-
rinas, à dilatação do colo uterino, à descida da 
apresentação fetal, à condição das membranas 
ovulares e à monitorização da frequência cardíaca 
fetal. 
O partograma possui itens básicos comuns a 
todos eles: avaliação das contrações uterinas (fre-
quência e intensidade), avaliação da frequência 
cardíaca fetal e registro da dilatação cervical, da 
altura da apresentação e do uso de ocitócitos. 
- Contração uterina 
Avaliada de forma não invasiva por palpação ab-
dominal ou tocodinamômetro externo, esse úl-
timo método registrando principalmente a sua 
frequência. A análise quantitativa pode ser feita 
via introdução de cateter intra-amniótico de pres-
são intrauterina. Todavia, exceto em casos como 
obesidade materna, não há evidências de ser um 
método superior aos não invasivos. 
- Toque vaginal 
Pode fornecer informações sobre a dilatação do 
colo uterino, condição das membranas ovulares, 
tipo de apresentação, variedade de posição e 
descida na apresentação fetal. 
- Descida da apresentação 
Em geral, acompanha a dilatação cervical. A ava-
liação da progressão da apresentação possibilita 
15 
 
que se diagnostiquem situações como a despro-
porção cefalopélvica. 
- Condição das membranas ovulares 
Se rotas, a verificação conduzirá o obstetra a to-
mar medidas e cuidados necessários para evitar 
ou diagnosticar a presença de infecção ovular. 
Existe eventual benefício da amniotomia com a fi-
nalidade de diminuir o tempo da fase ativa do tra-
balho de parto. Sua realização deve ser retardada 
em algumas situações, tais quais apresentações 
pélvicas, fetos prematuros e oligâmnio, e cuidado 
adicional deve ser tomado em casos de polidrâm-
nio e apresentação alta por haver considerável 
risco de prolapso de cordão. 
Deve-se proceder a amniotomia no final da con-
tração uterina, na parte superior da bolsa das 
águas. É necessário realizar esvaziamento gradual 
da cavidade uterina e proceder a monitorização 
fetal a fim de identificar sinais de compressões fu-
niculares (desaceleração umbilical intraparto). Em 
pacientes com sorologias positivas para hepatites 
B ou C ou HIV não deve ser realizada, com intuito 
de minimizar o risco de transmissão vertical. 
- Prolapso de cordão 
A procidência ou procúbito de cordão umbilical é 
a presença do funículo à frente da apresentação, 
desde que com membranas íntegras. 
Após a rotura dessas, é prolapso de cordão, 
evento mais frequente em casos de apresentação 
fetal não cefálica, prematuridade, gestação múlti-
pla e polidrâmnio. Também está relacionado a 
procedimentos obstétricos: amniotomia, amniofu-
são e aplicação de fórcipe. 
A manifestação mais comum é por meio de desa-
celerações variáveis de repetição ou bradicar-
dia. No toque vaginal, é fácil tocar o cordão pro-
lapsado. Após o diagnóstico, deve-se realizar ce-
sárea imediata e evitar, via toque vaginal, que
a 
apresentação fetal promova compressão do cor-
dão umbilical. 
- Monitorização fetal intraparto 
Os métodos mais utilizados são a ausculta inter-
mitente dos batimentos cardíacos fetais com so-
nar Doppler e cardiotocografia. A ausculta deve 
compreender a duração da contração e o minuto 
que a sucede, a fim de identificar desacelerações 
que forem mais frequentes nesse período. O es-
tetoscópio de Pinard não é adequado durante as 
contrações uterinas. A monitorização contínua da 
frequência cardíaca fetal em gestações de baixo 
risco não possui benefícios evidentes. Já em ges-
tações de alto risco de sofrimento fetal, diminui as 
convulsões no período neonatal. 
- Cardiotocografia intraparto 
Tem por objetivo identificar fetos que apresentam 
sofrimento fetal, evitando-se assim possíveis da-
nos cerebrais e o óbito fetal. A desaceleração in-
traparto é a queda transitória da frequência cardí-
aca fetal motivada por contrações uterinas. Deca-
lagem é o tempo entre o início da contração e o 
início da desaceleração – essas podendo ser pre-
coces, tardias ou variáveis. 
- Desacelerações precoces 
Pela compressão da cabeça fetal secundária 
às contrações, há aumento da PIC, diminuindo o 
FS cerebral e, consequentemente, a oxigenação 
fetal. Isso estimula o centro vagal, que diminui a 
frequência cardíaca fetal, concomitante à diminui-
ção local da pressão parcial de O2 (pO2). 
Na desaceleração precoce, a queda da fre-
quência cardíaca fetal é coincidente à contração 
uterina ou com decalagem menor que 15 s. É co-
mumente observada no período expulsivo (inclu-
sive de partos distócico) e raramente ocorre com 
membranas íntegras, exceto em casos de oligâm-
nio extremo. 
- Desacelerações tardias 
São causadas por hipoxemia fetal em decorrên-
cia da diminuição do FS placentário em feto de 
baixa reserva de oxigênio. A pressão de O2 basal 
fetal é de 23 a 30 mmHg, valor suficiente para se 
manter acima de 18mmHg nas contrações, mo-
mento em que se atinge nível crítico de oxigênio. 
Fetos com baixa reserva de O2 não suportam a re-
dução do fluxo sanguíneo durante as contrações, 
atingindo pO2 inferior a 16-18 mmHg, que esti-
mula o centro vagal e causa diminuição da fre-
quência cardíaca. Por resposta à hipoxemia, desa-
celerações tardias podem ser precedidas por ta-
quicardia inicial devido a uma resposta simpática, 
gerando vasoconstrição em determinadas regi-
ões para proteção de órgãos nobres. 
16 
 
