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Universidade Federal Do Estado Do Rio De Janeiro Centro de Ciências Humanas e Sociais – CCH Licenciatura em História – EAD Unirio/CEDERJ APX2 – Segunda Avaliação Presencial 2020.1 Disciplina: Metodologia do Ensino de História Coordenação: Ynaê Lopes dos Santos Nome: Deocleciano da Silva Moreira Neto Matrícula: 18216090052 Polo: Cantagalo Questão 1 A História Indígena é um tema muito pesquisado pelos historiadores, no entanto por muitos anos a historiografia explicou-a de uma perspectiva eurocêntrica, onde agentes de extrema importância são deixados na penumbra. Através de revisões de fontes historiográficas, hoje, os pesquisadores buscam trazer a luz as importantes contribuições que negros e indígenas tiveram no processo de construção do Brasil. Mesmo que os antigos escritos buscassem esconder a presença desses guerreiros, negros e índios, ou colocar os autóctones na posição de derrotados, é perceptível em várias fontes o quão importante e fundamental eles foram para construção da identidade brasileira. O Mito Fundador presente nos relatos coloniais, os conquistadores pintam seu próprio quadro como um punhado de aventureiros que cercados por hordas de nativos e que mesmo em desvantagem numérica, e contra toda expectativa de eminente derrota conseguiam repeli-los e lograr êxito, o que é afirmado pelo fato de mesmo os portugueses estarem em menor número serem superiores aos nativos. Nesse mesmo mito a História Indígena só surge com descobrimento (ou achamento, termo do século XVI) do Brasil. Essa abordagem teve reflexo, por muito tempo, no ensino dessa temática nas salas de aula, principalmente nos anos básicos do ensino, o Ensino Fundamental. No entendo, hoje, busca-se traduzir o conhecimento acumulado por esses novos estudos em saber histórico escolar. A Lei 11.645/2008 que torna obrigatório ensino de História e cultura indígenas, busca romper a invisibilidade indígena no passado e no presente. Dentre as novas perspectivas apresentadas busca-se reinterpretar o papel, ativo, dos nativos na durante a colonização, que não aceitaram de forma passiva a posição de submissão e inferioridade. Houve revoltas, fugas e outras formas de resistência. A Lei também tenta derrubar o preconceito enraizado de que os índios seriam preguiçosos e indispostos ao trabalho. A Lei também propôs a reflexão critica de termos utilizados tanto no cotidiano quanto em sala de aula, em especial o termo “índio”, que usando de forma vazia, sem reflexão, pode apagar toda uma diversidade cultural dos nativos. “(…) A denominação destruiu nome, cultura, história e passado das populações pré- colombianas, constituindo uma imagem homogênea, monocultural.”1 Nem os nomes dos grupos escaparam de uma reflexão, pois esses foram dados ou por grupos rivais, de forma pejorativa, ou por sertanistas do antigo Serviço de Proteção do Índio (SPI) e/ou FUNAI. “Afirmar a sociodiversidade indígena no Brasil é, portanto, reconhecer os direitos às diferenças socioculturais.”2 É dar visibilidade a estes como atores sociopolíticos, eliminando a visão comum de povos exóticos, ou do “índio genérico” veiculado pela mídia, cabelo liso, pintura corporal, adereços de penas e corpos nus ou seminus, moradores da floresta e falantes de uma língua estranha. O ensino de História indígena, precisa superar ainda desafios existentes, que vão desde o material didático, este um produto cultural complexo, e a capacitação de professores, reestruturação curricular, dos cursos de História e nos diversos cursos de licenciatura e magistério, publico ou privado. “A História tem o papel de auxiliar o aluno na busca de sentidos para as construções e as reconstruções históricas.”3Portanto devemos (re)construir o passado questionando a visão eurocêntrica, ainda, muito presente no ensino de Historia Indígena, apresentando os povos indígenas como sujeitos históricos do passado e do presente e “(…) desvincular a ideia de passado colonial em que todos os índios supostamente foram exterminados.”4 1 p. 84. Caderno Didático de Metodologia do Ensino de História. Aula 7 – Multiculturalismo na sala de aula 1. 2 SILVA, 2012, P. 217. 3 GUIMARÃES, 2012, p. 248. 4 SILVA, 2012, p. 221. Questão 3 Segundo Ashby (2006, p. 153) “a História faz diferentes perguntas sobre o passado(…)”, e o papel do professor em sala de aula é apresentar caminhos aos alunos para que alcancem as respostas para essas perguntas. Por muito tempo o livro didático foi o principal instrumento utilizado para responder a maioria das respostas, era tido como um manual a ser seguido tanto pelos professores quanto pelos alunos. No Brasil sua utilização remete ao século XIX, das traduções dos compêndios franceses, onde a organização se dava em Historia Geral e Historia do Brasil como um apêndice. Na ditadura militar esse mesmo material, foi utilizado para controle e implementação da ideologia do regime. Com a redemocratização na década de 1980 surgem críticas e descredito aos livros didáticos. No entanto, novas formas, a partir da década de 1990, de apresentação dos livros didáticos, introduziram charges, letras de músicas, notícias de jornais, buscando aproximar estes da realidade do aluno e assim aprofundar uma perspectiva crítica. Assim o papel do professor como formador da consciência histórica dos sujeitos, os alunos, devem está sempre dispostos a trazer novas metodologias para dentro da sala de aula, para que o saber histórico acadêmico seja transformado em saber histórico escolar. Dois conceitos importantes para isso são sujeito histórico e fato histórico, que são aspectos centrais a serem tratados na História, pois influenciam nas temáticas abordagens teóricas utilizadas em sala de aula. REFERÊNCIA ALMEIDA NETO, A. “Ensino de História Indígena: currículo, identidade e diferença”. Patrimônio e Memória, v.10, n. 2, p. 218-234, julho-dezembro, 2014. ASHBY, Rosalin. “Desenvolvendo um conceito de evidência histórica: as ideias dos estudantes sobre testar afirmações factuais singulares”. Educar, ed. especial, 2006, pp. 151-70. Caderno Didático de Metodologia do Ensino de História. Aula 7 – Multiculturalismo na sala de aula 1. GUIMARÃES, Selva, “O estudo da história local e a construção de identidades” in: id. Didática e prática de ensino em História: experiências, reflexões e aprendizado. Campinas: Papirus, 2012, 13ª ed., pp. 235-256. MONTEIRO, Ana Maria. “Professores e livros didáticos: narrativas e leituras no ensino de história” in: ROCHA, Helenice; REZNIK, Luís & MAGALHÃES, Marcelo de Souza (orgs.). A História na Escola: autores, livros e leituras. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009, pp. 175-199. SILVA, Edson. “O ensino de História Indígena: possibilidades, exigências e desafios com base na Lei 11.645/2008”. História Hoje, vol. 1, n. 2, 2012, pp. 213- 223.
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