 Associam-se à diminuição do pH fetal e à maior 
morbidade e mortalidade fetal. Quanto mais fre-
quentes forem as desacelerações, maior o risco 
de acidose fetal. 
- Desacelerações variáveis ou umbilicais 
São recorrentes e não apresentam relação tem-
poral fixa com as contrações. Seu início e término 
são abruptos. Elas são precedidas ou seguidas por 
pequenas acelerações resultantes de compres-
são transitória do cordão umbilical (compressão 
da veia umbilical), chamadas acelerações-om-
bro. 
A oclusão dos vasos umbilicais causa aumento da 
resistência periférica, que, por reflexo, estimula os 
barorreceptores, diminuindo da frequência cardí-
aca fetal. Desse modo, há diminuição de oxigênio 
e aumento de CO2, causando acidose fetal mista 
na dependência da frequência e da duração dos 
episódios de compressão. 
Assistência ao 2o período 
Nesse período, a dilatação do colo uterino está 
completa. A descida da apresentação fetal pro-
move a compressão do períneo, em especial os 
músculos levantadores do ânus, proporcionando 
sensação semelhante ao desejo de defecar. 
No 2º período, as contrações se tornam mais 
frequentes (5 contrações a cada 10 min) e com 
maior intensidade e duração. O mais importante é 
garantir que durante todo o período expulsivo não 
haja sofrimento fetal, condição avaliada pela mo-
nitorização contínua da FC fetal. O segundo perí-
odo é mais longo quando usada analgesia. 
Tricotomia 
Preconizada apenas na região a ser incisada, o 
mais próximo possível do momento da incisão. 
Posição da parturiente 
Recomenda-se a posição de Laborie-Duncan, 
que visa favorecer a gravidade, minimizar os ris-
cos de compressão da aorta e da veia cava inferior 
e facilitar a progressão fetal. Também favorece a 
ampliação dos diâmetros anteroposteriores do 
estreito médio e do estreito inferior. 
 
 
Força expulsiva 
Os esforços expulsivos (puxos) só devem ser 
encorajados quando a dilatação cervical é com-
pleta (período expulsivo). Caso se observem de-
sacelerações durante as contrações, é necessário 
que ocorra recuperação da FC fetal para níveis 
normais quando houver retorno ao tônus uterino. 
Após a inspiração profunda, deve-se realizar 
puxo por cerca de 10 segundos, concomitante-
mente à contração uterina. Normalmente, é pos-
sível a realização de 3 puxos a cada contração. 
Controle da vitalidade fetal 
É comum a observação de desacelerações 
precoces. Por isso, preconiza-se a ausculta fetal a 
cada 5 min, mais fácil de ser realizado por meio 
de cardiotocografia contínua. 
Preparação para o parto 
Inclui assepsia de monte púbico, sulcos geni-
tocrurais e terços superiores da face interna da 
coxa, além das regiões vulvar, vaginal e anal. 
Após, faz-se a colocação de campos esterilizados. 
Cuidados no parto 
Proteção do períneo 
Deve-se exercer pressão na região perineal, 
levando-a de encontro à apresentação fetal, sem 
realização de episiotomia. Além disso, deve-se 
apoiar o polo cefálico a fim de evitar lesões peri-
neais, com o objetivo de promover desprendi-
mento lento do polo cefálico. 
Episiotomia e perineotomia 
O objetivo da episiotomia é evitar alterações 
estruturais do assoalho pélvico, sejam elas lesões 
musculares, decorrentes da compressão pelo 
polo cefálico, ou perineais, por ocasião da passa-
gem do feto. É preconizada na maioria dos casos, 
com exceção daqueles de grandes multíparas, 
nos quais seja evidente que a lesão muscular e 
perineal já tenha se instalado em parto anterior. 
A escolha do momento certo para executá-la 
busca evitar sangramento desnecessário (episio-
tomia precoce) e evitar que seja realizada quando 
os danos ao assoalho pélvico já se instalaram (epi-
siotomia tardia). Esse momento compreende 
17 
 
aquele no qual o polo cefálico puder ser visuali-
zado, durante as contrações. 
- Técnica lateral 
Praticamente abandonada por relacionar-se a 
maiores frequências de feixes musculares lesa-
dos e de sangramento. 
- Perineotomia 
Apesar das aparentes vantagens, só deve ser in-
dicada quando se observa que o tamanho do feto 
e a distância entre a fúrcula vaginal e o ânus são 
suficientes para que não ocorram lacerações pe-
rineais de 3º e 4º graus. Em casos que não for pos-
sível ter certeza, deve-se realizar episiotomia me-
diolateral. 
- Episiotomia mediolateral 
Abrange pele, mucosa vaginal, aponeurose su-
perficial do períneo e as fibras dos músculos bul-
boesponjoso e transverso superficial do períneo. 
 
Característica E. mediolateral Perineotomia 
Sutura reparadora Média dificuldade Fácil 
Lesão muscular Maior Menor 
Dor no pós-parto Maior Menor 
Resultado estético Pior Melhor 
Risco de lac. anais Menor Maior 
Desprendimento do polo cefálico 
Deve ser lento e gradual. Para tanto, é neces-
sário controlar a saída do polo cefálico com uma 
das mãos espalmada e apoiada no períneo e a ou-
tra favorecendo sua flexão. Manobra adicionais, 
como de Kristeller e Olshausen, são proscritas de-
vido a um maior risco de traumatismos maternos 
e fetais. 
Após completar-se, deve ser verificada a pre-
sença de circulares cervicais, desfeitas passando-
se a alça de cordão pelo polo cefálico ou pelos 
ombros. Se dificultada por circulares muito justas, 
faz-se a secção do cordão umbilical entre duas 
pinças. 
Aspiração de líquido amniótico na faringe 
Por muitos anos foi prática rotineira na atenção 
do recém-nascido de parto vaginal ou cesárea, 
devido à possibilidade de limpar as vias aéreas e 
com isso facilitar a entrada de ar pela traqueia, 
prevenir a aspiração de muco, sangue e líquido 
meconial e promover
estimulação tátil e, assim, o 
processo de respiração. 
Uma das principais preocupações quando se 
está diante de líquido amniótico meconial é a 
ocorrência da Síndrome de Aspiração Meconial. A 
aspiração de oro e nasofaringe não a previne. Os 
protocolos de conduta precisam ser revistos e 
esse procedimento não deve ser realizado rotinei-
ramente. 
Desprendimento do biacromial e do tronco 
O desprendimento das espáduas deve ser 
lento. Para tanto, o obstetra posiciona suas mãos 
espalmadas sobre os parietais fetais e realiza a 
tração do polo cefálico para baixo, com liberação 
do ombro anterior e, em seguida, traciona-o para 
cima, conseguindo a liberação do posterior. De-
pois, o obstetra dirige uma de suas mãos pelo 
dorso fetal até conseguir apreender os maléolos 
do recém-nascido. 
Clampeamento do cordão umbilical 
Ocorre depois de um intervalo de 1 minuto 
após o parto. Sabe-se, porém, que o clampea-
mento tardio (média de 94 segundos) do cordão 
faz com que o recém-nascido receba quantidade 
adicional de sangue oriundo da placenta. Seu be-
nefício mostra-se por uma maior reserva de ferro 
aos 6 meses de vida. 
Após o clampeamento, faz-se nova ligadura de 
alça de cordão, da qual se obtém amostra de san-
gue para avaliação das condições de nascimento 
(pH e déficit de bases da artéria umbilical), deter-
minação de tipo sanguíneo ABO e fator Rh. 
A avaliação do pH busca verificar a relação en-
tre as alterações da vitalidade fetal, tanto no perí-
odo anteparto como no intraparto, e o estado aci-
18 
 
dobásico fetal, padrão ouro no diagnóstico do so-
frimento fetal. A verificação da existência de áci-
dos no nascimento assume papel nos processos 
legais. 
Assistência ao 3o período 
Após o clampeamento, a atenção é dirigida à 
dequitação. Não devem ser realizadas manobras 
para promover o deslocamento da placenta de 
forma rápida. O tempo necessário para a dequita-
ção é muito variável, sendo em média 5 minutos e 
havendo maior incidência de complicações he-
morrágicas se maior que 30 minutos. Deve-se ob-
servar de forma atenta a existência de sangra-
mento abundante. Se ocorrer, realizar manejo 
ativo do 3º período, que pode incluir a extração 
manual da placenta. 
 
Os sinais de descolamento da placenta são a 
elevação do fundo uterino em 2 a 3 cm com des-
vio para a direita (sinal de Schröeder), a forma dis-
coide e globosa do útero quando avaliado em 
sentido anteroposterior (sinal de Calkins), a não 
transmissão da tração do cordão à mão que palpa 
o fundo do útero (sinal de Fabre), a ausência de 
propagação da percussão do fundo do útero até 
o cordão umbilical (sinal de Strassmann) e a ele-
vação do útero por meio de palpação abdominal 
não acompanhada da movimentação do cordão 
umbilical (sinal de Küstner). 
Na expulsão da placenta, notam-se a descida 
progressiva do cordão umbilical (sinal de Ahlfeld) 
com rotação deste (sinal de Hochenbichler), a 
sensação de peso retal conhecida como sinal da 
placenta (sinal de Calman ou sinal de Mickulicz-
Radecki) e, ao toque vaginal, a identificação da 
presença de placenta em fórnice vaginal posterior 
(sinal de Garber). 
Assim que a placenta se apresenta no introito 
vaginal, solicita-se à mulher que exerça pequena 
pressão abdominal para sua completa expulsão. 
Nesse momento, rodasse a placenta para que o 
desprendimento das membranas seja completo 
(manobra de Jacobs). 
Ao término da dequitação, deve-se revisar o 
canal departo em busca de lacerações (suturadas 
junto à episiotomia). Em paciente com antece-
dente de cesárea, faz-se revisão do segmento 
uterino a fim de afastar hipótese de rotura da ci-
catriz de cesárea. 
Reparação de lacerações no canal de parto e epi-
siorrafia 
Lacerações cervicais devem ser suturadas 
com fio absorvível de curta duração com pontos 
simples. Lesões vaginais, por sua vez, com pontos 
simples ou contínuos, dependendo de sua exten-
são, também com fio absorvível de curta duração. 
A episiorrafia se inicia com a sutura da mucosa 
vaginal com pontos contínuos ancorados e, em 
seguida, realiza-se sutura dos músculos e da pele 
do períneo, com pontos separados. 
Puerpério imediato 
O puerpério imediato compreende a primeira 
hora após o parto e tem importância no que con-
cerne à observação de eventuais hemorragias. 
Habitualmente, a infusão da ocitocina iniciada 
após a dequitação e o próprio mecanismo fisioló-
gico da retração uterina (globo de segurança de 
Pinard) são suficientes para conter o sangramento 
do leito placentário. 
Caso ocorra sangramento excessivo, realiza-se 
infusão mais rápida (20 unidades de 500 ml nas 
primeiras 6 horas após a dequitação é o normal) 
ou medidas adicionais. 
--------------------------------------------------- 
 
 
Indicações de cesárea 
Na apresentação pélvica, a preferência quase 
global é o parto abdominal. Os fatores que expli-
cam o aumento na taxa de cesáreas são: 
o Diminuição da prole; 
19 
 
o Aumento da idade média das nulíparas 
(maiores riscos para o pós-operatório); 
o Uso da monitorização eletrônica intraparto, 
que, se comparada à ausculta intermitente, 
aumenta a probabilidade de cesárea, ape-
sar de ter ciência dos altos índices de falsos 
positivos desse método propedêutico fetal; 
o Apresentação pélvica – cesárea quase na 
totalidade; 
o Aumento dos casos de indução de parto 
ocasiona incremento nos riscos para o parto 
operatório; 
o Aumento na prevalência da obesidade (fa-
tor de risco para cesárea); 
o Medicina defensiva, 
o Cesáreas eletivas para preservação do as-
soalho pélvico. 
Absolutas 
 Placenta prévia parcial ou total 
 Placenta acreta: fixação profunda à pa-
rede uterina 
 Malformações genitais: atresias e septo 
vaginal 
 Tumorações prévias: miomas prévios, 
câncer cervical invasivo 
 DCP com feto vivo 
Relativas maternas 
 Cardiopatias específicas: síndrome de 
Marfan com dilatação da aorta; doença 
coronariana instável 
 Pneumopatias específicas: hipertensão 
pulmonar grave, s. de Güillan-Barré 
 Dissecação aórtica 
 Condições associadas à elevação da PIC 
 História de fístula retovaginal. 
Relativas fetais 
 Sofrimento fetal 
 Prolapso de cordão 
 Apresentação pélvica ou córmica 
 Gemelidade com 1º feto não cefálico 
 Gemelidade monoamniótica 
 Macrossomia 
 Malformações fetais específicas: mielo-
meningocele, hidrocefalia com macrocra-
nia, etc. 
 Herpes genital ativo 
 HIV com CV superior a 1000 cópias. 
Relativas maternofetais 
 Cesárea prévia 
 Deslocamento prematuro de placenta 
com feto vivo 
 Placenta prévia marginal 
 Placenta baixa distando menos de 2 cm 
do orifício interno do colo. 
--------------------------------------------------- 
 
 
Partograma 
É a representação gráfica do trabalho de parto 
que possibilita acompanhar sua evolução, docu-
mentar alterações e indicar a tomada de condutas 
apropriadas para a correção dos desvios, evitando 
intervenções desnecessárias. 
A curva de dilatação cervical assume aspecto 
ascendente, Possui menor velocidade de dilata-
ção inicialmente, correspondendo a sua fase la-
tente. A partir de 4 cm de dilatação, há aumento 
espontâneo da velocidade de dilatação, o que 
compreende à fase ativa. 
Durante a fase latente, a conduta é expectante. 
Em muitas mulheres, esse período dura mais que 
20h. A administração de ocitócitos deve ser evi-
tada, pois aumenta o risco de cesárea, vide o colo 
ainda desfavorável ao parto. 
 
Quando a dilatação atinge ou cruza a linha de 
alerta, há necessidade de melhor observação clí-
nica. Ao atingir a linha de ação, intervenção mé-
dica é necessária, o que não necessariamente im-
plica em conduta cirúrgica. 
20 
 
No eixo das abscissas (x), cada divisória corres-
ponde a 1 hora. No eixo das ordenadas (y), cada 
divisória corresponde a 1 cm, tanto para a descida 
como para a dilatação. 
O início do registro gráfico é feito quando a par-
turiente estiver em fase ativa do trabalho de parto, 
isto é, apresentando de 2 a 3 contrações em 10 mi-
nutos e com dilatação cervical
mínima de 3 a 4 
centímetros. 
Os toques vaginais devem ser realizados a 
cada 2 horas e deles devem-se anotar: dilatação 
cervical, altura da apresentação, variedade de po-
sição e condições da bolsa das águas e do líquido 
amniótico. Com a bolsa rompida, a dilatação é 
anotada com um triângulo e a apresentação e va-
riedade de posição com uma elipse, com um Y in-
dicado a posição da lambda. Também devem ser 
registrados o padrão das contrações e dos bati-
mentos cardíacos fetais, a infusão de líquidos e 
fármacos e o uso de analgesia. 
A linha de alerta é traçada 1h após a dilatação 
cervical inicial e, em paralelo, a linha de ação 4h 
após, isso desde que em fase ativa (pelo menos 1 
cm/h de dilatação). 
As principais características de um parto nor-
mal são: 
 Início espontâneo 
 Apresentação cefálica de vértice, única 
 Gravidez a termo (37 a 42) 
 Nenhuma intervenção artificial 
 Inferior a 12 h em primíparas e inferior a 8 
horas em multíparas 
 
 
 
21 
 
Evolução normal 
A velocidade de dilatação deve ser igual ou maior que 1 cm/h. A marcação da dilatação deve perma-
necer à esquerda da linha de alerta. 
 
A curva de dilatação à direita da linha de alerta é indicativo de parto prolongado. Quando essa está à 
direita da linha de ação é necessário tomar decisão para eliminar a causa da demora. 
Erro de construção 
 
 
22 
 
Diagnósticos do partograma 
A identificação das distócias é feita pela observação das curvas de dilatação cervical e de descida da 
apresentação expressas no partograma. As distócias de cada período funcional do parto são: 
 Fase ativa: na progressão da cervicodilatação 
o Fase ativa prolongada 
o Parada secundária de dilatação 
o Parto precipitado 
 Fase pélvica: distúrbios na descida da apresentação 
o Período pélvico prolongado 
o Parada secundária da descida 
Fase ativa prolongada: a dilatação do colo uterino ocorre lentamente, em velocidade menor que 1 cm/h 
(Figura 42.14). Essa distocia geralmente decorre da hipocinesia uterina e a correção se fará com ocitócitos 
e ruptura artificial das membranas. São técnicas de humanização que podem ser empregadas a fim de 
estimular a produção de ocitocina, atividade física (“bola”), deambulação e banho em banheira morna ou 
chuveiro. 
 
 
Parada secundária de dilatação: é diagnosticada por dois toques sucessivos, com intervalo de 2 h ou 
mais, estando a mulher em trabalho de parto ativo. Há associação frequente com sofrimento fetal. A causa 
principal é a desproporção cefalopélvica absoluta (tamanho de polo cefálico maior que a bacia) ou relativa 
23 
 
(posições anômalas: defletidas, transversas, posteriores). Na DCP absoluta, a conduta preconizada é a ce-
sárea. Na DCP relativa, lança-se mão de deambulação, rotura artificial membranas e analgesia peridural. 
 
 
Parto precipitado: também chamado de taquitócico, é diagnosticado quando a dilatação cervical e a 
descida/expulsão do feto ocorrem em um período de 4 h ou menos. O útero é hipercinético e pode ocorrer 
sofrimento fetal. Pode ser espontâneo (primíparas) ou consequente à administração inadequada de ocitó-
citos (iatrogênico). Nesse último, devem-se suspender ocitócitos, realiza vigilância dos bcf e revisar canal 
de parto. 
 
24 
 
 
Período pélvico prolongado: manifesta-se no partograma pela descida da apresentação excessiva-
mente lenta, embora a dilatação esteja completa. Essa distocia costuma estar relacionada com contratili-
dade uterina deficiente e a sua correção é obtida pela administração de ocitócicos e pela ruptura artificial 
da bolsa das águas. Pode estar indicado o uso do fórceps, respeitadas as condições de praticabilidade. 
 
 
Parada secundária da descida: É diagnosticada por dois toques sucessivos com intervalo de 1 h ou mais, 
desde que a dilatação do colo esteja completa, evidenciando apresentação mantida. É frequente nesse 
25 
 
tipo de distocia a desproporção cefalopélvica. A incidência de cesárea é elevada. Na DCP absoluta, a con-
duta preconizada é a cesárea. Na DCP relativa, lança-se mão de fórcipe de alívio, vácuo-extrator e fórcipe 
de rotação, a depender da altura da apresentação e respeitadas as condições de praticabilidade. 
 
 
Diante de incerteza, a imagem abaixo é uma proposta de conduta no parto espontâneo para prevenir a 
1ª cesariana. No 2º período do parto, pode-se suspeitar de falta de progressão (descida ou rotação) quando 
a sua duração excede 3 h na nulípara ou 2 h na multípara.

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